18.04.2013 Views

A Mulher na Academia: Histórico e Desafios

A Mulher na Academia: Histórico e Desafios

A Mulher na Academia: Histórico e Desafios

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ai de mim se de leve alguém pensasse<br />

que eu, fazendo lembrar um velho tema,<br />

em vez de azuis vos ver, vos visse “verdes”...<br />

O poeta Olegário Mariano respondeu à poetisa com outro soneto:<br />

Muitos são contra. Outros, por medo ou covardia,<br />

Acham de pôr <strong>na</strong> idéia entusiasmos supremos.<br />

Que a mulher, magra ou gorda, alta ou baixa, seria<br />

Um lírio or<strong>na</strong>mental no Jardim de Academus.<br />

Se é por ela afi<strong>na</strong>l que todos nós vivemos,<br />

Se é dela que nos vem o encanto da Poesia,<br />

Por que havemos de usar de processos extremos<br />

E fechar-lhe o portão da douta <strong>Academia</strong>?<br />

Há um obstáculo só, que me parece enorme:<br />

O “habitat vert”. Que fazer? Criar novo uniforme,<br />

Ou deixá-la à paisa<strong>na</strong> o templo penetrar?<br />

Os velhos do “Trianon” quase não dizem <strong>na</strong>da,<br />

Mas preferem por certo a mulher decotada,<br />

Que uma mulher fardada é horrível de se olhar.<br />

( Apud Ve<strong>na</strong>ncio Filho)<br />

Em 1937, quando foi reformulada, <strong>na</strong> gestão de Archimimo Matos, a <strong>Academia</strong><br />

Espírito-santense de Letras passou para quarenta o número de suas cadeiras, mas,<br />

ainda assim, nenhuma mulher foi convidada a preencher uma delas. Somente o<br />

ocupante da cadeira 32, o prof. José Paulino, teve a sensibilidade de invocar o nome da<br />

poetisa Maria Antonieta Tatagiba (1894-1928) como sua Patro<strong>na</strong>. Em seu discurso de<br />

posse, home<strong>na</strong>geou a primeira poetisa capixaba a ter um livro publicado, Frauta<br />

Agreste, em 1927, imortalizando-a nos a<strong>na</strong>is da <strong>Academia</strong>.<br />

Na década de 1940, havia várias escritoras capixabas publicando, escrevendo em<br />

jor<strong>na</strong>is, em revistas, no Espírito Santo e outros estados, sobretudo <strong>na</strong> capital do país.<br />

Guilly Furtado Bandeira continuava morando no Rio, mas escrevia poemas e crônicas<br />

<strong>na</strong> Vida Capichaba, revista cultural fundada por seu primo, Manoel Pimenta. Haydée<br />

Nicolussi havia publicado um livro de poesias, Festa <strong>na</strong> Sombra, no Rio,em 1943, com<br />

boa repercussão entre os críticos. Lídia Besouchet morava <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> com o marido<br />

Newton Freitas e publicava romances, biografias, estudos críticos. Aqui, destacavam-se<br />

Virgínia Tamanini, Ida Fi<strong>na</strong>more, Judith Leão, Yvonne Amorim, dentre várias outras,<br />

mas a <strong>Academia</strong> Espírito-santense de Letras, seguindo sua mãe-modelo, a ABL, não<br />

abria suas portas às mulheres. Isso fez com que as mulheres se unissem e, apoiadas<br />

pelo então presidente da AEL, Augusto Lins, fundassem a <strong>Academia</strong> Femini<strong>na</strong> Espíritosantense<br />

de Letras, em 1949. De sua primeira diretoria, constavam: Judith Leão<br />

Castelo Ribeiro, Presidente; Anette de Castro Mattos, Vice-Presidente; Arlete Cypreste,<br />

1ª. Secretária; Zeny Santos, 2ª. Secretária; Maria José de Albuquerque, Tesoureira:<br />

Yamara Soneghet, Bibliotecária e Virgínia Tamanini, Diretora Artística. Judith Leão

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!