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NUMERO 66 — ANNO XVIII — OUTUBRO DE 1940 —PREÇO 5$000

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O/V^<br />

W M o<br />

<strong>NUMERO</strong> <strong>66</strong> <strong>—</strong> <strong>ANNO</strong> <strong>XVIII</strong> <strong>—</strong> <strong>OUTUBRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>1940</strong> <strong>—</strong>PREÇO <strong>5$000</strong><br />

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íllustrDfõo<br />

Scasít jaca<br />

<strong>OUTUBRO</strong> NUMÊRÕ~<strong>66</strong><br />

<strong>DE</strong> <strong>1940</strong> <strong>ANNO</strong> <strong>XVIII</strong><br />

MENSARIO EDITADO PELA<br />

SOCIEDA<strong>DE</strong> ANONYMA "O MALHO"<br />

Oswaldo de Souza e Silva<br />

Directores: Antonio A. de Souza e Silva<br />

Jorge Santos<br />

Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34<br />

Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419<br />

Tels.: 23-4422 e 22-8073 <strong>—</strong> End. Tel. OMALHO<br />

Caixa Postal 880 <strong>—</strong> RIO <strong>—</strong> BRASIL<br />

PREÇO DAS ASSIGNATURAS :<br />

BRASIL, paizes das Ame- <strong>DE</strong>MAIS<br />

ricas e Hespanha PAIZES<br />

12 mezes 60$000 70$000<br />

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Remessa sob registro postal<br />

N U M E R O A V U L S O 5 ( 0 0 0


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I<br />

L<br />

„nmiiillllillUiUliUlii^'<br />

A COLLABORAÇÃO IN-<br />

DUSTRIAL E CCMMERCI-<br />

AL NA CONSTRUCÇÃO E<br />

INSTALLAÇÕES DA CASA<br />

DO J O R N A L I S T A<br />

Não nos foi possive! publicar nesta edição, co-<br />

mo haviamos annunciado no numero anterior, os<br />

informes e dados sobre a collaboração indus-<br />

trial e commercial prestada á construcção e<br />

Installações da "Casa do Jornalista", o que fa-<br />

remos no proximo numero de "lllustração Bra-<br />

sileira".<br />

O CONSELHO <strong>DE</strong>LIBERATIVO DA A. B I. EN-<br />

VIA CALOROSO TELEGRAMMA <strong>DE</strong> AGRA-<br />

<strong>DE</strong>CIMENTOS Á "ILLU ST RAÇÃO BRASILEIRA"<br />

Por motivo da completa e amplamente illustra-<br />

da reportagem que "lllustração Brasileira" pu-<br />

blicou no numero anterior sobre a Casa do Jor-<br />

r^Üsta, focalisando sua explendida situação<br />

actual, com uma séde que faz honra á nosáa ci-<br />

vSiisação e constitue um motivo de curiosidade<br />

e um ponto de visita obrigatorio para todos oá<br />

viajantes illustres, recebemos do Conselho De-<br />

iberativo da A. B. I. o caloroso telegramma de<br />

agradecimentos que aqui transcrevemos, desva-<br />

necidos :<br />

"Oswaldo de Souza e Silva <strong>—</strong> Rio <strong>—</strong> Prazero-<br />

samente communico-lhe que, na reunião de hoje<br />

do Conselho Deliberativo, foi apresentada e<br />

approvada unanimemente a seguinte proposta :<br />

"Proponho que a Associação Brasileira de Im-<br />

prensa officie ao seu illustre 2.° vice-presidente,<br />

Sr. Oswaldo de Souza e Silva, apresentando fe-<br />

licitações pela iniciativa benemerita da bella re-<br />

portagem da "lllustração Brasileira", em torno<br />

da "Casa dos Jornalistas", mais um assignalado<br />

e expressivo testemunho da sua dedicação <strong>—</strong><br />

Herbert Moses", sendo subscripta por Hugo<br />

Barreto, Mario Tarquinio de Souza, Raul Peder-<br />

neiras, Leão Padilha, Mario Nunes, Orlando<br />

Dantas, Maroi Domingues, Satyro Rocha, Joce-<br />

lyn Santos, Alvaro Brandão da Rocha, Gastão<br />

de Carvalho, Jarbas de Carvalho, Martins Ca-<br />

pistrano, Heitor Beltrão, Bastos Tigre, Jorga<br />

Maia, Oscar Fagundes e Hélio Silva".<br />

WS<br />

•<br />

1<br />

Filmar é tão fácil como<br />

fazer photographias ...<br />

r<br />

Eum engano pensar que só os paes ricos<br />

podem desfruetar o prazer de perpetuar<br />

nos films de cinema, as historias e alegrias<br />

de seus filhos! Quem tem uma Kodak pode<br />

ler uma Cine-Kodak 8, e fazer maravilhosos<br />

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0maquillage torna-sc mais natural, mais attrahentc,<br />

mais perfeito, quando applicado sobre<br />

esta base, crcação de MADAME RUBINSTEIN.<br />

Alem disso, a base "Cidade e Campo" é grande-<br />

mente recommendada por conservar a pintura du-<br />

rante maior espaço de tempo. Neila, a Snra. en-<br />

contrará a base ideal para o pó, e um tratamento<br />

de belleza diário. E, convém lembrar, o toque<br />

final na sua belleza, depende do completo maquil-<br />

lage HELENA RUBINSTEIN, em tonalidades es-<br />

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A PAYSAGEM DO NOSSO LITTORAL<br />

Do extremo septentrional, do Cabo Orange, na foz de Rio<br />

Oyapoc, que separa o Brasil da Guyana Franceza e do extre-<br />

mo meridional, na barra do Rio Cluiy, divisória com o Uru-<br />

guay, o littoral do Brasil desenvolve-se com infinita variedade.<br />

A Oeste dessa trajectória, a costa brasileira articula-se de mo-<br />

dos diversos, ora em extensos terrenos pouco sinuosos, ás ve-<br />

zes quasi rectileneos, de aspecto uniforme, ora alongando-se<br />

o contorno littoraneo pelas avançadas do solo para o mar, em<br />

simples saliências, ou em forma de alcantilados promontorios,<br />

e com recortes para dentro das terras, em forma de golfos,<br />

abrindo-se e alargando-se para o mar, de estuários de seus es-<br />

coadouros de lagunas, de enseadas agitadas pelos ventos, seja<br />

pelo accidentado das suas margens, seja pelos bancos das<br />

areias, parceis rochosos e ilhotas, de bahias mais ou menos<br />

espaçosas, accessiveis á navegação atravez de canaes ou por<br />

entre ilhas. Ao alinhamento de 5.864 kilometros da costa<br />

brasileira, desde o Cabo Orange até a Barra do Chuy, cor-<br />

responde a extensão effectiva de 9.200 kilometros. E para<br />

tal resultado, concorrem os vastos estuários fluviaes, asseme-<br />

lhando-se a golfos marítimos, na Zona Equatorial, accrescen-<br />

tando-se na Zona Sub-tropical, as Bahias de Todos os San-<br />

tos e Guanabara, o tracto costeiro em volta de Cabo Frio e o<br />

comprehendido entre os promontorios de Guaratiba e de<br />

Cairuçú, no Rio de Janeiro e no Districto Federal, e na Zona<br />

Temperada, o littoral do Paraná e Santa Catharina.<br />

A PORORÓCA<br />

Phenomeno de continuo observado no Amazonas, é a Poro-<br />

roca, como o denominavam os indios, frequente no trecho do<br />

estuário, entre Macapá e o Cabo do Norte, onde a embocadura<br />

está estreitada por ilhas, repetindo-se elle mais a meude em<br />

frente a foz do l\io Araguaya. Nesse ponto, nas proximidades<br />

da Lua Nova, o mar attinge a maior altura e em alguns mi-<br />

nutos apenas. Ouve-se á distancia o mugido, que annuncia<br />

a approximação da pororoca. O ruido cresce á medida que o<br />

phenomeno se avizinha e apresenta-se em breve uma onda<br />

alta de 4 a 5 metros de altura, seguida logo após, de segunda,<br />

terceira e as vezes quarta, occupando toda a largura do canal.<br />

Passadas essas vagas, que destroem tudo quanto encontram,<br />

á maré torna-se regular.<br />

MOVEIS FINOS<br />

COLLECÇÕES <strong>DE</strong> LUXO, <strong>DE</strong> BOM<br />

GOSTO, POR PREÇOS MODICOS<br />

RENASCENÇA<br />

C A T T E T E , 55 a 59


O GERMEN DA PRIMEIRA<br />

CONSTITUIÇÃO NACIONAL<br />

Elevado ao ministério, José Bonifacio<br />

referendou o Decreto de 16 de<br />

Fevereiro de 1822, convocando<br />

"um Conselho de procuradores geraes<br />

das Províncias do Brasil, que<br />

as representem internamente". A<br />

esse Conselho competia examinar<br />

os grandes projectos de reforma da<br />

administração do Estado, propor<br />

medidas para bem do Reino Unido,<br />

prosperidade do Brasil e das suas<br />

Províncias.<br />

O XINGU'<br />

O Xingu é rio caudaloso, que<br />

dcsce das chapadas a Nordeste<br />

de Cuyabá, mais encachoeirado<br />

do que o Tapajóz, corre a entrar<br />

no Amazonas, perto de Porto de<br />

Moz. Nessa parte inferior do seu<br />

curso, offerece o aspecto de mar<br />

dagua doce, tanta é a sua largura,<br />

que varia de 4.800 a 8.000 metros<br />

e a sua profundidade de 17 a 44<br />

metros. Na confluência do Tucuruhy,<br />

o Xingu faz grande curva de<br />

Oeste para Este, até a embocadura<br />

do Amaurahy. Dessa curva para<br />

montante, o rio tem a largura de<br />

algumas milhas e a velocidade da<br />

corrente é de mais de 67 metros por<br />

minuto.<br />

A PRIMEIRA ACA<strong>DE</strong>MIA<br />

LITERARIA DO BRASIL<br />

O Brasil, o mais intellectual paiz<br />

da America Latina, sempre sentiu<br />

a maior attracção pela vida literaria.<br />

Quando não havia no território<br />

brasileiro, uma só typographia,<br />

tentou-se o estabelecimento cie<br />

uma Academia Literaria. Isso occorreu<br />

no governo do conde de Rezende,<br />

de 1790 a 1801. Essa tentativa<br />

foi de curta duração, devido á<br />

atroz perseguição politica, de que<br />

foram victimas os que se lhe haviam<br />

filiado.<br />

ORIGENS DA INSTRUCÇÀO<br />

PUBLICA<br />

Até meados do século XYIII, o<br />

que mais fazia a metropole era<br />

subsidiar os collegios, como subsidiava<br />

os conventos. O bispo D.<br />

Antonio de Guadalupe fundou em<br />

1739, no Rio de Janeiro, dois seminários<br />

de orphãos, o de São Pedro e<br />

o de São José. No Seminário de<br />

São Pedro, funccionaram logo aulas<br />

de primeiras lettras, doutrina<br />

christã, de latim e de musica. O de<br />

São José, que recebeu estatutos<br />

em 3 de Maio de 1740, tinha aulas<br />

de latim, philosophia, theologia<br />

moral e dogmatica, lithurgia e cantochão.<br />

Em 1751, começou-se a<br />

edificar o Seminário da Lapa, no<br />

qual funccionaram aulas de canto e<br />

de latim.<br />

BOM GOSTO<br />

ELEGÂNCIA<br />

TORRE<br />

EIFFEL<br />

Ru« do Ouvidor,<br />

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A está criança lhe<br />

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Os nenés desenvol-<br />

vem-se notavelmente<br />

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Praça<br />

UMA das grandes figuras artisticas de<br />

São Paulo é o prof. João Baptista<br />

Ferri, um esculptor que soube unir á<br />

originalidade de concepção o mais apu-<br />

rado senso artístico.<br />

Suas obras começam a ornamentar os lo-<br />

gradouros públicos de S. Paulo, sendo ad-<br />

miradas pelo vigor da execução e peia<br />

belleza da inspiração.<br />

Aqui apresentamos photographias de al-<br />

gumas estatuas do professor João Baptista<br />

Ferri, através das quaes podemos apreciar<br />

a força desse artista de que S. Paulo tão<br />

justamente se orgulha.<br />

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<strong>DE</strong> JOIO BAPTISTA FERRI<br />

"Guanabara" <strong>—</strong> granito branco<br />

de Mauá, executada para o Largo<br />

do Arouche, em São Paulo


'Ir.dio Caçador", outro bello trabalho de João Baptista Ferri<br />

O iNDIO E O TAMANDUÁ-BAN<strong>DE</strong>IRA<br />

O Prefeito da Capita! Paulista, Dr. Prestes Maia, mandou collocar<br />

na Praça Marechal Deodoro esta estatua, que mede 2 metros<br />

de altura, obra do conhecido esculptor Ricardo Cipicchia,<br />

executada em bronze,<br />

• • • « . «. %<br />

4 • • * * •<br />

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• 4 • ' V/'


BONITA<br />

ND scenano maravilhoso do Rio, a Gávea dá uma<br />

rece erguer-se do mar, levantando o dorso eriçado<br />

nota singular de grandiosidade. A montanha pade<br />

mattas e de grandes pedras núas, até as primeiras<br />

nuvens do céo. E por detrás da primeira montanha,<br />

erguem-se ou\ras e ouUas. Esta é a Pedra Bonita. No<br />

fundo, o Pico da Tijuca. Mais além... A cadeia gigantesca<br />

perde-se na névoa do horizonte.


