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Baixe o Livro - poeminflamado

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XII Este poema está presente em outras publicações. Caracteristicamente,<br />

em todas elas encontramos pequenas variações. Em Cafuné, segundo<br />

livro de poemas do autor, há duas pequenas alterações (em relação à versão<br />

d´A Cor da Exclusão, primeira publicação do poema): “punho” no lugar<br />

de “punhos”, além do acréscimo de uma vírgula no décimo verso, como<br />

se vê na página 64.<br />

Já em Luz do Litoral, livro do fotógrafo Mateus Sá – com poemas de<br />

França – a alteração se restringe à adição da vírgula no décimo verso (ver<br />

página 128). Para além disso, a disposição espacial do poema foi bastante<br />

modificada, conferindo um novo frescor à leitura, dinamizando novas<br />

interpretações; e mais: o diálogo do poema com a fotografia de Mateus<br />

Sá (e a realidade ali aprisionada) enriquece ainda mais esse processo de<br />

ressignificação, articulando outros lugares no discurso do poeta.<br />

XIII Em material audiovisual captado por Fernando Peres, podemos<br />

acessar a brincadeira, a reordenação, a recriação, a ressignificação, a provocação<br />

orquestradas pelo poeta, em sua própria obra, quando em ação,<br />

em performance. Segue, abaixo, transcrição de vídeo presente no DVD,<br />

feito em julho de 2007, no já referido festival:<br />

“Agora / o rei e a batalha se oferecem / por vias, atalhos e mares / Agora<br />

/ a flor e o fruto se oferecem / por osmose, simbiose, frutose. / Absalão,<br />

Absalão! / amarra teu cabelo / bem no meio da tua mão / Parabólicos,<br />

guarda-chuvas, para-raios / Até quando seremos mercadorias?”<br />

XIV Este poema também nos é apresentado oralmente no DVD, na já citada<br />

performance de 1996, em imagens feitas por Jeferson Luiz. A versão falada<br />

traz notórias diferenças, principalmente no desfecho do poema, em relação<br />

à versão de 1998, escrita. Abaixo, segue transcrição da performance:<br />

“Nenhum de nós dois / Tem a ciência do laço / Nem no manejo do ato<br />

/ Nem no desacato da forca / Mas para morrer de morte certa / em<br />

caso de tentativa / bastar-nos-ão os nós nas nossas próprias gargantas<br />

/ Ou então a explosão dos nãos / Mesmo sem haver perguntas<br />

/ Ou então pode-se apodrecer a dois / Lentamente / Depois de um<br />

lauto jantar / A camarão decomposto e vinagre de vinho branco /<br />

Tudo isso / Á luz da televisão / e então o tédio entrou / instalou-se na<br />

poltrona / Fez buM! / enchendo toda a casa com um cheiro bom /<br />

e afastando de nós dois, definitivamente, / essas ideias de suicídio.”<br />

XV Poema bastante difundido oralmente, foi duplamente intitulado<br />

pelo autor: ABCdecadente ou ABCDcadente. O caminho traçado pelo poema<br />

traduz a força da transmissão oral do conhecimento: muitos espectadores/interlocutores<br />

dos recitais sabiam-no de cor sem nunca o terem<br />

acessado pela leitura.<br />

E, nesse caminhar, o poema foi sofrendo algumas modificações. Nos<br />

últimos tempos, o poeta costumava recitá-lo assim como registrado no<br />

DVD incluso nesta publicação, em imagens cedidas pela jornalista Bárbara<br />

Cristina (em entrevista do poeta para o filme Onde estará a Norma?, sobre<br />

o poeta Miró) e também pelo programa Som da Sopa, realizado e veiculado<br />

em Pernambuco pela TV Universitária (direção de Eduardo Homem<br />

e apresentação de Roger de Renor) em ocasião do já mencionado Chá<br />

das Cinco, em Garanhuns, 2007. Após assisti-los, observa-se que, numa<br />

análise comparativa entre o registro escrito e os registros orais do poema,<br />

há indicação de alterações vocabulares nos 11º, 17º, 18º e 26º versos. Os<br />

registros audiovisuais nos mostram essa variação, que seguem respectivamente:<br />

Jesus, Judas, jogam, jantam juntos; Pretos, pobres, pedem pão.<br />

Povos põem panos quentes & Pobres pedem pão. Povos, pastores, padres<br />

põem panos quentes; Quem quer querelas? Querelas quentinhas, quem<br />

quer?; Universidades... Vomitemo-as. Vomitamo-as!!.<br />

Há outro registro do poema, este feito por Fernando Peres, e remete<br />

ao mesmo ano dos vídeos anteriores. A alteração refere-se ao 11º verso:<br />

“Jesus, Judas, jogam, jantam, jejuam juntos”<br />

Há ainda dois registros mais antigos. No primeiro, feito por Jeferson Luiz<br />

em ocasião da primeira performance d´A Cor da Exclusão, em 1996, o poeta<br />

profere a versão mais antiga a que tivemos acesso. Nota-se que a versão<br />

que segue foi revista, nela foram operadas muitas substituições vocabulares<br />

e, principalmente, adicionados alguns elementos e até versos inteiros.<br />

“Arde ávida a acidez / Arranha, bale, bole, berra brutalmente / corre<br />

calado cúmplice cão / cujos dentes dignos de devoção / Decerto<br />

enfrentam espadas e esporas / enquanto famintos furiosos felinos<br />

/ Grudam-lhe garras grossas / hoje hospedam homeros, horácios<br />

/ imponentes igrejas, idiotas igrejas / Jejuns, jogos, juras, jantam<br />

juntos / e loucos lamas lêem livros lúcidos / Mas mestres místicos<br />

metem medo / No ninho nascem noivas néscias / e outras ostras<br />

ocultam pérolas, porém / Pretos pedem pão. Padres põem panos<br />

quentes. / Quentes. Quentes. / Quem quer querelas? Quem, quem?<br />

/ rotulam reggaes, rejeitam rocks / súbito surgem sangrentas sar-<br />

194<br />

Poeminflamado<br />

Notas<br />

195

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