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Nº 99<br />

PUBLICAÇÃO BIMESTRAL<br />

MARÇO/ABRIL 2008<br />

ANO XVI<br />

PREÇO € 6,50<br />

Alta densidade<br />

de plantação<br />

em cerejeira p.43<br />

Tomate de cacho<br />

conquista Portugal<br />

p.48<br />

Descontaminação<br />

em hortofrutícolas<br />

inteiros<br />

ESPECIAL VINHA<br />

p.67


ficha técnica editorial<br />

Sede: Rua Álvaro de Campos, nº 20 - 1º dto.<br />

Codivel - 2675-225 Odivelas<br />

Tel.: (00351) 219 378 700<br />

Fax: (00 351) 219 378 709<br />

E-mail: flfgeral@mail.telepac.pt<br />

flfpublicidade@mail.telepac.pt<br />

flftextos@mail.telepac.pt<br />

flfassinaturas@mail.telepac.pt<br />

Espanha: Eurofresh Distribuition<br />

Av. de Alicante, 1 - 2º- Puerta 5<br />

46700 Gandia - Espanha<br />

Tel.: (0034) 962 950 087/962 868 562<br />

Fax: (0034) 661 204 826<br />

publigroupotb@telefonica.net<br />

Periodicidade: Bimestral<br />

Propriedade: Publicações Groupo TB<br />

Editor: Publicações Groupo TB<br />

Sócio - Gerente: Jean-Claude Bousigon<br />

Director de Marketing: Ezio Gomes<br />

Chefe de Redacção: Nélia Silva<br />

Redacção: Nélia Silva<br />

Consultor Técnico: Guy Dubon<br />

Colaboração Jurídica: José Manuel Sosa Advogados<br />

Revisão Ortográfica: Nélia Silva<br />

Assinaturas: Ronaldo Fernandes de Souza<br />

Traduções: Carla Araújo, Nélia Silva<br />

Fotografias: Ezio Gomes, Nélia Silva, Pierre Escodo<br />

Publicidade: Ezio Gomes, Pierre Escodo.<br />

Depto. Financeiro: Carla Araújo.<br />

Colaboraram Nesta Edição: José Gomes Laranjo,<br />

Alberto Santos, Amaral A., António Crespi, Associação<br />

de Floricultores de Portugal, Avelino Balsinhas, Boteta L.,<br />

Carla Alegria, Carlos Arruda Pacheco, Carlos Ramos,<br />

Catronga H., Cristina L.M. Silva, Elsa M. Gonçalves,<br />

Guerreiro C., Hipólito R., Iris Salgueiro, Isabel Spranger,<br />

Joaquina Pinheiro, Jorge F. Moreira, José Silvestre,<br />

Lúcia Correia, Margarida Moldão-Martins, Marisa Simões,<br />

Marta Abreu, Matos M.S., Miguel de Castro Neto,<br />

Oliveira. I., Rosalina Santos-Ribeiro, Ribeiro, N..<br />

Design Gráfico e Paginação: Nuno Magro<br />

(nunomagro@iol.pt)<br />

Impressão: Sociedade Tipográfica, S.A – Nº Registo<br />

D.G.C.S. 115808 . Empresa Jornalística nº 223666<br />

Depósito Legal Nº 545443/92 . ISSN 0873 - 6626<br />

Os artigos assinados são da única responsabilidade<br />

dos seus autores; as páginas que possuem no canto<br />

superior a indicação (Texto Publicitário) são artigos<br />

técnicos que podem conter carácter publicitário<br />

e são da responsabilidade dos autores.<br />

As informações incluídas nos anúncios<br />

publicitários inseridos nesta edição<br />

são de inteira responsabilidade das<br />

empresas que autorizaram a sua<br />

publicação.<br />

Reprodução proibida sem<br />

autorização<br />

da Publicações Groupo TB<br />

Novas Culturas Menores<br />

A recente reclassificação das culturas para fins de homologação de produtos fitossanitários<br />

é um “balão de oxigénio” para os agricultores portugueses.<br />

Morango, melão, couves, pimento, clementinas, tangerinas, limoeiro, damasqueiro<br />

e alperce, entre outras, foram reclassificadas como Culturas Menores. Um estatuto<br />

que permite acelerar o processo de autorização de pesticidas, alargando<br />

o leque de soluções fitossanitárias para estas culturas. Em Portugal já foram concedidas<br />

cerca de 1000 autorizações para Usos Menores, desde 2001, provando<br />

a utilidade desta ferramenta.<br />

Apesar de tardia, é uma oportunidade que pode ajudar a reduzir a falta de competitividade<br />

dos hortofruticultores portugueses, face aos seus concorrentes do Sul<br />

da Europa, muito mais bem apetrechados com soluções fitossanitárias.<br />

Outra medida que contribuirá para pôr Portugal em pé de igualdade com o resto<br />

da Europa é a homologação dos pesticidas por zonas de autorização – Portugal<br />

pertencerá à Zona C, com Espanha, Grécia, França, Itália, Malta e Chipre. Isto<br />

significa que bastará realizar os testes de avaliação dos pesticidas para fins de<br />

homologação uma única vez em cada zona, sem duplicação de ensaios para cada<br />

país. Aguarda-se um acordo político entre as instâncias europeias, depois de<br />

o Parlamento Europeu ter chumbado a primeira proposta da Comissão Europeia,<br />

pelo que só em 2009 é provável a publicação da directiva comunitária com as<br />

novas regras. Boas notícias para a agricultura portuguesa.<br />

sumário<br />

<br />

actualidade 5<br />

<br />

especial vinha 23<br />

<br />

cultivo<br />

pomares 43<br />

<br />

mercado e empresas<br />

tomate 48<br />

batata 51<br />

morango 52<br />

<br />

factores de produção<br />

protecção 54<br />

nutrição 59<br />

rega 62<br />

<br />

boas práticas agrícolas 65<br />

<br />

tecnologia<br />

pós-colheita 67<br />

<br />

higiene e segurança 69<br />

<br />

flores e ornamentais<br />

margarida 71<br />

azáleas 73<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

4


5<br />

Candidaturas às novas agro-ambientais até 15 de Maio<br />

Os prazos para apresentação das candidaturas de apoios para 2008, relativos a Alteração<br />

de Modos de Produção Agrícola e Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas<br />

decorrem até 15 de Maio de 2008. Informações pelo N.º Verde - 800 500 064.<br />

Entretanto, o IFAP anunciou para 31 de Março os pagamentos referentes ao Regime<br />

de Pagamento Único (5º. pagamento) e Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas<br />

Desfavorecidas da campanha 2007 e das Medidas Agro e Silvo-Ambientais, com compromissos<br />

iniciados em Outubro de 2007. “Quanto a estas últimas será pago um adiantamento<br />

de 75 por cento do valor da ajuda a todos os requerentes que reúnam condições<br />

de elegibilidade para o pagamento, incluindo os marcados para controlo físico. Os<br />

restantes 25 por cento serão pagos após a realização dos controlos administrativos cruzados,<br />

que ocorrerão após o final do período de candidaturas em curso, e da conclusão<br />

dos controlos físicos”, explicou o IFAP em comunicado.<br />

Rua das Pedreiras - Apartado 8<br />

4741-908 FÃO<br />

Tel.: 253 989 360<br />

Fax: 253 989 369<br />

E-mail: geral@estufasminho.pt<br />

www.estufasminho.pt<br />

Secretário de Estado inaugurou Exploflor<br />

O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural<br />

inaugurou a Exploflor 2008, realizada no Montijo<br />

de 3 a 6 de Abril. Ascenso Simões lembrou que<br />

a fileira florícola “tem um peso determinante no<br />

produto agrícola, mais de 200 milhões de euros/ano,<br />

superando o sector dos cereais ou do azeite” e incentivou<br />

os floricultores a investir na modernização<br />

das explorações, através de projectos de fileira<br />

financiados pelo PRODER. Embora sem adiantar<br />

quando poderão ser entregues as candidaturas, disse<br />

que os regulamentos do Eixo 1 – Promoção da<br />

Competitividade - que arrecada 1.437,8 milhões de<br />

euros, a maior fatia do PRODER - estarão prontos<br />

nos próximos dias. Ascenso Simões lembrou que,<br />

desde a adesão à União Europeia até ao fim do último<br />

Quadro Comunitário de Apoio, “a agricultura<br />

portuguesa recebeu 26 mil milhões de euros, o equivalente a 27 pontes Vasco da Gama, e<br />

levou a que o produto agrícola se mantivesse praticamente estagnado… com este novo QCA<br />

queremos dar o salto que se impõe no sector primário em Portugal”.<br />

A Exploflor pretendeu chamar a atenção para o esforço que os floricultores do Montijo têm<br />

feito na melhoria da qualidade das flores e na conquista de novos mercados. Apesar disso,<br />

Portugal continua a importar muito mais flores do que a exportar. De 2002 a 2004 comprámos<br />

ao estrangeiro 59 milhões de euros em flores e só vendemos para fora 22 milhões de euros. O<br />

comércio externo escoa 16 por cento do produto vendido em termos nacionais.<br />

actualidade<br />

país<br />

Citricultores querem apoios<br />

ao combate à mosca<br />

Os citricultores reclamam do Governo um sistema<br />

de apoio colectivo ao combate à mosca-do-<br />

Mediterrâneo, para que haja um controlo simultâneo<br />

da mosca em parcelas contíguas. “É um<br />

inimigo de difícil combate, contra o qual a conjugação<br />

de esforços é determinante para o sucesso<br />

da luta”, afirmou Celestino Soares num colóquio<br />

sobre esta praga, a 12 de Fevereiro, na Direcção<br />

Geral de Agricultura e Pescas do Algarve.<br />

O chefe da Divisão de Sanidade Vegetal da DRA-<br />

PALG defende a conjugação da luta biotécnica<br />

com a luta química, bem como a colheita das variedades<br />

tardias de citrinos o mais cedo possível,<br />

para evitar elevados riscos de ataque. No entanto,<br />

Eduardo Ângelo, da Uniprofrutal, lembrou<br />

que “não há suficientes infra-estruturas de frio<br />

no Algarve para colher a Valência Late no Verão,<br />

o que a obriga a ficar nos pomares até Setembro-Outubro”,<br />

agravando os ataques de mosca.<br />

O colóquio foi organizado pela Syngenta e visou<br />

a apresentação do Adress ® , um novo sistema<br />

de controlo da mosca-do-Mediterrâneo. Este<br />

produto foi aplicado em 7645 hectares de citrinos,<br />

em Espanha, no ano passado. Em Portugal<br />

está homologado para citrinos, pomóideas,<br />

prunóideas, vinha e diospireiro, em Protecção<br />

Integrada. A empresa aguarda a inclusão na lista<br />

de produtos autorizados em Modo de Produção<br />

Biológico.


actualidade<br />

agenda mundo<br />

ABRIL<br />

EUROAGRO FRUITS<br />

16 a 18 de Abril<br />

Feira Internacional<br />

de Tecnologias<br />

Feria Valência - (Espanha)<br />

www.feriavalencia.com<br />

I CONGRESSO REGIONAL DE<br />

FRUTICULTURA E VITICULTURA<br />

17 e 18 de Abril<br />

Universidade dos Açores<br />

Pico da Urze<br />

Açores - (Portugal)<br />

www.interfruta.net<br />

MACFRUT 2008<br />

17 a 19 Abril<br />

Salão Internacional de Fruta<br />

Casa Cesena<br />

Cesena - (Itália)<br />

www.macfrut.com<br />

XII SIMPÓSIO<br />

INTERNACIONAL SOBRE<br />

VÍRUS EM ORNAMENTAIS<br />

20 a 24 de Abril<br />

Haarlem - (Holanda)<br />

www.plant-virology.nl/ISVDOP12/<br />

X SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

DE FLORES DE BOLBO<br />

E HERBÁCEAS PERENES<br />

20 a 24 de Abril<br />

Lisse - (Holanda)<br />

http://www.isfbp2008.wur.nl/<br />

EUROPECH’ 2008<br />

Forum Internacional de Frutas<br />

e Legumes<br />

22 a 24 de Abril<br />

Perpignan - (França)<br />

www.europech.eu<br />

25ª OVIBEJA<br />

26 de Abril a 4 de Maio<br />

ExpoBeja – Parque de Feiras<br />

e Exposições de Beja<br />

Beja - (Portugal)<br />

www.ovibeja.com<br />

MAIO<br />

FOOD FÓRUM ÍNDIA<br />

6 a 7 de Maio<br />

Encontro Internacional<br />

de Retalhistas do Sector<br />

Alimentar<br />

Renaissance Hotel, Mumbai<br />

(Índia)<br />

www.foodforumindia.com<br />

GRUPO ALIMENTAÇÃO<br />

7 a 10 de Maio<br />

Encontro dos Profissionais<br />

da Indústria Alimentar<br />

Exponor – Feira Internacional<br />

do Porto<br />

Leça da Palmeira - (Portugal)<br />

www.grupoalimentação.exponor.pt<br />

BIOPTIMA<br />

8 a 10 de Maio<br />

II Feira Internacional<br />

de Biomassa, Energias<br />

Renováveis e Água<br />

Recinto de Feiras de Jaén<br />

(Espanha)<br />

www.bioptima.es<br />

III COLÓQUIO NACIONAL DE<br />

HORTICULTURA PROTEGIDA<br />

9 e 10 de Maio<br />

Auditório Municipal<br />

Póvoa do Varzim - (Portugal)<br />

www.aphorticultura.pt<br />

14ª FEIRA DO OLIVAL<br />

DE MONTORO<br />

14 a 17 de Maio<br />

Montoro, Córdoba - (Espanha)<br />

www.feriadelolivo.es<br />

MEDOLIVA<br />

17 a 19 de Maio<br />

Feira de Azeite<br />

do Mediterrâneo<br />

Palácio de Negócios de Arezzo<br />

(Itália)<br />

www.medoliva.it<br />

VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

SOBRE NUTRIÇÃO MINERAL<br />

DE FRUTEIRAS (ISHS)<br />

19 a 21 de Maio<br />

Universidade do Algarve<br />

Faro - (Portugal)<br />

http://eventos.ualg.pt/mnutrition6/1ªcircular<br />

JUNHO<br />

45ª FEIRA NACIONAL<br />

DE AGRICULTURA<br />

55ª Feira do Ribatejo 2008<br />

7 a 15 de Junho<br />

Santarém - (Portugal)<br />

www.cnema.pt<br />

III COLÓQUIO VITIVINÍCOLA<br />

DA ESTREMADURA<br />

20 e 21 de Junho<br />

Auditório Damião de Goes<br />

Alenquer - (Portugal)<br />

www.aphorticultura.pt<br />

III COLÓQUIO NACIONAL<br />

DE PRODUÇÃO DE PEQUENOS<br />

FRUTOS<br />

26 e 27 de Junho<br />

Sever do Vouga - (Portugal)<br />

I FEIRA INTERNACIONAL<br />

DO MIRTILO<br />

27 a 29 de Junho<br />

Auditório Municipal de Sever<br />

do Vouga - (Portugal)<br />

SETEMBRO<br />

VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

SOBRE OLIVICULTURA (ISHS)<br />

9 a 13 de Setembro<br />

Universidade de Évora<br />

Évora - (Portugal)<br />

http://olivegrowing.uevora.pt<br />

ÁSIA FRUIT LOGÍSTICA<br />

10 a 12 de Setembro<br />

(Hong Kong)<br />

www.asiafruitlogistica.com<br />

SPV-SALÃO DA PLANTA,<br />

JARDIM E COMPLEMENTOS<br />

18 a 20 de Setembro<br />

Fira de Girona - (Espanha)<br />

www.spc.cat<br />

UE harmoniza LMR<br />

A Comissão Europeia publicou, dia 1 de Março, a legislação que estabelece<br />

Limites Máximos de Resíduos (LMR) para produtos vegetais,<br />

que passam a ser iguais para todos os países da União Europeia. O Regulamento<br />

CE nº 149/2008 cria os anexos II (LMR permanentes), III (LMR<br />

temporários) e IV (combinações de substâncias activas e produtos aos<br />

quais não se exigem LMR) que fixam LMR para os produtos abrangidos<br />

pelo anexo I (já publicado e que previa os produtos aos quais são exigidos<br />

LMR). As novas regras entram em vigor a 1 de Setembro deste<br />

ano, eliminando um dos grandes obstáculos ao comércio internacional<br />

de frutas e legumes.<br />

Pesticidas on-line<br />

A Associação Europeia da Indústria Fitofarmacêutica, ECPA – European<br />

Crop Protection Association lançou, em Março, um website<br />

para discussão pública da revisão da Directiva 91/414 - www.pesticideinformation.eu.<br />

O objectivo é disponibilizar informação para<br />

jornalistas, políticos, agricultores e o público geral, de forma a<br />

conhecerem melhor a discussão gerada em torno dos produtos fitofarmacêuticos,<br />

ajudando a construir uma opinião informada sobre<br />

a sua utilização e o seu futuro. Este portal oferece ainda inúmeros<br />

recursos para aprender mais sobre os pesticidas.<br />

Europeus favoráveis à nova PAC<br />

A opinião pública da União Europeia continua a mostrar-se altamente<br />

favorável às recentes reformas de política agrícola. O inquérito, realizado<br />

pela TNS Opinion, em nome da Direcção-Geral da Agricultura e<br />

do Desenvolvimento Rural da Comissão Europeia, entre 19 de Novembro<br />

e 14 de Dezembro de 2007, nos 27 Estados-membros, revela que 52 %<br />

dos inquiridos é a favor de maior financiamento do desenvolvimento rural<br />

e do pagamento directo aos agricultores, em vez de subsídios aos produtos.<br />

Os europeus também são muito favoráveis (85 % e 88 %, consoantes<br />

as medidas) às regras da condicionalidade. O inquérito mostrou<br />

também que o preço dos géneros alimentícios se tornou uma questão<br />

essencial em 2007, tendo 43 % dos inquiridos referido como uma prioridade<br />

política a garantia de preços razoáveis para esses géneros. Quase<br />

seis em cada 10 pessoas (58 %) consideram que o orçamento agrícola deve<br />

manter-se ou aumentar nos próximos anos, enquanto apenas 18 %<br />

pensam que deve ser reduzido. Além disso, a percentagem dos inquiridos<br />

que acham que o orçamento deve ser maior aumentou três pontos.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

6


7<br />

Floricultura presente na Agro Braga<br />

O sector florícola esteve representado na Feira Internacional de Agricultura,<br />

Agro Braga, através de diversas empresas. Uma iniciativa da<br />

Associação de Floricultores de Portugal (AFP), que organizou debates sobre<br />

a implementação de normas de qualidade em floricultura e sobre as<br />

medidas de apoio ao sector, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Rural.<br />

O desfile “Noivas Floridas” e um workshop sobre arranjos florais completaram<br />

a oferta de actividades da fileira florícola na feira. Em Fevereiro,<br />

a AFP havia recebido a subcomissão Parlamentar de Agricultura numa<br />

visita pela região Norte para dar a conhecer a importância deste sector<br />

na economia regional e nacional.<br />

actualidade<br />

empresas<br />

“Sabor do Ano” 2009<br />

Estão abertas as candidaturas ao selo de qualidade “Sabor do<br />

Ano” relativas às distinções de 2009. O regulamento está disponível<br />

em www.sabordoano.com. O prazo para inscrição termina<br />

a 30 de Junho e os resultados serão revelados em Novembro<br />

de 2008. De acordo com inquéritos realizados junto dos consumidores,<br />

revelados pela organização deste evento, cerca de 44<br />

por cento dos portugueses assume que o sabor é o critério que<br />

mais os influencia na decisão de compra e perto de 78 por cento<br />

admite pagar mais por um produto mais saboroso, se a diferença<br />

de preço for razoável. Aos olhos de metade dos inquiridos,<br />

produtos alimentares<br />

como as frutas<br />

e legumes, o peixe<br />

e carne estão a piorar<br />

de sabor. Por<br />

outro lado, o binómio<br />

sabor-saúde é<br />

um critério de compra<br />

a que dois em<br />

cada três inquiridos<br />

diz dar preferência.


actualidade<br />

empresas<br />

Três milhões de plantas de Albión em Portugal<br />

O multiplicador espanhol Eurosemillas deverá fornecer a Portugal, este ano, três milhões<br />

de plantas de morango Albión. A variedade pertence a uma nova geração de morangueiros<br />

de dia neutro, que conseguem manter a qualidade da fruta com poucas horas de frio.<br />

Ensaios realizados em Odemira, com plantações tardias (Novembro), permitiram colher morangos<br />

no final da Primavera, mas também durante todo o Verão e Outono, com boa qualidade,<br />

assegurou Francisco Cobos da Eurosemillas. A Albión destaca-se pelo sabor, boa qualidade<br />

pós-colheita, alta resistência a adversidades climáticas e boa resistência a doenças.<br />

É uma variedade indicada para Portugal e Inglaterra, de acordo com a informação veiculada<br />

na Convenção Internacional Eurosemillas, realizada a 5 de Março, em Islantilla, Huelva.<br />

Palomar, Portola, Monterey e San Andreas foram as restantes variedades de dia neutro<br />

apresentadas. A empresa destacou o pontencial da Montrey para o mercado asiático (China,<br />

Coreia e Japão), revelando a sua vontade de continuar a investir no mercado chinês, onde<br />

é já o maior detentor de variedades. A China produz 44 mil hectares de morango.<br />

Máquina de envasar de alto rendimento<br />

Máquina de envasar do fornecedor holandês Javo Rollands, com<br />

alto rendimento (3600 vasos/hora), adaptada a vasos com diâmetro<br />

de boca de oito a 23 centímetros. Pesa e prensa o substrato automaticamente<br />

e faz o orifício para colocar a planta. O sistema de<br />

elevação do substrato é por transmissão de correias. Custa entre<br />

15 a 20 mil euros, consoante os opcionais. Apresentada na Expojardim,<br />

e vendida à Mari Flores para envasamento de azáleas. Marca<br />

representada em Portugal pela Biochem Ibérica.<br />

Novo herbicida para milho<br />

A Bayer Cropscience lançou um novo herbicida para milho - Aspect ® -<br />

absorvido pelas folhas e pela raiz, que possui um espectro de acção muito<br />

abrangente, sendo eficaz em fases de pré ou pós emergência precoce<br />

do milho. Protege a cultura do milho contra as principais infestantes - milhã<br />

digitada, milhã pé-de-galo, bredos, catassol, erva-pessegueira, ervamoira,<br />

beldroega e Saramago - nas fases iniciais. O Aspect ® tem perfil ambiental<br />

favorável e está disponível em embalagens de 1,5 e 20 litros.<br />

Hazera ensaia tomate na Silveira<br />

A Hazera tem em curso um ensaio com vários tipos de tomate de estufa<br />

(beef, longa vida, cacho, cherry, super-sabor, verdes e com alto teor<br />

de licopeno) na Silveira, Torres Vedras. Visitas e outras informações<br />

podem ser marcadas pelo mail joaod@hazera.es, informa a empresa.<br />

8


9<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

actualidade<br />

país<br />

Ajuda ao tomate só será<br />

conhecida no Verão<br />

1250€/hectare é o valor indicativo da ajuda por<br />

superfície ao tomate para indústria nesta campanha,<br />

mas o valor definitivo só será conhecido quando<br />

a área nacional total estiver instalada.<br />

Entra este ano em vigor um<br />

regime de ajuda transitória<br />

por superfície ao tomate entregue<br />

para transformação, que<br />

poderá vigorar até 2011. O valor<br />

da ajuda por hectare passa a depender<br />

do total de área contratada<br />

com a indústria em todo o País,<br />

número que só será conhecido<br />

no início do Verão. O despacho<br />

normativo que regula esta matéria<br />

prevê, para a campanha de<br />

2008, um montante de ajuda indicativo<br />

de 1250€/hectare. Esta<br />

verba indicativa será conhecida<br />

até 15 de Março de cada ano. Organizações<br />

de produtores e indústria<br />

devem firmar os contratos até<br />

15 de Fevereiro, tendo mais 10<br />

dias para entrega da documentação<br />

no IFAP.<br />

Uma das novidades deste regime<br />

transitório é a obrigação de<br />

entrega de uma quantidade mínima<br />

de 60 toneladas/hectare à indústria,<br />

calculada sobre a média<br />

da totalidade das entregas.<br />

A obrigação de as organizações<br />

de produtores e as indústrias<br />

desenvolverem a sua actividade<br />

em território nacional foi uma das<br />

questões mais contestadas na primeira<br />

proposta de despacho, em<br />

finais de Fevereiro. Uma vez que<br />

algumas OP já haviam realizado,<br />

à data da apresentação documento,<br />

contractos de fornecimento de<br />

tomate com indústrias estrangeiras.<br />

Produto que não seria alvo de<br />

ajuda, caso esta regra vingasse. O<br />

que acabou por não acontecer.<br />

Modulação<br />

voluntária Não!<br />

A questão da modulação voluntária<br />

voltou a ser contestada<br />

pelo sector durante o V Seminário<br />

Internacional do Tomate para<br />

Indústria, realizado no âmbito<br />

da VI Feira Nacional do Tomate,<br />

em Mora, de 22 a 24 de Fevereiro.<br />

Os produtores de tomate<br />

exigiram que Jaime Silva deixe<br />

cair até 2013 (data em que a<br />

Comissão Europeia pretende<br />

aplicar modulação obrigatória<br />

de 13% a todos os estados-membros)<br />

a transferência de parte<br />

das ajudas directas para as medidas<br />

de desenvolvimento rural.<br />

“Não nos tirem competitividade<br />

Produtores de tomate reclamam melhores apoios à fileira<br />

face a outros países”, reclamou<br />

Gonçalo Escudeiro da FNOP,<br />

acrescentando “conseguimos<br />

produzir melhor do que espanhóis<br />

e italianos e por isso os investimentos<br />

da indústria estrangeira<br />

vieram para cá”.<br />

Miguel Freitas, representante<br />

de Portugal na União Europeia, e<br />

Nuno Manana, do Gabinete de<br />

Planeamento, reconheceram que<br />

o sector do tomate fica prejudicado<br />

pela opção da modulação voluntária.<br />

“Portugal consegue arrecadar<br />

mais dinheiro com a modulação,<br />

mas ela pode não ser boa<br />

para alguns agricultores”, admitiu<br />

Miguel Freitas.<br />

À indústria, a produção reclamou<br />

melhores preços: “esperamos<br />

que a indústria possa começar a<br />

pagar aos agricultores portugueses<br />

ao nível do que se paga no resto<br />

da Europa”, disse o representante<br />

da FNOP.<br />

Licopeno<br />

não valorizado<br />

O licopeno é uma característica<br />

que começa a ganhar relevância nas<br />

novas variedades de tomate para<br />

indústria, embora não seja ainda<br />

valorizada pelos transformadores<br />

nacionais. “Ainda não há um valor<br />

no mercado para o licopeno. A<br />

indústria alimentar não valoriza este<br />

factor, apesar de ser uma característica<br />

funcional já valorizada pela<br />

indústria farmacêutica”, reconheceu<br />

Rogelio Vazquez do grupo<br />

E-Conesa. A United Genetics<br />

apresentou, no seminário, três novos<br />

híbridos – Brixsol VFFNP TSW,<br />

Red Code e Triple Red - com elevado<br />

teor de licopeno (20 a 30 % mais<br />

do que o tomate tradicional). Esta<br />

substância, sintetizada na pele do<br />

tomate, está relacionada com a cor<br />

vermelha intensa e é conhecida pelo<br />

seu poder anti-oxidante, importante<br />

na prevenção de doenças.


actualidade<br />

país<br />

Ano atípico na<br />

produção de castanha<br />

Por: José Gomes Laranjo*, António Crespi*, Carlos Ramos**<br />

Em 2007 ocorreram grandes quebras na produção de<br />

castanha nas terras altas de Trás-os-Montes, que contrariaram<br />

a tendência para maior e melhor produção<br />

nos soutos das regiões mais frias e de maior altitude.<br />

A produção de castanha em<br />

Trás-os-Montes, em 2007, teve<br />

uma quebra global de 40<br />

a 60 por cento. No entanto, esta<br />

quebra oscilou entre os 80 a 90<br />

por cento nas zonas de maior altitude<br />

(acima dos 800 m) e os 20<br />

a 30 por cento nas zonas de baixa<br />

altitude (abaixo dos 700 m). Importa<br />

percebermos porquê.<br />

Em Trás-os-Montes, a cultura do<br />

castanheiro para fruto é feita na<br />

sua parte mais fria, a chamada Terra<br />

Fria, em altitudes que vão desde<br />

cerca de 500 m até aos 1000 m. Esta<br />

inclui duas zonas, que correspondem<br />

a duas Denominações de Origem<br />

Protegida (DOP): a DOP da Padrela,<br />

que se insere na zona com o<br />

mesmo nome (com centro em Carrazedo<br />

de Montenegro), e a DOP<br />

da Terra Fria, que inclui as Terras de<br />

Vinhais até Bragança e Macedo Cavaleiros.<br />

Na primeira, a principal variedade<br />

é a Judia, enquanto na segunda<br />

é a Longal a variedade mais<br />

cultivada, embora nos soutos novos<br />

se comece a ver principalmente<br />

a enxertia com a variedade Judia.<br />

A área total de souto é de cerca<br />

de 25 000 hectares.<br />

O Verão de 2007 foi muito mais<br />

ameno que o habitual. Contrariamente<br />

à tendência da última década,<br />

em que se tem observado valores<br />

recorde de temperatura máxima<br />

durante o período de Verão,<br />

em consequência das alterações<br />

climáticas, o Verão de 2007 foi um<br />

dos mais frios do último meio século.<br />

Durante os meses de Junho,<br />

Julho e Agosto, foram vários os<br />

dias em que a temperatura ao<br />

meio-dia (altura do dia em que<br />

ocorrem os valores máximos) foi<br />

inferior 5-6ºC relativamente à média,<br />

o mesmo sucedendo com a<br />

temperatura nocturna (altura em<br />

que ocorrem os valores mínimos).<br />

A limitação da produção adveio<br />

sobretudo da elevada percentagem<br />

de frutos abortados que se<br />

encontravam nos ouriços. Assim<br />

nas zonas mais baixas a percentagem<br />

de “castanhas chochas” em<br />

cada ouriço foi menor, aproximando-se<br />

das quase três castanhas chochas<br />

nas zonas mais altas (acima<br />

dos 800 m). Este problema foi mais<br />

significativo na variedade Judia,<br />

que é ao mesmo tempo a de maior<br />

expressão na região. Isto deve-se<br />

ao seu calibre e aspecto muito<br />

apreciados no mercado. Contudo<br />

esta variedade tem bastante predisposição<br />

para produzir frutos polispérmicos<br />

(castanhas com 2 ou<br />

mais sementes) o que constitui um<br />

problema. Noutras variedades, como<br />

a Longal, esta tendência não<br />

ocorre com tanta facilidade. Por<br />

isso, a quebra de produção na DOP<br />

da Terra Fria (zona de Bragança)<br />

não foi tão acentuada como na<br />

DOP da Padrela (Carrazedo Montenegro),<br />

onde preomina a Judia.<br />

Floração longa<br />

e dupla floração<br />

Embora precise de ser estudada,<br />

esta grande percentagem de castanhas<br />

abortadas deveu-se ao fac-<br />

to de, segundo os dados de que<br />

dispomos, o período de floração<br />

feminina em 2007 ter sido anormalmente<br />

longo (sobretudo nas<br />

zonas mais altas), o que proporcionou<br />

uma polinização abundante e<br />

consequente fecundação de quase<br />

todos os cinco a seis óvulos que<br />

se encontram dentro da castanha,<br />

que depois viriam a abortar. Se todos<br />

tivessem crescido teriam “esgotado”<br />

a árvore (Figura 1). Também<br />

por este facto se explica a<br />

enorme quantidade de ouriços que<br />

as árvores tinham (Figura 2).<br />

Outro aspecto que deve ser re-<br />

alçado foi o aparecimento de uma<br />

segunda floração em Setembro<br />

(Figura 2). O castanheiro pertencendo<br />

à Família das Fagaceae é<br />

uma planta relativamente pouco<br />

desenvolvida nos seus mecanismos<br />

de regulação da floração (de facto,<br />

não podemos esquecer que estamos<br />

perante um dos géneros<br />

mais primitivos desta família), o<br />

que levou a que dadas as condições<br />

climatéricas tivesse emitido,<br />

com muita facilidade, novos<br />

amentilhos e ouriços.<br />

Neste ano, também a queda e<br />

abertura dos ouriços para deixa-<br />

Figura 1 - Na castanha à esquerda pode ver-se uma semente em pleno<br />

desenvolvimento ao lado de outras já abortadas. Na castanha à direita<br />

todos as sementes apresentam desenvolvimento idêntico, originando uma<br />

castanha chocha.<br />

Figura 2 - Aspecto da segunda floração no castanheiro, observada em Setembro.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

