Governação clínica implica nova forma de pensar as organizações ...

Reportagem
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Kellogg`s – Esteve no Encontro a apresentar os seus novos
cereais... E as vantagens do consumo de fibras… Uma delícia,
muito saudável!
Laboratórios – Os representantes da Indústria, estiveram
muito bem nesta edição do Encontro. Notava-se algum
esforço sério posto na alternativa aos brindes do tipo loja
dos trezentos. Houve mesmo concursos cujos prémios eram
livros. Assim, sim!
Laranja – Da Actavis. Uma ideia genial para ilustrar a cor de
marca da companhia de genéricos. Melhor ainda… Ao invés
de sumo da dita, os visitantes tinham à sua disposição os
principais diários nacionais
Lembranças – Ana Jorge recebeu o símbolo da APMCG,
em cristal. Vai ficar todo catita na estante do 6º piso da
João Crisóstomo
2008 Março
ENCONtrO NaCiONal
dE ClíNiCa gEral
Boas Práticas Organizacionais nos CSP
Governação clínica implica
nova forma de pensar as
organizações de saúde
A governação
clínica
representa uma
nova cultura e
uma nova forma
de pensar as
organizações
de saúde. É
consequência da tomada de consciência de que
as decisões não participadas e a “tomada de
assalto” da gestão operativa pela burocracia,
não era passível de ser ultrapassada sem
robustecer fortemente a tomada de decisão de
quem assegura os cuidados de saúde. “Nunca
vamos conseguir consertar o orçamento
com políticas restritivas das Boas Práticas
Clínicas”, uma vez que são elas que permitem
ganhar eficiência e poupar dinheiro, diz
António Rodrigues, da Missão para os Cuidados
de Saúde Primários. O objectivo é “fazer bem
à primeira vez e não uma sucessão de actos,
que delapidam dinheiro e consomem o nosso
tempo e a nossa paciência”
António Rodrigues, da MSCP,
diz que a governação clínica
é consequência da tomada de
consciência de que para ultrapassar
uma gestão burocrática e não
participada é necessário fortalecer
a capacidade de tomada de decisão
dos médicos
João Rodrigues, da USF Serra da
Lousã, salienta que a governação
clínica “é o sistema pelo qual as organizações
são responsáveis pela melhoria
contínua da qualidade nos seus serviços,
garantindo altos padrões de qualidade
mediante a criação de um ambiente
no qual é possível a excelência clínica”.
Implica estratégia, políticas operativas e
uma estrutura de governação integrada,
com o objectivo de facilitar e incentivar
a boa prática assistencial. Para isso, é
fundamental a liderança dos profissionais
nos processos de tomada de decisão
vinculados ao processo assistencial, em
torno do qual se articulam todos os restantes
processos de apoio.
A governação clínica está focada no
paciente, na cultura de serviços, com
qualidade e responsabilidade social, e na
incorporação dos utentes na definição
dos padrões de qualidade, expectativas
de serviço e processos de avaliação. “Estamos
a falar de formação contínua, auditoria
clínica, efectividade, investigação,
transparência e gestão do risco”, salienta
João Rodrigues.
Para deixar de andar à deriva
A governação clínica significa “deixar
de andar à deriva”, diz João Rodrigues.
As condições logísticas e legais para levar
à prática este conceito já estão no
terreno. Nas unidades de saúde familiar
(USF), por exemplo, é o conselho técnico,
composto por um médico e um en-
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Ler+ dá Saúde – Este ano, o programa de promoção da
leitura no âmbito da consulta de MGF, uma parceria entre
a APMCG e o Programa Nacional de Leitura, teve espaço
próprio no Encontro Nacional. Rizério Salgado, o grande
mentor do projecto, fez as honras da casa
Lição –
De pensamento
organizacional. Aquela
com que Rui Maggioli,
coordenador da USF
Alpendorada, brindou
os muitos presentes na
sessão sobre processos
de autodiagnóstico
nas unidades de saúde
familiar. Houve até
quem lhe chamasse
“sábio”!
Lideranças – Vítor Ramos deu cinco boas razões para
se criar um fórum multiprofissional das USF. As ideias do
mestre são sempre interessantes. Bernardo Vilas Boas decidiu
apontar: “desculpa lá, ó Vítor, disseste lideranças e mais quê?”
Lisboa, Antónia – Mais uma vez organizou a sala de
imprensa do Encontro Nacional… que mais uma vez… foi
um sucesso. A Fundação AstraZeneca está de parabéns!
Literacia – Perri
Klass conseguiu,
em Vilamoura,
resolver alguns dos
maiores enigmas
do comportamento
humano. Entre
eles, o hábito de
alguns políticos
da nossa praça de
roerem os cantos
dos livros. Segundo
a professora da
Universidade de
Bóston, tal facto
deve-se a um desenvolvimento cerebral equivalente a seis
meses de idade… JMF sabe que neste momento decorrem
estudos para tentar confirmar uma outra teoria sobre
o desenvolvimento intelectual, segundo a qual, muitos
responsáveis políticos e da administração costumam levar
os livros debaixo do braço, por acreditarem que conseguem
absorver sabedoria pelo sovaco
fermeiro, que “permite a promoção de
procedimentos que garantam a melhoria
contínua dos cuidados de saúde, actualizar
o Manual de Boas práticas e organizar
as actividades de formação contínua
e de investigação”.
