a leitura do texto literário ea busca da identidade: leitores na ... - UEM
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imperduavel (sic), por ele ter comquista<strong>do</strong> a comfiança <strong>da</strong> moça e<br />
depois ter trai<strong>do</strong>-a , dechan<strong>do</strong>-a , tranca<strong>da</strong> no tumbulo. Confeso que<br />
fiquei nervozo au termi<strong>na</strong>r a <strong>leitura</strong>, foi emteresante , mas muito<br />
triste o fim <strong>da</strong> história. (N.P.R)<br />
Neste momento, o que importa perceber, a partir <strong>da</strong> <strong>leitura</strong> literária, é que o<br />
sujeito conseguiu organizar seu mun<strong>do</strong> e que não ficou ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> <strong>leitura</strong> primária, pois<br />
sabe que o <strong>texto</strong> pode ser para “mim”, mas que tem elementos e estruturas próprias.<br />
Devemos deixar claro também que, no momento <strong>da</strong> análise, não há a preocupação com<br />
os desvios <strong>da</strong> norma padrão culta e tampouco é este o objetivo <strong>do</strong> projeto.<br />
Para aqueles que r<strong>ea</strong>lizam os mo<strong>do</strong>s secundários de ler o <strong>texto</strong>, diferente<br />
<strong>da</strong>queles que ficaram ape<strong>na</strong>s nos mo<strong>do</strong>s primários, a literatura tem um caráter<br />
formativo, segun<strong>do</strong> Lothar Bredella:<br />
O senti<strong>do</strong> formativo <strong>do</strong> objecto reside precisamente no facto de o<br />
aluno ter de aprender a reconhecer o objecto “literatura” por aquilo<br />
que ele próprio é e de à literatura, como um fim em si próprio, caber<br />
uma dimensão crítica contra a instrumentalização <strong>do</strong> saber.<br />
(BREDELLA, 1989, p. 19)<br />
Expostos à varie<strong>da</strong>de de gêneros textuais, observamos que houve, entre os<br />
detentos, um gosto maior pela poesia, o que resultou <strong>na</strong> tentativa de produção de<br />
poemas como o abaixo transcrito:<br />
Soneto o mais ama<strong>do</strong> <strong>do</strong> amor<br />
O amor é carinho segurança é<br />
ver<strong>da</strong>de rega<strong>do</strong> de compreenção e<br />
amizade, amor com mentiras<br />
traz infelici<strong>da</strong>de tira a paz<br />
O amor d’alma tem felici<strong>da</strong>de<br />
A traição não vive com o amor<br />
Viven<strong>do</strong> no mesmo espaço o amor<br />
Vira ódio mas o ódio não vira amor<br />
Ódio é sau<strong>da</strong>de solidão recor<strong>da</strong>ção<br />
Lagrimas que rolam depois que se<br />
Sabe que nunca ... nunca vai voltar<br />
Amar o amor é não ter ódio<br />
É ter com o amor fideli<strong>da</strong>de<br />
É ter alegria só por amar o amor. (M.C.G)<br />
Além de to<strong>do</strong> esse trabalho de <strong>leitura</strong>, solicitamos que os participantes façam um<br />
plano <strong>do</strong> <strong>texto</strong> que irão redigir e <strong>do</strong>s <strong>texto</strong>s li<strong>do</strong>s durante a r<strong>ea</strong>lização <strong>da</strong> ofici<strong>na</strong>. Com<br />
esse esquema feito pelo detento, a intenção é facilitar o processo de escrita, organizan<strong>do</strong><br />
suas idéias, delimitan<strong>do</strong> tema, exemplos que possam ser <strong>da</strong><strong>do</strong>s etc. Dos presidiários que<br />
participam, ape<strong>na</strong>s <strong>do</strong>is fizeram o plano <strong>do</strong> <strong>texto</strong> (em uma folha separa<strong>da</strong>); nos <strong>do</strong>is<br />
casos, o plano era de suas produções textuais. Para exemplificar como esse<br />
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