A. AUSTREGÉSILO<br />

D a A c a d e m Bras eira<br />

O<br />

bem pode ser objetivo, ou natura! e subjetivo, ou moral. O<br />

Bem físico, manifesta-se pela sensibilidade orgânica, e resume-se<br />

ao prazer físico, e às vezes à felicidade vital. Muitos<br />

querem identificar e outros separar o bem do prazer. Estão unificados,<br />

ao menos ligados pela mesma noção objetiva e subjetiva. C prazer<br />

quase sempre acompanha o bem em qualquer das suas modalidades.<br />

Não vale a pena transcrever as opiniões metafísicas de Aristóteles,<br />

Descartes e outros acerca das diferenças e graduações entre Bem e<br />

Prazer, e entre Bem e Felicidade.<br />

O bem encarado na esféra subjetiva, é<br />

atitude piedosa e religiosa, em síntese<br />

tendência à perfeição.<br />

O bem individual confunde-se com o<br />

a virtude, a boa ação, a<br />

o resumo da ética que é a<br />

prazer, isto é, com estados<br />

orgânicos cenestésticos de euforia e que se resume ao estado de tensão<br />

média vital dos orgãos. Em todos os animais superiores as condições<br />

de alegria ou de prazer físicos podem-se perceber ou auferir.<br />

No homem as circumstâncias do prazer, da alegria e da felicidade,<br />

manifestam-se pelas representações mentais que dái surgem.<br />

A tendência humana é para apurar somente o bem moral ou espiritual,<br />

porque o bem físico logo é esquecido, pela pouca influência<br />

que desperta na mentalidade ou no sentimentalismo.<br />

Biologicamente falando a saúde é o mais representativo de todos<br />

os bens e só quando o corpo se acha em boas condições e espírito<br />

também se acha assim. O espírito é o reflexo do corpo, que per<br />

sua vez é governado pelo espírito, em harmónico círculo vicioso.<br />

O bem espiritual pôde ser dado pela arte, pela ciência, ou pe'a<br />

religião. A estética e a religião conduzem frequêntemente o espírito<br />

para os gozos que se imaginam. E' porém, do domínio dos sentimentos<br />

que o homem goza e sofre, quer dizer, encontra a dor e o<br />

prazer, o bem e o mal. As próprias idéas só fazem gozar ou sofrer<br />

quando são amalgamadas aos sentimentos ou afetos, constituindo o<br />

máximo da vihração espiritual, isto é, as idéas-forças de Fouillée.<br />

Bem, Prazer e Felicidade, misturam-se, condensam-se, unificam-se<br />

de acordo com o conceito que cada indivíduo faz da vida.<br />

Os elementos materiais do bem, do prazer ou da felicidade, só<br />

valem quando atravessam o limiar da espiritualidade e aí se demoram,<br />

se transformam e se sublimam.<br />

A polorização das idéas-sentimentos, na dor e no prazer, sintetizam<br />

a noção subjetiva do desfortúnio e da felicidade, e criam as<br />

filosofias, que se resumem às duas grandes classes pessimistas e<br />

otimistas, ou ainda melhor, queixosos e conformados, porque o otimismo<br />

termina na conformação da harmonia da natureza, e no pequeno<br />

saldo de prazer sobre a dór humana.<br />

A noção do prazer como consequência do bem, é para Spencer<br />

ligada à utilidade biológica ou moral. Os fisiologistas creem, como<br />

Feré que as sensações agradaveis se acompanham, do aumento da energia<br />

vital, enquanto que as desagradaveis se acompanham de desintegração.<br />

A sensação do prazer resolve-se pois, na sensação da potência<br />

orgânica, e a de desprazer em incapacidade. Esta é a maneira de<br />

pensar de Darwin, Spencer, Dumont, Bain e outros.<br />

Não podemos abstrair nenhuma condição do prazer do organismo<br />

em si. O próprio prazer sentimental pôde ser artificialmento<br />

produzido por drogas e tóxicos. A um indivíduo profundamente entristecido,<br />

ou sofredor de males físicos, ou morais, podemos modificar<br />

o estado de sofrença, ou de melancolia, pela ingestão, inoculação,<br />

aspiração, ou injeção de produtos anodinos, estupefacientes<br />

ou soporíficos, como o álcool, a morfina, a cocaina, o clorofórmio, o<br />

cloral, o protóxido de hidrogênio, o eter, etc. Quer dizer que a dor<br />

pôde ser modificada por um agente medicamentoso e transformar-ss<br />

ao menos transitoriamente em alegria e prazer. Daí o hábito condensavel<br />

de muitos indivíduos abafarem as máguas nas bebidas alcoólicas,<br />

no uso de tóxicos estupefacientes como a cocaina, a mor-<br />

fina, etc. Neste conceito se baseia Wilian James para provar a<br />

natureza orgânica das emoções.<br />

Jouvin, em trabalho espiritualista notável acerca da crítica do pessimismo,<br />

estabelecendo o balanço entre os bens e os males, proclama<br />

a dificuldade do mesmo. Contudo depois de longa dissertação<br />

a respeito, erúdita, interessante, clara e leal, reconhece de acordo<br />

com as idéas leibnitzianas, que Deus resume o bem e o bélo, e nestas<br />

condições, a dificuldade do balanço se derime, porque só a visão<br />

da infinita perfeição deve preocupar o homem. James Sully, em obra<br />

clássica acerca do pessimismo, em que esplana o resumo histórico<br />

e faz-lhe a crítica, procura também estabelecer o balanço entre o<br />

prazer e a dor, e construir as bases filosóficas do prazer e da<br />

felicidade.<br />

A vida não pôde ser medida diretamente pela sensação insulada do<br />

prazer, ou de sofrimento. O prazer objetivo, ou o subjetivo não podem<br />

constituir a base essencial da vida, noção que deve ser substituída<br />

pela felicidade. A condição permanente do prazer não pôde<br />

ser o lastro da fortuna. O prazer mostra-se o reflexo de um bem<br />

interior. A felicidade é real, contanto que o homem se disponha ó<br />

nela acreditar. Livre, tocado de otimismo razoavel, estabelece a possibilidade<br />

da conquista da fortuna, e crê o progresso um de seus fatores.<br />

O germe de felicidade está na ação do Bem aue se origina<br />

naturalmente da idéa do prazer.<br />

O princípio do bem nasceu do estado físico que é dado pela cenestesia.<br />

A saúde, pois, com a média da atividade do organismo, constituiu<br />

para o homem a primeira noção do Bem; em oposição, apareceu<br />

o mal ou a doença. Os sofrimentos físicos, sobretudo de


carater doloroso, resumem a idéa do mal. As perturbações do sen-<br />

timento e do afeto, do prazer e da dor, mostram-se naturalmente<br />

como equivalentes dos elementos físicos ou orgânicos, em boa ou<br />

má função.<br />

Do elemento orgânico ao elemento sentimental e psíquico, operou-se<br />

a evolução humana do Bem e Mal.<br />

O bem humano tornou-se mais moral do que orgânico ou material, e<br />

essa noção mais se incrementa pelas idéas espirituais formuladas<br />

pela religiosidade dos povos.<br />

O Bem tornou-se a recompensa salutar das divindades, e por fim,<br />

com a compreensão maior e mais profunda de Deus. O Bem sinte-<br />

tiza a função religiosa da fé e da esperaça. . .<br />

Todas as religiões, sobretudo a cristan, são conjuntos simbólicos do<br />

Bem para a humanidade que se julga sofredora na terra. As consola-<br />

ções, as recompensas divinas são o máximo do bem conquistavel. Ou-<br />

tros equivalentes do bem apareceram com a cultura dos povos: a har-<br />

monia social, o direito, a medicina, a engenharia, as artes, a ins-<br />

trução em geral, a educação, isto é, todos os elementos que trazem<br />

benefícios à humanidade.<br />

O verdadeiro bem é moral porque todos os prazeres físicos ou ma-<br />

teriais cedem evolutivamente o passo aos gozos morais.<br />

DUAS PAYSAGENS PARANAENSE9<br />

(Photos Homero Faraco)<br />

O início do bem originou-se das leis materiais da nutrição e da re-<br />

produção, e ainda hoje a satisfação das mesmas constitue para<br />

muitos indíviduos o resumo do gozo <strong>—</strong> Dizem "os prazeres da mesa<br />

e da carne", tão espalhadas pelas sociedades primitivas e cultas,<br />

como resumo dos bens materiais mais desejados pelos sêres humanos.<br />

São as duas leis primitivas da vida que servem de eixo à toda a<br />

psicologia, e a toda a ação humana. A filosofia que nasce das<br />

noções biológicas é verdadeira. E' possível que o subjetivismo dos<br />

homens mascare, A -ansmute as noções primitivas em princípios me-<br />

ramente idealísticos, ou metafísicos, porém, o germe, o cristal pri-<br />

mitivo acham-se nas leis biológicas fundamentais, que servem de<br />

socalco à obra humana em todos os seus aspetos <strong>—</strong> objetivos ou<br />

subjetivos.<br />

A-pesar-de a conquista da civilização e do progresso, a tendência<br />

humana é malista, isto é, para o culto do mal e da cor.<br />

A explicação dessa tendência para a cultura subjetiva da dúvida e<br />

da dor, vem da natural insatisfação do hdffTSTTT 'pela ambição de<br />

crescer, vencer, progredir, isto é, chegar à meta daquilo que ele<br />

julga prazer, bem, ou felicidade, isto é, a ânsia do melhor e do<br />

maior.


OSVALDO ORICÓ<br />

DA A C A D E M I A B R A S I L E I R A<br />

MACHADO <strong>DE</strong> ASSIS E O ADJETIVO<br />

OE M P R E G O inteligente do adjetivo é uma das condições<br />

de êxito no estilo. Ha, evidentemente, uma inteligência<br />

secreta, que move as palavras, e as faz adquirir ou perder<br />

os relevos com que as sentimos. A natureza gramatical do<br />

adjetivo condenou-o a uma posição inferior na frase. Deu-lhe<br />

uma tarefa secundaria, qual seja a de modificar o nome, empres-<br />

tando-lhe idéas de qualidade e determinação. Além dessa simples<br />

atribuirão, oossiie o adietivo um txHer aue esrapa ao espado<br />

Ha gramatica. E' uma força que está além do raciocínio<br />

didático e só a imaginação pode revelar.<br />

Ha ouem empregue muito o adietivo. Empregar muito não<br />

é. porém, empregar b^m. 0 desperdício do termo, a frequencia<br />

com que aparece na frase já levou os criticos a criarem uma<br />

classe p^ra os autores que ornamentam excessivamente o estilo:<br />

escritores adietivos.<br />

Coelho Neto, por exemplo. Padece o grande romancista da<br />

exuberancia vocabular com que nutriu a sua obra. Recebida a<br />

principio com entusiasmo, em breve começou a sofrer as restrições<br />

naturais, desmerecendo á proporção que o gosto dos<br />

seus leitores voltava ao equilibrio. Houve, então, auem levasse<br />

a má vontade ao ponto de declarar que, suprimidos os adjetivos,<br />

nada ficaria na obra do insigne prosador.<br />

Os que condenam o emprego do adjetivo não sabem estabelecer<br />

a diferença que vai entre usar e abusar deste. O estilista<br />

de "O Sertão" não usou apenas. Deu á frase uma sobrecarga<br />

que lhe comprometeu as galas da expressão. Foi o seu<br />

erro. Erro continuado pelos imitadores e agravado pelos que<br />

vieram depois.<br />

A época de Coelho Neto passou. Acabou-se a "coelhonetização"<br />

da literatura, como o neologismo dos modernistas batisou<br />

certo periodo das nossas letras, em que sobravam os ornatos<br />

e escasseavam as idéas.<br />

Veio então o advento dos escritores substantivos, isto é,<br />

daqueles que punham todo esmero em "escrever diferente", deixando<br />

de lado, por inútil, o adjetivo, e condenando-lhe o emprego<br />

como forma de reação ao uso que desfrutara.<br />

No fundo, não seria propriamente isso. Seria, antes, a maneira<br />

de esconder certas deficiências, porque o uso do adjetivo<br />

implica em responsabilidade muito maiores do que, geralmente,<br />

se imagina. Requer, ao mesmo tempo, inteligência e propriedade,<br />

graça e raciocinio.<br />

"O substantivo <strong>—</strong> escreveu numa analise interessante o<br />

senhor Francisco Patti <strong>—</strong> está ao alcance de todas as penas.<br />

