Sentimentos Humanos: origem e sentidos
Sentimentos Humanos: origem e sentidos
Sentimentos Humanos: origem e sentidos
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<strong>Sentimentos</strong> <strong>Humanos</strong>:<br />
<strong>origem</strong> e <strong>sentidos</strong>
Partido<br />
Universais e comuns a toda gente, os SENTIMENTOS HUMANOS suscitam grande<br />
interesse e sabor, sendo motivadores de instigantes obras artísticas e culturais<br />
desde sempre na história da humanidade.<br />
Projeto<br />
O livro apresenta um conjunto de 75 palavras em português que expressam<br />
sentimentos humanos: amor, ódio, desejo, preguiça, orgulho, indignação, coragem,<br />
vergonha... entre tantos outros, presentes na vida e no cotidiano de todos nós.<br />
Eles são apresentados na forma de verbetes e estão distribuídos em 13 capítulos que<br />
configuram grupos temáticos, organizados de acordo com uma identidade comum.<br />
Sobre cada um deles se explicitará a etimologia (<strong>origem</strong> grega e/ou latina da<br />
palavra), a definição e seus significados contemporâneos, evidenciando a relação<br />
particular e inédita que o professor Flávio Di Giorgi estabelece entre etimologia e o<br />
significado de cada sentimento.<br />
Os verbetes, escritos por Beatriz Di Giorgi com base nas ideias do professor<br />
Flávio e sob sua supervisão, são curtos e precisos. Em linguagem fluente, de fácil<br />
compreensão, os sentimentos são ilustrados por desenhos de apelo e fruição<br />
estética-artística (ver exemplos a seguir), e por citações de textos poético-literários<br />
selecionados pela Profa. Maria Edith Di Giorgi.<br />
Homenagem<br />
Além da escassez de material que trate dessa temática em linguagem acessível a<br />
um público amplo e do interesse que a descoberta da <strong>origem</strong> das palavras desperta<br />
nas pessoas, em geral, o projeto deste livro nasceu da necessidade urgente de<br />
divulgação de parte do saber que o professor Flávio acumulou ao longo da vida.<br />
Recém falecido, após mais de 60 anos dedicados à pesquisa do assunto e à<br />
transmissão de seus conhecimentos em sala de aula, a publicação desse livro<br />
tornou-se, também, o início de uma série de homenagens ao mestre.<br />
Equipe<br />
As ilustrações inéditas que acompanharão cada verbete, expressando visualmente<br />
o sentimento respectivo, serão de autoria de 4 artistas de reconhecido talento: Alex<br />
Cerveny, Libero Malavoglia, Maria Eugênia e Vera Helena.<br />
O projeto conta, ainda, com a coordenação editorial de Helena Tassara e com<br />
projeto e coordenação gráfica de Iris Di Ciommo.<br />
FRUIÇÃO DA VIDA<br />
Alegria Felicidade Entusiasmo Euforia Animação Curiosidade Audácia Coragem<br />
DIFICULDADE DE RELAÇÂO COM O MUNDO<br />
Vergonha Timidez Constrangimento Medo Culpa<br />
AFASTAMENTO DO OUTRO<br />
Ciúme Inveja Ressentimento Rancor Remorso<br />
SUSCEPTIBILIDADE / VULNERABILIDADE<br />
Tristeza Melancolia Angústia Mágoa Frustração Amargura Saudade<br />
EGOÍSMO OU EGOTISMO<br />
Vaidade Arrogância Soberba Orgulho Desprezo<br />
INÉRCIA ESPIRITUAL<br />
Preguiça Tédio Indiferença Alheiamento Ignorância Estupor<br />
INCONFORMISMOS<br />
Raiva Indignação Cólera Ódio Nojo Horror Revolta, Repulsa<br />
ACOLHIDA / ACEITAÇÃO DO OUTRO<br />
Piedade Misericórdia Compaixão Bondade Generosidade Amor Afeto<br />
ÍMPETOS DE SUPRESSÃO DA EXISTÊNCIA<br />
Tirania Maldade Sanha Crueldade Vingança<br />
