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ACROMIOPLASTIA ARTROSCÓPICA E REPARO DAS LESÕES DO MANGUITO ROTADOR POR “MINIINCISÃO”<br />

RESUMO<br />

Acromioplastia artroscópica e reparo das<br />

lesões do manguito rotador por “miniincisão” *<br />

ALBERTO N. MIYAZAKI 1 , PEDRO DONEUX S. 1 , REGINA Y. SAITO 2 , DINO KUSSAKAWA 2 , SERGIO L. CHECCHIA 3<br />

A acromioplastia artroscópica é a técnica <strong>de</strong> eleição para<br />

o tratamento da síndrome do impacto. Faz parte <strong>de</strong>sta síndrome<br />

a lesão do manguito rotador, que, sempre que possível,<br />

<strong>de</strong>ve ser reparada. Lesões pequenas e médias po<strong>de</strong>m,<br />

eventualmente, ser suturadas por via artroscópica, mas<br />

algumas exigem abordagem aberta para sua sutura, sendo<br />

possível realizá-la pela técnica da “miniincisão”. A acromioplastia<br />

artroscópica é uma evolução técnica da cirurgia<br />

por via aberta tradicional, e com bons resultados, porém<br />

sem o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto e as possíveis complicações<br />

pós-operatórias <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> operação por via aberta,<br />

que são <strong>de</strong> difícil solução. Numa experiência com 186 <strong>de</strong>scompressões<br />

subacromiais artroscópicas realizadas, 23 lesões<br />

do manguito rotador foram tratadas por “miniincisão”,<br />

pelo <strong>Grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>Ombro</strong> do Departamento <strong>de</strong> Ortopedia<br />

da Santa Casa <strong>de</strong> São Paulo, sendo aqui apresentados<br />

a casuística e os resultados, bem como é feita uma discussão<br />

sobre as vantagens e indicações <strong>de</strong>sta técnica.<br />

Unitermos – <strong>Ombro</strong>; lesão do manguito rotador; tratamento cirúrgico;<br />

artroscopia<br />

ABSTRACT<br />

Arthroscopic acromioplasty and repair of rotator cuff tears<br />

using the “mini-open” approach<br />

Arthroscopic acromioplasty today is the method of choice<br />

for the treatment of impingement syndrome. Rotator cuff tears<br />

* Trab. realiz. no Dep. <strong>de</strong> Ortop. e Traumatol. da Santa Casa <strong>de</strong> Miseric.<br />

<strong>de</strong> São Paulo, Pavilhão “Fernandinho Simonsen”, <strong>Grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>Ombro</strong>.<br />

Recebido em 22/4/99. Aprovado para publicação em 24/8/99.<br />

1. Assistente do <strong>Grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>Ombro</strong>.<br />

2. Estagiário do <strong>Grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>Ombro</strong>.<br />

3. Chefe do <strong>Grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>Ombro</strong>.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência: Rua Barata Ribeiro, 380-64 – 01308-000<br />

– São Paulo, SP. Tels. (011) 222-6866/214-3534, fax (011) 255-4840.<br />

are part of this syndrome and whenever possible have to be<br />

treated. Small or even medium-size lesions can be eventually<br />

sutured arthroscopically, but some lesions need to be treated<br />

by an open approach, which can be done by the “mini-open”<br />

technique. Open acromioplasty can lead to good results, but<br />

the postoperative discomfort and complications are sometimes<br />

very difficult, and thus the authors restrict this technique only<br />

to those cases in which it is not possible to perform an arthroscopic<br />

intervention. In 186 arthroscopic subacromial <strong>de</strong>compressions,<br />

23 rotator cuff tears were treated by a “mini-open”<br />

procedure, by the Shoul<strong>de</strong>r Group of the Orthopedics Department<br />

of Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia <strong>de</strong> São Paulo, and the<br />

results are presented here.<br />

Key words – Shoul<strong>de</strong>r; rotator cuff tear; surgical treatment; arthroscopy<br />

