A NATUREZA BRASILEIRA O maior, mais importante e principalmente insubstituível patrimônio que sustenta nossa socie<strong>da</strong>de – está desaparecendo diante de nossos olhos. Fruto de uma conjunção perversa de ignorância e omissão <strong>da</strong> população em geral, imediatismo e falta de patriotismo de uma parte de nosso empresariado, mal acostuma<strong>da</strong> a avançar sobre o que é público para amealhar lucros privados, e principalmente no atual momento político uma visão retrógra<strong>da</strong> de “desenvolvimentismo” à la União Soviética dos anos 1950 <strong>da</strong> classe política dominante, que pretende sacrificar todo o futuro para ganhar vantagens efêmeras em poucos anos do presente, estamos vendo a gestão do patrimônio natural brasileiro ser destruí<strong>da</strong> proposital e violentamente. Não são necessi<strong>da</strong>des legítimas de desenvolvimento que pressionam pela destruição de nossos ecossistemas remanescentes e sua biodiversi<strong>da</strong>de, mas sim políticas públicas pensa<strong>da</strong>s para beneficiar determinados setores muito específicos <strong>da</strong> economia – sobressaindo aí as empreiteiras, os latifúndios, a mineração (incluindo o ufanismo histérico do petróleo) e a pesca industrial – que estão levando a um desmonte deliberado e orquestrado do arcabouço nacional de gestão ambiental, <strong>da</strong> legislação pioneira e esclareci<strong>da</strong> que tínhamos <strong>com</strong>o legado de déca<strong>da</strong>s de construção democrática aos órgãos ambientais, os quais, se nunca foram valorizados <strong>com</strong>o deveriam ser, no atual quadrante estão sendo desmantelados propositalmente para dificultar sua função de conservar, avaliar, monitorar, licenciar e fiscalizar o uso <strong>da</strong> <strong>Natureza</strong> que ain<strong>da</strong> nos resta. Isso em um ano em que vemos as autori<strong>da</strong>des nacionais, atentas apenas à pantomima política, receber no país a Conferência Rio+20, cuja provável falta de resultados práticos para estancar a devastação já é tema de denúncia pública até por oficiais <strong>da</strong> própria ONU. A <strong>eu</strong>foria do falso milagre econômico, promovido à custa, de um lado, <strong>da</strong> extorsão criminosa do produto do trabalho aos pagantes de impostos e taxas infin<strong>da</strong>s para subsidiar ativi<strong>da</strong>des setoriais insustentáveis e financiar um consumismo degenerado, e de outro, <strong>da</strong> queima frenética de nosso capital natural pela mineração (ou seja, uso desregrado, final, irreversível) de florestas, solos, águas, fauna, paisagens e de nossa própria quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, pode ofuscar perante muitos o tamanho do desastre que estamos perpetrando contra esta e as futuras gerações de brasileiros. Mas não ofusca nem engana a todos, e a ca<strong>da</strong> dia mais ci<strong>da</strong>dãos se dão conta d<strong>isso</strong>. É <strong>com</strong> vistas a estimular o debate, provocar a reflexão e convocar à ação ci<strong>da</strong>dã contra a destruição de nosso patrimônio natural que a Rede Marinho-Costeira e Hídrica do Brasil – REMA vem atuando no sentido de difundir informações sobre os grandes temas ambientais nacionais e as pequenas barbari<strong>da</strong>des do dia-a-dia. Este livro, e os que se seguirão, são parte desse esforço, que <strong>com</strong>plementa a informação ágil que prestamos através do portal www.remaatlantico.org . Contando <strong>com</strong> alguns dos nomes mais importantes <strong>da</strong> <strong>Conservação</strong> no Brasil, o conjunto desses textos pretende <strong>da</strong>r resposta a uma pergunta vital: o que VOCÊ tem a ver <strong>com</strong> <strong>isso</strong>? Ao ler – e esperamos, <strong>com</strong>partilhar – este livro, esperamos que nossos leitores encontrem resposta, e também motivação, para aju<strong>da</strong>r a reverter esse estado de coisas inaceitável. A <strong>Natureza</strong> Brasileira exige respeito, e reação. Cabe a nós defendê-la contra os abusos reinantes. A hora é agora. José Tru<strong>da</strong> Palazzo Jr. Presidente, Rede Marinho-Costeira e Hídrica do Brasil – REMA 6 CONSERVAÇÃO DA NATUREZA 7
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