PERDA DOS LIMITES E DO CONTROLE<br />
Paixão Desejo Loucura Desespero Ilusão<br />
DELICADEZAS<br />
Doçura Meiguice Ternura Candura Gentileza Amabilidade Suavidade<br />
POBREZA / CONTENÇÃO<br />
Avareza Mesquinhez Mediocridade<br />
INSACIABILDADE<br />
Gula Compulsão Ganância Ambição
Plano de Patrocínio<br />
SENTIMENTOS HUMANOS: ORIGEM E SENTIDO<br />
de Flávio Di Giorgi<br />
número: PRONAC 117137<br />
O projeto está orçado em R$ 137.650,00 e pode receber recursos de pessoas<br />
jurídicas e pessoas físicas, por meio da lei de incentivo cultural.<br />
Características Gráficas<br />
Tiragem de 2.000 exemplares, com 208 páginas contendo 88 ilustrações (sendo<br />
uma para cada verbete, totalizando 75, e uma para cada capítulo, totalizando 13).<br />
Obra em papel couché fosco 170 gr, com CAPA tipo brochura: formato fechado 210<br />
x 220 mm, aberto 780 x 210 mm, impressão 4x1 cores, papel couché fosco 230 grs,<br />
laminação fosca e aplicação de verniz e MIOLO formato fechado 210 x 220 mm,<br />
aberto 420 x 220 mm e impressão 4x4 cores.<br />
Quem pode incentivar?<br />
Pessoa Jurídica - desde que tributada com base no Lucro Real<br />
Pessoa Física - desde que faça declaração completa do Imposto de Renda<br />
Patrocínio<br />
O patrocínio pode ser total ou parcial conforme o plano de cotas definido.<br />
Contatos<br />
Os interessados em colaborar com este projeto<br />
devem escrever para:<br />
HELENA TASSARA (htassara@uol.com.br)<br />
BEATRIZ DI GIORGI (beatidigiorgi@gmail.com)<br />
Proponente<br />
Plano de distribuição de cotas<br />
Cota Patrocinador Exclusivo (100%)<br />
Inserção de logo do patrocinador no verso da capa e sobrecapa<br />
Recebimento de 10% dos exemplares (200)<br />
Cota Co-Patrocinador (50%)<br />
Inserção de logo do patrocinador no verso da capa e sobrecapa<br />
Recebimento de 5% dos exemplares (100)<br />
Cota Incentivo (30% - 20% - 10%) .<br />
Inserção de logo na capa e sobre capa, e recebimento de, respectivamente,<br />
3%, 2% ou 1% dos exemplares (30, 20 ou 10)<br />
Cota Apoiador (valor mínimo R$ 2.000,00)<br />
Inserção do nome do apoiador na lista de apoiadores do projeto<br />
3 exemplares de cortesia (para cada cota)<br />
Cota Serviços<br />
oferecimento de serviços/produtos, tais como: coquetel de lançamento,<br />
passagens aéreas, diárias em hotéis, impressão de convites, folders e cartazes.<br />
Contrapartidas<br />
Associar seu nome e de sua empresa a um produto cultural diferenciado, de qualidade<br />
artística e conteúdo inovador, traz prestígio, retorno institucional e agrega valor à<br />
marca. Além de poder usufruir do benefício fiscal, o investidor poderá ter seu nome<br />
divulgado em matérias de jornal, rádio e TV; em banners, filipetas e materiais de<br />
divulgação, conforme previsto no projeto.<br />
Apoio
Algumas páginas<br />
Dificuldade de relação com o mundo<br />
Susceptibilidade, vulnerabilidade<br />
O impossível carinho, Manuel Bandeira<br />
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo<br />
Quero apenas contar-te a minha ternura<br />
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás<br />
Eu te pudesse repor<br />
- Eu soubesse repor -<br />
No coração despedaçado<br />
As mais puras alegrias de tua infância!<br />
Maria Eugênia<br />
Vera Helena<br />
Retrato, Cecília Meireles<br />
Eu não tinha este rosto de hoje,<br />
assim calmo, assim triste, assim magro,<br />
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.<br />