INTRODUÇÃO<br />

Neer (1) , em 1972, introduz os conceitos atuais sobre a síndrome<br />

do impacto (SI), as alterações inflamatórias e <strong>de</strong>generativas<br />

que são atribuídas a microtraumas repetidos nos tendões<br />

do manguito rotador (MR) contra o arco coracoacromial,<br />

associados à hipovascularida<strong>de</strong> da porção terminal do tendão<br />

do músculo supra-espinhal (2) . Alguns procedimentos cirúrgicos<br />

são <strong>de</strong>scritos para seu tratamento, que incluem a acromioplastia<br />

por via aberta (1,3) , o simples <strong>de</strong>sbridamento do tendão<br />

lesado (4,5) e, finalmente, o reparo da lesão do MR (6) , além da<br />

artroplastia nos casos em que já está instalada a artropatia<br />

<strong>de</strong>generativa (7) .<br />

Apesar do sucesso das técnicas convencionais abertas, vários<br />

autores enfatizam a importância da reinserção cuidadosa<br />

do músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> e a complicação que po<strong>de</strong> advir da eventual<br />

<strong>de</strong>iscência <strong>de</strong>sta sutura (8-14) .<br />

Em 1985, Ellman (15) <strong>de</strong>screve a acromioplastia artroscópica,<br />

com resultados tão satisfatórios quanto os da via aberta. A<br />

partir <strong>de</strong> então, vários autores obtiveram bons resultados com<br />

esta técnica, especialmente pelo fato <strong>de</strong> ter menor número <strong>de</strong><br />

complicações e recuperação mais rápida e indolor (16-24) . Esses<br />

Rev Bras Ortop _ Vol. 34, Nº 7 – Julho, 1999 415


A.N. MIYAZAKI, P. DONEUX S., R.Y. SAITO, D. KUSSAKAWA & S.L. CHECCHIA<br />

PORTAL<br />

POSTERIOR<br />

resultados impulsionaram a ampliação das possibilida<strong>de</strong>s cirúrgicas<br />

através da artroscopia, como a reparação das lesões<br />

do MR através da “miniincisão”, com o intuito <strong>de</strong> evitar a<br />

<strong>de</strong>sinserção da origem do músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> junto ao acrômio (9,<br />

25-27) , sendo Paulos & Kody (5) os primeiros a <strong>de</strong>screver essa<br />

técnica. A artroscopia permite examinar a articulação do ombro<br />

e o espaço subacromial, i<strong>de</strong>ntificando lesões intra-articulares<br />

do MR e da cabeça longa do músculo bíceps do braço, o<br />

que não é possível pela via aberta; realizar a acromioplastia e,<br />

se necessário, a ressecção da articulação acromioclavicular.<br />

Mais recentemente têm-se <strong>de</strong>senvolvido técnicas <strong>de</strong> sutura do<br />

MR por via artroscópica (26) .<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi analisar os resultados obtidos<br />

nos pacientes tratados com a técnica da acromioplastia artroscópica<br />

e do uso da “miniincisão” no reparo das lesões do MR<br />

em nosso serviço.<br />

CASUÍSTICA E MÉTODOS<br />

MINIINCISÃO<br />

Fig. 1 – <strong>Ombro</strong> direito em visão lateral, mostrando os três portais e o local da “miniincisão”<br />

O <strong>Grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>Ombro</strong> do Departamento <strong>de</strong> Ortopedia e Traumatologia<br />

da Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia <strong>de</strong> São Paulo realizou<br />

186 acromioplastias artroscópicas. Destas, 23 correspon<strong>de</strong>ram<br />

a pacientes submetidos à acromioplastia artroscópica<br />

com reparo da lesão do MR por “miniincisão”.<br />

PORTAL<br />

LATERAL<br />

PORTAL<br />

ANTERIOR<br />

Vinte e um pacientes pu<strong>de</strong>ram ser reavaliados, com seguimento<br />

pós-operatório médio <strong>de</strong> 26,6 meses, variando <strong>de</strong> 12 a<br />

44 meses, sendo 15 mulheres e 6 homens. A ida<strong>de</strong> média foi<br />

<strong>de</strong> 56,7 anos, variando <strong>de</strong> 25 anos a 68 anos. O lado dominante<br />

foi acometido em 18 <strong>de</strong>les. O tempo <strong>de</strong> evolução da doença<br />

variou <strong>de</strong> dois meses a 240 meses, com média <strong>de</strong> 49,5 meses.<br />

Na avaliação radiográfica pré-operatória foi utilizada a classificação<br />

proposta por Bigliani et al. (28) para a morfologia do<br />

acrômio: 14 pacientes tinham acrômios classificados como<br />

sendo do tipo II, enquanto 7 como tipo III. A mobilida<strong>de</strong> ativa<br />

pré-operatória foi em média <strong>de</strong> 128,9º para elevação (30º a<br />

