pdf materiais didácticos - Línguas & Educação - Universidade de ...
pdf materiais didácticos - Línguas & Educação - Universidade de ...
pdf materiais didácticos - Línguas & Educação - Universidade de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Línguas</strong> e <strong>Educação</strong>: construir e partilhar a formação<br />
(PTDC/CED/68813/2006 / FCOMP-01-0124-FEDER-007106)<br />
2007 > 2010<br />
Colaborar para escrever<br />
Autoras<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Título: Colaborar para escrever<br />
Público: Alunos do 9.º, 10.º e 11.º anos<br />
Língua abordada: Português<br />
Quadro-síntese <strong>de</strong> apresentação<br />
Objectivo Principal:<br />
Conceber percursos pedagógicos para a aprendizagem da escrita do texto argumentativo, nos quais se busca<br />
aprofundar e consolidar conceitos e discutir procedimentos relativos à didáctica da escrita, em geral, e à didáctica<br />
da argumentação, em particular.<br />
Materiais: Fichas <strong>de</strong> trabalho<br />
1. Textos mentores:<br />
Tigresa (Caetano Veloso)<br />
Ondados fios <strong>de</strong> ouro reluzente (Camões)<br />
Endrechas a Bárbara escrava (Camões)<br />
Piolhos cria o cabelo mais dourado (Bocage)<br />
Homero (Sophia <strong>de</strong> Mello Breyner Andresen)<br />
2. Tabela <strong>de</strong> registo – <strong>de</strong>scrições<br />
3. Ficha <strong>de</strong> produção textual – Ler, analisar, reescrever<br />
4. Grelha <strong>de</strong> auto-análise da produção textual<br />
5. Questionário aos alunos (activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> textos <strong>de</strong>scritivos)<br />
6. Texto mentor: Custos e benefícios da exploração espacial (António Vilas-Boas)<br />
7. Exercício – Divisão tripartida do texto<br />
8. Articuladores do discurso<br />
9. Ficha <strong>de</strong> produção textual – Os Amigos e a Amiza<strong>de</strong><br />
10. Grelha <strong>de</strong> auto-análise da produção textual (texto argumentativo)<br />
11. Ficha <strong>de</strong> produção textual – A exposição <strong>de</strong> Multimédia do 2.º TM<br />
12. Questionário aos alunos (activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> textos expositivo-argumentativos)<br />
13. Texto mentor: Crónica Pela dignida<strong>de</strong> do espectador olímpico (Ricardo Araújo Pereira)<br />
14. Ficha <strong>de</strong> trabalho – Auto da Barca do Inferno<br />
15. Ficha <strong>de</strong> produção textual – Correspondência com o Ministério<br />
Oficina <strong>de</strong> Formação Colaborar em práticas <strong>de</strong> ensino da escrita: que possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional?<br />
(Grupo <strong>de</strong> Trabalho C – GTC)<br />
CCPFC/ACC 53859/08<br />
Formadoras<br />
Luísa Álvares Pereira Ana Luísa Oliveira Carlota Tomaz Graça Martins Inês Cardoso Luciana Graça Maria<br />
José Loureiro Lur<strong>de</strong>s Gonçalves<br />
Ano Lectivo 2008/2009
APRESENTAÇÃO<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Colaborar para escrever<br />
A importância e a centralida<strong>de</strong> da escrita na escola e na socieda<strong>de</strong>, o reconhecimento <strong>de</strong> que a escrita é<br />
das tarefas cognitivas mais difíceis que o ser humano po<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r e a consequente dificulda<strong>de</strong> em ensinar (e<br />
apren<strong>de</strong>r) a escrever estão na origem das motivações que uniram, nesta oficina <strong>de</strong> formação, 32 professores,<br />
alguns dos quais também formadores, investigadores, doutorandos, mestrandos. Esta oficina funcionou como uma<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem, sobretudo porque se aliou autonomia, colaboração e mediação (Pereira & Cardoso,<br />
2009).<br />
Os dispositivos <strong>didácticos</strong> que se apresentam são exemplo <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> trabalho concebidos no GTC,<br />
implementados em sala <strong>de</strong> aula, com vários níveis <strong>de</strong> ensino, e também avaliados individualmente e em grupo.<br />
Destinam-se a ensinar a escrever diferentes géneros textuais que têm em comum o facto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem ser incluídos<br />
na or<strong>de</strong>m do argumentar, a que aqui <strong>de</strong>mos <strong>de</strong>staque. Além disso, a estes dispositivos subjaz uma mo<strong>de</strong>lização<br />
didáctica – a sequência <strong>de</strong> ensino -, essencialmente vocacionada para ajudar os alunos com dificulda<strong>de</strong> e<br />
baseada nos princípios teóricos do Interaccionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 1996) bem como assente nos<br />
princípios acentuados pela investigação em Didáctica da Escrita e que surge na lógica da Sequência Didáctica,<br />
<strong>de</strong>finida pelos autores (Schneuwly & Dolz, 2004) “comme un ensemble d’activités scolaires organisées <strong>de</strong> manière<br />
systématique autour d’un genre <strong>de</strong> texte oral ou écrit”.<br />
Antes da <strong>de</strong>scrição dos planos <strong>didácticos</strong> propriamente ditos, pomos, portanto, em evidência as principais<br />
condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da Sequência <strong>de</strong> ensino, a concretizar <strong>de</strong> múltiplas formas – <strong>de</strong> que estes planos, aliás,<br />
dão exemplo –, sempre para possibilitar um maior conhecimento do processo <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> um género, <strong>de</strong> que<br />
advém, naturalmente, uma maior motivação:<br />
1) Pré-intervenção – leitura e <strong>de</strong>sconstrução, pelo professor, <strong>de</strong> um Texto Mentor, exemplar do<br />
género a trabalhar na sequência e, portanto, relevando o “ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> encargos” <strong>de</strong>sse género, permitindo<br />
ao professor <strong>de</strong>stacar aspectos e dimensões que serão mostradas aos alunos na sequência <strong>de</strong> ensino;<br />
2) Abertura da Sequência <strong>de</strong> ensino – apresentação da situação <strong>de</strong> comunicação. Produção inicial<br />
do género a apren<strong>de</strong>r para conhecer as dificulda<strong>de</strong>s dos alunos e apreciar em que níveis se situam;<br />
<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> conteúdos a ensinar;<br />
3) Desenvolvimento da Sequência <strong>de</strong> ensino – activida<strong>de</strong>s organizadas em módulos vocacionados<br />
para trabalhar as dificulda<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas na produção inicial, quer ao nível do texto, quer ao nível da<br />
frase, com o apoio <strong>de</strong> instrumentos e <strong>materiais</strong> <strong>de</strong> que se <strong>de</strong>staca a leitura do(s) texto(s) mentor(es);<br />
investimento pedagógico na escrita colaborativa e na mediação feita por pares mais proficientes/professor.<br />
Todo este processo <strong>de</strong>ve ser conduzido <strong>de</strong> forma a erigir uma linguagem comum sobre o género em estudo,<br />
orientadora da (re)escrita.<br />
4) Fechamento da Sequência <strong>de</strong> ensino – síntese das aprendizagens – elaborada em diálogo com<br />
os alunos – a funcionar como lista <strong>de</strong> critérios para a avaliação (formativa e sumativa) da produção
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Colaborar para escrever<br />
intermédia e final. Assim, os alunos mais fracos ficam com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar uma escrita<br />
intermédia, susceptível <strong>de</strong> ser aperfeiçoada com a ajuda <strong>de</strong> alunos com mais sucesso – antes da produção<br />
final 1 (Pereira et al., No prelo).<br />
1 Esta introdução resulta <strong>de</strong> uma adaptação <strong>de</strong> artigo submetido à revista Langues Mo<strong>de</strong>rnes: Pereira, L. A. & Cardoso, I., Bastos, P.,<br />
Areias, A. P., Lourenço, I. (artigo submetido). Ai<strong>de</strong>r les élèves en difficulté en langues à écrire <strong>de</strong>s textes d’opinion - pour une modélisation<br />
didactique. Langues Mo<strong>de</strong>rnes, 2/2011.
