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A Mulher na Academia: Histórico e Desafios

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A <strong>Mulher</strong> <strong>na</strong> <strong>Academia</strong>: <strong>Histórico</strong> e <strong>Desafios</strong><br />

Francisco Aurelio Ribeiro<br />

A origem da palavra <strong>Academia</strong> e seu significado provêm do jardim de Academus, onde Platão<br />

dava aula a seus discípulos, todos homens. Como era uma sociedade falocrata, a grega só se<br />

preocupava com a educação dos varões, daí a presença mínima de mulheres poetas,<br />

dramaturgas, filósofas, cujos nomes chegaram até nós. Safo, poetisa <strong>na</strong>scida <strong>na</strong> ilha de Lesbos,<br />

em torno de 625 a. C, morta em 586 a. C, foi uma exceção. Célebre em sua época, moedas<br />

foram cunhadas com sua efígie. Escreveu nove livros de poemas admirados por Horácio e<br />

Ovídio. Desses nove livros, restaram cerca de 650 versos de grande beleza e perfeição formal,<br />

nos quais, inspirando-se em temas populares de sua ilha <strong>na</strong>tal, criou ritmos e metros novos,<br />

evocando o amor, a morte, a beleza. Seus versos, dirigidos a adolescentes do sexo feminino,<br />

propiciaram a origem dos termos “safismo” e “lesbianismo” para desig<strong>na</strong>r o homossexualismo<br />

feminino e, por consequência, talvez, o pejorativo “safado(a)”.<br />

O preconceito dos gregos contras as mulheres pode ser revelado em citações literárias como<br />

estas, de Eurípides (c. 485-406 a.C): “Que a mulher é um flagelo desmedido posso provar; o pai<br />

que a gera e cria estabelece um dote a quem a leve, a quem o livre de tamanha praga; doutro<br />

lado, para quem leva para casa essa perniciosa criatura se regala de or<strong>na</strong>r com atavios seu<br />

ídolo fatal e -desgraçado!- esgota seus tesouros a vesti-lo. [...] Odeio a (mulher) inteligente; é<br />

antes <strong>na</strong>s espertas que Afrodite inocula o pecado; as imbecis são preservadas dos desejos<br />

loucos pela curta extensão da inteligência. A mulher não devia ter em torno nenhuma serva e,<br />

sim, viver no meio de mudos animais, assim, não tendo a quem dizer, de quem ouvir palavra”.<br />

(In: Hipólito. Trad. Jaime Bru<strong>na</strong>). Também de Eurípedes, <strong>na</strong> célebre Medeia, encontram-se as<br />

seguintes falas: Jasão: “Se fosse possível ter filhos de outro modo, não mais seriam necessárias<br />

as mulheres e homens estariam livres dessa praga!” Medeia: “... afi<strong>na</strong>l, se a <strong>na</strong>tureza fez-nos, a<br />

nós, mulheres, de todo incapazes para as boas ações, não há, para a maldade, artífices mais<br />

competentes do que nós” (Trad. Mário da Gama Kury).<br />

Também entre os romanos, existia o preconceito generalizado contra as mulheres, como se<br />

pode ver <strong>na</strong>s seguintes citações de um de seus filósofos: “Confia o teu barco aos ventos, mas<br />

não confies tua alma às meni<strong>na</strong>s, porque a onda é mais segura que a fidelidade da mulher”<br />

(Petrônio 6-66 d. C). Também do mesmo autor: “Aquele para quem uma mulher não é castigo<br />

suficiente, merece várias”.<br />

Na Idade Média e no Re<strong>na</strong>scimento, houve várias academias literárias e artísticas, mas de<br />

sentido didático, eram simples escolas. A <strong>Academia</strong> como a conhecemos hoje, sem fins<br />

didáticos e como uma agremiação de poetas e prosadores, constituída por um número<br />

específico de membros e com o objetivo geral de cultuar as letras, as artes e a ciência, <strong>na</strong>sceu<br />

no período Barroco, no século XVII e primeira metade do XVIII. Uma das precursoras das<br />

<strong>Academia</strong>s foi a rainha Cristi<strong>na</strong>, da Suécia, filha de Gustavo II Adolfo, que reinou de 1632 a<br />

1654 e viveu de 1626 a 1689.Muito culta, protegeu as letras e as artes, atraindo para sua corte<br />

numerosos eruditos, dentre os quais Descartes. Abdicou em 1654, seguindo com sua turma de<br />

artistas e poetas para Roma, onde viveu seus últimos dias, no cultivo da arte. Converteu-se ao<br />

catolicismo e foi a primeira mulher a ser enterrada junto com os papas.


