aposta no turismo rural - Jornal de Leiria

PEDRO PAIS
S. Mamede
aposta no turismo rural
uma edição
Este suplemento faz parte integrante da edição 1096 do JORNAL DE LEIRIA, de 14 de Julho de 2005 e não pode ser vendido separadamente

Saneamento básico no topo dos investimentos estratégicos
S. Mamede projecta
futuro de qualidade
S. Mamede é a maior freguesia
do concelho da Batalha em área -
ocupa 45 quilómetros quadrados,
equivalente a cerca de 40% da área
total do concelho - e a segunda
maior em número de habitantes -
a rondar os seis mil, com 3100 eleitores.
Do ponto de vista demográfico,
a sua evolução tem sido inversa
ao geralmente ocorrido nas freguesias
mais rurais - não só do
concelho da Batalha, mas em todo
o País -, assistindo-se a um crescimento
significativo da sua população
residente. Na base desta realidade
esteve o desenvolvimento
industrial verificado e gerador de
emprego efectivo, com a consequente
fixação de um elevado
número de operários fabris (e suas
famílias) na região. Também as
sinergias geradas pela proximidade
de Fátima, como epicentro turístico
de excelência da região, contribuiu
fortemente para o aumento
populacional de S. Mamede. Esta
conjuntura envolve um conjunto
de factores que, integrados, funcionam
ainda como "bola de neve"
no referido fenómeno demográfico
registado.
SANEAMENTO PRIORITÁRIO
Face aos investimentos prioritários,
a maior preocupação municipal
é, no presente, o saneamento
básico. Há já duas obras
adjudicadas (uma em fase de arranque)
e o projecto da sede de fre-
A Feira do Gado realizou-se, até
há cerca de um ano, perto do Largo
da Feira, no centro da sede de
freguesia, junto ao local onde mais
tarde foi projectada a construção
da actual extensão do Centro de
Saúde de S. Mamede e, por isso,
deixou de ser lógica a exposição
animal naquele lugar. O certame
foi então deslocalizado para uma
zona junto a uma antiga pedreira
do lugar de Moita do Martinho -
utilizada também como lixeira do
concelho até à década de 80 -, a
cerca de dois quilómetros da praça
central. A autarquia pretende
criar ali as condições que a Lei exige
para a realização deste tipo de
evento de comércio pecuário. As
obras previstas envolvem a criação
de cais de descarga, a impermeabilização
do pavimento e outros
arranjos específicos.
Contudo, este processo não
tem sido pacífico. "Consideramos
que deveria haver um perío-
guesia está em concurso, estando
a Câmara a estudar soluções para
o resto da freguesia - como aqui
se trata de pequenos aglomerados
habitacionais dispersos, o sistema
tradicional de tratamento não se
justificará, mas sim soluções específicas.
Este é um tema que requer
bastante rigor em relação à qualidade
das redes de saneamento, na
medida em que S. Mamede situa-
-se num maciço calcário, no qual
uma pequena ruptura numa fossa
2| S. MAMEDE | Jornal de Leiria | 14 de Julho de 2005
PEDRO PAIS
do transitório, em que nos permitissem
realizar as obras sem
interromper a realização da feira",
defende António Lucas, sustentando
que, desse modo, "criávamos
as condições mínimas de
funcionamento e fazíamos as
obras gradualmente, que envol-
pode eventualmente permitir a infiltração
dos efluentes no maciço,
contaminando os aquíferos. O desenvolvimento
da rede de saneamento
só agora é viável pela recente
construção dos emissários para o
fluxo de efluentes.
Está em curso o Parque Industrial
de S. Mamede, estando já instalada
a Fassa Bortolo desde o ano
passado. O Plano de Pormenor está
em fase de conclusão, tendo sido
suspenso devido àquele investi-
vem investimentos avultados".
Para além disso, o presidente
do Município da Batalha alega que
há experiências de outras feiras
que, após terem sido interrompidas
para determinadas obras e mais
tarde reactivadas, o número de
comerciantes de gado caiu para
mento de grande envergadura, que
alterou por completo a filosofia inicial
do novo recinto empresarial -
o projecto acabou por atrasar cerca
de dois anos e meio, com a apresentação
do projecto do grupo italiano
através de um loteamento.
Actualmente está em velocidade
cruzeiro.
IC9 "ENCALHA"
ACESSIBILIDADES
Nas acessibilidades, o projecto
Relançamento da Feira do Gado aguarda acordo institucional
metade e, noutros casos, terminaram
mesmo. Assim, a Câmara não
quer correr este risco, preferindo
"realizar as obras faseadamente",
mantendo a realização do certame.
Mantém-se assim um desacordo
entre o município e a Direcção
Regional de Agricultura da
Beira Litoral e, principalmente, a
Direcção Geral de Veterinária - que
defendem o encerramento temporário
da Feira de Gado -, verificando-se
"um impasse que está a
bloquear a situação".
