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APOIO À PRÁTICA PEDAGÓGICA - Secretaria Municipal da Educação

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<strong>APOIO</strong><br />

<strong>À</strong> <strong>PRÁTICA</strong><br />

<strong>PEDAGÓGICA</strong><br />

FÁBULAS<br />

ED. INFANTIL/ CICLOS DE APRENDIZAGEM I e II / EJA


Prefeito <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de de Salvador<br />

JOÃO HENRIQUE DE BARRADAS CARNEIRO<br />

Secretário <strong>Municipal</strong> <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> e Cultura<br />

NEY CAMPELLO<br />

Coordenadora de Ensino e Apoio Pe<strong>da</strong>gógico<br />

ANA SUELI PINHO<br />

Equipe Técnica <strong>da</strong> Edição Original (1996)<br />

Coordenação <strong>da</strong> Elaboração dos Cadernos<br />

Kadja Cristina Grimaldi Guedes<br />

Consultoria<br />

Maria Esther Pacheco Soub<br />

Sistematização<br />

Antônia Maria de Souza Ribeiro<br />

Maria de Lourdes Nova Barboza<br />

Elizabete Regina <strong>da</strong> Silva Monteiro<br />

Edição Atualiza<strong>da</strong> (2007)<br />

Alana Márcia de Oliveira Santos<br />

Coordenação <strong>da</strong> reedição dos Cadernos<br />

Maria de Lourdes Nova Barboza<br />

A reedição deste caderno atende aos objetivos <strong>da</strong> SMEC em <strong>da</strong>r<br />

suporte didático/pe<strong>da</strong>gógico às ativi<strong>da</strong>des de sala de aula.<br />

Esta publicação destina-se exclusivamente para uso pe<strong>da</strong>gógico nas escolas<br />

Municipais de Salvador, sendo ve<strong>da</strong><strong>da</strong> a sua comercialização. A reprodução total<br />

ou parcial deverá ser autoriza<strong>da</strong> pela <strong>Secretaria</strong> <strong>Municipal</strong> <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> e Cultura<br />

de Salvador.


APRESENTAÇÃO<br />

É com muita satisfação que a Coordenadoria de Ensino e Apoio Pe<strong>da</strong>gógico - CENAP –<br />

apresenta aos professores do Sistema <strong>Municipal</strong> de Ensino, a reedição dos Cadernos de<br />

Apoio à Prática Pe<strong>da</strong>gógica.<br />

Nascidos em 1996, de um trabalho de vanguar<strong>da</strong> que conectava a teoria à prática <strong>da</strong> sala<br />

de aula <strong>da</strong>s escolas municipais, tais cadernos procuravam ser – e certamente ain<strong>da</strong> são –<br />

um instrumento estratégico <strong>da</strong> nossa luta diária para aumentar os índices de desempenho<br />

acadêmico dos alunos <strong>da</strong> Rede <strong>Municipal</strong> de Ensino de Salvador.<br />

Os Cadernos de Apoio à Prática Pe<strong>da</strong>gógica apresentam vários blocos de sugestões com<br />

diferentes gêneros textuais e algumas ativi<strong>da</strong>des volta<strong>da</strong>s para aquisição <strong>da</strong> base<br />

alfabética e ortográfica dos alunos, subsidiando os professores no seu saber-fazer<br />

pe<strong>da</strong>gógico.<br />

Acreditamos que quanto mais investirmos na formação continua<strong>da</strong>, na prática reflexiva,<br />

na pesquisa de soluções originais, mais será possível uma progressiva redefinição do<br />

nosso ofício de professor, no sentido de uma maior profissionalização.<br />

Atualizamos e publicamos esses cadernos, apostando no potencial criativo dos<br />

professores, tendo em vista o bem comum de to<strong>da</strong>s as crianças, jovens e adultos que<br />

freqüentam as escolas municipais de Salvador.<br />

Sucesso professor, é o que lhe desejamos!<br />

Ana Sueli Pinho<br />

Coordenadora <strong>da</strong> CENAP


FÁBULAS<br />

As fábulas pertencem ao grupo de histórias cria<strong>da</strong>s pela tradição oral, juntamente com<br />

os contos de fa<strong>da</strong>s, as len<strong>da</strong>s e os mitos. Elas são um tipo de narrativa que se<br />

caracterizam pela estrutura simples, são pequenas histórias que têm a intenção de<br />