Todavia, foi <strong>na</strong> França do Cardeal Richelieu que, em 1634, fundou-se a <strong>Academia</strong> Francesa,<br />

modelo para todas as outras. Em 1628, surgiu em Lisboa a primeira <strong>Academia</strong>, a dos<br />

Singulares, a que se seguiram várias outras, segundo Afrânio Coutinho. No Brasil, o movimento<br />

academicista proliferou nos principais centros do Brasil-Colônia, em Per<strong>na</strong>mbuco, Bahia, Mi<strong>na</strong>s<br />

Gerais, Rio de janeiro, São Paulo e Cuiabá, sendo as mais importantes a <strong>Academia</strong> Brasílica dos<br />

Esquecidos, fundada em 1724, <strong>na</strong> Bahia, a <strong>Academia</strong> dos Felizes, Rio de Janeiro, 1736, a<br />

<strong>Academia</strong> dos Seletos, Rio de Janeiro, 1752, a <strong>Academia</strong> Brasílica dos Acadêmicos Re<strong>na</strong>scidos,<br />

Bahia, 1759, a <strong>Academia</strong> Científica do Rio de Janeiro, 1772 e a Sociedade Literária do Rio de<br />

Janeiro, 1768.<br />

Alguns nomes de mulheres escritoras chegam até nós, a partir do século XVIII. Dentre eles,<br />

destacam-se: Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793), <strong>na</strong>scida em São Paulo e tendo ido<br />

para Portugal ainda meni<strong>na</strong> com a família. É considerada a primeira romancista em língua<br />

portuguesa e, neste ano, comemoram-se os 300 anos de seu <strong>na</strong>scimento. Teve uma vida cheia<br />

de percalços e de intensa atividade intelectual. <strong>Mulher</strong> inteligente e culta, foi colaboradora do<br />

Marquês de Pombal e teria sido escrita por ela a Relação abreviada de 1759, que trata da<br />

expulsão dos jesuítas, segundo Nelly Novaes Coelho. Em 1771, Teresa Margarida foi presa e<br />

encarcerada no Mosteiro de Ferreira Alves, onde ficou sete anos, tendo composto um poema<br />

épico-trágico e cente<strong>na</strong>s de máximas, cujos manuscritos só foram publicados em 1993, em<br />

Obra Reunida. Sua obra mais conhecida, no entanto, é Aventura de Diófanes, cuja primeira<br />

edição, dedicada a D. Maria, princesa-infanta, saiu em 1752. No Brasil, a primeira edição é de<br />

1945. Não se sabe se ela participou de alguma das academias portuguesas de sua época.<br />

Ângela do Amaral Rangel é a primeira voz femini<strong>na</strong> comprovada a se expressar <strong>na</strong> poesia<br />

brasileira. Nasceu cega, no Rio de Janeiro, em torno de 1725 e pertenceu à <strong>Academia</strong> dos<br />

Seletos, fato inédito, <strong>na</strong> época e posteriormente. Viveu <strong>na</strong> época em que imperavam o<br />

cultismo e o conceptismo academicistas difundidos em reuniões festivas e laudatórias das<br />

academias. Foi a única mulher a participar da <strong>Academia</strong> dos Seletos, sendo, em 1752, recebida<br />

entre as mais importantes figuras da época. Escreveu o poema “Ceguinha”, sonetos barrocos e<br />

romances líricos em espanhol. Foi a primeira mulher brasileira a ter versos publicados em letra<br />

de forma, quatro peças de valor cultista <strong>na</strong> antologia Júbilos da América, editada em Lisboa,<br />

em 1754.<br />

A terceira poetisa brasileira a se destacar no século XVIII foi Bárbara Heliodora Guilhermi<strong>na</strong><br />

da Silveira, <strong>na</strong>scida em 1759, em S. João Del Rey e falecida em 1819. Famosa por ter sido a<br />

musa e a esposa do inconfidente Inácio José de Alvarenga Peixoto foi, mais tarde, reconhecida<br />

como heroí<strong>na</strong> da Inconfidência Mineira. Desde muito jovem escrevia poesias que, dizem, eram<br />

tão louvadas quanto sua beleza física. No entanto, devido à perseguição que sofreu, pouco<br />

restou do que escreveu. Dela se conhecem doze sextilhas intituladas Conselhos a meus filhos,<br />

publicadas <strong>na</strong>s Obras poéticas de Inácio de Alvarenga Peixoto, em 1865, e cujos títulos<br />

revelam o que passou: “Com Deus e o rei não brincar, É servir e obedecer, Amar por muito<br />

temer, Mas temer, por muito amar, Santo temor de ofender, A quem se deve adorar”.<br />

No século XIX, muitas mulheres se destacaram <strong>na</strong> literatura brasileira, sendo as principais:<br />

