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Trabalhadores - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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Quinzena m <strong>Trabalhadores</strong><br />

DOCUMENTO 02<br />

O que a CUT tem que <strong>de</strong>finir mais uma vez é se está<br />

contra ou a favor do pacto social. Nós estamos radical-<br />

mente contra a presença da CUT neste "entendimento<br />

nacional", que nada mais é do que uma versão a mais do<br />

velho pacto tantas vezes tentado pelos governos patronais<br />

e tantas vezes rejeitado pela CUT, em todos os seus con-<br />

gressos. O governo está querendo evitar a onda <strong>de</strong> greves<br />

<strong>de</strong> setembro, para conseguir manter o plano Collor, e pa-<br />

ra isto chama ao pacto.<br />

Se conseguir manter o plano, vai vir para cima dos<br />

trabalhadores com mais arrocho, uma nova lei anti-greve,<br />

e a privatização das estatais. Se a CUT entrar neste pacto<br />

estará servindo a estes objetivos, mesmo que <strong>de</strong>clare as<br />

melhores intenções do mundo. A Articulação está pro-<br />

pondo que a CUT entre neste pacto, para "não se isolar".<br />

Mas não se isolar <strong>de</strong> quem? Para não se isolar das mas-<br />

sas trabalhadoras que estão com seus salários arrochados<br />

e que agora estão indo à greve, não po<strong>de</strong>mos entrar neste<br />

pacto. Agora se o que a Articulação quer é não se isolar<br />

do grupo <strong>de</strong> patrões do PNBE, é melhor entrar neste<br />

pacto. O PNBE, elogiado como "progressistas" pela Ar-<br />

ticulação é um dos i<strong>de</strong>alizadores do pacto e aliado do go-<br />

verno.<br />

Nós <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos que a CUT mantenha a sua posição<br />

tradicional <strong>de</strong> recusa ao pacto, e se <strong>de</strong>dique a unificar as<br />

lutas e as greves que estão saindo para buscar <strong>de</strong>rrubar o<br />

plano Collor. A Articulação não po<strong>de</strong> passar por cima<br />

das resoluções <strong>de</strong> todos os congressos da CUT.<br />

Cyro Garcia<br />

DOCUMENTO 03<br />

Numa conjuntura em que as iniciativas políticas do<br />

governo Collor tentam isolar as greves e a própria CUT<br />

como estratégia <strong>de</strong> implementar seu projeto econômico<br />

recessivo, antinacional e antipopular, a posição da CUT<br />

diante do aceno <strong>de</strong> participação no fórum <strong>de</strong> "entendi-<br />

mento nacional" proposto pelo governo e empresários,<br />

<strong>de</strong>ve ser inequivocamente CONTRÁRIA.<br />

Não po<strong>de</strong>mos comprometer a CUT com um processo<br />

<strong>de</strong> negociação ilegítimo e farsesco, on<strong>de</strong> o governo fe<strong>de</strong>-<br />

ral e o empresariado já haviam previamente acertado com<br />

os setores pelegos e do sindicalismo <strong>de</strong> resultados as ba-<br />

ses <strong>de</strong>ste "entendimento nacional", on<strong>de</strong> os trabalhadores<br />

entram com o seu sacrifício para salvar a economia na-<br />

cional para os capitalistas. Isto seria colaboração e har-<br />

monia entre governo, patrões e trabalhadores, tese histo-<br />

ricamente repudiada pelos trabalhadores do mundo intei-<br />

ro. Como participar <strong>de</strong> um fórum on<strong>de</strong> a questão salarial<br />

e o <strong>de</strong>semprego, o retomo dos <strong>de</strong>mitidos e disponíveis do<br />

serviço público fe<strong>de</strong>ral, a garantia da liberda<strong>de</strong> e auto-<br />

nomia sindical, <strong>de</strong>ntre outras, não estão pautadas para<br />

discussão? Como garantia da liberda<strong>de</strong> e autonomia sin-<br />

dical, <strong>de</strong>ntre outras, não estão pautadas para discussão?<br />

Mesmo que momentaneamente, nesta conjuntura, fi-<br />

quenos isolados, acho que é o preço que pagamos para<br />

manter nossa coerência como Central Sindical classista,<br />

autônoma, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e historicamente intransigente<br />

