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Hérnias Internas

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Caso Clínico<br />

MTRA, 37 anos, feminina, doméstica, casada, natural do Rio de<br />

Janeiro, residente em Jacarepaguá.<br />

Paciente internada no HGJ no dia 15/09/05, com história de<br />

aproximadamente 10 dias, quando iniciou quadro de dor<br />

abdominal em QIE, tipo cólica, associada a náuseas e vômitos.<br />

Referia ainda leucorréia amarelada e fétida. Procurou o HMLJ,<br />

onde permaneceu internada por três dias, tendo sido feito o<br />

diagnóstico de DIP, tratada com Ciprofloxacin. Obteve alta<br />

hospitalar no dia 09/09/05.<br />

Paciente evoluiu com piora do quadro de dor, náuseas e vômitos,<br />

apresentando agora, dificuldade de eliminação de gases e fezes, e<br />

distenção abdominal. Voltou ao HMLJ, onde foi medicada com<br />

sintomáticos, após realizar RAA e exames laboratoriais.<br />

Procurou então a emergência deste hospital, com o quadro acima<br />

descrito.


HPP: Nega HAS, DM, pneumo ou cardiopatias, hemotransfusões<br />

ou cirurgias prévias.<br />

H. SOCIAL: Nega tabagismo, refere etilismo social.<br />

H. FAM: Pai vivo (HAS); Mãe falecida por doença renal; 2<br />

filhos saudáveis; 8 irmãos, 1 falecido por PAF; nega doenças na<br />

família, exceto HAS.<br />

Ao exame: Lúcida, orientada, acianótica, desidratada ++/4+,<br />

corada.<br />

FC: 85bpm FR: 20irpm<br />

ABD: Distendido, peristáltico, difusamente doloroso à palpação,<br />

principalmente em andar inferior, com irritação peritoneal e<br />

plastrão palpável em mesogástrio.


Lab (14/09/05)<br />

Leuc: 12200 Bst: 02 Htc: 36,6%<br />

Hb: 12,7 Ur: 24 Cr: 0,7 Na+: 136<br />

K+: 4,0<br />

EAS normal.<br />

USG (07/09/05): líquido livre em FSD e entre alças.<br />

RAA (14/09/05): Grande distenção de delgado, com vários<br />

níveis hidroaéreos.<br />

HD: 1- Obstrução Intestinal.<br />

2- Apendicite aguda com evolução arrastada.<br />

CD: Laparotomia exploradora.


Rotina de Abdome agudo (14/09/05)


Rotina de abdome agudo (06/09/05)


Cirurgia: Foi encontrada obstrução intestinal por brida<br />

congênita, e perfuração bloqueada de jejuno no ponto da<br />

obstrução.<br />

Realizada enterectomia segmentar (Aprox. 10 cm), com jejunojejuno<br />

anastomose término-terminal.<br />

15/09/05: Admitida na UI cirúrgica em pós-op imediato.<br />

16/09/05: Alta para a enfermaria.<br />

Leuc: 11000 Bst: 28 Htc: 32,1<br />

Hb: 10,0 Cr: 0,8 Glic: 655<br />

K+: 2,9 Na+: 118<br />

17/09/05: Paciente com boa evolução clínica pós operatória.<br />

Iniciada reposição de NA+ e K+, HGT e esquema de insulina<br />

regular.


19/09/05: Iniciada dieta líquida de prova, com boa aceitação.<br />

21/09/05: Dieta oral livre, novamente com boa aceitação.<br />

23/09/05: Leuc:11400 Bst: 07 Htc: 32,4<br />

Hb: 10,5 Glic:121 NA+: 136<br />

K+: 4,4<br />

24/09/05: Paciente em bom estado geral, sem queixas. Afebril,<br />

aceitando bem a dieta, abdome sem alterações.<br />

ALTA HOSPITALAR.<br />

07/10/05: Foi atendida no ambulatório de cirurgia geral. Paciente<br />

sem queixas, alimentando-se adequadamente, eliminações<br />

fisiológicas presentes. Descorada +/4+.<br />

Abdome sem alterações.


<strong>Hérnias</strong> <strong>Internas</strong><br />

Hospital Geral de Jacarepaguá<br />

Serviço de Cirurgia Geral<br />

20/10/2005 Hugo Souza Castilho


Definição:<br />

Protrusão de uma víscera através de forames, fossas ou orifícios,<br />

dentro da cavidade abdominal.<br />

Incidência:<br />

<strong>Hérnias</strong> <strong>Internas</strong><br />

0,2 a 0,9% das causas de obstrução intestinal.<br />

Talebpour M. Laparoscopic manegment of an internal double omental hernia: A rare cause of intestinal<br />

obstruction.Hernia.2005


Etiologia<br />

1- Congênita ( mesos longos e frouxos, má rotação intestinal e<br />

forames ou fossas naturais).<br />

2- Adquirida ( pós-cirúrgicas, ou por trauma).