Basta mergulhar a pena no vasto tinteiro dos seres e das coisas.<br />

O adjetivo, não. Dá o substantivo idéa daquilo que pensamos.<br />

Mas a força, a intensidade e o relevo do que pensamos são atributos<br />

que só o adjetivo poderá exprimir. Para quem escreve, é<br />

o adjetivo o grande obstáculo."<br />

Com efeito. Não basta conhecer os termos. E' preciso combina-los<br />

de maneira que a frase adquira a vida que se lhe quer<br />

dar. Não é o numero nem a raridade dos adjetivos que faz ou<br />

enobrece um periodo. E' a combinação, a oportunidade, o jogo.<br />

A proposito disso, rememora o senhor F. Patti a passagem<br />

de Jean Jacques Brousson em seu retrato intimo "Anatole em<br />

pantoufles". O indiscreto secretario do mestre de "O jardim de<br />

Epicuro" apresenta como lição aos plumitivos o conceito daquele<br />

quanto ao emprego do adjetivo. Outros procuravam ou<br />

achavam no verbo toda a força da frase. Ele, não. Era ao adjetivo<br />

que ia buscar o segredo e a graça de sua prosa. E aplicava<br />

esta regra desconcertante, mas procedente: "Apesar do adjetivo<br />

concordar em genero, numero e caso com o substantivo, o desacordo<br />

é o que convém muitas vezes".<br />

Passando ao exemplo, explicava: "sempre que tiverdes de<br />

empregar junto ao mesmo substantivo dois adjetivos, fazei que<br />

um exprima o contrario do que exprime o outro. Nasce desse<br />

desacordo a graça, a força do periodo. Não digais, tratando por<br />

exemplo de padres, que eles são "magníficos e piedosos."<br />

Esses adjetivos chegam ao mesmo fim por vias diversas.<br />

Ambos dão solenidade aos padres e á frase. E' preciso contrariá-los.<br />

Dizei: "padres piedosos e obesos."<br />

Qualificando-os destarte, parecia ao estilista que a expressão<br />

ficava muito mais fiel e ... próxima da verdade.<br />

O sentimento revelado nessa expansão de Anatole France<br />

demonstra o cuidado que ele punha na adjetivação da frase, de<br />

modo que esta ganhasse as intenções que lhe transmitia.<br />

Não implica, entretanto, em privilegio de estilo.<br />

O nosso Machado de Assis, sem confessar essas tendências,<br />

punha-as em pratica por sua conta, dando aos períodos a<br />

leveza e o encanto que todos lhe reconhecem. Descobrira paralelamente<br />

o segredo que a indiscreção de Brousson muitos anos<br />

depois revelaria, como uma das notas que abriam o entusiasmo<br />

de todos os livros de seu mestre.<br />

' V i i ^<br />

O/X W


A vida para resistir galhardamente<br />

ás mudanças de estação,<br />

precisa de uma espessa camada<br />

de indifferença.<br />

Todo sentimento morre quando<br />

se torna convenção.<br />

Rarissimamente as bellas vidas<br />

são interiormente felizes.<br />

A humanidade quererá sempre<br />

embriagar-se, mas para isso não<br />

necessita de estimulantes artificiaes.<br />

Basta a ambição.<br />

O dever nem sempre é agradavel<br />

ao paladar humano, mas não<br />

tem aquelle residuo amargo do<br />

prazer, que lhe é preferido.<br />

Muitas vezes uma vida se perde<br />

porque onde deveria pôr um<br />

ponto final, se collocou um ponto<br />

de interrogação.<br />

Um espirito puro requer muito<br />

pouco.<br />

A imaginação mata o amor.<br />

O gênio é a machina mais complexa<br />

de quantas produz a natureza,<br />

e esta precisa munil-as,<br />

portanto, de numerosas valvulas<br />

de segurança.<br />

A melhor vida é aquella que nos<br />

é imposta por decisão irrecorrivel<br />

da consciência.<br />

A vida, fiada outrora pelas Parcas<br />

e bordada pelas fadas, hoje<br />

em dia é tecida á machina.<br />

A grande superioridade das naturezas<br />

castas é terem sido creadas<br />

completas.<br />

O reinado da mulher talvez venha<br />

um dia a ser realidade, mas<br />

seria precedido por uma greve<br />

geral do amor. O sexo que supportar<br />

por mais tempo essa inactividade<br />

acabará por triumphar<br />

sobre o outro.<br />

A poesia, no fundo, é aquillo que<br />

vae do coração do homem ao<br />

coração da mulher.<br />

O homem que se apoia na celebridade,<br />

na riqueza ou no poder<br />

• •<br />

para se fazer amar, está numa situação muito inferior á daquelle<br />

que é amado por si mesmo.<br />

Todo homem quer tudo para si.<br />

Ha mulheres que dão a impressão de casas bonitas agazalhando<br />

?ente vulgar.<br />

O olhar é mais importante que os olhos, o sorriso que a bocca, o<br />

?esto que as mãos, o andar que as linhas, a voz que os traços.<br />

Para certos espíritos, só pôde haver duas occupações : amar e<br />

pensar.<br />

Nunca o amor de duas creaturas nasceu da mesma causa. Amamo-nos<br />

sob influencias diversas e muitas vezes contrarias.<br />

Muita gente, depois de ter tido bellas residencias temporarias, encontra-se<br />

no fim da vida, sem lar, por ter esperdiçado tempo e<br />

gasto com bemfeitorias em terras alheias.<br />

UOAQUIM -NABUCO<br />

O amor é a mais perigosa das<br />

feridas com que se possa golpear<br />

uma existencia, porque raros<br />

são os corações que ella não<br />

envenena.<br />

A coragem aggressiva é um<br />

resto da ferocidade primitiva e,<br />

no emtanto, encontra-se mais<br />

frequentemente alliada a um coração<br />

bondoso, do que a coragem<br />

passiva.<br />

Para a moral humana, a descoberta<br />

mais importante será<br />

aquella que nos permittir ler o<br />

pensamento dos outros, vel-os<br />

atravez da mascara.<br />

Hoje em dia, tudo parece sujeito<br />

a transacções. A alma humana<br />

é posta em leilão.<br />

O mundo é governado pelo espirito<br />

pharisaico.<br />

Cada um de nós já nasce com<br />

a sua cella na penitenciaria terrestre<br />

.<br />

Não deve haver na vida a preoccupação<br />

de decompor nossos<br />

sentimentos para vêr de que consistem<br />

. Desmontando a nossa<br />

personalidade, peça por peça,<br />

afim de eliminar as partes apparentemente<br />

inúteis, ou de substitil-os<br />

por outras de nosso proprio<br />

fabrico, correrieis o risco de<br />

nunca mais poder reajustal-as.<br />

Imagino a machina humana<br />

transformada dentro de alguns<br />

séculos.<br />

Só o inconsciente é fecundo. Ê<br />

elle o humus de onde rompe o<br />

pensamento inesperado, a inspiração,<br />

que é sempre surpreza.<br />

Querer conhecer o espirito pelo<br />

cerebro é como querer descobrir<br />

no violino o gênio do musico que<br />

o faz vibrar.<br />

A luz é mysterio maior e mais<br />

profundo do que a sombra.<br />

O espirito deste século parece ser<br />

um fatalismo mais generalizado<br />

e mais impassivel, que outrora o<br />

do Koran : o fatalismo do dinheiro.<br />

A perfeição é sempre uma ascenção<br />

aspera e fatigante. Colloca<br />

toda a nossa vida num plano<br />

inclinado, cujo declive se aggrava<br />

á medida que subimos. Ê uma<br />

montanha cujo ápice mergulha<br />

na morte. Ninguém o alcança<br />

vivo.


LÉA E MAURA <strong>—</strong> Premio de Viagem<br />

ao Paiz <strong>—</strong> Alberto da Veiga Suignard<br />

mu•* •<br />

ENTAR<strong>DE</strong>CER <strong>—</strong> Premio de Viagem ao Estrangeiro <strong>—</strong>• Vicente Leite<br />

SALAO<br />

de l^dlaó At<br />

s ALAO de Bellas - Artes !<br />

Realidade com que os artistas sonham durante<br />

um anno !<br />

Surpresa de uns, desillusão de outros e inquie-<br />

tação de todos ! Muita téla pintada, muita<br />

moldura mal empregada, poucos quadros dignos<br />

desse nome. Em todo caso, um grande, um<br />

lindo esforço ! Entra-se e passa-se, ás pressas,<br />

pelo chamado "Salão moderno". Aquilio é a<br />

apotheose da deformação ! Formam ali todos<br />

os aleijões da cidade : pernetas, manetas ; os<br />

de ar abobado ; os envenenados por picadas de<br />

insectos perigosos, que lhes inflammaram o<br />

rosto, o corpo, os pés, até mesmo a alma ;<br />

abortos da Natureza, monstros desgostosos da<br />

vida . . . Uma calamidade !


BgMtf<br />

PAYSAGEM DO UMUARAMA <strong>—</strong> Paulo Gagárin<br />

Mas a compensação não tarda, para os nossos olhos e<br />

para o nosso espirito. A arte bôa apparece com maior<br />

ou menor esplendor. Dominando a sala dos prêmios de<br />

viagem, a "Terra Carioca" empolga o publico. Ê um<br />

legitimo Vicente Leite, pelo assumpto, pelas tonalidades:<br />

pelo vigor. Com "Entardecer" e "Jardim Botânico",<br />

fica completo o envio de Vicente Leite, que nelles se<br />

ravella um verdadeiro mestre da paysagem. José Rescala<br />

destaca-se com "Aguadeiras", excellente composição<br />

inspirada em assumpto goyano, e Armando Pacheco<br />

vence, com segurança de technica, as difficuldades de<br />

"Em Férias". Ao fundo, duas soberbas interpretações<br />

decorativas da nossa Natureza : "Laocoonte" e "Umuarama",<br />

de Paulo Gargárin. Com "Morro das Dôres",<br />

L. F. de Almeida Júnior envereda, com felicidade, pela<br />

paysagem. O "Velho Colono" é uma bôa figura. Georgina<br />

de Albuquerque mostra-nos um lindo "Cafesal", de<br />

São Paulo. No "Corcovado", expande-se á vontade a<br />

alma de paysagista de Manoel Faria. Ao lado, a "Chacara<br />

do Céu", de Gastão Formenti. Luiz Kattembach<br />

mostra-nos como é uma sessão de "Macumba". Temos,<br />

agora, um aspecto da Alsacia trazido por Manoel Madruga.<br />

Jordão de Oliveira comparece com duas marinhas e um<br />

retrato primoroso : "Minha sogra". Malagoli representa-se<br />

bem com "Depois do oanho". Mais adeante, "A<br />

bolinha de gude", de Rocha Ferreira. "Arvores da montanha"<br />

indicam, de longe, o autor, Levino Fânzeres.<br />

"Visão Tropical" foi o assumpto da téla de La Greca.<br />

Assignado por Heraclito Ribeiro dos Santos, apreciamos<br />

"Meu portão".<br />

Angra dos Reis proporciona a José Maria de Almeida<br />

uma "Marinha" bonita. Moacyr Alves expõe "Tarde no<br />

parque". Bruno Lechowski offerece-nos uma visão personalíssima<br />

do "Suburbio". Apreciamos, enlevados, três<br />

lindas télas de Pedro Bruno <strong>—</strong> o "Cysne", principalmente.<br />

Reapparece muito bem, H. Cavalleiro, com as suas<br />

"Paysagens" de Therezopolis. Optimamente trabalhado<br />

o "Retrato", de Sotero Cosme. "Repouso" é um nú<br />

primoroso de Leopoldo Gotuzzo, e "Ultima ceia", um<br />

bom trabalho de Carlos Oswald.<br />

Continuamos a destacar : "Perfil", de Hilda Borges<br />

Curty ; "Paysagem da Tijuca", de Paula Fonseca ;<br />

"Midori", de Paulina Kaz ; "O Sobrado da Preguiça", de<br />

Emilio Magalhães ; "Natureza morta", de Débora do<br />

Amaral Malheiro ; "Rio Paquequer", de J. Menezes, e<br />

"Vista do Sylvestre", de J. Carlos Miranda.


O CORCOVADO <strong>—</strong> Premio de Viagem do Paiz <strong>—</strong> Manoel Faria<br />

"O angú da bahiana" desperta-nos saudades de J. Del Vecchio. Nas<br />

"Naturezas mortas" que assigna, sente-se bem a mão de mestre<br />

de Manoel Constantino.<br />

Nossa emoção agora cresce de vulto, deante de "Cahir da tarde"<br />

e "Dias tristes", télas primorosas de Heitor de Pinho, pela technica<br />

e pela encantadora poesia que as envolve. Vemos, seguidamente,<br />

"Menina moça", de Salvador Sabaté ; um pequeno nú <strong>—</strong> "No banho"<br />

<strong>—</strong> de Haydéa Santiago ; um esplendido "Retrato", de J. Santos, que<br />

também expõe uma "Paysagem do Morro de Santo Antonio" ; dois<br />

preciosos "Retratos", de Sarah Villela de Figueiredo ; uma "Marinha",<br />

de Marina Machado Silva ; e "Solitude", de Sinhá d'Amora.<br />

Annotámos ainda : "Therezopolis" e "As Amazonas", de Manoel<br />

Santiago. Américo Rodrigues exhibe um golpe de vista do "Rio<br />

Parahybuna" ; Ruy Campello, uma "Paysagem" pittoresca ; Trompowski,<br />

um feliz "Retrato" da Senhorita Eliza Brum ; Bráulio Poiava,<br />

interpreta bem a "Preguiçosa" ; Fernando Martins, muito feliz em<br />

"Paysagem de prata" ; Raul Deveza focaliza trechos da Bahia, e<br />

fleiios Seelinger, como sempre, muito fantazista em "Sysiphus".<br />

"Conforto" é o soberbo interior do Convento de S. Francisco, na<br />

Bahia, com o qual apparece o grande mestre bahiano Presciliano<br />

Silva. "Nú de mulher" é uma grande e forte téla, que se destaca<br />

do envio de Oswaldo Teixeira. "Aledia e Chrispim" constituem o<br />

gracioso assumpto do quadro de E. Visconti. O mar, o velhor mar,<br />

foi, mais uma vez, amigo de Virgilio Lopes Rodrigues, proporcionando-lhe<br />

opportunidade de pintar duas "Marinhas" deliciosas. Uma<br />

homenagem merecida foi feita a Rosalvo Ribeiro, de quem foram<br />

expostos três optimos quadros. Num alto de porta, Jurandyr Paes<br />

Leme comparece com um "Retrato". E, por ultimo, um dos momentos<br />

mais felizes e mais inspirados de toda a vida artistica de<br />

Armando Vianna : "Dedé", joia encantadora que enche de alegria<br />

o "Salão".<br />

Na secção de esculptura, destacámos : os trabalhos de José Belloni ;<br />

"Carioca", de Cavina ; "Caramuru", de Cezar Doria ; "Cabeça de<br />

criança", de Marcos de Salles ; "Rosalvo Ribeiro", de Mazzucchelli ;<br />

"Beethoven", de Carlota Nascimento ; "Minha terra", de Hugo<br />

Restazzon.<br />

Em gravura, prestigiaram o Salão com sua presença, Leopoldo Campos,<br />

Augusto Girardet e Adalberto Mattos. E em artes applicadas,<br />

distinguiram-se : Manoel Pastana, Dolores Angela Rodriguez, Maria<br />

Francellina Barreto Falcão, Camilla Alvares de Azevedo e Cordélia<br />

de Andrade.<br />

VELHO COLONO <strong>—</strong> Medalha de<br />

Ouro <strong>—</strong> Luiz Almeida Júnior.