transmitir “lição de moral”, ou seja, refletir sobre concepções de viver. Esta moral <strong>da</strong><br />

fábula não constitui uma conclusão definitiva. Portanto a moral pode variar de acordo<br />

com quem lê a história.<br />

A origem <strong>da</strong> fábula é oriental e muitas foram encontra<strong>da</strong>s no Egito antigo e na Índia,<br />

mas ficaram conheci<strong>da</strong>s no Ocidente graças, principalmente, a fontes gregas, em<br />

especial a de Esopo, escravo grego que teria vivido no século V a.C. Esopo criava<br />

histórias basea<strong>da</strong>s em animais para mostrar como devemos agir com sabedoria. Suas<br />

fábulas foram reescritas em versos por Fedro, escravo romano, e no século XVII d.C.<br />

por Jean de La Fontaine, um poeta francês. La Fontaine criava suas histórias com um<br />

único objetivo: tornar os animais os principais agentes <strong>da</strong> educação dos homens. Para<br />

isso, os animais foram colocados em situações que serviam de exemplos para todos, ou<br />

seja, tornaram-se símbolos.<br />

No Brasil, o grande responsável por reavivar as antigas fábulas foi Monteiro Lobato,<br />

que ao final de suas narrativas oportuniza às crianças opinarem sobre a possibili<strong>da</strong>de de<br />

alteração <strong>da</strong> história ou <strong>da</strong> moral sugeri<strong>da</strong>, e criticarem as atitudes que consideram<br />

errôneas e moralistas ou seja, embora mantenha a idéia de que a fábula tenha uma<br />

moral, Lobato sugere que o leitor deva tirar sua própria conclusão.<br />

ESTRUTURA DA FÁBULA<br />

• Histórias curtas: há um só conflito, isso resulta numa narrativa resumi<strong>da</strong>;<br />

• Diálogo: no que se refere à linguagem, a fábula é objetiva gerando poucas<br />

descrições e muitos diálogos;<br />

• Personagens: os animais são usados como personagens que representam<br />

virtudes, defeitos e características dos seres humanos. São utilizados de forma<br />

simbólica para criticar ou exaltar esses comportamentos;<br />

• Moral: a moral escrita no final <strong>da</strong> fábula reproduz um provérbio, um dito<br />

popular, cujos temas principais são leal<strong>da</strong>de, generosi<strong>da</strong>de e as virtudes do<br />

trabalho.<br />

Em sala de aula, além de constituir-se em uma oportuni<strong>da</strong>de de conhecimento e análise<br />

de uma tipologia textual, o trabalho com fábulas possibilita a reflexão sobre ética,<br />

auxiliando na construção de habili<strong>da</strong>des e competências relaciona<strong>da</strong>s aos conteúdos<br />

atitudinais necessários à formação dos ci<strong>da</strong>dãos.<br />

OBJETIVOS<br />

• Reconhecer o gênero fábula;<br />

• Comparar fábula com outras tipologias textuais;


• Reconhecer a estrutura <strong>da</strong>s fábulas;<br />

• Analisar a “moral” transmiti<strong>da</strong> nas fábulas emitindo opiniões;<br />

• Recontar e reescrever fábulas;<br />

• Produzir fábulas<br />

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS<br />

• Levantamento do conhecimento prévio dos alunos em relação à tipologia<br />

textual, (registro);<br />

• Conversação com os alunos, com base nas informações levanta<strong>da</strong>s, sobre o<br />

que é uma fábula;<br />

• Realização de leitura (individualmente, de forma coletiva ou pelo professor,<br />

a depender do nível <strong>da</strong> classe);<br />

• Utilização de vários procedimentos de leitura – ler o início <strong>da</strong> história<br />

(ambientação), descobrir os personagens, identificar o tema central, etc.<br />

• Discussão sobre o conteúdo <strong>da</strong> fábula – detalhes do texto, até chegar à<br />

“moral <strong>da</strong> história” (interpretação <strong>da</strong>s idéias conti<strong>da</strong>s no texto);<br />

