Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...
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Apresentando algumas abordagens conceituais <strong>de</strong> território, HAESBAERT 101 insere<br />
a discussão sobre o imaginário na abordagem culturalista:<br />
“a) a jurídico-política, majoritária, inclusive no âmbito da Geografia, on<strong>de</strong> o<br />
território é visto como um espaço <strong>de</strong>limitado e controlado sobre o qual se<br />
exerce um <strong>de</strong>terminado po<strong>de</strong>r, especialmente o <strong>de</strong> caráter estatal; (...)<br />
b) a cultural (ista), que prioriza sua dimensão simbólica e mais subjetiva, o<br />
território visto fundamentalmente como produto da apropriação feita através<br />
do imaginário e/ou da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social sobre o espaço; (...)<br />
c) a econômica (muitas vezes economicista), minoritária, que <strong>de</strong>staca a<br />
<strong>de</strong>sterritorialização em sua perspectiva material, concreta, como produto<br />
espacial do embate entre classes sociais e da relação capital-trabalho. (...)<br />
Dessa forma, o território <strong>de</strong>ve ser visto na perspectiva não apenas <strong>de</strong> um<br />
domínio ou controle politicamente estruturado, mas também <strong>de</strong> uma<br />
apropriação que incorpora um dimensão simbólica, i<strong>de</strong>ntitária e, porque não<br />
dizer, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grupo ou classe social a que estivermos nos referindo,<br />
afetiva.”<br />
Nos territórios comunais a territorialida<strong>de</strong> é exercida enquanto estado <strong>de</strong> estreita<br />
relação com o ambiente, transformando-o em espaço doméstico e comunitário. Retomando<br />
Edward SOJA, RAFFESTIN 102 analisa os elementos constitutivos da territorialida<strong>de</strong>: o<br />
sentido <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> espacial, <strong>de</strong> exclusivida<strong>de</strong> e a compartimentação da interação<br />
humana no espaço, interação significativa em termos relacionais. MESQUITA 103 constrói a<br />
aproximação teórica entre o território e a territorialida<strong>de</strong>:<br />
“O território é o que é próximo; é o mais próximo <strong>de</strong> nós. É o que nos liga ao<br />
mundo. Tem a ver com a proximida<strong>de</strong> tal como existe no espaço concreto, mas<br />
não se fixa a or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za para estabelecer a sua dimensão ou o seu<br />
perímetro. É o espaço que tem significação individual e social. Por isso ele se<br />
esten<strong>de</strong> até on<strong>de</strong> vai a territorialida<strong>de</strong>. Esta aqui é entendida como projeção <strong>de</strong><br />
nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sobre o território”.<br />
101<br />
HAESBAERT, Rogério. Des-territorialização e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> –a re<strong>de</strong> “gaúcha” no Nor<strong>de</strong>ste. Niterói,<br />
Eduff, 1997, pp.39 a 41.<br />
102 RAFFESTIN, Clau<strong>de</strong>. Pour une Geographie du pouvoir, p.147.<br />
103 MESQUITA, Zilá. “Do território à consciência territorial”. In: MESQUITA, Zilá e BRANDÃO, Carlos<br />
R. (orgs.) Territórios do cotidiano. Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Ed. UFRGS/ EDUNISC.<br />
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