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Nossa Senhora da Coroa (XXX) Itália - Maria Mãe da Igreja

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<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Coroa</strong><br />

(<strong>Itália</strong>)<br />

Em um convento dos Menores, na <strong>Itália</strong>, tomou o hábito de noviço um virtuoso<br />

moço muito devoto de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong>, a cujo serviço desejava muito entregar-se.<br />

Quando ain<strong>da</strong> no mundo, ele tinha o costume de, na primavera, colher flores<br />

nos campos e jardins, <strong>da</strong>s quais fazia uma coroa ou grinal<strong>da</strong> para coroar uma<br />

imagem de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> que tinha em seu oratório. Tendo tomado o hábito,<br />

achou-se com mais estreitas obrigações de servir a Deus, por isso se esmerava mais<br />

em exercícios espirituais, e com maiores fervores nos obséquios a <strong>Maria</strong> Santíssima,<br />

que tinha elegido por sua especial protetora. Chegou, porém, a primavera, e não se<br />

esquecendo de sua antiga ocupação, sem pedir licença ao mestre dos noviços, saiu<br />

do convento para colher flores com que pudesse tecer a coroa para <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong>.<br />

O mestre apanhou-o nesta ocupação, ou nesse devoto furto, e repreendeu-lhe o<br />

arrojo de sair do noviciado sem licença. O noviço ficou muito sentido, porque, tendo<br />

declarado a intenção com que colhia as flores, não lhe foi releva<strong>da</strong> a culpa, e,<br />

julgando estar no seu direito, repetiu o furto <strong>da</strong>s flores, pelo que o mestre, em vista de<br />

sua indiscreta obstinação, o mortificou com aspereza.<br />

O demônio, que tanto se desvela na perdição <strong>da</strong>s almas, e principalmente<br />

<strong>da</strong>quelas que elegeram o caminho <strong>da</strong>s divinas justificações, lhe arrojou no coração a<br />

sugestão de deixar o hábito, com a tentação de que no convento mal poderia<br />

esperar progresso na virtude, uma vez que lhe impediam os fervores de sua devoção.<br />

E assim começava a duvi<strong>da</strong>r de sua vocação, por não compreender que sua<br />

devoção, com aquele apego, deixava de ser virtude e passava a ser ato de sua livre<br />

vontade. Todo gênero de virtude que se inclina às exteriori<strong>da</strong>des e faz pé em<br />

devoção sensível vive muito arriscado, se o não governa a prudência.<br />

Acossado e aflito por suas imaginações, o noviço se rendeu à tentação de<br />

despir o hábito, ain<strong>da</strong> que a memória dos fervores de sua vocação lhe servisse de<br />

tormento. Antes, porém, de executar sua resolução, foi despedir-se de <strong>Maria</strong><br />

Santíssima, visitando uma imagem sua para a qual fazia a coroa de flores. Posto de<br />

joelhos, queixou-se, com muitas lágrimas, de sua pouca sorte.<br />

A <strong>Mãe</strong> de misericórdia, compadeci<strong>da</strong> de ver caminhar para a perdição esse<br />

enganado moço, ain<strong>da</strong> que sua boa intenção e ignorância o escusassem <strong>da</strong> culpa,<br />

dignou-se de lhe falar desta forma: “Aonde caminhas, miserável? Cui<strong>da</strong>s assegurar a<br />

teu favor a minha pie<strong>da</strong>de, voltando as costas a meu Filho, arrebatando assim do seu<br />

altar o sacrifício que de ti lhe tinhas feito? O obséquio que me fazias, coroando de<br />

flores a minha imagem, foi a meus olhos muito agradável, enquanto tinhas livre a tua<br />

vontade, porém, agora, porfiando nesse obséquio, faltas à obediência, portanto não<br />

pode agra<strong>da</strong>r-me a tua coroa de flores, porque na Casa de Deus é mais preciosa a<br />

obediência que o sacrifício. Porém, porque o teu erro não é malicioso, senão de<br />

ignorância, não quero que voltes as costas à tua vocação, e vou ensinar-te a fazeres<br />

uma coroa, não de flores que murcham, mas de orações, que muito me agra<strong>da</strong>m. E<br />

esta coroa será de muito maior estimação do que se ma ofereceras de pedras<br />

preciosas. Comporás esta coroa de sete dezenas, em que repetirás a oração com<br />

que me saudou o anjo, quando me deu a embaixa<strong>da</strong> de que Deus me havia elegido<br />

para <strong>Mãe</strong> de seu Unigênito Filho. Na primeira dezena de ave-marias, com o pai-


nosso, meditarás o inefável gozo que teve meu coração na Conceição do Divino<br />