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actualidade<br />

país<br />

Figura 3 - Aspecto de um ramo de castanheiro, em 11 Novembro 2007, a 800<br />

m de altitude na Serra da Padrela, podendo observar-se as folhas secas devido<br />

aos primeiros frios e os ouriços ainda meios esverdeados e fechados.<br />

rem sair as castanhas foi muito retardada,<br />

tendo atingido os 15 dias<br />

nas zonas de média a alta altitude.<br />

Inclusivamente nas zonas mais<br />

altas, não chegaram sequer a cair<br />

em devido tempo (Figura 3). Foi<br />

frequente encontrar-se numa<br />

mesma árvore ouriços com estados<br />

de maturação muito diferentes,<br />

em consequência do já referido<br />

prolongado período de floração.<br />

Os ouriços caíram juntamente<br />

com as folhas, após as primeiras<br />

geadas. Por outro lado, nos<br />

soutos, era recorrente observar as<br />

pessoas a abrirem ouriços para retirar<br />

castanhas. Dadas as baixas<br />

temperaturas médias registadas<br />

durante o Verão, o processo de<br />

formação de amido para o desenvolvimento<br />

do endosperma decorreu<br />

a taxas muito baixas, tendo<br />

provocado atraso na maturação.<br />

Por outro lado, dadas as condições<br />

extremamente favoráveis de<br />

crescimento, as árvores não desencadearam<br />

atempadamente os<br />

mecanismos de paragem de cres-<br />

cimento, isto é, maturação e queda<br />

de frutos e folhas, tendo sido<br />

“surpreendidas” pelo frio.<br />

Calibres excelentes<br />

Ao nível do calibre, o ano de<br />

2007 foi extraordinário. Por um<br />

lado, nas zonas mais baixas produziram-se<br />

castanhas muito maiores<br />

que o habitual, o mesmo sucedendo<br />

nas zonas mais altas (800-<br />

900 m) em que as castanhas também<br />

foram um pouco maiores<br />

que o normal (Figura 4). Globalmente,<br />

o ano 2007 caracterizouse<br />

pelo alcance de calibres excelentes,<br />

com castanhas cerca de 30<br />

a 60 por cento maiores, sendo indiferente<br />

a altitude do souto. O<br />

mesmo não sucedeu em 2006, em<br />

que se observa uma clara influência<br />

da altitude.<br />

O que sucedeu em 2007 é bastante<br />

diferente do que normalmente<br />

acontece. Habitualmente<br />

as maiores produções, e as melhores<br />

castanhas são provenientes dos<br />

soutos localizados em maior alti-<br />

Figura 4 - Variação do calibre das castanhas provenientes de diversos soutos<br />

da Terra Fria transmontana localizados a diferentes altitudes. Em 2007 não<br />

há dados provenientes da altitude 1050 m, uma vez que as castanhas não<br />

atingiram a maturação.<br />

Figura 5 - Comparação entre o crescimento dos ramos do ano em 2006 e<br />

2007, num souto situado a 600 m de altitude. Pode observar-se que o crescimento<br />

medido em Setembro de 2007 é já o dobro do verificado em 2006.<br />

tude (800-1000 m), mostrando os<br />

castanheiros das zonas mais baixas<br />

grandes dificuldades de sobrevivência.<br />

Nos concursos de castanha<br />

que todos os anos são feitos<br />

os prémios são normalmente ganhos<br />

pelos produtores das terras<br />

mais altas.<br />

O clima ameno verificado durante<br />

o Verão e Outono de 2007<br />

foi marcante no crescimento vegetativo<br />

dos ramos novos das árvores.<br />

Estes foram, regra geral, superiores<br />

aos dos anos anteriores,<br />

encontrando-se, nas zonas mais<br />

baixas, ramos do ano com o dobro<br />

do tamanho do ano anterior,<br />

(Figura 5). Nas árvores mais jovens,<br />

esta tendência para o crescimento<br />

vegetativo foi ainda mais acentuada,<br />

o que levou ao aparecimento<br />

de ramos com crescimento<br />

exagerado depois da inserção<br />

dos ouriços, sinal de que estas condições<br />

climáticas acentuaram ainda<br />

mais o carácter de juvenilidade<br />

dessas árvores.<br />

Em condições tão favoráveis ao<br />

crescimento, a doença da tinta<br />

também não fez, certamente, tantos<br />

estragos nas árvores. Com efeito,<br />

nem as árvores estavam tão<br />

fragilizadas, nem o agente da tinta<br />

conseguiu atingir níveis de<br />

agressividade tão elevada, como<br />

é habitual nos solos mais secos e<br />

pobres. Esta doença ataca mais<br />

frequentemente os soutos localizados<br />

nas encostas mais soalheiras<br />

(voltadas a sul) e nas altitudes<br />

mais baixas.<br />

O castanheiro gosta dos terrenos<br />

mais sombrios, que são ao<br />

mesmo tempo mais frescos. Apresenta<br />

uma forte redução de crescimento<br />

para temperaturas acima<br />

dos 32ºC, a temperatura óptima é<br />

de 24-28ºC, consoante a variedade.<br />

Por isto, nas zonas mais baixas<br />

de Trás-os-Montes (a 600-700 m<br />

altitude, onde a temperatura ultrapassa<br />

este intervalo), tem crescimentos<br />

muito fracos, podendo<br />

passar a maior parte do dia quase<br />

sem crescer.<br />

Para o castanheiro em Trás-os-<br />

Montes o principal factor limitante<br />

à produção não é a falta de<br />

água, mas a temperatura ambiente.<br />

Julgamos mesmo que este problema<br />

de sobrevivência da espécie<br />

nas terras baixas se agravará<br />

com as alterações climáticas. Vemos<br />

hoje o plantio de castanheiros<br />

em altitudes cada vez maiores<br />

(como na Serra da Padrela, 1000<br />

– 1100 m de altitude).<br />

Em conclusão, provavelmente o<br />

castanheiro irá subir “um patamar”<br />

em altitude, conquistando<br />

terrenos mais frescos e sendo forçado<br />

a deixar as zonas mais baixas,<br />

demasiado quentes, ou irá voltar<br />

a outras regiões de clima mais fresco,<br />

de onde em tempos idos foi<br />

“expulso” por outras culturas como<br />

a região do Minho. <br />

*CITAB, Universidade de Trás-os-Montes e<br />

Alto Douro, Apt 202, 5000-911 Vila Real<br />

**Viveiros RibaDouro, 5000 Vila Real<br />

jlaranjo@utad.pt<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

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13<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

actualidade<br />

país<br />

Bioetanol a partir do<br />

milho duplicará até 2015<br />

O milho é uma das matérias-primas como mais<br />

potencial para produção de bioetanol,<br />

mas diversas contingências estão a atrasar<br />

a instalação de fábricas em Portugal, concluiu<br />

o VI Congresso Nacional do Milho.<br />

O milho grão é a matériaprima<br />

do futuro para a produção<br />

de bioetanol e os seus<br />

resíduos – folhas e canas – estão<br />

a ser aproveitados para o fabrico<br />

de biomassa, usada na co-geração<br />

de energia eléctrica. Segundo a<br />

FAO (Organização das Nações Unidas<br />

para a Alimentação e Agricultura),<br />

em 2015 serão produzidos<br />

57 biliões de litros de etanol a partir<br />

do milho, em todo o Mundo, o<br />

dobro dos volumes actuais, revelou<br />

Abdolreza Abbassian, responsável<br />

pelo Grupo de Cereais da<br />

FAO, durante o VI Congresso Nacional<br />

do Milho, realizado a 20 e<br />

21 de Fevereiro, em Lisboa.<br />

Alguns países europeus já produzem<br />

bioetanol a partir de cereais.<br />

Desde que abandonou o nuclear,<br />

a Alemanha está a usar o<br />

milho de forma massiva para<br />

aquecimento de habitações, e em<br />

França existem 30 projectos para<br />

E-Mail:<br />

hortasdoribatejo@iol.pt<br />

Sede:<br />

Lentrisqueira - Apartado 27<br />

2120-216 FOROS DE SAVATERRA<br />

co-geração de energia a partir de<br />

bioetanol, que aguardam aprovação<br />

do Governo francês, para iniciar<br />

a produção em 2010.<br />

Portugal ainda não produz<br />

bioetanol, mas existem dois projectos<br />

para instalação de fábricas<br />

(ver caixa), que têm sido adiados<br />

devido ao atraso na regulamentação<br />

do sector. Só em Dezembro<br />

passado, o Governo decidiu (Portaria<br />

nº 1554-A/2007 de 7 de Dezembro)<br />

isentar de imposto sobre<br />

produtos petrolíferos e energéticos<br />

(ISP) os biocombustíveis<br />

substitutos da gasolina (bioetanol).<br />

Estarão isentos do imposto<br />

165 milhões de litros de bioetanol,<br />

em 2009, e a mesma quantidade<br />

em 2010. As candidaturas à<br />

isenção decorrem até 30 de Junho<br />

deste ano, após o que serão<br />

atribuídas as quotas de isenção<br />

aos candidatos. Noutros países da<br />

União Europeia, como Espanha,<br />

HORTAS DO RIBATEJO<br />

TRANSFORMAÇÃO E COMÉRCIO<br />

DE PRODUTOS AGRÍCOLAS, LDA.<br />

IMPORT - EXPORT<br />

Jorge Cardoso<br />

Tlm.: 917 287 656<br />

Armazém:<br />

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Em 2015 serão produzidos<br />

57 biliões de<br />

litros de etanol a<br />

partir do milho<br />

a isenção de ISP é total.<br />

A inexistência de um comprador<br />

nacional para a futura produção<br />

é outro entrave ao avanço das<br />

fábricas. Segundo Francisco Avilez,<br />

investigador do Instituto Superior<br />

de Agronomia e consultor<br />

de um dos porjectos, a Galp, única<br />

empresa nacional que poderá<br />

assegurar o escoamento do biocombustível,<br />

recusa-se, nas circunstâncias<br />

actuais, a realizar contratos<br />

promessa de compra. A gasolineira<br />

nacional está a investir na<br />

produção de biodísel (biocombustível<br />

produzido a partir de oleaginosas),<br />

um concorrente do bioetanol<br />

e de produção mais barata.<br />

Apesar destes atrasos, o bioetanol<br />

criará uma oportunidade para<br />

o aumento da produção de milho<br />

em Portugal. Francisco Avilez<br />

prevê que o negócio dos biocombustíveis<br />

impulsionará o crescimento<br />

de área para 50 a 80 mil<br />

novos hectares, dos quais 20 a 30<br />

mil no Ribatejo, 20 a 30 mil na zona<br />

irrigada pelo Alqueva e 10 a 20


actualidade<br />

país<br />

mil no resto do Alentejo. Para<br />

atingir a meta traçada pelo Governo<br />

de 10 por cento de biocombustíveis<br />

até 2010, será necessária<br />

uma produção de milho de 227<br />

mil toneladas, estima o consultor.<br />

Preços altos<br />

continuam em 2008<br />

O ambiente entre os muitos<br />

congressistas presentes no Hotel<br />

Altis foi de optimismo quanto o<br />

futuro do sector. O responsável<br />

pelo Grupo de Cereais da FAO revelou,<br />

em primeira-mão, as estimativas<br />

deste organismo para<br />

2008. Os preços vão continuar altos,<br />

embora não tão altos como<br />

Com a liderança nas soluções de carências<br />

de micronutrientes, a Ciba Specialty Chemicals pode<br />

justificadamente afirmar que é a empresa mais<br />

especializada na formulação de quelatos.<br />

em 2007. A produção de milho na<br />

União Europeia (UE) deverá aumentar<br />

até três por cento, mas<br />

nos EUA poderá descer, o que indica<br />

preços iguais, ou até uma ligeira<br />

descida face a 2007. No caso<br />

do trigo, a área deverá aumentar<br />

de três a cinco por cento, e a<br />

produção cinco a 10 por cento -<br />

mais 10 milhões de toneladas na<br />

UE, 5 mt nos EUA, 3 mt no Canadá,<br />

2 mt na Turquia e 2 mt na<br />

Ucrânia. Até cinco por cento de<br />

aumento na produção significará<br />

manutenção dos preços, já abaixo<br />

desse valor (cenário possível se<br />

o clima não ajudar), os preços podem<br />

ser inferiores aos de 2007.<br />

A baixa dos stocks mundais de<br />

cereais (mais baixos no trigo do<br />

que no milho) será, a partir de<br />

agora, uma constante, tal como a<br />

volatilidade dos mercados, pelo<br />

O VI Congresso Nacional do Milho decorreu em tom optimista com boas perspectivas de valorização dos cereais<br />

Duas fábricas de bioetanol em Portugal<br />

A empresa Biofuels prevê a construção de uma fábrica de<br />

bioetanol em Sines, tendo como matéria-prima o milho, o trigo e<br />

a beterraba. O consórcio integra a EDIA, a Fomentinveste, a CO-<br />

PAM e a Fundação Vítor e Graça Carmona e Costa.<br />

O ProBEP - Projecto Bioetanol em Portugal prevê a construção<br />

da fábrica ETHAGL Biocombustíveis de Portugal, que produzirá 100<br />

milhões de litros/ano de bioetanol a partir de milho. As possíveis<br />

localizações são o Eco Parque da Charneca ou o Parque Industrial<br />

da Sapec, em Setúbal. Ambos foram reconhecidos como Projecto<br />

de Interesse Nacional (PIN).<br />

Os produtos Ciba ® Librel, Ciba ® LibFer e Ciba ® ChauFer,<br />

cobrem uma grande diversidade de aplicações<br />

que incluem cultivos extensivos, horticultura, vinha,<br />

ornamentais e sistemas hidropónicos.<br />

que se torna prudente diversificar<br />

a produção agrícola, aconselhou<br />

Abdolreza Abbassian.<br />

Este iraniano contesta o alarmismo<br />

lançado por algumas entidades<br />

quanto à alegada incapacidade<br />

da agricultura para alimentar<br />

a crescente população mundial,<br />

a médio prazo. O crescimento<br />

da população mundial vai<br />

abrandar neste século. Por outro<br />

lado, a Índia e China (consumidores<br />

emergentes) são e continuarão<br />

a ser auto-suficientes na produção<br />

de cereais, nos próximos<br />

anos. E se a procura cresce, a oferta<br />

continuará a dar resposta. Brasil<br />

e Cazaquistão serão potências<br />

produtoras, nos próximos anos.<br />

Ainda assim, é necessário aumentar<br />

a produtividade dos cereais a<br />

nível mundial e as sementes transgénicas<br />

terão aqui um papel essencial,<br />

disse o especialista. <br />

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actualidade<br />

país<br />

Rega e fitossanidade<br />

os desafios da fruticultura<br />

Os fruticultores devem encarar a rega de forma<br />

mais profissional e precisam de produtos<br />

fitossanitários autorizados para combater pragas<br />

cujos ataques se intensificam a cada campanha.<br />

Rega e fitossanidade ocuparam<br />

as III Jornadas Técnicas<br />

de Fruticultura, realizadas<br />

durante a Feira Agrícola de Alcobaça,<br />

de 7 a 9 de Março. “Regar<br />

bem não é fácil, mas é importante”<br />

foi uma das conclusões do painel<br />

sobre rega, no qual os oradores<br />

desafiaram os agricultores a<br />

encarar a rega de forma mais profissional.<br />

A falta de assistência técnica<br />

e de projectos de rega são<br />

problemas que afectam a fruticultura<br />

nacional. Daí resulta o mau<br />

dimensionamento dos sistemas<br />

instalados nas parcelas, bem como<br />

a falta de monitorização e manutenção<br />

dos mesmos, afirmou<br />

Isaurindo Oliveira. Na opinião do<br />

director do Centro Operativo e<br />

Tecnológico do Regadio (COTR),<br />

cabe às associações de regantes<br />

contribuir para a melhoria da gestão<br />

da rega.<br />

Regar muito não<br />

significa regar bem<br />

Joan Girona, investigador do<br />

IRTA (Instituto de Pesquisa e Tecnologia<br />

Agro-alimentar) de Lérida<br />

partilhou a sua experiência na<br />

avaliação da qualidade da rega e<br />

deixou alguns alertas. Regar muito<br />

não significa regar bem. Prova<br />

disso é a rega deficitária controlada,<br />

usada na Catalunha em<br />

algumas fruteiras (ex: pessegueiros),<br />

sem perdas de calibre nem<br />

da qualidade da fruta e com significativa<br />

poupança de água. Es-<br />

As III Jornadas Técnicas de Fruticultura debateram a rega e fitossanidade dos pomares<br />

ta estratégia consiste em submeter<br />

a planta a stress hídrico moderado<br />

em determinados períodos<br />

críticos do seu ciclo biológico,<br />

através da paragem ou redução<br />

da rega.<br />

É importante saber se o volume<br />

de água programado chega de<br />

facto à planta. Isto pode ser verificado<br />

através de contadores instalados<br />

em cada parcela, que detectarão<br />

eventuais entupimentos,<br />

faltas de pressão, etc; e também<br />

com sensores, varetas e outros instrumentos<br />

de monitorização, que<br />

detectam a localização exacta na<br />

água no perímetro das raízes da<br />

árvore. Regar bem também não<br />

significa regar de forma uniforme.<br />

A composição do solo afecta<br />

a distribuição da água, pelo que<br />

é preciso adaptar os volumes de<br />

água à maior ou menor permeabilidade<br />

do terreno duma parcela.<br />

O último e mais precioso indicador<br />

da eficiência da rega é a<br />

medição semanal dos frutos, lembrou<br />

Joan Girona.<br />

Filoxera<br />

sem soluções<br />

No painel dedicado à fitossanidade,<br />

a filoxera foi destacada como<br />

um dos problemas fitossanitários<br />

com incidência crescente no<br />

Oeste. Observações realizadas pela<br />

Frutus e Frutoeste, desde 2005,<br />

confirmam o aumento dos ataques.<br />

Em 2007, todas as fitas de monitorização<br />

colocadas nos pomares<br />

da região detectaram o afídeo acima<br />

dos níveis económicos de ataque,<br />

desde a queda da pétala até<br />

Outubro. Os estragos causados pela<br />

filoxera são muitas vezes confundidos<br />

com os originados pela estenfiliose,<br />

mas a diferença é que na filoxera<br />

os fungos desenvolvem-se<br />

do interior para o exterior do fruto<br />

(durante o Inverno o afídeo põe<br />

ovos no tronco e pernadas e acaba<br />

por picar o fruto na zona da fossa<br />

apical, dando origem ao aparecimento<br />

de fungos no interior da fruta),<br />

e não ao contrário, como acontece<br />

com a estenfiliose.<br />

Os agricultores estão limitados<br />

na luta contra esta praga. A única<br />

substância activa autorizada em<br />

Portugal é o diazinão (uma aplicação).<br />

Uma situação de desigualdade<br />

perante franceses (deltametrina),<br />

espanhóis (3 substâncias activas)<br />

e italianos ( 4 substâncias activas),<br />

que têm um leque maior de<br />

meios de luta autorizados. Os técnicos<br />

portugueses esperam que o<br />

Ministério da Agricultura alargue<br />

o leque de autorizações, ainda que<br />

a indústria de pesticidas não faça<br />

pedidos. “Os técnicos estão limitados<br />

e os agricultores são obrigados<br />

a seguir regras feitas atrás da se-<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

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17<br />

O Ecofly é um novo líquido atractivo<br />

ecológico e natural para controlo da<br />

mosca-do-Mediterrâneo, de fabrico<br />

nacional. É usado em armadilhas<br />

penduradas nas árvores, com duração<br />

de seis a oito semanas. Deve ser<br />

aplicado à queda das pétalas e permanecer<br />

nas árvores até à colheita<br />

dos frutos. Apresentado pela<br />

empresa Insecta.<br />

cretária”, lamentou Delia Fialho,<br />

técnica da Frutus, a propósito da<br />

forma “cega” como a DGADR faz<br />

homologação de pesticidas.<br />

Por seu turno, Raul Rodrigues<br />

sugeriu alterações à forma como<br />

os produtos são homologados para<br />

Protecção Integrada. Segundo<br />

este investigador especializado em<br />

ácaros, as autorizações das substâncias<br />

e aplicações recomendadas<br />

devem ser previstas em função<br />

das espécies de ácaros naturais<br />

existentes em cada região e<br />

da sua sensibilidade às substâncias<br />

activas e não de forma igual para<br />

todo o País, com base em ensaios<br />

feitos no estrangeiro. O investigador<br />

referiu-se aos fitoseídeos, limitadores<br />

naturais do aranhiço<br />

vermelho e amarelo, pragas cuja<br />

pressão está a aumentar nas regiões<br />

fruteiras. Os fitoseídeos estão<br />

presentes no pomar e é importante<br />

mantê-los através do enrelvamento<br />

e de sebes. <br />

actualidade<br />

país<br />

Registador de temperatura e humidade, composto por sensores com memória<br />

e impressora portátil (450€) para emissão de talões de temperatura nas<br />

entregas. Permite controlo centralizado da informação num único local,<br />

informação em tempo real e alertas imediatos via SMS ou e-mail, em caso de<br />

situações anómalas. O sensor tem capacidade para 2024 registos e pilha com<br />

duração de oito anos. 79,70€ é o preço por sensor. Apresentado pela empresa<br />

Eclo, que procura distribuidores para este equipamento.


actualidade<br />

país<br />

ProDer 2007-2013 – enqua<br />

Por: Marisa Simões (msimoes@consulai.com), Departamento Técnico<br />

CONSULAI, Lda (www.consulai.com)<br />

A medida Inovação e Desenvolvimento Empresarial,<br />

do PRODER é a mais importante para os investimentos<br />

de modernização das empresas de produção,<br />

transformação e comercialização agro-alimentar.<br />

No passado dia 4 de Dezembro<br />

de 2007 foi aprovado, pela<br />

Comissão Europeia, o Programa<br />

de Desenvolvimento Rural<br />

para Portugal Continental (ProDeR),<br />

que integra os apoios à produção<br />

agro-florestal, à transformação<br />

agro-industrial e ao desenvolvimento<br />

rural, no período de 2007 a 2013.<br />

Após esta formalidade, a aplicação<br />

das medidas previstas no<br />

Programa fica apenas dependente<br />

da regulamentação nacional. O<br />

Programa está estruturado em 4<br />

sub-programas:<br />

● SUBPROGRAMA 1 – Promoção<br />

da Competitividade<br />

● SUBPROGRAMA 2 – Gestão<br />

Sustentável do Espaço Rural<br />

● SUBPROGRAMA 3 – Dinamização<br />

das Zonas Rurais (abordagem<br />

LEADER)<br />

● SUBPROGRAMA 4 – Promoção<br />

do Conhecimento e Desenvolvimento<br />

de Competências<br />

Dentro destes sub-programas<br />

estão definidas Medidas e Acções<br />

que concretizam objectivos estratégicos<br />

da Política Agrícola Nacional,<br />

na qual estão definidas cinco<br />

fileiras estratégicas:<br />

● Horticultura<br />

● Fruticultura<br />

● Floricultura<br />

● Viticultura<br />

● Olivicultura<br />

No âmbito destas fileiras, os<br />

promotores poderão apresentar<br />

projectos integrados em Planos Estratégicos<br />

de Fileira, que são instrumentos<br />

que permitirão dar um<br />

“fio condutor” aos investimentos<br />

nas fileiras estratégicas.<br />

O Sub-programa 1 concentra a<br />

maior fatia financeira do Programa,<br />

num total de 1.437,8 M€, dividido<br />

por seis medidas:<br />

● Inovação e Desenvolvimento<br />

Empresarial<br />

● Cooperação Empresarial para o<br />

Mercado e Internacionalização<br />

● Promoção da Competitividade<br />

Florestal<br />

● Valorização da Produção de<br />

Qualidade<br />

● Instrumentos Financeiros e de<br />

Gestão de Riscos e de Crises<br />

● Regadios e Outras Infra-estrutu-<br />

ras Colectivas<br />

Pela importância no conjunto do<br />

sub-programa, e porque a sua aplicação<br />

é a que mais relevância tem<br />

para os investimentos de modernização<br />

das unidades produtivas, iremos<br />

centrar este artigo na apresentação<br />

da Medida 1 – Inovação e<br />

Desenvolvimento Empresarial.<br />

Esta medida é operacionalizada<br />

através das seguintes acções:<br />

● Modernização e Capacitação das<br />

Empresas<br />

● Investimentos de Pequena Dimensão<br />

● Instalação de Jovens Agricultores<br />

Os agricultores, empresas de<br />

produtores e empresas de transformação<br />

e comercialização que<br />

pretendam modernizar as suas<br />

empresas estão enquadrados na<br />

Acção “Modernização e Capacitação<br />

das Empresas”. Com esta<br />

acção, pretende-se:<br />

● Promover o processo de modernização<br />

e capacitação das empresas<br />

do sector agro-alimentar.<br />

● Promover o desenvolvimento da<br />

competitividade das fileiras, privilegiando<br />

as explorações agrícolas<br />

e as empresas de transformação<br />

e comercialização inseridas<br />

em fileiras estratégicas e, nestas,<br />

aquelas que se incluam em planos<br />

de desenvolvimento, com base em<br />

Planos Estratégicos de Fileiras.<br />

● Preservar e melhorar o ambiente,<br />

assegurando a compatibilidade<br />

dos investimentos<br />

com as normas ambientais e de<br />

segurança.<br />

As empresas inseridas em fileiras<br />

estratégicas podem apresentar<br />

planos de investimento que integrem<br />

produção, transformação<br />

e comercialização. Dentro desta<br />

acção, os apoios aos investimentos<br />

são diferenciados para o caso<br />

de se tratar de uma empresa agrícola<br />

ou uma empresa de comercialização<br />

e transformação. Nas<br />

despesas elegíveis para os investimentos<br />

em explorações agrícolas<br />

estão incluídos custos com:<br />

● Construção, aquisição, incluin-<br />

do a locação financeira ou melhoramento<br />

de bens imóveis,<br />

plantações plurianuais e despesas<br />

associadas à consolidação do<br />

investimento e outras estruturas<br />

de produção<br />

● Apoio à instalação de “pastagens<br />

permanentes biodiversas”<br />

● Compra ou locação-compra de<br />

novas máquinas e equipamentos,<br />

incluindo programas informáticos.<br />

● Instalação ou modernização de<br />

sistemas de rega, nomeadamente<br />

captação, condução e distribuição<br />

da água.<br />

● Adaptação e aquisição de equipamento<br />

específico com vista à<br />

produção e utilização de energias<br />

renováveis, visando nomeadamente<br />

a valorização económica<br />

dos subprodutos e resíduos<br />

da actividade.<br />

● Investimentos associados ao<br />

cumprimento de novas normas<br />

ambientais, de higiene e de<br />

bem-estar animal.<br />

● Acções de formação profissional<br />

dos activos que desenvolvam a<br />

sua actividade no âmbito do<br />

projecto.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

18


19<br />

actualidade<br />

país<br />

dramento de investimentos<br />

● Custos gerais relacionados com<br />

as despesas de investimento, tais<br />

como estudos de viabilidade e<br />

aquisição de patentes e licenças<br />

e honorários de arquitectos, engenheiros<br />

e consultores.<br />

Na componente da transformação<br />

e comercialização de produtos<br />

agrícolas são elegíveis as despesas<br />

com:<br />

● Construção, aquisição, incluindo<br />

a locação financeira ou melhoramento<br />

de bens imóveis.<br />

● Compra ou locação-compra de<br />

novas máquinas e equipamentos,<br />

incluindo programas informáticos.<br />

● Adaptação e aquisição de equipamento<br />

específico com vista à<br />

produção e utilização de energias<br />

renováveis visando, nomeadamente,<br />

a valorização econó-<br />

mica dos subprodutos e resíduos<br />

da actividade.<br />

● Investimentos associados ao<br />

cumprimento de novas normas<br />

ambientais, de higiene e de<br />

bem-estar animal<br />

● Acções de formação profissional<br />

dos activos que desenvolvam a<br />

sua actividade no âmbito do<br />

projecto.<br />

● Custos gerais relacionados com<br />

as despesas de investimento, tais<br />

como estudos de viabilidade e<br />

aquisição de patentes e licenças<br />

e honorários de arquitectos, engenheiros<br />

e consultores.<br />

Quanto aos níveis de apoio, dependem<br />

não só do tipo de empresa<br />

e da tipologia de investimentos<br />

mas, também, da natureza da candidatura,<br />

ou seja, os incentivos têm<br />

taxas superiores para investimentos<br />

materiais a partir dos 100.000€ para<br />

as empresas agrícolas, e a partir<br />

dos 250.000€ para as empresas de<br />

comercialização e transformação.<br />

No caso dos investimentos em<br />

explorações agrícolas, os valores<br />

máximos podem ser aumentados<br />

em cinco por cento no caso das<br />

zonas desfavorecidas e em 10 por<br />

cento no caso dos jovens agricultores<br />

em primeira instalação. O incentivo<br />

é dado sob a forma de<br />

apoio não reembolsável e/ou através<br />

da bonificação de juros.<br />

No caso dos sectores da fruta, legumes<br />

e flores tem particular relevância<br />

a alteração territorial que<br />

ocorreu entre o QCAIII e o ProDeR:<br />

o Oeste, Médio Tejo e Lezíria do<br />

Tejo fazem parte, novamente, do<br />

Objectivo Convergência, devido à<br />

alteração da NUTS II de Lisboa e<br />

Vale do Tejo. Desta forma, os projectos<br />

inseridos nestas regiões terão<br />

níveis de apoio superiores aos<br />

que teriam caso estivessem sujeitos<br />

ao Objectivo Competitividade.<br />

Numa altura em que se aguarda<br />

a saída das portarias, é importante<br />

referir que os investimentos<br />

realizados desde 1 de Janeiro de<br />

2007 serão elegíveis desde que integrados<br />

num projecto que não<br />

tenha sido concluído e que se enquadrem<br />

em tipologias de investimento<br />

financiáveis.<br />

Os empresários que ainda não<br />

iniciaram os seus projectos deverão<br />

analisar as suas necessidades<br />

de investimento para os próximos<br />

anos, e enquadrá-los em projectos<br />

bem estruturados, de forma a<br />

maximizar a sua integração no<br />

âmbito do ProDeR.


actualidade<br />

mundo<br />

Novidades<br />

da AGROEXPO<br />

Mais de 400 expositores apresentaram novos produtos e serviços<br />

na 20ª edição da AGROEXPO- Feira Internacional do Sudoeste<br />

Ibérico, em Don Benito, de 30 de Janeiro a 2 de Fevereiro.<br />

A <strong>FLF</strong> mostra-lhe as principais novidades dos salões Hortofrutec,<br />

Olivac e Tomatec.<br />

Abonos Naturales Del Guadiana,<br />

empresa criada há dois anos com<br />

intuito de melhorar a fertilidade dos<br />

solos, espera vender cerca de 6000<br />

toneladas de fertilizantes em 2008.<br />

Os Viveiros Provedo apresentaram novas<br />

variedades de pêssego de polpa amarela<br />

e polpa branca, desenvolvidas nas condições<br />

edafoclimáticas da Extremadura.<br />

Novo tubete com capacidade para três litros,<br />

indicado para fruteiras e plantas de grande<br />

porte. Apresentado pela empresa portuguesa<br />

Sinorgan.<br />

A empresa Todolivo prepara-se para instalar mais 3500<br />

hectares de olival superintensivo em Portugal, por intermédio<br />

do seu novo accionista SOS Cuétara, a multinacional<br />

do ramo alimentar, detentora da marca de azeite<br />

Carbonell, uma das mais vendidas no Mundo.<br />

O Hydro PC é um novo gotejador<br />

com alta resistência ao entupimento,<br />

graças a uma nova tecnologia<br />

que consiste em aplicar<br />

um herbicida - a trifularina - ao<br />

plástico do gotejador, durante o<br />

processo de fabrico. Esta substância<br />

liberta-se lentamente<br />

quando o tubo é enterrado,<br />

impedindo as raízes de crescer à<br />

volta dele. A injecção de trifularina<br />

na água da rega será proibida<br />

a curto prazo, por legislação<br />

europeia. Novidade apresentada<br />

pela Plastroberica, representada<br />

em Portugal pela Hubel<br />

Irrigation Systems.<br />

Nova linha de adubos<br />

ecológicos que<br />

estimulam as defesas<br />

naturais das plantas<br />

e as defendem de<br />

pragas e doenças,<br />

indicada para todo o<br />

tipo de frutas e legumes.<br />

Lançado pela<br />

empresa (Greencare<br />

By) SAS. Ainda não<br />

disponíveis em<br />

Portugal.<br />

Mercoguadiana é o distribuidor para a Extremadura<br />

das mangueiras Flextec, marca representada em<br />

Portugal e Espanha pela Agroquisa.<br />

Os Viveiros Vipesa apresentaram duas<br />

novas variedades de amêndoa de floração<br />

tardia, que permitem produção em zonas<br />

altas, onde as geadas prejudicam a floração,<br />

e que são resistentes a fungos.<br />

Estão a ser ensaiadas em Portugal.<br />

A CBHAgro, empresa prestadora de serviços de<br />

instalação e tratamento do olival, apresentou<br />

uma nova máquina de plantação de olival, que<br />

planta e coloca o tutor de forma automática e<br />

simultânea, com alinhamento perfeito e sem<br />

intervenção manual.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

20


ESPECIAL<br />

VINHA<br />

Vitivinicultura - um sector de futuro<br />

Entre 2009 e 2015, Portugal vai receber da União Europeia 71,2 milhões de<br />

euros, por ano, para modernizar o sector vitivinícola. O Governo está a estudar<br />

a forma como o dinheiro vai ser aplicado e, até final de Junho, apresenta<br />

um programa e respectivo orçamento à Comissão Europeia. Entretanto, o<br />

ministro da Agricultura elegeu como prioritário o arranque de 12 mil hectares<br />

de vinha, a reestruturação das vinhas e a promoção dos vinhos.<br />

Neste Especial Vinha damos-lhe a conhecer técnicas de instalação da vinha<br />

que lhe podem poupar dinheiro; apresentamos equipamentos de monitorização<br />

das necessidades em água da vinha e conselhos para gerir a rega de<br />

forma mais eficiente, nomeadamente do ponto de vista da melhoria da composição<br />

fenólica das uvas. Na protecção fitossanitária, mostramos-lhe uma<br />

nova tecnologia de análise automática da qualidade da pulverização da<br />

vinha – o Spr@y_Image; falamos da importância da prescrição de receitas de<br />

pesticidas e fazemos o balanço dos ataques de míldio na vinha em Portugal,<br />

Espanha e França, em 2007, e perspectivas para 2008.<br />

Por fim, mostramos-lhe dois exemplos do que melhor se faz na investigação<br />

aplicada à enologia- o ENOCHIP, um novo instrumento de detecção rápida<br />

e precoce das leveduras vínicas e um novo kit para análises rápidas da uva e<br />

do vinho, que usa biosensores fabricados com um novo plástico condutor de<br />

corrente eléctrica.