Nísia Floresta (1810-1885), a primeira feminista brasileira, Maria Firmi<strong>na</strong> dos Reis (1825-1917),<br />

a primeira romancista brasileira, Narcisa Amália de Oliveira Campos (1852-1924), poeta,


jor<strong>na</strong>lista e professora, a primeira mulher a se profissio<strong>na</strong>lizar como jor<strong>na</strong>lista. Admirada e<br />

caluniada, rebelde, foi abolicionista e lutou em defesa da mulher e dos oprimidos. Publicou um<br />

livro de poesias, Nebulosas, em 1872, não tendo mais conseguido publicar pelas perseguições<br />

que sofreu <strong>na</strong> imprensa. Foi admirada pelo imperador Pedro II e por Machado de Assis, dentre<br />

tantos outros intelectuais de sua época.<br />

Com o objetivo declarado de se dedicar à “cultura da língua e da literatura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l”, fundouse,<br />

em 1896, no Rio de janeiro, a <strong>Academia</strong> Brasileira de Letras, constituída por quarenta<br />

membros, como a <strong>Academia</strong> Francesa em que se baseou, sendo todos homens. De acordo com<br />

os estatutos da ABL, “só podem ser membros da <strong>Academia</strong> os brasileiros que tenham, em<br />

qualquer dos gêneros da Literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro<br />

de valor literário”. Durante mais de oitenta anos, a ABL impediu a entrada de mulheres em seu<br />

meio, interpretando o “brasileiros” do seu regulamento como, exclusivamente, os do sexo<br />

masculino. Lúcio Mendonça (1854-1909), um dos seus idealizadores e membro fundador,<br />

chegou a advogar a entrada de mulheres no grupo inicial, chegando a afirmar que três<br />

escritoras de nome Júlia mereciam essa honra: Júlia Lopes de Almeida (1862-1934),<br />

consagrada romancista, com várias obras publicadas; Francisca Júlia (1871-1920), poetisa<br />

par<strong>na</strong>sia<strong>na</strong> paulista reconhecida por seus pares e Júlia Cortines (1863-1948),poeta fluminense<br />

e professora famosa, que publicou seu primeiro livro de poesias, Versos, em 1894, com<br />

Prefácio de Lúcio Mendonça, e Vibrações, em 1905, recentemente editados pela ABL.<br />

Para remediar a não entrada das mulheres <strong>na</strong> ABL, e havia <strong>na</strong>quele fi<strong>na</strong>l do século XIX, pelo<br />

menos, umas dez que se equivaliam com produção e valor literário ao dos homens que<br />

entraram, convidaram o jor<strong>na</strong>lista Filinto de Almeida, português de <strong>na</strong>scimento, o que<br />

contrariava os Estatutos da ABL, mas marido de Júlia Lopes de Almeida, para ser um dos<br />

ocupantes de cadeira. Mais tarde, foi chamado, ironicamente, por Humberto de Campos, de<br />

“Acadêmico Consorte”. O próprio Filinto de Almeida reconhecia os méritos de sua<br />

mulher e num inquérito de João do Rio, O Momento Literário, declarou: “Não era eu<br />

quem devia estar <strong>na</strong> <strong>Academia</strong>, era ela.” (Apud Ve<strong>na</strong>ncio Filho)<br />

Após a criação da <strong>Academia</strong> Brasileira de Letras, começaram a surgir academias estaduais e<br />

regio<strong>na</strong>is, mas, diferente da ABL, algumas começaram a aceitar a presença de mulheres. A<br />

primeira delas foi a <strong>Academia</strong> de Letras de Goiás, em 1904, que teve como sua primeira<br />

Presidente uma mulher, Eurídice Natal. É o que afirma Brito Broca: “Enquanto a <strong>Academia</strong><br />

Brasileira, fiel ao modelo francês, fechava as portas às mulheres, a modesta congênere de<br />

Goiás não só admitia uma mulher como a elegia, por aclamação, presidente do cenáculo,<br />

cabendo as funções de secretário perpétuo ao poeta Joaquim Bonifácio. A instalação da<br />

<strong>Academia</strong> e a posse da diretoria efetuaram-se, cabendo à presidente fazer o elogio de<br />

Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. Finda a sessão solene, seguiu-se um grande baile<br />

oferecido pelos acadêmicos à senhora Eurídice Natal.” (In: A Vida Literária no Brasil.<br />

1900.p.101)<br />

Em 1909, instalou-se a <strong>Academia</strong> Paulista de Letras, <strong>na</strong> qual se admitia a presença de<br />

mulheres. As poetisas Francisca Júlia e Zali<strong>na</strong> Rolim, preteridas pela ABL, foram convidadas,<br />

mas decli<strong>na</strong>ram do convite à imortalidade. Em 1913, fundou-se a <strong>Academia</strong> de Letras do Pará e<br />

dentre os vinte membros fundadores estava a jovem jor<strong>na</strong>lista capixaba Guilhermi<strong>na</strong> Tesch