FEIRAS TRADICIONAIS
INSISTEM
NO MODELO ORIGINAL
Por outro lado, as quinzenais
Feiras dos 4 e dos 20 - os dias do
mês em que se realizam - conquistaram,
outrora, um espaço
importante da vida económica e
social dos habitantes da região. De
facto, o grande papel destas feiras
na economia local ocorreu num
do IC9 - que ligará a freguesia ao
nó de Fátima na A1 - está em andamento,
embora não tenha passado
ainda do estudo prévio desde
1995. Inicialmente, os municípios
envolvidos (Batalha e Porto de Mós)
chegaram a um consenso na definição
do corredor mais favorável
em termos ambientais, de custos
de investimento e de solução para
as populações, tendo escolhido um
entre três possibilidades. Com a
criação da Rede Natura 2000, os
corredores foram postos em causa,
levando as autarquias a defender
uma solução intermédia que
preservasse as áreas ambientais,
mas que não afectasse negativamente
as populações. Este corredor
foi então escolhido entre cinco
opções possíveis, sendo o que
mais se assemelha à alternativa
escolhida em 1995, uma vez que
é o mais preservado, fruto dos impedimentos
de construção que têm
sido feitos desde há dez anos - apenas
com alguns acertos que contornam
a Rede Natura. Procede-se
agora a fase de avaliação, a que só
depois se seguirão as fases de projecto
(e respectiva avaliação ambiental),
concurso e obra. Este troço
ligará o cruzamento de S. Jorge
(para Alcobaça) a Ourém, passando
pelas zonas de Alcanadas, Celeiro/Perulhal
(com nó de ligação à
EN356), piscinas do Reguengo do
Fétal (em viaduto), Torre, Perulheira
e traseiras do Parque Industrial de
S. Mamede (com nó de ligação à
A1).
Está ainda prevista a construção
de uma piscina municipal,
traduzindo a pujança de
uma freguesia em franco desenvolvimento
e com uma qualidade
de vida que nada fica a
dever às demais localidades do
concelho da Batalha, numa lógica
de se posicionar, no nosso
País, como freguesia rural a
seguir. ■
Feiras tradicionais lutam pela sobrevivência
DR
passado relativamente distante.
Poderemos considerar meio século
o período da evolução dos tempos
que provocaram alterações significativas
no que à oferta comercial
diz respeito - com o surgimento
dos novos conceitos comerciais,
novos mercados, grandes superfícies,
entre outros. A localização
central destas feiras na sede de freguesia,
embora benéfica no ponto
de vista de acesso da população,
está longe de reunir as condições
logísticas e ambientais desejáveis,
para além de estrangular completamente
a circulação viária na localidade.
De qualquer forma, estas feiras
permanecem como eventos que,
apesar de tudo, conseguem manter
um cariz tradicionalista e são
ainda frequentadas por muitas pessoas,
não só da localidade, mas
também das freguesias vizinhas e
outras. O que mudou foi a filosofia
e o sentido destes certames. ■

PEDRO PAIS
Silvestre Carvalhana, presidente da Junta de Freguesia de S. Mamede
"Não sou um presidente
de gabinete"
JORNAL DE LEIRIA (JL) - Como
presidente da Junta de S. Mamede,
como posiciona a freguesia
no conjunto do concelho?
Silvestre Carvalhana (SC) - É
uma das freguesias que mais evoluiu
nos últimos anos, atrás da
Batalha e também uma das mais
industrializadas. Tem dado um
grande dinamismo ao concelho,
sendo a maior em área e a segunda
mais populosa, com mais de
seis mil habitantes. Apesar de contabilizarmos
cerca de 3100 eleitores,
estão cá muitas pessoas temporariamente
a residir e a trabalhar.
S. Mamede cresceu bastante e tem
hoje um grande peso económico-
-social no concelho da Batalha.
JL - O que se distingue na economia
local?
SC - Temos algumas indústrias
com mais de 300 trabalhadores, o
que é muito significativo e, no caso
da Fassa Bortolo, uma dimensão
que não se encontra em qualquer
região. Também o Parque Industrial
de S. Mamede está definido e
tem os estudos concluídos para
que o projecto seja realizado.
JL - O parque industrial é uma
aposta estratégica do Poder Local
em S. Mamede. É também uma
aposta ganha?
SC - Vai ser e será também uma
grande mais-valia para a freguesia.
É um dos parques industriais
mais bem posicionados da região.
Tem tido uma grande procura e
beneficia de uma localização privilegiada,
no centro do País, perto
da A1 e com o futuro IC9 a passar
em frente, que ligará ao nó de
Fátima e será uma alternativa à
complicada estrada nacional para
a Batalha. É uma posição estraté-
gica especial e, nas minhas previsões,
o parque será totalmente
preenchido muito rapidamente.
JL - O projecto de Pia do Urso
é inédito no País. A sua actividade
arrancará com expectativas
elevadas?
SC - A Pia do Urso é um projecto
turístico bem posicionado
para ter sucesso. Tem qualidade
na recuperação das casas, tem
quantidade de conteúdos, vai ter
um jardim sensorial que será único
em Portugal, estando já duas
estações concluídas. Será mais uma
mais-valia, destinada a toda a gente
e vocacionada especialmente
para as pessoas com deficiência,
numa zona agradável e com um
micro-clima atractivo.
A junta de freguesia deu o mote
e foi a primeira entidade a adquirir
um imóvel, que foi a primeira
casa a ser recuperada, num investimento
de 16 mil euros, em 2002.
O projecto envolve várias componentes,
umas já executadas e outras
em vias de execução.
JL - Qual o projecto que lhe
passou pelas mãos que considera
mais benéfico para a população?
SC - Considero a construção
do centro de saúde uma obra de
grande importância em S. Mamede.
O projecto resultou de uma parceria
entre a autarquia e a junta,
que ofereceu o terreno, numa obra
de raiz operacional há um ano. A
obra ficou orçada em mais de 400
mil euros, com o financiamento
suportado pelo Ministério da Saúde.
JL - Mas não será o único com
fins sociais...
SC - Vai também arrancar a
construção de uma creche e centro
de dia com apoio domiciliário,
a 500 metros do Largo da Feira. A
obra já está em concurso e os trabalhos
começarão em breve. Este
projecto também é financiado pelo
Estado, neste caso pela Segurança
Social. O prazo de conclusão é
de sete meses, mas aponto o início
funcional para dentro de um
ano.