Já há algum caminho percorrido. De um
modelo hierárquico e burocrático, as
USF evoluíram para o modelo do conhecimento,
que implica a gestão dos problemas,
prestação de contas e responsabilidade
pelos resultados. Para isso, “as
USF têm que ser organizações capazes
de aprender”, com espaços organizados
de partilha de conhecimentos.
Na USF Serra da Lousã existe um espaço
semanal de discussão clínica desde o primeiro
momento. “Nesta fase, é dividido
em duas partes: à terça-feira, meia hora
de reunião clínica médica e, à sexta-feira,
com os enfermeiros e os médicos”.
Além disso, a USF institucionalizou
reuniões multidisciplinares mais alargadas
com o objectivo de partilhar e
divulgar as Boas Práticas e discutir e
monitorizar os resultados. Na última
reunião, foi aprovado um plano de sessões
clínicas mensais com a presença
de especialistas convidados.
Protocolos de actuação na
USF Horizonte
Jesus Perez Sanchez, da USF Horizonte,
da ULS de Matosinhos, salienta que “a
governação clínica constitui-se como um
compromisso ético de responsabilidade
social onde o essencial passa por saber
ser tolerante com o erro, celebrar o
sucesso, acreditar no potencial humano,
valorizar o saber prático, partilhar
o conhecimento, ter confiança e ser
aberto ao exterior”. Tem, naturalmente,
repercussões importantes na segurança
do paciente, significa o envolvimento de
prestadores e utilizadores dos cuidados
de saúde e o erro é encarado como um
instrumento de aprendizagem individual
e da organização.
Concretamente, a USF Horizonte, ao
nível da efectividade clínica, implemen-
Na USF
S. Julião de
Oeiras a equipa
criou pastas
partilhadas na
rede interna para
cada programa
de saúde com os
objectivos, linhas
de orientação,
procedimentos,
estratégias,
tabelas, testes e
escalas
A governação clínica significa “deixar de andar à deriva”, diz João Rodrigues
tou um sistema de partilha no sistema
informático que inclui Normas de
Orientação Clínica e diversos protocolos.
Nomeadamente, na abordagem da
hipertensão arterial, úlceras de pressão
e procedimentos em situação aguda, que
abrangem desde o enfarte do miocárdio
à cólica renal ou à crise hipertensiva.
Nas reuniões semanais do grupo são
abordados os casos clínicos problema,
além de trabalhos de investigação e de revisão.
Já nas reuniões mensais de formação,
é apresentado um tema de fundo ou
as investigações realizadas pelos internos.
No âmbito da ULS, os profissionais da
unidade de saúde familiar têm a possibilidade
de partilhar alguma da informação
existente através do SAM acerca dos
utentes que recorrem ou foram referen-
2008 Março
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dE ClíNiCa gEral
ciados para o Hospital Pedro Hispano
– com muitos crashes à mistura – ou comunicar
através de e-mail e dos telemóveis
de serviço com os profissionais dos
cuidados secundários.
Na sequência do processo de acreditação
da ULS, verifica-se a auditoria semanal
de processos clínicos, embora a informação
tarde em chegar. Ainda nesse
âmbito, foram realizados dois inquéritos
de satisfação em 2001 e 2007 e um estudo
de qualidade da qualidade dos registos,
em 2006.
Na área da gestão do risco existe um
sistema de detecção e discussão do erro
clínico, sistemas de tratamento e gestão
das sugestões, queixas e reclamações e
um programa de controlo da infecção,
entre outros.
Partilha informática de NOC na
USF D. Julião de Oeiras
Na USF São Julião de Oeiras, para além
do conselho técnico existem responsáveis
– médicos e enfermeiros – pelos
diversos programas de saúde. Desde a
Saúde Materna ao seguimento de hipertensos
e diabéticos. A equipa decidiu
ainda criar pastas partilhadas na rede interna
para cada programa com os objectivos,
linhas de orientação, procedimentos,
estratégias, tabelas, testes, escalas...
ou seja, questões muito práticas que é
possível consultar rapidamente.
O programa da asma, por exemplo, já
está terminado. O objectivo é que a informação
seja partilhada, na rede interna,
por todos os profissionais. O projecto
registou uma tão grande aceitação que é
de prever que, dentro em breve, surjam
muitas outras. Adelaide Oliveira
A USF
Horizonte,
ao nível da
efectividade
clínica,
implementou
um sistema
de partilha
no sistema
informático
que inclui
Normas de
Orientação
Clínica e
diversos
protocolos
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