Furtado, <strong>na</strong>scida em Vitória, em 1890. No ano seguinte, Guilhermi<strong>na</strong> casou-se e se mudou com<br />

o marido para o Rio de Janeiro. Lá publicou o livro de contos Esmaltes e Camafeus, pela Ed.<br />

Garnier,com o nome Guilly Furtado Bandeira, tor<strong>na</strong>ndo-se a primeira escritora capixaba a<br />

editar um livro; todavia, a crítica impiedosa do crítico paraense José Veríssimo afugentou a<br />

jovem escritora de novas publicações. Quando a <strong>Academia</strong> Espírito-santense de Letras foi<br />

fundada, em 1921, não foi cogitado nenhum nome feminino. Guilly F. Bandeira, já acadêmica<br />

no Pará, não foi lembrada, embora um de seus primos, Manoel Pimenta, tenha sido um dos<br />

fundadores da AEL. Outros nomes de mulheres escritoras só se destacariam mais à frente<br />

como Maria Stella de Novaes, Maria Antonieta Tatagiba,Haydée Nicolussi, Lidia Besouchet, Ilza<br />

Dessaune, Judith Leão, Virgínia Tamanini. Eram todas muito novas e em formação.<br />

Na <strong>Academia</strong> Brasileira de Letras, a discussão sobre a entrada das mulheres continuava.<br />

Havia uma minoria que aprovava e uma maioria que discordava. Em 1920, quando faleceu<br />

Francisca Júlia, ela foi home<strong>na</strong>geada <strong>na</strong> ABL e alguns acadêmicos lamentaram ela não ser um<br />

deles. Em 1922, Rosali<strong>na</strong> Coelho Lisboa e Gilka Machado, duas das mais importantes poetisas<br />

da época, foram premiadas em concurso da ABL e o acadêmico Carlos Magalhães de Azeredo<br />

publicou <strong>na</strong> Revista Brasileira o artigo “O Feminismo e a <strong>Academia</strong>” em que dizia: “Imagino<br />

que os mais espantados teriam sido os juízes mesmo, quando viram a quem haviam premiado!<br />

De fato, ainda não é a entrada das mulheres <strong>na</strong> <strong>Academia</strong> que eu advogava há meses, mas já o<br />

reconhecimento estrondoso – tanto mais impressio<strong>na</strong>dor, porque o produziu a força das<br />

coisas e não o arbítrio dos homens – de que se continuam a fechar-lhes as nossas portas, não<br />

se podendo alegar que seja por lhes faltar a elas merecimento para serem admitidas <strong>na</strong> nossa<br />

companhia”. (Apud Ve<strong>na</strong>ncio Filho).<br />

Em 1930, dentre os inscritos à vaga aberta pela morte do acadêmico Pujol, estavam<br />

Viriato Correia, Menotti Del Picchia, Alcântara Machado e D. Amélia de Freitas<br />

Bevilaqua. Pela primeira vez se apresentava à <strong>Academia</strong> uma candidatura femini<strong>na</strong> e a<br />

polêmica se instalou. O Presidente Aloísio de Castro pediu a seus pares que se<br />

manifestassem, em voto nomi<strong>na</strong>l, tendo sete deles votado a favor e quatorze contra.<br />

Isso levou a poetisa mineira Henriqueta Lisboa a escrever, com ironia, o seguinte<br />

soneto:<br />

As cadeiras azuis da <strong>Academia</strong><br />

é problema insolúvel da mulher . . .<br />

Acrescentar ao caso uma ironia,<br />

Eis, a meu ver, o que se faz mister.<br />

As reticências, em diplomacia,<br />

são recursos melhores que qualquer,<br />

Eu sei de gente má que malicia<br />

pelo que se disser ou não disser . . .<br />

Vejo-vos, ó poltro<strong>na</strong>s, face a face,<br />

e não posso atingir a honra suprema<br />

enquanto ao meu alcance não descerdes!


Ai de mim se de leve alguém pensasse<br />

que eu, fazendo lembrar um velho tema,<br />

em vez de azuis vos ver, vos visse “verdes”...<br />

O poeta Olegário Mariano respondeu à poetisa com outro soneto:<br />

Muitos são contra. Outros, por medo ou covardia,<br />

Acham de pôr <strong>na</strong> idéia entusiasmos supremos.<br />

Que a mulher, magra ou gorda, alta ou baixa, seria<br />

Um lírio or<strong>na</strong>mental no Jardim de Academus.<br />

Se é por ela afi<strong>na</strong>l que todos nós vivemos,<br />

Se é dela que nos vem o encanto da Poesia,<br />

Por que havemos de usar de processos extremos<br />

E fechar-lhe o portão da douta <strong>Academia</strong>?<br />

Há um obstáculo só, que me parece enorme:<br />

O “habitat vert”. Que fazer? Criar novo uniforme,<br />

Ou deixá-la à paisa<strong>na</strong> o templo penetrar?<br />

Os velhos do “Trianon” quase não dizem <strong>na</strong>da,<br />

Mas preferem por certo a mulher decotada,<br />

Que uma mulher fardada é horrível de se olhar.<br />

( Apud Ve<strong>na</strong>ncio Filho)<br />

Em 1937, quando foi reformulada, <strong>na</strong> gestão de Archimimo Matos, a <strong>Academia</strong><br />