FRUTAS<br />

HORTÍCOLAS<br />

ORNAMENTAIS<br />

FLORES<br />

VINHA<br />

OLIVAL<br />

OUTRAS CULTURAS<br />

A SUA<br />

REVISTA DE<br />

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Publicações Groupo TB – Rua Álvaro de Campos, Nº 20 - 1º Dto. • Codivel 2675-225 ODIVELAS<br />

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Para o efeito junto envio o cheque n.º<br />

à ordem de PUBLICAÇÕES GROUPO TB.<br />

no valor de: € do banco:<br />

Ajude-nos a conhecê-lo melhor. Diga-nos qual a sua actividade principal.<br />

Produtor Frutícola O que produz?<br />

Produtor Hortícola O que produz?<br />

Técnico Área:<br />

Floricultor O que produz?<br />

Distribuidor de Factores de Produção Quais?<br />

Indústria de Transformação O que transforma?<br />

Grossista/Armazenista Do quê?<br />

Outros:


23<br />

A vinha enquanto cultura<br />

apresenta uma grande longevidade,<br />

de 30 a 50 anos.<br />

Como planta possui um sistema<br />

radicular muito plástico e profundo,<br />

com capacidade para penetrar<br />

até vários metros, colonizando<br />

e extraindo água e nutrientes<br />

de um grande volume pedolitológico.<br />

A Figura 1 mostra-nos o<br />

padrão de distribuição radicular<br />

da vinha em solo argiloso e expansível,<br />

sobrejacente a camadas<br />

compactas de carbonato de cálcio<br />

secundário. O terreno foi subsolado<br />

para instalação da vinha<br />

até aos 0,7 m de profundidade.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

Foram diagnosticadas duas situações<br />

distintas:<br />

- Na primeira, a subsolagem atingiu<br />

a camada de carbonato de<br />

cálcio (foto 1 e perfil radicular 1);<br />

- Na segunda, porque a espessura<br />

do horizonte argiloso era > 0,8m,<br />

não se observaram vestígios da<br />

subsolagem 10 anos após a instalação<br />

(foto 2 e perfil radicular 2).<br />

Dito isto, passemos em revista<br />

os objectivos genéricos da preparação<br />

do terreno:<br />

• Fragmentar o solo, tornandoo<br />

mais solto e mais poroso, facilitando<br />

o crescimento das raízes.<br />

Mais e melhor repartidas,<br />

as raízes aumentam o vigor da<br />

planta e a longevidade da<br />

plantação;<br />

• Colocar os fertilizantes e/ou correctivos,<br />

minerais ou orgânicos,<br />

a maior profundidade e garantir<br />

uma distribuição uniforme e<br />

homogénea;<br />

• Romper camadas de solo compactas,<br />

que impedem, simultaneamente,<br />

a penetração das raízes,<br />

da água e do ar. Sem oxigénio e<br />

água não existe vida vegetal;<br />

• Facilitar o processo de plantação<br />

e o maneio do solo pós-instalação.<br />

A modelação do terreno<br />

de modo a garantir um trânsito<br />

fácil de máquinas, em simultâneo<br />

com a preservação do solo<br />

contra os riscos da erosão hídrica,<br />

é também um dos aspectos<br />

relevantes na fase da instalação<br />

da vinha.<br />

Quais os meios<br />

utilizados?<br />

Para atingir os objectivos acima<br />

referidos são correntemente utilizados<br />

os seguintes instrumentos<br />

de preparação do solo:<br />

• Charruas de média, a muito<br />

grande dimensão, com capaci-<br />

ESPECIAL<br />

vinha<br />

Preparação do terreno<br />

na instalação<br />

Por: Carlos Arruda Pacheco (Instituto Superior de Agronomia)<br />

A mobilização profunda é quase sempre um investimento<br />

desnecessário, que prejudica a distribuição<br />

das raízes da videira em profundidade.<br />

Antes de mobilizar aconselhe-se com um especialista<br />

e poupe muito dinheiro.<br />

<br />

Figura 1: Padrão de distribuição radicular da vinha<br />

Foto 1: Perfil do solo 1<br />

Foto 2: Perfil do solo 2 Foto 3: Caterpillar equipado com subsolador<br />

dade para romperem o solo até<br />

1 m ou mais de profundidade,<br />

promovendo a inversão de camadas<br />

de solo e a mistura de<br />

materiais diferentes. As fotos 4A<br />

e 4B mostram-nos o resultado<br />

do charruamento do terreno;<br />

• Subsoladores equipados com<br />

dentes que provocam a ruptura<br />

do solo, até 1 m ou mais de<br />

profundidade, sem reviramento<br />

ou inversão de camadas e<br />

fraca mistura de materiais. O<br />

volume do solo fragmentado é<br />

função do tipo de solo, estado<br />

hídrico deste e da distância entre<br />

dentes. Os subsoladores podem<br />

ser equipados com sistema<br />

de distribuição de adubo<br />

em profundidade. A foto 3<br />

mostra-nos um subsolador preparando<br />

o terreno para a instalação<br />

da vinha;<br />

• Grades de discos pesadas com<br />

capacidade para fragmentar e<br />

misturar o solo até 0,5 m ou<br />

mais de profundidade;<br />

• Retroescavadoras, muito utilizadas<br />

na adaptação de encostas<br />

em socalcos ou em operações de<br />

nivelamento do terreno. Neste<br />

caso, temos a deslocação de ma-


ESPECIAL<br />

vinha<br />

teriais diversos de um local e a<br />

sua acumulação noutro. Esta<br />

técnica de adaptação /modelação<br />

do terreno necessita de uma<br />

explicação mais detalhada que<br />

não cabe no âmbito destas breves<br />

notas.<br />

Todos os solos se comportam<br />

do mesmo modo quando rasgados<br />

por uma charrua ou<br />

subsolador?<br />

A resposta é, obviamente, não.<br />

O comportamento à ruptura é específico<br />

de cada tipo de material<br />

solo. O mesmo tipo de solo comporta-se<br />

de forma muito diferente<br />

no estado seco, quando comparado<br />

com o estado húmido.<br />

Por tipo de solo entenda-se uma<br />

sequência vertical de camadas diferentes<br />

numa ou mais propriedades<br />

relativas à sua granulometria,<br />

composição mineral e orgânica<br />

e demais características físicas<br />

e químicas.<br />

Exemplos<br />

Solo argiloso como os Barros de<br />

Beja: quando pouco húmidos ou<br />

secos são extremamente coesos,<br />

exigindo uma energia muito elevada<br />

para serem lavrados e o resultado<br />

final é a formação de<br />

grandes torrões. Se húmidos são<br />

muito difíceis de trabalhar e o resultado<br />

é a formação de leiva moldada<br />

e, por isso, pouco fragmentada.<br />

Em ambas as situações o trabalho<br />

realizado é deficiente, não<br />

tendo sido atingidos os objectivos<br />

teóricos imputados às técnicas de<br />

mobilização do solo.<br />

Sendo um solo argiloso com argilas<br />

expansíveis, apresenta elevado<br />

fendilhamento quando pouco<br />

húmido ou seco. Estamos na presença<br />

de um solo com capacidade<br />

de se auto-mobilizar pelo mecanismo<br />

natural de humedecimento<br />

e secagem do solo, induzidos<br />

pelo clima.<br />

Num solo de textura arenosa –<br />

arenossolos - como os do pinhal<br />

de Leiria ou outros derivados de<br />

arenitos, os quais não são nem<br />

plásticos nem pegajosos, o comportamento<br />

à ruptura é distinto<br />

dos argilosos. São solos de muito<br />

fácil mobilização.<br />

Vale a pena charruar ou subsolar<br />

um solo arenoso?<br />

Em primeiro lugar, um solo arenoso<br />

é constituído por grãos de<br />

areia mais ou menos soltos e com<br />

uma percentagem de macroporos<br />

(poros visíveis a olho nu) muito<br />

elevada. É através deles que as raízes<br />

da vinha crescem e se desenvolvem<br />

à procura da pouca água<br />

e nutrientes que este solo retém.<br />

Se mobilizados apenas com o objectivo<br />

de afofar o solo, o resultado<br />

é fugaz devido ao assentamento<br />

natural dos grãos de areia. Nenhum<br />

benefício para a planta daí<br />

advém. Portanto, pura perda de<br />

dinheiro. Saliente-se que a prepa-<br />

FÁBRICA DE TUBOS INVERNADERO PARA TODO O TIPO DE PLANTAS<br />

Tanto o tubo invernadero micropefurado, como o tubo Liso FORTETUB é uma peça única<br />

e rígida, permite poupanças de até 70% em sua instalação.<br />

FORTETUB é biselado e com camada dupla produzindo um efeito de microclima, evitando<br />

ramificações em seu interior. FORTETUB é muito eficaz contra herbicidas e roedores.<br />

ração do terreno pode atingir 20<br />

a 30 por cento do custo total da<br />

instalação.<br />

Outros exemplos teóricos e<br />

práticos, demonstrativos da inutilidade<br />

das operações de mobilização<br />

profunda do solo e dos<br />

prejuízos causados no padrão de<br />

distribuição das raízes da videira<br />

em profundidade, podiam ser<br />

aqui citados.<br />

Tudo isto acontece porque os<br />

decisores, ao optarem pela mobilização<br />

profunda do solo, não<br />

tiveram em linha de conta o tipo<br />

de solo e as características do sistema<br />

radicular da vinha. Além do<br />

mais, ninguém se preocupa em<br />

verificar se o resultado daquele<br />

trabalho está em correspondência<br />

com os objectivos pretendidos.<br />

Bastaria, no início do processo<br />

de preparação do solo, cavar<br />

uma vala perpendicular ao sentido<br />

de trabalho das máquinas, observar<br />

e diagnosticar com ferra-<br />

24


25<br />

ESPECIAL<br />

vinha<br />

Foto 4A: Solo lavrado com reviramento de camadas de solo. O material de<br />

cor acinzentada, proveniente da rocha podre, atinge a superfície do solo.<br />

Esta apresenta-se compacta na espessura 0,1 a 0,2m. Um exemplo do que<br />

nunca deveria acontecer, mas que infelizmente é dos mais frequentes nos<br />

vinhedos de norte a sul do Pais.<br />

Foto 4B: Solo lavrado a 0,8 m de profundidade com inversão de camadas: cor<br />

escura – solo argiloso; cor cinzenta clara – carbonato de cálcio secundário.<br />

Vinha com 20 anos.<br />

mentas e critérios específicos a<br />

qualidade do trabalho realizado.<br />

Muito poucos decisores se dão ao<br />

trabalho de confrontarem os objectivos<br />

específicos da mobilização<br />

com a qualidade do trabalho<br />

realizado pelas máquinas. Ficamse<br />

quase sempre pela observação<br />

do sucesso da plantação, esquecendo-se<br />

que o tempo de vida<br />

útil desta é longo. Também não<br />

fazem o prognóstico do comportamento<br />

do solo quanto à evolução<br />

imediata da compactação, infiltração<br />

da água e erosão hídrica,<br />

por exemplo.<br />

Das muitas dezenas de vinhas<br />

adultas estudadas pelo autor destas<br />

notas, poucas foram as situações<br />

em que o diagnóstico foi positivo<br />

acerca da influência das técnicas<br />

de preparação do solo sobre<br />

o crescimento radicular e a alimentação<br />

hídrica da videira. Os<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

aspectos mais negativos são:<br />

• Inutilidade da mobilização profunda,<br />

porque as raízes da videira<br />

ocupam sem dificuldade<br />

as camadas não afectadas pela<br />

mobilização atingindo os 3 a 4<br />

m de profundidade, como nos<br />

mostra a figura 1;<br />

• Quando, com a lavoura, se formam<br />

grandes torrões/blocos de<br />

terra compacta as raízes da videira<br />

agrupam-se nas zonas porosas<br />

localizadas entre blocos<br />

sem conseguirem penetrar nestes.<br />

O fundo de lavoura impede<br />

o normal crescimento das raízes<br />

em profundidade e em muitas<br />

situações dificulta o normal humedecimento<br />

das camadas profundas,<br />

durante o Inverno. Solo<br />

compacto e encharcado como<br />

o da foto 6;<br />

• Reviramento com inversão de<br />

camadas de solo, com colocação


ESPECIAL<br />

vinha<br />

Foto 5: Solo franco-limoso não expansível, bastante profundo, subsolado a<br />

1m, seguido de lavoura a 0,3m e gradagem superficial. Trabalho realizado há<br />

menos de um mês. Os torrões até 1m apresentam porosidade fechada, i.e.,<br />

sem poros visíveis a olho nú. Os torrões entre 1 e 1,5m, não afectados pelas<br />

técnicas de mobilização são moderadamente porosos com poros finos e<br />

médios. Mais um exemplo de trabalho inútil, com custos económicos elevados,<br />

com consequências ambientais e para a vinha a instalar bastante negativas.<br />

Foto 6: Solo muito compactado e de má drenagem interna, lavrado a 0,9 m<br />

com charrua. A videira na fase activa não resiste ao encharcamento.<br />

Mortalidade muito elevada no terreno em redor deste pedone.<br />

Foto 7A: Vinhedo em solo pedregoso da região francesa de Chateau – Neuf<br />

du Pape - Avignon<br />

Foto 7B: Perfil pedolitológico do solo. Topografia aplanada e elevada pedregosidade.<br />

Observa-se como o sistema radicular da vegetação nativa (bosque)<br />

perfura o material litológico.<br />

à superfície de material pobre<br />

e altamente propenso à erosão<br />

hídrica, quando o material mais<br />

rico e, por vezes, compactado é<br />

colocado no fundo da cova, como<br />

nos mostra as fotos 4A e 4B;<br />

• Fragmentação esmiuçada do solo<br />

com destruição dos macroporos<br />

e quebra das ligações (poros<br />

biológicos) entre as camadas sobre<br />

e subjacentes. O afofamento<br />

dos primeiros 20 a 30 cm de<br />

solo desaparece rapidamente<br />

por acção compactiva das chuvas<br />

e das máquinas. Sem macroporos<br />

a drenagem é má e o solo<br />

encharca e torna-se altamente<br />

propenso à erosão hídrica, como<br />

o da foto 5.<br />

Peça ajuda<br />

a um especialista<br />

Antes de se decidir sobre o tipo<br />

de mobilização a realizar no seu<br />

terreno solicite a um “expert” na<br />

matéria o estudo dos solos, em cujo<br />

relatório deverá constar a caracterização<br />

pedológica e o diagnóstico<br />

dos factores físicos e/ou<br />

químicos limitativos do normal<br />

desenvolvimento da vinha e a<br />

apresentação de soluções viáveis<br />

e económicas.<br />

Suponhamos que o horizonte<br />

superficial do solo (0-0,3 m) se<br />

apresenta bastante compacto. A<br />

solução está em romper o solo<br />

com duas passagens cruzadas de<br />

ripper, com a distancia mínima entre<br />

dentes (< 0,5 m) e à profundidade<br />

média de 0,35 m. Aproveite<br />

este trabalho de mobilização para<br />

incorporar estrumes, adubos e,<br />

sempre que se justifique, para corrigir<br />

o pH do solo adicionando calcário<br />

moído. As quantidades têm<br />

que ser definidas caso a caso. A<br />

neutralização da acidez dos solos<br />

faz-se com calcário (CaCO3) ou dolomite<br />

CaMg(CO3)2 e não com gesso<br />

(CaSO4). Este último só se aplica<br />

nos solos sódicos.<br />

Se o horizonte subjacente (0,3-<br />

0,8 m) ao superficial for argiloso<br />

(> 40% de argila), acontece uma<br />

de duas coisas: ou a argila é expansível,<br />

i.e., fendilha, e a estru-<br />

tura é má; ou, a argila é pouco expansível<br />

e a estrutura é igualmente<br />

má. Em ambas as situações o<br />

trabalho do solo (lavoura ou subsolagem)<br />

não adianta nada, porque,<br />

no primeiro caso, o fendilhamento<br />

natural garante a passagem<br />

das raízes e, no segundo caso,<br />

qualquer efeito positivo da<br />

mobilização será temporalmente<br />

fugaz. São necessárias outras<br />

soluções técnicas:<br />

• Adaptar o terreno (no caso de<br />

topografia aplanada) de modo<br />

a garantir uma boa drenagem<br />

externa e evitar o encharcamento<br />

durante o período húmido;<br />

• Investir na melhoria das condições<br />

físicas e nutricionais do solo superficial,<br />

o que dá à videira boas<br />

condições no início do ciclo vegetativo.<br />

Após meados de Maio as<br />

raízes finas têm condições para<br />

se desenvolver a partir das poucas<br />

ou mesmo raras raízes grossas<br />

que penetram em camadas<br />

aparentemente inacessíveis.<br />

Muitos outros exemplos podiam<br />

ser apresentados, caso o espaço<br />

disponível fosse suficiente.<br />

O tema aqui tratado é polémico<br />

e muito pouco discutido entre<br />

nós. Tem prevalecido a força da<br />

tradição ou a adaptação de métodos<br />

de intervenção no terreno radicais.<br />

Estes últimos com custos<br />

económicos e ambientais elevadíssimos.<br />

Não fiquem os senhores leitores<br />

a pensar que o autor destas linhas<br />

é um “fundamentalista” da<br />

não mobilização. Preparação do<br />

terreno para a instalação da vinha,<br />

“sim”, sempre que os resultados<br />

sejam positivos, de baixo custo e<br />

ambientalmente sustentáveis.<br />

Como exemplo positivo de preparação<br />

do solo para a instalação<br />

da vinha deixo ao leitor o exemplo<br />

dos “terroirs” vitícolas de Chateau<br />

– Neuf du Pape – Avignon – França<br />

(fotos 7A e 7B). A intervenção<br />

em terrenos de elevada pedregosidade<br />

é feita de modo a criar à superfície<br />

um ambiente altamente favorável<br />

à vinha, tanto do ponto de<br />

vista térmico como hídrico. <br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

26


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que têm de perdurar ao longo de muitas gerações e que devem ser trabalhados<br />

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viticultores e olivicultores de Portugal. As máquinas de vindimar New Holland<br />

dispõem da melhor tecnologia para garantir uma colheita perfeita, tratando<br />

com o máximo respeito o produto e a planta. Dotados da máxima<br />

manobrabilidade e visibilidade, os tractores especiais de rodas e de rastos<br />

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nas condições mais difíceis, com o menor impacto ambiental devido aos seus<br />

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vinha<br />

Genética revoluciona<br />

detecção de leveduras<br />

O ENOCHIP é um novo instrumento de detecção<br />

rápida e precoce das leveduras vínicas,<br />

desenvolvido pelo Centro de Investigação<br />

em Biotecnologia (Biocant) em parceria com<br />

a Adega Cooperativa de Cantanhede.<br />

Melhorar a produção de uva<br />

e vinho da casta Baga é o<br />

objectivo de uma parceria<br />

criada, há três anos, entre a Adega<br />

Cooperativa de Cantanhede e<br />

o Centro de Investigação em Biotecnologia<br />

(Biocant), sedeado em<br />

Catanhede. A Baga é uma casta<br />

autóctone da Bairrada, cuja produção<br />

representa cerca de 80 por<br />

cento dos vinhos da região, e que<br />

o sector deseja preservar. “Temos<br />

que apostar no que é típico da região<br />

e que faz a diferença”, disse<br />

José Salgueiro, presidente da<br />

direcção da adega de Cantanhede,<br />

produtora de seis milhões de<br />

litros de vinho por ano.<br />

Uma das vertentes mais avançadas<br />

da parceria é a criação de<br />

Uva paga por estado sanitário<br />

um método rápido e fiável para<br />

detecção precoce das leveduras vínicas<br />

(Brettanomyces/Dekkera bruxulensis,<br />

Zygosaccharomyces bailii,<br />

Acetobacter aceti, etc), que surgem<br />

durante o processo de fermentação<br />

do vinho e podem comprometer<br />

a sua qualidade. O ENO-<br />

CHIP substitui os métodos de<br />

microbiologia tradicional e permite<br />

fazer detecção precoce das leveduras<br />

em apenas algumas horas.<br />

“É extraído ADN de tudo o<br />

que esteja presente numa amostra<br />

de vinho e, como cada microorganismo<br />

tem sequências únicas<br />

de ADN, é-nos possível, sem nunca<br />

ver o microorganismo, fazer a<br />

sua identificação e alertar a adega<br />

para a presença de leveduras<br />

A Adega Cooperativa de Cantanhede adquiriu um espectofotómetro<br />

– Wine Scan FT 120 – para avaliar o estado sanitário das<br />

uvas recebidas na adega. Este será um novo critério de pagamento<br />

da uva aos associados (além da relação grau alcoólico/kg), já<br />

este ano. O aparelho faz a detecção de podridão cinzenta, podridão<br />

ácida, actividade fermentativa<br />

e actividade bacteriana<br />

no mosto, através de luz infravermelha.<br />

Também analisa diversos<br />

parâmetros do vinho -<br />

como pH, acidez, ácido tartárico<br />

e málico, polifenóis, antocianinas,<br />

potássio, entre outros.<br />

O mosto e o vinho são filtrados<br />

e analisados em apenas alguns<br />

segundos<br />

no vinho”, explicou Catarina Gomes,<br />

investigadora da Unidade de<br />

Genómica do Biocant.<br />

Fermentos vínicos<br />

para a Baga<br />

Outra componente da colaboração<br />

entre as duas entidades é o<br />

desenvolvimento de fermentos vínicos<br />

adaptados à Baga, que possam<br />

substituir o fermento industrial,<br />

optimizado para castas internacionais.<br />

“Não tinha havido até<br />

agora um aperfeiçoamento das<br />

questões ligadas à fermentação<br />

da Baga … precisamos de uma super-levedura<br />

que fermente com<br />

pH baixo e temperaturas elevadas,<br />

mas que seja versátil na fermentação<br />

de vinhos de várias castas”,<br />

admitiu Tiago Machado, e-<br />

ENOCHIP detecta Acetobacter<br />

aceti, levedura responsável pela<br />

transformação do vinho em vinagre<br />

A detecção precoce de leveduras<br />

vínicas é fundamental para a qualidade<br />

do vinho<br />

nólogo da Adega Cooperativa de<br />

Cantanhede.<br />

O primeiro passo é a identificação,<br />

nas vinhas da Bairrada, dos microorganismos<br />

responsáveis pela<br />

fermentação e que mais facilmente<br />

se adaptem às propriedades da<br />

Baga. A equipa do Biocant já identificou<br />

e caracterizou 2500 microorganismos<br />

fermentadores e tem<br />

outros tantos em mãos. Até agora,<br />

conseguiu 200 fermentos da<br />

Bairrada geneticamente diferentes<br />

entre si. O objectivo é chegar a<br />

20 potenciais bons fermentadores<br />

da Baga, que serão usados em micro-vinificações<br />

na Adega Cooperativa<br />

de Cantanhede, na campanha<br />

de 2009. Uma vez identificado<br />

o fermento ideal para os vinhos<br />

da região, o passo seguinte será a<br />

produção em larga escala.<br />

O Biocant tem ainda a seu cargo<br />

o estudo da variabilidade genética<br />

da Baga. Conhecidos todos<br />

os clones presentes nas vinhas da<br />

região, será feita a sua correlação<br />

com a produtividade das vinhas e<br />

qualidade dos vinhos. Uma informação<br />

que ajudará a escolher os<br />

clones mais adaptados aos diferentes<br />

terroirs (tipo de solos, inclinação<br />

do terreno, forma de condução,<br />

etc). <br />

Padrão de DNA de levedura vínica<br />

isolada na casta Baga<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

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ESPECIAL<br />

vinha<br />

Monitorização da água<br />

e balanço hídrico<br />

Por: Carlos Arruda Pacheco; Ana Costa Dias (ISA)<br />

Em matéria de monitorização e de quantificação das<br />

necessidades em água da vinha, senhor viticultor ou<br />

técnico aqui fica o meu conselho: trabalhe, compare,<br />

aperfeiçoe e ajuste ao seu “terroir” a informação<br />

fornecida com base no solo, no clima e na planta.<br />

<br />

Por monitorização entendase<br />

o acompanhamento da<br />

variação da água na atmosfera,<br />

na planta ou no solo, para<br />

fins de aconselhamento. A monitorização<br />

do estado hídrico da<br />

vinha com vista à quantificação<br />

das suas necessidades em água, ao<br />

longo do ciclo vegetativo, pode<br />

ser abordada na dupla perspectiva<br />

da investigação e do utilizador.<br />

Métodos e equipamentos<br />

usados<br />

em investigação<br />

• Métodos micrometeorológicos<br />

que quantificam, com sensores<br />

ultrasónicos, a tensão de vapor<br />

de água sobre o coberto das<br />

plantações e indirectamente a<br />

evapotranspiração, como por<br />

exemplo, o das flutuações instantâneas.<br />

Outros, baseando-se nos<br />

elementos climáticos (radiação,<br />

temperatura, etc.), quantificam<br />

Foto 1 – Camâra de Scholänder<br />

a energia disponível e estabelecem<br />

relações entre esta e a água<br />

libertada pelo sistema solo-planta.<br />

Por exemplo, o modelo de<br />

Penman-Monteith, utilizado na<br />

quantificação da evapotranspiração<br />

de referência (ETo) de uma<br />

cultura de prado bem abastecida<br />

em água e desenvolvida;<br />

• Na planta podem ser utilizados<br />

diversos métodos: os dos impulsos<br />

e/ou balanço e/ou dissipação<br />

do calor medem o fluxo de seiva<br />

que atravessa os vasos xilémicos<br />

do caule da planta; o dendométrico<br />

mede a variação do<br />

diâmetro do tronco; o termográfico<br />

mede o espectro da temperatura<br />

da folha, e ainda, o da<br />

câmara de pressão de Scholander<br />

(foto1) mede o potencial hídrico<br />

da folha (f);<br />

• No solo medimos o teor em<br />

água mássico (kg.kg -1 ) ou volúmico<br />

(m 3 .m -3 ) ou a energia (ge-<br />

ralmente expressa em unidades<br />

de pressão bar ou pascal), com<br />

que o solo retém a água. Entre<br />

os métodos indirectos temos: o<br />

da sonda de neutrões, baseado<br />

no amortecimento da velocidade<br />

das partículas neutrónicas pelos<br />

átomos de hidrogénio da<br />

água; do TDR (Time domaine reflectrometry),<br />

baseado na influência<br />

da água do solo na velocidade<br />

de propagação de impulsos<br />

electromagnéticos através<br />

de pontas metálicas; os capacitivos,<br />

baseados na influência<br />

da água na resistividade do<br />

solo à propagação de ondas<br />

electromagnéticas. São exemplos<br />

destes últimos as sondas das<br />

marcas Enviroscan, Diviner; Delta-T<br />

(foto 2), etc. A energia com<br />

que o solo retém a água tanto<br />

pode ser medida no laboratório,<br />

pelo método das placas de<br />

pressão de Richards, como no<br />

campo pelos tensiómetros.<br />

Todos os equipamentos apresentam<br />

vantagens e inconvenientes.<br />

Uns são mais representativos,<br />

precisos e fiáveis do que outros.<br />

Por exemplo, o método neutrónico<br />

é de todos o mais representativo,<br />

porque a leitura que registamos<br />

refere-se ao valor médio do<br />

teor em água volúmico (Hv) de<br />

uma esfera de solo de raio, variando<br />

entre 20 e 50 cm, este em função<br />

da maior ou menor humidade<br />

do solo. As sondas capacitivas<br />

dão-nos o Hv de um elipsóide cujo<br />

eixo maior é cerca de 20cm e<br />

o menor de 5cm, ou seja, a onda<br />

electromagnética penetra pouco<br />

no interior do solo, por isso as leituras<br />

são menos representativas e<br />

muito influenciáveis pela boa ou<br />

má instalação dos tubos. As leituras<br />

dos tensiómetros reportam-se<br />

ao volume de solo mais próximo<br />

do bolbo de porcelana.<br />

PS: O valor indicado no manómetro<br />

do tensiómetro (L) não corresponde<br />

directamente ao potencial<br />

mátrico (m) da água do solo à<br />

profundidade a que se encontra<br />

o bolbo de porcelana. Se o manómetro<br />

estiver à altura da superfície<br />

do solo devemos subtrair a<br />

profundidade a que se encontra<br />

o ponto médio daquele. Exemplo:<br />

L=10cb=100cm; prof. do bolbo<br />

=30cm; o m=-70cm=-7cb.<br />

Métodos aplicados<br />

pelo utilizador<br />

Podem ser usados “per se” ou<br />

em simultâneo para quantificar o<br />

consumo ou as necessidades em<br />

água da vinha. Os especialistas,<br />

com base nos elementos climáticos<br />

diários, estimam através de<br />

modelos, a evapotranspiração potencial<br />

(ETP) ou de referência<br />

(ETo). Através da experimentação<br />

sabemos os coeficientes culturais<br />

(Kc) a aplicar à vinha nas diferentes<br />

fases do ciclo vegetativo. Deste<br />

modo podemos estimar as necessidades<br />

em água da vinha. Se,<br />

por exemplo, a ETo de um dia hipotético<br />

do mês de Junho for de<br />

8 mm (8L/m 2 ) e se o Kc for igual<br />

a 0,6, este variável com a superfície<br />

foliar da cultura, estimamos<br />

o consumo diário em água da vinha<br />

multiplicando 8 mm x 0,6=4,8<br />

mm, ou seja, 4,8 L/m 2 . Se a vinha<br />

for regada e apresentar um compasso<br />

3x1 metros, o sistema for a<br />

gota-a-gota, com gotejadores distanciados<br />

de 1 m e débito 3L/h,<br />

para satisfazer as necessidades<br />

diárias em água da vinha são ne-<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

