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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

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das carnes realizadas por sua família, principalmente na época em que viviam na região <strong>de</strong><br />

divisa com a Bahia, on<strong>de</strong> havia uma Reserva Florestal do Estado:<br />

“ – E vocês tinham mais roça ou usavam mais a mata, pra tirar bicho, tirar<br />

peixe...<br />

Zirinha – Roça, né. Usava a roça, usava caçá , botá ...Mundéu, né, pegava<br />

Tatu...Paca...<br />

– E como é o Mundéu ?<br />

Zirinha – Mundéu é um ... faz umas estaquinha assim, né, mesmo assim, da<br />

largura das caça passar. Aí vai, e coloca o tambão, um negócio assim, um pau<br />

<strong>de</strong> travessado e coloca dois, duas ma<strong>de</strong>ira bem pesada, né, pra caça num<br />

escapá, né. E, aqui do lado a gente armava assim, fazia um negócio <strong>de</strong> armá ,<br />

num sei como é, eu sei que quando a caça pisava lá, e botava lá embaixo.<br />

Quando a caça pisava lá, era buf ! (...) Então, a gente cumia sempre caça, mas<br />

o lugar que minha mãe morava, ela disse que não necessitava <strong>de</strong>... um Catitu<br />

encontrava com outro. Que eles vinha cumê na roça, né, igual porco, né, eles<br />

vinha cumê na roça e meu pai ficava lá esperando. Aí meu pai... na Santa<br />

Helena, né, lá na Reserva mesmo, que tinha aquela matona ! Aqui era mais<br />

escasso <strong>de</strong> caça, tinha muito mais gente do que lá, né. Lá era difícil porque<br />

bicho do mato, esses lugar como beira Rondônia hoje, né, esses lugar lá era<br />

igual Rondônia, cada uma matona ! Cada Matão, mesmo, fechado !<br />

– Você lembra como chamava esta Reserva ?<br />

Zirinha – Num lembro, não, a Reserva...<br />

– Mas era ali perto do Picadão da Bahia ?<br />

Zirinha – É, chegado no Picadão da Bahia, ali, pra lá, Pedro Canário. Aí ele...<br />

é isso mesmo, pra lá, mesmo. Aí tem gente que pergunta se eu sô baiana, “eu<br />

sô, nasci quase na Bahia, menino” (...). Aí eu falei assim, pois é, menina, aí ela<br />

disse que era carne <strong>de</strong> Viado, Tatu num se falava, era Catitu, Quexada, Anta,<br />

isso tudo eles fazia aqueles varalzão, que lá num tinha gela<strong>de</strong>ira, isso tudo<br />

tinha que salgá. Mas diz que isso era carne, que eles cumia direto! Ih ! Num<br />

comprava nada, num comprava nada, não ! Se matasse um porco, era pra<br />

mudificá o gosto. Mas inda era tudo assim, da mata. Lá era a mata que<br />

sustentava eles. E aqui era o rio, mais era o rio, né que da mata a gente quase<br />

num tirava nada, às veiz um Tatu, às veiz alguma Paca, mas o rio era...era uma<br />

fartura. Era o nosso pai rio, mesmo. A fartura do rio.” (Alzerina Batista, 55,<br />

em 18.11.01)<br />

55

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