• Desenvolvimento de exercícios orais e escritos que possibilitem aos alunos<br />

fazer inferências sobre o texto;<br />

• Realização do reconto <strong>da</strong> fábula;<br />

• Produção de nova fábula;<br />

• Criação de novas “morais” para as histórias;<br />

• Dramatização <strong>da</strong> fábula;<br />

• Construção com os alunos de uma “arca do tesouro” onde seriam<br />

simbolicamente guar<strong>da</strong>dos os valores, defeitos e virtudes relacionados às<br />

fábulas li<strong>da</strong>s;<br />

• Visitação a outras classes “compartilhando o tesouro” – um aluno sorteia<br />

uma palavra e conta para aos demais a fábula relaciona<strong>da</strong> à mesma;<br />

• Utilização do laboratório de informática para visitar sites que abor<strong>da</strong>m a<br />

tipologia (ver referências).<br />

• Confrontação dos conhecimentos adquiridos, com os conhecimentos prévios<br />

dos alunos registrados no início do processo.<br />

CONSIDERAÇÕES <strong>PEDAGÓGICA</strong>S<br />

Ao levantar o conhecimento prévio dos alunos, um critério lógico a ser explorado é o<br />

conteúdo básico sobre o qual se concentrará o processo de ensino e de aprendizagem.<br />

Se por exemplo, nos propomos a trabalhar com fábulas, terá sentido explorar o<br />

conhecimento dos alunos sobre histórias, histórias curtas com personagens de animais<br />

que falam, conhecimento sobre ditados populares etc.<br />

Desta forma, o professor poderá evitar o acúmulo de informações desnecessárias ao<br />

objetivo <strong>da</strong> intervenção bem como assegurar a coerência entre esta ação e as<br />

intervenções seguintes.


AVALIAÇÃO<br />

A avaliação é um ato diagnóstico contínuo que serve de subsídio para uma toma<strong>da</strong> de<br />

decisão na perspectiva <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> trajetória do desenvolvimento do educando e<br />

apoio ao educador na práxis pe<strong>da</strong>gógica. Nessa perspectiva, a avaliação funciona como<br />

instrumento que possibilita ao professor ressignificar a prática docente a partir dos<br />

resultados alcançados com os alunos, ou seja, o resultado é sempre o início do<br />

planejamento de intervenções posteriores.<br />

Sugerimos a utilização do instrumento avaliativo apresentado a seguir, para<br />

acompanhamento do desempenho dos seus alunos e replanejamento de suas ações.<br />

Desenvolvimento<br />

e adequação ao<br />

tema<br />

Características<br />

do gênero<br />

Estrutura<br />

Estética<br />

Avaliação – Produção Textual<br />

Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de: Fábula<br />

TÓPICOS DE REVISÃO<br />

• O texto produzido corresponde ao tema proposto?<br />

• Foi produzido o suficiente para o desenvolvimento <strong>da</strong>s idéias?<br />

• O texto apresenta clareza?<br />

• O texto apresenta seqüência lógica<br />

• Apresenta Título?<br />

• O texto caracteriza-se como uma prosa/ narrativa?<br />

• Apresenta um fato/ acontecimento?<br />

• Apresenta personagens típicos do gênero <strong>da</strong> fábula?<br />

• Apresenta características de lugar onde o fato aconteceu?<br />

• Apresenta o elemento quando?<br />

• Apresenta suspense / aventura?<br />

• O texto está escrito na 3ª pessoa?<br />

• Apresenta seqüência cronológica?<br />

• Apresenta uma lição de moral?<br />

• O texto foi escrito respeitando as linhas?<br />

• A letra emprega<strong>da</strong> é legível?<br />

• O texto é legível, ain<strong>da</strong> que com borrões e rasuras?<br />

• O texto apresenta margem dos dois lados <strong>da</strong> página?<br />

• Há marcação adequa<strong>da</strong> de parágrafo no corpo do texto?<br />

Sim


Estrutura<br />

Lingüística<br />

De uma forma geral o aluno:<br />

• Escreve convencionalmente as palavras ?<br />

• Apresenta separação silábica quando necessário?<br />

• Acentua adequa<strong>da</strong>mente as palavras ?<br />

• Emprega a pontuação que facilita a leitura e compreensão do texto?<br />

• Usa letras maiúsculas e minúsculas adequa<strong>da</strong>mente?<br />

• Emprega o vocabulário de maneira adequa<strong>da</strong>?<br />

• Apresenta concordância nominal?<br />

• Apresenta concordância verbal?<br />

A CABRA E O ASNO<br />

Uma cabra e um asno comiam ao mesmo tempo no estábulo. A cabra começou a invejar<br />

o asno porque acreditava que ele estava melhor alimentado, e lhe disse:<br />

- Tua vi<strong>da</strong> é um tormento inacabável. Finge um ataque e deixa-te cair num fosso para<br />

que te dêem umas férias.<br />

Aceitou o asno o conselho, e deixando-se cair, machucou todo o corpo.<br />

Vendo-o o amo, chamou o veterinário e lhe pediu um remédio para o pobre. Prescreveu<br />

o curandeiro que necessitava uma infusão com o pulmão de uma cabra, pois era muito<br />

eficiente para devolver o vigor. Para isso então degolaram a cabra e assim curaram o<br />

asno.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Em todo plano de mal<strong>da</strong>de, a vítima principal sempre é seu próprio criador<br />