30


31<br />

Foto 2: Sonda Delta T<br />

cessários 4,8 L/m 2 x 3 m 2 =14,4 L, o<br />

que corresponde a 14,4 L/3.L.h -1<br />

=4,8 horas de funcionamento dos<br />

gotejadores.<br />

Este tipo de cálculo pode ser<br />

executado em segundos ou mesmo<br />

automaticamente e disponibilizado<br />

“on line” pelos serviços<br />

oficiais (exemplo: ver COTR-www.<br />

cotr.pt) em tempo real.<br />

Sobre este assunto, a grande<br />

questão que se coloca é de sabermos<br />

se dispomos já de Kc aferidos<br />

para as diferentes regiões vitícolas<br />

do País e, ainda, se para uma mesma<br />

região aplicamos o mesmo Kc<br />

independentemente da técnica cultural<br />

de manutenção do solo, do<br />

sistema de condução da vinha, da<br />

casta em questão, etc. Infelizmente,<br />

os valores de Kc disponíveis são<br />

apenas indicativos, devendo ser<br />

ajustados a cada local e objectivos<br />

específicos de cada produtor. Isto<br />

tudo, sem esquecer que a rega a<br />

aplicar em vinha é sempre deficitária<br />

e este último conceito tem<br />

muitas mais implicações.<br />

Câmara de pressão<br />

de Scholander<br />

Para avaliarem a condição de<br />

conforto ou de stress hídrico da<br />

planta, os viticultores ou os técnicos<br />

recorrem com a periodicidade<br />

adequada a medições do f, atra-<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

vés da câmara de pressão de Scholander.<br />

O modo de operar com este<br />

aparelho é simples: a tampa movível<br />

da cavidade onde introduzimos<br />

a folha (limbo) e o gás (azoto)<br />

sobre pressão apresenta um orifício<br />

pelo qual fazemos passar o<br />

pecíolo para o exterior. O gás (azoto)<br />

é introduzido na câmara, estanque,<br />

de forma progressiva, até ao<br />

momento em que observamos o<br />

aparecimento de uma bolha de<br />

água no pecíolo. A pressão indicada<br />

pelo ponteiro do manómetro,<br />

no momento do aparecimento da<br />

gota de água, corresponde à pressão<br />

de equilíbrio entre a água no<br />

xilema e o gás na câmara.<br />

Se, por exemplo, registarmos<br />

para uma mesma videira o f de<br />

folhas adultas, sãs e bem expostas,<br />

desde o nascer ao por do sol,<br />

observamos que as pressões (negativas<br />

por convenção) decrescem<br />

desde o nascer até ao meio-dia solar,<br />

iniciando depois uma progressiva<br />

recuperação até ao por do sol.<br />

Exemplo: -1bar às 5h, -2bar às 9h,<br />

-10bar às 11h, e -16bar às 14h<br />

(meio dia solar). Ou seja, o potencial<br />

é máximo antes do nascer do<br />

sol, designado por potencial de<br />

base (b) e mínimo ao meio dia<br />

solar. Aquele representa o potencial<br />

mais alto da camada de solo<br />

em exploração pelo sistema radi-<br />

cular da videira. Se, por exemplo,<br />

a videira extrair, num dado momento,<br />

a água entre os 0,3 e 1 m<br />

de espessura e a camada mais profunda<br />

se apresentar mais húmida,<br />

portanto com um potencial mais<br />

alto do que as restantes, então o<br />

b corresponde não ao potencial<br />

médio de toda a camada, mas ao<br />

da camada com maior potencial.<br />

O b varia entre -1bar e -12bar.<br />

Valores < -3 bar correspondem à<br />

condição de conforto hídrico e ><br />

-7bar de elevado stress hídrico. Os<br />

valores mínimos ao meio-dia solar<br />

variam com a idade da folha e<br />

exposição e situam-se no intervalo<br />

-12 a -18 bar.<br />

Medição da água<br />

no solo<br />

No solo, o teor em água medese<br />

recolhendo directamente amostras<br />

de solo com sonda de meia<br />

cana (foto 3) ou indirectamente<br />

com diversos tipos de aparelhos.<br />

No momento da recolha a amostra<br />

húmida é colocada em lata<br />

hermética, pesada e seca em estufa<br />

a 105º C até atingir peso<br />

constante, e de novo pesada. O<br />

quociente entre a massa de água<br />

perdida por secagem e a massa de<br />

solo seco dá-nos o teor em água,<br />

expresso em kg/kg, i.e. x kg de<br />

água por kg de solo seco. Exemplo:<br />

um solo argiloso, sem elementos<br />

grosseiros (e.g. Ø > 2mm), retém<br />

na condição de capacidade<br />

de campo(Ccc) 0,35 kg/kg, enquanto<br />

o arenoso na mesma con-<br />

ESPECIAL<br />

vinha<br />

dição retém apenas 0,06 kg/kg. Se<br />

queremos expressar estes mesmos<br />

valores em unidades volumétricas,<br />

temos que saber a massa volúmica<br />

(Mv), isto é, a massa de solo seco<br />

a 105º C por unidade de volume<br />

de solo na situação natural, de<br />

cada um destes solos. Para as condições<br />

anteriores ao solo argiloso<br />

estruturado corresponde, em média,<br />

uma Mv=1200kg/m 3 equivalente<br />

a 1,2 t/m 3 , e para o arenoso<br />

Mv=1700 kg/m 3 . A conversão<br />

do teor em água mássico para volúmico<br />

faz-se multiplicando, por<br />

exemplo, 0,35 kg/kg x 1,2<br />

t/m 3 =0,42 m 3 /m 3 e 0,06 kg/kg x1,7<br />

t/m 3 = 0,10 m 3 /m 3 .<br />

Dois conceitos<br />

importantes<br />

importa reter<br />

Na Ccc todos os microporos estão<br />

preenchidos com água e os<br />

macroporos foram esvaziados por<br />

drenagem devido às forças da gravidade;<br />

Na condição de coeficiente de<br />

emurchecimento permanente<br />

(Cce), o qual é atingido quando as<br />

raízes não conseguem extrair mais<br />

água do solo, porque a energia<br />

desenvolvida ao nível das folhas<br />

(processo da transpiração) e transmitida<br />

às raízes, iguala o estado<br />

energético da água no solo. Na<br />

condição de equilíbrio energético<br />

entre o solo e a raiz não há lugar<br />

à transmissão de água.<br />

A água disponível ou utilizável<br />

pelas plantas (Au) é pois a dife-


ESPECIAL<br />

vinha<br />

rença entre os teores em água nas<br />

condições de Ccc e de Cce. Os solos<br />

referidos apresentam em média<br />

os seguintes valores de Au: Argiloso<br />

=0,10 a 0,12 m 3 /m 3 e arenoso<br />

=0,03 a 0,05 m 3 /m 3 .<br />

Um solo argiloso com 1m de espessura<br />

armazena em média entre<br />

100 a 120 mm de água e o arenoso<br />

com igual espessura entre 30<br />

a 50 mm (1mm=1L/m 2 ).<br />

PS: para obter a água armazenada<br />

no solo expressa em altura de<br />

água equivalente (h) multiplique<br />

a Au pela espessura (E), ou seja, h<br />

= Au x E. Para passar de h em mm<br />

para m 3 /ha multiplique por 10.<br />

Exemplo: se h=30mm=30L/m 2 =<br />

300m 3 /ha porque 1ha=10.000 m 2<br />

X30/1000 m=300m 3 .<br />

Um solo diz-se argiloso porque<br />

apresenta mais de 40% (400g/kg)<br />

de argila na fracção do solo da<br />

terra fina (t.f. Ø 2 a 3%.<br />

Admitamos que a Au=0,12<br />

m 3 /m 3 do solo argiloso foi calculada<br />

pela diferença entre o teor em<br />

água a 0,33 bar e a 15 bar determinados<br />

no laboratório, na t.f., pelo<br />

método das placas de pressão<br />

de Richards. Se por hipótese a<br />

quantidade de e.g.=10% então o<br />

verdadeiro valor de Au baixa de<br />

0,12m 3 /m 3 para aproximadamente<br />

0,11m 3 /m 3 e a água útil armazenada<br />

por metro de espessura de solo<br />

passa dos 120 mm para 110 mm.<br />

É igualmente importante ter<br />

presente que o destinatário do balanço<br />

hídrico do solo são as plantas.<br />

Estas extraem a água do solo<br />

através do sistema radicular. A<br />

eficiência deste na absorção da<br />

água é tanto mais elevada quanto<br />

maior for a quantidade e melhor<br />

distribuídas estiveram as raízes.<br />

Conhecer o padrão de distribuição<br />

das raízes ao longo de todo<br />

o perfil pedolitológico é fundamental<br />

para se poder estimar a<br />

eficiência percentual das raízes relativamente<br />

à Au disponível por<br />

camadas. Exemplo: suponhamos<br />

que o sistema radicular da videira<br />

atinge num dado perfil os 3 m<br />

e que a eficiência radicular decres-<br />

Foto 3 – Sonda de meia-cana, maço e latas de alumínio para colheitas de<br />

amostras de solo<br />

ce em média 20% por cada 50cm<br />

de profundidade até aos 2,5 m e<br />

é igual a 5% nos últimos 50 cm.<br />

Se a Au para o primeiro metro for<br />

de 100 mm, para o segundo de 50<br />

mm e para o terceiro de 20 mm,<br />

teremos que o total da água extraída<br />

pela planta será igual a 118<br />

mm, i.e., dos 170 mm de Au potencial<br />

apenas extraíu 118 mm, o<br />

que representa uma eficiência média<br />

de 69,41%.<br />

Como estimar<br />

a reserva em água<br />

disponível (Au)<br />

do perfil<br />

pedolitológico?<br />

Em primeiro lugar, pedolitológico<br />

e não apenas pedológico<br />

porque a vinha explora as camadas<br />

profundas constituídas por rocha<br />

fissurada ou apodrecida e esta<br />

água é muito importante para<br />

a regularização do ciclo vegetativo<br />

em clima mediterrâneo. Em segundo<br />

lugar, não é possível termos<br />

uma viticultura de qualidade<br />

e de precisão sem atribuirmos<br />

ao solo o importante papel que<br />

desempenha.<br />

Posto isto, a caracterização morfológica<br />

dos pédones no campo é<br />

acompanhada da recolha de<br />

amostras dos perfis mais representativos.<br />

Estes são tratados e analisados<br />

em termos físicos e químicos.<br />

Da caracterização física consta<br />

a textura (percentagens de<br />

areia, limo e argila), os e.g., e as<br />

constantes de humidade a 0,33<br />

bar (ou 0,1 bar) e 15 bares, determinadas<br />

na t.f. O total da Au será<br />

igual ao somatório das Au de<br />

todos os horizontes e/ou camadas.<br />

Com base na percentagem de e.g.,<br />

corrigimos o valor para as condições<br />

do terreno. Conhecendo o<br />

padrão de distribuição radicular<br />

estimamos a sua eficiência e quantificamos<br />

a água efectivamente<br />

disponível para a planta.<br />

Uma alternativa ao método baseado<br />

nas constantes de humidade<br />

consiste em, no final do período<br />

húmido (Fevereiro, Março),<br />

amostrar o terreno por manchas<br />

homogéneas com uma sonda (foto<br />

3), a fim de obter os perfis médios<br />

do teor em água por manchas<br />

de solos na Ccc. Repetir este<br />

processo no final do Verão, e assim<br />

obtemos o perfil em água na<br />

condição de máxima dessecação<br />

(Cmd). A diferença entre os perfis<br />

médios húmido e seco, dá-nos o<br />

perfil de AU expresso em Kg.Kg-<br />

1. O resultado do somatório da<br />

contribuição de todas as camadas<br />

multiplicadas pelas respectivas espessuras<br />

e massas volúmicas corresponde<br />

à totalidade de AU armazenada,<br />

expressa em altura de<br />

água equivalente.<br />

Por último, se dispusermos de<br />

equipamento instalado no terreno<br />

e registos dos perfis hídricos ao<br />

longo do ciclo vegetativo facilmente<br />

calculamos a reserva em Au.<br />

O grande problema na caracterização<br />

hídrica dos solos está na<br />

sua elevada heterogeneidade e<br />

variabilidade espacial. São sempre<br />

necessários muitos perfis para<br />

termos um valor médio fiável.<br />

Dispormos apenas de dois ou três<br />

tubos de acesso a equipamento<br />

manual ou automático, quaisquer<br />

que sejam os métodos de medição<br />

ou marcas, é manifestamente<br />

pouco.<br />

Pelas razões expostas é que a<br />

complementaridade de métodos<br />

de diagnóstico do estado hídrico<br />

da videira é fundamental. Até<br />

porque alguns são mais expeditos<br />

e menos onerosos do que outros.<br />

Por exemplo, quase sempre não é<br />

possível dispormos de uma adequada<br />

caracterização hídrica dos<br />

solos. Neste contexto, o recurso à<br />

informação fornecida pela câmara<br />

de pressão é fundamental. O<br />

que não é correcto e pode induzir<br />

a erros de prognóstico grosseiros<br />

é considerar esta última técnica<br />

como auto-suficiente.<br />

A realidade de um “terroir” é<br />

apreendida de forma progressiva,<br />

ano após ano. E para a compreensão<br />

global do sistema, é fundamental<br />

cruzarmos a informação<br />

fornecida por processos e métodos<br />

diferentes. <br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

32


ESPECIAL<br />

vinha<br />

Míldio em Portugal,<br />

Espanha e França<br />

O míldio causou elevados prejuízos na vinha<br />

em Portugal, Espanha e França em 2007. O Outono<br />

seco não faz antever grande pressão da doença<br />

nesta campanha, mas é preciso estar vigilante.<br />

A Lusosem organizou dia 28<br />

de Fevereiro, em Gaia, um<br />

workshop sobre o míldio da<br />

vinha onde foi feito o balanço dos<br />

ataques da doença em Portugal,<br />

Espanha e França, na campanha<br />

passada, e apresentadas estratégias<br />

de luta.<br />

As chuvas e temperaturas elevadas<br />

do Outono de 2006 (um dos<br />

mais quentes desde 1996) e as chuvas<br />

ocorridas em Fevereiro e Junho<br />

de 2007 criaram condições<br />

ideais para o desenvolvimento da<br />

infecção em Portugal. Os primeiros<br />

sinais de míldio surgiram na vinha<br />

em Abril (com variações por região),<br />

mas foram as infecções secundárias<br />

de meados de Junho (as<br />

trovoadas e chuvas contínuas inesperadas<br />

favoreceram o desenvolvimento<br />

do fungo, que nesta fase demora<br />

poucos dias a incubar) que<br />

tornaram a situação incontrolável.<br />

Os viticultores que não haviam tratado<br />

até então, foram apanhados<br />

desprevenidos e não conseguiram<br />

tratar a vinha em tempo útil. No<br />

Douro, as perdas da produção atingiram<br />

os 18 por cento, segundo José<br />

Freitas, responsável pela Estação<br />

de Avisos do Douro.<br />

Em França, o panorama foi<br />

idêntico. A infecção teve particular<br />

incidência na parte atlântica<br />

(Bordéus, Charente e Vale do Loire),<br />

obrigando a realizar oito tratamentos<br />

por hectare, revelou<br />

Bernard Molot do Instituto Francês da Vinha e do Vinho disse que as resistências<br />

aos fungicidas vão agravar-se<br />

É importante estar alerta ao aparecimento dos primeiros sintomas<br />

de infecção e fazer tratamentos preventivos<br />

Bernard Molot, do Instituto Francês<br />

da Vinha e do Vinho e director<br />

da Estação de Nimes.<br />

Em Espanha, o míldio atacou zonas<br />

dispersas, com maior incidência<br />

na região de La Rioja. Apesar<br />

da gravidade dos ataques, os viticultores<br />

conseguiram controlar os<br />

estragos, graças ao vasto leque de<br />

fungicidas autorizados e ao aconselhamento<br />

do Grupo de Trabalho<br />

dos Problemas Fitossanitários da<br />

Vinha, explicou José Marín, coordenador<br />

deste grupo e chefe de<br />

Protecção das Culturas da Conselharia<br />

de Agricultura de La Rioja.<br />

Menos míldio<br />

em 2008<br />

2008 deverá ser um ano de menor<br />

pressão de míldio. O Outono<br />

seco não favoreceu o desenvolvimento<br />

de novos zoósporos, embora<br />

tenham persistido alguns nas vinhas<br />

desde a campanha passada.<br />

Na semana de 18 a 23 de Fevereiro<br />

já houve indicação de germinação<br />

de zoósporos nas vinhas, alertou o<br />

responsável pela Estação de Avisos<br />

do Douro. É importante estar vigilante<br />

aos alertas da Estações de Avisos<br />

e ao aparecimento dos primeiros<br />

sintomas de infecção e fazer tra-<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

34


35<br />

ESPECIAL<br />

vinha<br />

Mildicut- fungicida à base de ciazofamida<br />

A Lusosem apresentou o novo fungicida sistémico da Belchium,<br />

o Mildicut. Esta nova solução contra o míldio, à base de ciozofamida,<br />

actua interrompendo a actividade respiratória do fungo.<br />

Tem uma acção preventiva, anti-esporulante e efeito stop curativo,<br />

quando aplicado 24 a 48 horas após a infecção. Além de proteger<br />

os cachos, também protege os novos crescimentos, porque<br />

a ciozofamida consegue redistribuir-se nos órgãos da planta, e<br />

no Mildicut é formulada com um adjuvante que aumenta a sua<br />

mobilidade na planta, acompanhando o seu crescimento e desenvolvimento.<br />

Não apresenta resistências cruzadas e é recomendado<br />

em Protecção Integrada. Deve ser aplicado com intervalos<br />

de 12 a 14 dias, consoante a pressão do míldio, à dose de 4<br />

litros/hectare (400 ml/hl).<br />

tamentos preventivos. José Marín<br />

aconselhou a “fazer um tratamento<br />

no início da floração, de preferência<br />

com um produto sistémico,<br />

ainda que não exista risco de ataque”.<br />

Não lavrar durante a floração;<br />

encurtar o prazo de persistência<br />

recomendado (em dois dias)<br />

quando a pressão da doença é elevada;<br />

utilizar atomizadores e não<br />

realizar mais do que três tratamentos<br />

por ano com produtos sistémicos,<br />

para a evitar o aparecimento<br />

de resistências, foram outros conselhos<br />

do especialista espanhol.<br />

Resistências<br />

No futuro teremos cada vez mais<br />

resistências dos fungos às novas<br />

substâncias activas dos fungicidas,<br />

porque a nova geração de produtos<br />

actua apenas sobre uma parte<br />

do gene do fungo, alertou o director<br />

da Estação de Nimes. Bernard<br />

Molot apresentou os resultados da<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

monitorização realizada em todo<br />

o território francês, entre 2005 e<br />

2007, sobre as resistências do míldio<br />

a várias famílias de fungicidas.<br />

As vinhas francesas já apresentam<br />

alguns fenómenos de resistência ao<br />

cimoxanil, embora não consistentes,<br />

porque esta matéria activa é<br />

formulada em conjunto com outras;<br />

já com o QoI há um problema<br />

generalizado de resistência. No caso<br />

dos fungicidas à base de zoxamida<br />

(produto de contacto e mais<br />

recente) não foram ainda detectadas<br />

resistências.<br />

Molot revelou o plano de tratamentos<br />

contra o míldio aconselhado<br />

em França, baseado no<br />

princípio da alternância entre<br />

fungicidas: cimoxanil (não usar<br />

toda a campanha); anilidas (2 a 3<br />

tratamentos preventivos no início<br />

da campanha); CAA (3 tratamentos)<br />

e QoI (2 a 3 tratamentos<br />

preventivos). <br />

220 pessoas participaram no workshop sobre míldio organizado pela Lusosem


ESPECIAL<br />

vinha<br />

Quanto vale uma<br />

receita de pesticidas<br />

A prescrição de receitas de pesticidas ainda<br />

não é uma prática corrente em Portugal, mas<br />

tem vantagens óbvias para o viticultor.<br />

A Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo<br />

passa receitas há mais de 20 anos.<br />

Se fosse ao médico e ele lhe<br />

indicasse de boca os medicamentos<br />

que devia tomar,<br />

acharia no mínimo estranho! A receita<br />

escrita salvaguarda que tomará<br />

apenas o medicamento mais<br />

indicado à sua doença, não deixa<br />

dúvidas ao farmacêutico e responsabiliza<br />

o médico que a passou.<br />

Não acha que o mesmo se deveria<br />

passar com as suas plantas?<br />

Elas são seres vivos, sofrem de pragas<br />

e doenças e sem um tratamento<br />

adequado não produzem tanto<br />

ou tão bem como esperaria delas.<br />

A receita escrita, com o nome<br />

comercial do pesticida, a recomendação<br />

da dose, do número de tratamentos<br />

e do período do dia<br />

oportuno para os fazer, é um instrumento<br />

fundamental para o sucesso<br />

do controlo dos problemas<br />

fitossanitários da vinha.<br />

A Associação Técnica dos Viticultores<br />

do Alentejo (ATEVA) faz<br />

prescrição de receitas de pesticidas<br />

desde os anos 80 e os seus<br />

mais de dois mil associados estão<br />

satisfeitos com esta prática.<br />

“Acho importante que as recomendações<br />

sejam escritas, até<br />

porque mais tarde são arquivadas<br />

e servem de base para elaborar<br />

o caderno de campo … tenho<br />

certeza que os técnicos que cá<br />

vêm são competentes e empenhados”,<br />

afirmou João Gancho,<br />

viticultor do Redondo, proprietário<br />

de 24 hectares de vinha.<br />

Receitar um produto não por<br />

substância activa, mas por nome<br />

comercial e assumi-lo de forma escrita<br />

pode ser controverso, mas facilita<br />

a vida ao agricultor e ao distribuidor.<br />

“Isto deu algumas guerras,<br />

mas a responsabilização dos<br />

nossos técnicos é importante, porque<br />

os agricultores se sentem mais<br />

seguros”, explicou António Rosa,<br />

da equipa técnica da ATEVA.<br />

Protecção contra o GRANIZO<br />

34 anos de resultados • 500 instalações • 17 países<br />

Protecção de 80 hectares • Elimina o granizo a 95%<br />

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de ondas de choque iónicas<br />

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Tel./Fax +34 96 383 10 08 • Móvil + 34 609 642 629 • E-mail: spaggranizo@yahoo.es<br />

A ATEVA, que passa receitas<br />

escritas há mais de 20 anos,<br />

lamenta que a lei não responsabilize<br />

os prescritores<br />

José Rosa, viticultor<br />

de Évora, com sete<br />

hectares de vinha na<br />

freguesia da Senhora<br />

da Saúde, confessou<br />

que nem sempre segue<br />

o que é recomendado,<br />

mas admite<br />

que já se tem<br />

arrependido. Dá como exemplo o<br />

Dia de São Pedro, em 2007, em<br />

que choveu muito e teve recomendação<br />

para tratamento imediato<br />

contra o míldio, mas não o<br />

fez: “descuidei-me dois dias e foi<br />

o suficiente para não conseguir<br />

controlar a situação”. Outras vezes<br />

é o preço da marca recomendada<br />

que o inibe de cumprir as recomendações<br />

dos técnicos: “por<br />

vezes, se a marca recomendada é<br />

mais cara, tento comprar uma<br />

mais barata com a mesma subs-<br />

Radar<br />

automático<br />

de detecção<br />

da nuvem<br />

tância activa”. Em qualquer<br />

dos casos, para ele conta<br />

muito mais a experiência dos técnicos<br />

do que a forma escrita da recomendação.<br />

António Rosa da ATEVA lamenta<br />

que a legislação mais recente<br />

sobre venda e aplicação de pesticidas<br />

não contemple a figura do<br />

prescritor: “estamos à frente da<br />

legislação, porque no conceito de<br />

Venda Responsável é deixado de<br />

fora o papel do prescritor”. <br />

36<br />

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instalações<br />

na europa


37<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

ESPECIAL<br />

vinha<br />

Analise automática da<br />

qualidade da pulverização<br />

Spr@y_Image é um novo programa informático,<br />

desenvolvido pela Faculdade de Ciências da Universidade<br />

do Porto, que analisa de forma automática<br />

e objectiva a qualidade da pulverização em vinha.<br />

Os papéis hidrosensíveis<br />

(PHS) são usados há mais de<br />

30 anos para avaliar a quantidade<br />

de calda aplicada às plantas,<br />

sobretudo em vinha. Instalados<br />

junto aos cachos ou na folhagem,<br />

absorvem as gotas de calda,<br />

como uma impressão digital, dando<br />

ideia da forma como se distribui<br />

a pulverização pelas plantas.<br />

Eles são uma ferramenta de trabalho<br />

importante, uma vez que as<br />

técnicas de pulverização emergentes,<br />

baseadas em baixos volumes,<br />

são cada vez mais sensíveis a falhas<br />

operacionais, exigindo uma<br />

monitorização rigorosa e oportuna<br />

da qualidade da pulverização.<br />

Porém, a leitura dos PHS é feita<br />

através da observação, um processo<br />

demorado e gerador de<br />

erros de interpretação na contagem<br />

das gotas, sobretudo em ca-<br />

sos de sobreposição das gotas. Para<br />

contornar esta subjectividade<br />

de análise, Mário Campos Cunha<br />

e André Marçal, da Faculdade de<br />

Ciências da Universidade do Porto,<br />

desenvolveram um software<br />

que processa de forma rápida e<br />

automática as imagens dos PHS,<br />

dando informação rigorosa sobre<br />

a qualidade da pulverização. “O<br />

Spr@y_Image faz a contagem das<br />

gotas, classifica-as por diâmetro e<br />

analisa a homogeneidade da distribuição<br />

no papel. Tudo isto com<br />

o mínimo de intervenção do operador,<br />

que não precisa de ter grandes<br />

conhecimentos informáticos”,<br />

explicou Mário Campos Cunha à<br />

“Frutas, Legumes e Flores”.<br />

Mesmo em situações de elevados<br />

volumes de calda, com sobreposição<br />

das gotas, este software<br />

permite fazer uma leitura rigoro-<br />

Mário Campos Cunha (à dir.) e André Marçal (à esq.) ganharam o “Prémio Syngenta<br />

Inovação em Agricultura 2007 com o Spr@y_Image<br />

sa dos PHS. Será útil na testagem<br />

de técnicas de pulverização mais<br />

apropriadas a diferentes variantes<br />

introduzidas nos sistemas de condução<br />

da vinha; localização dos tratamentos;<br />

avaliação da eficácia de<br />

produtos fitofarmacêuticos no<br />

combate a pragas, doenças e infestantes<br />

e em estudos de impacto<br />

ambiental relacionadas com a pulverização.<br />

“Não existe no mercado<br />

uma ferramenta que faça leituras<br />

tão rigorosas nestas condições.<br />

A maior parte dos programas comercializados<br />

faz leitura pouco rigorosa,<br />

sobretudo quando existem<br />

muitas gotas e estão muito próximas<br />

… o Spr@y_Image dá resposta<br />

a uma necessidade muito concreta,<br />

com elevada aplicabilidade<br />

prática e o mínimo de intervenção<br />

do aplicador”, acrescentou.<br />

Interpretação via Net<br />

O agricultor faz a digitalização<br />

dos PHS, que posteriormente são<br />

interpretados pelo software instalado<br />

no computador, para produzir<br />

indicadores relacionados<br />

Os papéis hidrosensíveis<br />

serão<br />

substituídos por<br />

sensores digitais<br />

com comunicação<br />

via wireless<br />

com a qualidade da pulverização.<br />

Na posse da informação, o viticultor<br />

reajusta as condições de<br />

pulverização, nomeadamente a<br />

quantidade de gotas por cm 2 e o<br />

tamanho das gotas, consoante o<br />

objectivo que quer atingir. “Para<br />

agilizar o processo, estamos a desenvolver<br />

um sítio na Internet para<br />

onde podem enviar as imagens<br />

dos papéis e receber automaticamente<br />

a resposta”, revelou o investigador.<br />

O Spr@y_Image está ainda “em<br />

bruto” e o próximo passo é colocá-lo<br />

numa linguagem mais amigável,<br />

com manual de instruções.<br />

A dupla de investigadores aguarda<br />

a parceria de empresas interessadas<br />

em pôr esta ferramenta ao<br />

serviço dos agricultores. O software<br />

analisa a pulverização em qualquer<br />

cultura. Por exemplo, na aplicação<br />

de herbicidas residuais em<br />

culturas arvenses. Neste caso, os<br />

PHS são colocados sobre o solo e<br />

o software permite avaliar se está<br />

a ser feita uma boa cobertura,<br />

se há zonas com descontinuidades<br />

de aplicação, se o tamanho das<br />

gotas é o ideal, etc.<br />

Sensores digitais<br />

O próximo passo será integrar o<br />

Spr@y_Image com sensores digitais<br />

(substitutos dos PHS) com comunicação<br />

via wireless. Isto permitirá<br />

que todo o processo esteja automatizado,<br />

desde o envio de dados<br />

para o software, passando pela leitura<br />

das gotas e comando da pressão<br />

e caudal do pulverizador, através<br />

de uma consola instalada na<br />

cabina do tractor. A tecnologia já<br />

existe, basta integrá-la e estará<br />

criado um precioso instrumento de<br />

viticultura de precisão.


ESPECIAL<br />

vinha<br />

i-Farm - a exploração<br />

agrícola inteligente<br />

Por: Miguel de Castro Neto (mneto@agriciencia.com)<br />

O I-farm é uma plataforma tecnológica que integra<br />

sensores de monitorização e câmaras de vídeo<br />

sem fios e transmite a informação sobre a vinha em<br />

tempo real e com ligação remota.<br />

A agricultura de precisão começou<br />

nas culturas arvenses<br />

e na zootecnia de precisão,<br />

mas no futuro toda a agricultura<br />

praticada será de precisão. As decisões<br />

tomadas e acções praticadas<br />

serão realizadas num contexto de<br />

informação intensivo. Neste novo<br />

ambiente o factor crítico de sucesso<br />

residirá na capacidade de, suportado<br />

por repositórios de dados<br />

das mais diversas origens, natureza<br />

e formato, fornecer aqueles<br />

que, no momento oportuno e no<br />

formato adequado, serão informação<br />

e, na interacção com o empresário,<br />

se transformam em conhecimento<br />

e o apoiam nos seus<br />

processos de tomada de decisão.<br />

Neste contexto a Agri-Ciência<br />

lançou o projecto i-Farm, onde integra<br />

numa única plataforma tecnológica,<br />

instalada numa vinha,<br />

os mais recentes avanços tecnológicos,<br />

construindo um sistema de<br />

informação de suporte à exploração<br />

agrícola inteligente da sociedade<br />

da informação e do conhecimento.<br />

A i-Farm é um projecto<br />

financiado pelo Programa DEM-<br />

TEC da Agência de Inovação.<br />

i-Farm<br />

A i-Farm é suportada por um sistema<br />

de informação que integra<br />

múltiplas funcionalidades, acessí-<br />

texto publicitário<br />

veis num ponto de acesso único na<br />

Web, como sejam:<br />

• Sensores de monitorização sem<br />

fios para recolha de dados, nomeadamente:<br />

informação de<br />

contexto/ambiental (edáfica e<br />

climática) – temperatura do ar,<br />

temperatura à superfície do solo,<br />

humidade relativa do ar, humidade<br />

do solo, radiação solar,<br />

velocidade do vento, precipitação,<br />

etc; informação da planta<br />

(fito-sensores) - humectação, fluxo<br />

de seiva, variação do diâmetro<br />

do tronco, temperatura da<br />

folha, dimensão do fruto, etc.<br />

• Câmaras de vídeo/fotográficas<br />

sem fios para recolha de imagens<br />

e visitas virtuais à exploração;<br />

• Assistentes pessoais digitais, com<br />

ligação à Internet, para recolha<br />

de informação de campo e acesso<br />

directo, a partir do campo, ao<br />

repositório de conhecimento/sis-<br />

temas de apoio à decisão.<br />

• Cobertura sem fios da exploração<br />

(Wi-Fi, Wimax, mesh-networks,…)<br />

para suportar a recolha<br />

e transmissão em tempo real<br />

dos dados que estão a ser monitorizados<br />

e o acesso à Intranet<br />

e Internet a partir do campo;<br />

O factor crítico de sucesso da i-<br />

Farm será a interface que os seus<br />

“clientes”, os técnicos / empresários<br />

agrícolas, terão de utilizar para<br />

aceder ao conhecimento criado.<br />

Podem consultar em tempo<br />

real a informação que está a ser<br />

recolhida num determinado momento,<br />

visualizá-la sob diversas<br />

formas (gráficos, tabelas, SIG, fotografias,<br />

vídeos, etc.), quando tal<br />

se justifique. Este acesso é feito<br />

num interface amigável em ambiente<br />

Web, para duas plataformas<br />

distintas - computadores de<br />

secretária / portáteis e assistentes<br />

pessoais digitais. No caso dos<br />

PDAs, o acesso à Internet sem fios<br />

permitirá o acesso através da própria<br />

rede local sem fios da i-Farm,<br />

enquanto o técnico está a realizar<br />

a visita ao terreno.<br />

A i-Farm pode ainda ser ligada<br />

a sistemas de informação externos,<br />

permite o acesso a utilizadores<br />

externos (consultores), para<br />

acompanhamento remoto da<br />

evolução da vinha e das variáveis<br />

ambientais, culturais e edáficas<br />

que a suportam.<br />

Neste momento está instalada<br />

uma unidade de demonstração,<br />

com três ilhas de monitorização,<br />

numa vinha da Herdade da Pimenta,<br />

em São Miguel de Machede<br />

– Évora, sendo possível conhecer<br />

com maior detalhe este projecto<br />

em www.i-farm.pt. <br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

38


39<br />

avaliada numa base ampla, tendo<br />

em conta alguns aspectos relacionados<br />

não só com a uva, mas também<br />

com a vinha, como por exemplo<br />

o equilíbrio entre vigor e produção,<br />

a exposição dos cachos à<br />

luz, a incidência de doenças, o tamanho/peso<br />

do bago, etc.. Definir<br />

a qualidade das uvas de uma forma<br />

objectiva é uma tarefa difícil.<br />

Para tal é necessário complementar<br />

os índices tradicionais (grau<br />

ESPECIAL<br />

vinha<br />

Rega da vinha e composição<br />

fenólica das uvas<br />

Por: José Silvestre*, Isabel Spranger (Insti. Nac. Rec. Bio., ex-Estação<br />

Vitivinícola Nacional)<br />

A rega é uma ferramenta importante na gestão da<br />

composição fenólica das uvas, em particular no teor<br />

e perfil em antocianinas, polifenóis totais e taninos.<br />

<br />

O sector vitivinícola representa<br />

cerca de 14 por cento<br />

do Produto Agrícola Bruto<br />

(incluindo produção animal) e<br />

exporta cerca de 560 milhões de<br />

euros (1.6% do total das exportações<br />

portuguesas), valor que tem<br />

vindo a crescer de uma forma moderada,<br />

mas sustentável durante<br />

a última década. Para incrementar<br />

estas tendências e aumentar<br />

a competitividade deste sector<br />

é essencial promover a qualidade<br />

da produção.<br />

Em particular, os trabalhos efectuados<br />

na área das relações hídricas<br />

da vinha têm evidenciado que<br />

o uso racional da rega (rega deficitária)<br />

pode contribuir para melhorar<br />

a qualidade das uvas, factor<br />

indispensável para a produção<br />

de vinhos de elevada qualidade,<br />

sem contudo, comprometer a tipicidade<br />

destes. Uma gestão adequada<br />

da rega (sempre deficitária)<br />

visa corrigir situações de stress hídrico<br />

severo, estabelecendo uma<br />

carência hídrica moderada. Permite<br />

igualmente controlar o crescimento<br />

vegetativo e o vigor, estabilizar<br />

a produção, minimizar os<br />

custos ambientais (água e energia),<br />

mitigar quer os impactos negativos<br />

associados às situações cada<br />

vez mais frequentes de variabilidade<br />

climática (nomeadamente<br />

os períodos de seca), quer os efeitos<br />

das alterações climáticas previstas<br />

para as próximas décadas.<br />

Sendo a rega da vinha uma prática<br />

cultural relativamente recente<br />

no nosso País e na generalidade<br />

dos países europeus, verificase<br />

uma necessidade crescente de<br />

compreender os efeitos da rega<br />

no crescimento vegetativo da vinha,<br />

produção e, sobretudo, na<br />

qualidade da uva e do vinho.<br />

De uma forma geral, a qualidade<br />

das uvas para vinho pode ser<br />

A rega deficitária pode contribuir para um aumento do teor em antocianinas<br />

provável, acidez total, pH) com outras<br />

variáveis, tais como a prova<br />

organoléptica dos bagos (avaliando<br />

em particular as películas e as<br />

grainhas), a componente fenólica<br />

e até a componente aromática.<br />

Rega e composição<br />

fenólica<br />

Sendo a qualidade dos vinhos<br />

tintos fortemente dependente da<br />

respectiva composição fenólica, é


ESPECIAL<br />

vinha<br />

NÃO REGADO<br />

REGADO<br />

objectivo dos viticultores produzir<br />

uvas com uma composição fenólica<br />

que corresponda ao perfil<br />

pretendido pelos enólogos. Os<br />

compostos fenólicos existentes nas<br />

uvas incluem vários grupos de<br />

substâncias com propriedades físico-químicas<br />

e sensoriais diferentes.<br />

É o caso das antocianinas, proantocianidinas<br />

(taninos), flavonóis,<br />

ácidos fenólicos, etc. Entre outras<br />

características, são responsáveis<br />

pela cor do vinho e influenciam a<br />

estrutura do vinho (corpo, adstringência,<br />

secura, amargor, etc.).<br />

Além destas propriedades apresentam<br />

potenciais efeitos benéficos<br />

para a saúde do consumidor<br />

(captores de radicais livres, protecção<br />

cardiovascular, propriedades<br />

anti-carcinogénicas e anti-inflamatórias,<br />

entre outras).<br />

A biossíntese e acumulação dos<br />

compostos fenólicos na uva dependem<br />

principalmente da casta,<br />

exposição dos cachos à radiação,<br />

temperatura, vigor da vinha, tipo<br />

de solo, estado nutricional das vinhas,<br />

intensidade de stress hídrico,<br />

entre outros. Estes factores encontram-se<br />

interligados, dificultando<br />

a análise dos seus efeitos.<br />

Assim, vale a pena avaliar o efeito<br />

da rega na composição fenólica,<br />

em particular no teor e perfil<br />

em antocianinas, polifenóis totais<br />

e taninos. Para tal, importa ter em<br />

REGADO<br />

NÃO REGADO<br />

A rega alternada dos dois lados das linhas (Partial Rootzone Drying) estimula<br />

