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Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras

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A instituição<br />

tucionalizado; na América Latina foi importado, para usar a linguagem <strong>de</strong><br />

Roussel, e submetido a um contrato, <strong>de</strong>monstrando a História a sua difícil<br />

institucionalização. Os libertadores hispano-americanos e as elites políticas<br />

brasileiras foram buscar nos Estados Unidos o mo<strong>de</strong>lo político que adotaram<br />

no século XIX, o século da In<strong>de</strong>pendência da América luso-hispânica, sem,<br />

contudo, levar em conta as peculiarida<strong>de</strong>s da formação dos povos originários<br />

das matrizes ibérica e portuguesa. Essa a raiz da crise, em cujas tenazes todos<br />

os povos latino-americanos se <strong>de</strong>batem, a crise institucional que nos está levando<br />

à procura empenhada <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo que corresponda às nossas tendências,<br />

às nossas origens, à nossa sociopsicologia.<br />

Não se forma uma nação como quem organiza uma empresa. Uma nação é<br />

uma obra histórica, com fundas raízes no passado, como o <strong>de</strong>monstram até<br />

mesmo as nações africanas, recém-emergidas do colonialismo europeu; todas<br />

vão procurar nas suas origens tribais a personalida<strong>de</strong> que lhes faltou durante o<br />

longo domínio branco. A africanização da África Negra, se assim se po<strong>de</strong> dizer,<br />

traduz uma busca internacional nuns casos, esmaniada em outros, <strong>de</strong> velhas<br />

e naturais instituições, toscas e primitivas, mas mo<strong>de</strong>ladas pelo tempo,<br />

pela convivência, pelas crenças comuns, pela obediência a um chefe fetichistamente<br />

superior.<br />

Um dos gran<strong>de</strong>s erros que os americanos cometem, e pelo qual têm pago<br />

caríssimo, é o <strong>de</strong> quererem exportar seu regime. Revestindo-se da condição <strong>de</strong><br />

missionários, segundo o velho ardor protestante, saem pelo mundo, preten<strong>de</strong>ndo<br />

impor o regime presi<strong>de</strong>ncial, o Congresso, o bipartidarismo, a Suprema<br />

Corte, e outras instituições americanas, a povos que lhes são diferentes. Harold<br />

J. Lask. indigitou no traslado do presi<strong>de</strong>ncialismo americano à América<br />

Latina a causa das crises em que nos <strong>de</strong>batemos, e indigitou certo. No específico<br />

caso brasileiro, que é o que nos interessa, diremos que a institucionalização<br />

da <strong>de</strong>mocracia é viável com a integração do “país legal” no “país real”, isto é,<br />

quando a legitimida<strong>de</strong> social coincidir com a legitimida<strong>de</strong> política. Filosoficamente,<br />

diremos que a nação <strong>de</strong>ve confundir-se com o corpo político. Existe a<br />

<strong>de</strong>mocracia no consenso do povo brasileiro, como uma aspiração profunda,<br />

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