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Edição especial - Visão

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GUERRA DO GOLFO II Tragédia humanitária<br />

CAMPO DE REFUGIADOS<br />

Montada na fronteira<br />

entre o Iraque<br />

e a Jordânia, cidade<br />

de lona não deverá<br />

ter capacidade para<br />

o êxodo que se prevê:<br />

600 mil pessoas<br />

em todas as fronteiras<br />

dos países vizinhos<br />

UM GRANDE DANO COLATERAL<br />

à VISÃO Roland Huguenin Benjamim,<br />

porta-voz do Comité Internacional da<br />

Cruz Vermelha (CICV) na capital iraquiana,<br />

que reclama ser a única ONG que permaneceu<br />

no país.<br />

Com Benjamin ficaram outros cinco internacionais,<br />

o núcleo duro de uma equipa<br />

da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho,<br />

que inclui mais quatro expatriados, na região<br />

Norte, e 350 iraquianos prontos a trabalhar<br />

em todo o território. Cabe-lhes garantir,<br />

em caso de danos ou avarias, que as<br />

bombas de água e os geradores de electricidade<br />

continuem a funcionar para manter<br />

a operacionalidade dos hospitais.<br />

Fora do Iraque, várias ONGs internacionais<br />

estão a posicionar-se nas fronteiras<br />

dos países vizinhos. Só à sua conta, o<br />

CICV espera auxiliar 250 mil refugiados.<br />

A confirmar-se a operação, será a maior de<br />

sempre da organização.<br />

Do lado português, está agendada para<br />

sábado, 22, a chegada de uma equipa<br />

exploratória da Assistência Médica Internacional<br />

(AMI) à Jordânia, com vista<br />

à instalação de uma unidade clínica, na<br />

fronteira com o Iraque. Os primeiros<br />

planos da ONG previam o estabelecimento<br />

de uma missão de emergência no<br />

país de Saddam. Mas não foram concedidos<br />

os vistos necessários.<br />

Quando a ONU mandou retirar todo o<br />

seu pessoal de Bagdad, Fernando Nobre,<br />

médico e presidente da AMI, ficou inco-<br />

modado: «Deve ser precisamente num<br />

momento como este que se deve ficar e<br />

apoiar a população civil iraquiana. Tiro o<br />

chapéu aos elementos da Cruz Vermelha e<br />

do Crescente Vermelho que se mantêm na<br />

cidade.»<br />

Remédios depois das bombas<br />

Na noite do ultimato, segunda-feira,<br />

17, de George W. Bush a Saddam Hussein,<br />

dando-lhe 48 horas para sair do<br />

Iraque com os dois filhos, o Presidente<br />

dos EUA anunciou distribuição de alimentos<br />

e de medicamentos, mal as forças<br />

da aliança dirigida pelo seu país alcançassem<br />

a vitória.<br />

«Já não se separa a componente humanitária<br />

de uma ofensiva militar», assinala<br />

Fernando Nobre. O perigo, nota, surge no<br />

momento em que são as próprias forças<br />

beligerantes que controlam a assistência às<br />

populações.<br />

Nas operações terrestres, as forças americanas<br />

têm preparadas equipas que acompanham<br />

a evolução militar no terreno e<br />

que serão as primeiras a entrar em contacto<br />

com as comunidades iraquinas carenciadas<br />

de auxílio. «São parecidos connosco,<br />

excepto nas armas que empunham»,<br />

ironiza um responsável da ONG Mercy<br />

Corps, recordando a sua experiência no<br />

Afeganistão. Só na altura que acharem<br />

conveniente, as tropas permitirão o acesso<br />

de outras organizações.<br />

Numa reunião na Suíça, várias ONGs<br />

exigiram aos governos envolvidos na guerra<br />

do Iraque que façam uma distinção clara<br />

entre assuntos militares e humanitárias.<br />

«Os civis às organizações civis», reivindicou<br />

a porta-voz da Oxfam.<br />

Além da «perversidade da questão», como<br />

classifica João José Fernandes, da ONG<br />

Oikos, sobra a possível perda da confiança<br />

das populações, que são assistidas por quem<br />

os atacou – «efeitos colaterais».<br />

«Sabemos hoje que 10% das bombas<br />

utilizadas num ataque falham o alvo e que,<br />

no Afeganistão, morreram 11 mil pessoas –<br />

não eram militares talibãs, eram civis», recorda<br />

Fernando Nobre. Na madrugada de<br />

quinta-feira, 19, o início da ofensiva esteve<br />

longe da ameaça, revelada há um mês, da<br />

utilização de três mil bombas no primeiro<br />

raide aéreo anglo-americano. «E nessa altura<br />

alguém se lembrou das 300 que iam<br />

cair ao lado?» ■<br />

▲ 46VISÃO 21 de Março de 2003<br />

JEAN-MARC FERRE/AP<br />

lAPELO DA CRUZ VERMELHA<br />

«Respeitem a Convenção de Genebra»<br />

GLEB GARANISH/REUTERS

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