a síntese de ABA nas raízes, uma hormona que influencia a síntese fenólica<br />

consideração que a biossíntese dos<br />

diferentes compostos ocorre a fases<br />

distintas do desenvolvimento<br />

do bago. A acumulação das antocianinas<br />

nas películas começa ao<br />

pintor e atinge o máximo próximo<br />

da maturação, decaindo mesmo<br />

antes da maturação e durante<br />

a sobrematuração. Esta evolução<br />

permite usar o teor em antocianinas<br />

como indicador da maturação<br />

fenólica.<br />

Rega deficitária<br />

A rega deficitária pode contribuir<br />

para um aumento do teor em<br />

antocianinas devido principalmente<br />

a:<br />

1. síntese favorecida pela rega deficitária<br />

– quer em estudos laboratoriais,<br />

quer em ensaios de<br />

campo tem sido verificado que<br />

a biossíntese das antocianinas<br />

é sensível à intensidade do<br />

stress hídrico;<br />

2. diminuição do tamanho do bago<br />

– aumento da relação películas/volume<br />

do mosto, com o<br />

consequente aumento do teor<br />

em antocianinas;<br />

3. exposição dos cachos à radiação<br />

- o controle do vigor vai<br />

proporcionar uma exposição<br />

dos cachos à radiação, que favorece<br />

a síntese das antocianinas<br />

(em condições climáticas severas<br />

uma exposição excessiva<br />

das uvas pode aumentar a temperatura<br />

dos bagos, reduzindo<br />

a síntese de antocianinas);<br />

4. controlo hormonal – regas deficitárias<br />

estimulam a síntese de<br />

ácido abcíssico (ABA), hormona<br />

que, entre outros efeitos, favorece<br />

a acumulação das antocianinas.<br />

As proantocianidinas (taninos<br />

condensados) encontram-se localizadas<br />

essencialmente nas partes<br />

sólidas do cacho, película, grainha<br />

e engaço. Estes compostos podem<br />

ser encontrados quer na forma de<br />

monómeros (catequina, epicatequina<br />

e epicatequina galhato),<br />

quer na forma de oligómeros ou<br />

polímeros. A sua síntese ocorre sobretudo<br />

antes do pintor. As vias de<br />

biossíntese de proantocianidinas<br />

e antocianinas parecem ser reguladas<br />

independentemente, embora<br />

muitos passos enzimáticos sejam<br />

comuns. Há uma acumulação<br />

de catequinas e proantocianidinas<br />

durante a fase pré-pintor, quando<br />

a sintese das antocianinas ainda<br />

não começou. A diminuição de<br />

proantocianidinas na fase pós-pintor<br />

tem sido atribuída à formação<br />

de associações entre os taninos<br />

com outros componentes celulares,<br />

tais como polissacáridos das<br />

paredes das células, lenhinas e proteínas.<br />

Os dados existentes sobre<br />

a variação do grau médio de polimerização<br />

das proantocianidinas<br />

ao longo da maturação são ainda<br />

muito controversos. A composição<br />

em taninos das uvas pode influenciar<br />

as propriedades sensoriais dos<br />

vinhos e a estabilidade da cor dos<br />

vinhos. A síntese de taninos pode<br />

ser prejudicada por situações<br />

de stress hídrico severo antes do<br />

pintor. Por outro lado, situações<br />

de conforto hídrico (devidas por<br />

exemplo a regas excessivas) podem<br />

contribuir para a redução destes<br />

tipos de compostos nas uvas.<br />

A influência da rega deficitária<br />

na composição fenólica das<br />

uvas é complexa porque, além dos<br />

efeitos directos da rega na biossíntese<br />

fenólica, importa considerar<br />

os efeitos indirectos resultantes da<br />

alteração da actividade metabólica<br />

e hormonal da vinha. Por exemplo,<br />

uma rega deficitária de baixa<br />

frequência vai estimular a síntese<br />

de ABA. Esta hormona, além de influenciar<br />

directamente a síntese<br />

fenólica, regula vários processos<br />

nas plantas, salientando-se a redução<br />

das perdas de água por transpiração<br />

(controlo da abertura dos<br />

estomas) e o crescimento vegetativo<br />

(reduz a emissão de netas e<br />

estimula a paragem de crescimento),<br />

favorecendo a acumulação de<br />

açúcares no bago e o microclima<br />

do coberto (em particular na zona<br />

dos cachos), favorecendo a síntese<br />

de compostos fenólicos. Uma<br />

técnica de rega que tira proveito<br />

deste tipo de respostas é o PRD<br />

(Partial Rootzone Drying, dessecagem<br />

parcial da zona radicular). Esta<br />

procura estimular a síntese de<br />

ABA nas raízes regando alternadamente<br />

os dois lados das linhas.<br />

Ao contrário, regas excessivas vão<br />

promover o crescimento dos pampânos,<br />

aumentando a competição<br />

entre a produção e o crescimento<br />

vegetativo pelos produtos da fotossíntese.<br />

Em consequência, a<br />

acumulação de açúcares nos bagos<br />

pode ser mais lenta. O aumento<br />

do vigor pode originar um pior<br />

arejamento na zona dos cachos<br />

(maior susceptibilidade a doenças<br />

criptogâmicas), menor exposição<br />

dos cachos à radiação solar (reduzindo<br />

a síntese de antocianinas) e<br />

aumento do tamanho do bago<br />

(menor concentração de compostos<br />

fenólicos e percursores do aroma<br />

por efeito de diluição).<br />

Para dar resposta a estes aspectos<br />

a ex-Estação Vitivinícola Nacional<br />

participa em vários projectos<br />

de investigação, visando adequar<br />

estratégias de rega deficitária à<br />

produção de vinhos de qualidade<br />

e, tem protocolos com produtores<br />

para condução da rega e avaliação<br />

da sua influência na componente<br />

fenólica das uvas. <br />

*evn.jose.silvestre@mail.net4b.pt<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

40


ESPECIAL<br />

vinha<br />

Biosensores revolucionam<br />

análises de uva e vinho<br />

Esta campanha chega ao mercado um kit para<br />

análises à uva e ao vinho, que inova pela rapidez,<br />

fiabilidade e baixo preço.<br />

Dois doutorados em Química<br />

pela Faculdade de Ciência<br />

da Universidade de Lisboa<br />

constituíram uma empresa –<br />

Lumisense - que está a criar um<br />

novo kit de análises múltiplas, rápidas<br />

e fiáveis para uvas e vinho.<br />

O equipamento, que deverá estar<br />

pronto em Julho e custará entre<br />

1000 e 2000€, usa biosensores<br />

fabricados com um novo polímero.<br />

Trata-se de um plástico<br />

condutor de corrente eléctrica<br />

que emite luz na presença de enzimas<br />

e dos compostos que elas<br />

detectam. A luz emitida indica se<br />

determinado composto está presente<br />

na amostra de sumo de uva<br />

ou de vinho e em que quantidade<br />

existe.<br />

Até ao momento, a Lumisense<br />

desenvolveu sensores para detectar<br />

frutose, glucose, etanol, polifenóis,<br />

ácido láctico, ácido málico<br />

e enxofre, mas quanto o equipamento<br />

sair para o mercado existirão<br />

dois tipos de kits: um para<br />

análise de uva, que medirá numa<br />

só gota de sumo frutose, glucose,<br />

polifenóis e ácidos orgânicos e outro<br />

para vinho, que medirá etanol,<br />

polifenóis, ácido láctico, ácido<br />

málico e enxofre.<br />

A aposta da Lumisense é agregar<br />

os sensores e transformá-los<br />

num kit de análise simultânea de<br />

vários componentes, realizada de<br />

forma rápida, com elevada fiabilidade<br />

e a custo reduzido. Uma<br />

combinação que ainda não existe<br />

no mercado. “O nosso método<br />

tem uma validade semelhante aos<br />

kits enzimáticos, mas que são muito<br />

caros e necessitam de espectofetómetro”,<br />

explicou António Cascalheira,<br />

sócio da Lumisense, criada<br />

em parceria com o investigador<br />

Miguel Freitas.<br />

Hoje em dia, as análises são feitas<br />

com reagentes químicos, um<br />

processo fiável, mas demorado,<br />

ou através de refractómetro, uma<br />

forma rápida, mas pouco precisa.<br />

Por outro lado, um equipamento<br />

que realize um vasto conjunto<br />

de análises de rotina pode custar<br />

cerca de 60 mil euros. Orçamento<br />

fora do alcance dos pequenos<br />

e médios vitivinicultores.<br />

O equipamento da Lumisense<br />

será portátil e pouco maior do<br />

que um telemóvel, com três tipos<br />

de sensores: para 50, 100 e 500<br />

análises (um produtor médio precisa<br />

de fazer 3000 análises por<br />

campanha). Cada análise custará<br />

entre 0,50 a 0,75€. Os dados são<br />

de leitura imediata e transferíveis<br />

para o computador.<br />

A dupla de investigadores desenvolve<br />

agora o design e a parte<br />

electrónica do equipamento e<br />

procura o invólucro ideal. Entretanto,<br />

o protótipo está a ser testado<br />

com alguns vitivinicultores e<br />

“está disponível para ser validado<br />

com qualquer produtor de vinho<br />

interessado …quantos mais clientes<br />

de testes melhor”, garantiu<br />

António Cascalheira.<br />

Além dos produtores de uva e<br />

vinho, o kit poderá ser usado por<br />

António Cascalheira mostra o biosensor feito de um novo plástico que emite<br />

luz ao detectar determinado composto no vinho<br />

consultores de enologia, laboratórios<br />

de análises externas e comissões<br />

vitivinícolas. Num prazo<br />

de sete anos, a Lumisense pretende<br />

conquistar 5 mil clientes em<br />

Portugal e noutros países da Europa,<br />

bem como nos EUA, Nova<br />

Zelândia, Austrália, América<br />

Latina e África do Sul. O<br />

equipamento é aplicável<br />

a outros líquidos agroalimentares.<br />

<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

42


43<br />

Em pomares tradicionais sobre<br />

franco de cerejeira brava<br />

(P. avium) a densidade<br />

ronda as 200 árvores/ha (6 x 8 m),<br />

e sobre porta-enxertos semi-vigorosos<br />

(Maxma 14, Cab 11E, Gisela<br />

12, Weiroot 158) ela pode<br />

aumentar até 500 plantas/ha, mas<br />

os cavalos ananicantes (Gisela 5,<br />

Edabriz) permitem aumentar<br />

mais as densidades de plantação,<br />

atingindo valores superiores a<br />

2000 plantas/ha.<br />

A elevada intensificação cultural<br />

só é economicamente possível<br />

quando se utiliza porta-enxertos<br />

ananicantes, uma vez que nos vigorosos<br />

e semi-vigorosos é mais<br />

difícil e mais caro conter o crescimento<br />

das árvores. Nestes casos,<br />

a opção por compassos apertados<br />

torna as copas das árvores demasiado<br />

altas e densas, e dificulta a<br />

penetração da luz no interior e na<br />

parte basal das copas e das sebes,<br />

interferindo negativamente na<br />

quantidade e qualidade da cereja<br />

produzida, no rendimento das<br />

operações de colheita e poda, no<br />

controlo de doenças e pragas, etc.<br />

O recurso a porta-enxertos ananicantes,<br />

além de ter efeito marcante<br />

na contenção do crescimento<br />

das árvores, induz também a<br />

maior precocidade e abundância<br />

de floração e frutificação, de onde<br />

resultam melhorias substanciais<br />

da sua eficiência produtiva, e consequentemente,<br />

de rendimento<br />

para os produtores.<br />

Apesar de todas as vantagens<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

apontadas à utilização de portaenxertos<br />

ananicantes, convém não<br />

ignorar que a maiores produções<br />

e rendimentos estão associados<br />

acréscimos de risco económico. Estes<br />

porta-enxertos requerem maior<br />

investimento na sua instalação e<br />

cultivo, e um controlo eficaz de todos<br />

os parâmetros produtivos, desde<br />

a qualidade do solo à disponibilidade<br />

e assiduidade de fertirrigação,<br />

ao controlo de pragas e doenças,<br />

e exigem um bom apuramento<br />

das técnicas culturais, como<br />

as podas, mondas, etc., indispensáveis<br />

à criação e manutenção de<br />

um bom equilíbrio crescimento/produção.<br />

Esta relação influencia<br />

directamente o número de folhas<br />

por fruto, e a sua optimização<br />

conduz a bons crescimentos anuais<br />

e à produção de cerejas de bom calibre,<br />

que são as mais procuradas<br />

e melhor pagas pelo consumidor.<br />

Assim, o objectivo desta abordagem<br />

é mostrar o crescimento e<br />

a produção das cultivares de cerejeira<br />

Skeena e Sweetheart até à 4ª<br />

folha de pomar (5º ano de vida das<br />

árvores), num local com boas condições<br />

edafoclimáticas para a cultura,<br />

sob o efeito dos porta-enxertos<br />

Maxma 14, Edabriz e Gisela 5,<br />

e quatro densidades de plantação.<br />

Experimentação<br />

sobre densidades<br />

de plantação<br />

Apresentamos aqui resultados<br />

de um dos quatro ensaios, implantados<br />

em Março de 2003, no âm-<br />

bito do projecto AGRO 86, da Medida<br />

1, Acção 1 do Programa de<br />

Apoio ao Desenvolvimento da<br />

Agricultura Portuguesa, financiado<br />

pelo FEDER do III Quadro Comunitário<br />

de Apoio.<br />

O ensaio situa-se na Freguesia<br />

da Portela, concelho de Vila Real,<br />

e compreende as cultivares Sweetheart<br />

e Skeena, enxertadas em<br />

Edabriz, Gisela 5 e Maxma 14;<br />

uma terceira cultivar, Regina, foi<br />

usada só numa parte do ensaio,<br />

apenas com o porta-enxerto Edabriz,<br />

como substituição da Sweetheart<br />

em Edabriz, pelo facto des-<br />

cultivo<br />

pomares<br />

Alta densidade de<br />

plantação em cerejeira<br />

Por: Alberto Santos e Rosalina Santos-Ribeiro*<br />

Os cavalos ananicantes de cerejeira aumentam<br />

o rendimento do pomar, mas requerem maior investimento<br />

na instalação e cultivo e um controlo eficaz<br />

de todos os parâmetros produtivos.<br />

<br />

ta última combinação ter sido considerada<br />

demasiado frágil para o<br />

local, por os solos serem relativamente<br />

pobres e haver algumas limitações<br />

de água para rega.<br />

A largura de entrelinhas é de<br />

5,5 metros, e as distâncias entre<br />

plantas na linha são de 70, 140,<br />

210 e 280 cm, a que correspondem<br />

densidades aproximadas de<br />

2600, 1300, 860 e 650 plantas por<br />

hectare, respectivamente.<br />

As árvores são conduzidas em<br />

eixo, com limitação da altura através<br />

de poda e/ou empa dos ramos.<br />

Porque as combinações mais


cultivo<br />

pomares<br />

Skeena em Maxma 14, a 70 cm na linha, no momento da plantação<br />

Figura 1. Evolução da área da secção do tronco (AST) das cerejeiras<br />

por porta-enxerto, desde o ano de viveiro até à 4ª folha de pomar<br />

Figura 3. Produção média por árvore no segundo ano de pomar (2004)<br />

por combinação porta-enxerto-cultivar<br />

frágeis não têm ancoragem suficiente,<br />

foi instalada uma estrutura<br />

de suporte colectivo, com postes<br />

de 6–8 cm de diâmetro e um<br />

arame nº9 a 1,70 metros do solo.<br />

Um sistema de rega localizada<br />

fornece água às plantas, mas elas<br />

têm sofrido de stress hídrico durante<br />

o Verão, devido aos elevados<br />

custos de bombagem. Anualmente<br />

é feita adubação e correcção<br />

da acidez do solo, de acordo<br />

com os resultados das análises ao<br />

solo e às folhas.<br />

A manutenção da superfície do<br />

solo é feita sem mobilizações e as<br />

infestantes na linha são controladas<br />

com uma aplicação anual de<br />

glufosinato de amónio, complementada<br />

com ligeiras deservagens<br />

manuais na proximidade dos gotejadores,<br />

ou pontualmente na<br />

entrelinha, quando necessário. A<br />

protecção sanitária é dirigida ao<br />

cancro bacteriano, com duas pul-<br />

verizações anuais de calda bordalesa,<br />

à queda da folhagem e antes<br />

da rebentação. Em regra é feito<br />

um tratamento contra afídeos,<br />

em especial o piolho negro da cerejeira,<br />

e a mosca da cereja (Rhagoletis<br />

cerasi) previne-se com uma<br />

ou duas aplicações de dimetoato,<br />

até ao pintor.<br />

Crescimento<br />

das cerejeiras<br />

O crescimento das cerejeiras foi<br />

avaliado com base no cálculo da<br />

área da secção do tronco das árvores<br />

(AST), a partir do diâmetro<br />

a 10 cm do solo, medida que reflecte<br />

com fidelidade o seu desenvolvimento.<br />

Nos primeiros cinco anos de vida<br />

das cerejeiras, o porta-enxerto<br />

foi o factor que mais influenciou<br />

o crescimento; o seu efeito<br />

na AST das plantas pode ser observado<br />

na Figura 1, desde a fase<br />

Figura 2. Evolução da área da secção do tronco (AST) por densidade<br />

de plantação, desde o ano de viveiro até à 4ª folha de pomar<br />

Figura 4. Produção acumulada nos três primeiros anos (2004 a 2006)<br />

por árvore e por combinação porta-enxerto-cultivar<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

44


45<br />

Sweetheart em Maxma 14, Skeena em Gisela 5 e em Edabriz, a 70 cm na<br />

linha, à 3ª folha Sweetheart em Maxma 14, a 70 cm na linha, à 3ª folha<br />

de viveiro até à 4ª folha de pomar.<br />

É evidente o maior vigor que<br />

o porta-enxerto Maxma 14 imprime<br />

às cerejeiras relativamente ao<br />

Edabriz e ao Gisela 5. Este último<br />

é o porta-enxerto mais ananicante,<br />

e fez com que à 4ª folha de<br />

pomar as árvores tivessem apenas<br />

35,6% da AST das que crescem<br />

em Maxma 14 e 60,5% das que<br />

estão em Edabriz.<br />

A densidade de plantação também<br />

tem influência no crescimento<br />

das árvores, pois na densidade<br />

mais elevada (2600 plantas/ha), onde<br />

as árvores estão a 70 cm na li<br />

nha, é já notória a redução de crescimento,<br />

relativamente às outras<br />

densidades. Como se pode observar<br />

na Figura 2, o peso do factor<br />

densidade no crescimento das cerejeiras<br />

tem aumentado ao longo<br />

Quadro 1. Produção acumulada (2004 a 2006) por árvore,<br />

por combinação porta-enxerto-cultivar-densidade,<br />

e correspondente rendimento por hectare.<br />

Densidade Produção acumulada (kg/árvore) Rendimento (t/ha)<br />

Porta-enxerto<br />

Gisela 5<br />

(plantas/ha) Sweetheart Skeena Sweetheart Skeena<br />

650 1,38 2,25 0,897 1,463<br />

860 1,44 1,70 1,238 1,462<br />

1300 2,06 3,18 2,678 4,134<br />

Edabriz<br />

2600 1,58 2,95 4,108 7,670<br />

650 0,93 2,27 0,605 1,476<br />

860 0,84 2,09 0,722 1,797<br />

1300 1,10 2,25 1,430 2,925<br />

Maxma 14<br />

2600 0,67 2,03 1,742 5,278<br />

650 1,43 1,47 0,930 0,956<br />

860 2,49 0,68 2,141 0,585<br />

1300 1,73 0,62 2,249 0,806<br />

2600 1,78 0,82 4,628 2,132<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

do tempo, facto que se deve à<br />

maior concorrência pela água e nutrientes<br />

entre as raízes das plantas<br />

vizinhas, e que tende a aumentar<br />

à medida que as árvores crescem.<br />

Ao nível das duas cultivares ensaiadas,<br />

nos primeiros três anos de<br />

vida das árvores, não foram observadas<br />

diferenças significativas<br />

no crescimento; no entanto, ao 4ª<br />

ano de pomar já era evidente o<br />

maior engrossamento (AST) da<br />

Sweetheart (26,1 cm 2 ) em relação<br />

à Skeena (23,0 cm 2 ). Este aspecto<br />

não tem implicações práticas, pois<br />

qualquer das cultivares cria uma<br />

estrutura suficientemente rígida<br />

para se sustentar sem necessitar<br />

de tutoragem; todavia, quando<br />

combinadas com o porta-enxerto<br />

Gisela 5, cuja ancoragem é insuficiente<br />

e exige apoio pontual no<br />

eixo, justifica a existência do sistema<br />

de tutoragem colectiva.<br />

Produção<br />

e produtividade<br />

As cerejeiras começaram a produzir<br />

logo à 2ª folha, em 2004, a<br />

cultivo<br />

pomares<br />

produção média foi de 200 g/árvore<br />

e não se registaram diferenças<br />

significativas ao nível dos porta-enxertos.<br />

No entanto, ao analisar as<br />

combinações porta-enxerto/cultivar<br />

verificámos diferenças consideráveis<br />

na produção por árvore, co-


cultivo<br />

pomares<br />

Skeena em Gisela 5, a 70 cm na linha, à 3ª folha<br />

mo se pode observar na Figura 3.<br />

A combinação mais precoce foi a<br />

Skeena/Gisela 5, com uma média<br />

de 250 g/árvore. Convém realçar<br />

que uma das árvores desta combinação<br />

produziu 1250 gramas de cerejas,<br />

logo no primeiro ano de produção.<br />

No entanto, a cultivar Sweetheart<br />

não foi além dos 150 g/árvore<br />

no porta-enxerto Gisela 5.<br />

Os resultados mostram que, ao<br />

segundo ano de pomar, os portaenxertos<br />

mais ananicantes Gisela<br />

5 e Edabriz pertimiram maior<br />

produção de cereja na cultivar<br />

Skeena, mas na Sweetheart, o<br />

Maxma 14 proporcionou produções<br />

mais elevadas.<br />

A produção acumulada nos três<br />

primeiros anos, por porta-enxerto<br />

e cultivar, está apresentada na<br />

Figura 4. Verificamos que de um<br />

de um modo geral o porta-enxerto<br />

Gisela 5 proporcionou produções<br />

médias mais elevadas (2,7<br />

kg/árvore), quando combinado<br />

com a cultivar Skeena; a Sweetheart<br />

enxertada naquele porta-enxerto<br />

somou 1,6 kg/árvore, e a<br />

Skeena também produziu bem sobre<br />

Edabriz (2,1 kg/árvore), mas<br />

deve notar-se que a cultivar Sweetheart<br />

somou as maiores produções<br />

médias por planta (1,8 kg) no<br />

porta-enxerto Maxma 14.<br />

Quanto à produção acumulada<br />

por planta, nas quatro densidades<br />

ensaiadas, verificamos que em Gisela<br />

5 às maiores densidades correspondem<br />

produções por árvore<br />

também mais elevadas, embora<br />

nos outros porta-enxertos não se<br />

verifique o mesmo, como se pode<br />

observar no Quadro 1.<br />

Extrapolando os valores da produção<br />

acumulada/árvore para a<br />

unidade de área (hectare) obtemos<br />

rendimentos que variam entre<br />

pouco mais de 0,5 t/ha (Maxma<br />

14*Skeena, com 860 plantas/ha)<br />

e mais de 7 t/ha (Gisela<br />

5*Skeena, com 2600 plantas/ha).<br />

Conclusões<br />

Os resultados deste ensaio permitem-nos<br />

verificar que, até à 4ª<br />

folha de pomar, as cultivares Sweetheart<br />

e Skeena cresceram de forma<br />

diferenciada, consoante o porta-enxerto:<br />

as plantas enxertadas<br />

em Gisela 5 atingiram menor área<br />

de secção do tronco (AST) do que<br />

as que estão em Edabriz, ao passo<br />

que as enxertadas em Maxma 14<br />

cresceram bastante mais. Até esta<br />

fase já foi possível observar o<br />

efeito da maior densidade de plantação<br />

(2600 plantas/ha) na redução<br />

do crescimento das árvores, e<br />

as diferenças tenderão a acentuarse<br />

à medida que aumenta a con-<br />

Skeena em Edabriz, à 3ª folha Sweetheart em Gisela 5, a 70 cm na linha, à 3ª folha<br />

corrência radicular entre as árvores.<br />

O porta-enxerto Maxma 14<br />

proporcionou melhores produções<br />

na cultivar Sweetheart do que<br />

os ananicantes, mas na cultivar Skeena<br />

foram estes que induziram a<br />

maiores produções acumuladas.<br />

Em porta-enxerto ananicante,<br />

em especial no Gisela 5, as árvores<br />

cresceram muito pouco e produziram<br />

muito. É importante ajustar<br />

as dotações hídricas e nutricionais<br />

às necessidades específicas do<br />

porta-enxerto, como forma de estimular<br />

o crescimento vegetativo,<br />

e quando necessário é recomendado<br />

intervir reduzindo o número<br />

de frutos, através da poda ou<br />

remoção de esporões, no sentido<br />

de melhorar a qualidade e o<br />

valor da produção, que depende<br />

sobretudo do calibre das cerejas.<br />

Nesta fase de ensaio, tendo presente<br />

o objectivo de aceder à totalidade<br />

das cerejas a partir do<br />

chão, já se torna necessário recorrer<br />

a meios químicos para conter<br />

o crescimento das cerejeiras em<br />

Maxma 14, apesar das limitações<br />

de água e da fraca profundidade<br />

e fertilidade do solo. O que<br />

mostra que a densidade de 2600<br />

plantas/ha poderá ser excessiva<br />

para explorar as cultivares neste<br />

porta-enxerto.<br />

O acompanhamento do ensaio<br />

até à fase adulta, tanto no que se<br />

refere ao crescimento vegetativo<br />

como à produção, permitirá determinar<br />

a densidade mais apropriada<br />

para cada combinação cultivar/porta-enxerto<br />

em condições<br />

análogas de cultivo. Também o tratamento<br />

dos dados relativos aos ensaios<br />

nos outros locais (Carrazedo<br />

de Montenegro e Caria) permitirão<br />

comparar e avaliar com maior segurança<br />

o comportamento vegetativo<br />

e produtivo de cada combinaçãoporta-enxerto-cultivar-densidade<br />

de plantação, em condições de<br />

solo e clima diferentes. <br />

*Departamento de Fitotecnia, CECEA, Universidade<br />

de Trás-os-Montes e Alto Douro,<br />

Ap. 1013, 5001–911 Vila Real (PORTU-<br />

GAL), asantos@utad.pt<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

46


mercado e empresas<br />

tomate<br />

Tomate de cacho<br />

conquista Portugal<br />

O tomate de cacho está a conquistar terreno<br />

nas estufas portuguesas, à medida que<br />

as preferências do consumidor português mudam<br />

e que as empresas de comercialização ganham<br />

espaço no mercado externo.<br />

A exportação de tomate<br />

fresco é um negócio que começa<br />

a ganhar dimensão<br />

em Portugal e está a permitir à fileira<br />

hortícola “arrumar a casa”.<br />

Nos últimos sete anos as exportações<br />

aumentaram 10 vezes em volume<br />

e mais do que triplicaram em<br />

valor (ver caixa, pág.14). A produção<br />

de tomate no Oeste e no Litoral<br />

Norte superou o consumo<br />

nacional, o que levou os comerciantes<br />

a procurar alternativas no<br />

estrangeiro. Um rumo também incentivado<br />

pela a política de baixos<br />

preços das grandes superfícies<br />

portuguesas: “nos últimos 10 anos<br />

as grandes superfícies escolheram<br />

o preço como o mais importante<br />

e ninguém mais do que eles tinha<br />

oportunidade de escolher variedades,<br />

mas para fazer esse trabalho<br />

os fornecedores têm que ser<br />

compensados e ter segurança no<br />

trabalho”, lamentou Horácio do<br />

Carmo, gerente da Carmo e Silvério.<br />

Esta empresa é exemplo da vaga<br />

exportadora. Em 2007, vendeu<br />

70 por cento da produção (5600<br />

toneladas) para o exterior. O mesmo<br />

se passou na Primores do Oeste,<br />

que exportou 60 por cento (de<br />

14 mil toneladas de tomate), e na<br />

Hortorres, que tem aumentado as<br />

exportações em 50 por cento ao<br />

ano (no total dos hortícolas).<br />

O tomate de cacho é a grande<br />

aposta destas empresas para singrar<br />

no mercado externo. Na Primores<br />

do Oeste, ele representou 32<br />

por cento das vendas de tomate e<br />

na Carmo e Silvério 24 por cento,<br />

em 2007, com tendência para aumentar<br />

em ambas. Atraente, aromático,<br />

de cor vermelha intensa e<br />

pequeno calibre, é um tomate mui-<br />

Atraente e aromático, o tomate de cacho satisfaz os consumidores por toda<br />

a Europa<br />

Tomates convenientes<br />

A inovação é uma constante no universo dos tomates. Na última<br />

edição da feira FruitLogistica, realizada em Berlim no início de<br />

Fevereiro, dois tomates ganharam o primeiro e terceiro lugares nos<br />

Prémios Inovação. Intense, da Nunhems, foi o grande campeão. É<br />

um tomate de tipo “beef”, de consistência firme e densa, que retém<br />

o sumo quando cortado, libertando em 10 dias a mesma quantidade<br />

de sumo que um tomate “beef” tradicional liberta num dia.<br />

Por ter muita polpa e pouco sumo é ideal para usar em saladas<br />

e para a indústria de IV Gama, mantendo aparência fresca por<br />

mais tempo. Foi pensado para a conveniência do consumidor, que<br />

não se suja de sumo ao come-lo. Tem forma oval, cor vermelho escura,<br />

pesa 90 a 100 gramas e mede 57 a 67 mm. Lançado no mercado<br />

em Março de 2007. www.intensetomatoes.com.<br />

Em terceiro lugar ficou o Tomatoberry, da japonesa Tokitaseed.<br />

Este tomate faz lembrar um morango, tem pele extremamente<br />

macia, é muito doce (8º a 10º de brix) e rico em licopeno, um<br />

anti-oxidante com benefícios para a saúde. É ligeiramente mais<br />

largo do que o tomate-cereja e pesa cerca de 20 gramas. Tratase<br />

de um alimento conveniente, atraente e ao mesmo tempo funcional,<br />

ou seja, com benefícios para a saúde. O nome foi-lhe dado<br />

por uma menina que não gostava de tomates e só o comeu<br />

porque o confundiu com um morango. Lançado no mercado em<br />

Novembro de 2006. www.tokitaseed.co.jp.<br />

Intense Tomatoberry<br />

to versátil, que satisfaz os consumidores<br />

por toda a Europa. “As pessoas<br />

querem tomate não calibrado,<br />

acabado de colher e metido na<br />

caixa, porque está mais bonito e<br />

tem mais sabor … isso consegue-se<br />

fazer com o tomate de cacho”, reconheceu<br />

Horário do Carmo.<br />

Consumidor<br />

português está<br />

a mudar<br />

No mercado nacional, embora<br />

ainda predomine a oferta de tomate<br />

tipo “beef”, de coloração<br />

verde ou rosada, o consumidor<br />

português está a mudar hábitos.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