A CERVA NA GRUTA DO LEÃO<br />

Esopo<br />

Uma cerva que fugia de uns caçadores, chegou a uma gruta onde não sabia que morava<br />

o leão. Entrando nela para se esconder, caiu nas garras do leão. Vendo-se sem remédio,<br />

perdi<strong>da</strong>, exclamou:<br />

- Infeliz de mim! Fugindo dos homens, caí nas garras de um feroz animal.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Se tratas de sair de um problema, busca uma saí<strong>da</strong> que não seja cair em outro.<br />

A CERVA TORTA<br />

Esopo<br />

Uma cerva a qual faltava um olho, passeava à beira-mar, voltando seu olho intacto em<br />

direção à terra para observar a possível chega<strong>da</strong> de caçadores, e <strong>da</strong>ndo ao mar o lado<br />

que faltava o olho, pois <strong>da</strong>li não esperava nenhum perigo. Mas resultou que uma gente


navegava por este lugar, e ao ver a cerva, abateram-na com seus <strong>da</strong>rdos. E a cerva<br />

agonizando, disse para si:<br />

- Pobre de mim! Vigiava a terra, que acreditava cheia de perigos, e o mar, que<br />

considerava um refúgio, me foi muito mais funesto.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Nunca exce<strong>da</strong>s a valoração <strong>da</strong>s coisas. Procura ver sempre suas vantagens.<br />

A FORMIGA<br />

Esopo<br />

Diz uma len<strong>da</strong> que a formiga atual era em outros tempos um homem que, consagrado<br />

aos trabalhos de agricultura, não se contentava com o produto de seu próprio esforço,<br />

senão que olhava com inveja o produto alheio e roubava os frutos de seus vizinhos.<br />

Indignado Zeus pela avareza deste homem, transformou-o em formiga.<br />

Porém ain<strong>da</strong> que tenha mu<strong>da</strong>do de forma, não mudou seu caráter, pois até hoje percorre<br />

os campos e recolhe o trigo e a ceva<strong>da</strong> alheios e os guar<strong>da</strong> para seu uso.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Ain<strong>da</strong> que aos malvados se lhes castigue severamente, dificilmente mu<strong>da</strong>rão sua<br />

natureza.<br />

A FORMIGA E A POMBA<br />

Esopo<br />

Uma formiga foi à margem do rio para beber água, e, sendo arrasta<strong>da</strong> pela forte<br />

correnteza, estava prestes a se afogar.<br />

Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha, e a deixou cair<br />

na correnteza perto dela. A formiga, subiu na folha, e flutuou em segurança até a<br />

margem.<br />

Pouco tempo depois, um caçador de pássaros, veio por baixo <strong>da</strong> árvore, e se preparava<br />

para colocar varas com visgo perto <strong>da</strong> pomba que repousava nos galhos alheia ao<br />

perigo.<br />

A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroa<strong>da</strong> no pé. Ele repentinamente<br />

deixou cair sua armadilha, e isso deu chance para que a pomba voasse para longe a<br />

salvo.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

O grato de coração sempre encontrará oportuni<strong>da</strong>des para mostrar sua gratidão.<br />

A GRALHA VAIDOSA<br />

Esopo<br />

Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou uma<br />

<strong>da</strong>ta para que todos eles comparecessem diante de seu trono.<br />

O mais bonito seria declarado rei. Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaros<br />

foram tomar banho e alisar as penas às margens de um arroio.<br />

A gralha também estava lá no meio dos outros, só que tinha certeza de que nunca ia ser


escolhi<strong>da</strong>, porque suas penas eram muito feias.<br />

"Vamos ter que <strong>da</strong>r um jeito" - pensou ela.<br />

Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram caí<strong>da</strong>s pelo chão; a<br />

gralha recolheu as mais bonitas e prendeu em volta do corpo. O resultado foi<br />

deslumbrante: nenhum pássaro era mais vistoso que ela.<br />

Quando o dia marcado chegou, os pássaros se reuniram diante do trono de Júpiter;<br />