JL - Qual foi o peso do investimento
público nas piscinas
municipais?
SC - O terreno para as piscinas
cobertas foi adquirido pela
Câmara por cerca de 100 mil
euros, sendo que o investimento
global da obra ascende a um
milhão de euros. O projecto foi
alterado na sua localização -
passou de uma área na zona do
Colégio de S. Mamede para um
terreno junto ao Largo da Feira,
onde já foi o campo de futebol
de onze. O pavilhão das piscinas
ocupará uma área com 800
metros quadrados e inclui um
tanque com 17 metros de comprimento.
A primeira intenção
será servir a freguesia de S.
Mamede, mas não só.
JL - A autarquia coloca o saneamento
no topo das prioridades
municipais. Mas ainda nada existe...
SC - Apesar de não se ver, a
preparação das bases para o saneamento
básico está meia concluída
e 60% da freguesia estará coberta
dentro de um ano. Estão
adjudicados os ramais para quatro
ou cinco lugares da freguesia,
estando outros quatro com projecto
concluído e quase a lançar
em concurso. Quanto ao abastecimento
de água, a EPAL garante-o
na totalidade da freguesia. Em
breve vai ser reforçado a partir da
Batalha, de modo a garantir que
não surjam problemas de abastecimento.
JL - S. Mamede vai apostar
nas suas características naturais
para o aproveitamento das energias
renováveis?
SC - A ideia é essa. Temos dois
parques eólicos já aprovados, ambos
na zona de Crespos, e outros quatro
em vias de aprovação. Quem
ganhou o concurso da obra (Eneólica)
está em negociações com a
empresa que explora o Parque Eólico
do Chão Falcão, em Alqueidão
da Serra, estando essa situação
pendente. Gostaria que os dois parques
eólicos com o processo mais
adiantado estivessem em funcionamento
dentro de um ano. Os
outros quatro parques eólicos estão
em stand-by por imposição do
Poder Central, mas já existem várias
empresas interessadas na sua exploração.
JL - Em termos culturais, qual
o investimento com maior retorno
na freguesia?
SC - O pólo da Biblioteca Municipal
da Batalha. Foi inaugurado
em 2004 e instalado no edifício da
junta. Foi uma parceria entre a
junta de freguesia, que cedeu e
organizou o espaço, e o município,
que instalou e assegurou o seu
equipamento. Está a trabalhar muito
bem, com muita procura, muito
pela internet gratuita que oferece.
JL - Que méritos tem o Colégio
de S. Mamede como factor
potenciador do desenvolvimento
local?
SC - É uma instituição privada
que representa uma mais-valia
educativa, pedagógica e económica
para todo o concelho. Envolve
700 alunos e um movimento
crucial de alunos, professores e
funcionários, beneficiando a periferia
em termos comerciais. A segurança
é outro factor positivo para
quem estuda lá.
JL - Qual é a sua principal
preocupação social como presidente
da junta?
SC - A qualidade de vida. E
note que temos a melhor qualidade
de vida do concelho, talvez acima
da própria Batalha. Requalificámos
as instalações da junta há
um ano e meio, assim como a zona
desportiva, que está a ser utilizada
pelo Centro Desportivo de Fátima,
clube que integra inúmeros
jovens de S. Mamede. Criámos um
armazém para a junta, adquirimos
equipamentos, máquinas, veículos
e um tractor, com todo o equipamento
necessário. Em conjunto
com a Câmara, também estamos
a apoiar a Secção de S. Mamede
dos Bombeiros Voluntários da Batalha
na aquisição de um novo veículo
para o transporte de água e
com capacidade para 14 mil litros,
que lhes é oferecido pela população.
Temos ainda investido em
caminhos rurais em toda a freguesia,
estando em conclusão um
troço de três quilómetros na Serra
da Moita.
JL - No futuro próximo de S.
Mamede, prevê-se algum projecto
relevante e estruturante para
a economia local?
SC - Está em estudo a criação
de um conjunto de seis campos de
tiro para a realização de competições
oficiais da modalidade. O local
escolhido situa-se no Cabeço do
Marouço (zona dos Crespos), num
terreno com dez hectares e pertencente
à junta de freguesia. O
projecto, iniciado há três anos, está
praticamente concluído e é apoiado
pela Federação Nacional de Tiro.
Para além das áreas desportivas,
envolve ainda uma unidade hoteleira
e um vasto conjunto de serviços
que virão por arrasto.
JL - Em final de mandato,
que balanço pessoal pode fazer?
SC - O balanço do meu mandato
é globalmente positivo.
Fizemos um trabalho muito bom,
os munícipes saberão melhor do
que nós e poderão confirmá-lo.
Não sou um presidente de gabinete,
mas sim de terreno, com
um contacto assíduo com a população.
Nunca houve nenhum
problema de um munícipe que
não tenha merecido a minha
atenção.
JL - Já apresentou a recandidatura
ao cargo político que ocupa.
É para ganhar?
SC - É oficial que serei de novo
candidato na equipa de António
Lucas e vai ser a hora do nosso trabalho
ser avaliado justamente pelas
pessoas. Quando me proponho a
um objectivo, a minha intenção é
ganhar. Tenho objectivos, tenho
projectos e quero prossegui-los. ■
14 de Julho de 2005 | Jornal de Leiria | S. MAMEDE |3

FOTOS:PEDRO PAIS
Projecto turístico e sensorial arranca em 2006
Pia do Urso dinamiza Turismo
de Habitação e Natureza
O interesse que o nome suscita
é proporcional ao conteúdo
que encerra. Pia do Urso
é o lugar da freguesia - a poucos
quilómetros do centro de
S. Mamede - onde está a ser
desenvolvido um projecto
estrategicamente vital para o
futuro turístico da freguesia.