Quadro Clínico<br />

• Dores abdominais vagas e intermitentes, associadas a sintomas<br />

inespecíficos como náuseas, vômitos e diarréia.<br />

• Obstrução intestinal.<br />

• Sinais de sofrimento de alça.<br />

Joo YE. Internal hernia presenting as obstructive jaundice and acute pancreatites.Scand J Gastroenterol<br />

2002


• Paraduodenal (50-55%)<br />

• Pericecal (10-15%)<br />

•Transmesentérica (8-10%)<br />

• Hiato de Winslow (6-10%)<br />

• Intersigmóide (4-8%)<br />

Classificação<br />

Hong SS. Current diagnostic role of TC in evaluating internal hernia. J. Computer Assisted<br />

Tomography2005


• Retroanastomóticas<br />

•Transmesocólica<br />

•Transomental<br />

•Transligamento Falciforme<br />

•Transligamento Largo<br />

Classificação


• Anamnese<br />

• Exame físico<br />

• Laboratório<br />

•RAA<br />

• Trânsito de delgado<br />

•TC<br />

Diagnóstico


Tratamento<br />

• Redução delicada das alças herniadas<br />

• Tratamento do anel herniário<br />

• Enterectomia (caso necessário)<br />

Da Silva AL (1992) <strong>Hérnias</strong> <strong>Internas</strong>. Em: Da Silva AL, <strong>Hérnias</strong>, 1 edição, Roca LDTA, pp 892-901


Casos de difícil redução:<br />

Tratamento<br />

• Tração pouco mais forte das alças aferente ou eferente.<br />

• Secção do anel.<br />

• Descompressão do conteúdo herniário através de punção ou<br />

mesmo enterotomia.<br />

Da Silva AL (1992) <strong>Hérnias</strong> <strong>Internas</strong>. Em: Da Silva AL, <strong>Hérnias</strong>, 1 edição, Roca LDTA, pp 892-901


Paraduodenal<br />

• É a mais freqüente (50-55%).<br />

Esquerda – 75%<br />

Direita – 25%<br />

• Ocorre 3x mais em homens que em mulheres.<br />

• Relacionada a fenômenos embriológicos de má rotação<br />

intestinal.<br />

• Queixas digestivas suaves e intermitentes, como cólicas<br />

periumbilicais ou dor epigástrica e distenção pós-prandial.<br />

Brunner WC. Incidental paraduodenal hernia found during laparoscopic colectomy. Hernia2004


Esquerda:<br />

Paraduodenal<br />

• Fossa de Landzert<br />

- Localiza-se a esquerda da quarta porção duodenal<br />

• As alças se alojam em um “bolso” largo do mesocolon<br />

descendente.<br />

• Tratamento:<br />

- Incisão a direita da veia mesentérica inferior, com abertura<br />

do saco<br />

- Redução das alças.<br />

- Sutura do defeito herniário.


Paraduodenal


Hérnia paraduodenal esquerda


Características na TC:<br />

Paraduodenal Esquerda<br />

• Alças de delgado distendidas<br />

• Efeito de massa entre o corpo e/ou cauda do pâncreas e o<br />

estômago<br />

• Deslocamento inferior do transverso e da junção duodeno-jejunal.<br />

• Vasos mesentéricos estirados e ingurgitados.<br />

Blachar A. Internal hernia: clinical and imaging findings in17 paciets withemphasisonCT criteria.<br />

Radiology. 2001


Hernia paraduodenal esquerda


Paraduodenal Direita<br />

• Fossa mesentéricoparietal de Waldayer<br />

- Localiza-se dorsal a art. mesentérica superior e caudal ao<br />

segmento transverso do duodeno.<br />

• Saco peritoneal estende-se para a direita e caudal.<br />

• Mesocolon ascendente e parte do transverso formam a parede<br />

anterior do saco.<br />

• Ìntima relação entre o colo do saco herniário e a artéria<br />

mesentérica superior e íleo-cólica.<br />

Robert A (1989) Paraduodenal Hernia: Nyhus LM, Condom RE (eds) Hernia, 3 edição JB Lippincott<br />