Júpiter examinou todo mundo e escolheu a gralha para rei. Já ia fazer a declaração<br />

oficial quando todos os outros pássaros avançaram para o futuro rei e arrancaram suas<br />

penas falsas uma a uma, mostrando a gralha exatamente como ela era.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Belas penas não fazem belos pássaros.<br />

A GATA E AFRODITE<br />

Esopo<br />

Uma gata que se apaixonara por um fino rapaz pediu a Afrodite para transformá-la em<br />

mulher. Comovi<strong>da</strong> por tal paixão, a deusa transformou o animal numa bela jovem. O<br />

rapaz a viu, apaixonou-se por ela e a desposou. Para ver se a gata havia se transformado<br />

completamente em mulher, Afrodite colocou um camundongo no quarto nupcial.<br />

Esquecendo onde estava a bela criatura foi logo saltando do leito e pôs-se a correr atrás<br />

do ratinho para comê-lo. Indigna<strong>da</strong>, a deusa fê-la voltar ao que era.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

O perverso pode mu<strong>da</strong>r de aparência, mas não de hábitos.<br />

A LAMPARINA<br />

Uma lamparina cheia de óleo gabava-se de ter um brilho superior ao do Sol. Um<br />

assobio, uma raja<strong>da</strong> de vento e ela apagou-se. Acenderam-na de novo e lhe disseram:<br />

- Ilumina e cala-te. O brilho dos astros não conhece o eclipse.<br />

Esopo<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Que o brilho de uma vi<strong>da</strong> gloriosa não te encha de orgulho. Na<strong>da</strong> do que adquirimos nos<br />

pertence de ver<strong>da</strong>de.<br />

A LEBRE E O CÃO DE CAÇA<br />

Esopo<br />

Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa<br />

perseguição, ele parou a caça<strong>da</strong>.<br />

Um pastor de cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:<br />

- Aquele pequeno animal é melhor corredor que você.<br />

O cão de caça, respondeu:<br />

- Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ele,<br />

por sua vi<strong>da</strong>.<br />

Esopo


A LEOA E A RAPOSA<br />

A leoa, reprova<strong>da</strong> pela raposa por ter um só filhote ao invés de muitos, respondeu:<br />

- Sim, mas um leão.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

A fábula mostra que a excelência não está na quanti<strong>da</strong>de, mas na quali<strong>da</strong>de.<br />

MOSCA<br />

Caiu uma mosca numa tigela cheia de carne. Estando a ponto de se afogar no molho,<br />

exclamou para si mesma:<br />

- Comi, bebi e me banhei; pode vir a morte, não me importa agora.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Quando a morte se apresenta acompanha<strong>da</strong> de felici<strong>da</strong>de, se aceita sem queixas.<br />

O ESCORPIÃO E A RÃ<br />

Esopo<br />

Parado ao sol, o escorpião olhava ao redor <strong>da</strong> montanha onde morava.<br />

"Positivamente, tenho de me mu<strong>da</strong>r <strong>da</strong>qui" - pensou.<br />

Esperou a madruga<strong>da</strong> chegar, lançou-se por caminhos empoeirados até atingir a floresta.<br />

Escalou rochedos, cruzou bosques e, finalmente, chegou às margens do rio largo e<br />

cau<strong>da</strong>loso.<br />

"Que imensidão de águas! A outra margem parece tão convi<strong>da</strong>tiva... Se eu soubesse<br />

na<strong>da</strong>r..."<br />

Subiu longo trecho <strong>da</strong> margem, desceu novamente, olhou para trás. Aquele rio<br />

certamente não teria medo de escorpião. A travessia era impossível.<br />

"Não vai <strong>da</strong>r. Tenho de reconsiderar minha decisão" - lamentou.<br />

Estava quase desistindo quando viu a rã sobre a relva, bem próxima à correnteza. Os<br />

olhos do escorpião brilharam:<br />

"Ora, ora... Acho que encontrei a solução!" - pensou rápido.<br />

- Olá, rãzinha! Me diga uma coisa: você é capaz de atravessar este rio?<br />

- Ih, já fiz essa travessia muitas vezes até a outra margem. Mas por que você pergunta? -<br />

disse a rã, desconfia<strong>da</strong>.<br />

- Ah, deve ser tão agradável do outro lado - disse - pena eu não saber na<strong>da</strong>r.<br />

