19.04.2013 Views

Baixe o Livro - poeminflamado

Baixe o Livro - poeminflamado

Baixe o Livro - poeminflamado

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“De tanto plantar-me à porta, insistente / Me expele um dia no leito<br />

de um rio / e o vento me arrasta / qual barco à vela / Às portas dos<br />

mares pororoca primeira / Que dentro de mim explode em fogueira”<br />

XXII A comparação entre as versões (escrita e orais) deste poema nos oferece<br />

um exemplo das sutis transgressões que o poeta operava em sua própria obra:<br />

ao sabor dos recitais, das apresentações, do improviso, da memória, da oralidade.<br />

Seguem, abaixo, duas transcrições de performances do poeta – presentes<br />

no braço audiovisual desta publicação – relativas a versões do poema em<br />

comento. A primeira remete ao ano de 1996, em apresentação já mencionada<br />

d´A Cor da Exclusão, filmada por Jeferson Luiz, e segue transcrita abaixo:<br />

“Quero parar / esta água salgada / Que cai no meu dente / e entre / e vai<br />

desaguar no leito do peito / Deus sabe não cabe / Na alma tão<br />

calma / essa gota de neve / Tão leve, tão neve / Mas que rola, vira<br />

bola, mirabola/ Amarga água, amarga ida, amarga vida / A mais<br />

garrida, / A mais garrida,/A mais garrida, / Ai, Margarida!”<br />

A segunda remete a uma versão falada no ano de 2007, transcrita abaixo<br />

tal e qual recitado pelo poeta em Garanhuns, no já mencionado recital Chá<br />

das Cinco, em imagens cedidas pelo programa Som da Sopa (TV Universitária):<br />

“Quero / parar / ess´água / que cai / no meu dente / e entre / e<br />

entra / e vai desaguar direito / no leito do meu peito / Deus sabe /<br />

não cabe / na m´alma / tão calma / essa gota / não leve / não breve<br />

/ não neve / que rola / vira bola / mirabola / me enrola / Amarga<br />

água / amarga vida / a mais garrida / Ai, Margarida!”<br />

XXIII Na primeira edição da Agenda da Vida (2000) este poema apresenta<br />

mais um verso, entre os oitavo e nono versos da versão da presente edição.<br />

Esta adota a forma de todas as demais publicações do poema em questão, que<br />

parecem respeitar a supressão do referido verso, que segue: “Nem de sóis decadentes”<br />

XXIV Há uma versão deste poema no DVD incluso a esta publicação, referente<br />

à já citada performance de 1996, filmada por Jeferson Luiz. Nota-<br />

-se que esse poema não foi incluso no livro A Cor da Exclusão, tendo sido<br />

“publicado”, por escrito, somente com o advento das Agendas da Vida.<br />

Segue, abaixo, a referida versão oral transcrita. Percebe-se, por análise<br />

comparativa, que a versão da agenda foi pontualmente reformulada.<br />

“Mulheres. / há mulheres surpreendentes / com ares de inteligentes<br />

/ e me olham dos seus dentes / como se eu fosse um demente<br />

/ eu lhes digo, entrementes / Ao vê-las, posso lê-las / Ao<br />

lê-las, aprendê-las / Apreendê-las / compreendê-las / escolhê-las /<br />

e comê-las / como? / como quando como estrelas.”<br />

XXV A primeira edição das Agendas da Vida (2000), assim como foi visto,<br />

apresenta-nos alguns poemas que sofreram modificações para entrar em<br />

posteriores publicações. Fruto dessa revisão foi também o poema iniciado<br />

pelo verso “Cadê o seu cartão?”. Em sua primeira publicação, o sexto verso<br />

foi apresentado sob a seguinte forma: “é lícito. é usual”; ademais, o nono<br />

verso inexistia.<br />

XXVI Em sua primeira aparição, através da Agenda da Vida de 2000, este<br />

mesmo poema circulou sob outra forma. Após análise comparativa, ficam<br />

evidentes a reforma da disposição dos versos e a supressão recorrente de<br />

uma pontuação regular. Nesse caso, esses detalhes configuram uma mudança<br />

no ritmo, mas, principalmente, no caráter visual do poema – seara<br />

em que, nos poemas de França, a escrita à mão de Sil interferia com livre<br />

arbítrio. Segue a primeira versão abaixo:<br />

Flor de cactus. Perdido no sertão, / bebo a sua água, como do seu<br />

pão, / ‘te vejo como o fogo do cometa que caiu, / te sinto como o<br />

broto de bambu / que escapou da cobiça do chinês / te quero como<br />

uma figurinha / que se coleciona dia a dia / Te amo. e não sei dizer<br />

como: / se mãe, se filho, ou simplesmente / pelo teu jeito de rir teu<br />

riso / Ainda não conheces a vida / e ai de mim, aprendiz do teu /<br />

Jeito de rir. De só ser / De só querer...<br />

XXVII Há duas versões orais desse poema no DVD anexo a esta publicação.<br />

A primeira foi registrada por Jeferson Luiz e é referente à já<br />

comentada performance de 1996 d´A Cor da Exclusão; a segunda remete<br />

ao ano de 1997, quando da performance feita na festa de lançamento<br />

do livro Quarto de Ofício. Após análise comparativa das versões<br />

orais com a escrita, percebe-se que para retextualizar o poema para<br />

o papel, França “enxugou” o mesmo, além de refazer algumas escolhas<br />

lexicais e modificar drasticamente o seu final. Seguem, abaixo, as<br />

198<br />

Poeminflamado<br />

Notas<br />

199

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!