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a violência em “Pulp Fiction”e “Cães - Faculdade de Comunicação ...

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por água abaixo os planos <strong>de</strong> um assalto perfeito, s<strong>em</strong> vestígios. Contudo, a já<br />

antológica tortura psíquica protagonizada por Mr. Blon<strong>de</strong>, que atinge o ápice<br />

quando, ao dançar ao som <strong>de</strong> Stuck in the Middle With You, arranca a orelha <strong>de</strong> um<br />

policial capturado, é a cena do filme. Como Jules e Vincent Vega, o personag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

Madsen não d<strong>em</strong>onstra o menor constrangimento pelos atos que pratica (isso<br />

também fica claro na ocasião <strong>em</strong> que Mr. Blon<strong>de</strong> caçoa <strong>de</strong> Mr. White, respon<strong>de</strong>ndo­<br />

lhe que iniciou o tiroteio por que não gosta <strong>de</strong> alarmes), mas, <strong>de</strong> forma ainda mais<br />

exacerbada do que os dois gângsters <strong>de</strong> Pulp Fiction, ele é posto na trama como um<br />

sujeito que não brinca <strong>em</strong> serviço. Apesar disso, Mr. Blon<strong>de</strong> não chega a<br />

personificar um indivíduo <strong>de</strong> natureza doentia, que <strong>de</strong>va ser con<strong>de</strong>nado à morte por<br />

conta <strong>de</strong>ssa personalida<strong>de</strong> estereotipada, facilmente encontrada no “cin<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

<strong>violência</strong>” 39 . Afinal, qu<strong>em</strong> po<strong>de</strong>ria caracterizar a figura do herói, o tira que sangra<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do filme, não serve como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> boa conduta: mata s<strong>em</strong><br />

pestanejar uma civil durante a fuga da joalheria; trai a confiança <strong>de</strong>positada nele por<br />

Mr White para tentar salvar a própria pele, coisa que o “odioso” Mr. Blon<strong>de</strong><br />

recusou­se a fazer, preferindo pegar anos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia a ser infiel a amiza<strong>de</strong> que<br />

mantinha com Joe, o chefão, e Nice Guy Eddie. Se a morte pega Mr. Blon<strong>de</strong> logo<br />

no momento <strong>em</strong> que ele ia queimar vivo o seu objeto <strong>de</strong> tortura, foi mais <strong>de</strong>vido ao<br />

39 Refiro­me aqui ao “cin<strong>em</strong>a <strong>de</strong> <strong>violência</strong>”, <strong>de</strong>nominação utilizada por Ciro Marcon<strong>de</strong>s Filho <strong>em</strong> artigo<br />

homônimo para <strong>de</strong>signar filmes que obe<strong>de</strong>c<strong>em</strong> a uma estrutura básica <strong>de</strong> montag<strong>em</strong>. Segundo o autor,<br />

“Comando para matar”(1985), “Jogo bruto”(1986) e “Falcão”(1987), <strong>de</strong>ntre outros, têm um esqu<strong>em</strong>a geral<br />

<strong>de</strong> estórias que levam o espectador a um reconhecimento automático <strong>de</strong> situações e tipos humanos via o<br />

uso <strong>de</strong> clichês. O “cin<strong>em</strong>a <strong>de</strong> <strong>violência</strong>” não revela nenhum “aprimoramento da narrativa” ou<br />

“refinamento da linguag<strong>em</strong> cin<strong>em</strong>atográfica” ­ ele explora as “construções sígnicas” e as “fantasias­<br />

clichê” nos filmes.<br />

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