Eu não tinha estas mãos sem força,<br />
tão paradas e frias e mortas;<br />
eu não tinha este coração que nem se mostra.<br />
Eu não dei por esta mudança,<br />
tão simples, tão certa, tão fácil:<br />
Em que espelho ficou perdida a minha face?<br />
Timidez<br />
Proveniente do verbo latino TIMEO, temer, hesitar.<br />
Trata-se de um sentimento de insegurança genérica em relação ao mundo, não<br />
especificando propriamente uma classe ou categoria de objetos, como se fora<br />
um temor cristalizado no âmago da pessoa.<br />
É um temor que, afinal de contas, não paralisa as relações (mas as prejudica),<br />
ao contrário do medo, temor paralisante.<br />
Melancolia<br />
Deriva do grego MELAGKHOLÍA, onde MELAG que quer<br />
dizer negro, a que se junta ao termo grego o substantivo<br />
KHÔLIA, humor com sentido de estado de espírito (difuso<br />
como um líquido).<br />
Trata-se, portanto, a partir desse significado, de uma avaliação da realidade como<br />
desfavorável, deprimente. É de lembrar que KHÔLIA também significa bile; A<br />
existência deste significado também outorga à melancolia a atribuição, ou acepção,<br />
de uma marca física, orgânica, Sugere intensa interdependência entre o físico e o<br />
psíquico. Atente-se para o movimento romântico.<br />
Perdas dos limites e do controle<br />
Libero Malavoglia<br />
Inconformismos<br />
Alex Cerveny<br />
Ainda uma vez – adeus!, Gonçalves Dias<br />
Enfim te vejo! - enfim posso,<br />
Curvado a teus pés, dizer-te,<br />
Que não cessei de querer-te,<br />
Pesar de quanto sofri.<br />
Muito penei! Cruas ânsias,<br />
Dos teus olhos afastado,<br />
Houveram-me acabrunhado,<br />
A não lembrar-me de ti!<br />
Paixão<br />
Provém do latim PASSIONE derivado do verbo latino PATIOR, que é<br />
um verbo depoente, que tem forma passiva e sentido ativo. PATIOR<br />
significa sofrer. Daí vem a “Paixão de Cristo”.<br />
A paixão é uma forma de defesa e ninguém vive sem ela. É um<br />
equívoco afirmar que a paixão é efêmera, talvez o seja o objeto<br />
da paixão. O sentido contemporâneo atribuído à paixão guarda<br />
correspondência com sua <strong>origem</strong> na medida em que, ainda nos dias<br />
atuais, paixão se associa à idéia de um sofrimento injusto que lembra<br />
o que deveria ter sido feito e não foi. A paixão é intensa, impetuosa e<br />
produz a sensação de que seu objeto é algo inatingível. A paixão é uma<br />
espécie de convite constante a uma inesgotável necessidade de melhora<br />
de performance para conquistar determinado objetivo ou alguém. Assim<br />
a paixão guarda certa correspondência com a idealização. Atualmente<br />
é mais usada para descrever um estado de conquista amorosa sexual,<br />
embora seja aplicável a várias esferas da vida.<br />
Raiva<br />
Provém do latim vulgar RABIA, que quer dizer Hidrofobia,<br />
doença infecciosa e letal transmitida principalmente aos<br />
seres humanos por cachorros cujos sintomas remetem a<br />
acessos de fúria.<br />
Daí o seu significado contemporâneo de um estado incontrolável de ira<br />
contra algo ou alguém. É um sentimento que se atribui exclusivamente<br />
às pessoas<br />
O navio negreiro, Castro Alves<br />
Senhor Deus dos desgraçados!<br />
Dizei-me vós, Senhor Deus!<br />
Se eu deliro... ou se é verdade<br />
Tanto horror perante os céus...<br />
Ó mar, por que não apagas<br />
Co’a esponja de tuas vagas<br />
De teu manto este borrão?<br />
Astros! noite! tempestades!