48


mercado e empresas<br />

tomate<br />

Exportações sobem em flexa<br />

O tomate é um dos produtos hortícolas frescos mais exportados<br />

em Portugal. Nos últimos sete anos, as exportações de tomate<br />

fresco e refrigerado mais do que triplicaram, em valor, subindo<br />

de perto de cinco milhões de euros, em 2000, para 15,7 milhões<br />

de euros, em 2007. O volume de tomate exportado aumentou<br />

10 vezes, de 11,8 mil toneladas, para 101 mil toneladas, no mesmo<br />

período, indicam as estatísticas do INE. Espanha recebe a maior<br />

fatia das exportações, mas é no Reino Unido que o tomate nacional<br />

consegue maior valorização. Em 2007, exportámos 98 mil<br />

toneladas para Espanha (por 9,7 milhões de euros) e apenas 1,4<br />

mil toneladas para o Reino Unido, mas este tomate rendeu 5 milhões<br />

de euros. França, Itália, Cabo Verde e Alemanha são outros<br />

destinos, com menor peso.<br />

O Reino Unido é um mercado apetecível, mas muito particular<br />

e exigente. “Querem um tomate de calibre pequeno e variedades<br />

que não se vendem noutros mercados da Europa… como<br />

temos pouca área, temos que adaptar a produção a três ou quatro<br />

mercados e não temos conseguido dar resposta ao mercado<br />

inglês”, reconheceu Lino Santos, da Primores do Oeste.<br />

A valorização das marcas individuais não tem sido possível no mercado nacional<br />

Portugal consome 105 mil toneladas<br />

Nos últimos 20 anos, o consumo de tomate fresco em Portugal<br />

aumentou gradualmente, tendo atingido um volume médio<br />

anual de 108 mil toneladas, indica o Anuário Vegetal 2006, publicação<br />

do Ministério da Agricultura. Mas o consumo pode crescer<br />

mais, bastando uma boa aposta na promoção do produto. Jorge<br />

Camilo, responsável técnico da Primores do Oeste, acredita que<br />

“a produção organizada têm que olhar para as características que<br />

interessam ao consumidor: como se produz, como se cozinha e<br />

quais os benefícios do tomate para a saúde”.<br />

“A atitude do consumidor português<br />

está a mudar muito e uma<br />

das provas é que se está a vender<br />

muito mais tomate cacho e chucha,<br />

onde ele sabe que não vai<br />

ser enganado”, admitiu Lino Santos,<br />

sócio da Primores do Oeste.<br />

O problema prende-se com a venda<br />

de tomate “beef” de calibres<br />

pequenos, colhido antes do ponto<br />

ideal da maturação, sem brix<br />

nem consistência adequadas.<br />

Uma situação que tende a afastar<br />

o novo consumidor do tomate<br />

redondo.<br />

O desafio actual é produzir em<br />

quantidade, com qualidade e uniformidade.<br />

Requisitos obrigatórios<br />

sobretudo na exportação. Até<br />

agora, a maioria dos produtores<br />

tem cultivado variedades desalinhadas<br />

com o mercado, pouca<br />

quantidade de cada variedade e<br />

sem calendarização da produção.<br />

Uma situação que as empresas de<br />

comercialização estão a mudar,<br />

orientando os agricultores quanto<br />

às variedades e técnicas de produção.<br />

A certificação com proto-<br />

colos de qualidade e boas práticas<br />

agrícolas também começa a<br />

dar os primeiros passos. “Ainda<br />

somos muito pequenos no mercado<br />

de exportação, temos que ir<br />

crescendo e ganhando expressão<br />

em algumas variedades para começar<br />

a ser conhecidos”, reconheceu<br />

Lino Santos.<br />

Um passo importante na organização<br />

da fileira foi a criação dos<br />

Leilões do Oeste. Este sistema concentrou<br />

a oferta de tomate (e outros<br />

hortícolas), tornou a venda<br />

mais transparente e deu força à<br />

produção para ditar preços mais<br />

justos, perante as grandes superfícies<br />

e outros compradores. “A<br />

habilidade dos Leilões é defender<br />

os preços desde a produção, só<br />

desta forma as pessoas querem<br />

produzir mais. Estou convencido<br />

que o Oeste vai duplicar a área<br />

nos próximos três anos, com o<br />

apoio deste novo Quadro Comunitário”,<br />

antevê Horácio do Carmo.<br />

Estima-se que cerca de 80 por<br />

cento do tomate produzido no<br />

Oeste passe pelos Leilões. <br />

50<br />

HORTÍCOLAS DO LITORAL<br />

Zona Industrial de Laundos, Lote36,<br />

Póvoa de Varzim<br />

Tel.: 252 601 779<br />

Fax: 252 601 135<br />

E-mail: geral@pamhorticola.pt


51<br />

No Sul do País a sementeira<br />

terminou em finais de Fevereiro<br />

e verificam-se reduções<br />

de área na batata de consumo e<br />

para indústria. No Ribatejo, uma<br />

das maiores organizações de produtores<br />

de batata – Agromais – admite<br />

ter semeado menos 30 por<br />

cento do que em 2007, com menos<br />

área sobretudo na batata para consumo.<br />

No Montijo, a redução poderá<br />

atingir os 10 por cento na produção<br />

não organizada (que representa<br />

mais de metade da área de<br />

batata na região). No entanto, a<br />

principal estrutura de venda de batata<br />

lavada contratada – Eurobatata<br />

– admite que as áreas dos seus<br />

produtores se mantêm.<br />

No Centro e Norte do País (onde<br />

a sementeira se prolonga até<br />

Maio e predominam as pequenas<br />

explorações agrícolas sem contratação<br />

da produção) haverá redução<br />

de área. A subida vertiginosa<br />

mercado e empresas<br />

batata<br />

Redução de área<br />

em Portugal<br />

Este ano há menos batata semeada, devido aos<br />

elevados stocks da campanha passada em toda a<br />

Europa. Os preços da batata nova são uma incógnita.<br />

SOLANUM-BUL, LDA.<br />

dos preços dos adubos e dos combustíveis,<br />

o aumento do preço da<br />

semente e as baixas reservas de<br />

água na terra e nas barragens estão<br />

a desanimar os agricultores de<br />

investir na batata. A percentagem<br />

de redução de área é difícil de<br />

prever. As empresas de batata semente<br />

admitem quebras de 20<br />

por cento na venda de semente,<br />

o que pode não significar uma redução<br />

de área tão acentuada. É<br />

provável que os agricultores optem<br />

por replantar a batata de<br />

consumo que têm em stock, uma<br />

vez que estão a ter dificuldades<br />

em escoá-la, admitiam fontes ligadas<br />

ao sector, no início de Março.<br />

Os preços concorrenciais da batata<br />

importada de França e Espanha<br />

(comprada pelos embaladores<br />

a 0,5€/kg, em finais de Fevereiro)<br />

e a elevada produtividade da batata<br />

estival do Montijo (colhida de<br />

Dezembro a Março) dificultaram<br />

A venda de semente baixou 20 por cento no Centro e Norte do País<br />

o escoamento da batata de conservação<br />

nacional.<br />

O mercado português caracteriza-se<br />

por grande área de batata<br />

não contratada (não lavada), que<br />

destabiliza preços e previsões de<br />

produção, a cada campanha.<br />

Quanto mais batata não lavada<br />

for produzida, menor a valorização<br />

da batata lavada.<br />

As expectativas indicam que<br />

2008 pode ser um ano de reduzida<br />

valorização da batata precoce<br />

ou primor, devido aos stocks de<br />

batata na Europa (sobretudo batata<br />

tardia em Espanha). Ainda assim,<br />

as geadas que destruíram cerca<br />

de 30 por cento da batata extra-precoce<br />

em Israel, no final de<br />

Janeiro, e também causaram danos<br />

à batata de Creta, Sul de Itália<br />

e Sul da Grécia, no final de Fevereiro,<br />

podem diminuir a pres-<br />

SOLANUM-BUL, LDA.<br />

IMPORT - EXPORT<br />

são de oferta de no início da campanha<br />

de comercialização, deixando<br />

mais margem de manobra para<br />

a batata portuguesa.<br />

As negociações com a indústria<br />

foram marcadas pela pressão dos<br />

preços dos cereais. O Ribatejo está<br />

a apostar fortemente no milho<br />

(cultura com menores custos de<br />

produção do que a batata), dando<br />

um argumento aos agricultores<br />

para pedir melhores preços à<br />

indústria pela batata. “A indústria<br />

tem dificuldade em perceber a<br />

evolução da agricultura mundial<br />

nos últimos dois anos e não está<br />

a digerir bem os violentos aumentos<br />

de preços da matéria-prima<br />

(20% em 2007), mas ou acompanha<br />

o mercado ou acaba por não<br />

ter produto”, admitia Jorge Neves,<br />

dirigente da Agromais, no final<br />

de Fevereiro. <br />

Distribuidor<br />

BATATA SEMENTE • BATATA PRIMOR • BATATA CONSUMO • CEBOLAS<br />

O seu parceiro sempre disponível!<br />

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mercado e empresas<br />

morango<br />

Andaluzia quer ser<br />

ouvida na OCM<br />

A sexta edição da Expocitfresa, em Cartaya,<br />

Huelva, reuniu 60 expositores à volta do morango<br />

e dos citrinos. O Governo da Andaluzia levantou<br />

a voz para defender a agricultura local perante<br />

a União Europeia.<br />

A Andaluzia “não está disposta<br />

a perder ajudas comunitárias”<br />

para o sector do<br />

morango e citrinos, no âmbito da<br />

reforma da Organização Comum<br />

de Mercado (OCM) das Frutas e Legumes,<br />

alertou o conselheiro da<br />

Agricultura da Junta da Andaluzia,<br />

Isaías Pérez Saldaña, durante a cerimónia<br />

de inauguração da VI Expocitfresa.<br />

O governante realçou<br />

o peso dos sectores do morango e<br />

citrinos na província de Huelva,<br />

que geram 620 milhões de euros<br />

anuais provenientes de 1250 explorações<br />

agrícolas. Só a cultura do<br />

morangueiro ocupa seis mil hectares<br />

e contribui com uma facturação<br />

de 225 milhões de euros/ano.<br />

Isaías Pérez Saldaña louvou o<br />

Novidades das Empresas<br />

Guardian Agroplásticos, fábrica de<br />

plásticos agrícolas da Guatemala,<br />

do grupo Olefinas, apresentou plásticos<br />

resistentes ao sol e à acção<br />

dos insecticidas, com larga duração.<br />

Procura distribuidores na Europa e<br />

garante preços competitivos. Na<br />

foto Ricardo Santos, responsável da<br />

empresa guatemalteca.<br />

trabalho da interprofissional do<br />

morango – Interfresa -, pelo contributo<br />

que tem dado na união<br />

das empresas e concentração da<br />

oferta, permitindo obter melhores<br />

preços no morango. A exportação<br />

para países extra-comunitários<br />

é, no entender do governante<br />

andaluz, uma questão urgente<br />

e à qual “a União Europeia deve<br />

responder com uma economia<br />

mais liberal”.<br />

A feira, que aconteceu de 5 a<br />

7 de Março, coincidiu com o VI<br />

Simpósio Internacional do Morango,<br />

uma oportunidade para<br />

encontros bilaterais entre empresas<br />

agro-alimentares e investigadores<br />

das universidades andaluzas<br />

e internacionais. <br />

Chislett é uma nova variedade de<br />

laranja, um pouco mais tardia que a<br />

Navel Powell, bastante sumarenta,<br />

com calibre elevado. Apresentada<br />

pelos Viveiros Alcanar.<br />

O morango e os citrinos geram 620 milhões de euros anuais em receitas na<br />

Andaluzia<br />

O Organio Carbot 500 é um novo<br />

fungicida natural contra oídio e míldio,<br />

apresentado pela Econatur.<br />

Royal, empresa produtora de fruta<br />

de caroço, morango e pequenos<br />

frutos, instalada em Huelva,<br />

Marrocos e Faro (onde tem 30 hectares).<br />

Pretende diversificar a produção<br />

com mirtilos e framboesas.<br />

“O interessante não é crescer muito,<br />

mas no momento oportuno e em<br />

mercados que possam manter os<br />

preços, criando hábitos de consumo<br />

destes pequenos frutos”, afirmou<br />

Gabriel Bários.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

52


factores de produção<br />

protecção<br />

Nova lista<br />

de Culturas Maiores<br />

O morango e vários hortícolas já são Culturas<br />

Menores. A lista, publicada em Fevereiro pela DGADR,<br />

é um “balão de oxigénio” para a resolução dos<br />

problemas fitossanitários dos hortofrutícolas.<br />

A Direcção-Geral de Agricultura<br />

e Desenvolvimento Rural<br />

(DGADR) publicou, a 19<br />

de Fevereiro, a nova classificação<br />

nacional de Culturas Maiores. Várias<br />

culturas foram excluídas, passando<br />

à categoria de Culturas Menores.<br />

É o caso do morango, melão,<br />

pepino, ervilha, todas as couves,<br />

pimento, grão-de-bico, clementinas,<br />

tangerinas, limoeiro,<br />

damasqueiro e alperce. E também<br />

do centeio, cevada e aveia.<br />

A reclassificação das culturas visa<br />

facilitar a vida aos agricultores,<br />

dando-lhes oportunidade de pedir<br />

a autorização de produtos fitofarmacêuticos<br />

via Usos Menores.<br />

Um processo mais rápido, porque<br />

se trata de autorizações adicionais<br />

a produtos já homologados<br />

no País para outras finalidades,<br />

dispensando-se estudos, nomeadamente<br />

de degradação de<br />

resíduos (quando estes existam<br />

noutros países da União Europeia).<br />

Em Portugal já foram concedidas<br />

cerca de 1000 autorizações<br />

para Usos Menores, desde 2001.<br />

“Demos um passo para ir ao encontro<br />

das necessidades da produção,<br />

nos casos em que há problemas<br />

fitossanitários sem cobertura.<br />

É uma situação cada vez mais frequente<br />

e com consequências negativas<br />

ao nível da protecção das<br />

plantas, sobretudo para os países<br />

do Sul da Europa, mais afectados<br />

por pragas e doenças”, explicou<br />

Flávia Alfarroba. A directora de<br />

serviços de Produtos Fitofarma-<br />

cêuticos e Sanidade Vegetal espera<br />

grande afluência de pedidos de<br />

autorização para Usos Menores.<br />

Os primeiros começaram a chegar<br />

à DGADR em início de Março, com<br />

incidência nos hortícolas.<br />

O morango é uma das culturas<br />

que mais pode beneficiar da reclassificação.<br />

A cultura padece de<br />

falta de substâncias activas para<br />

fazer alternância e as que existem<br />

têm intervalos de segurança demasiado<br />

longos. “Gostaríamos de<br />

intervir junto da DGADR para alterar<br />

o intervalo de segurança de<br />

alguns produtos”, disse Daniel<br />

Cunha da Wellpict Portugal, dando<br />

o exemplo do fungicida Switch<br />

(ciprodimil + fludioxonil), contra<br />

a podridão cinzenta, cujo intervalo<br />

de segurança é de sete dias em<br />

Portugal, mas de apenas dois em<br />

Espanha e três em Inglaterra. Contra<br />

a lagarta não há soluções eficazes<br />

para aplicação curativa no<br />

pico de colheita, com um bom intervalo<br />

de segurança, entende o<br />

técnico: “não usamos o clorpirifus<br />

por ser agressivo para a floração<br />

e fauna auxiliar, resta a deltametrina,<br />

com bom intervalo de segurança,<br />

mas sem alternativa, o que<br />

pode criar problemas de resistências”.<br />

Contra os afídeos, o problema<br />

é semelhante. O malatião vai<br />

ser retirado do mercado, restando<br />

o tiaclopride, ao qual são necessárias<br />

alternativas.<br />

No caso dos hortícolas, Carla<br />

Miranda da Hortorres refere alguns<br />

exemplos de finalidades a<br />

O morango é uma das culturas que mais pode beneficiar da reclassificação<br />

descoberto ou com soluções insuficientes.<br />

A alternariose está a descoberto<br />

na couve repolho, tal como<br />

a podridão cinzenta em brócolos<br />

e na couve- flor. Contra a<br />

mosca-da-couve, que tem vindo a<br />

aparecer com maior incidência,<br />

mesmo com temperaturas mais<br />

baixas, causando elevados prejuízos,<br />

também não há soluções após<br />

a instalação da cultura. No pepino,<br />

a Hortorres vai pedir a autorização<br />

do Aliete (fosetil de alúminio),<br />

contra a phytophtora e<br />

phytium. No morango, defende a<br />

necessidade de homologação do<br />

fungicida de largo espectro Boscalide,<br />

já autorizado em Espanha,<br />

com três dias de intervalo de segurança.<br />

O Cabrio (piriclostrobina),<br />

fungicida já autorizado em<br />

vinha, é importante para míldios<br />

e oídios em morango e outras hortícolas,<br />

defende Carla Miranda.<br />

“É enorme a desigualdade de<br />

substâncias activas homologadas,<br />

e respectivos intervalos de segurança,<br />

em Espanha e outros países<br />

do Sul da Europa em comparação<br />

com Portugal. Esperamos<br />

que esta oportunidade, apesar<br />

de tardia, venha ajudar a reduzir<br />

a falta de competitividade dos<br />

nossos produtores face aos mais<br />

directos concorrentes”, concluiu<br />

a técnica. <br />

Nova lista de Culturas Maiores<br />

FRUTEIRAS HORTÍCOLAS OLEAGINOSAS CEREAIS<br />

Laranjeira Cenoura Girassol Milho<br />

Macieira Batata Trigo<br />

Pereira Cebola Arroz<br />

Pessegueiro Tomateiro<br />

Nectarinas Alface<br />

Uva para vinho Feijão verde<br />

Uva de mesa<br />

Oliveira<br />

Fonte: DRADR<br />

Feijão seco<br />

Para ser considerada Maior, uma cultura deve ter uma área mínima de 10 mil hectares, produção de 200 mil<br />

toneladas/ano e entrar na dieta alimentar em quantidades superiores a 7,5 g/dia. Estes critérios de classificação<br />

são comuns a toda a União Europeia.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

54


55<br />

A mineira do tomateiro (Tuta<br />

absoluta) foi detectada<br />

em Março de 2007 na região<br />

de Valência e está a causar graves<br />

prejuízos aos produtores de tomate.<br />

De tal modo, que as autoridades<br />

espanholas tomaram medidas<br />

imediatas de apoio aos agricultores.<br />

Em 2007 distribuíram produtos<br />

fitofarmacêuticos gratuitos e<br />

factores de produção<br />

protecção<br />

“Ruína absoluta”<br />

ameaça tomateiro<br />

A mineira do tomateiro está a causar graves<br />

problemas aos produtores espanhóis de tomate,<br />

que já apelidaram esta praga de “ruína absoluta”.<br />

Os agricultores portugueses devem estar alerta<br />

para o seu aparecimento.<br />

este ano colocaram em marcha<br />

um plano de contenção da praga<br />

(rede de amostragem com armadilhas<br />

com feromonas; estudos<br />

dos pesticidas mais indicados para<br />

combater a praga; assistência<br />

técnica aos produtores; proibição<br />

de venda e circulação de material<br />

vegetal afectado; inspecções fitossanitárias<br />

mais intensas; 100 mil<br />

euros de ajudas compensatórias<br />

aos agricultores obrigados a destruir<br />

as culturas afectadas).<br />

“Apesar das medidas tomadas<br />

em Espanha, os agricultores portugueses<br />

e as suas organizações<br />

devem estar atentas, pois a praga<br />

tem um rápido poder de dispersão.<br />

Caso venha a ser detectada<br />

no nosso País, devem ser<br />

rapidamente alertados os serviços<br />

oficiais do Ministério da Agricultura,<br />

de modo que se possam<br />

tomar atempadamente as medidas<br />

necessárias”, alertava um comunicado<br />

do Instituto Nacional<br />

dos Recursos Biológicos, distribuído<br />

durante o V Seminário Internacional<br />

do Tomate de Indústria,<br />

em Mora.<br />

A mineira do tomateiro é um<br />

pequeno lepidóptero da família<br />

Gelechiidae, classificada desde<br />

2004 como praga de quarentena,<br />

na União Europeia. Foi detectada<br />

pela primeira vez na Europa<br />

em 2007, em Espanha, mas está<br />

disseminada por vários países da<br />

América Latina. O tomateiro é o<br />

seu principal hospedeiro, mas<br />

também pode atacar a batateira<br />

e outras solanáceas. A beringe-


factores de produção<br />

protecção<br />

la é considerada um hospedeiro<br />

potencial, mas não há registo de<br />

estragos no campo.<br />

Biologia<br />

Esta praga tem um alto potencial<br />

reprodutivo, desde que tenha<br />

alimentação disponível. Pode ter<br />

10 a 12 gerações por ano e o seu<br />

ciclo biológico varia de 29 a 38<br />

dias, dependendo das condições<br />

ambientais. Os adultos têm hábitos<br />

nocturnos e durante o dia permanecem<br />

escondidos entre as folhas.<br />

As fêmeas fazem as posturas<br />

na parte aérea das plantas hospedeiras,<br />

podendo pôr cerca de 260<br />

ovos. Ao eclodirem as larvas penetram<br />

nos frutos, folhas ou caules,<br />

dos quais se alimentam, provocando<br />

perfurações nos frutos e<br />

O adulto mede cerca<br />

de 10 mm, tem antenas<br />

filoformes e asas<br />

anteriores cinzentas<br />

ou acastanhadas<br />

com manchas pretas<br />

galerias nas folhas. Depois de passarem<br />

por quatro estados larvares,<br />

pupam no solo ou na superfície<br />

foliar ou dentro das galerias.<br />

A praga hiberna tanto no estado<br />

de ovo, como de pupa ou adulto.<br />

Sintomas<br />

As larvas podem atacar qualquer<br />

fase do ciclo vegetativo da<br />

cultura, penetrando nos frutos,<br />

folhas e caules. As galerias que<br />

abrem nos frutos são rapidamente<br />

invadidas por infecções secundárias<br />

de patogéneos. Nas folhas,<br />

alimentam-se do mesofilo, deixando<br />

a epiderme intacta, criando minas<br />

que acabam por necrosar. As<br />

galerias abertas no caule afectam<br />

o desenvolvimento da planta. A<br />

mineira do tomateiro é facilmen-<br />

As folhas criam<br />

minas que acabam<br />

por necrosar<br />

A larva tem cor creme e<br />

cabeça escura, tornando-se<br />

esverdeada ou rosada<br />

ao quarto estado larvar<br />

te detectada no campo, pois prefere<br />

os gomos apicais, flores ou<br />

frutos recém-formados. Em batateira<br />

não ataca os tubérculos.<br />

Meios de luta<br />

Existem várias substâncias activas<br />

recomendadas para o combate<br />

a esta praga, mas nenhuma delas<br />

está homologada para esta finalidade<br />

em Portugal, porque a praga<br />

ainda não foi detecta no nosso País.<br />

Flufenoxurão, lufenurão, tebufenozida<br />

e teflubenzurão (reguladores<br />

de crescimento de insectos),<br />

abamectina (avermectina), bacillus<br />

thunringiensis (bactéria), clorpirifos,<br />

fosalona (organofosforado),<br />

cabaril (carbamato) são as recomendadas.<br />

A praga deve ser monitorizada<br />

com feromonas sexuais.<br />

No Brasil, onde já há resistências<br />

a alguns insecticidas, está a ser usado<br />

o controlo biológico. Os inimigos<br />

naturais da praga usados são<br />

o parasitóide Trichogramma pretiosum<br />

(Hymenoptera), associado<br />

com bacillus thunringiensis. Os<br />

neurópteros Chrysoperla externa<br />

e Podisus nigripinus são predadores<br />

encarados como promissores.<br />

Algumas medidas culturais podem<br />

ajudar a controlar a sua disseminação:<br />

destruição de todo o material<br />

afectado; rotações com culturas<br />

que não incluam solanáceas e uso<br />

de rega por aspersão. <br />

Fonte: Instituto Nacional dos Recursos<br />

Biológicos, informação distribuída durante<br />

o V Seminário Internacional do Tomate de<br />

Indústria<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

56


57<br />

O uso programado de fungicidas<br />

continua a ser o principal<br />

método no controlo de<br />

doenças provocadas por fungos<br />

em pomóideas. Contudo, alguns<br />

fungicidas podem afectar a actividade<br />

de insectos e ácaros auxiliares.<br />

Estes auxiliares são uma<br />

componente essencial dos sistemas<br />

de produção de frutos, que<br />

pode ser preservada através de<br />

uma adequada selecção e correcta<br />

aplicação dos produtos para a<br />

protecção das culturas.<br />

Os fungicidas Flint e Libero Top<br />

são ideais para a utilização em<br />

programas de Produção Integrada.<br />

Estes produtos pertencem a<br />

grupos químicos diferentes e proporcionam<br />

um excelente controlo<br />

de doenças como o pedrado, oídio<br />

da macieira e estenfiliose da<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

factores de produção<br />

texto publicitário<br />

pereira. Quando utilizados de forma<br />

adequada, estes produtos não<br />

têm um efeito adverso sobre a actividade<br />

dos principais organismos<br />

auxiliares das pomóideas.<br />

Controlo<br />

do pedrado<br />

A fase inicial da campanha é<br />

um período fundamental para o<br />

controlo da doença, durante todo<br />

o ciclo vegetativo. O rápido<br />

desenvolvimento que se verifica<br />

neste período e as baixas temperaturas,<br />

que ocorrem com frequência<br />

nas nossas condições climáticas<br />

levam à necessidade do<br />

uso de um fungicida que proporcione<br />

a protecção dos novos tecidos<br />

formados entre aplicações e<br />

que actue independentemente da<br />

temperatura ambiente. Flint é a<br />

solução adequada para esta fase,<br />

porque evita a germinação dos<br />

esporos de pedrado. Flint é mais<br />

eficaz quando usado preventivamente<br />

contra o pedrado, contudo,<br />

onde já tenha ocorrido a germinação<br />

dos esporos, o Flint consegue<br />

impedir a penetração do<br />

fungo na cutícula e o seu subsequente<br />

desenvolvimento no interior<br />

da folha. Flint é um fungicida<br />

preventivo com uma boa persistência<br />

de acção, graças à sua<br />

acção mesostémica de forte afinidade<br />

com a superfície vegetal,<br />

logo após a aplicação e grande<br />

resistência à lavagem.<br />

Após a floração, o Libero Top é<br />

um fungicida sistémico que, nas<br />

nossas condições climáticas, garante<br />

uma boa protecção dos novos<br />

crescimentos.<br />

Controlo do oídio<br />

Porque o fungo passa o Inverno<br />

nos gomos forais e foliares, um<br />

produto que faça uma boa cobertura<br />

de todos esses tecidos é o ideal<br />

para a fase inicial no controlo<br />

de infecções primárias. Flint, com<br />

o seu efeito de vapor, é uma solução<br />

completa para o controlo do<br />

protecção<br />

Controlo de doenças<br />

em macieira e pereira<br />

Por: Avelino Balsinhas, Bayer CropScience<br />

Os insectos e ácaros auxiliares são uma componente<br />

essencial dos sistemas de produção de frutos,<br />

que pode ser preservada através de uma adequada<br />

selecção e correcta aplicação dos produtos para<br />

a protecção das culturas.<br />

<br />

O pedrado da macieira deve ser controlado desde o início da campanha<br />

Antracol está homologado para pedrado da macieira e pereira a 250g/hl; Flint está homologado para<br />

pedrado da macieira e pereira de 7,5 a 10 g/hl, para oídio da macieira entre 10 e 15 g/hl e encontra-se<br />

em extensão de homologação para estenfiliose da pereria; Libero Top está homologado para pedrado<br />

da macieira e pereira a 30 – 40 g/hl, oídio da macieira a 40 g/hl e estenfiliose da pereria a 75 g/hl.<br />

Aliette Flash estimula as defesas naturais da planta e está homologado para cancro do colo e doenças<br />

de conservação da fruta na concentração de 250 g/hl. Outros fungicidas da Bayer CropScience homologados<br />

em pomóideas: Cupravit, Gafex, Baycor Plus, Baycor S, Enxofre Bayer Ultra D, Mancozan e<br />