Alternativa 1: Textos <strong>de</strong>scritivos<br />
Fase I<br />
Fase II<br />
Fase III<br />
Planificação global<br />
Objectivo(s) Desenvolvimento Material(is)<br />
- Produzir um texto inicial para <strong>de</strong>screver o<br />
processo <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong>scritivo.<br />
- Explorar o processo <strong>de</strong> adjectivação e <strong>de</strong><br />
uso <strong>de</strong> metáforas em textos literários.<br />
- Exercitar alguns níveis da produção<br />
escrita <strong>de</strong> textos <strong>de</strong>scritivos.<br />
Escrita <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong>scritivo sobre uma ferramenta e as suas utilida<strong>de</strong>s –<br />
versão inicial.<br />
NOTA: neste momento inicial, somente é apresentada a situação <strong>de</strong><br />
comunicação, sem qualquer orientação, quer ao nível do conteúdo, quer da<br />
forma, justamente para aferir as representações que os alunos têm sobre o<br />
género <strong>de</strong> texto que lhes está a ser pedido e diagnosticar saberes e<br />
competências adquiridos e a adquirir. Das dificulda<strong>de</strong>s diagnosticadas<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão as opções <strong>de</strong> ensino.<br />
- Leitura dos textos:<br />
1. Tigresa (Caetano Veloso)<br />
2. Ondados fios <strong>de</strong> ouro reluzente (Camões) em contraponto com<br />
Endrechas a Bárbara escrava (Camões) e Piolhos cria o cabelo mais<br />
dourado (Bocage)<br />
3. Homero (Sophia <strong>de</strong> Mello Breyner Andresen)<br />
- Desconstrução <strong>de</strong> metáforas utilizadas nos textos com recurso a uma tabela:<br />
registo <strong>de</strong> diferentes elementos dos textos.<br />
- Construção <strong>de</strong> uma metáfora para referir uma parte do corpo da mulher (em<br />
pares);<br />
- Redacção <strong>de</strong> um pequeno texto, a partir <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo (apresentado na Ficha<br />
3), para evitar o uso <strong>de</strong> ter e ser (em pares);<br />
- Construção <strong>de</strong> um texto sobre a dimensão mais importante numa mulher<br />
(física ou psicológica) e explicitação das razões <strong>de</strong>ssa importância (em<br />
pares);<br />
- Construção colectiva do texto, com orientação para articulações entre os<br />
períodos.<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Papel e caneta/lápis<br />
Colaborar para escrever<br />
- Textos mentores:<br />
Tigresa (Caetano Veloso)<br />
Ondados fios <strong>de</strong> ouro reluzente<br />
(Camões)<br />
Endrechas a Bárbara escrava<br />
(Camões)<br />
Piolhos cria o cabelo mais dourado<br />
(Bocage)<br />
Homero (Sophia <strong>de</strong> Mello Breyner<br />
Andresen)<br />
(Ficha 1)<br />
- Tabela <strong>de</strong> registo – <strong>de</strong>scrições<br />
(Ficha 2)<br />
- Papel e caneta/lápis<br />
- Ficha <strong>de</strong> produção textual – Ler,<br />
analisar, reescrever (Ficha 3)
Fase IV<br />
Fase V<br />
- Exercitar a produção escrita <strong>de</strong> texto<br />
<strong>de</strong>scritivo;<br />
- Auto-avaliar a produção textual realizada<br />
e reescrevê-la <strong>de</strong> forma a melhorá-la.<br />
- Avaliar as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas no<br />
módulo didáctico.<br />
- Descrição <strong>de</strong> uma ferramenta e da sua utilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrando a<br />
importância das características realçadas;<br />
- Análise da produção final e da inicial <strong>de</strong> acordo com os <strong>de</strong>scritores <strong>de</strong> uma<br />
grelha;<br />
- Produção <strong>de</strong> um outro texto.<br />
Preenchimento <strong>de</strong> um inquérito para registar percepções sobre as activida<strong>de</strong>s<br />
propostas, em que medida os alunos sentiram que orientaram uma<br />
aprendizagem mais sólida e consciente.<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Colaborar para escrever<br />
- Grelha <strong>de</strong> auto-análise da produção<br />
textual: Descrição <strong>de</strong> uma ferramenta<br />
e explicação da sua utilida<strong>de</strong> (Ficha<br />
4)<br />
- Textos produzidos na Sessão I e IV<br />
Questionário aos alunos<br />
(Ficha 5)<br />
NOTA: A alternância entre “<strong>de</strong>scrição da mulher” e da “ferramenta” <strong>de</strong>veu-se à articulação <strong>de</strong> duas situações:<br />
- a leccionação <strong>de</strong> um módulo sobre Camões contextualizou a proposta <strong>de</strong> produção textual sobre a mulher i<strong>de</strong>al<br />
- uma exposição, na escola, relacionada com o curso dos alunos: as “Jornadas Técnicas”. A partir <strong>de</strong>sta situação <strong>de</strong> comunicação foi proposta a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> uma ferramenta e da sua utilida<strong>de</strong><br />
para publicação na brochura das Jornadas.
Alternativa 2: Textos <strong>de</strong> opinião<br />
Fase I<br />
Fase II<br />
Objectivo(s) Desenvolvimento Material(is)<br />
- Produzir um texto inicial para <strong>de</strong>screver o<br />
processo <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> um texto<br />
expositivo-argumentativo.<br />
- Reflectir sobre o processo <strong>de</strong><br />
planificação <strong>de</strong> um texto expositivoargumentativo.<br />
- Analisar um texto mentor do mesmo<br />
género a produzir.<br />
Escrita <strong>de</strong> um texto expositivo-argumentativo a propósito <strong>de</strong> um tema à<br />
escolha – versão inicial.<br />
NOTA: neste momento inicial, somente é apresentada a situação <strong>de</strong><br />
comunicação, sem qualquer orientação, quer ao nível do conteúdo, quer da<br />
forma, justamente para aferir as representações que os alunos têm sobre o<br />
género <strong>de</strong> texto que lhes está a ser pedido e diagnosticar saberes e<br />
competências adquiridos e a adquirir. Das dificulda<strong>de</strong>s diagnosticadas<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão as opções <strong>de</strong> ensino.<br />
- Partindo <strong>de</strong> uma pergunta apresentada no exame <strong>de</strong> Português <strong>de</strong> 12.º ano,<br />
em 2006, levar os alunos a reflectir sobre a questão: antes <strong>de</strong> começar a<br />
escrever, o que é que se faz?<br />
Em seguida, registar, por escrito, em tópicos, a análise a fazer do enunciado<br />
que po<strong>de</strong>rá originar um esquema como este:<br />
* trata-se <strong>de</strong> uma reflexão (tipo <strong>de</strong> texto argumentativo-expositivo);<br />
* tem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>scobrir a perspectiva do autor do texto;<br />
* <strong>de</strong>ve indicar-se, claramente, esta perspectiva para concordar,<br />
discordar, ou simplesmente reflectir sobre estas duas possibilida<strong>de</strong>s;<br />
* apresenta-se o ponto <strong>de</strong> vista pessoal sobre a tese;<br />
* indicam-se, no mínimo, dois argumentos e apresentam-se exemplos<br />
significativos que os comprovem;<br />
* <strong>de</strong>ve terminar com uma conclusão na qual reafirma o seu ponto <strong>de</strong><br />
vista;<br />
* utilizar correctamente articuladores na coesão e coerência interna do<br />
texto <strong>de</strong> reflexão.<br />
- Leitura <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong> reflexão mentor, escrito para respon<strong>de</strong>r à questão do<br />
exame.<br />
Partindo da leitura atenta do texto, ter alguns aspectos em conta, fazendo<br />
exercícios <strong>de</strong> exploração do texto por parágrafos (divisão tripartida do texto) –<br />
análise do texto mentor<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Papel e caneta/lápis<br />
Colaborar para escrever<br />
Texto mentor: Custos e benefícios da<br />
exploração espacial (António Vilas-<br />
Boas)<br />
(Ficha 6)<br />
Exercício – Divisão tripartida do texto<br />
(Ficha 7)<br />
Articuladores do discurso<br />
(Ficha 8)
Fase III<br />
Fase IV<br />
Fase V<br />
Fase VI<br />
Exercitar a produção escrita <strong>de</strong> texto<br />
argumentativo (reflexão).<br />
Auto-avaliar a produção textual realizada e<br />
reescrevê-la <strong>de</strong> forma a melhorá-la.<br />
Exercitar a produção escrita <strong>de</strong> texto<br />
argumentativo.<br />
Avaliar as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas no<br />
módulo didáctico.<br />
Produção <strong>de</strong> um texto expositivo-argumentativo subordinado ao tópico Os<br />
amigos e a Amiza<strong>de</strong>.<br />
Análise dos textos produzidos nas Sessões I e III <strong>de</strong> acordo com os<br />
<strong>de</strong>scritores <strong>de</strong> uma grelha.<br />
Proposta <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> textos finais, subordinados ao tema Exposição <strong>de</strong><br />
Multimédia do 2.º TM.<br />
Preenchimento <strong>de</strong> um inquérito para registar percepções sobre as activida<strong>de</strong>s<br />
propostas, em que medida os alunos sentiram que orientaram uma<br />
aprendizagem mais sólida e consciente.<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Colaborar para escrever<br />
Ficha <strong>de</strong> produção textual – Os<br />
Amigos e a Amiza<strong>de</strong> (Ficha 9)<br />
- Grelha <strong>de</strong> auto-análise da produção<br />
textual (texto argumentativo)<br />
(Ficha 10)<br />
- Textos elaborados nas Sessões I e<br />
III<br />
Ficha <strong>de</strong> produção textual – A<br />
exposição <strong>de</strong> Multimédia do 2.º TM<br />
(Ficha 11)<br />
Questionário aos alunos.<br />
(Ficha 12)
Alternativa 3: Carta formal<br />
Fase I<br />
Fase II<br />
Fase III<br />
Objectivo(s) Desenvolvimento Material(is)<br />
- Produzir um texto inicial para <strong>de</strong>screver o<br />
processo <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> uma carta formal,<br />
en<strong>de</strong>reçada a um Órgão Ministerial.<br />
- Reflectir sobre características <strong>de</strong> textos<br />
argumentativos.<br />
- Analisar o conteúdo e a forma <strong>de</strong> uma<br />
crónica.<br />
Escrita <strong>de</strong> uma carta ao Ministério da <strong>Educação</strong> contestando a medida (fictícia) <strong>de</strong><br />
retirar o Auto da Barca do Inferno <strong>de</strong> Gil Vicente do Programa do 9.º ano.<br />
NOTA: neste momento inicial, somente é apresentada a situação <strong>de</strong> comunicação,<br />
sem qualquer orientação, quer ao nível do conteúdo, quer da forma, justamente<br />
para aferir as representações que os alunos têm sobre o género <strong>de</strong> texto que lhes<br />
está a ser pedido e diagnosticar saberes e competências adquiridos e a adquirir.<br />
Das dificulda<strong>de</strong>s diagnosticadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão as opções <strong>de</strong> ensino.<br />
A partir <strong>de</strong> letras <strong>de</strong> música que veiculam algum tipo <strong>de</strong> crítica social, previamente<br />
solicitadas aos alunos, analisar os argumentos presentes.<br />
Registo dos argumentos no quadro.<br />
Análise da crónica Pela dignida<strong>de</strong> do espectador olímpico, <strong>de</strong> Ricardo Araújo<br />
Pereira, <strong>de</strong> acordo com os seguintes tópicos:<br />