Trata-se de um projecto de
desenvolvimento rural, lançado
em 2003, que engloba
um conjunto de potenciais
focos de atracção turística -
Turismo de Habitação e de
Natureza.
No terreno, serão restauradas
12 a 15 casas rurais degradadas.
Actualmente, estão já
recuperadas quase todas as
habitações tradicionais em pedra
- três das quais estão já em
fase de acabamentos -, sendo
que se desenrola a segunda fase
do projecto, com a especificação
do tipo de equipamentos
a fornecer ao local. Para além
da rentabilidade turística que
os proprietários poderão obter
da exploração das suas casas,
prevê-se que algumas se destinem
à restauração e venda
de artesanato e produtos locais.
A Junta de Freguesia de
S. Mamede adquiriu também
uma habitação - que, a título
de exemplo, foi a primeira a
ser recuperada -, mas a sua
finalidade ainda não está definida,
sendo certo que será um
complemento em relação à utilização
que os privados vão
dar às restantes.
Por outro lado, existem cerca
de 20 pias cravadas na rocha
- que, segundo reza a lenda,
era onde os ursos locais iam
beber água -, representando a
origem histórica da povoação.
As pias têm diversas dimensões
e o projecto envolve a sua
recuperação. O facto de o per-
Colégio de S. Mamede - 2495-032 S. Mamede
Tel. 244 703 815 Fax: 244 703 809 e.mail: col.s.mamede@sgps.mail.pt
4| S. MAMEDE | Jornal de Leiria | 14 de Julho de 2005
curso pedonal estar previsto
para contornar as pias na serra
é um sinal inequívoco da
fidelidade com que se pretende
retratar a aldeia antiga de
outrora e a intervenção pública
será sempre nessa lógica.
Paralelamente, será criado
um parque sensorial para invisuais,
com um percurso pedonal
específico, numa ideia que,
não sendo original, não deixa
de ser meritória. "Tive conhecimento
da existência de dois
percursos sensoriais deste género,
no Canadá e na Áustria",
explica António Lucas, que se
deslocou a este país europeu,
acompanhado por técnicos
camarários, a fim de visitar o
percurso austríaco, no Tirol.
De acordo com o presidente da
Câmara da Batalha, "com base
nas ideias que tirámos deste
projecto e com o apoio dos técnicos
da Associação de Desen-
volvimento da Alta Estremadura
(ADAE), sustentámos
melhor as ideias e conseguimos
depois descobrir, em Leiria,
uma pessoa que conseguiu
captar a filosofia do projecto
que pretendíamos, tendo traduzido
para o papel aquilo que
lhe explicámos". A partir daí,
o projecto idealizado tem vindo
a ser desenvolvido.
ESTAÇÕES PEDAGÓGICAS
E SENSORIAIS
Desde há oito meses, este
técnico tem trabalhado no local,
tendo concebido parte dos equipamentos
que permitem transmitir
um conjunto de sensações
e informações a quem
visitar o percurso. Ao longo do
percurso pedonal, os equipamentos
serão distribuídos pelas
chamadas estações (sete ou oito
no total), correspondendo, a
cada uma delas, uma finalidade
pedagógico-ambiental e
motora distinta.
Por exemplo, estão previstas
estações com equipamentos
que permitirão às pessoas
cegas perceber parte da história
do município e da paisagem
envolvente, através de
textos em braille e equipamentos
em relevo. O olfacto -
um dos principais factores de
auto-controlo dos invisuais -
também não será esquecido,
com a plantação de espécies
de plantas com odores intensos.
No entanto, e apesar das
preocupações especiais em relação
aos invisuais, haverá estações
vocacionadas também para
as pessoas sem qualquer inca-
pacidade, "uma vez que se pretende
que este seja um percurso
sensorial que seja utilizado
por toda a gente", sublinha
o edil.
Uma das principais estações
do percurso sensorial tem
a ver com o ciclo da água.
"São equipamentos em madeira
tratada, em que a água vai
circulando e entra numa grande
caixa em madeira", avança
António Lucas. Assim,
quando a água atinge determinado
nível, aquela caixa
cai e lança uma onda de água,
que se vai repartir por duas
zonas: uma suja, numa clara
indicação daquilo que não se
pretende em termos ambientais;
e a outra limpa, numa
alusão ao que se deve fazer
na preservação do ambiente
e das linhas de água.
Outra estação diz respeito,
por exemplo, aos sons dos trabalhos
agrícolas. Aqui, a ideia
genérica é dotar o espaço com
um conjunto de equipamentos
que, agitando ou tocando-lhes,
permitem evidenciar
alguns sons relacionados com
a actividade agrícola. As restantes
estações estão relacionadas
com outros temas diversos,
tais como as fases da lua,
a rota das formas, planetário,
um painel de textura, quadro
lúdico e um passador de formas
para os mais novos, entre
outros. O espaço vai integrar
também equipamentos de lazer,
nomeadamente um parque de
merendas, floreiras e outros
elementos decorativos. A entrada
da aldeia vai ter dois ursos

em calcário de grandes dimensões (já em
construção) e outros dentro do seu perímetro.
ACTIVIDADE
NO PRÓXIMO ANO
A candidatura para o projecto de Pia
do Urso foi aprovada há uns meses, mas
o contrato-programa foi assinado já este
ano, com a Direcção Regional de Agricultura
da Beira Litoral (DRABL). "Avançámos
com os vários projectos e concluímos
o projecto de intervenção pública",
recorda o presidente da autarquia batalhense.
