N.º 187 - Novembro 2007 - 2,00 euros - Inatel

TERRA NOSSA
BELMONTE
O último refúgio dos Judeus
Do terraço do castelo medieval, varanda privilegiada para sentir
o ambiente local, Belmonte parece uma mancha de casas
de pedra aninhada como uma concha ao longo da encosta
do Monte da Esperança.
A PAISAGEM é surpreendente:
aos pés da fortaleza, emerge uma
atmosfera de outro tempo evocada
pela pequenez e simplicidade das
capelas de São Tiago, Santo António
e Calvário e do Panteão dos
Cabrais, onde repousa o túmulo de
Pedro Álvares Cabral; ao fundo, já
no limite do perímetro da vila, vislumbram-se
as casinhas de piso
térreo da Antiga Judiaria, sinais da
presença secular dos judeus; a noroeste
sobressai a muralha natural
da Serra da Estrela, com o vale do
Vista do Vale do Zêzere
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Zêzere alongando-se repleto de
sementeiras; e a leste, em direcção a
Espanha, espraia-se uma interminável
terra acidentada e deserta,
outrora palco de guerras com Leão
e Castela.
Belmonte deriva da palavra latina
belli-monti, que significa montes de
guerra. O castelo, com a sua impressionante
Torre de Menagem e
as suas altas muralhas, é ainda hoje
um símbolo da política de contenção
dos invasores e repovoamento
da linha fronteiriça desen-
volvida nos reinados de D. Afonso
III, D. Dinis e D. João I. Com uma
localização privilegiada para a vigilância
do território, esta fortificação
acabou por ser uma peça
avançada da defesa do território,
residência e centro da organização
administrativa, político e judicial.
Fernão Cabral I, primeiro alcaidemor
do castelo e pai de Pedro
Álvares Cabral, foi o mentor da
adaptação do castelo em área residencial,
uma inovação que ficaria
conhecida como o Paço dos Cabrais
e do qual não restam praticamente
vestígios. No exterior do castelo,
uma cruz de madeira de Pau Santo
cravada na rocha, réplica daquela
que Pedro Álvares Cabral mandou
levantar na primeira missa celebrada
no Brasil, evoca a descoberta do
Brasil, em 1500.
Como não podia deixar de ser,
Belmonte tem também uma estátua
de Pedro Álvares Cabral, nascido
nesta terra em 1467, mas este não é o
sinal mais visível do antigo poder da
família Cabral. Em pleno centro da
vila, sobressai a imponência de dois
edifícios dos Cabrais: o Solar, cujo
brazão em mármore se destaca entre
as obras de remodelação para aqui