Ed. Monet <strong>—</strong> Os paes do artista<br />

A exposição de orte franceza, abrangendo o<br />

decurso que vae de David a Cézanne, um bom<br />

século, teve entre nós umai dupla significação:<br />

demonstrou a capacidade renovadora da pintura moderna<br />

daquelle paiz, e testemunhou<br />

como educação visual.<br />

seu alto valimenot,<br />

O complexo artístico se refere ao tempo secular quê~~vae<br />

de 1800 a 1900: cujas correntes de opposição se pode-<br />

d'sm. assim, estabelecer: David e Ingres; <strong>—</strong> Delacroix e<br />

^ . V *<br />

C. U<br />

A PAISAGEM<br />

RETRATO DA TERRA<br />

FLÉXA RIBEIRO<br />

prof. cathedratico na Escola Na-<br />

cional de Bellas Artes. Director<br />

do Curso de Arte Decorativa.<br />

Gericault; <strong>—</strong> Courbet e Millet; <strong>—</strong> Monet e Cézanne.<br />

Mas de toda esta longa caminhada, realmente, o que<br />

mais se define como matéria nova, como innovação no<br />

dominio da pintura, é o estudo de paisagem. E o nome<br />

de impressionista, que ficou collado ao movimento crea-<br />

do por Boudin e ampliado por Monet, foi amplamente<br />

justificado pela annotação da luz e da cor, pela decom-<br />

posição dos tens, pelo empastamento luminoso e vibração<br />

colorida da sombra.<br />

A paisagem, até 1860, m geral, era uma convenção 6-3<br />

otefíer. As notas de cor e o "croquis" da geometria das<br />

linhas na marcação dos planos e dos volumes, eram devi-<br />

deveria suggerir o verdadeiro. De tal sorte, a novidade<br />

deveria suggerir o verdadeiro. De tal sorte, a a novidade<br />

maior, trazida pela nova escola, consistiu em abandona r<br />

a illuminação unilateral do "atelier", e plantar o cavalleto<br />

em plena natureza, desafiando todos os reflexos, as com-<br />

plementares, e mergulhando o olhar na decomposição da<br />

cor, na própria cor.<br />

Naturalmente que destes mestres da paisagem, o mais<br />

famoso, e que a+tingiu melhor equipamento technico, foi<br />

Claudie Monet. Elie pintava em horas diversas do dia e<br />

mesmo sitio: melhor ainda: precisamente o mesmo ele-<br />

mento architectonico. do mesmíssimo ponto de vista:<br />

Cláudio Monet <strong>—</strong> P e n h a s c o s de Sainte - Adresse


como fez na sua celebre serie da fachada prin-<br />

cipal da cathedral de Ruão. Era uma retina<br />

incomparável, capaz de surprehender as me-<br />

nores variações da vibração luminosa fixando-<br />

Ihes a tremolina tenue e palpitante. Como<br />

que um arrepio subtil percorria a superficie<br />

das coisas na transição das horas do dia: lá<br />

estava Monet, com seu cavallete dentro de<br />

uma carruagem, para não surprehender o ins-<br />

tante luminoso ephemero e extremamente fu-<br />

gidio. Ou então, dentro de um bote, arran-<br />

java seu atelier: e de lá fixava com uma agu-<br />

deza innappellavel o frémito das aguas tran-<br />

quillas, os alisamentos húmidos que se espre-<br />

guiçam na atmosphera das zonas luiguidas,<br />

como se poderá verificar pelo quadro que<br />

delle fez o mestre Eduardo Monet: L'atelier<br />

de Claude Monet.<br />

A paisagem, como genero proprio, conside-<br />

Ed. Monet <strong>—</strong> O atelier de Claudio Monet<br />

rado como se bastasse a si mesma, data do<br />

século XVII, e é de origem flamenga. Os hoi-<br />

landezes, em breve se tornaram primaciaes na<br />

especialidade. Pelo século XIX, alguns in-<br />

glezes e francezes e certos francezes se tor-<br />

naram famosos na paisagem. Turner, por<br />

exemplo, que pintando em casa, com apon-<br />

tamentos de luz tomados do natural, attesta<br />

uma impressionante memoria visual.<br />

Mais a paisagem, como retrato da terra, do<br />

paiz, segundo a própria ethymologia, dafa,<br />

em verdade, da escola impressionista, para<br />

cá: 1860 é a hora de sua irrecusável appa-<br />

riçao.<br />

V<br />

Atravez das influencias que lhe tenham vindo<br />

do hollandez excepcional que foi Jongkind ou<br />

do francez Eugénio Boudin, não se negará que<br />

Claudio Monet <strong>—</strong> Boulevard des Capucines<br />

a paisagem de movimento culmina na technica de Monet. Que<br />

é que se deve pintar, como elemento principal na paisagem? A<br />

physionomia dos logares. Mas estes não se retratam pela sua<br />

geometria. Se "toda paisagem é um estado de alma", esse es-<br />

tado só poderá ser dado pela atmosphera, pelo envolvimento da<br />

luz. Pintar o ar ambiente <strong>—</strong> será então, o verdadeiro motivo. O<br />

problema da paisagem é, assim, um caso particular da atmos-<br />

phera. Precisamente nos encontramos diante de soluções tech-<br />

nicas offerecidas, com tanta felicidade, por Monet.<br />

As mais subtis variantes da luz foram por elle fixadas: e o mais<br />

singelo logar como que se poetisa e toma vulto espiritual á nossa<br />

contemplação. A poesia do artista, pintando a luz, revela os<br />

mais Íntimos segredos da natureza e faz que sintamos como o<br />

mundo é maior e mais bello.<br />

Claudio Monet <strong>—</strong> La débâcle


A<br />

ra-<br />

Um delicioso trecho de "Benkei-basni" <strong>—</strong> Ponte de<br />

Bonkei <strong>—</strong> no aristocrático bairro de Akasalca, em Tokio<br />

A Tap&hííA<br />

/ \ LGUNS críticos tendenciosos, procuram desmerecer<br />

os valores substanciais da civilização japonesa,<br />

proclamando que lhe falta originalidade,<br />

não passando de centrifugação dos princípios mais apurados<br />

de muitas outras civilizações. Tudo de empréstimo,<br />

nada seu. Onde ha apenas mimetismo, não ha<br />

gênio eis a conclusão pejorativa daqueles inimigos do<br />

Japão. Eu pediria a esses críticos que me dissessem<br />

qual a civilização moderna que se constituiu sem herança<br />

ou sem emprestimo. Civilização é evolução. Evolução<br />

no sentido biologico que é, senão o crescimento<br />

de um corpo á custa de outro e de emprestimos nutritivos<br />

á terra e ao ar? Nasce-se, filho de alguém.<br />

Cresce-se, parasita de alguém. Leibniz afirmava que<br />

não havia animal ou planta inteiramente original; o<br />

que parece geração nova é o desenvolvimento de um<br />

germen preexistente, da mónada.<br />

Diz a religião que Deus creou apenas um homem e<br />

um modelo animal ou vegetal de cada especie. Tudo<br />

mais não passa de reprodução daquele avô enterrado<br />

como os Pharaós, na imensidade das pirâmides nos<br />

areais sem vida dos séculos.<br />

€ L A V D I O D E S O I / A<br />

DA ACA<strong>DE</strong>MIA BRASILEIRA<br />

E DO P.E.N. CLUB DO BRAZIL<br />

Admitamos esta ou aquela ou outra teoria de evolução,<br />

continua de pé, como as rochas em meio das resacas,<br />

sem vacilação e sem ranço de velharia, a sabia sentença<br />

salomonica que o Eclesiastes registrou: Nil novi sub<br />

gole: nada existe de novo sob o sol. Nada se crea, tudo<br />

se transforma, e todos se comem uns aos outros para<br />

viver, como diz a sentença: Omnium singuíe et omnia<br />

singulorum...<br />

Não foi, portanto, apenas o Japão que formou sua<br />

civilização a expensas de outras. Que seriamos nós,<br />

os brasileiros se não tivessemos importado a civilização<br />

ocidental? Andaríamos ainda de arco e flecha em<br />

estado servagem.<br />

As ilhas do Japão povoaram-se inicialmente, com cor-<br />

rentes imigratórias vindas da Asia e do arquipélago do<br />

Pacifico, com mesclas da Malaia e da índia. A colonia<br />

do sul caminhou para o norte, para a ilha principal,<br />

onde se foi chocar com as colonias de coreanos, chi-<br />

neses e mongoes. Era a raça da Yamato, que obteve<br />

supremacia absoluta.


Nessa concurrencia de povos diversos, cada<br />

qual deixou a impressão de seus costumes,<br />

de suas religiões e de sua moral. Estiveram<br />

por muitos séculos fechados os portos ja-<br />

poneses á navegação estrangeira.<br />

Formou-se, pois, sua civilização com o cal-<br />

deamento daqueles elementos asiaticos co-<br />

lonizadores, não se podendo, pois, dizer<br />

que houve nessa época qualquer "imitação<br />

ou copia". O que se operou foi a adaptação<br />

daquela mistura étnica ás condições ambi-<br />

entais. E adaptou-a, admiravelmente, o ja-<br />

ponês. Ora adaptação é prova de inteli-<br />

gência e prova dificil que demanda "enge-<br />

nho e arte".<br />

Pode-se negar inteiigencia a quem rece-<br />

bendo um machado de pedra, com ele fica<br />

sem procurar melhora-lo: não se pode<br />

faze-lo a quem aproveitando-lhe o modelo,<br />

trata desde logo de aperfeiçoa-lo e, em<br />

seguida, de substitui-lo por materiais locais<br />

de maior eficiencia. Este ultimo processo<br />

é do japonês, do qual se diz num troca-<br />

dilho americano:<br />

"Japanese is an adept to adopt and adapt".<br />

Quando se abriu o Japão ao intercambio<br />

universal, tinha ele, portanto, uma civili-<br />

zação sua, apurada dentro de uma "cal-<br />

deira asiatica fechada".<br />

Os elementos das civilizações ocidentais,<br />

entraram naquele caldeamento e foram<br />

absorvidos ou homogeneizados, estabele-<br />

cendo-se a civilização japonesa moderna<br />

pelo mesmo processo de todas as demais<br />

civilizações, sem que, entretanto, ela tenha<br />

até hoje perdido seu carater fundamental,<br />

o do "familismo". O Japão organizou-se<br />

num potente corpo de industria e de co-<br />

mercio, e neste campo teve de obedecer,<br />

como todos os demais paizes, ás leis uni-<br />

formes que regulam a harmonia interna-<br />

cional dessas relações, baseadas, na oferta<br />

e na procura. A alma desse corpo, entre-<br />

tanto, conserva a organização familiar<br />

original, hoje quasi única no mundo. Essa<br />

força singular e formidável o Japão for-<br />

mou-a, não copiou nem adaptou: formou-a<br />

com seu génio, e com ela se constituiu<br />

numa potencia civil e militar.<br />

Flagrante colhido durante o ultimo<br />

"salon" realisado em Tokyo, o qual,<br />

como de praxe, obteve o maior êxito.<br />

Nos seus portos desembarcaram ideias de todos os<br />

matizes: o liberalismo, o utilitarismo, o cristianismo,<br />

a democracia, o socialismo, o comunismo, o estatis-<br />

mo e outras.<br />

Tiveram adeptos e contraditores. Não provocaram,<br />

porém, tumulto mental. O génio japonês, meditativo<br />

e sereno, meteu-as logo na mesma caldeira que traz<br />

exposta ao fogo brando de sua ponderação analítica.<br />

Deixou que se evaporassem os coeficientes inúteis<br />

ou prejudiciais, que se concentrassem os sucos su-<br />

bstanciais e, sem abalar os princípios básicos de seu<br />

tradicionalismo mistico-politico, incluiu no seu co-<br />

digo mental o que lhe pareceu util á familia e á<br />

patria. Eis onde reside seu génio: na faculdade ma-<br />

ravilhosa de reforçar com alimentos, estrangeiros<br />

nacionalizados, sua juventude mental, sempre vigo-<br />

rosa apezar de seus vinte e seis séculos de idade.


e U 35<br />

(Photos Malta c Horácio)<br />

M dos mais impressionantes do-<br />

cumentos do progresso e em-<br />

bellezamento do Rio está aqui<br />

estampado nestas duas photo-<br />

graphias: uma de 1905 e outra<br />

de <strong>1940</strong>.<br />

Vendo a primeira, quem diria<br />

que estamos deante de um as-<br />

pecto da praia de Santa Luzia?<br />

Ao fundo, acha-se o morro do<br />

Castello. Ao pé do morro, a<br />

Igreja de Santa Luzia, á beira-<br />

mar. Hoje a terra estende-se até<br />

a antiga Ilha de Villegaignon.<br />

Entre a igreja de Santa Luzia e<br />

e a agua estende-se num vasto<br />

terreno semeado de arranha-<br />

céos, pavilhões da Feira de<br />

Amostra, campo de aviação,<br />

etc., O morro do Castello des-<br />

appareceu. Aliás, nenhuma des-<br />

cripção seria mais eloquente, a<br />

esse respeito, do que a photo-<br />

graphia do Rio de hoje que pu-<br />

blicamos ao lado do flagrante do<br />

Rio antigo. Entretanto, trata-se<br />

de photos apanhadas no mesmo<br />

ponto da Capital Federal, ape-<br />

nas com um intervallo de 35<br />

annos entre uma e outra.