Presentemente, a obra aguarda
visto do Tribunal de Contas para iniciar
- a montagem das estações, os circuitos
pedonais, a limpeza da Pia do Urso (manutenção),
a protecção da zona envolvente
às pias e, na zona da aldeia, o levantamento
do pavimento betominoso e a sua
substituição pela calçada, para além do
enterramento dos cabos eléctricos. No que
concerne a prazos, o autarca refere que
"atendendo à especificidade do projecto,
admito que se arraste um pouco para além
dos inicialmente previstos", apontando a
sua conclusão para meados de 2006, seguindo-se
o arranque de actividade.
O investimento total do projecto de Pia
do Urso é de 400 mil euros, sendo que um
financiamento parcial de 212 mil euros é
garantido parcialmente por fundos comunitários
- ao abrigo do Programa Agris -
, através da DRABL, reportada ao Ministério
da Agricultura. A intervenção é em
zona de Reserva Ecológica Natural e, por
isso, "muito cuidadosa, no sentido da conciliação
dos valores ambientais com este
projecto".■
O cariz turístico do projecto de Pia do
Urso será estratégico. A proximidade
de Fátima é um potencial factor de
atracção turística, sendo que todas as
mais-valias possíveis serão bem-vindas.
E um dos casos é a Rota dos Moinhos,
um evento que tem sido organizado
mais do que uma vez por ano
nesta região do concelho da Batalha.
Apesar de o município promover alguns
encontros desta natureza, o grande
dinamizador desta iniciativa tem sido
o Centro Associativo dos Crespos, a
colectividade de um lugar situado muito
próximo da aldeia de Pia do Urso.
Dada esta proximidade geográfica, a
Rota dos Moinhos será integrada nos
próprios percursos pedonais referentes
ao projecto em desenvolvimento
naquela aldeia recuperada.
Este evento não é mais do que visitas
turísticas a alguns moinhos desta
região, sendo que os visitantes - que
chegam a ser organizados em grupos
de 150 a 200 pessoas - podem
desfrutar das magníficas paisagens
acessíveis desde os pontos mais altos
da freguesia de S. Mamede. Em perspectiva
está a definição de um programa
para este tipo de eventos a partir
do próximo ano. ■
Entregas de gasóleo ao domicílio
● Aquecimento central
● Energia Solar
● Aquecimento de água: doméstica e industrial
● Ar condicionado
● Canalizações e esgotos
● Aquecimento de água: doméstica e industrial
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Urbanizações - Moradias - Prédios
Piscinas - Fábricas - Restaurantes - Hotéis - etc.
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S. Mamede: 2495 S. Mamede - Fátima - Tel.: 244 704 937
14 de Julho de 2005 | Jornal de Leiria | S. MAMEDE |5

PEDRO PAIS
Dinâmica industrial é imagem de marca em S. Mamede
O triângulo do pleno emprego
S. Mamede é uma freguesia com bastante dinâmica empresarial traduzindo, num primeiro plano, uma situação de quase pleno
emprego. A economia local assenta num conjunto de sectores de actividade, encabeçados pela cerâmica de barro branco,
que assegura na freguesia entre 700 e 800 empregos directos. Neste ramo, a Faiart é um exemplo paradigmático de um
contributo empresarial decisivo, do qual depende grande parte da população local. A indústria de confecções surge em
segundo lugar, sendo a Derone a maior empresa instalada. A operar no ramo dos materiais para a construção civil, a Fassa
Bortolo foi o maior investimento directo estrangeiro na região. Embora não represente um número muito significativo em termos
de emprego directo, é um pólo de atracção de diversas actividades paralelas, complementares e de apoio, repercutindo-se
nos empregos indirectos. A montante da empresa italiana, a exploração de inertes é outra actividade relevante nesta zona
calcária onde a freguesia está inserida. Sendo pulverizada depois por outras pequenas empresas, a realidade económica de
S. Mamede assenta muito na actividade destas três empresas.
Faiart: referência na cerâmica
utilitária e decorativa
A cerâmica utilitária é o principal
sector de actividade de
S. Mamede desde 1977, que corresponde
ao arranque da Faiart,
a primeira indústria transformadora
implementada nesta freguesia.
Até esse ano, a mão-deobra
era canalizada para a
construção e agricultura de subsistência
(masculina) e para a
tecelagem de Mira de Aire (feminina).
A empresa veio revolucionar
toda a realidade laboral
dos habitantes locais, com uma
unidade fabril com 450 metros
quadrados, instalada no centro
da freguesia. A sua rápida expansão
colocou-a como maior exportadora
nacional de loiças utilitárias
e decorativas, considerando
o contributo das outras duas
unidades fabris criadas. Em meados
da década de 80 - aquando
do início do projecto comunitário
europeu -, representava
12% do total de exportações
nacionais do sector.
Actualmente, a Faiart encontra-se
num processo de
fusão/cisão com um prazo de
90 dias que terminou já em 2001.
O capital social da sociedade
anónima (16,5 milhões de euros)
foi dividido por cinco grupos
iguais de acções, sendo que divergências
entre os accionistas estão
na base do arrastamento do processo.
As diversas unidades de
produção foram dadas a exploração
aos cinco grupos, duas
em S. Mamede (a Matcerâmica
e a Value Ceramic, esta nas instalações
iniciais na sede de freguesia)
e a terceira na Batalha,
no lugar de Pinheiros (Porcelanas
de Portugal).