<strong>de</strong>fensora dos interesses dos trabalhadores, que segura-<br />

mente reconhecerão a correção e a justeza <strong>de</strong>ste posicio-<br />

namento contrário à participação nesta "maracutaia" go-<br />

vemista e empresarial.<br />

Antônio Carlos <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

DOCUMENTO 04<br />

1. A CUT, porque representa os trabalhadores brasilei-<br />

ros, encara os processos <strong>de</strong> negociação com o governo<br />

e/ou patrões como uma questão da tática sindical. A<br />

Centra] po<strong>de</strong> escolher "quando", "como" e "com quem"<br />

negociar, ou se negocia ou não. Do que se trata então é<br />

discutir a negociação np fórum, no momento e na pers-<br />

pectiva política ptoposta. Neste sentido, a CUT nao <strong>de</strong>ve<br />

participar <strong>de</strong>ste fórum proposto pelo governo Collor.<br />

2. Em primeiro lugar, o Plano Collor (sobretudo a<br />

questão inflacionária) não conseguiu estabilizar-se e as<br />

vésperas das eleições. O governo necessita dividir o ônus<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> medidas anti-populares, recessivas, etc<br />

que compõem o receitu^rio neoliberal. A CUT tem sido,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a "Nova República" o principal obstáculo a esta-<br />

bilização dos planos da burguesia no país. A Plenária<br />

Nacional <strong>de</strong> Belo Hori^onte-MG conclamou os trabalha-<br />

dores a mobilização, abrindo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prepara-<br />

ção <strong>de</strong> uma greve geral. Hoje, concretamente, existem<br />

categorias mobilizadas e/ou em greve.<br />

3. A constituição do fórum <strong>de</strong> negociação - que para o<br />

governo é o fórum do pacto social - não <strong>de</strong>sfaz nenhuma<br />

das medidas anti-populares anteriores (arrocho, <strong>de</strong>mis-<br />

sões, etc) e ao contrário, as pressupõe. De outro lado, o<br />

Executivo, ao monopolizar o processo <strong>de</strong> negociação, ex-<br />

cluindo inclusive o Congresso, busca legitimar o estilo<br />

autoritário <strong>de</strong> governar via Medidas Provisórias, tal como<br />

vem acontecendo. A questão que fica é; a cada "acordo"<br />

conseguido neste fórum do pacto o Executivo editará uma<br />

Medida Provisória para legalizá-lo?<br />

4. O projeto neoliberal que Collor expressa, busca uma<br />

nova inserção na divisão internacional do trabalho para<br />

benefício do capital imperialista. A CUT como represen-<br />

tante dos trabalhadores brasileiros, não po<strong>de</strong> se colocar<br />

como sócia menor <strong>de</strong>ssa "mo<strong>de</strong>rnização capitalista" e<br />

<strong>de</strong>ve pautar sua ação pelo princípio <strong>de</strong> resistência operá-<br />

ria, isto é, a <strong>de</strong>fesa do patamar reivindicatório atingido.<br />

Participar do pacto significa abrir mão da resistência em<br />

prol <strong>de</strong> um projeto suposto "comum" capital-trabalho<br />

(que será o projeto conservador).<br />

5. O pacto proposto por Collor é um "todo", não se<br />

trata <strong>de</strong> um "Comitê Central" e 6 "comissões temáticas".<br />

Não há como entrar sem participar, não há como partici-<br />

par <strong>de</strong> uma parte sem discutir o todo, não há como discu-<br />

tir o todo sem aceitar o pressuposto da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma saída da crise, comum aos interesses dos empresários<br />

e trabalhadores.<br />

6. O pacto tem como viga mestra a co-rcsponsabil ida-<br />

<strong>de</strong> entre as partes (trabalhadores, empresários, governo)<br />

para tirar o país da crise. E a velha idéia da colaboração<br />

<strong>de</strong> classes. A CUT nasceu contra essa concepção e práti-<br />

ca sindical. Aí sim, há uma questão <strong>de</strong> princípios, fruto<br />

<strong>de</strong> resoluções dos Congressos da Central. Ir ao pacto,<br />

significa violar essas resoluções.<br />

7. As questões <strong>de</strong> interesse dos trabalhadores, como<br />

a livre negociação e o Contrato Coletivo <strong>de</strong> Trabalho,<br />

não po<strong>de</strong>m ser fruto <strong>de</strong> um acordo, on<strong>de</strong> a burguesia vin-<br />

cula isso à concessões que os trabalhadores façam em<br />

relação ao <strong>de</strong>senvolvimento industrial, o pagamento da<br />

dívida externa, e assim por diante. E mais, no caso da li-<br />

vre negociação e do Contrato Coletivo, são questões do<br />

âmbito da relação capital/trabalho, que <strong>de</strong>vem ser imple-<br />

mentadas pela CUT na sua ação sindical, usando o Con-<br />

gresso como caixa <strong>de</strong> ressonância <strong>de</strong>ssas iniciativas.<br />

8. A CUT cometeu no último período erros na sua po-<br />

lítica <strong>de</strong> alianças, procurou parceiros entre empresários,<br />

notadamente o PNBE, na suposição <strong>de</strong> que seriam aliados<br />

contra a ofensiva neoliberal. Manteve uma relação com<br />

setores da CGT que não clareou para as bases o papel do<br />

"sindicalismo <strong>de</strong> resultados" como agente da burguesia<br />

no interior do movimento sindical. Finalmente, secunda-<br />

rizou as alianças com setores populares que estão hoje fo-<br />

ra do âmbito da representação sindical que a CUT é: os<br />

sem-terra, os movimentos pastorais, os movimentos po-<br />

pulares, os movimentos das chamadas "minorias" e, par-

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