a) Conteúdo<br />
- Sentido <strong>de</strong> humor;<br />
- Ironia;<br />
- Situação inicial – paródia à falta <strong>de</strong> incentivo que os atletas olímpicos dizem<br />
sentir;<br />
- Associação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias / trocadilhos;<br />
- Denúncia <strong>de</strong> situações ilegais.<br />
b) Forma – como se organiza o texto<br />
- Paralelismo frásico;<br />
- Título retomado no corpo do texto;<br />
- Início <strong>de</strong> cada parágrafo;<br />
- Articuladores;<br />
- Adjectivação;<br />
- Utilização <strong>de</strong> expressões sinónimas: Concedo que / É possível que / Suponho<br />
que / Creio que.<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Papel e caneta/lápis<br />
Colaborar para escrever<br />
- Letras <strong>de</strong> música que<br />
veiculam críticas sociais<br />
(solicitadas aos alunos).<br />
- Quadro e giz.<br />
Texto mentor: Crónica Pela<br />
dignida<strong>de</strong> do espectador<br />
olímpico (Ricardo Araújo<br />
Pereira)<br />
(Ficha 13)
Fase IV<br />
Fase V<br />
Fase VI<br />
Analisar forma e conteúdo <strong>de</strong> textos <strong>de</strong><br />
opinião.<br />
Auto-avaliar a produção textual realizada<br />
na Sessão I.<br />
Exercitar a produção escrita <strong>de</strong> uma carta<br />
formal.<br />
Resolução <strong>de</strong> uma ficha <strong>de</strong> trabalho com cinco textos curtos, a saber: a propósito<br />
do estudo <strong>de</strong> outras cenas do Auto da Barca do Inferno <strong>de</strong> Gil Vicente, textos<br />
críticos <strong>de</strong> António José Saraiva e Óscar Lopes e Mário Fiúza; a propósito da<br />
crítica social, dois textos <strong>de</strong> opinião sobre uma publicida<strong>de</strong> “Galp energia – Peso<br />
Pluma” e um texto informativo do Gabinete <strong>de</strong> Apoio aos Provedores (GAP).<br />
Diálogo professor(a)-alunos<br />
Análise das características formais <strong>de</strong> uma carta (emissor / <strong>de</strong>stinatário / fórmula<br />
<strong>de</strong> saudação / fórmula <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida / assunto / argumento e contra-argumento /<br />
local e data).<br />
Correcção das cartas escritas na Sessão I<br />
- Distribuição das cartas por grupos diferentes para correcção inter-pares.<br />
- Devolução das cartas aos pares originais e apresentação, por parte dos alunos,<br />
das correcções realizadas nas suas produções textuais.<br />
Face a uma resposta do Ministério da <strong>Educação</strong>, por meio <strong>de</strong> carta (Texto Mentor),<br />
escrever uma nova carta inicial a propósito da exclusão do Auto <strong>de</strong> Gil Vicente do<br />
programa do 9.º ano.<br />
Adriana Simões Aurora Cerqueira Teresa Correia Luísa Álvares Pereira Inês Cardoso<br />
Colaborar para escrever<br />
Ficha <strong>de</strong> Trabalho – Auto da<br />
Barca do Inferno<br />
(Ficha 14)<br />
Textos escritos na Sessão I<br />
Ficha <strong>de</strong> produção textual –<br />
Correspondência com o<br />
Ministério<br />
(Ficha 15)
Tigresa<br />
Colaborar para escrever<br />
Ficha 1<br />
Uma tigresa <strong>de</strong> unhas negras e íris cor <strong>de</strong> mel<br />
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu<br />
Esfregando a pele <strong>de</strong> ouro marrom<br />
Do seu corpo contra o meu<br />
Me falou que o mal é bom e o bem cruel<br />
Textos Mentores<br />
Enquanto os pelos <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>usa tremem ao vento ateu<br />
Ela me conta sem certeza tudo o que viveu<br />
Que gostava <strong>de</strong> política em mil novecentos e sessenta e seis<br />
E hoje dança no Frenetic Dancin’ Days<br />
Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair<br />
Com alguns homens foi feliz com outros foi mulher<br />
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor<br />
E espalhado muito prazer e muita dor<br />
Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar<br />
Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar<br />
On<strong>de</strong> a gente e a natureza feliz, vivam sempre em comunhão<br />
E a tigresa possa mais do que o leão<br />
As garras da felina me marcaram o coração<br />
Mas as besteiras <strong>de</strong> menina que ela disse não<br />
E eu corri pra o violão num lamento<br />
E a manhã nasceu azul<br />
Como é bom po<strong>de</strong>r tocar um instrumento<br />
En<strong>de</strong>chas a Bárbara escrava<br />
Aquela cativa<br />
Que me tem cativo,<br />
Porque nela vivo<br />
Já não quer que viva.<br />
Eu nunca vi rosa<br />
Em suaves molhos,<br />
Que pera meus olhos<br />
Fosse mais fermosa.<br />
Nem no campo flores,<br />
Nem no céu estrelas<br />
Me parecem belas<br />
Como os meus amores.<br />
Rosto singular,<br />
Olhos sossegados,<br />
Pretos e cansados,<br />
Mas não <strong>de</strong> matar.<br />
Ua graça viva,<br />
Que neles lhe mora,<br />
Pera ser senhora<br />
De quem é cativa.<br />
Pretos os cabelos,<br />
On<strong>de</strong> o povo vão<br />
Per<strong>de</strong> opinião<br />
Que os louros são belos.<br />
Caetano Veloso<br />
Pretidão <strong>de</strong> Amor,<br />
Tão doce a figura,<br />
Que a neve lhe jura<br />
Que trocara a cor.<br />
Leda mansidão,<br />
Que o siso acompanha;<br />
Bem parece estranha,<br />
Mas bárbara não.<br />
Presença serena<br />
Que a tormenta amansa;<br />
Nela, enfim, <strong>de</strong>scansa<br />
Toda a minha pena.<br />
Esta é a cativa<br />
Que me tem cativo;<br />
E. pois nela vivo,<br />
É força que viva.<br />
Luís <strong>de</strong> Camões<br />
Ondados fios <strong>de</strong> ouro reluzente,<br />
Que, agora da mão bela recolhidos,<br />
Agora sobre as rosas estendidos,<br />
Fazeis que a sua beleza se acrescente;<br />
Olhos, que vos moveis tão docemente,<br />
Em mil divinos raios encendidos,<br />
Se <strong>de</strong> cá me levais alma e sentidos,<br />
Que fora, se <strong>de</strong> vós não fora ausente?<br />
Honesto riso, que entre a mor fineza<br />
De perlas e corais nasce e parece,<br />
Se na alma em doces ecos não o ouvisse!...<br />
Se, imaginando só tanta beleza,<br />
De si em nova glória a alma se esquece,<br />
Que será quando a vir?... Ah! Quem a visse…<br />
Piolhos cria o cabelo mais dourado;<br />
Branca remela o olho mais vistoso;<br />
Pelo nariz do rosto mais formoso<br />
O monco se divisa pendurado:<br />
Pela boca do rosto mais corado<br />
Hálito sai, às vezes bem ascoroso;<br />
A mais nevada mão sempre é forçoso<br />
Que <strong>de</strong> sua dona o cu tenha tocado:<br />
Ao pé <strong>de</strong>le a melhor natura mora,<br />
Que <strong>de</strong>itando no mês podre gordura,<br />
Fétido mijo lança a qualquer hora.<br />
Caga o cu mais alvo merda pura:<br />
Pois se é isto o que tanto se namora,<br />
Em ti, mijo, em ti cago, oh formosura!<br />
Luís <strong>de</strong> Camões<br />
Bocage
Colaborar para escrever<br />
Homero<br />
Quando eu era pequena, passava às vezes pela praia um velho louco e vagabundo a<br />
quem chamavam o Búzio.<br />
O Búzio era como um monumento manuelino: tudo nele lembrava coisas marítimas. A sua<br />
barba branca e ondulada era igual a uma onda <strong>de</strong> espuma. As grossas veias azuis das suas<br />
pernas eram iguais a cabos <strong>de</strong> navio. O seu corpo parecia um mastro e o seu andar era baloiçado<br />
como o andar dum marinheiro ou dum barco. Os seus olhos, como o próprio mar, ora eram azuis,<br />
ora cinzentos, ora ver<strong>de</strong>s, e às vezes mesmo os vi roxos. E trazia sempre na mão direita duas<br />
conchas. Eram daquelas conchas brancas e grossas com círculos acastanhados, semi-redondas<br />
e semitriangulares, que têm no vértice da parte triangular um buraco.<br />
O Búzio passava um fio através dos buracos, atando assim as duas conchas uma à outra,<br />
<strong>de</strong> maneira a formar com elas umas castanholas. E era com essas castanholas que ele marcava o<br />
ritmo dos seus longos discursos ca<strong>de</strong>nciados, solitários e misteriosos como poemas.<br />
O Búzio aparecia ao longe. Via-se crescer dos confins dos areais e das estradas. Primeiro<br />
julgava-se que fosse uma árvore ou um penedo distante. Mas quando se aproximava via-se que<br />
era o Búzio. Na mão esquerda trazia um gran<strong>de</strong> pau que lhe servia <strong>de</strong> bordão e era seu apoio nas<br />
longas caminhadas e sua <strong>de</strong>fesa contra os cães raivosos das quintas. A este pau estava atado um<br />
saco <strong>de</strong> pano, <strong>de</strong>ntro do qual ele guardava os bocados do pão que lhe davam e os tostões. O<br />
saco era <strong>de</strong> chita remendada e tão <strong>de</strong>sbotada que quase se tornara branca.<br />
O Búzio chegava <strong>de</strong> dia, ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> luz e <strong>de</strong> vento, e dois passos à sua frente vinha o seu<br />
cão, que era velho, esbranquiçado e sujo, com o pêlo grosso, encaracolado e comprido e o<br />
focinho preto. E pelas ruas fora vinha o Búzio com o sol na cara e as sombras trémulas das folhas<br />
dos plátanos nas mãos. Parava em frente duma porta e entoava a sua longa melopeia ritmada<br />
pelo tocar das suas castanholas <strong>de</strong> conchas. Abria-se a porta e aparecia uma criada <strong>de</strong> avental<br />
branco que lhe estendia um pedaço <strong>de</strong> pão e dizia:<br />
- Vai-te embora, Búzio.<br />
E o Búzio, <strong>de</strong>moradamente, <strong>de</strong>sprendia o saco do seu bordão, <strong>de</strong>satava os cordões, abria<br />
o saco e guardava o pão. Depois <strong>de</strong> novo seguia. Parava <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma varanda cantando, alto<br />
e direito, enquanto o cão farejava o passeio. E na varanda <strong>de</strong>bruçava-se alguém rapidamente, tão<br />
rapidamente que o seu rosto nem se mostrava, e atirava-lhe um tostão e dizia:<br />
- Vai-te embora, Búzio.<br />
E o Búzio <strong>de</strong>moradamente – tão <strong>de</strong>moradamente que cada um dos seus gestos <strong>de</strong> via –<br />
<strong>de</strong>sprendia o saco do pau, <strong>de</strong>satava os cordões, abria o saco, guardava o tostão, e <strong>de</strong> novo<br />
fechava o saco e o atava e o prendia. E seguia com o seu cão.<br />
Havia na terra muitos pobres que apareciam aos sábados em bandos acastanhados e<br />
trágicos, e que pediam esmola pelas portas e faziam pena. Eram cegos, coxos, surdos e loucos,<br />
eram tuberculosos cuspindo sangue nos trapos, eram mães escanzeladas <strong>de</strong> filhos quase ver<strong>de</strong>s,<br />
eram velhas curvadas e chorosas com as pernas incrivelmente inchadas, eram rapazes novos<br />
mostrando chagas, braços torcidos, mãos cortadas, lágrimas e <strong>de</strong>sgraça. E sobre o bando pairava<br />
um murmúrio incansável <strong>de</strong> gemidos, queixas, rezas e lamentações. Mas o Búzio aparecia<br />
sozinho, não se sabia em que dia da semana, era alto e direito, lembrava o mar e os pinheiros,<br />
não tinha nenhuma ferida e não fazia pena. Ter pena <strong>de</strong>le seria como ter pena <strong>de</strong> um plátano ou<br />
<strong>de</strong> um rio, ou do vento. Nele parecia abolida a barreira que separa o homem da natureza.