No conjunto das três empresas,
a Faiart emprega hoje cerca
de 800 pessoas, sendo 550 a
600 nas empresas de S. Mame-
6| S. MAMEDE | Jornal de Leiria | 14 de Julho de 2005
de. Em média, as unidades de
S. Mamede produzem um total
de 6 a 7 milhões de peças por
ano. Em 2004, o grupo facturou
quase 30 milhões de euros,
prevendo manter o nível este
ano, traduzido por um ligeiro
lucro, idêntico ao exercício do
ano passado.
Ainda hoje o concelho da
Batalha está ao nível das principais
zonas de cerâmica utilitária
e decorativa (Alcobaça,
Aveiro e Caldas da Rainha),
exportando cerca de 25 milhões
de euros. Na área de faianças,
a exportação representa 95% do
destino da produção do grupo,
sendo que nas porcelanas a percentagem
desce para os 50 a
60%. Quase toda a Europa e os
EUA são os principais países
destinatários, enquanto que, na
América Latina, a opção tomada
foi a criação de uma unidade
local própria, que opera na
Argentina desde 1995 (Faiart
Argentina), com um volume de
negócios anual a rondar os cinco
milhões de euros. Para o continente
africano vendem-se sobretudo
segundas escolhas e restos
de colecção (sub-produtos).
Quanto ao futuro do sector,
"a globalização da economia
europeia e mundial feznos
mergulhar numa situação
idêntica aos têxteis e calçado,
concorrendo com mercados
sem leis sociais, especialmente
a Ásia, o leste europeu
e o norte de África", defende
Ramiro Vieira. O administrador
da Value Ceramic acredita
que os nichos de mercado
para os quais se destina grande
parte das exportações portuguesas
"se mantenham rentáveis
e competitivos durante
a próxima década". ■
PEDRO PAIS
Derone nos têxteis
internacionais
Embora opere com cerca de
350 funcionários, menos de metade
são residentes na freguesia de
S. Mamede, sendo a maioria proveniente
da Batalha, Fátima, Porto
de Mós e Europa de Leste (80
pessoas). Contudo, a Derone Confecções
é a maior empresa têxtil
do concelho e uma das principais
do distrito, para além da
segunda maior entidade empregadora
da freguesia. Pela natureza
da actividade, 97% dos recursos
humanos são do sexo
feminino, uma opção cada vez
mais reforçada pelas facilidades
de deslocação e transporte que
não existiam até há poucos anos
atrás.
A actividade desta empresa
familiar - Deonilde Vieira partilha
a administração com os seus
filhos Rogério e Maria João Gomes
- divide-se em duas produções
distintas: a prestação de serviços,
com a execução de encomendas
de clientes que fornecem
os tecidos; e a venda do
produto acabado, que incorpora
o valor dos tecidos no preço
final, envolvendo uma componente
de criação exclusiva da

empresa. A aposta estratégica
da Derone aponta no sentido
deste segundo segmento, pela
menor dependência da produção
e pelo facto de o produto
acabado permitir uma maior
diversidade de clientes, reduzindo
o risco e potenciando a
rentabilidade - uma vez que este
tipo de produção assenta em
séries de encomendas mais pequenas
e, consequentemente, mais
personalizadas e criativas. Por
isso, "a empresa está cada vez
mais vocacionada para a produção
de colecções próprias e
exclusivas, permitindo outros
argumentos na negociação comercial",
explica o director comercial,
Luís Gama. Envolvendo prazos
de entrega mais curtos, esta
tendência operacional da Derone
traduz a tendência dos mercados
nacional e internacional.
Também por essa razão existe
um departamento técnico que
inclui profissionais ligados ao
estilismo e modelagem, em colaboração
com estruturas internacionais
especializadas.
No entanto, esta estratégia
comercial significa uma maior
diversidade produtiva - multiplicada
por cores, tecidos, modelos,
entre outros -, o que potencia
quebras de produtividade e
dificuldades de gestão. Segundo
o responsável, este obstáculo
tem de ser contornado "pela
permanente inovação e capacidade
de criação de novos produtos,
pela adaptação interna
da empresa a esta exigência".
Por outro lado, pretende-se investir
cada vez mais em novas colecções
próprias, que permitem
ganhos de facturação que compensem
as margens perdidas por
essa quebra de produtividade.
"Torna-se também importante
encontrar os clientes adaptados
a esta realidade", acrescenta,
referindo o afastamento em relação
às grandes centrais de compras
- que permitiam uma margem
negocial quase nula - e a
tendência para o cliente de retalho,
"que procura, acima de tudo,
um produto inovador e de qualidade".
Toda esta gestão envolve
"um conjunto de instrumentos
baseados em instrumentos
de marketing específicos, parcerias
e estruturas comerciais
adequadas", sustenta o director.
Quanto à sua produção, 95%
destina-se à exportação (França,
Espanha e Bélgica), apenas
sobrando vendas residuais na
loja de Leiria e algumas encomendas
pontuais. Para o curto
prazo está prevista a entrada no
mercado norte-americano. O
volume de negócios ascendeu
aos nove milhões de euros em
2004, prevendo-se um acréscimo
considerável para este ano,
resultante da referida aposta no
segmento de produto acabado,
"que potenciará o valor unitário
das vendas". O maior investimento
efectuado pela empresa
ocorreu há oito anos, com a
ampliação da unidade fabril de
cinco mil para os actuais 12 mil
metros quadrados - com a criação
de uma linha de calças e
aumento da linha de casacos.