FLÁVIO DI GIORGI por Alfredo Bosi<br />
Falar de Flávio Di Giorgi não é nada fácil. Tudo nele era excepcional e<br />
continua sendo excepcional no coração e na memória dos que o conheceram<br />
de perto. Foi uma pessoa extraordinária em qualquer das dimensões pelas<br />
quais o lembrarmos.<br />
A sua erudição não conhecia limites. Ele me confessou, certa vez, que na<br />
adolescência chegava a pensar diretamente em Latim! O seu professor de<br />
alemão admirava-se da desenvoltura com que lia Hegel no original. Ficou<br />
matéria de folclore a alusão à sua tese de doutorado sobre o poema de<br />
Lucrécio, De Rerum Natura. A tese já estava quase pronta quando ele a<br />
perdeu em circunstâncias até hoje mal esclarecidas. Se alguém a encontrar,<br />
restitua-a à família, sua legítima herdeira. Quantas passagens de Virgílio e<br />
de Horácio ele recitava com aquela sua voz clara, vibrante, ressoante, que o<br />
tempo e as enfermidades foram tornando cada vez mais emotiva!<br />
O seu gosto pela poesia não se confinava ao mundo dos clássicos, mas se<br />
estendia aos grandes poetas modernos. Ouvi-lo declamar Baudelaire, García<br />
Lorca, Bandeira ou Drummond era um privilégio. Memória poética que Maria<br />
Edith partilhava com a mesma sensibilidade.<br />
Mas não se tratava de amadorismo individualista. Flávio, sendo acima de<br />
tudo um grande mestre, amava o ensino, acreditava na presença magnética<br />
da voz, da viva voz, com que se comunicou a vida toda com os seus alunos.<br />
Estes nos dão testemunhos de sua influência profunda, não só intelectual,<br />
mas sobretudo ética.<br />
Sempre se lamentou que Flávio não escrevesse o que dizia tão bem. Esse<br />
Sócrates precisaria ter um Platão que recolhesse amorosamente a sua fala<br />
de mestre. Beatriz, sua filha, começou a fazer esse trabalho, que todos<br />
gostaríamos de ler. De todo modo, o pouco que deixou é inestimável. Há dias,<br />
remexendo velhos papéis, encontrei um artigo seu, breve, mas transbordante<br />
de intuições originais.<br />
O texto intitula-se “O educador e a opção pelos pobres: consciência crítica”.<br />
Logo nas primeiras linhas reencontramos aquele Flávio que tinha paixão pela<br />
<strong>origem</strong> das palavras, paixão que o levava às mais surpreendentes descobertas.<br />
Ele o fazia de modo lúdico, mas era um jogo sério. Quantas vezes ele nos<br />
advertia que a palavra liturgia, vinda do grego, significava culto público,<br />
feito pelo povo e para o povo. No caso daquele artigo, o olhar voltava-se<br />
para a palavra competente, que em geral soa como um atributo frio, meio<br />
burocrático... Mas não é que Flávio decompôs o vocábulo e descobriu, só ele<br />
mesmo, que o tema, pet, de petente, significava em latim aquele que busca e<br />
que pede respostas, e que o prefixo con, de com-petente, denota estar junto.<br />
Então competente não é o que já sabe tudo, mas, ao contrário, o que busca<br />
a verdade em diálogo com os outros. E a partir daí se ilumina a missão do<br />
educador, o que procura junto aos alunos entender as pessoas e as coisas.<br />
Desejo terminar imaginando Flávio escrevendo na lousa com sua bela<br />
caligrafia as etimologias de todas as palavras da nossa língua. Quero revêlo<br />
roçando a borda do quadro negro com seu paletó polvilhado de giz. Essa<br />
imagem nos ficará gravada para sempre.<br />
Mas peço licença para não falar do amigo e do irmão. Não teria palavras.<br />
Tudo agora é saudade, muita saudade.