Téla de Rodolpho Amoêdo


m f-<br />

^mtítBc2<br />

NAUFRÁGIO<br />

F MQUANTO o transatlantico se ia<br />

separando lentamente do molhe e o<br />

alarido da sirena lançava sobre a multidão<br />

pulverisada chuva, commentava-se o repentino<br />

amor do par que se ia despedir.<br />

<strong>—</strong> Assim vale a pena querer-se ! <strong>—</strong><br />

suspirava uma rapariga olheirosa.<br />

O verdadeiro amor surge raramente;<br />

os demais são imitações <strong>—</strong> ajuntou um<br />

professor calvo, num sorriso forçado.<br />

E, sob a tolda, um grupo, formado<br />

pelo busto hercúleo contra o qual se<br />

comprimia a cabeça feminina envolta no<br />

véu que fingia fluctuante cabelleira azul.<br />

respondia em silencio, afirmativamente,<br />

aos commentarios.<br />

Ella era alta, de formosura violenta,<br />

bocca voluptuosa e olhos em que até os<br />

sonhos suggeriam formas corporaes; elle<br />

era bello, de força multiplicada nos sports<br />

e de vontade irritada ante os obstáculos.<br />

Havia nos dois uma exuberancia physiologica,<br />

que os fez tyrannos de suas famílias<br />

desde pequenos. Faltaram-lhes<br />

sempre o espaço e o tempo; e uma ancia<br />

indómita de serem protagonistas e de<br />

usurparem aos outros seu quinhão de<br />

Victoria da vida envolveu-os, desde os<br />

bancos escolares, numa atmosphera de<br />

admiração veiada de medo. E ao se conhecerem.<br />

no predestinado azar de um<br />

baile, logo foram um para o outro rompendo<br />

a multidão, com a força fatal de<br />

duas correntes avidas por se unirem.<br />

A festa ficou interrompida um momento.<br />

Uma hora depois, falavam-se no<br />

tom alternativamente submisso e imperioso<br />

da paixão. E quando os olhares<br />

começaram a murmurar com pestanejos<br />

malignos, elles os desafiaram com arrogancia,<br />

dizendo-lhes que essa attitude<br />

seria a dos dois deante de todos os futuros<br />

obstáculos.<br />

A batalha foi dura; mas a opposição<br />

das famílias, ao verem desfeitos, subitamente,<br />

seus lentos cálculos, bateu contra<br />

estas duas palavras inexoravelmente singelas"<br />

"Queremos-nos". E a dor de um<br />

rapaz débil, inebriado, durante muitos<br />

mezes, pelo effluvio da lealdade um pouco<br />

CONTO POR<br />

H E R N A N D E Z CA<br />

T A<br />

gigantesca, e o pezar de uma pobre anêmica,<br />

fascinada, annos e annos, pela<br />

apollinca venustez delle, tiveram de estacar,<br />

quasi envergonhados de sua insignificância.<br />

ante a impetuosidade daquelle<br />

amor. Todo obstáculo foi vencido<br />

por ambos.<br />

O casamento teve de ser decidido cm<br />

poucos mezes. O excepcional amor exigia<br />

pressa excepcional. Todos comprehenderam<br />

que aprisional-os na malha da dilação<br />

seria despedaçar seus fios. As duas<br />

famílias cederam por temor ao escandalo,<br />

e. entretanto, o casamento deu que falar.<br />

A igreja encheu-se de gente, de cochichos,<br />

de curiosidade. A "Marcha Nupcial" de<br />

Mendelssohn parecia débil para celebrar<br />

tal união, digna dos bronzes de Wagner.<br />

Em frente ao altar, apezar das luzes f<br />

da figura do sacerdote, o casal pujante<br />

de juventude suggeria uma visão pagã.<br />

Agora, apoiados languidamente contra<br />

a amurada, a visão, livre de mysticas<br />

peias, adquiria força plena. Lentamente


o navio apartava-se e os passageiros retiravam-se<br />

do tombadilho, afim de iniciar<br />

a vida transitória que os esperava. Como<br />

si tossem cadeias invisíveis os olhares<br />

fixos em terra, ao diminuir augmentou<br />

velocidade do navio. Quando já não se<br />

via o tremeluzir do pharol e o navio só<br />

era entre o céu e o mar uma leve mancha<br />

salpicada de luzes, na cidade ainda<br />

se falava delia.<br />

<strong>—</strong> Feliz a que chega a ser amada<br />

assim ! <strong>—</strong> suspirava a moça de olheiras.<br />

E o professor, desviando a vista de<br />

seus papyros, para fixal-a em sua companheira<br />

que, ao sentir o olhar, levantou<br />

a cabeça inclinada sobre o trabalho de<br />

agulha e sorriu docemente, pensou outra<br />

vez: »<br />

<strong>—</strong> O verdadeiro amor só surge dc<br />

tarde em tarde... Os demais são imitações<br />

desprezíveis, argucias do instincto a<br />

bem da especie...<br />

Durante oito dias, o casal constituiu<br />

para marinheiros e passageiros um espectáculo<br />

em que o instincto punha inveja<br />

e a intelligencia cólera. Meio ex •<br />

tendidos nas espreguiçadeiras, passavam<br />

o dia defronte ao mar, envoltos pela<br />

mesma capa, com as cabeças bem juntinhas,<br />

as mãos e os olhos entrelaçados, e<br />

havia um abandono meloso e ardoroso<br />

em todos os seus movimentos. Desappareciam<br />

á hora da sésta, recolhiam-se mui<br />

cedo, e não tornavam a apparecer senão<br />

no dia seguinte. As moças miravam-os de<br />

longe; os rapazes sorriam e cochichavam,<br />

apontando-os; os officiaes, do convez, espreitavam-os,<br />

julgando-os um perigo. E<br />

um velho casal inglez, que, após as refeições,<br />

dava vinte voltas em torno á coberta.<br />

não deixava de pron-inciar. unisonamente,<br />

a palavra shocking toda vez que<br />

cruzava com elles.<br />

A noite anterior, á chegada ao primeiro<br />

porto, emquanto no salão culminavam<br />

os júbilos da festa, se jogava e<br />

bebia no bar, e subiam do convez de 3. a<br />

classe os palavrões ingênuos dos emigrantes,<br />

as vozes de creanças e os cantos<br />

de accordeon e guitarra, o casal feliz ficou<br />

sósinho no logar de sempre. Phosphorescia<br />

o mar e era agradavel beijar-se<br />

se naquella immensidade de silencio. . .<br />

Súbito, as cabeças chocaram-se, ouviuse<br />

um clamor terrível, apagaram-se todas<br />

as luzes e, a seguir a um lapso de espanto,<br />

ais, blasphemias e gritos começaram<br />

a sahir das entranhas do nav o<br />

Em menos de dois minutos, desnudaram-se<br />

as álmas e o egoísmo humano<br />

mostrou a sua face abominavel. Os gritos<br />

imperativos dos officiaes naufragavam já<br />

nas vagas do pânico. Sob a claridade<br />

cstellar, as mãos cortezes tornaram-se<br />

garras e os sorrisos tornaram-se caretas.<br />

Machadinhas freneticas cortaram as<br />

amarras dos botes prematuramente. Em<br />

torno a cada salvavidas, a cada madeiro,<br />

originou-se uma luta; e antes que o mar<br />

causasse a primeira victima, já corria<br />

sangue a bordo.<br />

<strong>—</strong> Ordem! Calma!... Cada um em<br />

seu bote, que ha tempo para salvar-se!<br />

A reacção tardou em sobrevir. O salvamento<br />

iniciou-se, e as creanças e as<br />

mulheres começaram a obter seus direitos.<br />

Ante uma escotilha, a velha in-<br />

MUSEU NACIONAL <strong>DE</strong> BELLAS ARTES<br />

Uma parte da galeria de arte brasileira. No primeiro plano, sa'a de arte<br />

franceza. Ao centro, mesa de jacarandá trabalhado.<br />

gleza negava-se a separar-se do companheiro<br />

de toda a sua vida, e acabou<br />

renunciando a deixar o navio e abraçando<br />

o ancião com suave e heróica<br />

firmeza. Uma senhora alta, de bocca<br />

voluptuosa e olhos cheios de terror, em<br />

que até os sonhos tomavam imagens carnaes,<br />

reclamou, presurosa, a sua vez:<br />

<strong>—</strong> Quero viver ! <strong>—</strong> berrava, enlouquecida,<br />

em meio á lufa-lufa do bote.<br />

O pavor da morte havia-lhe obscurecido<br />

a intelligencia por completo. Só<br />

muito depois, quando o rythmo dos resrtos,<br />

ao castigarem a agua, impoz ás<br />

almas um socego attonito. recordou que<br />

a catastrophe a separara de alguém que,<br />

deixando-a a um lado, foi disputar, a<br />

golpes terríveis, a posse de um cinturão<br />

de cortiça.<br />

Olhou para traz e viu o navio encabritar-se<br />

num imponente esforço para<br />

escapar, e fundir-se, em seguida, entre<br />

torvelinhos de espuma. Em derredor, ficaram<br />

despojos, gemidos dominados pelo<br />

fragor das ondas, pontinhos já moveis, já<br />

inertes, que eram esforço angustioso e<br />

resignação a succumbir. "Ali estaria elle!"<br />

E, ao pensal-o, a mão recolhia a grega<br />

do vestido, para que não se molhasse no<br />

fundo do bote, e o seu intimo se regosijava<br />

na cruel doçura de ir para a<br />

vida, deixando atraz de si o horror do<br />

nada.<br />

Dois dias depois, os periodicos foram<br />

revelando e alinhavando os episodios da<br />

tragedia. Além das mulheres e das crianças,<br />

somente um homem, que se atirou<br />

á agua no primeiro instante, conseguiu<br />

salvar-se. Graças á sua compleição hercúlea<br />

e ao salvavidas, manteve-se a salvo<br />

até receber soccorro.<br />

Quando se encontraram cara a cara,<br />

nos escriptorios da casa consignataria,<br />

ambos abaixaram a cabeça e empallideccram.<br />

Ora que se conheciam bem, cumprimentaram-se<br />

quasi como dois desconhecidos.<br />

Que differença daquelle primeiro<br />

encontro no baile ! Pouco tempo<br />

depois, por divergências fúteis, separaram-se<br />

para sempre.


i<br />

Siefan Zweig num flagrante<br />

feito em nossa redacção<br />

O Sr. Presidente da Republica quando<br />

visitava a Expo:ição do Livro Uruguayo<br />

Um aspecto da festa da arvoro<br />

24 IHustraçáo Brasileira<br />

<strong>DE</strong> /A/A IE Z<br />

© Setembro foi um mez de grandes<br />

actividades artísticas. Entre todas, so<br />

bresahe naturalmente o Salão Nacional<br />

de Bellas Artes, tão animado, tão con-<br />

corrido e brilhante e tão pontilhado<br />

de incidentes. Nesta revista, ha um<br />

logar especial para esse registo, mas<br />

se poderia falar nos acontecimentos<br />

mais importantes do mez sem, men-<br />

cionar a Exposição de Bellas Artes deste<br />

anno.<br />

© Outra bella iniciativa cultural desss<br />

mez <strong>—</strong> a Exposição do Livro Uruguayo.<br />

Realizou-se num dos magníficos -salões<br />

da A. B. I. e attrahiu numerosos visi-<br />

tantes, inclusive o sr. Presidente da<br />

Republica e o sr. Ministro do Exterior.<br />

Aliás, ao mesmo tempo que se expu-<br />

nham os livros uruguayos, também nos davam<br />

uma explendida amostra do progresso das artes<br />

plasticas no paiz visinho, atravez da arte do<br />

esculptor Belloni.<br />

& Outros factos de grande significação cultural<br />

registados no mez passado: a l. a Conferencia de<br />

Defesa Contra a Syphilis e o Congresso de Geo-<br />

graphia, reunido em Florianopolis. Em ambos fo-<br />

ram approvadas theses de importancia e de re-<br />

percussão nos altos círculos scientificos do paiz.<br />

• Reuniu-se em Setembro, no Rio, o Convênio<br />

dos Estados Caféeiros, que assentou a orienta-<br />

A d e l ^ * Cash,<br />

Ves S".7na,äe:


A /A/A IE Z<br />

çao a ser seguida em matéria de pro-<br />

ducção e financiamento da safra do<br />

café, em face das circumstancias anor-<br />

maes que atravessa o commercio mun-<br />

dial.<br />

• Durante o mez passado, continuou o<br />

affluxo de importantes personalidades,<br />

da Europa, tangidas pela guerra. Aris-<br />

tocratas, financistas que perderam a<br />

fortuna, artistas, intellectuaes de vários matizes,<br />

notabilidades da sciencia, chegam semanal-<br />

mente ao Brasil. Alguns aqui' ficam. Outros<br />

aportam, de passagem para a Argentina ou<br />

outros paizes da America do Sul.<br />

• Entre os que aqui ficaram, devemos mencio-<br />

nar o nome de Stefan Zweig, um dos escriptores<br />

mais populares em todo o mundo, autor de bio-<br />

graphias romanceadas, famosas, como a de<br />

Fonché e Maria Antonieta;; de ensaios notáveis,<br />

como os que publicou sobre Tolstoi e Nietzch;<br />

de novellas vigorosas, como "Amok", etc.<br />

Zweig, depois de alguns dias no Rio, seguiu<br />

para Minas Geraes, onde visitará as velhas ci-<br />

dades que ainda guardam nas paredes as le-<br />

gendas do nosso passado. Affirma-se que elle<br />

tem em preparação um livro sobre o Padre Ma-<br />

noel da Nóbrega.<br />

• Um facto de grande significação para as<br />

relações entre o Brasil e os Estados Unidos: a<br />

entrega de tropheus da Escola Naval de Ana-<br />

polií á Escola Naval Brasileira, solemnidade que<br />

teve a presença de autoridades da nossa Ma-<br />

rinha de Guerra e da Missão Naval Norre-<br />

Americana.<br />

• Uma festa de significação civica e social: a<br />

entrega dos espadins aos novos Cadetes da Es-<br />

cola Militar, completada pela bella ceremonia do<br />

juramento á Bandeira.<br />

• O governo federal, attendendo aos serviços<br />

prestados pela Associação Commercial do Rio<br />

de Janeiro, assim como ás condições parti-<br />

culares dessa organisação que, tantas vezes, tem<br />

servido de traço de ligação entre a adminis-<br />

tração publica e as classes conservadoras, resol-<br />

veu conceder-lhe as prerogativas de orgão<br />

technico-consultivo do governo.<br />

• Fallece no Rio, a poetisa Adelaide de Cas-<br />

tro Alves Guimarães, irmã de Castro Alves.<br />

Era viuva de um notável jornalista bahiano, Au-<br />

gusto Alves Guimarães. Com ella desapparece<br />

alguma coisa preciosa e rara como uma tradição<br />

ou o espirito duma geração.<br />

• Entre as mais bellas commemorações do mez<br />

de Setembro no Brasil <strong>—</strong> mez que assignala a<br />

entrada da nossa Primavera <strong>—</strong> está o "Dia da<br />

Arvore". Este anno, o "Dia da Arvore" foi com-<br />

memorado com alegria e brilhor-em ceremonias<br />

significativas, de que participaram principalmente<br />

as creanças das escolas.<br />

v-<br />

m»- s C<br />

e\°<br />

o©<br />

A©<br />

8(v«o<br />

Assignatura do Decreto considerando a Asso-<br />

ciação Commercial Orgão Technico Consultivo<br />

Visita dos membros do Convênio Caféeiro<br />

ao Sr, Presidente da Republica


L I<br />

N IO Palacio Guanabara,<br />

^ realisou-se ha dias o<br />

enlace do Dr. Luthero Var-<br />

gas, filho do Presidente<br />

Getúlio Vargas e de sua<br />

esposa D. Darcy Vargas,<br />

com a Senhorinha Annita<br />

Elisabeth Ten Haeff, filha<br />

do sr. Hugo Ten Haeff e<br />

de sua esposa, D. Emmy<br />

Ten Haeff.<br />

Os flagrantes desta pagina<br />

foram colhidos quando da<br />

cerimonia civil, realisada<br />

na maior intimidade.<br />

\<br />

G n l a c e S u t b e r o l a r g a s<br />

A n n i t a Elisabeth


TERRA <strong>DE</strong> SANTA CRUZ<br />

...E as caravelas de Cabral vieram um dia.<br />

De repente, na irradiação da luz solar:<br />

u Que terra é aquela terra opulenta e bravia<br />

Que sobe para o céu como um gésto do mar ?<br />

Que milagre de encantamento e de magia ?"<br />

E o gajeiro na gávea abria os braços no ar.<br />

A terra pouco a pouco, ao longe, aparecia<br />

Enfeitada de luz, pura como um altar.<br />

E os rios em caudal, e os índios na floresta,<br />

Pássaros, féras, tudo em delirio dansava<br />

neste dia de sol, uma dansa de festa.<br />

E quando a noite ungiu a selva tropical,<br />

O cruzeiro-do-sul no alto céu cintilava<br />

E emergia da terra a Cruz de Portugal.<br />

OLEGÁRIO MARIANO<br />

Da Academia Brasileira


fl<br />

wQ<br />

r« H<br />

Professor Arnaldo de Moraes, Presidente<br />

do I Congresso Brasileiro de Gynecologia<br />

e Obstetrícia.<br />

BT<br />

rWM<br />

MÉÊ<br />

Mesa que presidiu<br />

d sessão inaugural<br />

do I Congresso<br />

Brasileiro de Gynecologia<br />

c Obstetrícia,<br />

no Palacio<br />

Tiradentes.<br />

Aspecto parcial da<br />

assistência á sessão<br />

inaugural no<br />

Palacio Tiradentes.<br />

•#•<br />

| J H H |<br />

l<br />

if • tf<br />

f ' r<br />

f i<br />

í<br />

I Congresso Brasileiro de<br />

Gynecologia e Obstetrícia<br />

R EVESTIU-SE de raro brilhan-<br />

tismo o I Congresso Brasileiro de Gy-<br />

necologia e Obstetrícia, realizado nesta<br />

Capital, por iniciativa da Sociedade<br />

Brasileira de Gynecologia e sob o pa-<br />

trocinio do Governo da Republica. In-<br />

stallou-se ás 21 horas de 8 de Setembro,<br />

no Palacio Tiradentes, com grande so-<br />

lemnidade, numa sessão grandemente<br />

concorrida, presidida pelo Sr. Ministro<br />

da Educação, Dr. Gustavo Capanema,<br />

que pronunciou vibrante oração, pondo<br />

em fóco as elevadas finalidades do cer-<br />

tamen scientifico. Tomaram assento<br />

á mesa que presidiu a sessão o Dr. Ge-<br />

• b Fm<br />

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r<br />

f<br />

raldo Mascarenhas, representante do Sr. Pre-<br />

sidente da Republica, Dr. Correia Pinto, re-<br />

presentante do Sr. Prefeito do Districto Fe-<br />

deral, Prof. Arnaldo de Moraes, Presidente da<br />

Sociedade Brasileira de Gynecologia e Presi-<br />

dente do referido certamen, Prof. Aloysio de<br />

Castro, Presidente da Academia Nacional de<br />

Medicina, Prof. Ugo Pinheiro Guimarães, Pre-<br />

sidente do Collegio Brasileiro de Cirurgiões,<br />

Prof. Fróes da Fonseca, Director da Faculdade<br />

Nacional de Medicina, e Prof. Oiyntho de Oli-<br />

veira, Director do Departamento Nacional da<br />

Creança.<br />

'


Cirurgiões e Academia Nacional de Medi-<br />

cina, onde se fizeram ouvir, entre outros,<br />

os Professores Deolindo Couto, Annes Dias,<br />

Manoel de Abreu, Octávio de Souza, Mau-<br />

ricio Gudin, Jayme Poggi, etc.<br />

Os congressistas foram recebidos em au-<br />

diência especial pelo Presidente Getúlio<br />

Vargas que, depois de ouvir do Presidente<br />

do Congresso os fins do mesmo, indagou<br />

da marcha de seus trabalhos e declarou<br />

o grande apoio que o certamen merecia<br />

do Governo, pelos problemas palpitantes<br />

de que tratava, particularmente a questão<br />

da assistência social á Maternidade, um<br />

dos objectivos dos actuaes administradores<br />

do paiz. S. Excia. teve também palavras<br />

de sympathia para os representantes ar-<br />

gentinos presentes d recepção e a seu paiz.<br />

As sessões operatorias, coroadas de com-<br />

pleto êxito, despertaram grande attenção<br />

dos congressistas, tendo sido realizadas no<br />

Hospital Getúlio Vargas pelo Professor Pe-<br />

dro Paulo Paes de Carvalho, Hospital da<br />

Gamboa, pelo Dr. Lengruber, Santa Casa,<br />

pelo Professor Jayme Poggi, Hospital Es-<br />

tácio de Sá, no Centro de Cancerologia,<br />

pelo Dr. Mario Kroeff, na Clinica Gyneco-<br />

logica, pelo Professor Arnaldo de Moraes<br />

e na Clinica Cirúrgica, pelo Professor Cas-<br />

tro Araujo e seus assistentes, no Hospital<br />

Miguel Couto, pelo Professor Motta Maia<br />

e Dr. Paulo Barata.<br />

Os professores estrangeiros e estaduaes,<br />

bem como os congressistas foram recebi-<br />

dos em sessão solemne da Faculdade Na-<br />

cional de Medicina, onde foram saudados<br />

pelo Director, Professor Fróes da Fonseca,<br />

tendo usado também da palavra, para<br />

agradecer, o Professor Aristides Maltez,<br />

da Bahia.<br />

A parte social, em que tomaram parte os<br />

congressistas e suas familias, bem como<br />

elementos de destaque da sociedade carioca,<br />

teve a abrilhantal-a, no banquete do Casino<br />

Atlântico e no almoço do Jockey Club, a<br />

presença do Sr. Ministro da Educação e<br />

sua gentilissima Esposa. Foi realizada<br />

uma excursão a Petropolis, em que o Prc-<br />

Sessão na Sociedade Brasileira de Ginecologia,<br />

vendo-se no medalhão o Prof. Deolindo<br />

Couto, quando realizava sua conferencia.<br />

O Sr. Presidente da Republica ao receber, em audiência especial, o<br />

Fresidente do Congresso e demais Congressistas, no Palacio do Cattete.<br />

Sessão da Academia Nacional de Medicina, no momento em que o<br />

Prof. Annes Dias fazia sua brilhante conferencia.


Sessão operatoria na Clinica Gynecologica no Hospital<br />

Estácio de Sá, em que realizou interessantes operações o<br />

Professor Arnaldo de Moraes.<br />

Aspectos da excursão a Petropolis. O almoço<br />

foi presidido pelo Prefeito da cidade.<br />

feito da cidade serrana offereceu recepção<br />

e almoço aos congressistas, bem como um<br />

lindo banquete no "grill" do Casino Atlân-<br />

tico, de 120 talheres, um chá no Itanhangá<br />

Golf Club, offerecido pelo Presidente do<br />

Congresso e sua Exma. Sra. aos congres-<br />

sistas e o almoço de encerramento, no<br />

prado do Jockey Club, seguido das corridas<br />

em honra ao Congresso. Nesse almoço<br />

usaram da palavra o Dr. Edgard Braga,<br />

de São Paulo, que saudou o Ministro d i<br />

Educação e o Presidente do Congresso,<br />

Professor Arnaldo de Moraes, o Professor<br />

Ugo Pinheiro Guimarães, que usou da pa-<br />

Sessão plcnaria do Congresso, em que se vê a mesa presidida pelo<br />

Prof. Arnaldo de Moraes, ladeado pelos Prof8. Lascano e Thwaites<br />

Lastra, da Argentina e Clóvis Salgado, Otto Cirne, José Medina e<br />

Sylla Mattos.<br />

lavra em nome das sociedades scientificas,<br />

pondo em relevo a obra notável do Pro-<br />

fessor Arnaldo de Moraes, respondendo o<br />

Presidente do Congresso em vibrante e<br />

commovida oração, os brindes que recebera<br />

e pondo em fóco a cooperação do Governo<br />

e de seus collegas para levar a cabo o<br />

certamen, e concluindo por erguer sua<br />

taça em honra do Sr. Presidente da Repu-<br />

blica, do Sr. Ministro da Educação e sau-<br />

dando, na pessoa da Sra. Capanema, as<br />

virtudes da Mulher e da Mãe Brasileira.<br />

O Ministro da Educação pronunciou bri-<br />

lhante discurso, pondo em fóco o ingente<br />

esforço desinteressado do Professor Ar-<br />

naldo de Moraes, promotor do magnifico<br />

Aspecto do chá no Itanhangá, offerecido<br />

aos congressistas pelo Professor<br />

Arnaldo de Moraes e Exma. esposa.<br />

certamen scientifico, que se encerrava e<br />

saudou também a Republica Argentina.<br />

Encerrando a série de discursos, ergueu-se<br />

o Professor Lascano, para agradecer as<br />

homenagens que recebera e o seu paiz, do<br />

Presidente da Republica, do Ministro da<br />

Educação e do Prof. Arnaldo de Moraes.<br />

Almoço de encerramento no prado do Jockey-<br />

Club, vendo-se o Ministro du Educação e Exma.<br />

esposa, o Professor Lascano, a Senhora Arnaldo<br />

de Moraes e o Professor Arnaldo de Moraes,<br />

agradecendo as homenagens recebidas.


LAGOA RODRIGO <strong>DE</strong> FREITAS<br />

Télas de Manoel Faria, com que conquistou,<br />

este anno, o premio de Viagem ao Brasil.