Colaborar para escrever<br />
O Búzio não possuía nada, como uma árvore não possui nada. Vivia com a terra toda que<br />
era ele próprio. A terra era sua mãe e sua mulher, sua casa e sua companhia, sua cama, seu<br />
alimento, seu <strong>de</strong>stino e sua vida. Os seus pés <strong>de</strong>scalços pareciam escutar o chão que pisavam.<br />
E foi assim que o vi aparecer naquela tar<strong>de</strong> em que eu brincava sozinha no jardim. A<br />
nossa casa ficava à beira da praia. A parte da frente, virada para o mar, tinha um jardim <strong>de</strong> areia.<br />
Na parte <strong>de</strong> trás, voltada para leste, havia um pequeno jardim agreste e mal tratado, com o chão<br />
coberto <strong>de</strong> pequenas pedras soltas, que rolavam sob os passos, um poço, duas árvores e alguns<br />
arbustos <strong>de</strong>sgrenhados pelo vento e queimados pelo sol.<br />
O Búzio, que chegou pelo lado <strong>de</strong> trás, abriu a cancela <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, que ficou a baloiçar, e<br />
atravessou o jardim, passando sem me ver. Parou em frente da porta <strong>de</strong> serviço e ao som das<br />
suas castanholas <strong>de</strong> conchas pôs-se a cantar. Assim esperou algum tempo. Depois a porta abriuse<br />
e no seu ângulo escuro apareceu um avental.<br />
Visto <strong>de</strong> fora, o interior da casa parecia misterioso, sombrio e brilhante. E a criada<br />
esten<strong>de</strong>u um pão e disse:<br />
- Vai-te embora, Búzio.<br />
Depois fechou a porta. E o Búzio, sem pressa, <strong>de</strong>moradamente como que <strong>de</strong>senhando na<br />
luz cada um dos seus gestos, puxou os cordões, abriu o saco, tornou a atar o saco, pren<strong>de</strong>u-o no<br />
pau e seguiu com o seu cão. Depois <strong>de</strong>u a volta à casa, para sair pela frente, pelo lado do mar.<br />
Então eu resolvi ir atrás <strong>de</strong>le. Ele atravessou o jardim <strong>de</strong> areia coberto <strong>de</strong> chorão e lírios do<br />
mar e caminhou pelas dunas. Quando chegou ao lugar on<strong>de</strong> principia a curva da baía, parou. Ali<br />
era já um lugar selvagem e <strong>de</strong>serto, longe <strong>de</strong> casas e estradas.<br />
Eu, que o tinha seguido <strong>de</strong> longe, aproximei-me escondida nas ondulações da duna e<br />
ajoelhei-me atrás <strong>de</strong> um pequeno monte entre as ervas altas, transparentes e secas. Não queria<br />
que o Búzio me visse, porque o queria ver sem mim, sozinho.<br />
Era um pouco antes do pôr do sol e <strong>de</strong> vez em quando passava uma pequena brisa. Do<br />
alto da duna via-se a tar<strong>de</strong> toda como uma enorme flor transparente, aberta e estendida até aos<br />
confins do horizonte. A luz recortava uma por uma todas as covas da areia. O cheiro nu da<br />
maresia, perfume limpo do mar sem putrefacção e sem cadáveres, penetrava tudo. E a todo o<br />
comprimento da praia, <strong>de</strong> norte a sul, a per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista, a maré vazia mostrava os seus rochedos<br />
escuros cobertos <strong>de</strong> búzios e algas ver<strong>de</strong>s que recortavam as águas. E atrás <strong>de</strong>les quebravam<br />
incessantemente, brancas e enroladas e <strong>de</strong>senroladas, três fileiras <strong>de</strong> ondas que, constantemente<br />
<strong>de</strong>sfeitas, constantemente se reerguiam.<br />
No alto da duna o Búzio estava com a tar<strong>de</strong>. O sol pousava nas suas mãos, o sol pousava<br />
na sua cara e nos seus ombros. Ficou algum tempo calado, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>vagar começou a falar. Eu<br />
entendi que falava com o mar, pois o olhava <strong>de</strong> frente e estendia para ele as suas mãos abertas,<br />
com as palmas em concha viradas para cima. Era um longo discurso claro, irracional e nebuloso<br />
que parecia, com a luz, recortar e <strong>de</strong>senhar todas as coisas. Não posso repetir as suas palavras:<br />
não as <strong>de</strong>corei e isto passou-se há muitos anos. E também não entendi inteiramente o que ele<br />
dizia. E algumas palavras mesmo não as ouvi, porque o vento rápido lhas arrancava da boca. Mas<br />
lembro-me <strong>de</strong> que eram palavras moduladas como um canto, palavras quase visíveis que<br />
ocupavam os espaços do ar com a sua forma, a sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e o seu peso. Palavras que<br />
chamavam pelas coisas, que eram o nome das coisas. Palavras brilhantes como as escamas <strong>de</strong><br />
um peixe, palavras gran<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sertas como praias. E as suas palavras reuniam os restos<br />
dispersos da alegria da terra. Ele os invocava, os mostrava, os nomeava: vento, frescura das<br />
águas, oiro do sol, silêncio e brilho das estrelas.<br />
Sophia <strong>de</strong> Mello Breyner Andresen, “Homero”, in Contos Exemplares
Colaborar para escrever<br />
Ficha 2<br />
Partes do<br />
corpo<br />
caracterizadas<br />
Barba<br />
Pernas<br />
Corpo<br />
Formas<br />
Tabela <strong>de</strong> registo – <strong>de</strong>scrições<br />
O retrato – <strong>de</strong>screver um ser humano<br />
Medidas ou<br />
tamanho<br />
Descrição dos “muito pobres que apareciam aos sábados”<br />
Indivíduos<br />
Cor Movimentos<br />
Outras<br />
informações
Colaborar para escrever<br />
Ficha 3<br />
Ficha <strong>de</strong> produção textual<br />
Ler, Analisar, Reescrever<br />
[In: Pereira, Luísa, Azevedo, Flora (2002). Como abordar… a produção <strong>de</strong> textos escritos. Porto: Areal Editores.]<br />
A Júlia era uma rapariga ainda muito jovem. Era solteira. Muito bela. Tinha cabelos<br />
loiros, olhos azuis e as medidas <strong>de</strong> um manequim.<br />
A Júlia era muito bela.<br />
F1. A Júlia era ainda muito jovem.<br />
F2. (Ela) era solteira.<br />
F3. (Ela era) muito bela.<br />
F4. (Ela) tinha cabelos loiros.<br />
F5. (Ela tinha) olhos azuis.<br />
F6. E (ela tinha) as medidas <strong>de</strong> um manequim.<br />
A sua beleza era realçada pelos seus cabelos loiros ondulados.<br />
o mesmo brilho que os seus olhos azuis.<br />
O seu olhar límpido inspirava confiança e paz.<br />
Esta cabeleira dourada reflectia<br />
1. Escreve um parágrafo em que, utilizando a solução que te apresentei na aula, <strong>de</strong>senvolvas o<br />
que a seguinte frase anuncia:<br />
A Joana era muito atraente.<br />
2. Eis agora um texto cujos elementos <strong>de</strong>scritos estão pura e simplesmente enumerados uns a<br />
seguir aos outros:<br />
O rapaz parecia ter para aí uns sete anos. Tinha uma bonita tez, uma pele<br />
lisa e tenra, bochechas rosadas, olhos azuis, <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> leite muito brancos e<br />