A rã já estava com os olhos arregalados: "será que ele vai me pedir...?"<br />

- Se eu pedisse um favor, você me faria? - disse o escorpião mansamente.<br />

- Que favor? - murmurou a rã.<br />

- Bem - o tom <strong>da</strong> voz era mais brando ain<strong>da</strong> - bem, você me carregaria nas costas até a<br />

outra margem?<br />

A rã hesitou:<br />

- Como é que eu vou ter certeza de que você não vai me matar?<br />

- Ora, não tenha medo. Evidentemente, se eu matar você, também morrerei -<br />

argumentou o escorpião.<br />

- Mas... e se quando estivermos saindo <strong>da</strong>qui você me matar e pular de volta para a<br />

margem?<br />

- Nesse caso eu não cruzaria o rio nem atingiria meu destino - replicou o escorpião.<br />

- E como vou saber se você não vai me matar quando atingirmos a outra margem? -


perguntou a rã.<br />

- Ora, ora... quando chegarmos ao outro lado eu estarei tão agradecido pela sua aju<strong>da</strong><br />

que não vou pagar essa gentileza com a morte.<br />

Os argumentos do escorpião eram muito lógicos. A rã ponderou, ponderou e, afinal,<br />

convenceu-se. O escorpião acomodou-se nas costas macias <strong>da</strong> agora companheira de<br />

viagem e começaram a travessia. A rã na<strong>da</strong>va suavemente e o escorpião quase chegou a<br />

cochilar. Perdeu-se em pensamentos e planos futuros, olhando a extensão enorme do<br />

rio.<br />

De repente se deu conta de que estava dependendo de alguém, de que ficaria devendo<br />

um favor para a rãzinha. Reagiu, ergueu o ferrão.<br />

"Antes a morte que tal sorte" - pensou.<br />

A rã sentiu uma violenta dor nas costas e, com o rabo do olho, viu o escorpião recolher<br />

o ferrão. Um torpor ca<strong>da</strong> vez mais acentuado começava a invadir-lhe o corpo.<br />

- Seu tolo - gritou a rã - agora nós dois vamos morrer! Por que fez isso?<br />

O escorpião deu uma risadinha sarcástica e sacudiu o corpo.<br />

- Desculpe, mas eu não pude evitar. Essa é a minha natureza.<br />

A RAPOSA E A SERPENTE<br />

Esopo<br />

Havia uma figueira à margem de um caminho. Uma raposa viu junto a ela uma serpente<br />

adormeci<strong>da</strong>. Vendo aquele corpo tão largo, e pensando em igualá-lo, se deitou a raposa<br />

no chão, ao lado <strong>da</strong> serpente, e tentou estirar-se o quanto pôde, até que por fim, de tanto<br />

esforço, rebentou-se.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Não imites os maiores se não tens condições de fazê-lo.<br />

A RAPOSA E O BODE<br />

Esopo<br />

Certo dia uma raposa caiu num poço e, depois, não conseguia sair de lá. O poço não era<br />

muito fundo, mas as paredes lisas estavam cobertas de limos, de forma que, ca<strong>da</strong> vez<br />

que a raposa trepava algumas polega<strong>da</strong>s, escorregava outra vez para, dentro <strong>da</strong> água,<br />

com grande estar<strong>da</strong>lhaço.<br />

Passado algum tempo chegou um bode e espreitou <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> do poço, cheio de<br />

curiosi<strong>da</strong>de.<br />

- Que estás a fazer aí embaixo, raposa? - perguntou ele.<br />

A raposa viu a sua única oportuni<strong>da</strong>de de escapar <strong>da</strong>li.<br />