Espírito-santense de Letras passou para quarenta o número de suas cadeiras, mas,<br />

ainda assim, nenhuma mulher foi convidada a preencher uma delas. Somente o<br />

ocupante da cadeira 32, o prof. José Paulino, teve a sensibilidade de invocar o nome da<br />

poetisa Maria Antonieta Tatagiba (1894-1928) como sua Patro<strong>na</strong>. Em seu discurso de<br />

posse, home<strong>na</strong>geou a primeira poetisa capixaba a ter um livro publicado, Frauta<br />

Agreste, em 1927, imortalizando-a nos a<strong>na</strong>is da <strong>Academia</strong>.<br />

Na década de 1940, havia várias escritoras capixabas publicando, escrevendo em<br />

jor<strong>na</strong>is, em revistas, no Espírito Santo e outros estados, sobretudo <strong>na</strong> capital do país.<br />

Guilly Furtado Bandeira continuava morando no Rio, mas escrevia poemas e crônicas<br />

<strong>na</strong> Vida Capichaba, revista cultural fundada por seu primo, Manoel Pimenta. Haydée<br />

Nicolussi havia publicado um livro de poesias, Festa <strong>na</strong> Sombra, no Rio,em 1943, com<br />

boa repercussão entre os críticos. Lídia Besouchet morava <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> com o marido<br />

Newton Freitas e publicava romances, biografias, estudos críticos. Aqui, destacavam-se<br />

Virgínia Tamanini, Ida Fi<strong>na</strong>more, Judith Leão, Yvonne Amorim, dentre várias outras,<br />

mas a <strong>Academia</strong> Espírito-santense de Letras, seguindo sua mãe-modelo, a ABL, não<br />

abria suas portas às mulheres. Isso fez com que as mulheres se unissem e, apoiadas<br />

pelo então presidente da AEL, Augusto Lins, fundassem a <strong>Academia</strong> Femini<strong>na</strong> Espíritosantense<br />

de Letras, em 1949. De sua primeira diretoria, constavam: Judith Leão<br />

Castelo Ribeiro, Presidente; Anette de Castro Mattos, Vice-Presidente; Arlete Cypreste,<br />

1ª. Secretária; Zeny Santos, 2ª. Secretária; Maria José de Albuquerque, Tesoureira:<br />

Yamara Soneghet, Bibliotecária e Virgínia Tamanini, Diretora Artística. Judith Leão


(1898-1982) renunciou ao cargo, seis meses depois, passando-o à Vice-Presidente,<br />

devido aos afazeres como Deputada Estadual, cargo que exerceu em quatro<br />

legislaturas (1947 a 1963). Também foi ela a primeira mulher a ingressar <strong>na</strong> <strong>Academia</strong><br />

Espírito-santense de Letras, mas somente em 1981, após a ABL ter permitido a entrada<br />

de Rachel de Queirós, em 1979, depois de muita luta.<br />

No Instituto <strong>Histórico</strong> e Geográfico do Espírito Santo, no entanto, entidade co-irmã<br />

da <strong>Academia</strong> Espírito-santense de Letras, as mulheres tiveram sua entrada permitida<br />

desde a década de 1940. A primeira a ser admitida foi a escritora, cientista e<br />

Historiadora Maria Stella de Novaes (1894-1981). Maria Stella foi eleita em 03.07.1944.<br />

Conforme a Ata dessa data, por proposta dos presentes "como uma home<strong>na</strong>gem<br />

especial à primeira mulher capichaba que se candidatou ao Instituto", pediu-se a<br />

dispensa de escrutínio regulamentar, bem como jóia e as despesas de diploma. A<br />

proposta foi aceita por u<strong>na</strong>nimidade, sendo declarada eleita pelo presidente Arthur<br />

Lourenço de Araújo Primo.A posse ocorreu em Sessão Especial, <strong>na</strong> sede do Clube<br />

Vitória, em 06.06.1945, onde discursou e foi saudada por Nelson Abel de Almeida.<br />

Antes dela, Alícia Lardés Arthés de Venturino, poetisa salvadorenha, esposa do<br />

sociólogo chileno Agustin de Venturino, foi a primeira sócia-correspondente do IHGES,<br />

ao tomar posse em 12.07.1933. Após Maria Stella, foi eleita Judith de Freitas Almeida e<br />