caracóis loiros.<br />
2.1 Reescreve o texto, anulando a simples enumeração.
Colaborar para escrever<br />
Ficha 4<br />
Grelha <strong>de</strong> auto-análise da produção textual<br />
(Descrição <strong>de</strong> uma ferramenta e explicação da sua utilida<strong>de</strong>)<br />
Tendo em vista o aperfeiçoamento do texto produzido na aula anterior, proponho-te que o analises<br />
a partir da grelha que te apresento. Para tal, <strong>de</strong>ves colocar um “V” em (+) se o aspecto está bem<br />
tratado; em (+-) se está pouco <strong>de</strong>senvolvido; em (-) se está praticamente ausente.<br />
Em seguida, reescreve o teu texto, procurando correspon<strong>de</strong>r positivamente a todos os aspectos<br />
que assinalaste nas colunas (+-) e (-).<br />
Nível <strong>de</strong> análise Descritores<br />
Planificação<br />
(antes <strong>de</strong><br />
escreveres o<br />
texto)<br />
Representação<br />
geral do texto<br />
Conteúdos<br />
temáticos<br />
Textualização<br />
Registaste algumas i<strong>de</strong>ias sobre as<br />
características da ferramenta.<br />
Introduziste as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>sse registo no texto.<br />
Registaste todas as funcionalida<strong>de</strong>s / a<br />
utilida<strong>de</strong> da ferramenta.<br />
Pensaste nua situação em que alguém<br />
<strong>de</strong>screve uma ferramenta e explica a sua<br />
utilida<strong>de</strong>.<br />
Imaginaste que o leitor não faz a mínima i<strong>de</strong>ia<br />
do que é e para que serve a ferramenta.<br />
Procuraste uma metáfora para enriquecer a<br />
apresentação das diferentes características da<br />
ferramenta.<br />
Descreves uma ferramenta.<br />
Explicas as diferentes funcionalida<strong>de</strong>s /<br />
utilida<strong>de</strong> da ferramenta.<br />
As funcionalida<strong>de</strong>s / a utilida<strong>de</strong> relaciona-se<br />
com os elementos <strong>de</strong>scritos.<br />
Escolheste a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> apresentação dos<br />
diferentes elementos <strong>de</strong>scritivos.<br />
Usaste uma metáfora com a qual foste dando<br />
conta <strong>de</strong> algumas das características da<br />
ferramenta.<br />
Descreves a forma da ferramenta.<br />
Indicaste os <strong>materiais</strong> em que é fabricada.<br />
Organizaste a <strong>de</strong>scrição do geral para o<br />
particular.<br />
Explicaste a utilida<strong>de</strong>, apresentando as razões<br />
da necessida<strong>de</strong> da ferramenta.<br />
Ligaste as frases com conectores.<br />
Variaste os conectores.<br />
Fizeste a in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> cada um dos<br />
parágrafos.<br />
Usaste o critério “uma informação uma<br />
frase”.<br />
Fizeste os acordos entre <strong>de</strong>terminante / nome.<br />
Fizeste os acordos entre nome / adjectivo.<br />
Fizeste os acordos entre sujeito / verbo.<br />
+<br />
Presença<br />
+- -
Colaborar para escrever<br />
Ficha 5<br />
Direcção Regional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> do Centro<br />
PROJECTO LÍNGUAS E EDUCAÇÃO: construir e<br />
partilhar a formação<br />
Questionário aos alunos<br />
Língua Portuguesa<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Aveiro Prof. Aurora Cerqueira<br />
ESCOLA SECUNDÁRIA C/ 3º C.E.B.<br />
DR. MÁRIO SACRAMENTO<br />
---------------Cód. 400970--------------<br />
Escolhi esta turma para um trabalho <strong>de</strong> investigação/acção que estou a <strong>de</strong>senvolver com outros<br />
professores, na <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Aveiro. No segundo e terceiro períodos, propus-vos algumas activida<strong>de</strong>s e<br />
agora era importante que <strong>de</strong>sses a tua opinião sobre o que fizemos.<br />
Para isso, peço-te que respondas a algumas perguntas sobre ti, sobre o que apren<strong>de</strong>ste e como o fizeste.<br />
1. Seguindo a escala <strong>de</strong> 1 a 4, sendo 1 "nada", 2 "pouco", 3 "bastante" e 4 "muito", indica o que achas<br />
ter aprendido, relativamente aos itens apresentados:<br />
1 Articuladores<br />
2 Varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> articuladores<br />
3 Modo <strong>de</strong> organizar um texto<br />
4 Uso <strong>de</strong> uma metáfora para melhor <strong>de</strong>screver uma pessoa ou objecto<br />
5 Registo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias antes <strong>de</strong> escrever<br />
6 Organização da <strong>de</strong>scrição do geral para o particular<br />
7 Elaboração <strong>de</strong> texto <strong>de</strong>scritivo evitando o uso <strong>de</strong> “ter” e <strong>de</strong> “ser”<br />
1 2 3 4<br />
2. Nas aulas, analisámos alguns textos a que chamámos <strong>de</strong> “texto mentor”, pois a partir <strong>de</strong>le<br />
pu<strong>de</strong>mos tomar consciência <strong>de</strong> certas características textuais que nos ajudam a construir textos<br />
nossos. Como é que esse texto mentor te ajudou a escreveres o teu texto?<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________
Colaborar para escrever<br />
3. Usámos também uma tabela para analisares o texto que produziste. Usando a escala <strong>de</strong> 1 a 4,<br />
sendo 1 "nada", 2 "pouco", 3 "bastante" e 4 "muito", indica o que, em teu enten<strong>de</strong>r, essa tabela<br />
permitiu:<br />
1 Compreen<strong>de</strong>res as fragilida<strong>de</strong>s do teu texto<br />
2 Verificares a estrutura que o teu texto <strong>de</strong>veria ter<br />
3 Corrigires alguns erros <strong>de</strong> ortografia e pontuação<br />
4 Fazeres um registo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, o que não tinhas feito<br />
5 Apren<strong>de</strong>res a pensar num leitor do teu texto<br />
6 Orientar-te na reformulação do teu texto<br />
7 Compreen<strong>de</strong>res a importância da metáfora<br />
8 Verificares os aspectos que não tinhas referido<br />
1 2 3 4<br />
4. Consi<strong>de</strong>ras útil analisar o teu texto e <strong>de</strong>pois voltar a escrevê-lo? Sim Não <br />
4. 1. Explica a tua resposta.<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
5. Também foram realizadas correcções colectivas <strong>de</strong> algumas das tarefas. Como avalias essas<br />
correcções? Usando a escala <strong>de</strong> 1 a 4, sendo 1 "nada", 2 "pouco", 3 "bastante" e 4 "muito", indica o<br />
que essas correcções te possibilitaram.<br />
1 Perceber alguns dos erros que cometes<br />
2 Corrigir i<strong>de</strong>ias mal compreendidas<br />
3 Apren<strong>de</strong>r a ortografia das palavras<br />
4 Perceber que escrever não é só jeito, também tem técnica<br />
1 2 3 4<br />
6. Seguindo a escala <strong>de</strong> 1 a 4, sendo 1 "indiferente", 2 "mau", 3 "bom" e 4 "muito bom", classifica os<br />
modos <strong>de</strong> realização das tarefas <strong>de</strong> escrita:<br />
1 Individualmente<br />
2 Em pares<br />
3 Em gran<strong>de</strong> grupo / turma<br />
4 Com a colaboração da professora, enquanto escrevias<br />
1 2 3 4
Colaborar para escrever<br />
7. Indica dois aspectos que consi<strong>de</strong>ras ter aprendido sobre como escrever.<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
8. De todas as activida<strong>de</strong>s realizadas, qual a que consi<strong>de</strong>ras mais importante? Porquê?<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
9. Faz o comentário final que quiseres.<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
Obrigada pela tua colaboração!
Colaborar para escrever<br />
Ficha 6<br />
Lê com atenção a pergunta (item aberto <strong>de</strong> composição extensa e/ou ensaio) que saiu no exame <strong>de</strong><br />
Português / 12.º ano, em 2006:<br />
GRUPO III<br />
Num texto bem estruturado, com um mínimo <strong>de</strong> 200 e um máximo <strong>de</strong> 300 palavras,<br />
apresente uma reflexão sobre a perspectiva referente à exploração do espaço expressa no texto a<br />
seguir transcrito. Para fundamentar o seu ponto <strong>de</strong> vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos,<br />
ilustrando cada um <strong>de</strong>les com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />
REFLEXÃO:<br />
__________________________________________<br />
Os voos espaciais, os projectos interplanetários – apesar<br />
do génio e do heroísmo que exigem – po<strong>de</strong>m encobrir a<br />
incapacida<strong>de</strong> das gran<strong>de</strong>s nações industriais <strong>de</strong> resolver os<br />
problemas humanos do <strong>de</strong>senvolvimento económico e<br />
social. Não sabendo, não po<strong>de</strong>ndo, não querendo utilizar os<br />
seus imensos recursos, <strong>de</strong> virtualida<strong>de</strong>s quase infinitas, em<br />
benefício do homem e <strong>de</strong> todos os homens, as gran<strong>de</strong>s<br />
nações voam para longe da terra.<br />
__________________________________________<br />
Antes <strong>de</strong> começar e escrever o que é que se faz?<br />
(Tópicos a indicar com os alunos)<br />
- Trata-se <strong>de</strong> uma reflexão (tipo <strong>de</strong> texto expositivo-argumentativo);<br />
- Tem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>scobrir a perspectiva do autor do texto;<br />
- Deve indicar-se, claramente, essa perspectiva para concordar, discordar, ou simplesmente reflectir sobre<br />
essas duas possibilida<strong>de</strong>s;<br />
- Apresenta-se o ponto <strong>de</strong> vista pessoal sobre a tese;<br />
- Indicam-se no mínimo dois argumentos e apresentam-se exemplos significativos que os comprovem;<br />
- Deve terminar com uma conclusão na qual reafirma o seu ponto <strong>de</strong> vista;<br />
- Utilizar sempre correctamente articuladores que se espera estejam presentes num texto <strong>de</strong> reflexão.
Colaborar para escrever<br />
Texto Mentor<br />
(Texto <strong>de</strong> reflexão expositivo-argumentativo)<br />
A afirmação que me é dada para comentar parece-me exagerada porque penso que a<br />
exploração espacial tem trazido à humanida<strong>de</strong> benefícios evi<strong>de</strong>ntes, embora se possa, <strong>de</strong> facto,<br />
questionar o muito dinheiro investido nessa aventura. Terá valido a pena? Penso que sim, como<br />
passo a <strong>de</strong>monstrar.<br />
A exploração do espaço tem contribuído para a resolução <strong>de</strong> problemas da humanida<strong>de</strong>.<br />
Quando vemos um foguetão partir para o espaço, nem sempre nos apercebemos da muita<br />
preparação que essa viagem exigiu. Frequentemente a viagem tem objectivos <strong>de</strong>finidos que se<br />
pren<strong>de</strong>m com a tentativa <strong>de</strong> encontrar respostas para problemas «cá <strong>de</strong> baixo». Por exemplo, as<br />
fotografias que os satélites colocados em órbita à volta da terra tiram ajudam agricultores <strong>de</strong><br />
países pobres a <strong>de</strong>scobrir terrenos com reservas <strong>de</strong> água que só é possível <strong>de</strong>tectar no espaço.<br />
As viagens po<strong>de</strong>m, por outro lado, contribuir para uma maior aproximação entre os habitantes do<br />
planeta Terra, pois, ao colocarem em órbita satélites <strong>de</strong> comunicações, possibilitam melhores<br />
comunicações entre todos nós.<br />
Apresentei dois argumentos e dois exemplos para comprovar o meu ponto <strong>de</strong> vista<br />
expresso no início do texto. Admito, contudo, que muita gente não pense como eu e ache um<br />
<strong>de</strong>sperdício o dinheiro dispendido na exploração do espaço porque não se dá conta dos<br />
benefícios como os que referi. Além disso, há, <strong>de</strong> facto, viagens cujos custos não parecem ter<br />
uma contrapartida nos benefícios, como sondas enviadas a planetas longínquos com resultados<br />
que só interessam a uma restrita comunida<strong>de</strong> científica.<br />
Termino reafirmando que, apesar <strong>de</strong> tudo, os benefícios da exploração espacial para a<br />
humanida<strong>de</strong>, dos quais <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> fora muitos outros, ultrapassam <strong>de</strong> longe os custos. Por isso,<br />
acho que esta aventura <strong>de</strong>ve continuar para bem <strong>de</strong> todos nós.<br />
Autor: António Vilas-Boas
Colaborar para escrever<br />
Ficha 7<br />
- 1.º parágrafo – introdução<br />
- 2.º e 3.º parágrafos – <strong>de</strong>senvolvimento<br />
- 4.º parágrafo - conclusão<br />
Divisão Tripartida do Texto<br />
Nota: Com a proposta <strong>de</strong> exercícios ao longo da exploração do texto mo<strong>de</strong>lo, preten<strong>de</strong>-se que os alunos<br />
treinem aspectos essenciais neste tipo <strong>de</strong> texto e ganhem autonomia para a sua elaboração. Estes<br />
objectivos <strong>de</strong>vem ser-lhes claramente explicados.<br />
1.º A ter em conta no 1.º parágrafo – introdução:<br />
- o enunciador apresenta o seu ponto <strong>de</strong> vista;<br />
- utiliza para isso expressões como «parece-me» e «penso que»;<br />
- <strong>de</strong>ixa bem clara a sua opinião através do articulador causal «porque»;<br />
- admite espaço para a reflexão, ao utilizar o articulador concessivo «embora»;<br />
- Faz a ponte para o parágrafo seguinte com a expressão «como passo a<br />
<strong>de</strong>monstrar»<br />
Exercícios: a. Pedir aos alunos que reescrevam o parágrafo substituindo os articuladores por<br />
outros equivalentes, fazendo as alterações necessárias.<br />
2.º A ter em conta no 2.º e 3.º parágrafos – <strong>de</strong>senvolvimento:<br />
- no 2º o enunciador <strong>de</strong>monstra o seu ponto <strong>de</strong> vista, apresentando dois<br />
argumentos e dois exemplos;<br />
- no 3º, faz concessões relativamente ao seu ponto <strong>de</strong> vista, fazendo ressaltar o<br />
carácter reflexivo do texto.<br />
Exercícios: a. I<strong>de</strong>ntificar os 2 argumentos<br />
b. Reescreve-los pelas suas próprias palavras<br />
c. Explicitar a estratégia usada que contribui para uma correcta progressão textual<br />
d. fazer o levantamento <strong>de</strong> todos os articuladores textuais presentes e substitui-los<br />
por outros equivalentes.<br />
3.º A ter em conta no 4.º parágrafo – conclusão:<br />
- O enunciador <strong>de</strong>ixa clara a sua opinião, retomando o que afirmou<br />
- <strong>de</strong>ixa uma marca linguística que aponta o carácter reflexivo do texto «apesar <strong>de</strong><br />
tudo».<br />
Exercícios: a. Reescrever o início do parágrafo substituindo «Termino» por outra expressão ou<br />
articulador a<strong>de</strong>quado.