- Estás sozinho? - perguntou ela, com ar de mistério - não quero que venham todos ao<br />

mesmo tempo. Mas a água deste poço é tão boa que não me canso de a beber. An<strong>da</strong> cá<br />

para dentro e experimenta. Vais ver que é a coisa melhor que provaste em to<strong>da</strong> a tua<br />

vi<strong>da</strong>.<br />

Sem pensar duas vezes, o bode saltou para dentro do poço e começou a beber<br />

avi<strong>da</strong>mente. Passado um bocado achou que, tinha bebido bastante e olhou em volta para<br />

ver como iria sair do poço.<br />

- Não há problema, camara<strong>da</strong> - disse a raposa - põe-te de pé nas patas traseiras e eu<br />

trepo para as tuas costas. Se eu conseguir equilibrar-me nos teus chifres, salto do poço<br />

para fora. Depois debruço - me e puxo por ti.<br />

Então o bode pôs-se de pé nas patas traseiras e a raposa trepou rapi<strong>da</strong>mente para fora do


poço. E, enquanto corria através do campo, gritou para o bode:<br />

- Se tivesses tanto raciocínio na tua cabeça como pêlos tens nas barbas, amigo,<br />

procuravas ver se podias sair do poço antes de lá entrares.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Antes de te meteres em aventuras, vê se podes sair delas.<br />

A RAPOSA E O CROCODILO<br />

Dscutiam a raposa e o crocodilo sobre a nobreza de seus ancestrais. Por longo tempo<br />

falou o crocodilo sobre o sobrenome de sua gente, concluindo por dizer que seus pais<br />

haviam chegado a ser os guardiães do ginásio.<br />

- Não é necessário que me digas - replicou a raposa - tua pele demonstra muito bem há<br />

quantos anos te dedica aos exercícios de ginástica.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Recor<strong>da</strong> sempre que o que bem se vê, não se pode ocultar com uma mentira.<br />

A RAPOSA E O FAZENDEIRO<br />

Um fazendeiro queria se vingar de uma raposa que de vez em quando causava <strong>da</strong>nos a<br />

sua plantação. Assim que terminou a colheita, ele prendeu uma bucha embebi<strong>da</strong> em<br />

óleo na cau<strong>da</strong> <strong>da</strong> raposa e colocou fogo nela.<br />

Na fuga, a raposa correu para os campos do fazendeiro e, ao apagar a cau<strong>da</strong> na relva,<br />

queimou as mu<strong>da</strong>s recém - planta<strong>da</strong>s.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Quem planta vento, colhe tempestade.<br />

A RAPOSA E O LENHADOR<br />

Esopo<br />

Uma raposa era persegui<strong>da</strong> por uns caçadores, quando viu um lenhador e suplicou que<br />

ele a escondesse. O homem então lhe aconselhou que entrasse em sua cabana.<br />

De imediato chegaram os caçadores, e perguntaram ao lenhador se havia visto a raposa.<br />

Com a voz ele disse que não, mas com sua mão disfarça<strong>da</strong>mente mostrava onde havia se<br />

escondido.<br />

Os caçadores não compreenderam os sinais <strong>da</strong> mão e se confiaram no que disse com as<br />

palavras.<br />

A raposa, ao vê-los irem, saiu sem dizer na<strong>da</strong>.<br />

O lenhador a reprovou porque, apesar de tê-la salvo, não agradecera, ao que a raposa<br />

respondeu:<br />

- Agradeceria se tuas mãos e tua boca tivessem dito o mesmo.<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Não negues com teus atos, o que pregas com tuas palavras.


A VÍBORA E O FERREIRO<br />

A uma loja de um ferreiro entrou uma víbora, pedindo cari<strong>da</strong>de às ferramentas. Depois<br />

de receber algo de to<strong>da</strong>s, faltando só a lima, aproximou-se e lhe suplicou que lhe desse<br />

alguma coisa.<br />

- Bem engana<strong>da</strong> estás - disse a lima - se crês que te <strong>da</strong>rei algo. Eu que tenho o<br />

costume, não de <strong>da</strong>r, mas sim de tomar algo de todos!<br />

Moral <strong>da</strong> História:<br />

Nunca deves esperar obter algo de quem só tem vivido de tirar dos demais.<br />

Esopo


REFERÊNCIAS<br />

BARRETO, Vera. Confabulando. São Paulo : Vere<strong>da</strong>, 1999.<br />

BRASIL. REVISTA CIÊNCIAS HOJE PARA CRIANÇA, nº 27 (contracapa).<br />

BRASIL. REVISTA NOVA ESCOLA, nº 68, Rio de Janeiro, 1986.<br />

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil:teoria,análise,didática,5ª edição, São<br />

Paulo: Ática, 1991.<br />

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www.clubedobebe.com.br/HomePage/ Fabulas/fabulasehistorias.htm<br />

geocities.yahoo.com.br/mitologica_2000/fabulas.htm

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