Pomarsol Ultra D.<br />

oídio no início da campanha. Simultaneamente<br />

proporciona uma<br />

acção curativa e preventiva contra<br />

o pedrado, evitando a necessidade<br />

de se adicionar um fungicida<br />

específico para o pedrado.<br />

Após a floração e durante o desenvolvimento<br />

dos frutos e enquanto<br />

as condições continuarem<br />

favoráveis ao desenvolvimento<br />

das doenças, o objectivo é prevenir<br />

a ocorrência de infecções secundárias<br />

de oídio. O Libero Top,<br />

devido à sua sistemia, é a solução<br />

ideal pois acompanha o desenvolvimento<br />

dos tecidos vegetais.<br />

Controlo<br />

da estenfiliose<br />

O controlo desta doença na<br />

pereira pode basear-se numa alternância<br />

de produtos com diferentes<br />

modos de acção. Nesta estratégia<br />

integram-se perfeitamente<br />

o Flint (em extensão de<br />

homologação), o Libero Top e o<br />

Pomarsol Ultra D.<br />

Antracol fungicida<br />

e fonte de zinco<br />

Antracol está homologado contra<br />

o pedrado da macieira e da pe


RESERVADA A PROFISSIONAIS. É INTERDITA A ENTRADA A MENORES DE 14 ANOS<br />

factores de produção<br />

protecção<br />

reira, na concentração de 250 g/hl.<br />

Propinebe, a substância activa do<br />

Antracol, pertence ao grupo químico<br />

dos ditiocarbamatos, e é indispensável<br />

nas estratégias antiresistências.<br />

Actua em vários locais<br />

do metabolismo celular dos<br />

fungos, tem baixo risco de desenvolvimento<br />

de resistências e torna-o<br />

um parceiro ideal para a alternância<br />

ou mistura nos tratamentos<br />

com outros fungicidas.<br />

O que é que o Antracol (fungicida)<br />

tem a ver com o zinco<br />

(elemento)?<br />

Zinco é um micronutriente essencial<br />

para as plantas e normalmente<br />

é deficitário nos solos agrícolas,<br />

especialmente em solos com<br />

pH alto ou alto teor de fósforo.<br />

O zinco elementar, existente<br />

nos solos, não está imediatamente<br />

disponível para as plantas, mas<br />

o Antracol contem zinco numa<br />

forma orgânica imediatamente<br />

disponível para ser absorvido pelas<br />

folhas da planta. Encontra-se<br />

na forma certa e no momento certo<br />

e tem uma excelente selectividade.<br />

Com efeito, é um bónus extra<br />

para o utilizador de Antracol,<br />

para além do bom controlo fungicida<br />

desde o botão verde até ao<br />

estado de orelhas de rato.<br />

Outros meios de luta<br />

Existem várias estratégias adi-<br />

Alternância de produtos com diferentes modos de acção é a estratégia ideal<br />

para controlar a estenfiliose<br />

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cionais que podem ser incorporadas<br />

para reduzir a incidência e severidade<br />

das doenças provocadas<br />

por fungos no pomar:<br />

• Variedades tolerantes ou menos<br />

susceptíveis ao pedrado, oídio<br />

e estenfiliose.<br />

• Condução do pomar mantendo<br />

o bom arejamento da canópia<br />

das árvores.<br />

• Remoção de gomos infectados<br />

com oídio durante a poda para<br />

reduzir o inóculo.<br />

• Retirar ou destruir as folhas existentes<br />

no terreno antes do<br />

abrolhamento, para reduzir a<br />

probabilidade de ocorrência de<br />

infecções primárias.<br />

• Usar os Serviços de Avisos de<br />

forma a melhor posicionar as<br />

aplicações dos fungicidas.<br />

• Calibrar o equipamento de pulverização<br />

regularmente para assegurar<br />

uma óptima cobertura<br />

das folhas e frutos durante os<br />

tratamentos. <br />

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58


59<br />

O cultivo da batata de indústria<br />

no Vale do Tejo tem<br />

assumido nos últimos anos<br />

uma importância crescente. Esta<br />

actividade é um forte incentivo<br />

para os agricultores, funcionando<br />

com pólo dinamizador da actividade<br />

agrícola ao nível da região.<br />

A reforma da PAC, com a introdução<br />

das medidas agro-ambientais,<br />

nomeadamente as relacionadas<br />

com a Produção Integrada, colocou<br />

novos desafios a esta cultura.<br />

O azoto é um dos nutrientes<br />

com maior influência na produção<br />

e no rendimento económico<br />

das culturas e, por este facto, tem<br />

havido uma tendência generalizada<br />

para o aumento da sua aplicação.<br />

Contudo, é necessário um<br />

maior rigor na sua utilização, pois<br />

os excessos são negativos, do ponto<br />

de vista económico, ambiental<br />

e da qualidade da produção. Por<br />

outro lado, há factores que influenciam<br />

a eficiência da utiliza-<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

factores de produção<br />

nutrição<br />

Fertilização azotada<br />

em batata de indústria<br />

Por: Amaral A.*; Matos, M.S.**; Ribeiro, N.*; Hipólito, R.*<br />

Ensaio avalia resposta da batata de indústria<br />

Hermes a doses crescentes de azoto, aplicadas<br />

de diferentes modos, quanto à produção comercial,<br />

calibres, teor de matéria seca e taxas de recuperação<br />

do azoto pela cultura.<br />

<br />

ção do azoto: a cultivar; os elementos<br />

climáticos, nomeadamente<br />

a precipitação; o tipo de solo;<br />

o precedente cultural; a produtividade<br />

alcançada; o tipo de adubo<br />

e a forma de distribuição (o seu<br />

fraccionamento), entre outros.<br />

Ensaios com<br />

batata Hermes<br />

Além das regras da Produção Integrada,<br />

torna-se necessário aprofundar<br />

o conhecimento do azoto,<br />

recorrendo a experimentação local.<br />

No projecto Agro nº328, “Sistemas<br />

de produção integrada em<br />

horticultura de ar livre na região<br />

do Ribatejo” instalaram-se campos<br />

experimentais na freguesia do Pinheiro<br />

Grande, concelho da Chamusca,<br />

em dois anos consecutivos, para<br />

avaliar a resposta da cultivar de<br />

batata de indústria Hermes a doses<br />

crescentes de azoto, aplicadas de<br />

diferentes modos. Avaliou-se o efeito<br />

dos tratamentos em relação à<br />

A B<br />

Figura 1 – Aspecto do dispositivo experimental do campo instalado no<br />

Pinheiro Grande<br />

produção comercial, à repartição<br />

dos calibres, ao teor de matéria seca<br />

e quanto às taxas de recuperação<br />

do azoto pela cultura.<br />

Os ensaios foram instalados em<br />

2004 e 2005 em pleno campo de<br />

cultivo, num aluviossolo moderno,<br />

cujas características físicas e<br />

químicas são apresentadas no<br />

Quadro 1. Em ambos os anos seguiu-se<br />

um delineamento experimental<br />

em parcelas sub-divididas,<br />

em que a parcela principal correspondeu<br />

à adubação de fundo (3<br />

doses de azoto – 0, 100 e 200<br />

kg/ha, respectivamente) e a par-<br />

Figura 2 – Aspecto geral do desenvolvimento das plantas do campo experimental em 2004 (A) e em 2005 (B)<br />

cela secundária à adubação de cobertura<br />

(4 doses de azoto – 0,<br />

50+50, 50+50+50 e 100 kg/ha, respectivamente).<br />

A plantação mecânica realizouse<br />

no dia 19 de Março, em ambos<br />

os anos. Utilizou-se batata semente<br />

de calibre 35/60mm, cortada ao<br />

meio, com um peso médio fresco<br />

de 35g, um teor médio de MS de<br />

23% e um teor médio de N total<br />

de 1,3%. A densidade de plantação<br />

por ha foi de 50 000 propágulos,<br />

num compasso de 0,8m na entrelinha,<br />

por 0,25m na linha. A fertilização<br />

foi manual, distribuindo


factores de produção<br />

nutrição<br />

Quadro 1 – Caracterização físico-química<br />

do solo dos campos experimentais<br />

Parâmetro Ano 2004 Ano 2005<br />

Teor de matéria (%) 1,7 2,3<br />

Reacção do solo (pH) 8,2 7,5<br />

Fósforo assimilável (ppm) 322 277<br />

Potássio assimilável (ppm) 214 287<br />

Calcário total (%) 0,5 0,5<br />

Nitratos (ppm) 31,0 20,5<br />

Análise textural Franco-limosa<br />

Soma de bases de troca (meq/100g) 24,1<br />

Capacidade de troca catiónica (meq/100g) 24,8<br />

Grau de saturação em bases (%) 97,3<br />

se o fósforo e o potássio a lanço,<br />

na forma de adubos elementares<br />

(superfosfato e sulfato de potássio).<br />

A adubação azotada foi feita<br />

de acordo com o dispositivo experimental,<br />

utilizando-se nitrato<br />

de amónio. A adubação de cobertura<br />

manual usou o mesmo tipo<br />

de adubo, na 1ª década de Abril,<br />

na 2ª década de Maio e 3ª década<br />

de Maio. O sistema de rega utilizado<br />

foi a aspersão. Foram colocados<br />

udómetros, com o objectivo<br />

de avaliar a repartição e a dotação<br />

média de rega. O teor médio<br />

de nitratos na água de rega<br />

foi de 11,5 e 12,1 mg/l em 2004 e<br />

2005, respectivamente. A colheita<br />

das parcelas foi manual, 150 e<br />

167 dias após a plantação.<br />

Resultados<br />

dos ensaios<br />

Em 2004 houve diferenças significativas<br />

em resposta à adubação<br />

de fundo, mas não em 2005.<br />

Em qualquer um dos anos não<br />

houve resposta à adubação de cobertura<br />

(Quadro 2).<br />

Os tratamentos não influenciaram<br />

significativamente a percentagem<br />

de tubérculos com calibre<br />

superior a 60mm, embora se tenha<br />

registado, em 2004, um aumento<br />

da sua percentagem, com o aumento<br />

da adubação de fundo.<br />

Os quantitativos de azoto não<br />

afectaram significativamente o teor<br />

de matéria seca dos tubérculos,<br />

seja considerando o total de azoto<br />

aplicado apenas em fundo, ou<br />

em fundo e cobertura. No entanto,<br />

em 2004, verificou-se também<br />

em relação a este parâmetro uma<br />

resposta regular, no diminuindo<br />

o teor de matéria seca com o aumento<br />

do quantitativo aplicado<br />

em fundo.<br />

A análise do teor do azoto total<br />

dos tubérculos (expresso em<br />

percentagem da matéria seca)<br />

permitiu-nos concluir que nem a<br />

quantidade de azoto total aplicado,<br />

nem a forma de aplicação,<br />

afectaram este parâmetro.<br />

Tendo por base o teor de matéria<br />

seca dos tubérculos e o teor<br />

de azoto total nessa matéria seca<br />

procedeu-se ao cálculo do<br />

quantitativo de azoto exportado<br />

pelos tubérculos, em função da<br />

sua produção total. A quantidade<br />

de azoto exportado aumentou,<br />

com o aumento da quantidade de<br />

azoto aplicado, até cerca das 250<br />

kg/ha, a partir da qual se regista<br />

uma diminuição desse quantitativo<br />

(Figura 3).<br />

A percentagem de azoto dos<br />

fertilizantes recuperado pelos tubérculos<br />

é um dos indicadores<br />

mais utilizado para avaliar a eficiência<br />

da utilização deste nutriente.<br />

Esta taxa é calculada com base<br />

Quadro 2 – Resultados da análise de variância da produção total de tubérculos<br />

2004 2005<br />

Origem da Variação Graus de liberdade Quadrados médios Valor de F Graus de liberdade Quadrados médios Valor de F<br />

Bloco 2 5,3 0,066 ns 2 356,9 1,56 ns<br />

Adubação de fundo 2 549,0 6,76 s** 2 247,8 1,08 ns<br />

Adubação de fundo x Bloco 4 54,4 0,67 ns 4 93,9 0,41 ns<br />

Adubação de cobertura 3 228,6 2,82 ns 3 596,6 2,61 ns<br />

Interacção 6 289,8 3,57 s* 6 196,4 0,86 ns<br />

Erro 18 81,1 - 18 228,4 -<br />

Nota: s* – significativo a 5%; s** – significativo a 1%; ns – não significativo<br />

Figura 3 – Efeito da adubação total de azoto na quantidade de azoto exportado<br />

pelos tubérculos<br />

Figura 4 – Efeito dos tratamentos na taxa de azoto recuperado pelas plantas<br />

(%), calculado com base nas médias obtidas do conjunto dos campos experimentais<br />

na relação entre a diferença do<br />

azoto recuperado nas modalidades<br />

fertilizadas e o azoto recuperado<br />

pela modalidade testemunha,<br />

pelo azoto utilizado nas modalidades<br />

fertilizadas. Como resultado<br />

da análise média dos campos<br />

acompanhados, verificou-se que a<br />

taxa de recuperação de azoto pelos<br />

tubérculos variou entre 20 e os<br />

40 %, diminuindo das modalidades<br />

com menores quantidades para<br />

as de maior quantidade de azoto<br />

(Figura 4). Estes valores situamse<br />

ligeiramente abaixo dos encontrados<br />

por outros autores. Uma<br />

possível explicação para este facto<br />

poderá residir num maior quantitativo<br />

de azoto disponível para<br />

as plantas, com outras origens que<br />

não os adubos aplicados. A água<br />

de rega e o azoto libertado pela<br />

mineralização da matéria orgânica<br />

constituíram as principais fontes<br />

de azoto para as plantas, para<br />

além dos adubos.<br />

Conclusões<br />

Como principais conclusões deste<br />

trabalho podemos referir: verificou-se<br />

haver resposta à adubação<br />

de fundo em um dos dois<br />

anos de experimentação, mas não<br />

à adubação de cobertura; os tratamentos<br />

não afectaram a percentagem<br />

do número de tubérculos<br />

com calibre superior a 60mm, nem<br />

o teor de matéria seca dos tubérculos,<br />

bem como, o teor de azoto<br />

total dos tubérculos; o teor de<br />

azoto exportado aumentou até<br />

aos 250 kg/ha de N aplicado; a taxa<br />

de recuperação do azoto pelos<br />

tubérculos variou entre 40 e 20%<br />

do total aplicado. <br />

Agradecimentos<br />

Os autores desejam agradecer a contribuição<br />

do Sr. António Sequeira; da Eng.ª Isabel<br />

Tourgal, da Eng.ª Fernanda Pirralho e<br />

da Técnica de Laboratório Maria José Maia,<br />

da Escola Superior Agrária de Santarém.<br />

* Escola Superior Agrária de Santarém;<br />

** Cooperativa Agrícola AgroMais<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

60


factores de produção<br />

rega<br />

Estratégias de rega para<br />

a cultura do girassol<br />

Por: Catronga, H.; Boteta, L.; Guerreiro, C.; Oliveira. I. (1)<br />

A fase critica do girassol quanto às necessidades de<br />

água vai desde o início do botão floral até 15 dias<br />

depois do final da floração, sendo necessário um fornecimento<br />

constante de água até ao final do ciclo,<br />

para favorecer um elevado teor em óleo.<br />

<br />

A cultura do girassol (Helianthus<br />

annuus L.), vista quase<br />

sempre como uma cultura<br />

marginal, tem vindo a perder área<br />

desde 1996, sendo a sua produtividade<br />

muito irregular desde<br />

1980. Como oportunidade para<br />

poder alterar esta situação, em<br />

2003, surge a Directiva 2003/30/CE,<br />

relativa à promoção da utilização<br />

de biocombustíveis, que fomenta<br />

a utilização de biomassa, como<br />

fonte de energia. Preconiza-se assim<br />

que determinados produtos<br />

agrícolas poderão vir a constituirse<br />

como uma fonte de rendimento<br />

alternativa para os agricultores,<br />

devendo os Estados-membros<br />

intensificar os esforços de pesquisa<br />

neste sector.<br />

O girassol está entre as cinco<br />

maiores culturas oleaginosas produtoras<br />

de óleo vegetal comestível<br />

do Mundo (7% da produção<br />

mundial de oleaginosas da campanha<br />

de 2006/2007), ficando<br />

atrás da soja (58%), da canola e<br />

algodão (11%) e do amendoim<br />

(8%). A água é o factor de maior<br />

impacto na produção desta cultura,<br />

apesar do excesso ser prejudicial,<br />

porque aumenta as probabilidades<br />

de semente oca e a incidência<br />

de doenças. A fase critica<br />

quanto às necessidades de água,<br />

estende-se desde o início do botão<br />

floral até 15 dias depois do final<br />

da floração, sendo necessário<br />

um fornecimento constante de<br />

água até ao final do ciclo, para favorecer<br />

um elevado teor em óleo.<br />

O COTR, pretendendo contribuir<br />

para a renovação das estratégias<br />

de gestão da cultura do girassol,<br />

desenvolveu em 2006 um ensaio<br />

para ajudar o agricultor num<br />

possível novo rumo da sua gestão<br />

agrícola. Pretendeu-se analisar a<br />

influência da rega na produção de<br />

girassol, tendo por base, as baixas<br />

dotações que normalmente são<br />

aplicadas nesta cultura, bem como<br />

a aptidão e rendimento para a<br />

produção de biodisel.<br />

Figura 1 – Localização do<br />

ensaio e das parcelas no pivot<br />

A rega não altera significativamente o rendimento da semente em óleo<br />

e biodisel<br />

Delineamento<br />

experimental<br />

O ensaio foi instalado, sob um<br />

center-pivot, no Pólo Experimental<br />

do COTR da Quinta da Saúde,<br />

em Beja, com uma área total de<br />

3 ha (Figura 1). Foram delimitadas<br />

três parcelas, cada qual com<br />

1 ha, com três dotações de rega<br />

diferentes:<br />

• Na parcela A – Rega da cultura<br />

desde a sementeira até ao<br />

fim do ciclo, correspondendo a<br />

cerca de 30% da evapotranspiração<br />

óptima para a cultura.<br />

• Na parcela B – Rega com dotações<br />

iguais à da parcela A até<br />

à germinação, passando depois<br />

para 50% daquela, até ao fim<br />

do ciclo da cultura.<br />

• Na parcela C – Rega com dotações<br />

iguais à da parcela A até<br />

à germinação, sendo conduzida<br />

sob a forma de sequeiro até ao<br />

fim da cultura.<br />

No fim do ciclo da cultura foram<br />

delimitados quatro pontos de<br />

amostragem por parcela onde se<br />

recolheram amostras para:<br />

• Determinação da produção;<br />

• Determinação de valores de biomassa<br />

(altura, diâmetro do capítulo,<br />

matéria seca – MS, peso<br />

de 1000 sementes e valor nutricional);<br />

• Análise de rendimento em óleo<br />

e produção de biodisel.<br />

Necessidades<br />

hídricas da cultura<br />

Atendendo às baixas dotações<br />

de rega que são aplicadas no girassol,<br />

optou-se por fornecer uma<br />

dotação máxima de rega (260<br />

mm), bastante inferior ao valor estimado<br />

para as necessidades óptimas<br />

da cultura (850 mm), indo<br />

de encontro ao objectivo proposto.<br />

Pela observação da Figura 2 verifica-se<br />

que as necessidades óptimas<br />

para a cultura foram de cerca<br />

de 850 mm. Até sensivelmente<br />

o início de Junho, as dotações de<br />

rega foram iguais nas três parcelas<br />

para assegurar a germinação<br />

da cultura, cessando para a parcela<br />

C após esta data. A partir da segunda<br />

semana de Junho as dotações<br />

de água aplicadas (parcela A<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

62


63<br />

Figura 2 – Evolução das necessidades hídricas óptimas para o girassol e DUR<br />

acumuladas paras as várias parcelas<br />

Figura 3 – Dados de biomassa das parcelas de ensaio do girassol<br />

Figura 4 – Produção de girassol das parcelas e peso económico da água<br />

Figura 5 – Rendimento e conteúdo em óleo<br />

Figura 6 – Rendimento em biodisel<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

factores de produção<br />

rega<br />

e B), começaram a divergir até á<br />

colheita. Assim, as dotações úteis<br />

de rega – DUR – foram de cerca<br />

de 260, 180 e 65 mm, respectivamente<br />

nas parcelas A, B e C.<br />

Componentes<br />

de rendimento<br />

Na Figura 3, apresentam-se os<br />

dados de biomassa - produção, peso<br />

de 1000 sementes, altura, diâmetro<br />

do capítulo e MS - , em função<br />

da aplicação de diferentes dotações<br />

de rega (parcelas A, B e C).<br />

Verifica-se que todos os parâmetros<br />

analisados são superiores na<br />

parcela A. Em termos de produção<br />

e de matéria seca, na parcela<br />

A, os valores foram cerca de três<br />

vezes superiores aos da parcela C.<br />

Determinação<br />

do Valor Nutricional<br />

Das análises laboratoriais à proteína<br />

e gordura bruta, em percentagem<br />

de Matéria Bruta (%) e Matéria<br />

Seca (%), os resultados mostram<br />

que não existem diferenças<br />

significativas entre os vários tratamentos,<br />

sendo a produção de<br />

proteína bruta ligeiramente maior<br />

na Parcela B, e a produção de gordura<br />

bruta, ligeiramente maior na<br />

Parcela C.<br />

Análise económica<br />

Na Figura 4, observa-se, o peso<br />

que o custo da água tem no rendimento<br />

bruto da produção de girassol.<br />

Para as produções obtidas<br />

nas parcelas A e C, respectivamente<br />

1,8 e 0,6 ton/ha, o custo da<br />

água representa respectivamente,<br />

cerca de 3 e 7%, do rendimento<br />

bruto da cultura.<br />

Rendimento<br />

da extracção do óleo<br />

Segundo vários autores, o conteúdo<br />

em óleo extraído das sementes<br />

de girassol, situa-se entre 38,0<br />

e 48,0 %. Nos ensaios realizados,<br />

os valores das amostras retiradas<br />

das três parcelas de girassol situam-<br />

-se também dentro deste intervalo,<br />

tal como se pode observar no<br />

gráfico da Figura 5. No entanto, o<br />

rendimento em óleo (ton/ha) que<br />

tem como intervalos indicativos 0,5<br />

a 1,5, foi bastante baixo, especialmente<br />

para a parcela C. As parcelas<br />

A e B, apresentam valores mínimos<br />

para este indicador.<br />

Rendimento da<br />

produção de biodisel<br />

A influência da dotação de rega<br />

no rendimento em biodisel, em<br />

relação ao peso do óleo obtido (Figura<br />

6), é quase nula, sendo, no<br />

entanto, ligeiramente maior para<br />

o girassol da Parcela C. No que diz<br />

respeito ao rendimento em biodisel,<br />

em relação ao peso da semente<br />

(Figura 6), na parcela C verificam-se<br />

valores mais elevados, sem<br />

haver, no entanto, grandes diferenças<br />

entre tratamentos.<br />

Conclusões<br />

1. Aumentos das dotações de rega<br />

levaram a um aumento dos<br />

parâmetros de biomassa (altura,<br />

MS, capítulo, peso das sementes,<br />

etc.);<br />

2. Maior aplicação de água não se<br />

traduziu numa alteração no valor<br />

nutricional desta cultura;<br />

3. Caso se trate a água como um<br />

input isolado, a sua influência<br />

na produção vai aumentando,<br />

com o aumento das dotações<br />

de rega;<br />

4. Caso se trate a água como um<br />

input isolado, o seu peso económico<br />

na cultura vai diminuindo,<br />

com o aumento das dotações<br />

de rega e consequente aumento<br />

de produções;<br />

5. A rega não altera significativamente<br />

as características da<br />

semente em termos de rendimento<br />

em óleo e biodisel. Desta<br />

forma, parece ser claramente<br />

vantajoso produzir girassol<br />

de regadio para aumentar a<br />

produção, e consequentemente,<br />

os subprodutos extraídos<br />

da semente. <br />

(1) Centro Operativo e de Tecnologia do Regadio,<br />

Quinta da Saúde, 7801-901, Beja,<br />

telf.: 284 321 582; fax: 284 321 583.


65<br />

De acordo com dados apresentados<br />

no segundo encontro<br />

europeu de representantes<br />

de organismos coordenadores<br />

da inspecção de pulverizadores da<br />

União Europeia (UE), existem cerca<br />

de dois milhões de máquinas para<br />

aplicação de produtos fitofarmacêuticos<br />

na UE. A sua distribuição<br />

geográfica é muito variável -<br />

mínimo de 0,04 por km 2 , na Bulgária<br />

e Suécia, a um máximo de 1,83,<br />

na Itália, país fabricante de numeroso<br />

equipamento deste tipo.<br />

Em Portugal, de acordo com o<br />

Recenseamento Geral da Agricultura<br />

de 1999, elaborado pelo<br />

Instituto Nacional de Estatística,<br />

o número de pulverizadores e<br />

polvilhadores ultrapassava os 56<br />

mil, em mais de 48 mil explorações,<br />

correspondendo a uma<br />

densidade aproximada de 0,6<br />

por km 2 e grande diversidade de<br />

equipamentos.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

boas práticas agrícolas<br />

Inspecção de pulverizadores<br />

até 2015<br />

Por: Jorge F. Moreira (DGADR)<br />

Uma proposta de Directiva comunitária sobre<br />

“Uso Sustentável de Produtos Fitofarmacêuticos”<br />

prevê que as inspecções de pulverizadores sejam<br />

obrigatórias até 2015.<br />

<br />

Na maioria dos Estados-membros,<br />

em consequência das exigências<br />

do mercado de produtos agrícolas,<br />

a verificação do correcto funcionamento<br />

do equipamento de<br />

aplicação de produtos fitofarmacêuticos<br />

iniciou-se antes das medidas<br />

compulsivas, previstas em legislação.<br />

Na Alemanha a inspecção<br />

é obrigatória desde 1993; no Reino<br />

Unido as inspecções são voluntárias<br />

(de 45 mil pulverizadores, na<br />

maioria em culturas baixas, inspeccionaram-se<br />

5 mil); em Espanha as<br />

inspecções, também voluntárias,<br />

iniciaram-se em 1986 (culturas herbáceas)<br />

e 1990 (fruteiras). A frequência<br />

das inspecções varia entre<br />

um e cinco anos, na UE.<br />

Em Portugal, a empresa Tomix,<br />

desde 2003, a pedido dos clientes,<br />

já verificou o “correcto estado de<br />

funcionamento”, em mais de 500<br />

máquinas. A empresa Rocha, por<br />

igual motivo, mais recentemente,<br />

Figura 2 – Sinalética exemplificativa do risco inerente à utilização de veio<br />

de cardans<br />

Figura 1 – O resguardo dos pulverizadores com fluxo de ar protege o operador<br />

iniciou o “serviço de calibragem e<br />

verificação técnica de equipamento<br />

de pulverização”. O Centro<br />

Operativo de Horto Fruticultura<br />

Nacional, que celebrou um protocolo<br />

com a Direcção-Geral de Agricultura<br />

e Desenvolvimento Rural<br />

(DGADR), começou, em 2006, um<br />

serviço de inspecção de pulverizadores,<br />

obedecendo à Norma Europeia<br />

13 790, em ordem a responder<br />

às crescentes exigências dos sistemas<br />

de certificação do mercado<br />

horto frutícola. No primeiro ano<br />

desta acção, foram inspeccionadas<br />

mais de 200 máquinas.<br />

Inspecção<br />

obrigatória até 2015<br />

Durante a Presidência Portuguesa<br />

da União Europeia, foi<br />

aprovado, por unanimidade da<br />

Comissão e do Conselho, um acor-<br />

do político para a proposta de Directiva<br />

do Parlamento e do Conselho<br />

Europeu “Uso Sustentável<br />

de Produtos Fitofarmacêuticos”.<br />

Esta legislação será aplicada nos<br />

Estados-membros no prazo de<br />

dois anos e torna obrigatória a<br />

inspecção de equipamento para<br />

aplicação de produtos fitofarmacêuticos<br />

(não abrangendo pulverizadores<br />

de dorso nem outros pequenos<br />

aparelhos). A implementação<br />

da inspecção periódica compulsiva<br />

exigirá um esforço considerável<br />

de organização, atendendo<br />

a que a primeira inspecção está<br />

prevista até 2015.<br />

Inspecção<br />

é segurança<br />

A imposição de exigências no<br />

correcto funcionamento deste tipo<br />

de equipamentos tem eviden


oas práticas agrícolas<br />

Figura 3 – Enchimento do depósito de produto fitofarmacêutico<br />

tes vantagens em diversos domínios:<br />

nas boas práticas agrícolas,<br />

protecção dos aplicadores e do<br />

ambiente.<br />

Um projecto europeu, onde participou<br />

a DGADR, estudou a eficácia<br />

de equipamento de protecção<br />

individual (EPI) perante diferentes<br />

graus de exposição do aplicador:<br />

a exposição potencial, dermal e<br />

por inalação, e a exposição real,<br />

i.e., por via sistémica (absorção de<br />

produtos fitofarmacêuticos) dos<br />

aplicadores. Diversos factores influenciam<br />

a segurança durante a<br />

pulverização: condições atmosféricas,<br />

o tipo de cultura, a duração<br />

e técnica de aplicação, volume de<br />

calda e o tipo de EPI.<br />

Não obstante a dificuldade de<br />

quantificar a ligação entre a segurança<br />

para o aplicador e o bom estado<br />

de funcionamento do equipamento,<br />

é evidente a sua importância<br />

na prevenção de riscos.<br />

Órgãos mecânicos<br />

Do ponto vista mecânico, os<br />

veios telescópicos de cardans, nos<br />

pulverizadores suspensos nos três<br />

pontos ou rebocados por tractor,<br />

e os ventiladores (quando existen-<br />

tes) são os órgãos mais susceptíveis<br />

de provocar acidentes.<br />

A proposta legislativa europeia<br />

exige que o resguardo do veio telescópico<br />

de cardans esteja devidamente<br />

montado e em bom estado,<br />

tal todas as componente<br />

deste mecanismo de transmissão<br />

de potência, para protecção do<br />

operador (Figura 2).<br />

No equipamento de pulverização<br />

com fluxo de ar, os ventiladores<br />

(Figura 1) têm de estar munidos<br />

com resguardo, para impossibilitar<br />

o contacto do operador<br />

com o material móvel, em boas<br />

condições, de modo a assegurar<br />

um fluxo de ar estável.<br />

O correcto funcionamento de<br />

componentes, como o “incorporador<br />

de produto”, depósito adicional<br />

onde se colocam os produtos<br />

fitofarmacêuticos para transferência<br />

progressiva para o depósito do<br />

pulverizador (Figura 3), assim como<br />

o depósito de água limpa estritamente<br />

destinado à lavagem de<br />

mãos (figura 4), são essenciais para<br />

diminuir os riscos na aplicação<br />

de produtos fitofarmacêuticos.<br />

De facto, de acordo com a NE<br />

907, para fabrico de máquinas de<br />

pulverização, o depósito de água<br />

limpa destinada ao operador, independente<br />

de outras partes da<br />

máquina, deve ter uma capacidade<br />

igual ou superior a 15 litros e<br />

ter uma torneira (Figura 4).<br />

Importância da inspecção<br />

na calibração<br />

Como é óbvio, o débito dos bicos<br />

de pulverização, normalmente<br />

expresso em l/min, depende da<br />

pressão e do respectivo diâmetro.<br />

Uma vez escolhida a velocidade de<br />

trabalho e conhecida a largura de<br />

trabalho, o erro na calibração da<br />

máquina para um volume de calda<br />

previamente estabelecido, depende<br />

do rigor do seu cálculo.<br />

Este tipo de calibração depende<br />

da precisão entre o valor do débito<br />

tabelado, para a pressão escolhida<br />

dos bicos de pulverização<br />

hidráulica, e os valores verificados<br />

com o pulverizador em funcionamento.<br />

Na experimentação e formação<br />

desenvolvida pela DGADR,<br />

tem sido sempre averiguada a<br />

equivalência daqueles valores e realçada<br />

a sua importância.<br />

A proposta de directiva comunitária<br />

considera imprescindível o<br />

rigor dos instrumentos de Regulação,<br />

Medição e Controlo. Só com<br />

bom funcionamento e rigor dos<br />

dispositivos de controlo de pressão<br />

se pode manter uma pressão<br />

de trabalho constante, respeitante<br />

a uma adequada rotação da<br />

bomba, garantindo uma distribuição<br />

uniforme da calda aplicada<br />

por unidade de superfície. O controlo<br />

de pressão e o seu ajustamento<br />

deverão ser possíveis e fáceis,<br />

durante a aplicação.<br />

Neste artigo referiram-se medidas<br />

previstas em disposições normativas<br />

europeias para alguns<br />

componentes dos pulverizadores<br />

conducentes à segurança. Em próximo<br />

artigo abordar-se-ão medidas<br />

de outros componentes do<br />

equipamento de aplicação de produtos<br />

fitofarmacêuticos, como a<br />

bomba, depósito, tubagens, filtros<br />

e barra de pulverização. <br />

Agradecimentos<br />

À engª Flávia Alfarroba agradece-se a leitura<br />

deste artigo.<br />

Figura 4 – O depósito de água limpa para lavagem de mãos dever ter capacidade<br />

igual ou superior a 15 litros e uma torneira<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