Colaborar para escrever<br />
Ficha 8<br />
IDEIA A EXPRIMIR<br />
EXPLICITAR<br />
PROVAR<br />
EXEMPLIFICAR<br />
REFORÇAR IDEIAS<br />
RESTRINGIR IDEIAS<br />
CONCLUIR<br />
Articuladores do Discurso<br />
ARTICULADORES<br />
QUE NÃO<br />
INTRODUZEM<br />
ORAÇÕES<br />
SUBORDINADAS<br />
isto é<br />
ou antes<br />
neste caso<br />
por vezes<br />
…<br />
com efeito<br />
sem dúvida<br />
na verda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ste modo<br />
…<br />
por exemplo<br />
assim a salientar<br />
…<br />
além disso<br />
por esta razão<br />
…<br />
mas<br />
no entanto<br />
todavia<br />
sobretudo<br />
…<br />
finalmente<br />
em conclusão<br />
consequentemente<br />
…<br />
IDEIA A EXPRIMIR<br />
TEMPO<br />
CAUSALIDADE<br />
FIM<br />
CONDIÇÃO<br />
CONSEQUÊNCIA<br />
CONCESSÃO<br />
COMPARAÇÃO<br />
ARTICULADORES<br />
QUE INTRODUZEM<br />
ORAÇÕES<br />
SUBORDINADAS<br />
quando<br />
<strong>de</strong>pois que<br />
antes que<br />
em seguida<br />
…<br />
porque<br />
visto que<br />
dado que<br />
…<br />
para que<br />
afim <strong>de</strong> que<br />
para<br />
…<br />
se<br />
a não ser que<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
supondo que<br />
…<br />
portanto<br />
<strong>de</strong> modo que<br />
<strong>de</strong> forma que<br />
…<br />
embora<br />
ainda que<br />
por mais que<br />
…<br />
como<br />
assim como<br />
segundo<br />
tal como<br />
…
Colaborar para escrever<br />
Ficha 9<br />
Ficha <strong>de</strong> Produção textual<br />
TEXTO DE OPINIÃO<br />
Os amigos e a amiza<strong>de</strong><br />
Partindo do tópico Os amigos e a amiza<strong>de</strong>, constrói a tua tese como primeiro passo para a<br />
elaboração do teu texto expositivo-argumentativo.<br />
Depois, elabora um texto, <strong>de</strong> 100 a 200 palavras, em que fundamentes o teu ponto <strong>de</strong><br />
vista, recorrendo, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um <strong>de</strong>les com, pelo menos, um<br />
exemplo significativo.<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________
Colaborar para escrever<br />
Ficha 10<br />
Grelha <strong>de</strong> auto-análise da produção textual<br />
(texto expositivo-argumentativo)<br />
Nível <strong>de</strong> análise Descritores<br />
Planificação<br />
Representação<br />
geral do texto<br />
Conteúdos<br />
temáticos<br />
Adaptação à<br />
situação <strong>de</strong><br />
comunicação<br />
Textualização<br />
Apresenta i<strong>de</strong>ias registadas antes da<br />
textualização<br />
Essas i<strong>de</strong>ias são registadas no texto<br />
Existe fase introdutória<br />
Cada momento é iniciado por um conector ou<br />
expressão que remete para o que foi dito<br />
anteriormente<br />
Enuncia o tema/tese com clareza<br />
Indica argumentos e contra-argumentos<br />
Apresenta exemplos comprovativos dos<br />
argumentos e contra-argumentos<br />
Utiliza articuladores ou marcadores textuais que<br />
indiquem a sua posição e contribuam para<br />
relacionar argumentos e contra-argumentos<br />
com os exemplos<br />
Reforça o enunciado da tese<br />
Trata, sem <strong>de</strong>svios, o tema proposto<br />
As i<strong>de</strong>ias são relevantes<br />
Articula o texto com o contexto<br />
Define, inequivocamente, o seu ponto <strong>de</strong> vista<br />
sobre a tese<br />
Reflecte e fundamenta a perspectiva adoptada<br />
em pelo menos dois argumentos <strong>de</strong>vidamente<br />
exemplificados<br />
Conclui, reafirmando o seu ponto <strong>de</strong> vista<br />
Divisão tripartida do texto<br />
Número <strong>de</strong> articuladores<br />
Varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> articuladores<br />
Parágrafos <strong>de</strong>limitados<br />
Parágrafos bem construídos<br />
Uso correcto das vírgulas<br />
Uso correcto dos pontos finais<br />
Deícticos pessoais<br />
Coesão nominal<br />
Coesão verbal<br />
Fórmulas expressivas segundo o género<br />
+<br />
Presença<br />
+- -
Colaborar para escrever<br />
Ficha 11<br />
Ficha <strong>de</strong> Produção textual<br />
TEXTO DE OPINIÃO<br />
Exposição Multimédia 2.º TM<br />
Partindo do teu envolvimento na organização da Exposição <strong>de</strong> Multimédia, levada a cabo<br />
pela turma em que estás inserido, e da forma como achas que tem corrido a experiência, constrói<br />
o teu plano como primeiro passo para a elaboração do teu texto <strong>de</strong> opinião sobre esta Exposição.<br />
Depois, elabora um texto, <strong>de</strong> 100 a 200 palavras, em que fundamentes o teu ponto <strong>de</strong><br />
vista, recorrendo, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um <strong>de</strong>les com, pelo menos, um<br />
exemplo significativo.<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________
Colaborar para escrever<br />
Ficha 12<br />
Direcção Regional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> do Centro<br />
PROJECTO LÍNGUAS E EDUCAÇÃO: construir e<br />
partilhar a formação<br />
Questionário aos alunos<br />
Língua Portuguesa<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Aveiro Prof. Adriana Simões<br />
ESCOLA SECUNDÁRIA JOSÉ FALCÃO<br />
---------------Cód. 603872--------------<br />
Esta turma foi por mim escolhida para fazer parte <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> investigação/acção que estou a<br />
<strong>de</strong>senvolver com outros professores, na <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Aveiro. No segundo e terceiro períodos, propus-<br />
vos algumas activida<strong>de</strong>s e agora era importante que <strong>de</strong>sses a tua opinião sobre o que fizemos. Para isso,<br />
peço-te que respondas a algumas perguntas sobre ti, sobre o que apren<strong>de</strong>ste e como o fizeste.<br />
1. Seguindo a escala <strong>de</strong> 1 a 4, sendo 1 "nada", 2 "pouco", 3 "bastante" e 4 "muito", indica o que achas<br />
ter aprendido, relativamente aos itens apresentados:<br />
1 Leitura atenta do enunciado <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> escrita<br />
2 Registo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias antes <strong>de</strong> escrever<br />
3 Apresentação clara da tese a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
4 Modo <strong>de</strong> organizar um texto em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão<br />
5 Articuladores<br />
6 Varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> articuladores<br />
7 Argumentos e exemplos ilustrativos<br />
1 2 3 4<br />
2. Nas aulas, analisámos um texto do professor António Vilas-Boas a que chamámos <strong>de</strong> “texto<br />
mentor”, pois a partir <strong>de</strong>le tentámos tomar consciência <strong>de</strong> certas características textuais que nos<br />
ajudam a construir textos nossos. Como é que esse texto mentor te ajudou a escreveres os teus<br />
textos seguintes?<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________
Colaborar para escrever<br />
3. Usámos também uma grelha para analisares os textos que produziste, primeiro numa fase inicial,<br />
<strong>de</strong>pois, numa fase final. Usando a escala <strong>de</strong> 1 a 4, sendo 1 "nada", 2 "pouco", 3 "bastante" e 4 "muito",<br />
indica o que, em teu enten<strong>de</strong>r, essa tabela permitiu:<br />
1 Compreen<strong>de</strong>res as fragilida<strong>de</strong>s do teu texto<br />
2 Verificares a estrutura que o teu texto <strong>de</strong>veria ter<br />
3 Corrigires alguns erros <strong>de</strong> ortografia e pontuação<br />
4 Fazeres um registo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, o que não tinhas feito<br />
5 Apren<strong>de</strong>res a pensar num leitor do teu texto<br />
6 Orientar-te na reformulação do teu texto<br />
7 Verificares os aspectos que não tinhas referido<br />
1 2 3 4<br />
4. Consi<strong>de</strong>ras útil analisar o teu texto e <strong>de</strong>pois voltar a escrevê-lo? Sim Não <br />
4. 1. Explica a tua resposta.<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
5. Também foram realizadas correcções colectivas <strong>de</strong> algumas das tarefas. Como avalias essas<br />
correcções? Usando a escala <strong>de</strong> 1 a 4, sendo 1 "nada", 2 "pouco", 3 "bastante" e 4 "muito", indica o<br />
que essas correcções te possibilitaram.<br />
1 Perceber alguns dos erros que cometes<br />
2 Corrigir i<strong>de</strong>ias mal compreendidas<br />
3 Utilizar os articuladores correctamente<br />
4 Perceber que escrever não é só jeito, também tem técnica<br />
1 2 3 4<br />
6. Seguindo a escala <strong>de</strong> 1 a 4, sendo 1 "indiferente", 2 "mau", 3 "bom" e 4 "muito bom", classifica os<br />
modos <strong>de</strong> realização das tarefas <strong>de</strong> escrita:<br />
1 Individualmente<br />
2 Em pares<br />
3 Em gran<strong>de</strong> grupo / turma<br />
4 Com a colaboração da professora, enquanto escrevias<br />
1 2 3 4
Colaborar para escrever<br />
7. Indica dois aspectos que consi<strong>de</strong>ras ter aprendido sobre como escrever.<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
8. De todas as activida<strong>de</strong>s realizadas, qual a que consi<strong>de</strong>ras mais importante? Porquê?<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
9. Faz o comentário final que quiseres.<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________________<br />
Obrigada pela tua colaboração!