Company, Philadelphia, pp 481-486


Paraduodenal Direita


Hérnia paraduodenal direita


Características na TC:<br />

Paraduodenal Direita<br />

• Alças de delgado lateral e inferior a porção descendente do<br />

duodeno.<br />

• Artéria mesentérica superior e os ramos ileo-cólicos na borda<br />

anterior do saco herniário.<br />

Hong SS. Current diagnostic role of TC in evaluating internal hernia. J. Computer Assisted<br />

Tomography2005


Hérnia paraduodenal direita


Transmesentérica<br />

• Defeitos congênitos ou adquiridos no mesentério.<br />

- Congênitos: Zona avascular entre a artéria<br />

mesentérica superior e o ramo ileal da artéria íleo-cólica.<br />

- Adquiridos: Pós trauma ou cirurgia.<br />

• Cólicas abdominais leves e intermitentes à obstrução intestinal.<br />

• Forte associação com sofrimento isquêmico e/ou volvulo.<br />

• Tratamento → redução da hérnia e fechamento do orifício.


Transmesentéricas


Transmesentéricas


Características na TC:<br />

Transmesentérica<br />

• Alças de delgado distendidas, pressionadas contra a parede<br />

abdominal e não ultrapassando a gordura do omento.<br />

• Deslocamento central ou posterior do cólon adjacente.<br />

• Alças de delgado herniadas “fora” do cólon.<br />

• Vasos mesentéricos túrgidos e estirados.<br />

• Deslocamento do tronco mesentérico principal.<br />

Blachar A. Internal hernia: clinical and imaging findings in17 paciets with emphasis on CT criteria. Radiology.<br />

2001


Hérnia tarnsmesentérica


Retroanastomóticas<br />

• Descritas por Petersen em 1900.<br />

• Decorre de falhas criadas por anastomoses intestinais, gastrojejunais<br />

ou bilio-digestivas.<br />

• Geralmente jejuno.<br />

• Aproximadamente 50% ocorrem dentro do primeiro mês de<br />

pós-operatório.<br />

• Nas gastrojejunostomias:<br />

- pré-cólicas → entre a anastomose e o transverso.<br />

- Transmesocólicas → entre a anastomose e a raiz do<br />

mesocolo.


Gastrojejunostomia pré-cólica Gastrojejunostomia trans-mesocólica


Hérnia retroanastomótica de alça eferente em uma anastomose pré-cólica


Tratamento:<br />

• Redução da hérnia.<br />

Retroanastomóticas<br />

• Fechamento do espaço retronastomótico.


Intersigmóide<br />

• A fossa ocorre onde o mesossigmóide recobre a bifurcação da<br />

artéria ilíaca e o cruzamento desta com o ureter.<br />

• Pode ser encontrada em até 70% dos jovens.<br />

• A fossa criada pode ser longa e ascendente, podendo chegar<br />

próximo ao pâncreas.<br />

• Falhas no fechamento peritoneal sobre a aorta abdominal ou<br />

ilíacas, após linfadenectomia radical.<br />

• Tratamento → redução e fechamento do orifício.


Intersigmóide


Hiato de Winslow<br />

• Comunica a grande cavidade com a retro cavidade dos epiplos.<br />

• Limites:<br />

-Dorsal → cava inferior<br />

-Cranial → lobo caudado<br />

- Ventral → pequeno eipiplo<br />

-Caudal → prega peritoneal que recobre o duodeno e os<br />

vasos hepáticos.


Forame de Winslow


Hiato de Winslow<br />

• Condições predisponentes → mesentério longo, com mobilidade<br />

excessiva, ausência de fusão do cólon ascendente a parede<br />

posterior, e abertura anormal do forame.<br />

• Sinal anátomo-cirúrgico → Estômago muito rechaçado cranial e<br />

ventralmente, recobrindo alças distendidas.<br />

• No reparo, atenção a lesão do pedículo biliar.<br />

• Se redução difícil → acesso através do espaço gastro-cólico, para<br />

tratamento do conteúdo herniário e redução.


Hiato de Winslow<br />

Joo IE e cols. Scan J Gastroenterol 2002<br />

Foi relatado, o primeiro caso descrito de icterícia<br />

obstrutiva e pancreatite aguda causada por herniação de delgado<br />

através do forame de Winslow em um homem de 45 anos.<br />

TC e RNM revelaram alças de delgado dilatadas,<br />

localizadas no espaço gastro-hepático, dilatação da vesícula e da<br />

via biliar intra-hepática e moderado aumento pancreático.<br />

Na laparotomia havia uma hérnia interna de jejuno através<br />

de um defeito no ligamento gastro-cólico, que, finalmente,<br />

herniava pelo forame de Winslow.<br />

O ducto biliar comum era comprimido externamente pelas<br />

alças de delgado e o pâncreas apresentava-se moderadamente<br />

aumentado.

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