s T A S<br />

s ETF.MBRO foi o mez por excellencia<br />

das Bellas - Artes.<br />

Basta dizer que foi o mez do<br />

Saião, a grande feira annual dos artistas<br />

plásticos, que se desafiam e<br />

se defrontam na conquista de prémios e do aplauso e do<br />

B£kíAf ARTE*<br />

/ estimulo do publico.<br />

Desta vez, a chamada "corrente moderna" conseguiu obter<br />

uma "divisão" própria para exhibir-se. Mas a officiaiisação<br />

da "corrente" não logrou interessar o publico, quo<br />

só passava pelas tres salas que lhe foram destinadas, porque<br />

eram de passagem forçada, para chegar á arte classica<br />

e sensata. A cilada, portanto, não lhe rendeu adeptos.<br />

Ao contrario, cresce, todos os dias, a repulsa a essa arfe<br />

aleijada, que nada exprime.<br />

A parte sadia da boa pintura apresentou-se sensivelmente<br />

melhorada sobre os annos anteriores. Os maiores prémios<br />

interessaram g r ande numero de candidatos, tendo a sua<br />

distribuição, de um modo quasi geral, agradado.<br />

Vicente Leite, o grande paisagista brasileiro, foi o aquinhoado<br />

com o premio de viagem ao extrangeiro.<br />

Os da viagem ao Brasil couberam a Manuel Faria e a<br />

Guignard, este ultimo pela corrente moderna. Conquistaram<br />

medalhas de prata o marinhista Heitor de Pinho,<br />

Fernando Martins, Salvador Pujais Sabaté, e Sotero Cosme.<br />

A medalha de ouro foi conferida a Luiz F. de Almeida<br />

Júnior, e as de bronze a Hindemburg Olive. Edgard Waiter,<br />

Maristany de Frias e Fritz Lehmann. Obtiveram, ainda,<br />

menção honrosa, Orval Saldanha, Gerson Pinheiro. Paulina<br />

Kaz, Amélia Maristany, Yara Leite e Marcos Carneiro.<br />

Na divisão moderna, afora Alberto Guignard, laureado<br />

com o premio de viagem ao Brasil, receberam medalhas<br />

de prata os artistas: Eurico Bianco, Aldo Bonadei, Roberto<br />

Burle-Marx, Percy Deane. Victorio Jobbis, Fúlvio Penaccfv,<br />

Viegas de Toledo Piza, Carlos Scliar, Aldory de Toledo, ,e<br />

Mario Zanini. Medalha de bronze, Borges da Costa, Rubem<br />

Cassa, Waldemar Costa, Francisco Rebolo Gonçalves,<br />

José M. Soares, Nelson Nóbrega, Quirino Silva e Maria<br />

Margarida. Menção honrosa: Daluza Amarante, Oswaldo<br />

Andrade, Else Wedege Arêde, Franco Cerni, Clóvis Jaciano,<br />

Renée Leférne. Manoel Martins, Georgete Pirnet,<br />

Luiz Soares e Gastão Worms.<br />

Conforme vem fazendo nos annos anteriores, "lllustração<br />

Brasileira" instituiu tres prémios para os concorrentes ao<br />

Salão Nacional de Bellas Artes, para as secções de Pintura,<br />

Esculpfura e Pintura moderna, prémios esses que foram<br />

conferidos, pelo Jury, aos artistas Cordélia Eloy de Andrade,<br />

Vicente Laroca e Luiz Soares, respectviamente.<br />

Os "Prémios lllustração Brasileira" constam de assignaturas<br />

annuaes deste mensario.<br />

Terminado o Salão Nacional, os artistas preparam-se para<br />

os salões estadoaes de S. Paulo e do Rio Grande.<br />

Antes do Salão tivemos algumas exposições: a de J. B.<br />

Paula Fonseca e Helios Seelinger, preparada apressadamente,<br />

e que não augmentaram as glorias da carreira de<br />

um e de outro; a de Maria Marqarida, Ismailovitch e<br />

Anna Maria Piergile; a de Víttorio Gobbis, filiado á cor-<br />

renîe moderna; e a de José Maria de Almeida, urri novo<br />

apaixonado, que surge com grandes possibilidades.<br />

No salão da A. B. I., inaugurou-se ha dias uma expo<br />

sição de pintura do sr. VÜtorio Gobbis, que expóz recentemente<br />

trabalhos seus na Associação dos Artistas Brasileiros.<br />

Artista premiado com a medalha de ouro no Salão de<br />

São Pau!o e agraciado excepcionalmente nas Exposições de<br />

Veneza, de Roma e de Pittsburg, que só reapparece, agora,<br />

após 8 annos de acurados estudos para o pleno domínio<br />

do sua expressão plástica, os seus quadros têm merecido<br />

as melhores referencias da critica.<br />

U5ICA O<br />

terceiro concerto da orchestra<br />

do Conservatorio dc<br />

Districto Federal demonstrou,<br />

sobejamente, o quanto pôde obter<br />

uma energia bem dirigida e bem<br />

comprehendida. Constituída de alumnos e professores, a<br />

orchestra, comprehendendo bem a missão em que se achava<br />

e se acha empenhada, apresentou-se cohesa e perfeitamente<br />

ensaiada. Isso é tanto mais para se louvar, quanto<br />

o único interesse que reúne os seus componentes é o bom<br />

nome do Conservatorio do Districto Federal, para o qual<br />

trabalham todos com grande dedicação.<br />

Haja vista a inclusão do "Motu perpetuo", de Paganini,<br />

no programma, assim como o Concerto de Viotti, confiado<br />

a Edgardo Guerra, e as valsas humorísticas de Nepomuceno<br />

entregues a Heloísa de Figueiredo Cordovil, que ultimamente,<br />

se vem impondo como pianista, á altura das<br />

tradições da família, e cuja execução, aprimorada e comunicativa<br />

é sempre um motivo de enlevo e de encantamento<br />

artístico.<br />

Carlos de Almeida, o talentoso virtuose, é positivamente<br />

um "director", cheio de qualidade que o recommendam.<br />

A sua batuta é, sem a mínima duvida, milagrosa.<br />

A<br />

grande revelação do mez foi o recital da jovem<br />

pianista Esther Naiberger. Estréa verdadeiramente<br />

sensacional. Em torno desse concerto, aguçara-se a<br />

curiosidade do meio musical, porque o talento notável da<br />

concertista já vinha sendo acompanhado desde o curso<br />

académico, conduzido, com extremo carinho, pelo professor<br />

Guilherme Fontainha.<br />

Esther Naiberger é um desses casos excepcionaes que surgem<br />

victoriosos.<br />

Virtuose cheia de predicados raros, temeperamento sensivel<br />

e execução extremamente comunicativa, ouvil-a é<br />

gozar um desses raros momentos em que a alma se extasia<br />

e se sublima pela felicidade de sentir.<br />

Essa menina constituiu um dos momentos mais gratos á<br />

nossa emoção artística.<br />

CONTINÚA obtendo crescidos êxitos a orchestra<br />

Symphonica Brasileira, que sob a regencia e direcção<br />

do maestro Eugen Szekar tem realisado uma série<br />

de excellentes concertos conseguindo impôr-se definitivamente<br />

ao publico desta Capital.<br />

O ultimo desses concertos, que teve lugar na Escola Nacional<br />

de Musica, obedecendo a um programma altamente<br />

seleccionado, veiu evidenciar mais uma vez a notável direcção<br />

technica da Orchestra Symphonica Brasileira e<br />

valeu também como prova da capacidade de seus integrantes.<br />

Realisação de hontem, o brilhante conjucto orchestral do<br />

maestro Szenkar não podia de modo algum conquistar,<br />

mais rapidamente do que conquistou, o applauso e a<br />

preferencia do publico carioca.


O FORTE <strong>DE</strong> COPACABANA<br />

E S E U<br />

A N NI V E R S A R I O<br />

O pavilhão nacional pertencente<br />

ao heroico baluarte de guerra<br />

Desfile da guarnição do Forte<br />

de Copacabana <strong>—</strong> 3.° Grupo<br />

de Artilharia de Costa<br />

0<br />

Forte de Copacabana, esse reducto<br />

historico a que pertence a mais bella<br />

e a mais heróica legenda do patriotismo<br />

e do valor da nossa mocidade militar,<br />

e em cujas paredes estão gravados os<br />

lances da<br />

26 annos<br />

Epopéa de Julho de 1922, fez<br />

Commemorando essa data, que não pertence<br />

á velha praça de guerra, nem ao Exercito,<br />

mas ao povo brasileiro, realisaram seus<br />

commandantes um bem elaborado programma<br />

de festejos internos, a que não faltou a<br />

presença de altas autoridades militares e<br />

convidados.<br />

Nesta paqina damos alquns aspectos das<br />

commemorações que terminaram pela madrugada<br />

do dia seguinte, após um baile<br />

offerecido á garbosa guarnição que ali \e<br />

adextra para defender o Brasil.<br />

Duas crianças do elegante bairro, surprehendidas<br />

pelo photographo, assistindo<br />

á cerimonia da alvorada, no<br />

Forte, ainda em trajes de dormir<br />

: jy<br />

•<br />

O corneteiro do Forte<br />

executando um toque<br />

de ordenança<br />

•S


A ESCOLA NACIONAL<br />

<strong>DE</strong> AGRONOMIA<br />

GRANDIOSA UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ACRIGOLA<br />

M churrasco offerecido pelos agronomos do Ministério<br />

da Agricultura ao sr. Presidente da Republica deu<br />

opportunidade a que as autoridades e os jornalistas<br />

travassem conhecimento com as obras do Centro Nacional<br />

de Ensino e Pesquizas Agronomicas, de que fazem parte os<br />

Institutos destinados a experiencias sobre os productos bra-<br />

sileiros e a Escola Nacional de Agronomia.<br />

Essa grandiosa realisação está situada no kilometro 48 da<br />

Estrada Rio-S. Paulo e se compõe de mais de 20 prédios ou<br />

grupos de prédios, alguns destes com 5 pavilhões, todos em<br />

bello estylo colonial, construídos com a maxima solidez c o<br />

maior carinho.<br />

Um expressivo flagrante do Presidente<br />

Getúlio Vargas, colhido<br />

no banquete que lho foi offereeido<br />

pelos agronomos brasileiros<br />

O Presidente da Republica<br />

o Comitiva, examinando as<br />

obras do Inst. Agronomico


Os terrenos constituem parte da immensa area da<br />

antiga Fazenda Nacional de Santa Cruz, são ferteis<br />

e foram preparados, sob todos os aspectos, para ser-<br />

vir esplendidamente aos fins a que se destinam.<br />

As construcções estão muito adeantadas, sendo que<br />

algumas secções se acham em vias de acabamento.<br />

As grandiosas proporções; o cuidado com que tudo<br />

foi planejado e vem sendo executado; a minuciosa<br />

perfeição que presidiu ao traçado de cada secção<br />

<strong>—</strong> fazem da Escola de Agronomia uma perfeita uni-<br />

versidade agricola, talvez uma das mais completas<br />

do mundo, como, talvez, só se encontre igual nos<br />

Estados Unidos.<br />

Ahi, 600 estudantes aprenderão tudo sobre a cultura<br />

e o desenvolvimento das riquezas da nossa terra, a<br />

partir de 1942, quando já estarão concluídas todas<br />

as obras iniciadas sob a direcção do Ministro Fer-<br />

nando Costa.<br />

Outro aspecto da recente<br />

visita do Presidente da Republica<br />

ás obras da nova Escola<br />

Nacional de Agronomia<br />

O Presidente da Republica<br />

e o Ministro da Agricultura,<br />

num expressivo flagrante


ADMINISTRAÇAO DA PREFEITURA<br />

AS gravuras desta pagina dizem,<br />

com nitidez, o que foi o banquete<br />

offerecido ao dr. Jorge Dods-<br />

worth, secretario geral da Administração<br />

da Prefeitura. Foi uma das maiores ho-<br />

menagens que já se realizaram, entre nós,<br />

a um administrador, tendo comparecido<br />

cerca de oitocentas pessoas, entre as<br />

quaes figuras da maior projecção no<br />

mundo official, social, jornalístico e clas-<br />

ses conservadoras. Essa grandiosa mani-<br />

festação de estima e apreço realizou-se<br />

nos salões do Club Gymnastico Portuguez.<br />

Em uma das gravuras que aqui reprodu-<br />

zimos, está um expressivo flagrante do<br />

dr. Jorge Dodsworth, ao agradecer a ho-<br />

menagem, que lhe era prestada.


Dr. Landulpho Alves Interventor Federal na Bahia<br />

A Bahia que<br />

se renova<br />

Uma visão panoramica das reali-<br />

zações do governo Landulpho Alves<br />

33 IIlustração Brasileira<br />

Osr. Landulpho Alves vem realizando na Bahia<br />

um governo notável pela extensão do campo que<br />

abrange a sua actividade, pelo patriotismo que<br />

orienta a sua actuação, pelo cccerto o o critério<br />

com que se tem conduzido.<br />

Todos os grandes problemas da Bahia mereceram-lhe a<br />

attenção. Numerosas obras publicas, algumas importantíssimas<br />

quer pelo custo, quer pelo a.'cancc


Um trecho da Capital da Bahia, visto de avião<br />

O Plano Rodoviário da Secretaria de Viação e Obras<br />

Publicas estipula a construcção de 6.127 kilometros em<br />

periodo decenna', estimada a sua execução na quantia de<br />

Rs. 147.350:000$000, conforme decreto 10.910 de<br />

16-8-38.<br />

Esse periodo decennal foi dividido em tres etapas, assim<br />

discriminadas: 425 kilometros durante os qua +r os annos<br />

de 1939 e 1942; a segunda de 620, nos annos de 1943 e<br />

1945; a te r ceira de 853 kilometros durante os annos de<br />

1946 e 1948. e a ultima de 861 kilometros em 1949.<br />

Em 1939 o Estado executou com vantagem o seu objectivo<br />

rodoviário, dispendendo 14:03! :596$800, incluindo-se<br />

nesse total uma patrulha mechanica e caminhões no valor<br />

de I .940:428$800, e a extensão attribuida ao Instituto<br />

de Cacau, conforme o Decre + o Estadoal n.° 11.047 de<br />

8-1 1-38.<br />

Foi feito um movimento de terra de cerca de dois milhões<br />

de mts. cúbicos, realisando-so 496,87 kilometros de rodovias<br />

de ciasse, ass'm distribuídas:<br />

Matta <strong>—</strong> Pojuca 15 Kms.<br />

Muritibo <strong>—</strong> St,° Antonio 73<br />

Feira <strong>—</strong> Jacobina <strong>—</strong> Tanquinho . . . 18<br />

Cipó <strong>—</strong> Paulo Affonso 64<br />

Conquista <strong>—</strong> Itambé 60<br />

Palestina <strong>—</strong> Itambé 53<br />

Conquista <strong>—</strong> Brumado 40<br />

Itaberaba <strong>—</strong> A^darahy 30<br />

Humildes <strong>—</strong> Cachoeira 42 " 150<br />

Rio do Cobre <strong>—</strong> Plataforma 5 620<br />

Nova Olinda <strong>—</strong> Campos 40<br />

Plano do Inst. Cacau 56<br />

496 Kms. 770


Palacio Rio Branco<br />

Para o exercício de <strong>1940</strong> foi approvado o seguinte programma:<br />

Plano Sul-Linha Léste Oeste <strong>—</strong> Itambé <strong>—</strong> Palestina 100 Kms.<br />

Plano de Coordenação <strong>—</strong> Linha Léste-Oéste. Conquista <strong>—</strong> Brumado 40<br />

Sub-tronco XI Itaberaba <strong>—</strong> Ruy Barbosa 40<br />

Plano Radial Linha Bahia-Alagôas <strong>—</strong> Cicero Dantas <strong>—</strong> Geremoabo 70<br />

Linha Bahia-Piauhy <strong>—</strong> Feira <strong>—</strong> Jacobina 38<br />

Linha Bahia-Goyaz <strong>—</strong> Itaberaba <strong>—</strong> Andarahy 40<br />