Colaborar para escrever<br />
Ficha 13<br />
Texto Mentor<br />
Boca do Inferno<br />
Pela dignida<strong>de</strong> do espectador olímpico<br />
Creio que atletas e espectadores olímpicos estão irmanados na mesma<br />
luta, e não ficaria surpreendido se, tal como suce<strong>de</strong> com quem compete em<br />
provas <strong>de</strong>sportivas, também houvesse doping entre quem assiste a elas<br />
16:31 Segunda-feira, 25 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2008<br />
Fala-se muito no empenho dos atletas olímpicos mas quase nunca se refere o esforço dos<br />
espectadores olímpicos. Tal atitu<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser bem pouco <strong>de</strong>sportiva e evi<strong>de</strong>ntemente<br />
<strong>de</strong>srespeitadora do i<strong>de</strong>al olímpico, constitui uma injustiça tremenda. Concedo que os atletas se<br />
preparam durante anos, ao longo dos quais usufruem da liberda<strong>de</strong> e da dieta alimentar <strong>de</strong> um<br />
prisioneiro <strong>de</strong> guerra, mas não é menos verda<strong>de</strong> que eu, durante os Jogos Olímpicos, chego a<br />
adiar o jantar em 10 ou 15 minutos se <strong>de</strong>sejo assistir ao final <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada prova. Como eu,<br />
milhares <strong>de</strong> espectadores fazem o mesmo, <strong>de</strong> quatro em quatro anos, sem uma palavra do<br />
comité olímpico, um incentivo do Governo, nada.<br />
É possível que o leitor, com a levianda<strong>de</strong> que o caracteriza, esteja a pensar que não há<br />
comparação possível entre a tarefa <strong>de</strong> um atleta olímpico e a <strong>de</strong> um espectador pançudo.<br />
A verda<strong>de</strong>, porém, é que um atleta olímpico esforça-se para atingir a glória, ao passo que um<br />
espectador olímpico faz sacrifícios para ser humilhado. Um espectador levanta-se às cinco da<br />
manhã para assistir às provas <strong>de</strong> ginástica apenas para ser envergonhado: enquanto<br />
adolescentes <strong>de</strong> todo o mundo contorcem o corpo sob a supervisão do treinador, o espectador<br />
mal consegue dobrar o cotovelo para levar a cerveja à boca - e é observado apenas pela sua<br />
má consciência. Suponho que o treinador esteja atento aos atletas para conseguir <strong>de</strong>satar<br />
eventuais nós que eles possam dar durante o exercício. Convém ter por perto alguém que<br />
perceba como é que a perna direita da ginasta chinesa foi parar atrás do pescoço, enlaçando<br />
pelo caminho o seu braço esquerdo, os dois pés <strong>de</strong> um atleta húngaro e uma das barras<br />
assimétricas.<br />
Creio que atletas e espectadores olímpicos estão irmanados na mesma luta, e não ficaria<br />
surpreendido se, tal como suce<strong>de</strong> com quem compete em provas <strong>de</strong>sportivas, também<br />
houvesse doping entre quem assiste a elas. Quando percebo que nem a bordo <strong>de</strong> uma lancha<br />
da polícia marítima eu me <strong>de</strong>slocaria na água mais <strong>de</strong>pressa do que o Michael Phelps, fico<br />
<strong>de</strong>primido a ponto <strong>de</strong> me apetecer um Xanax. Quando perceberam que Usain Bolt já tinha<br />
dado três autógrafos quando eles cruzaram a meta, os velocistas que correram a final dos 100<br />
metros com ele <strong>de</strong>vem ter tido vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar uma caixa inteira. Acaba por ser justo, para<br />
que esses atletas percebam o que nós sofremos.<br />
Ao espectador olímpico restam duas ou três consolações. Primeira: sim senhor, estão ali<br />
milhares <strong>de</strong> <strong>de</strong>sportistas impressionantes, mas a Al<strong>de</strong>ia Olímpica <strong>de</strong>ve cheirar a balneário.<br />
Segunda: sim senhor, o Phelps tem passado em todos os testes anti-doping, mas os senhores<br />
do laboratório que lhe examinem o pescoço. Ninguém me convence <strong>de</strong> que o rapaz não tem<br />
guelras. Terceira: sim senhor, o Bolt é rapidíssimo, mas é parvo. As câmaras mostraram que<br />
cortou a meta com os atacadores <strong>de</strong>sapertados. É um <strong>de</strong>scuido injustificável: ele levava<br />
avanço suficiente para parar e apertar os sapatos <strong>de</strong>vidamente.<br />
In: Revista Visão, 25 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2008, Disponível em:<br />
http://aeiou.visao.pt/gen.pl?p=arquivo&sid=vs.sections/23462&dt=2008-08-25<br />
Ricardo Araújo Pereira
Colaborar para escrever<br />
Ficha 14<br />
Direcção Regional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> do Centro<br />
Ficha <strong>de</strong> Trabalho – Auto da Barca do Inferno<br />
ESCOLA SECUNDÁRIA C/ 3º C.E.B.<br />
DR. MÁRIO SACRAMENTO<br />
---------------Cód. 400970--------------<br />
Língua Portuguesa Ficha <strong>de</strong> trabalho Auto da Barca do Inferno<br />
Prof. Teresa Correia<br />
1. Lê o parágrafo e completa-o com as palavras da lista. Indica sinónimos para essas expressões.<br />
O tipo mais __________________ observado e satirizado por Gil Vicente é<br />
__________________ o clérigo, e __________________ o fra<strong>de</strong>, presente em<br />
todos os sectores da socieda<strong>de</strong> portuguesa, na corte e no povo, na cida<strong>de</strong> e na<br />
al<strong>de</strong>ia. Gil Vicente censura __________________ a <strong>de</strong>sconformida<strong>de</strong> entre os<br />
actos e os i<strong>de</strong>ais, pois, __________________ praticar a austerida<strong>de</strong>, a pobreza e a<br />
renúncia ao mundo, busca a riqueza e os prazeres, é espadachim, blasfema, tem<br />
mulher e prole, ambiciona honras e cargos, proce<strong>de</strong>ndo como se a or<strong>de</strong>nação<br />
sacerdotal o imunizasse contra os castigos que Deus tem reservados para os<br />
pecadores.<br />
2. Lê o texto seguinte e<br />
A. J. Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, 17.ª edição, 1996<br />
em lugar <strong>de</strong><br />
especialmente<br />
insistentemente<br />
nele<br />
sem dúvida<br />
2.1. Organiza-o em 5 parágrafos, indicando sumariamente o conteúdo <strong>de</strong> cada, conforme o exemplo.<br />
2.2. Sublinha os advérbios e outros articuladores<br />
2.3. I<strong>de</strong>ntifica a posição crítica <strong>de</strong> Mário Fiúza face a Gil Vicente.<br />
A Alcoviteira é um dos tipos mais interessantes do teatro vicentino. Estas<br />
mulheres <strong>de</strong>dicavam-se a fazer casamentos, a <strong>de</strong>sencaminhar mulheres casadas e<br />
solteiras e a lançar rapariguitas na prostituição. Como esta profissão estava<br />
proibida por lei, para não caírem na alçada da justiça, fingiam que se <strong>de</strong>dicavam a<br />
bordar e a fabricar perfumes e cosméticos. O povo tachava-as <strong>de</strong> bruxas ou<br />
feiticeiras. É o tipo que nos aparece, neste auto, com mais elementos distintivos e<br />
caracterizadores. É um autêntico carregamento <strong>de</strong>les: além das moças que prostituía,<br />
transportava consigo seiscentos virgos postiços, jóias e vestidos roubados.<br />
Para po<strong>de</strong>r montar o negócio no outro mundo, levava ainda uma casa movediça,<br />
um estrado <strong>de</strong> cortiça e <strong>de</strong>z coxins. A linguagem que a Alcoviteira emprega,<br />
nomeadamente com o Anjo, funciona também como elemento distintivo. Trata-se<br />
<strong>de</strong> uma linguagem melíflua, lisonjeira, repleta <strong>de</strong> termos carinhosos, embora<br />
empregados hipocritamente. É <strong>de</strong> notar como a Alcoviteira tenta cativar o Anjo,<br />
chamando-lhe mano, meus olhos, minha rosa, meu amor, minhas boninas, olhos <strong>de</strong><br />
perlinhas finas, etc. Seria certamente com esta lábia que ela conseguia atrair as<br />
jovens à chamada vida fácil. A <strong>de</strong>fesa arquitectada e posta em prática pela Alcoviteira<br />
revela mentira, hipocrisia, <strong>de</strong>scaramento. Consi<strong>de</strong>ra-se uma mártir por ter sido<br />
açoitada diversas vezes e compara a sua missão à dos apóstolos. Chega até a<br />
afirmar que converteu mais moças do que Santa Úrsula, que nenhuma <strong>de</strong>las se<br />
per<strong>de</strong>u e que todas se salvaram. Trata-se <strong>de</strong> uma linguagem ambígua, em que os<br />
1.º §<br />
Alcoviteira - tipo<br />
vicentino mais<br />
interessante e<br />
subterfúgios<br />
para escapar à<br />
justiça<br />
2.º §<br />
3.º §<br />
4.º §
Colaborar para escrever<br />
termos converter, salvar e per<strong>de</strong>r-se, frequentes em textos religiosos, saem dos<br />
seus lábios com um significado chulo. O tipo está bem caracterizado mas Gil Vicente<br />
critica a prostituição e os seus agentes muito superficialmente. Nem sequer alu<strong>de</strong><br />
às causas socioeconómicas que impeliam as moças a prostituírem-se. O nosso<br />
dramaturgo faz uma crítica a nível popular, explorando o pormenor faceto e foge ou<br />
é incapaz <strong>de</strong> estudar os problemas que equaciona com uma certa profundida<strong>de</strong>.<br />
3. Lê os textos A e B e<br />
Mário Fiúza, Auto da Barca do Inferno, edição didáctica, Porto editora, s/d<br />
3.1. Aponta marcas <strong>de</strong> primeira pessoa, completando o esquema / sublinhando com cores diferentes<br />
Pronomes Formas verbais Expressões que apontam para opiniões pessoais<br />
Pessoais Possessivos<br />
