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A Mulher na Academia: Histórico e Desafios

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Todavia, foi <strong>na</strong> França do Cardeal Richelieu que, em 1634, fundou-se a <strong>Academia</strong> Francesa,<br />

modelo para todas as outras. Em 1628, surgiu em Lisboa a primeira <strong>Academia</strong>, a dos<br />

Singulares, a que se seguiram várias outras, segundo Afrânio Coutinho. No Brasil, o movimento<br />

academicista proliferou nos principais centros do Brasil-Colônia, em Per<strong>na</strong>mbuco, Bahia, Mi<strong>na</strong>s<br />

Gerais, Rio de janeiro, São Paulo e Cuiabá, sendo as mais importantes a <strong>Academia</strong> Brasílica dos<br />

Esquecidos, fundada em 1724, <strong>na</strong> Bahia, a <strong>Academia</strong> dos Felizes, Rio de Janeiro, 1736, a<br />

<strong>Academia</strong> dos Seletos, Rio de Janeiro, 1752, a <strong>Academia</strong> Brasílica dos Acadêmicos Re<strong>na</strong>scidos,<br />

Bahia, 1759, a <strong>Academia</strong> Científica do Rio de Janeiro, 1772 e a Sociedade Literária do Rio de<br />

Janeiro, 1768.<br />

Alguns nomes de mulheres escritoras chegam até nós, a partir do século XVIII. Dentre eles,<br />

destacam-se: Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793), <strong>na</strong>scida em São Paulo e tendo ido<br />

para Portugal ainda meni<strong>na</strong> com a família. É considerada a primeira romancista em língua<br />

portuguesa e, neste ano, comemoram-se os 300 anos de seu <strong>na</strong>scimento. Teve uma vida cheia<br />

de percalços e de intensa atividade intelectual. <strong>Mulher</strong> inteligente e culta, foi colaboradora do<br />

Marquês de Pombal e teria sido escrita por ela a Relação abreviada de 1759, que trata da<br />

expulsão dos jesuítas, segundo Nelly Novaes Coelho. Em 1771, Teresa Margarida foi presa e<br />

encarcerada no Mosteiro de Ferreira Alves, onde ficou sete anos, tendo composto um poema<br />

épico-trágico e cente<strong>na</strong>s de máximas, cujos manuscritos só foram publicados em 1993, em<br />

Obra Reunida. Sua obra mais conhecida, no entanto, é Aventura de Diófanes, cuja primeira<br />

edição, dedicada a D. Maria, princesa-infanta, saiu em 1752. No Brasil, a primeira edição é de<br />

1945. Não se sabe se ela participou de alguma das academias portuguesas de sua época.<br />

Ângela do Amaral Rangel é a primeira voz femini<strong>na</strong> comprovada a se expressar <strong>na</strong> poesia<br />

brasileira. Nasceu cega, no Rio de Janeiro, em torno de 1725 e pertenceu à <strong>Academia</strong> dos<br />

Seletos, fato inédito, <strong>na</strong> época e posteriormente. Viveu <strong>na</strong> época em que imperavam o<br />

cultismo e o conceptismo academicistas difundidos em reuniões festivas e laudatórias das<br />

academias. Foi a única mulher a participar da <strong>Academia</strong> dos Seletos, sendo, em 1752, recebida<br />

entre as mais importantes figuras da época. Escreveu o poema “Ceguinha”, sonetos barrocos e<br />

romances líricos em espanhol. Foi a primeira mulher brasileira a ter versos publicados em letra<br />

de forma, quatro peças de valor cultista <strong>na</strong> antologia Júbilos da América, editada em Lisboa,<br />

em 1754.<br />

A terceira poetisa brasileira a se destacar no século XVIII foi Bárbara Heliodora Guilhermi<strong>na</strong><br />

da Silveira, <strong>na</strong>scida em 1759, em S. João Del Rey e falecida em 1819. Famosa por ter sido a<br />

musa e a esposa do inconfidente Inácio José de Alvarenga Peixoto foi, mais tarde, reconhecida<br />

como heroí<strong>na</strong> da Inconfidência Mineira. Desde muito jovem escrevia poesias que, dizem, eram<br />

tão louvadas quanto sua beleza física. No entanto, devido à perseguição que sofreu, pouco<br />

restou do que escreveu. Dela se conhecem doze sextilhas intituladas Conselhos a meus filhos,<br />

publicadas <strong>na</strong>s Obras poéticas de Inácio de Alvarenga Peixoto, em 1865, e cujos títulos<br />

revelam o que passou: “Com Deus e o rei não brincar, É servir e obedecer, Amar por muito<br />

temer, Mas temer, por muito amar, Santo temor de ofender, A quem se deve adorar”.<br />

No século XIX, muitas mulheres se destacaram <strong>na</strong> literatura brasileira, sendo as principais:<br />

Nísia Floresta (1810-1885), a primeira feminista brasileira, Maria Firmi<strong>na</strong> dos Reis (1825-1917),<br />

a primeira romancista brasileira, Narcisa Amália de Oliveira Campos (1852-1924), poeta,

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