Sobre o sector, Luís Gama
refere que "as confecções e tecelagem
em grandes séries transitaram
para os mercados de baixos
custos de produção, como
a China, sendo que Portugal é
hoje um mercado de repetições",
ou seja, que serve de recurso às
necessidades imediatas para reposição
de stocks. ■
RAQUEL SOUSA SILVA
Fassa Bortolo revoluciona
indústria local
Foi o investimento-âncora do
concelho. Esta foi a primeira unidade
do grupo italiano fora do seu
país de origem, representando uma
conquista relevante por parte da
autarquia batalhense, concorrida
por outras alternativas de localização
possíveis, caso do distrito de
Santarém. Acabou por ser instalada
no futuro Parque Industrial de
S. Mamede.
A Fassa Lusa - assim se chama
a plataforma portuguesa do grupo
transalpino - dedica-se ao fabrico
de uma gama completa de rebocos
pré-misturados, argamassas de
assentamento alvenaria, betonilhas
auto-nivelantes e tintas para
construção civil. Tendo arrancado
há cerca de um ano com 25 fun-
cionários, a empresa emprega hoje
mais dez, prevendo-se aumentar
para 40 até ao próximo ano. Embora
não represente um número muito
elevado, cerca de 80% da mão-
-de-obra tem origem na freguesia
de S. Mamede. No entanto, a Fassa
Lusa imprimiu um dinamismo
assinalável na região, que conseguiu
(e conseguirá) captar um conjunto
de actividades complementares,
como novas indústrias de
apoio, restauração e afins, entre
outros.
Instalada numa região geograficamente
ligada à indústria de
extracção de inertes, outra aposta
estratégica da empresa foi a aquisição
de duas pedreiras (em
S. Mamede e Fátima). "Estas uni-
Descobertas por caçadores há 34 anos
Grutas da Moeda são marco turístico local
As Grutas da Moeda constituem um
dos mais antigos pontos de interesse turístico
existentes na freguesia de S. Mamede.
Foram descobertas, em 1971, por dois
caçadores que perseguiam uma raposa.
Acabaram por entrar no algar que encontraram
e a curiosidade encarregou-se de
fazer o resto: descobrir a "Sala do Pastor",
caracterizada por belíssimas formações
calcárias. A exploração prolongouse
por cerca de dois meses, levando os
dois indivíduos a escavar fendas e descobrir
outras zonas distintas da primeira
caverna. Foi assim que acabaram por descobrir
as outras salas e galerias que hoje
se integram oficialmente nas Grutas da
Moeda.
À descoberta inicial seguiu-se a contratação
de geólogos e outros técnicos,
que garantiram a preservação total e rigorosa
das características das grutas e até
mesmo da paisagem serrana da superfície
do solo. Paralelamente, procedeu-se
ao arranque da exploração das grutas
como destino de atração turística. Assim,
a cada sala a ser visitada foi dado um
nome que traduz a imagem imediata ao
observá-la: Presépio, Pastor, Cascata, Virgem,
Cúpula Vermelha, Marítima, Capela
Imperfeita, Bolo de Noiva, Abóbada
Vermelha e Fonte das Lágrimas.
A visita turística é efectuada numa
extensão de 350 metros de comprimento,
sendo que se atinge, na mesma, cerca
de 45 metros de profundidade. A entrada
e saída da gruta fazem-se por locais
diferentes do recinto natural, numa paisagem
tipicamente serrana. A temperatura
média do interior das grutas é de
18ºC.
A LENDA DAS MOEDAS
Segundo a lenda que estará na origem
do nome dado às Grutas da Moeda, um
abastado residente desta região, ao deslocar-se
por um matagal em torno de um
pequeno covão, foi atacado e assaltado
por um bando de malfeitores. Tendo sido
morto, como era frequente em épocas
ancestrais, o seu corpo terá sido arremessado
para o precipício da caverna. No
nervosismo do momento, os saqueadores
terão deixado cair, juntamente com o
corpo do desafortunado homem, o saco
das moedas que a vítima transportava
consigo e que aqueles tanto desejavam.
Desta forma, as moedas espalharam-se
pelo precipício abaixo e perderam-se irremediavelmente,
dando ao algar o nome
pelo qual ainda hoje é conhecido. ■
PEDRO PAIS
dades careciam de quaisquer condições
ambientais e hoje são uns
autênticos «jardins»", congratula-
-se António Pinho. Neste contexto,
"trouxemos para a região um
novo conceito industrial, no sentido
da preservação ambiental",
sublinha o director comercial, referindo-se
aos níveis reduzidos de
poluição atmosférica e sonora que
caracterizam todas as instalações.
A implantação da unidade produtiva
representou um investimento
total de 25 milhões de euros,
incluindo toda a obra, equipamentos
e o negócio das pedreiras. Para o
responsável, o balanço destes primeiros
meses de actividade "é bastante
positivo e acima das expectativas
iniciais, sobretudo por
estarmos a conquistar uma boa
parte do mercado espanhol" - cerca
de 8% a produção é canalizada
para o país vizinho. Tendo a
actividade arrancado oficialmente
já a mais de meio do ano passado,
os resultados financeiros consolidados
não podem ser
objectivamente analisados, sendo
que a previsão do volume de vendas
para 2005 ascende aos dez
milhões de euros (só da unidade
portuguesa). Na calha está a possibilidade
de instalação de novas
empresas no próprio Parque Industrial
de S. Mamede, com ligações
comerciais e produtivas à Fassa
Bortolo. De acordo com António
Pinho, "existem já projectos para
a vinda de indústrias relacionadas
com novos produtos, mas sempre
relativos à construção". ■
14 de Julho de 2005 | Jornal de Leiria | S. MAMEDE |7

DR
Instituição de ensino acolhe 750 alunos da região e vai ter secundário
Super colégio
Constitui hoje uma importante
mais-valia local na área educativa
e formativa para a sua freguesia
e para todo o concelho da Batalha.