3.2. Cada texto <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma tese. Sublinha a frase que a apresenta.<br />
3.3. Indica os argumentos que cada um expõe.<br />
3.4. Sublinha as estruturas que se repetem em cada um.<br />
3.5. Tira uma conclusão sobre a linguagem utilizada por cada autor:<br />
Níveis <strong>de</strong> língua | Campo lexical e campo semântico usados |<br />
Vocabulário apreciativo ou <strong>de</strong>preciativo<br />
A B<br />
Venho por este meio expressar a minha<br />
indignação em relação ao anúncio da Galp<br />
energia <strong>de</strong> Portugal, relativo ao produto Peso<br />
Pluma.<br />
É <strong>de</strong> lamentar que no século XXI, na nossa<br />
socieda<strong>de</strong> (europeia), se continuem a difundir<br />
spots que apelam a atitu<strong>de</strong>s sexistas, como a<br />
que se vê e ouve, quer no anúncio televisivo,<br />
quer no radiofónico, da referida marca. É <strong>de</strong><br />
lamentar que as associações <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos<br />
direitos humanos não se indignem com tais<br />
anúncios. É <strong>de</strong> lamentar que os comentadores<br />
políticos e outros tenham perdido a ousadia <strong>de</strong><br />
se indignarem com o que <strong>de</strong> facto merece<br />
repulsa. É <strong>de</strong> lamentar que não tenha saltado à<br />
vista <strong>de</strong> tantas individualida<strong>de</strong>s políticas e civis<br />
a promoção evi<strong>de</strong>nte do voyeurismo e da<br />
infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> conjugal (para isso, o melhor será<br />
ouvir o anúncio radiofónico).<br />
É <strong>de</strong> lamentar que o spot televisivo tenha<br />
sido galardoado com o Prémio <strong>de</strong> melhor<br />
anúncio publicitário, num <strong>de</strong>srespeito chocante<br />
e gritante da dignida<strong>de</strong> feminina. E por que<br />
razão o anúncio foi retirado tão rapidamente da<br />
televisão, mas continua visível na internet?!!!<br />
Uma telespectadora<br />
5.º §<br />
Acho a publicida<strong>de</strong> da GALP muito lógica:<br />
traduz a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> beleza e leveza.<br />
Acho que era isso que eles queriam fazer<br />
passar. Conseguiram? Acho que sim... Usando<br />
uma garina toda gira? Sim... Sempre é melhor<br />
do que me usarem a mim!!!<br />
E mais do que isso: conseguiram que toda a<br />
gente fale da PLUMA e da GALP. Gran<strong>de</strong> lição<br />
<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>!!!<br />
Curiosamente, não comentas a imagem que<br />
se dá dos homens nesse anúncio (a mandar<br />
bocas, a olhar, a apreciar...). Isso é que é uma<br />
imagem <strong>de</strong>gradante cá dos rapazes. Vê lá se<br />
aparece algum cavalheiro (cavaleiro templário?)<br />
a ajudar a menina. Nã! Os homens são todos<br />
uns feios, porcos e maus que só gostam <strong>de</strong><br />
assobiar às meninas.<br />
Mas se aparecer um "garanhão" todo giro,<br />
com um fato <strong>de</strong> macaco ver<strong>de</strong> a transportar<br />
botijas da BP às costas... já está tudo bem!<br />
E se for uma "manada" <strong>de</strong> tipos "todos bons"<br />
a transportarem cestos <strong>de</strong> fruta para fazer os<br />
iogurtes "ADÁGIO" que umas quantas inocentes<br />
donzelas saboreiam languidamente... também<br />
está tudo bem! Não é publicida<strong>de</strong> feminista!<br />
E quanto ao "spot" radiofónico... Po<strong>de</strong>s crer<br />
que é bem giro. Aquela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> "inventar" uma<br />
reunião para po<strong>de</strong>r estar em casa quando chega<br />
o gás... É <strong>de</strong> mestre!<br />
Um amigo <strong>de</strong> uma telespectadora
Colaborar para escrever<br />
4. Lê o texto C e i<strong>de</strong>ntifica a i<strong>de</strong>ia principal, os articuladores e os argumentos.<br />
C<br />
O Gabinete <strong>de</strong> Apoio aos Provedores e os Telespectadores (GAP) abriu um correio electrónico à<br />
disposição dos Telespectadores, em Agosto 2006. Aqui fica uma das conclusões a que chegaram:<br />
• Tomar todo o cuidado na condução <strong>de</strong> programas livres, como seja o caso dos concursos,<br />
on<strong>de</strong> a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> certas linguagens ou actos choca os telespectadores. Comentário: Ao<br />
longo <strong>de</strong>ste primeiro ano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, o GAP <strong>de</strong>u conta aos responsáveis <strong>de</strong> muitos dos exemplos<br />
apontados pelos Telespectadores. Obviamente que, num programa <strong>de</strong>ste género em antena aberta e<br />
sem teleponto, em que muitas vezes o apresentador animador tem <strong>de</strong> improvisar, é fácil escorregar.<br />
Mas o público, em geral, é implacável e não admite «certas graçolas».
Colaborar para escrever<br />
Ficha 15<br />
Ficha <strong>de</strong> produção textual – Correspondência com o Ministério<br />
Direcção Regional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> do Centro<br />
Língua Portuguesa<br />
ESCOLA SECUNDÁRIA C/ 3º C.E.B.<br />
DR. MÁRIO SACRAMENTO<br />
AVEIRO<br />
Prof. Teresa Soares Correia<br />
Expressão Escrita<br />
A carta que se segue é inventada pela tua professora, tendo em conta as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escrita<br />
realizadas na aula <strong>de</strong> Língua Portuguesa.<br />
Depois <strong>de</strong> a leres, escreve a carta (180 a 240 palavras) que a turma teria enviado para obter esta<br />
resposta. Não te esqueças dos seguintes elementos:<br />
• Remetente • Destinatário • Data • Assunto<br />
• Argumento e contra-argumento<br />
(relê a carta e<br />
sublinha os itens que remetem<br />
para este ponto.)<br />
Lê a carta com atenção e sublinha os argumentos e contra-argumentos.<br />
Equipa responsável pelo Programa <strong>de</strong> Língua Portuguesa<br />
Ministério da <strong>Educação</strong><br />
Lisboa<br />
Turma C do 9.º ano<br />
Escola Secundária C/3 .º C.E.B.<br />
Dr. Mário Sacramento<br />
Av. 25 <strong>de</strong> Abril<br />
3810-199 AVEIRO<br />
Lisboa, 17 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2009<br />
• Fórmula <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spedida<br />
Assunto: Exclusão do Auto da Barca do Inferno do Programa <strong>de</strong> Língua Portuguesa do 9.º ano<br />
Em resposta à vossa carta, cumpre-nos informar que ela teve a nossa mais cuidada<br />
atenção. Começamos por apresentar os nossos cumprimentos a um grupo <strong>de</strong> alunos que tanto se<br />
preocupa com a cultura e com a língua portuguesa. De facto, foi com muito agrado que lemos a<br />
vossa petição, em que revelam um sentido crítico perspicaz, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem a manutenção do<br />
nosso património cultural e linguístico.<br />
Graças aos vossos argumentos, resolvemos pon<strong>de</strong>rar a nossa <strong>de</strong>cisão. Assim, tendo em<br />
conta que Gil Vicente é o pai do teatro português, apesar <strong>de</strong> escrever num português que nem<br />
todos os alunos po<strong>de</strong>rão compreen<strong>de</strong>r, aceitamos que nem o calão <strong>de</strong>ve ser censurado, nem o<br />
texto é tão difícil que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> assistirem a representações ou <strong>de</strong> o terem estudado nas aulas,<br />
os alunos não percebam. Concordamos com a V/ afirmação <strong>de</strong> que o nível cultural dos<br />
portugueses passa também pelo conhecimento dos seus autores mais relevantes. Aliás, o exemplo<br />
que <strong>de</strong>ram é bastante elucidativo: o grupo mais conhecido actualmente (Gato Fedorento) referese<br />
a Gil Vicente no genérico do seu programa. Por fim, a crítica mordaz e sem ro<strong>de</strong>ios é uma boa<br />
maneira <strong>de</strong> formar opinião e <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o sentido crítico dos cidadãos, o que se nota no Auto<br />
em apreço.<br />
Face ao exposto, temos o prazer <strong>de</strong> vos anunciar que a V/ carta foi tida em consi<strong>de</strong>ração<br />
e o Auto da Barca do Inferno <strong>de</strong> Gil Vicente vai continuar no programa <strong>de</strong> Língua Portuguesa do<br />
3.º ciclo.<br />
Com os nossos cumprimentos,<br />
O Coor<strong>de</strong>nador da equipa<br />
_____________________________<br />
(Fulano Sicrano Beltrano)
Colaborar para escrever<br />
REFERÊNCIAS<br />
Bronckart, J.-P. (1996). Activité langagière, textes et discours pour un interactionisme socio-discursif. Paris:<br />
Delachaux et Niestlé.<br />
Pereira, L. Á., & Cardoso, I. (2009). Escrever na aula <strong>de</strong> língua: reconfiguração <strong>de</strong> práticas. In A. I. Andra<strong>de</strong> &<br />
Â. Espinha (Eds.), <strong>Línguas</strong> e <strong>Educação</strong>: uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional em<br />
construção? Livro <strong>de</strong> resumos. Aveiro: <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Aveiro.<br />
Pereira, L. A., Cardoso, I., Cerqueira, A., Correia, T., Martins, B., & Oliveira, A. L. (No prelo). Ensinar a<br />
escrever em vários géneros e em várias línguas. In L. A. Pereira (Ed.), O ensino <strong>de</strong> diferentes<br />
géneros textuais - IV Encontro <strong>de</strong> reflexão sobre a escrita. Aveiro: <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Aveiro.