160º); 52,4º para rotação externa (30º a 80º) e rotação interna<br />

que variou <strong>de</strong> T5 a S1 .<br />

Todos os pacientes foram operados na posição <strong>de</strong> “ca<strong>de</strong>ira<br />

<strong>de</strong> praia”, sem nenhum tipo <strong>de</strong> tração no membro superior;<br />

foram utilizados três portais: posterior, lateral e anterior (3) . A<br />

rotina <strong>de</strong>ste procedimento inclui a inspeção da articulação do<br />

ombro, do tendão da cabeça longa do músculo bíceps do braço<br />

na sua porção articular, do espaço subacromial, da bursa,<br />

do MR, tanto <strong>de</strong> sua parte extra como intra-articular, e da clavícula<br />

distal, com a realização <strong>de</strong> acromioplastia artroscópica<br />

e, quando necessário, a ressecção da porção distal da clavícula,<br />

parcial ou total. A “miniincisão” foi realizada a partir <strong>de</strong><br />

416 Rev Bras Ortop _ Vol. 34, Nº 7 – Julho, 1999


ACROMIOPLASTIA ARTROSCÓPICA E REPARO DAS LESÕES DO MANGUITO ROTADOR POR “MINIINCISÃO”<br />

Fig. 2 – <strong>Ombro</strong> direito em visão lateral, mostrando a “miniincisão” e lesão do MR sendo reparada<br />

uma ampliação do portal lateral, paralelo às fibras do músculo<br />

<strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>, que são separadas sem que ocorra sua <strong>de</strong>sinserção<br />

do acrômio (figuras 1 e 2), realizando então a sutura da lesão<br />

do MR (5) .<br />

Cinco pacientes foram submetidos à ressecção parcial da<br />

porção distal da clavícula e em 5 pacientes foi realizada a ressecção<br />

total (29) ; estes, por apresentarem dor na articulação acromioclavicular<br />

ao exame clínico pré-operatório.<br />

As lesões do MR foram classificadas em três grupos, <strong>de</strong><br />

acordo com Cofield (30) : lesões pequenas <strong>de</strong> até 1cm, médias<br />

<strong>de</strong> 1 a 3cm e gran<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> 3 a 5cm. Dos tipos <strong>de</strong> lesões encontradas<br />

em nossos pacientes, 5 correspon<strong>de</strong>ram a lesões pequenas,<br />

11 a médias e 5 a gran<strong>de</strong>s. Doze pacientes tiveram<br />

apenas o tendão do músculo supra-espinhal comprometido, 8<br />

apresentaram lesão também no tendão do músculo infra-espinhal<br />

e 1, comprometimento dos tendões dos músculos supraespinhal,<br />

infra-espinhal e parcial do redondo menor. O tendão<br />

da cabeça longa do músculo bíceps do braço estava envolvido<br />

em 3 pacientes: um <strong>de</strong>les com sinovite, outro com hipertrofia<br />

e o último com uma lesão parcial. Apenas um paciente apresentou<br />

como achado intra-articular uma SLAP lesion (13) grau<br />

I, tratada com <strong>de</strong>sbridamento artroscópico.<br />

Os pacientes foram mantidos imobilizados no período pósoperatório,<br />

por uma a duas semanas, realizando exercícios<br />

pendulares. Após este período foram orientados a realizar exercícios<br />

passivos <strong>de</strong> rotação externa. Os exercícios ativos foram<br />

permitidos apenas após seis semanas da operação.<br />

Os resultados foram avaliados pelo método da UCLA (Universida<strong>de</strong><br />

da Califórnia-Los Angeles) (31) .<br />

RESULTADOS<br />

Com seguimento pós-operatório médio <strong>de</strong> 26,6 meses (12<br />

a 44 meses) e <strong>de</strong> acordo com o método da UCLA (31) , 13 foram<br />

classificados como obtendo resultados excelentes, 5 como<br />

bons, 1 como regular e 2 como ruins; portanto, 85,7% <strong>de</strong> resultados<br />

satisfatórios.<br />

A média <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> pré-operatória para elevação, que<br />

era <strong>de</strong> 125,6º (variando <strong>de</strong> 30º a 160º), aumentou para 155,8º<br />

no pós-operatório (variando <strong>de</strong> 100º a 180º); quanto à rotação<br />

externa, não houve mudança significativa (<strong>de</strong> 52,4º para 52,6º);<br />