Verbo em minhas puríssimas entranhas; na segun<strong>da</strong> dezena reverenciarás o gozo que<br />

tive na apressa<strong>da</strong> jorna<strong>da</strong> que fiz pela montanha, para visitar minha prima Isabel e<br />

tirar ao abismo <strong>da</strong> culpa o seu filho, o Batista; a terceira consagrarás com fé viva às<br />

felici<strong>da</strong>des de meu parto, em que o Todo-Poderoso me enriqueceu com a felici<strong>da</strong>de<br />

de <strong>Mãe</strong>, conservando intacta a flor de minha virginal pureza; a dezena seguinte<br />

oferecerás em reverência <strong>da</strong> suma alegria que teve minha alma, vendo prostra<strong>da</strong><br />

aos pés de meu Filho a cega gentili<strong>da</strong>de, representa<strong>da</strong> por seus três Reis Magos; a<br />

quinta dezena consagrarás ao grande prazer que tive achando no templo o meu<br />

Jesus perdido, em cuja breve ausência foi imperdoável a minha dor; a sexta, ao gozo<br />

que teve minha alma na Ressurreição do meu amado Jesus, sendo eu a primeira e a<br />

mais privilegia<strong>da</strong> no gozo de suas glórias, por ter sido aquela que teve a maior parte<br />

na acerbi<strong>da</strong>de de suas penas; a sétima dezena, enfim, consagrarás ao meu<br />

felicíssimo trânsito e à minha gloriosa coroação como Rainha dos Anjos e dos<br />

homens. Esta é a coroa (que me podes oferecer) do meu maior agrado, e para ti, de<br />

maior merecimento”.<br />

Ficou o noviço cheio de confusão como de gozo. De confusão, por ser alumiado<br />

do seu passado erro com tão soberano magistério; de gozo, por ficar sabendo o<br />

modo seguro de granjear os agrados e a graça <strong>da</strong> <strong>Mãe</strong> de Deus, a que reverenciava<br />

com amor terníssimo, e, agradecido, pôs-se logo a executar a ordem que a Virgem<br />

Santa lhe havia <strong>da</strong>do.<br />

O mestre, que zeloso o an<strong>da</strong>va espiando, vendo-o ajoelhado no oratório diante<br />

de <strong>Maria</strong> Santíssima, ficou reparando nele com cui<strong>da</strong>do e viu que um anjo, a ca<strong>da</strong><br />

ave-maria que rezava o noviço, ia colhendo de sua boca uma rosa e a ia atando em<br />

um fio de ouro, que tinha nas mãos, e chegando ao pai-nosso colhia uma açucena e<br />

atava-a ao mesmo fio. Assim o esteve espiando até que o noviço acabou sua<br />

devota oração, e o anjo, formando então de to<strong>da</strong>s as rosas e açucenas ata<strong>da</strong>s uma<br />

formosa grinal<strong>da</strong>, colocou-a na cabeça do noviço.<br />

Pasmado o mestre de visão tão maravilhosa, entrou no oratório e,<br />

desaparecendo a visão, ordenou ao noviço que referisse o que fazia e tudo que<br />

havia passado em seu recolhimento. Referiu ele com humil<strong>da</strong>de o sucesso e pediu<br />

perdão pela rebeldia com que havia desobedecido a suas ordens.<br />

Divulgado esse favor de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong>, começou-se a designar aquela santa<br />

imagem com o título de <strong>da</strong> <strong>Coroa</strong>, e à sua imitação se fizeram outras imagens a que<br />

se deu o mesmo título.

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