17.04.2013 Views

O jornalismo em O tempo eo vento

O jornalismo em O tempo eo vento

O jornalismo em O tempo eo vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

maquinários utilizados pela imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo e aumentou o número de<br />

páginas e o formato da folha s<strong>em</strong> custo adicional ao leitor.<br />

Deste estágio inicial para o seguinte o Correio do Povo deixou para trás todos os<br />

seus concorrentes <strong>em</strong> termos de expansão <strong>em</strong>presarial. A redução de custos permitiu um<br />

rápido crescimento nos pequenos anúncios, o que gerou aumento de vendas e criou leitores<br />

para os principais anunciantes (RÜDIGER, 1993, p. 60). Dos mil ex<strong>em</strong>plares iniciais, o jornal<br />

saltou para 10 mil <strong>em</strong> 1910, mesmo ano <strong>em</strong> que Caldas Júnior adquiriu a primeira impressora<br />

rotativa no Estado. Nos anos seguintes o <strong>em</strong>presário completou esse ciclo de renovação<br />

tecnológica com a compra das quatro primeiras linotipos da imprensa no Rio Grande e com a<br />

inauguração, <strong>em</strong> 1912, do “serviço fotográfico”. Na edição do dia 13 de janeiro daquele ano,<br />

o jornal trazia na primeira página uma fotografia “movimentada”, clara, impressa com<br />

precisão de detalhes e com a adequada legenda informativa. “Fotografia ampliada, ont<strong>em</strong>, a<br />

bordo do Itap<strong>em</strong>a, por ocasião da chegada do Dr. João Simplício, secretário da Escola de<br />

Engenharia”. 111<br />

A novidade irritou os concorrentes, mexeu com a cidade, alegrou os amigos do<br />

jornal, acabrunhou os adversários e levantou dúvidas dos incrédulos.<br />

– Aí t<strong>em</strong> coisa... – resmungavam os mais céticos. (GALVANI, 1995, p. 159)<br />

A penetração do Correio do Povo <strong>em</strong> todo o território gaúcho foi notável nas duas<br />

primeiras décadas do século passado e acompanha o acelerado processo de desenvolvimento<br />

econômico comercial da época. Dentro deste contexto, apesar de declarar-se no editorial de<br />

seu primeiro número 112 como um veículo comprometido com toda a massa, o Correio será<br />

visto por muitos como um instrumento identificado com a nova burguesia gaúcha, formada<br />

<strong>em</strong> geral por pequenos comerciantes e estancieiros ligados à área agrícola ou pecuária. 113<br />

Galvani nota que o Correio do Povo tinha indiscutíveis raízes no patriarcado rural, mais por<br />

vocação do que por orig<strong>em</strong> do fundador, e que “aos poucos ele foi se tornando o órgão por<br />

excelência da pequena burguesia, <strong>em</strong>bora mantivesse abertas suas colunas, por definição<br />

111<br />

GALVANI, Walter. Um século de poder: os bastidores da Caldas Júnior; 2ª ed. Porto Alegre: Mercado<br />

Aberto, 1995, p. 159.<br />

112<br />

“Como seu título indica, será uma folha essencialmente popular, pugnando pelas boas causas e<br />

proporcionando aos seus leitores informações detalhadas sobre tudo quanto há diariamente ocorrendo no<br />

desenvolvimento do nosso meio social e nos domínios da alta administração pública do Estado e do País. Este<br />

jornal vai ser feito para toda a massa, não para determinados indivíduos de uma única facção”. Correio do Povo.<br />

Porto Alegre, 1º, out., 1895.<br />

113<br />

Nelson Werneck Sodré nota que: “O traço burguês da imprensa é facilmente perceptível, aliás, nas campanhas<br />

políticas, quando acompanha as correntes mais avançadas, e <strong>em</strong> particular nos episódios mais críticos, os das<br />

sucessões”. História da imprensa no Brasil. Op. cit., p. 276.<br />

81

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!