e, em relação à rotação interna, houve um ganho médio <strong>de</strong> 3<br />

vértebras.<br />

Tivemos três complicações. Em um caso ocorreu um aci<strong>de</strong>nte<br />

durante o ato operatório, quando houve uma <strong>de</strong>sinserção<br />

in<strong>de</strong>sejada do <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> anterior <strong>de</strong>vido à tração excessiva<br />

pelos afastadores, sendo necessária sutura com pontos transósseos<br />

no acrômio. Este fato não interferiu na evolução do pa-<br />

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A.N. MIYAZAKI, P. DONEUX S., R.Y. SAITO, D. KUSSAKAWA & S.L. CHECCHIA<br />

ciente, cujo resultado final foi avaliado como excelente. Os<br />

outros dois pacientes apresentaram uma complicação conhecida<br />

como “ombro capturado” (32) , que se constitui em um quadro<br />

clínico <strong>de</strong> dor e restrição <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido a a<strong>de</strong>rências<br />

entre a bursa subacromial e o músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>; um <strong>de</strong>les<br />

com resultado bom e outro com resultado regular; este último<br />

paciente tinha a associação <strong>de</strong> síndrome do túnel do carpo no<br />

mesmo membro afetado e evoluiu com distrofia simpáticoreflexa.<br />

DISCUSSÃO<br />

A <strong>de</strong>cisão do tipo <strong>de</strong> tratamento para as lesões do MR tem<br />

sido controversa, sendo possível encontrar relatos <strong>de</strong> bons resultados<br />

com o simples <strong>de</strong>sbridamento da lesão do tendão do<br />

MR, associado ou não à <strong>de</strong>scompressão subacromial (9,17,21-23,<br />

33,34) , mas, em trabalhos mais recentes, a maioria dos autores<br />

concorda que o <strong>de</strong>sbridamento <strong>de</strong>va ser reservado a pacientes<br />

idosos sem gran<strong>de</strong>s expectativas quanto à função do ombro,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser realizado tanto por via aberta como por via artroscópica<br />

(4,6,9,15,21,22,25,35-42) .<br />

Checchia et al. (6) , em 1994, publicaram 71,6% <strong>de</strong> resultados<br />

satisfatórios nas reparações <strong>de</strong> MR por via aberta, numa<br />

série <strong>de</strong> 67 ombros com lesão completa. Outros autores publicaram<br />

índices semelhantes, com uma variação em torno <strong>de</strong><br />

80% <strong>de</strong> resultados satisfatórios (22,25,43) . Com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da tecnologia do instrumental cirúrgico e a aquisição <strong>de</strong> maior<br />

experiência por parte dos cirurgiões na artroscopia do ombro,<br />

surgiu a idéia do reparo artroscópico das lesões do MR, primeiramente<br />

com o auxílio <strong>de</strong> uma “miniincisão” (5) e, mais recentemente,<br />

totalmente artroscópico (9,18,38) . Entretanto, em<br />

nossa experiência, nem sempre lesões pequenas ou médias<br />

são passíveis <strong>de</strong> sutura artroscópica, por problemas técnicos<br />

como a osteoporose, que impe<strong>de</strong> a fixação das âncoras no tubérculo<br />

maior do úmero. Liu & Baker (20) , em 1994, obtiveram<br />

93% <strong>de</strong> resultados satisfatórios na reparação do MR pela “miniincisão”.<br />

Gartsman (14) , em 1995, obteve com este mesmo<br />

método 88% <strong>de</strong> resultados consi<strong>de</strong>rados bons e excelentes.<br />

Blevins et al. (25) , em 1996, publicaram os resultados <strong>de</strong> 78<br />

pacientes operados com esta técnica, com 83% <strong>de</strong> resultados<br />

satisfatórios. Já em 1997, Weber (24) , no encontro anual da Aca<strong>de</strong>mia<br />

Americana <strong>de</strong> Cirurgiões Ortopedistas (AAOS), apresentou<br />

resultados semelhantes quando comparou grupos <strong>de</strong><br />

pacientes submetidos ao reparo da lesão do MR por artroscopia<br />

e por “miniincisão”, com significativa menor morbida<strong>de</strong><br />

para o primeiro grupo. No entanto, a técnica da “miniincisão”<br />

requer a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> classificar artroscopicamente as lesões<br />

do MR e <strong>de</strong>finir quais <strong>de</strong>las são passíveis <strong>de</strong> sutura por esta<br />

técnica.<br />

A sutura pela “miniincisão” não modifica o protocolo <strong>de</strong><br />

reabilitação pós-operatória, pois não altera o tempo para a cicatrização<br />

do tendão suturado, porém minimiza potenciais<br />

complicações, como infecção ou <strong>de</strong>iscência da sutura do músculo<br />

<strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> geralmente ser acompanhada <strong>de</strong> menor<br />

dor pós-operatória em relação à cirurgia aberta.<br />

Os resultados obtidos em nossa casuística, que foram consi<strong>de</strong>rados<br />

satisfatórios, correspon<strong>de</strong>ram a 85,7%, com 13 resultados<br />

excelentes e 5 bons.<br />

O paciente com resultado regular, além <strong>de</strong> apresentar uma<br />

lesão consi<strong>de</strong>rada gran<strong>de</strong>, evoluiu com distrofia simpáticoreflexa<br />

e “ombro capturado”, tendo sido reoperado após cinco<br />

meses. Dos dois pacientes que tiveram resultados consi<strong>de</strong>rados<br />

ruins, um <strong>de</strong>les apresentava uma lesão gran<strong>de</strong> envolvendo<br />

os tendões dos músculos supra-espinhal, infra-espinhal<br />

e redondo menor parcialmente, que talvez fosse melhor abordada<br />

por via aberta, além <strong>de</strong> possuir outras doenças no mesmo<br />

membro, como a rizartrose do polegar e lesão nervosa e<br />

tendinosa crônica da mão. No outro caso, também uma lesão<br />

gran<strong>de</strong> do MR, havia uma lesão associada da cabeça longa do<br />

tendão do músculo bíceps do braço. Este paciente foi reoperado<br />

(via aberta) após <strong>de</strong>corrido um ano da artroscopia, quando<br />

foi verificada uma <strong>de</strong>iscência da sutura, tendo sido feita<br />

uma nova reparação.<br />

O número <strong>de</strong> complicações com este procedimento foi pequeno<br />

(14,3%), sem nenhum caso <strong>de</strong> infecção ou <strong>de</strong> lesão<br />

neurovascular; dois casos <strong>de</strong> “ombro capturado” e um caso <strong>de</strong><br />

lesão aci<strong>de</strong>ntal do músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> que não influiu no resultado<br />

final, consi<strong>de</strong>rado excelente neste paciente.<br />

A técnica artroscópica oferece vantagens, mas, do nosso<br />

ponto <strong>de</strong> vista, o procedimento por via aberta ainda permanece<br />

como uma opção <strong>de</strong> tratamento, pois nem todas as lesões<br />

são passíveis <strong>de</strong> sutura por “miniincisão”. Analisando os cinco<br />

casos que apresentaram lesões do MR classificadas como<br />

gran<strong>de</strong>s, notamos alta incidência <strong>de</strong> resultados insatisfatórios<br />

(três casos). Talvez estes pacientes tivessem sido melhor tratados<br />

por uma via aberta tradicional, pois esta nos dá melhores<br />

condições <strong>de</strong> trabalharmos os cotos dos tendões que se<br />

encontram retraídos. No entanto, sabemos também que, quanto<br />

maiores as lesões, pior será o resultado funcional final dos<br />

pacientes (6,17,20,33) , pois outros fatores, como a retração e <strong>de</strong>generação<br />

da musculatura do MR, irão ter influência direta neste<br />

resultado.<br />

Em vista <strong>de</strong> nossa experiência, po<strong>de</strong>mos concluir que a acromioplastia<br />

artroscópica associada ao reparo da lesão do MR<br />

418 Rev Bras Ortop _ Vol. 34, Nº 7 – Julho, 1999


ACROMIOPLASTIA ARTROSCÓPICA E REPARO DAS LESÕES DO MANGUITO ROTADOR POR “MINIINCISÃO”<br />

pela via <strong>de</strong> acesso conhecida como “miniincisão” é uma boa<br />

opção operatória para o tratamento <strong>de</strong> pacientes com lesões<br />

pequenas e médias (15) do MR, que não possam ser suturadas<br />

por artroscopia e que não necessitam <strong>de</strong> um procedimento<br />

aberto convencional, evitando assim as eventuais graves complicações<br />

<strong>de</strong>correntes da <strong>de</strong>sinserção do músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>.<br />

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