66


67<br />

O incremento verificado no<br />

consumo de hortofrutícolas<br />

frescos (HF), incluindo os minimamente<br />

processados (IV gama),<br />

tem focalizado a atenção de produtores,<br />

transformadores e agências<br />

reguladoras para as questões<br />

de segurança microbiológica e química<br />

associada a estes produtos.<br />

A lavagem e sanitização de HF<br />

são práticas industriais comuns,<br />

cujo objectivo é reduzir a carga<br />

microbiana de deterioração e patogénica,<br />

sem interferir na qualidade<br />

sensorial e nutricional, prolongando<br />

o período de vida dos<br />

produtos. A descontaminação superficial<br />

de HF inteiros e/ou cortados<br />

é uma operação crítica, devido<br />

à multiplicidade da flora contaminante<br />

e das diferentes formas<br />

de adesão dos microrganismos<br />

(mo.) à superfície irregular dos vegetais.<br />

A eventual formação de<br />

biofilmes e / ou a localização de<br />

mo. em zonas de difícil acesso<br />

constituem os principais entraves<br />

à eliminação microbiana.<br />

Para o efeito de descontaminação<br />

são usadas diversas substâncias<br />

químicas (e.g. hipoclorito de sódio<br />

- HIPO e dióxido de cloro) no contacto<br />

directo com produtos frescos<br />

inteiros e/ou cortados, em operações<br />

de lavagem. A eficácia destes<br />

procedimentos está dependente<br />

das condições de aplicação (concentração<br />

do agente químico, tempo<br />

de exposição, pH e temperatura),<br />

que devem ser optimizadas por<br />

produto, sendo ainda condiciona-<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

da pela preservação da qualidade<br />

sensorial dos HF. Mesmo após optimizadas<br />

as variáveis de tratamento,<br />

as reduções alcançadas não ultrapassam<br />

normalmente ca. 1 a 2<br />

ciclos Log 10. No entanto, as recomendações<br />

da FDA (Food and<br />

Drug Administration) apontam para<br />

que a acção ideal de um descontaminante<br />

seja de 5 ciclos Log 10.<br />

Tecnologia<br />

de barreiras<br />

A avaliação da aplicação de metodologias<br />

de descontaminação em<br />

HF, tais como o ozono (O 3), água<br />

electrolisada, ultra-sons e calor, é<br />

uma área de investigação emergente<br />

para a viabilização de processos<br />

alternativos mais eficientes. É assumido<br />

por vários autores a vantagem<br />

da combinação de tratamentos, expressa<br />

no conceito da tecnologia de<br />

barreiras ou “hurdle technology”.<br />

Esta baseia-se no princípio técnico<br />

de que vários tratamentos de intensidade<br />

ligeira possam ter uma eficácia<br />

igual ou superior (sinergias) a<br />

um só tratamento de elevada intensidade,<br />

mas com menores repercussões<br />

na qualidade nutricional e organoléptica.<br />

O uso de metodologias<br />

combinadas de sanitização é<br />

estratégia mais adequada e promissora<br />

na prossecução da segurança<br />

microbiológica de HF.<br />

Ozono<br />

A eficácia de descontaminação<br />

do ozono (O 3), nomeadamente<br />

água ozonada (em concentrações<br />

tecnologia<br />

pós-colheita<br />

Descontaminação em<br />

hortofrutícolas inteiros<br />

Por: Joaquina Pinheiro 1 , Carla Alegria 1 , Marta Abreu 1 ,<br />

Elsa M. Gonçalves 1 , Margarida Moldão-Martins 2 , Cristina L.M. Silva 3<br />

Ozono, água electrolisada, ultra-sons e calor<br />

são novas formas de descontaminar hortofruticolas<br />

sem recorrer à adição de químicos. Uma mais valia<br />

no mercado actual.<br />

Combinar métodos de desinfecção é a melhor forma de garantir a segurança<br />

microbiológica dos hortofrutícolas<br />

inferiores a 3 ppm), atribui-se ao<br />

seu elevado poder oxidativo sobre<br />

a estrutura celular das células<br />

microbianas, não envolvendo a<br />

formação de compostos secundários.<br />

A acção letal, referida como<br />

sendo 1,5 vezes superior à do HI-<br />

PO, apresenta um espectro de actuação<br />

sobre um maior número<br />

de microrganismos, incluindo patogénicos,<br />

designadamente E. Coli<br />

e L. monocytogenes. Estudos de<br />

optimização da aplicação de água<br />

ozonada realizados em brócolos<br />

(Figura 1) mostraram que foram<br />

alcançadas reduções máximas na<br />

ordem de 1 ciclo Log 10 (0.75 ppm<br />

de O 3, 5 min), enquanto que em<br />

cenoura os níveis de redução atingidos<br />

nunca excederam 0.4 ciclos<br />

Log 10 (dados não apresentados).<br />

Apesar da baixa eficiência constatada<br />

nestes resultados, a continuidade<br />

de investigação desta metodologia<br />

é justificada pela manutenção<br />

da qualidade sensorial dos<br />

produtos igualmente constatada.<br />

Estudos em que foi verificada uma<br />

maior eficiência de descontami-<br />

nação microbiológica em alface<br />

[1] pela utilização desta metodologia<br />

referem-se a aplicações de<br />

O 3 utilizando concentrações superiores<br />

a 3 ppm (passíveis de alcançar<br />

em sistemas fechados) ou no<br />

estado gasoso.<br />

Calor<br />

A aplicação de calor na óptica<br />

da descontaminação superficial de<br />

HF é ponderada, desde que se verifique<br />

a selecção adequada do binómio<br />

tempo-temperatura, utilizado<br />

de forma a prevenir a alteração<br />

da qualidade sensorial e nutricional<br />

em fresco. Neste sentido,<br />

poderão ser consideradas intensidades<br />

térmicas distintas, aplicação<br />

de tratamentos de temperatura<br />

elevada - tempo reduzido (HTST)<br />

ou tratamentos térmicos moderados<br />

(TTM). O conceito HTST baseia-se<br />

no facto de que inactivação<br />

microbiana depende principalmente<br />

da temperatura do tratamento,<br />

enquanto que as alterações<br />

na qualidade sensorial dependem<br />

da duração do mesmo.


tecnologia<br />

pós-colheita<br />

Bolores (Log 10 UFC/g)<br />

5,0<br />

4,8<br />

4,6<br />

4,4<br />

4,2<br />

4,0<br />

3,8<br />

3,6<br />

Fresco 5 10 15<br />

As aplicações de TTM como tratamento<br />

pós-colheita em HF demonstraram<br />

ser efectivas na prevenção<br />

de desenvolvimento de<br />

fungos, controlo de infestações de<br />

insectos e controlo de processos<br />

fisiológicos, com prolongamento<br />

do período de vida dos produtos.<br />

Uma eficiência de descontaminação<br />

bastante satisfatória (de 3 ciclos<br />

Log 10 para mo. a 30ºC e total<br />

para bolores e leveduras) foi<br />

alcançada pela aplicação de HTST<br />

(100ºC / 45 s) em cenoura, sem alteração<br />

das características em fresco<br />

(Figura 2-a), superando os resultados<br />

do HIPO. Face a estes resultados<br />

favoráveis, o HTST afigura-se<br />

promissor como tratamento<br />

alternativo ao uso de HIPO no âmbito<br />

do processamento mínimo.<br />

Um exemplo prático de aplicação<br />

de TTM é apresentado na Figura<br />

2-b. Nesta observa-se que o<br />

TTM (42ºC / 30 min) aplicado em<br />

tomate permitiu uma redução ca.<br />

3 ciclos Log 10 sobre a carga micro-<br />

Tempo de exposição ao O3 (min)<br />

0.5 ppm 0.75 ppm 1.25 ppm<br />

Figura 1 - Efeito de água ozonada na flora microbiana do grupo de bolores<br />

em brócolos (Brassica oleracea L.) em função da concentração e tempo de<br />

tratamento<br />

Log 10 UFC/g<br />

8,0<br />

7,0<br />

6,0<br />

5,0<br />

4,0<br />

3,0<br />

2,0<br />

1,0<br />

0,0<br />

biana inicial, tendo-se ainda verificado<br />

um controlo microbiológico<br />

superior nas amostras tratadas<br />

ao longo de 14 dias de armazenamento<br />

(7ºC) em comparação com<br />

a ausência de tratamento. Sensorialmente<br />

constatou-se a manutenção<br />

da cor e firmeza em fresco<br />

no tomate tratado nas condições<br />

referidas.<br />

Descontaminação<br />

por ondas sonoras<br />

A sonicação (US) envolve a utilização<br />

de ondas sonoras na gama<br />

de frequência de 20-100 kHz em<br />

água. Os fenómenos de cavitação<br />

gerados (formação, crescimento e<br />

colapso de microbolhas) pela sua<br />

acção mecânica favorecem a remoção<br />

de mo. de locais de difícil<br />

acesso das superfícies irregulares<br />

dos HF. No entanto, as intensidades<br />

ultra-sónicas que facultam a<br />

inactivação dos mo. comprometem<br />

a qualidade sensorial dos HF,<br />

conjecturando-se a sua aplicação<br />

preferencial em combinação com<br />

outros tratamentos de descontaminação<br />

(e.g. com calor, conhecida<br />

como termo-sonicação). A ilustrar<br />

a aplicação desta metodologia,<br />

os resultados obtidos em abóbora<br />

sonicada (45 kHz, 2 min.)<br />

mostram reduções da flora de contaminação<br />

mesófila na ordem de<br />

1 ciclo Log 10 (Figura. 3). No entanto,<br />

a combinação com calor (45<br />

kHz x 71ºC, 2 min) duplicou a eficácia<br />

de descontaminação. Contudo,<br />

em cenoura termo-sonicada<br />

(45 kHz x 50ºC, 1 min) (dados não<br />

apresentados) não foram observados<br />

quaisquer efeitos aditivos na<br />

redução da carga inicial, sendo<br />

que os níveis de descontaminação<br />

alcançados não excederam aqueles<br />

verificados nos tratamentos singulares<br />

em jogo. Refere-se ainda<br />

que em abóbora não foram observados<br />

efeitos adversos para a qualidade<br />

organoléptica, enquanto<br />

que na cenoura constatou-se a<br />

perda do aroma característico.<br />

(a) 8,0<br />

7,0<br />

6,0<br />

5,0<br />

4,0<br />

3,0<br />

2,0<br />

1,0<br />

0,0<br />

(a)<br />

Fresca<br />

HIPO HTST 0 7 14<br />

Microrganismos a 30˚C Bolores & Leveduras<br />

Armazenamento (dias) Fresca TTM<br />

Figura 2 - (a) Comparação da eficiência da descontaminação da cloragem (id: HIPO 200 ppm, 1 min.) com o tratamento<br />

térmico (id: HTST, 100˚C, 45 s) sobre a carga microbiana inicial em cenoura fresca (Daucus carota L., cv. Nantes).<br />

(b) Efeito da descontaminação do tratamento térmico moderado (id: TTM, 42 / 30 min.) relativamente ao tomate em<br />

fresco (Lycopersicum esculentum) sobre a flora mesófila total, ao longo de 14 dias de armazenamento a 7˚C<br />

Microrganismos a 30˚C (Log 10 UFC/g)<br />

Microrganismos a 30˚C (Log 10 UFC/g)<br />

8,0<br />

5,0<br />

4,0<br />

3,0<br />

2,0<br />

1,0<br />

0,0<br />

Fresca US TUS<br />

Figura 3 - Efeito da sonicação (id: US, 45 kHz, 2 min.) e da termossonicação<br />

(id: TUS, 45 kHz x 71˚C, 2 min.) em abóbora (Cucurbita máxima L.) sobre a<br />

flora mesófila total<br />

Os resultados práticos apresentados<br />

neste trabalho, suportados<br />

nos projectos de investigação<br />

Agro 822 e Cleantech, mostram<br />

que a adequação de tratamentos<br />

alternativos e respectivas<br />

condições de aplicação são<br />

muito dependentes do tipo de<br />

hortofrutícola em causa. Apesar<br />

dos níveis de descontaminação<br />

expressos nestes resultados não<br />

serem os ideais, cumpriram-se os<br />

requisitos de manutenção da<br />

qualidade em fresco. Sublinhase<br />

ainda que resultaram da aplicação<br />

de abordagens tecnológicas<br />

sem recurso ou recurso mínimo<br />

a adição de químicos, o que<br />

expressa em si uma mais valia no<br />

mercado actual. <br />

1 Departamento de Tecnologia das<br />

Indústrias Alimentares, INETI, Lisboa<br />

2 Centro de Estudos Agro-Alimentares,<br />

ISA, Lisboa<br />

3 Escola Superior de Biotecnologia, UCP,<br />

Porto<br />

REFERÊNCIAS:<br />

[1] Kim J.G., Yousef A.E., Dave S. (1999).<br />

“Application of ozone for enhancing<br />

the microbiological safety and quality<br />

of foods: a review”. Journal of Food<br />

Protection 62(9):1071–87.<br />

Agro 822 - Novas tecnologias de processamento<br />

de hortofrutícolas congelados<br />

(www.esb.ucp.pt/emercon).<br />

Cleantech – Novas tecnologias limpas<br />

visando a eliminação ou redução do<br />

efeito nocivo de compostos químicos<br />

utilizados na manutenção da qualidade<br />

intrínseca de produtos hortícolas<br />

frescos minimamente processados. Introdução<br />

às embalagens activas na manutenção<br />

da qualidade obtida através<br />

daquelas tecnologias no processo de fabricação.<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

68


69<br />

O Regulamento (CE) n.º<br />

852/2004 do Parlamento Europeu<br />

e do Conselho de 29<br />

de Abril de 2004, relativo à higiene<br />

dos géneros alimentícios, exige<br />

que todas as empresas que operam<br />

no sector alimentar implementem<br />

sistemas de segurança alimentar<br />

baseados nos princípios HACCP<br />

(Hazard Analysis and Critical Control<br />

Points - Análise dos Perigos e<br />

Pontos Críticos de Controlo).<br />

O Sistema HACCP é uma metodologia<br />

reconhecida internacionalmente<br />

e constitui uma importante<br />

ferramenta na protecção alimentar,<br />

baseada em métodos de<br />

prevenção, envolvendo a identificação<br />

de potenciais perigos ao<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

higiene e segurança<br />

Aplicação do sistema<br />

HACCP em adegas<br />

Por: Iris Salgueiro e Lúcia Correia*<br />

A implementação do sistema HACCP contribui<br />

para a manutenção de uma adega limpa<br />

e organizada e minimiza os perigos para<br />

a segurança e qualidade do vinho.<br />

<br />

longo de todo o processo produtivo<br />

e a identificação de Pontos<br />

Críticos de Controlo (PCCs), que<br />

têm de ser identificados e controlados<br />

de modo a garantir a segurança<br />

do produto.<br />

A implementação do sistema<br />

HACCP contribui fortemente para<br />

a manutenção de uma adega<br />

limpa e organizada, onde todos<br />

os perigos para a segurança e qualidade<br />

do vinho são minimizados,<br />

aumentando a credibilidade da<br />

organização e do sector vitivinícola,<br />

dentro e fora do País.<br />

Numa fase inicial de implementação,<br />

é necessário assegurar que<br />

todos os pré-requisitos são assegurados.<br />

Entende-se como pré-re-<br />

A implementação do HACCP contribui para a manutenção de uma adega limpa e organizada<br />

quisitos, as actividades e condições<br />

básicas que são necessárias<br />

para manter um ambiente higiénico,<br />

bem como as condições gerais<br />

técnico-funcionais. Devem ser<br />

implementados tendo por base<br />

a legislação vigente e Códigos de<br />

Boas Práticas do sector. Os pré-requisitos<br />

passam por:<br />

◗◗ Estruturas e equipamentos,<br />

◗◗ Higienização e manutenção de<br />

equipamentos e estruturas,<br />

◗◗ Instalações sanitárias e vestiários,<br />

◗◗ Controlo de pragas,<br />

◗◗ Controlo de água,<br />

◗◗ Sistema de rastreabilidade e<br />

gestão de incidentes,<br />

◗◗ Gestão de resíduos,<br />

◗◗ Formação dos colaboradores,<br />

◗◗ Selecção e avaliação de fornecedores.<br />

Os pré-requisitos estão para o<br />

sistema HACCP, assim como os pilares<br />

estão para a construção de<br />

uma casa, ou seja, se adequados<br />

à dimensão, características e idade<br />

da adega permitem a sustentação<br />

de um bom sistema HACCP.<br />

Ajudam à correcção de todas as situações<br />

que poderiam levar a problemas<br />

de contaminação do produto<br />

e na melhoria da organização<br />

interna, com a consequente<br />

melhoria de produtividade.<br />

Posteriormente, deve ser estudado<br />

em pormenor o processo produtivo,<br />

com identificação dos potenciais<br />

perigos que possam ocorrer<br />

(biológicos, químicos, físicos).<br />

Perigos da qualidade<br />

Devem ser também estudados<br />

os perigos da qualidade. Exemplo<br />

de um perigo da qualidade, há<br />

muito contemplado em grande<br />

parte das adegas, é a aplicação de<br />

sulfuroso. Muito antes da quantidade<br />

aplicada atingir valores que<br />

põem em causa a saúde do consumidor,<br />

já foram atingidos níveis<br />

que depreciam consideravelmente<br />

a qualidade do vinho. Com o<br />

HACCP este perigo é controlado<br />

ao nível de práticas e procedimentos<br />

internos, muito antes de atingir<br />

os limites legais.<br />

Existem ainda outros perigos,<br />

como por exemplo, o controlo da<br />

temperatura de fermentação.<br />

Temperaturas desadequadas não<br />

resultam em problemas de segurança<br />

alimentar, mas podem afectar<br />

a qualidade do produto final.<br />

Quanto aos perigos biológicos,<br />

embora devam ser estudadas as<br />

possíveis contaminações ou crescimentos<br />

indesejados, o vinho, dado<br />

o seu teor alcoólico, é um produto<br />

com elevada estabilidade microbiológica,<br />

sendo um perigo de<br />

ocorrência pouco provável.


higiene e segurança<br />

Os resíduos de pesticidas na uva são um perigo químico a controlar pelo HACCP<br />

Ao nível de perigos químicos, é<br />

necessário controlar a uva à recepção.<br />

Nesta fase, as principais ameaças<br />

são os resíduos de pesticidas<br />

e a utilização de produtos não homologados.<br />

Perigos físicos<br />

Numa adega, os perigos mais<br />

preocupantes ao nível do sistema<br />

HACCP e que requerem um maior<br />

cuidado serão os perigos físicos.<br />

Durante as fases de enchimento e<br />

rolhagem, a frequente quebra de<br />

garrafas pode resultar em contaminações<br />

físicas, muito graves para<br />

o consumidor final. Estes perigos<br />

são, na maior parte das vezes,<br />

classificados como Pontos Críticos<br />

de Controlo.<br />

Todos os perigos identificados<br />

deverão ser sujeitos a uma matriz,<br />

onde se avalia a severidade de determinado<br />

perigo com a probabilidade<br />

de ocorrência do mesmo.<br />

Através desta análise poderemos<br />

focalizar os recursos da empresa<br />

(humanos, financeiros, técnicos)<br />

de forma a optimizar os controlos<br />

a realizar.<br />

Efectuado todo o estudo, é tempo<br />

de dar início à implementação<br />

prática, sendo que o grande desafio<br />

que se coloca é a consciencialização<br />

de que todos os colaboradores<br />

têm um papel vital para o<br />

bom funcionamento do sistema.<br />

Resta, por último, assegurar<br />

que o HACCP é um sistema vivo,<br />

e que existem verificações periódicas,<br />

para garantir a sua constante<br />

adaptação à realidade da empresa<br />

e proporcionar o levantamento<br />

de necessidades ao nível<br />

de mão-de-obra, formação, equipamentos,<br />

manutenções, etc.<br />

A vivacidade do sistema pode<br />

trazer benefícios para a melhoria<br />

de processos e produtos, melho-<br />

Temperaturas desadequadas de fermentação podem afectar a qualidade do produto final<br />

ria da relação cliente/fornecedor,<br />

redução de custos, satisfação do<br />

consumidor e principalmente a<br />

garantia da segurança alimentar,<br />

através do fornecimento de vinhos<br />

seguros.<br />

A aplicação de um sistema<br />

HACCP eficaz é também o primeiro<br />

passo rumo à integração de outros<br />

Sistemas de Gestão da Qualidade<br />

e Segurança Alimentar, que<br />

deverá ser vista como uma oportunidade<br />

de melhoria contínua e<br />

de diferenciação num mercado cada<br />

vez mais competitivo. <br />

*(isalgueiro@consulai.com<br />

e lcorreia@consulai.com)<br />

Departamento Técnico, CONSULAI<br />

(www.consulai.com)<br />

70


71<br />

A Bellis perennis é vulgarmente<br />

chamada por margarida<br />

e também conhecida<br />

por margarita, margarida-vulgar,<br />

margarida-menor, margarida-comum,<br />

margarida-inglesa, bonina,<br />

bela-margarida, sempre-viva, margaridinha,<br />

mãe-de-família, margarida-rasteira,<br />

rapazinho ou rapazinhos.<br />

É uma planta da família<br />

das Asteraceae, que no estado<br />

selvagem atinge uma altura que<br />

varia entre os dois e os cinco centímetros,<br />

e vive junto aos caminhos,<br />

sobretudo no continente europeu<br />

e americano.<br />

Em floricultura existem muitas<br />

variedades híbridas, de cor branca,<br />

vermelha, roxa, rosa e amarela.<br />

Os países que mais produzem<br />

são: Holanda, Rússia, Líbano, Egip-<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

flores e ornamentais<br />

margarida<br />

Margarida – técnicas para<br />

produção de sucesso<br />

Por: Associação de Floricultores de Portugal (AFP)*<br />

A margarida requer sombreamento com telas<br />

opacas pretas, iluminação artificial e um de sistema<br />

de rega eficaz. O cultivo intensivo permite fazer<br />

até quatro colheitas ao ano.<br />

<br />

to e Croácia. Em Portugal, a produção<br />

de margarida não é muito<br />

considerável, mas está em crescimento,<br />

embora não existam dados<br />

fiáveis e actualizados sobre<br />

a área produzida.<br />

Iluminação<br />

e sombreamento<br />

É uma planta de dias curtos, isto<br />

é, para florir terá de existir um<br />

condicionamento de luz, o que em<br />

princípio será com um período mínimo<br />

“nocturno” de 13 horas. Para<br />

um correcto cultivo de margarida,<br />

as estufas devem ter um sistema<br />

de sombreamento, normalmente<br />

feito com telas opacas pretas,<br />

manuais ou automáticas; um<br />

sistema de iluminação artificial,<br />

além de sistema de rega eficaz.<br />

Depois da 8ª/9ª semana a planta está a planta muito sensível a fungos<br />

A margarida precisa de um período “nocturno” de 13 horas<br />

A forma de cultivo mais utilizada<br />

é com o tratamento de Dias<br />

Longos (DL) e Dias Curtos (DC).<br />

No tratamento de DL precisamos<br />

de luz artificial para alongar o<br />

período de luz, pois a planta não<br />

pode estar mais de cinco horas<br />

no escuro. Se a noite for superior<br />

a 11 horas, a luz é ligada quatro<br />

horas, desde o pôr-do-sol, e quatro<br />

horas, antes do nascer do sol.<br />

Em Portugal, nas semanas 18 a 31<br />

(Maio a Agosto), normalmente<br />

não é necessário ligar a luz artificial.<br />

No tratamento de DC são<br />

necessárias telas de sombreamento<br />

opacas, de modo a não entrar<br />

luz natural, quando o dia é superior<br />

a 11 horas. Neste tratamento<br />

são necessárias 13 horas de escuro,<br />

sendo também condicionado<br />

pela variedade da planta e pela<br />

temperatura que terá de rondar<br />

os 16ºC.<br />

Plantação<br />

Na plantação é fundamental a<br />

planta estar em boas condições,<br />

livre de pragas e doenças, inclusive<br />

vírus. O solo deverá ser analisado<br />

quanto a N, P,K, Mg, Ca, Fe,<br />

Mn, Zn, B, Cu, Mo e nível de PH,<br />

podendo ser necessário reposição,<br />

caso não estejam conformes à tabela<br />

de plantação da margarida.<br />

O cultivo intensivo de margarida<br />

poderá fazer até quatro colheitas<br />

ao ano, sendo necessário esterilizar<br />

o solo uma vez por ano.<br />

Rega<br />

A rega pode ser feita por cima<br />

(micro-aspersão) ou por baixo<br />

por gotejamento (gota–a-gota),<br />

tanto uma como outra são<br />

recomendadas. Nas primeiras<br />

três semanas utilize o sistema de<br />

rega por micro-aspersão, depois<br />

do primeiro período aconselha


flores e ornamentais<br />

margarida<br />

Não dê fertilizantes na última semana de crescimento para não contaminar a<br />

próxima plantação<br />

se a utilização dos dois alternadamente.<br />

Dependendo da altura<br />

do ano e do solo, é necessário<br />

regar entre 20 e 60 litros<br />

m 2 /semana. O solo deverá ser<br />

frequentemente vigiado entre<br />

as plantas. Poderá ser utilizada<br />

uma broca de terra para inspecção<br />

mais cuidada.<br />

Vigiar o crescimento<br />

e tratar<br />

Na segunda semana após a<br />

plantação deverá analisar se as<br />

plantas estão a crescer normalmente,<br />

pois é uma fase do ciclo<br />

muito propícia à infecção por<br />

Pythium. Se esta realmente acontecer<br />

deverá realizar o tratamen-<br />

to imediato com um fungicida na<br />

irrigação. A rega deverá ser de 20<br />

a 45 litros/m 2 semana, tendo em<br />

conta sempre a altura do ano.<br />

Na terceira semana, se tudo estiver<br />

dentro dos parâmetros normais,<br />

poderá começar o tratamento<br />

de Dias Curtos (dependendo<br />

sempre da altura do ano). Na quarta<br />

semana poderá iniciar o tratamento<br />

com hormona ananicante<br />

(regulador vegetal), dependendo<br />

da variedade. As quantidades do<br />

produto podem variar entre 50gr<br />

até 350gr por 100 litros de água.<br />

Na quinta semana deverá dar<br />

inicio ao segundo tratamento com<br />

hormona ananicante, que será<br />

pulverizado de manhã e à tarde e<br />

Doenças e pragas mais comuns na produção de margaridas<br />

Fungos<br />

Oildium chrysanthemi – míldio<br />

Puccinia Horiana – ferrugem branca<br />

Pythium ultimum – apodrecimento da raiz<br />

Fusarium oxysporium sp – doença vascular<br />

Verticillium sp.<br />

Insectos e Parasitas<br />

Lagarta Mineira<br />

Aranha Vermelha<br />

Mosca Branca<br />

Thrips<br />

Afídeos<br />

Cinco pés em cada saco é o embalamento ideal<br />

o restante dissolvido em água. Nas<br />

semanas seguintes terá que estar<br />

atento a pragas e doenças que poderão<br />

surgir, podendo ser necessário<br />

um último tratamento com<br />

esta hormona.<br />

Por volta da sétima semana<br />

observe o crescimento das plantas,<br />

utilize a broca de terra para verificar<br />

a humidade do solo. Para um<br />

bom crescimento da planta deverá<br />

utilizar oito a 10 litros de água<br />

m 2 /dia, neste período do ciclo.<br />

Depois da 8ª/9ª semana a planta<br />

já atingiu a altura final, toda<br />

a energia vai para o crescimento<br />

da flor, estando a planta<br />

muito sensível a fungos. A rega<br />

deverá ser por gotejamento<br />

e se este não existir regue a<br />

planta muito cedo. Na 10ª e 11ª<br />

semanas, a planta deverá estar<br />

pronta para o corte. Não dê fertilizantes<br />

na última semana de<br />

crescimento para não contaminar<br />

a próxima plantação.<br />

Embalamento<br />

Estando a margarida pronta para<br />

o corte, deverá cortar e embalar<br />

cinco pés em cada saco, de modo<br />

que estes fiquem organizados<br />

pelo mesmo tamanho e cor. O peso<br />

de cada um rondará 70 gramas.<br />

O mais importante depois do corte<br />

é armazená-las em local fresco<br />

o mais rápido possível. O ideal seria<br />

em caixas. <br />

* Associação de Floricultores de<br />

Portugal<br />

Sede: Rua Fortunato Meneres, nº47<br />

4520 – 163 Santa Maria da Feira<br />

Morada para correspondência:<br />

Casal Novo, 144 Campo 4830 –095<br />

Póvoa de Lanhoso<br />

email:<br />

floricultores.portugal@gmail.com<br />

Tlf: 934056577/ 933812408<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

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73<br />

A história começou em 1980<br />

quando Robert E. "Buddy"<br />

Lee, melhorador de plantas<br />

norte-americano, observou no<br />

seu viveiro, em Louisiana, um tabuleiro<br />

de estacas de azáleas florescendo<br />

no Verão. Inspirado neste<br />

acontecimento, começou por<br />

cruzar de forma tradicional, azáleas<br />

de floração primaveril e uma<br />

azálea tailandesa muito rara de<br />

floração estival, a Rhododendron<br />

oldhamii. Sucederam-se 15 anos<br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

flores e ornamentais<br />

azáleas<br />

Azáleas floridas<br />

todo o ano<br />

Estão a chegam ao mercado as primeiras azáleas<br />

com três épocas de floração por ano.<br />

Uma inovação da Encore Azalea ® , representada<br />

em Portugal pela Jardimar.<br />

de hibridações, selecção e melhoramento,<br />

até ao aparecimento da<br />

marca Encore Azalea ® , em 1997.<br />

Em Portugal, a produção destas<br />

revolucionárias azáleas começou<br />

há três anos, pela mão da Jardimar,<br />

empresa localizada em Carreço,<br />

Viana do Castelo. Hoje produz<br />

plantas enraizadas em alvéolos<br />

e plantas em vaso, em 800m 2<br />

de área ao ar livre e 200m 2 de<br />

área coberta.<br />

Ao contrário das azáleas tradi-<br />

Variedade Carnival, com floração mais exuberante no Verão<br />

As Encore Azalea ® florescem na Primavera, Verão e Outono<br />

cionais, que florescem de Março<br />

a Junho, as Encore Azalea ® têm<br />

três épocas de floração - Primavera,<br />

Verão e Outono. Uma característica<br />

que lhes confere valor acrescentado,<br />

permitindo responder às<br />

necessidades de um jardim florido<br />

todo o ano. Além disso, não requerem<br />

grande trabalho de poda<br />

(aparar alguns ramos que alterem<br />

a sua forma normal é suficiente e<br />

aconselhável após as florações) e,<br />

quando colocadas em exposições<br />

mais sombrias, não precisam<br />

de grandes quantidades de água.<br />

Do enraizamento<br />

ao ar livre<br />

O enraizamento em estufa é a<br />

primeira fase do processo. Uma<br />

estaca enraizada, com sete centímetros,<br />

demora seis a oito semanas<br />

a ficar pronta. A época mais<br />

propícia ao enraizamento é a Primavera.<br />

A estacaria é feita em alvéolos,<br />

preenchidos por uma mis-<br />

tura de 1/3 de turfa ruiva e 2/3 de<br />

turfa normal. Para melhorar o enraizamento<br />

é utilizado IBA (ácido<br />

indol-butírico). A temperatura de<br />

enraizamento (ao nível do substrato)<br />

ronda os 21ºC e a humidade<br />

relativa os 94 por cento, nas<br />

primeiras semanas, sendo reduzida<br />

até 70-75 por cento, nas últimas<br />

semanas. Devido à elevada<br />

humidade, é necessária a aplicação<br />

de fungicidas no viveiro.<br />

Quando as raízes das azáleas<br />

preenchem o seu alvéolo é a altura<br />

ideal para as transplantar, permanecendo<br />

em estufa até ao final<br />

do Verão. As azáleas preferem<br />

temperaturas nocturnas de 18-<br />

20ºC e diurnas superiores a 20ºC<br />

e dias longos. Durante este período,<br />

passam por uma fase em que<br />

são fertirrigadas, (as adubações<br />

devem ter níveis de electo-condutividade<br />

inferiores a 0,5<br />

mmhos/cm, sob pena de danificar<br />

as raízes). “Deve ser evitada a adu


DAR O MELHOR<br />

Raízes Raíz Raízes ízes perfeitamente<br />

perfeitamente<br />

saudáveis<br />

Altas exigências de qualidade, na selecção<br />

e mistura de turfa, aditivos e adubos<br />

Óptima adaptação a cada tipo de cultivo –<br />

as melhores condições de crescimento e<br />

um desenvolvimento saudável das raízes<br />

Substratos profissionais por parte<br />

de profissionais em substratos<br />

FLORAGARD Vertriebs GmbH für Gartenbau<br />

P.O. Box 9006 · D-26138 Oldenburg · Germany<br />

Tel +49 (0)441/2092-167 · Fax +49 (0)441/2092-103<br />

Sr. Nuno Maia · P-4430-748 Olliveira do Douro<br />

Tfno. +351 961 727 485<br />

www.floragard.eu · e-mail: info@floragard.de<br />

flores<br />

azáleas<br />

Uma estaca enraizada, com sete centímetros, demora seis a oito semanas a<br />

ficar pronta<br />

bação durante o Inverno, pois nesta<br />

altura a planta não se encontrará<br />

em crescimento vegetativo,<br />

pelo que será um desperdício de<br />

adubo, com efeitos nefastos para<br />

o meio ambiente”, explicou Fernando<br />

Silva, técnico responsável<br />

pela cultura. Ao nível da folha, o<br />

plano de nutrição aconselhado é:<br />

Nitrogénio 2-3%<br />

Fósforo 0,2-0,5%<br />

Potássio 1,0-1,6%<br />

Cálcio 0,5-1,4%<br />

Magnésio 0,2-0,5%<br />

Ferros 50-300 ppm<br />

Manganês 60-150 ppm<br />

Zinco 26-60 ppm<br />

Cobre 5-15 ppm<br />

Boro 30-100 ppm<br />

Depois de bem desenvolvidas,<br />

as azáleas são transferidas para o<br />

exterior, onde permanecem até à<br />

comercialização. Nesta fase, é usado<br />

um sistema de rega por aspersão<br />

e os solos devem ser bem drenados<br />

e ácidos (ph 4.5 – 5.5). “Preferem<br />

exposições de sombra filtrada,<br />

contudo suportam exposições<br />

mais soalheiras que as demais azáleas.<br />

Mas, neste caso, é necessária<br />

maior preocupação relativamente<br />

à rega”, acrescentou Fernando<br />

Silva. Para iniciarem a floração,<br />

as azáleas necessitam apenas de<br />

quatro a seis horas de luz e, no final<br />

do ciclo, atingem em média<br />

1,20m de altura e 1m de largura,<br />

dependendo da variedade. A Jardimar<br />

produz sete das 23 cultivares<br />

obtidas pela Encore Azalea ® .<br />

As azáleas da Jardimar chegam<br />

este ano, pela primeira vez, ao<br />

mercado. A médio prazo, a empresa<br />

deseja trabalhar na base<br />

das encomendas programadas,<br />

tanto de plantas enraizadas em<br />

alvéolos, como de plantas em vaso.<br />

“As plantas devem ser comercializadas<br />

quando os botões ainda<br />

se encontram a abrir, para que<br />

a floração seja observada durante<br />

mais tempo por quem as compra”,<br />

aconselha o técnico. A pensar<br />

no aumento da produção, a<br />

Jardimar tem mais meio hectare<br />

de ar livre pronto a receber plantas<br />

em vaso. <br />

<strong>FLF</strong> • Nº 99 Março/Abril 2008<br />

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