Mello, filha de Afonso Cláudio, em 1961, como sócia-correspondente.Como sócias<br />

efetivas, entraram, em 1965,vinte anos após Maria Stella, Ângela de Biase Ferrari,<br />

Maria Filli<strong>na</strong> Salles de Sá de Miranda e Nara Saletto da Costa.Novas posses de<br />

mulheres, ape<strong>na</strong>s em junho de 1981, com o ressurgimento do IHGES, quando foram<br />

empossadas Ilza Bitran, Léa Brígida de Alvarenga Rosa , Lucia Alves Correa, Maria<br />

Yonnita, Neida Lúcia Moraes e Regi<strong>na</strong> Hess.<br />

Na ABL, todavia, a luta continuava. Em 1951, Osvaldo Orico sugeriu a modificação do<br />

artigo 17 do Regimento Interno da ABL, justificando que “<strong>na</strong> forma do nosso Estatuto básico,<br />

nenhuma reserva oferecem eles à admissão nesta Casa de brasileiro de outro sexo,<br />

constituindo até certo ponto uma inovação recente o dispositivo regimental que veda à<br />

mulher a faculdade de candidatar-se a uma cadeira da <strong>Academia</strong>. O que era pacificamente<br />

aceito pelo citado artigo 17 pode tor<strong>na</strong>r-se com o tempo e com a crescente ascendência da<br />

cultura femini<strong>na</strong> uma odiosa e inexplicável regalia ditada pelos homens e da qual estes se<br />

beneficiam em prejuízo da justiça social e da cortesia literária.” Falando de um arcaísmo<br />

egoísta do homem, citou as várias mulheres que ingressaram <strong>na</strong>s <strong>Academia</strong>s: <strong>na</strong> <strong>Academia</strong><br />

Goncourt, Colette; <strong>na</strong> <strong>Academia</strong> da Suécia, a figura de Selma Lagerloff, e citava também o caso<br />

de Gabriela Mistral, que ganhara, em 1945, o Prêmio Nobel de Literatura, referindo-se, ainda,<br />

a Maria Montessori, a reformadora do moderno sistema de educação da infância. (Apud<br />

Ve<strong>na</strong>ncio Filho)<br />

Em sua argumentação pela entrada das mulheres <strong>na</strong> ABL, Osvaldo Orico citou “As figuras<br />

que se distanciaram dos nossos trabalhos por uma barreira iníqua, Maria Eugênia Celso, Júlia<br />

Lopes de Almeida – considerada com justiça a Cadeira n.º 41 da <strong>Academia</strong> – Rosali<strong>na</strong> Coelho<br />

Lisboa ,Gilka Machado, A<strong>na</strong> Amélia, e as que vieram depois, Caroli<strong>na</strong> Nabuco, Rachel de<br />

Queiroz, Henriqueta Lisboa, Cecília Meireles, Lúcia Miguel-Pereira,Di<strong>na</strong>h Silveira de Queiroz,<br />

Lília Ripoli, Lazinha Luiz Carlos Caldas Brito”. (Id.ibid.)<br />

Em outra sessão do mesmo ano, voltou ao assunto: “Assim entendo (embora reconheça<br />

que, gramaticalmente, a palavra brasileiros usada no artigo 2º. dos Estatutos pode abranger<br />

pessoas de ambos os sexos) não só porque a tradição, todos os nossos antecedentes e os<br />

próprios debates travados em várias ocasiões mostram que o entendimento originário,sempre<br />

domi<strong>na</strong>nte, tem sido excludente das pessoas do sexo feminino,como também porque a<br />

matéria é, por si mesma, institucio<strong>na</strong>l, visando a composição da <strong>Academia</strong>, e não,


simplesmente, as normas de funcio<strong>na</strong>mento desta. Ora, o Regimento consig<strong>na</strong> somente tais<br />

normas; não comporta as que alterem a estrutura tradicio<strong>na</strong>l da <strong>Academia</strong>.Seja-me permitido<br />

acrescentar que minha atitude atual, inspirada pelo zelo de uma tradição desta Casa, onde<br />

tanto valem as tradições, não colide com os meus velhos e arraigados sentimentos feministas.<br />

A eles tenho sido e serei fiel, e ainda há pouco me levaram eles a sugerir que se conferisse o<br />

prêmio maior da <strong>Academia</strong>, o Prêmio Machado de Assis, a uma de nossas grandes escritoras.”<br />

(Apud Ve<strong>na</strong>ncio Filho). Foi voto vencido, pois a maioria dos acadêmicos não permitia a entrada<br />

de mulheres no “Clube do Bolinha”.<br />

Em 1970, o Presidente Austregésilo de Atayde, baseado no disposto do artigo 17 do<br />

