A Mulher na Academia: Histórico e Desafios
A Mulher na Academia: Histórico e Desafios
A Mulher na Academia: Histórico e Desafios
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
(1898-1982) renunciou ao cargo, seis meses depois, passando-o à Vice-Presidente,<br />
devido aos afazeres como Deputada Estadual, cargo que exerceu em quatro<br />
legislaturas (1947 a 1963). Também foi ela a primeira mulher a ingressar <strong>na</strong> <strong>Academia</strong><br />
Espírito-santense de Letras, mas somente em 1981, após a ABL ter permitido a entrada<br />
de Rachel de Queirós, em 1979, depois de muita luta.<br />
No Instituto <strong>Histórico</strong> e Geográfico do Espírito Santo, no entanto, entidade co-irmã<br />
da <strong>Academia</strong> Espírito-santense de Letras, as mulheres tiveram sua entrada permitida<br />
desde a década de 1940. A primeira a ser admitida foi a escritora, cientista e<br />
Historiadora Maria Stella de Novaes (1894-1981). Maria Stella foi eleita em 03.07.1944.<br />
Conforme a Ata dessa data, por proposta dos presentes "como uma home<strong>na</strong>gem<br />
especial à primeira mulher capichaba que se candidatou ao Instituto", pediu-se a<br />
dispensa de escrutínio regulamentar, bem como jóia e as despesas de diploma. A<br />
proposta foi aceita por u<strong>na</strong>nimidade, sendo declarada eleita pelo presidente Arthur<br />
Lourenço de Araújo Primo.A posse ocorreu em Sessão Especial, <strong>na</strong> sede do Clube<br />
Vitória, em 06.06.1945, onde discursou e foi saudada por Nelson Abel de Almeida.<br />
Antes dela, Alícia Lardés Arthés de Venturino, poetisa salvadorenha, esposa do<br />
sociólogo chileno Agustin de Venturino, foi a primeira sócia-correspondente do IHGES,<br />
ao tomar posse em 12.07.1933. Após Maria Stella, foi eleita Judith de Freitas Almeida e<br />
Mello, filha de Afonso Cláudio, em 1961, como sócia-correspondente.Como sócias<br />
efetivas, entraram, em 1965,vinte anos após Maria Stella, Ângela de Biase Ferrari,<br />
Maria Filli<strong>na</strong> Salles de Sá de Miranda e Nara Saletto da Costa.Novas posses de<br />
mulheres, ape<strong>na</strong>s em junho de 1981, com o ressurgimento do IHGES, quando foram<br />
empossadas Ilza Bitran, Léa Brígida de Alvarenga Rosa , Lucia Alves Correa, Maria<br />
Yonnita, Neida Lúcia Moraes e Regi<strong>na</strong> Hess.<br />
Na ABL, todavia, a luta continuava. Em 1951, Osvaldo Orico sugeriu a modificação do<br />
artigo 17 do Regimento Interno da ABL, justificando que “<strong>na</strong> forma do nosso Estatuto básico,<br />
nenhuma reserva oferecem eles à admissão nesta Casa de brasileiro de outro sexo,<br />
constituindo até certo ponto uma inovação recente o dispositivo regimental que veda à<br />
mulher a faculdade de candidatar-se a uma cadeira da <strong>Academia</strong>. O que era pacificamente<br />
aceito pelo citado artigo 17 pode tor<strong>na</strong>r-se com o tempo e com a crescente ascendência da<br />
cultura femini<strong>na</strong> uma odiosa e inexplicável regalia ditada pelos homens e da qual estes se<br />
beneficiam em prejuízo da justiça social e da cortesia literária.” Falando de um arcaísmo<br />
egoísta do homem, citou as várias mulheres que ingressaram <strong>na</strong>s <strong>Academia</strong>s: <strong>na</strong> <strong>Academia</strong><br />
Goncourt, Colette; <strong>na</strong> <strong>Academia</strong> da Suécia, a figura de Selma Lagerloff, e citava também o caso<br />
de Gabriela Mistral, que ganhara, em 1945, o Prêmio Nobel de Literatura, referindo-se, ainda,<br />
a Maria Montessori, a reformadora do moderno sistema de educação da infância. (Apud<br />
Ve<strong>na</strong>ncio Filho)<br />
Em sua argumentação pela entrada das mulheres <strong>na</strong> ABL, Osvaldo Orico citou “As figuras<br />
que se distanciaram dos nossos trabalhos por uma barreira iníqua, Maria Eugênia Celso, Júlia<br />
Lopes de Almeida – considerada com justiça a Cadeira n.º 41 da <strong>Academia</strong> – Rosali<strong>na</strong> Coelho<br />
Lisboa ,Gilka Machado, A<strong>na</strong> Amélia, e as que vieram depois, Caroli<strong>na</strong> Nabuco, Rachel de<br />
Queiroz, Henriqueta Lisboa, Cecília Meireles, Lúcia Miguel-Pereira,Di<strong>na</strong>h Silveira de Queiroz,<br />
Lília Ripoli, Lazinha Luiz Carlos Caldas Brito”. (Id.ibid.)<br />
Em outra sessão do mesmo ano, voltou ao assunto: “Assim entendo (embora reconheça<br />
que, gramaticalmente, a palavra brasileiros usada no artigo 2º. dos Estatutos pode abranger<br />
pessoas de ambos os sexos) não só porque a tradição, todos os nossos antecedentes e os<br />
próprios debates travados em várias ocasiões mostram que o entendimento originário,sempre<br />
domi<strong>na</strong>nte, tem sido excludente das pessoas do sexo feminino,como também porque a<br />
matéria é, por si mesma, institucio<strong>na</strong>l, visando a composição da <strong>Academia</strong>, e não,