O Colégio de São Mamede abriu
portas no ano lectivo 1996/97, fruto
das expectativas e solicitações
da autarquia, interessada em dar
uma resposta educativa sólida à
freguesia e ao próprio concelho -
sempre houve uma tendência natural
de transporte no sentido de Fátima
e não da Batalha. A instituição
de ensino veio, por outro lado,
contribuir para o dinamismo económico
e cultural que ali se sentia
- Teatro, Dança e Música foram
actividades que o colégio abriu à
comunidade. "Viemos inverter um
certo marasmo existente na região,
trazendo connosco um conjunto
de actividades complementares",
destaca Manuel António Madama,
director do colégio desde a sua fundação.
A nível social, potenciou a
criação de novos postos de trabalho,
estando hoje empregadas no
colégio 85 pessoas de S. Mamede.
Actualmente, o colégio leccio-
INDÚSTRIA DE BRITAS, S.A.
na desde o nível Pré-Escolar até
ao 3º Ciclo do Ensino Básico (antigo
9º Ano), com cerca de 750 alunos
e um corpo docente a rondar
os 60 professores. A grande novidade
para o ano lectivo 2005/2006
será a introdução progressiva do
Ensino Secundário, "uma aspiração
dos jovens e suas famílias",
segundo aquele responsável. Até
agora, os estudantes recorriam
essencialmente a Fátima para prosseguir
os seus estudos no 10º Ano.
De acordo com António Lucas,
presidente da Câmara da Batalha,
"o colégio é um pólo de desenvolvimento
para a freguesia e tem
havido uma excelente articulação
da escola com a autarquia e viceversa".
Manuel Madama confirma
a excelência desta relação, exemplificando
com o facto de "o colégio
estar sempre presente em todas
as iniciativas municipais, com destaque
para a FIABA e o Desfile de
Carnaval". Aliás, este bom relacionamento
vem na linha do que
se verifica entre a autarquia e o
ensino público, nomeadamente
BRITAS
AREIAS
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
CIVIL
OBRAS PÚBLICAS
Vale de Ourém, São Mamede Ap.96 - 2496-908 FÁTIMA
Tel.: 244 704 840 (Escritórios) - Fax: 244 704 755 - Te..: 249 521 344 (pedreira)
olibritas@mail.telepac.pt www.olibritas.com
8| S. MAMEDE | Jornal de Leiria | 14 de Julho de 2005
PEDRO PAIS
com o Agrupamento de Escolas
vertical, que envolve todas as escolas
do Pré-Escolar até ao 2º Ciclo.
O resultado dessa boa articulação
em termos de ensino (e não só) acabou
por ser traduzido no estudo
do ISCTE de 2004 - com a atribuição
ao concelho da Batalha do
primeiro lugar distrital em termos
de qualidade de vida e o 13º a nível
nacional - em conjugação com
inúmeros factores de desenvolvimento
social urbano.
MUNICÍPIO ARTICULA
NECESSIDADES
DE ENSINO NO CONCELHO
A instituição de ensino privada
de S. Mamede tem a sua linha
estratégica de actuação devidamente
aprovada e homologada pelo
Mistério da Educação, sendo que
a Câmara da Batalha não intervém
na área pedagógica. "Aquilo que
temos feito é criar sinergias com o
colégio", explica António Lucas,
exemplificando com a referida e
próxima expansão ao Ensino Secundário.
Neste caso, o colégio pretende
criar áreas de ensino mais
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Carbonato de Cálcio, Filleres, Dolomites
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Telf.: 249 531 413 - Fax: 249 531 246
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técnico para o próximo ano lectivo.
"Por sabermos que, por vezes,
existem aqui algumas fricções institucionais,
o que o município fez
foi a ponte entre o colégio e o ensino
público", admite o edil, no sentido
de se criarem cursos que ainda
não existam no concelho da
Batalha. O contrário seria promover
a concorrência entre instituições
de ensino com os mesmos
objectivos e situadas dentro do
mesmo concelho. "Temos a obrigação
de articular os interesses,
que no fundo são comuns, mas
que, às vezes, seguem caminhos
diferentes", reitera.
PROFESSORES FIXAM-SE,
CONSTRUÇÃO DISPARA
No Colégio de São Mamede,
a maioria dos alunos é proveniente
da própria localidade
- estes usufruem de um
estatuto preferencial por motivo
geográfico - e das freguesias
contíguas. Contudo, existem
também diversos alunos
da zona de Fátima - e de outras
zonas, facilmente explicável
pelo factor proximidade -, acabando
estes por ocupar normalmente
as vagas não preenchidas
pelos alunos locais. Do
lado do corpo docente, assistiu-se
a um fenómeno de fixação
em S. Mamede, resultante
de um número elevado de professores
que, sozinhos ou com
as respectivas famílias, investiram
na aquisição de imóveis
para fins residenciais. Seja numa
perspectiva temporária - como
são os casos dos docentes estagiários
ou colocados sem efectividade,
entre outros - ou definitiva,
o certo é que a freguesia
assistiu a um crescimento demográfico
significativo nos últimos
anos, acompanhado por
diversas actividades que vieram
por "arrastão". Esta evolução
traduziu-se no desenvolvimento
e captação de novos
investimentos consequentes ao
aumento da população, nomeadamente
no que se refere ao
ritmo de actividade dos sectores
da construção civil e obras
públicas. ■
Estrada S. Mamede, n.º 8
Vale de Ourém
2495-036 S. Mamede
Telf. 244 704 932
Fax: 244 704 933