Regimento, negou a inscrição solicitada pela escritora Di<strong>na</strong>h Silveira de Queiroz, candidata à<br />

vaga do acadêmico Álvaro Lins. Um grupo de acadêmicos, revoltado com a recusa à entrada do<br />

nome de Di<strong>na</strong>h S. de Queiroz, protocolou requerimento de mudança do Regimento, nos<br />

seguintes termos: ”A <strong>Academia</strong> Brasileira de Letras, por outro lado, não pode tor<strong>na</strong>r-se um<br />

retrógrado e a<strong>na</strong>crônico cenáculo, um clube de velhos misóginos, um se<strong>na</strong>do de egoísmos<br />

masculinos, num mundo em que o igualitarismo e as conquistas sociais, intelectuais e<br />

científicas das mulheres se avantajam de tal forma que até no espaço cósmico elas já<br />

concorrem com o homem. A <strong>Academia</strong> Brasileira de Letras, que <strong>na</strong>sceu sem preconceito de<br />

raça, presidida por Machado de Assis e integrada por José do Patrocínio, e sem preconceitos<br />

ideológicos, reunindo republicanos e mo<strong>na</strong>rquistas impenitentes, não pode se tor<strong>na</strong>r aos olhos<br />

da <strong>na</strong>ção brasileira culpada de ‘preconceito de sexo’, mais grave e mais indesculpável do que<br />

qualquer outro. Aliás, como existe uma lei para punir o ‘preconceito de raça’, elaborada pelo<br />

Sr.Afonso Arinos de Melo Franco, membro desta Casa, devia existir também uma lei para punir<br />

as outras formas de discrimi<strong>na</strong>ção irracio<strong>na</strong>is, como a que se baseia <strong>na</strong> distinção entre os<br />

sexos.” (Apud Ve<strong>na</strong>ncio Filho).<br />

Após muitas discussões entre os acadêmicos, <strong>na</strong> sessão de 14 de outubro de 1976, o<br />

Presidente Austregésilo de Athayde procedeu à votação da proposta de Osvaldo Orico, com<br />

emenda aditiva de Hermes Lima, permitindo, com a emenda do artigo 17 do Regimento<br />

Interno, a inscrição de mulheres <strong>na</strong> <strong>Academia</strong> Brasileira de Letras. A primeira mulher recebida<br />

<strong>na</strong> <strong>Academia</strong> foi Rachel de Queiroz, saudada em 4 de novembro de 1977 por Adonias Filho,<br />

mas em nenhum dos dois discursos se fez referência à controvérsia. No discurso de posse, Rachel<br />

declarou: "Não entrei para a ABL por ser mulher. Entrei porque, independentemente disso,<br />

tenho uma obra”.<br />

A segunda acadêmica a entrar <strong>na</strong> ABL foi Di<strong>na</strong>h Silveira de Queiroz,em 1980, recebida pelo<br />

acadêmico Raymundo Magalhães Júnior. Ela, que tinha sido preterida dez anos antes, não<br />

mencionou o tema, ape<strong>na</strong>s dizendo que a ideia de ingresso <strong>na</strong> <strong>Academia</strong> decorreu de encontro<br />

com o acadêmico Osvaldo Orico, só o fazendo com a revogação do impedimento da entrada de<br />

escritoras <strong>na</strong> <strong>Academia</strong>. Magalhães Júnior, no entanto, fez, em seu discurso, todo um histórico<br />

da luta das mulheres brasileiras por um espaço <strong>na</strong> sociedade ao lado dos homens. Depois<br />

dessas duas pioneiras romancistas, entraram, <strong>na</strong> ABL, Lygia Fagundes Telles, em 1985, Nélida<br />

Piñon, em 1989, sendo a primeira mulher a presidi-la, em 1996-7, no I Centenário de sua<br />

fundação. Zélia Gattai Amado, em 2001, A<strong>na</strong> Maria Machado, em 2003, e a professora<br />

Cleonice S. Motta Berardinelli, em, 2009.<br />

Na <strong>Academia</strong> Espírito-santense de Letras, não ocorreu o debate caloroso sobre a entrada de<br />

mulheres ocorrido <strong>na</strong> ABL, em diferentes épocas. O fato de as mulheres terem criado uma<br />

<strong>Academia</strong> para si, aquietou-as, de uma certa maneira, conformando-as a não reivindicarem<br />

lugar <strong>na</strong> “<strong>Academia</strong> dos Homens”. Sabe-se que Maria Stella de Novaes (1894-1881), autora de<br />

várias obras, premiada pela ABL, em 1952, a primeira mulher a ser membro do Instituto<br />

