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Weekend 1197 : Plano 56 : 1 : P.gina 1- - Económico

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22 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 19 Dezembro 2009<br />

ECONOMIA<br />

Grécia avança com<br />

reforma fiscal para<br />

combater o défice<br />

O ministro das Finanças grego anunciou um novo sistema<br />

progressivo, para aumentar a base de tributação da economia.<br />

Luís Reis Pires<br />

luis.pires@economico.pt<br />

Têmváriascoisasemcomum:o<br />

mesmo primeiro nome, um estrelato<br />

inesperado eoriscode<br />

ficarem para a história pela<br />

pior das razões – estarem à<br />

frente do governo quando a<br />

Grécia faliu. As duas primeiras<br />

já ninguém lhas tira, mas o primeiro-ministro<br />

grego, Georges<br />

Papandreou, e o seu ministro<br />

das Finanças, Georges Papaconstatinou,<br />

querem evitar a<br />

parte chata da falência e estão<br />

dispostos a tudo para o fazer.<br />

Ontem, Papaconstatinou<br />

anunciou que o governo vai<br />

avançar com uma mega reforma<br />

fiscal no país para reduzir o<br />

défice, numa derradeira tentativa<br />

de recuperar alguma confiança<br />

dos mercados.<br />

Ainda a Europa estava a<br />

acordar e já o vice-presidente<br />

do BCE, Lucas Papademos -<br />

que reuniu de emergência com<br />

Papaconstatinou na quintafeira<br />

- tentava passar um sinal<br />

positivo ao mundo financeiro<br />

desde Frankfurt: “O BCE está<br />

confiante, devido à informação<br />

que temos, que o governo grego<br />

está consciente da gravidade da<br />

situação e vai tomar as acções<br />

apropriadas”.<br />

Horas mais tarde, em conferência<br />

de imprensa, o ministro<br />

das Finanças da Grécia anunciava<br />

uma reforma fiscal no<br />

país, para aumentar as receitas<br />

do Estado e diminuir o défice<br />

para, pelo menos, 3% do Produto<br />

Interno Bruto (PIB) até<br />

2013 - deverá terminar este ano<br />

a rondar os 12,7%. “Temos que<br />

convencer os mercados que a<br />

Grécia está a ir por um cami-<br />

CRONOLOGIA<br />

Dia 8<br />

A agência de notação financeira<br />

Fitch baixa o ‘rating’ da Grécia de<br />

A- para BBB+, já depois de a<br />

Standard & Poor’s ter colocado a<br />

dívida do país sob revisão,<br />

motivada por uma revisão em alta<br />

do défice do ano passado - de 3,7<br />

para 7,7% do PIB de 2008. Esta<br />

foi a primeira vez em dez anos<br />

que o ‘rating’ da Grécia desceu<br />

abaixo de A.<br />

nho diferente”, avisou Papaconstantinou,<br />

antes de anunciar<br />

uma reforma fiscal que<br />

“vai ser crucial para melhorar<br />

as contas públicas”.<br />

Contra a fúria dos mercados,<br />

reformar, reformar<br />

A reforma fiscal inclui um impostosobreosganhosempresariais,<br />

um aumento no imposto<br />

do tabaco e álcool e uma tri-<br />

A taxa de tributação<br />

do novo sistema<br />

progressivo<br />

vai variar entre<br />

5% e 50%<br />

do rendimento.<br />

Dia 14<br />

O primeiro-ministro helénico,<br />

Georges Papandreou, anuncia<br />

uma série de medidas, com o<br />

objectivo de convencer os<br />

mercados de que a Grécia vai<br />

conseguir baixaro défice de 12,7%<br />

do PIB este anopara menos de 3%<br />

em 2013. Congelar salários na<br />

função pública ou cortar na<br />

segurança social foram duas<br />

das promessas.<br />

butação a 90% sobre os bónus<br />

da banca privada. Mas “a grande<br />

aposta”, anunciou o ministro,<br />

será “alargar a base de tributação”<br />

da economia, através<br />

de alterações no sistema progressivo,<br />

porque actualmente a<br />

maioria das receitas fiscais -<br />

que não ultrapassam os 19% do<br />

PIB-provêmdeumnúmero<br />

reduzido de contribuintes, “na<br />

sua maioria assalariados com<br />

rendimentos medianos”.<br />

Cerca de 85% das declarações<br />

de IRS na Grécia dizem<br />

respeito a rendimentos anuais<br />

inferiores a 30 mil euros, com<br />

apenas três mil declarações a<br />

apresentarem rendimentos<br />

acima dos 200 mil euros. Além<br />

disso, cerca de 5 milhões de<br />

gregos declaram rendimentos<br />

anuais abaixo dos 12 mil euros.<br />

A taxa de tributação do novo<br />

sistema progressivo vai variar<br />

entre 5% e 50% do rendimento,<br />

tendo em vista carregar sobre<br />

os mais ricos. O governo<br />

espera aprovar a reforma em<br />

princípios de Março do próximo<br />

ano, mas os seus efeitos só<br />

se vão sentir em 2011.<br />

O discurso do ministro das<br />

Finanças não veio a tempo de<br />

impedir que a Moody’s - única<br />

agência de notação que não<br />

cortou no ‘rating’ da dívida<br />

grega - pusesse quatro bancos<br />

helénicos sobre vigilância negativa.<br />

Papaconstantinou foi,<br />

por isso questionado, sobre um<br />

eventual ‘downgrade’ da<br />

Moody’s na dívida da República<br />

- o que impediria o BCE de<br />

aceitar obrigações gregas como<br />

colaterais. “Falámos com a<br />

Moody’s e não temos nenhuma<br />

indicação [sobre um eventual<br />

corte]”, respondeu. ■<br />

Dia 16<br />

Na última quarta-feira foi a vez<br />

de a Standard & Poor’s baixar<br />

o ‘rating’ da República grega<br />

de ‘AAA-’ para ‘BBB+’, mantendo<br />

o ‘outlook’ negativo. Medidas<br />

insuficientes para controlar as<br />

contas públicas e “obstáculos<br />

domésticos” muito fortes para<br />

oGovernonaalturadelevar<br />

a cabo reformas foram<br />

as justificações dadas.<br />

É previsível que as medidas de<br />

consolidação orçamental gerem<br />

contestação na Grécia.<br />

Dia 17<br />

O primeiro-ministro grego viaja<br />

para o centro financeiro de<br />

Londres de manhã, para acalmar<br />

os mercados. À tarde, reúne-se de<br />

urgência com o vice-presidente do<br />

BCE, que o pressiona a avançar<br />

com medidas mais claras. A<br />

Alemanha também pressiona, com<br />

Angela Merkel a pedir “mais<br />

esforços” e responsabilidade ao<br />

governo helénico.<br />

Dia 18<br />

O ministro das Finanças grego<br />

anunciou uma mega reforma fiscal<br />

para reduzir o défice. A grande<br />

aposta de Papaconstantinou<br />

passa por alargar a base de<br />

tributação, através de alterações<br />

ao sistema progressivo, para<br />

carregar sobre os mais riscos.<br />

O anúncio não impede a Moody’s<br />

de colocar quatro bancos gregos<br />

sobre vigilância negativa.

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