<strong>Histórico</strong> e Geográfico do Espírito Santo, além de ter pertencido a várias instituições culturais,<br />

sentiu-se preterida por não ser convidada a entrar <strong>na</strong> AEL, instituição que tinha dois tios seus<br />

como patronos, os irmãos Jerônimo e Fer<strong>na</strong>ndo Monteiro.<br />

Judith Leão Castello Ribeiro (1898-1982), professora catedrática da Escola Normal Pedro II,<br />

foi a primeira mulher eleita deputada para a Assembleia Legislativa, em 1947, reeleita em


quatro legislaturas. Foi a primeira Presidente da <strong>Academia</strong> Femini<strong>na</strong> Espírito-santense, da qual<br />

foi uma das fundadoras, em 1949 e a primeira mulher a ser eleita para a <strong>Academia</strong> Espíritosantense<br />

de Letras, em 1981, falecendo no ano seguinte. Em seu discurso de posse, intitulado<br />

“Recompensa” fala da honra em abrir as portas daquela septuagenária instituição para suas<br />

companheiras.<br />

A segunda mulher a entrar <strong>na</strong> AEL foi a professora, historiadora e romancista Neida Lúcia<br />

Moraes (1929), filha do também acadêmico Cícero Moraes, em 1984, <strong>na</strong> vaga de Clóvis<br />

Rabello. A terceira foi a poetisa e romancista Virgínia Gasparini Tamanini (1897-1990), em<br />

1986, sucedendo a Cícero Moraes. A quarta foi a professora An<strong>na</strong> Ber<strong>na</strong>rdes da Silveira Rocha,<br />

<strong>na</strong>scida em 1927, sucedendo a Guilherme Santos Neves, em 1990. A quinta foi a professora e<br />

poetisa Ester Abreu Vieira de Oliveira, <strong>na</strong>scida em 1933, sucedendo ao também poeta Roberto<br />

Almada, em 1996. É a atual presidente da <strong>Academia</strong> Femini<strong>na</strong> Espírito-santense de Letras. A<br />

sexta foi a poetisa Magda Regi<strong>na</strong> Lugon, <strong>na</strong>scida em 1944, em 1996. A sétima foi Maria Hele<strong>na</strong><br />

Teixeira de Siqueira (1927-2010), também em 1996. Foi a primeira mulher Presidente da AEL,<br />

de 2002 a 2004. A oitava foi a poetisa Maria das Graças Silva Neves, <strong>na</strong>scida em 1949,<br />

Presidente da AFEL de 1992 a 1996, em 1999. A no<strong>na</strong> foi a poetisa e ensaísta Maria Beatriz<br />

Figueiredo Abaurre, <strong>na</strong>scida em 1937, em 2002. A décima foi a cronista e ensaísta Josi<strong>na</strong><br />

Nunes Drumond, <strong>na</strong>scida em 1951, eleita para a vaga de Antônio José Miguel Feu Rosa, em<br />

22/08/2008.<br />

Atualmente, das 38 cadeiras ocupadas da AEL, pois duas estão vagas, sete o são por<br />

mulheres, o que á ainda um número bastante pequeno, se comparado à importância que elas<br />

têm no cenário cultural e artístico do Espírito. Essa representatividade mínima não é diferente,<br />

por exemplo, se lembrarmos que, <strong>na</strong> Assembleia Legislativa, as mulheres capixabas são três,<br />

dentre trinta; no Congresso Federal, duas, dentre oito e no Se<strong>na</strong>do, uma entre três. No Espírito<br />

Santo, nunca se elegeu uma Gover<strong>na</strong>dora, desde Luísa Gri<strong>na</strong>lda, no longínquo século XVI, e só<br />

há uma Desembargadora no Tribu<strong>na</strong>l de Justiça. A luta pela afirmação política e social das<br />

mulheres ainda é uma constante e o cenário é ape<strong>na</strong>s um pouco melhor do que o vivido pelas<br />

mulheres do século XIX, que não poderiam publicar suas obras para não se tor<strong>na</strong>rem<br />

“mulheres públicas”.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BROCA,Brito. A Vida Literária no Brasil-1900. 4ed. Rio de Janeiro: José Olympio/ <strong>Academia</strong><br />

brasileira de Letras, 2004.<br />

CORTINES, Júlia. Versos. Vibrações. Rio de Janeiro: <strong>Academia</strong> Brasileira de Letras. 2010.<br />

COUTINHO, Afrânio.O Movimento Academicista. A Literatura no Brasil. Vol. 2.4ed. São Paulo:<br />

Global,1997.<br />

COELHO, Nelly Novaes. Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras. (1711-2001)São Paulo;<br />

escrituras, 2002.<br />

VENANCIO FILHO, Alberto. As <strong>Mulher</strong>es <strong>na</strong> <strong>Academia</strong>. Revista Brasileira. ABL.no. 49, p.7-43,<br />

2006.<br />

RIBEIRO, Francisco A.(Org.) Patronos&Acadêmicos. <strong>Academia</strong> Espírito-santense de Letras. 3ed.<br />

Serra: Formar, 2010.

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