Plano do Reconcavo <strong>—</strong> Matta <strong>—</strong> Pojuca 7<br />

Sub-tronco XXII Affonso Penna <strong>—</strong> Castro Alves 40<br />

Trechos diversos ' 5<br />

TOTAL 390<br />

Esta extensão com 50 kilometros do pro-<br />

gramma do Instituto de Cacau, perfaz<br />

440 kilometros, que já estão em plena<br />

phase de execução.<br />

Seguida a orientação geral constructora<br />

das cinco redes, cujos trabalhos estão<br />

activamente atacados simultaneamente,<br />

acha-se o programma do anno corrente<br />

em grande adiantamento, cuja expansão<br />

será dada nos exercícios futuros, por for-<br />

ça do Decreto 10.916 de 16-8-38.<br />

A rede de boas estradas conservadas<br />

pelo Estado já se extende a cerca de<br />

1.200 kilometros. Para completar os es-<br />

tudos da rede prevista para o anno vin-<br />

douro, estão trabalhando oito turmas do<br />

campo, sendo o mais importante trecho<br />

estudado o de Santo Antonio e Gandú,<br />

numa extensão de 120 kilometros da linha<br />

tronco Bahia-Espirito Santo. Assim, os<br />

trabalhos de estudos, construcção e con-<br />

servação dessas estradas se extendem<br />

numa grande kilometragem.<br />

Para fazer face a todas as despesas com<br />

o serviço rodoviário do Estado, foi con-<br />

signada no orçamento vigente a verba<br />

de 2.214:000$000, não contando com a<br />

dotação fixada para a rede do Instituto<br />

de Cacáu na importancia de<br />

2.678:000$000.<br />

O monumento ao "Dois de Julho", num dia de festa nacional


OBRAS PUBLICAS<br />

A actividade do governo Landulpho<br />

Alves, no sector das construcções do<br />

edifícios públicos, assignala-se até o pre-<br />

sente momento pelas seguintes reali-<br />

sações:<br />

Secretaria de Segurança Publica: Ini-<br />

ciada a I d e Setembro de 1937 a<br />

construcção desse proprio do Estado foi<br />

concluida a 12 de Outubro do anno pas-<br />

sado. Este edificio, situado á Praça 13 ds<br />

Maio, abriga confortavelmente todos os<br />

serviços da policia, excepto aquelles que.<br />

por sua natureza e finalidade, exigem lo-<br />

calisação em outros pontos. A sua cons-<br />

trucção foi ' custeada pelos saldos da<br />

verba do se!'o policial (Dec. 9.139, de 29<br />

de Maio de 1935) e custou, até aqui, a<br />

importancia de Rs. 3 .534:269$700.<br />

Hospital Sanatorio Santa Therezinha: A<br />

construcção dessa obra da mais elevada<br />

finalidade social, foi iniciada em 25 de<br />

Abril de 1937 e o seu custeamento cor-<br />

reu pela verba "Assistência Social". A<br />

despesa total dessa construcção importa<br />

em 5. 143:1 53$800, inclusive Serviços Ex-<br />

traordinários e installações.<br />

Villa Militar: Essa obra, que é um gran-<br />

de conjuncto, já quasi totalmente func-<br />

cionando, foi contractada com a Com-<br />

panhia Constructora Nacional S/A, em<br />

21 de Setembro de 1936, pela impor-<br />

tancia de 3. 169:983$ 109, constando a<br />

H<br />

• H 1 1 1 1 • • • ! • • • • • • • • • • • •<br />

construcção de seis pavilhões. Foi paga<br />

á Cia. contractante a quantia de<br />

4.161:540$484, sendo 3 . 169:983$ 109, da<br />

parte contractada e 99l:557$375 de tra-<br />

balhos extraordinários e complementares.<br />

Além destes pagamentos feitos, foi dis-<br />

Instituto Normal da Bahia<br />

pendida em obras, fornecimentos e ser-<br />

viços diversos a importancia de<br />

I . 21 1:358$420, que sommada com a<br />

quantia paga á Cia. Constructora Na-<br />

cional S/A perfaz o total de ........<br />

5.372:898$994.<br />

Uma parte da Escola Elementar<br />

HNIIUUHDHWS


Instituto Normal da Bahia: Inaugurado<br />

a 10 de Novembro de 1939, foi iniciada<br />

a sua construcção em Julho de 193?.<br />

Occupando uma area de 31.700 m2, o<br />

Instituto, que tem capacidade para 3.000<br />

alumnos, constituo um conjuncto de sete<br />

pavilhões. Completa o seu conjuncto uma<br />

praça de sports de 2,340m2, com pista<br />

para corridas, campos de basket-bail,<br />

wall-ball e uma archibancada com a cacidade<br />

para 600 pessoas, tendo ao fundo<br />

um court de tennis. O Estado dispendeu,<br />

até o presente, com a construcção desse<br />

edifício, a importancia de Rs<br />

I 3 .326:377$000, inclusive installação do<br />

relogios, illuminação e serviços diverso:.<br />

Restaurant Lido, que foi inaugurado, solemnemente,<br />

a I de Setembro do anno<br />

passado, custou Rs. 277:939$600, sendo<br />

as suas obras executadas também sob c<br />

regimen de concorrência publica.<br />

A construcção de prédios escolares, no<br />

interior do Estado, no sentido de proporcionar<br />

a educação primaria uma locaüsação<br />

hygienica e confortável, fugindo<br />

aos prédios alugados e improprios, tem<br />

merecido, por parte do governo, o indispensável<br />

cuidado, quer com a continuação<br />

dos já iniciados ou com o inicio de novos<br />

em localidades predeterminadas pela Secretaria<br />

de Educação.<br />

»»<br />

Vale, finalmente ressaltar, que em coita<br />

boração com o Governo Federal, o Estado<br />

empenhou-se na ampliação e restauração<br />

da Escola de Aprendizes Marinheiros,<br />

para o que abriu, por Dec. 10.948, do<br />

2-9-38, um credito de 500:030$000, que<br />

já foi todo pago.<br />

CRESCEM AS RENDAS DO ESTADO<br />

Sem augmentar os impostos nem criar<br />

novos, muito ao contrario, concedendo-<br />

Ihes até bonificações, o governo vem<br />

obtendo apreciavel efficiencia nas arrecadações,<br />

graças ao seu novo apparelhamento<br />

fiscal, severo e honesto, o que<br />

está perfeitamente comprovado no quadro<br />

demonstrativo seguinte, onde se vêem<br />

comparadas as receitas de Janeiro de<br />

1939 e de <strong>1940</strong>, faltando neste ultimo<br />

informações de I 7 Collectorias:<br />

Estações arrecadadoras<br />

Recebedoria da Capital . . . . 3 . 812:671 $200<br />

Estrada Bahia-Alagoas <strong>—</strong> Trecho<br />

Pombal a Cicero Dantas<br />

A CULTURA <strong>DE</strong> CEREAES NA BAHIA<br />

TOMA GRAN<strong>DE</strong> IMPULSO<br />

O plano do governo Estadual de fomento<br />

agrícola, no qual repousam as bases da<br />

recuperação economíca da Bahia, abrange<br />

um circulo de actividades que impressiona<br />

aos menos crédulos. No qus<br />

diz respeito a cultura de cereaes mereço<br />

consideração o trabalho intensivo do governo,<br />

perfeitamente traduzido no trec u o<br />

seguinte do relatorio do sr. Secretario<br />

da Agricultura do sr. Interventor Federal:<br />

"A producção de cereaes é a preoccupação<br />

maxima do agricultor e a finalidade<br />

mesmo maior da agricultura. Productos<br />

comestíveis, de uso quotidiano obrigatorio,<br />

todo orgão publico com as att;i-<br />

J A N E I R O<br />

Differença<br />

1939 1 <strong>1940</strong> | para mais<br />

' :. M IM i<br />

4. I79:239$800 3<strong>66</strong>:568$600<br />

Recebedoria de Ilhéus 874:990$800 962:223$500 87:232$600<br />

Thesouraria Geral 270:402$600<br />

Collectorias (a) 4. I37:404$200 4.455:333$300 I<br />

1<br />

436:820$ 100 1<strong>66</strong>:41 7$500<br />

3 17:929$ 100<br />

TOTAL 9.095:468$800 10.033:616$700 | 938:147$900<br />

Um trecho da rodovia Cipó - Paulo Affonso


VÁRIOS ASPECTOS DA BRILHAN-<br />

TE PARADA <strong>DE</strong> 7 <strong>DE</strong> SETEMBRO<br />

EM S. SALVADOR. <strong>—</strong> Linha de bandeiras<br />

naeionaes das tropas em desfile passando<br />

cm frente ao palanque das altas autoridades.<br />

<strong>—</strong> Companhia de guerra do navio escola<br />

"Almirante Saldanha". <strong>—</strong> 19.° Batalhão de<br />

Caçadores. <strong>—</strong> Batalhão da Policia da Bahia.<br />

AS MANOBRAS <strong>DE</strong> CAMASSA-<br />

RY <strong>—</strong> O acampamento do 19.° B. C.<br />

<strong>—</strong> Grupo do pessoal das transmissões.<br />

<strong>—</strong> Um E. M. cm posição de tiro. <strong>—</strong><br />

Uma metralhadora em posição.<br />

O Interventor Federal na Bahia Dr. Landulpho<br />

Alves e o Commandante da Região<br />

coronel Pinto Aleixo chegam ao Campo<br />

Grande para as commemorações de 7 dc<br />

Setembro.<br />

O tenente coronel João dc Segadas Vianna<br />

cercado pela officialidadc de seu Batalhão<br />

nas recentes manobras dc Camassary.<br />

Edifício do Quartel General em S. Salvador, sede da<br />

6. a Região Militar.<br />

a<br />

A 6.a Região Militar, com jurisdicção nos Estados da<br />

Bahia e Sergipe, ora sob o commando do coronel de<br />

artilharia Renato Onofre Pinto Aleixo, um authentico<br />

soldado, vem atravessando uma phase de notável actividade<br />

profissional.<br />

Col laboram com o commandante Aleixo, nos vários<br />

sectores daquella Região, brilhantes elementos do nosso<br />

Exercito: os tenentes coronéis Segadas Vianna, commandante<br />

do 19.° B. C. de S. Salvador, e Othelo Carvalho<br />

de Oliveira, do 28.° B. C. de Aracaju; o capitão Eduardo<br />

Reis de Freitas, director do C. P. O. R., o major<br />

Cicero Mafra de Magalhães c o capitão José de Figueiredo<br />

Lobo, chefes da 19. a e da 17. a C. R. ; o capitão Miguel<br />

Mozilli, Inspector dos Tiros de Guerra c o major medico<br />

Dr. Rogaciano Joaquim dos Santos, director do Hospital<br />

Militar.<br />

Como auxiliares immediíátos do Commando da Região<br />

contam-se os Capitães Euclydcs Monteiro da Silva<br />

Braga e João de Mello Rezende, do seu Estado Maior;<br />

o major Heitor Cabral, chefe do Serviço de Engenharia;<br />

o major medico Dr. Galdino Ferreira Martins, chefe do<br />

Serviço de Saúde; o capitão veterinário Dr. Volney de<br />

Barros, chefe do Serviço de Veterinaria; o capitão Raymundo<br />

Camillo de Souza, chefe do Serviço de Intendencia;<br />

o capitão José Bezerra Cavalcante, chefe do Serviço de<br />

Material Bellico; o capitão Geminiano Hanequim Dantas,<br />

chefe do Serviço de Fundos e os 2°s. tenentes convocados<br />

Antonio M. Carneiro da Cunha e José de Almeida Lima.


OS SERVIÇOS <strong>DE</strong> EDU-<br />

CAÇÃO E SAÚ<strong>DE</strong> NO<br />

ESTADO DA BAHIA<br />

A educação e a saúde vão tomando novos rumos na administração<br />

do Interventor Landulpho Alves. A Secretaria de Educação e Saúde<br />

vem se desdobrando em actividades varias, procurando melhorar o nivel<br />

sanitario e educacional das populações bahianas.<br />

Crear escolas e postos médicos no interior, o maior numero possivel,<br />

é o lemma do Sr. Isaias Alves, na Secretaria de Educação e Saúde.<br />

Assim, em Julho de 1938, foram creadas 250 cadeiras no Estado e preenchidas<br />

mais de 100 cadeiras, que se achavam eternamente vagas,<br />

sendo, por esse motivo, nomeados cerca de 405 professores novos e<br />

approvados em concurso.<br />

Não foi apenas uma modificação de numero de professores a que se<br />

effectuou em 1.° de Julho de 1938. Nessa data, pelo Decreto 10.815,<br />

modificou-se consideravelmente a situação social dos professores, que<br />

deixaram de depender das localidades em que residem, para obter<br />

promoções de quadro. Até então, o professor pedia a transferencia<br />

para localidades de classificação estatística mais alta, afim de conseguir,<br />

ipso fato, a promoção. Agora poderão os professores firmar-se<br />

social e economicamente, em localidades mais ou menos distantes da<br />

capital, creando circulos de relação atravez dos quaes possam influir<br />

no melhoramento da sociedade, demonstrando quanto é importante a<br />

personalidade equilibrada do professor ou de uma professora na orienta-<br />

• W v A n0 s tadiwiH<br />

si dente ^<br />

proferi o<br />

ção moral das populações do interior, onde, por vezes,<br />

durante semanas, não apparece um padre, um<br />

medico ou uma autoridade judiciaria.<br />

Ao lado dessa modificação, firmaram-se novos critérios<br />

para promoção dos professores, deliberando-se<br />

que, um terço, se fizesse por antiguidade e, dois<br />

terços, por merecimento, verificado mediante cuidadosos<br />

assentamentos do Departamento de Educação.<br />

Pelo Decreto 11.682, de 13 de Julho de <strong>1940</strong>, que<br />

reorganizou os serviços technicos e administrativos<br />

DR. ISAIAS ALVES, Secretario de Educação<br />

e Saúde do Estado da Bahia<br />

do Departamento de Educação, foi determinado<br />

que os professores classificados em concurso, que<br />

acceitarem nomeação para a regencia de escolas<br />

situadas em longinquas localidades que se acham<br />

vagas e sem candidatos, terão attendidas as<br />

difficuldades de transporte, accrescido de cincoenta<br />

por cento ( 50 % ) o tempo de serviço<br />

nas mesmas escolas, depois de dois ( dois ) annos<br />

de permanencia na cadeira. Decorridos 30 dias,<br />

não havendo candidatos classificados em concurso,<br />

poderão ser nomeados regentes interinos<br />

das mesmas escolas, sem as vantagens acima<br />

referidas, professores que não se tenham habilitado<br />

em concurso.<br />

O serviço de inspecção escolar, no interior do<br />

Estado, até Julho deste anno, era feito por, sómente,<br />

3 inspectores, sendo com o Decreto 11.682<br />

acima citado, nomeados mais 12, formando, as-<br />

Vista parcial do Instituto Normal da Bahia


GYXNASJO<br />

sim, um total de 15 inspectores, que foram designados para zonas<br />

previamente determinadas, attendidos cs meios de transporte, condições<br />

de vida, etc.<br />

A MATRICULA NAS<br />

ESCOLAS DA CAPITAL<br />

A Secretaria de Educação e Saúde vem se empenhando em obter o<br />

maior rendimento possível das escolas. Assim, o Departamento de<br />

Educação levantou uma grande campanha, fazendo com que os paes<br />

matriculassem seus filhos logo no primeiro mez de aula. Os effeitos<br />

se fizeram sentir immediatamente. Emquanto em 1938, no mez de<br />

Março, foram matriculados, na capital, 8.440 alumnos. em <strong>1940</strong>, esse<br />

numero se elevou a 17.364.<br />

Com providencias moralizadores, tomadas pela Secretaria de Educação.<br />

o conceito da escola publica foi elevado e cresceu, notadamente,<br />

o '.nteresse dos paes de familia para com as mesmas escolas.<br />

NOVA ORGANIZAÇÀO PARA<br />

O <strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO<br />

O orgão centralizador das actividades educacionaes da Bahia é o<br />

Departamento de Educação. Desde a creação da Secretaria de Educação<br />

e Saúde e Assistência Publica, em que se transformou a actual<br />

Secretaria de Educação e Saúde, nenhuma organização foi dada aos<br />

serviços de educação do Estado. A estructura dos serviços continuava<br />

sendo a mesma da antiga Directoria Geral de Instrucção Publica, inteimente<br />

inadequada á complexidade das funeções que realiza hoje o Departamento<br />

de Educação.<br />

Escola Góes Calmon, situada<br />

nc novo bairro dos "Barris"<br />

Vista do pavilhão principal<br />

do Gymnasio do Estado<br />

Por esse motivo, foi decretada a sua reorganização<br />

pelo Decreto 11.682, de 13 de Julho do corrente<br />

anno. O Departamento de Educação, que era constituído<br />

quasi que de uma só secção, está agora<br />

dividido em secções technicas e administrativas.<br />

Assim, foram creadas as Secções de Expediente c<br />

Informações <strong>—</strong> de Cadastro e Pessoal <strong>—</strong> de Apparelhamento<br />

Escolar <strong>—</strong> de Estatistica e Recenseamento<br />

Escolar. Os serviços technicos ficaram<br />

assim distribuidos : Assistência do Ensino Elementar<br />

da Capital e Suburbios ( Escolas Elementares<br />

Jardins de Infancia ) ; Assistência do Ensino<br />

Profissional, Secundário e Normal ( Gymnasio da<br />

Bahia, Instituto Normal da Bahia, Escolas Ruraes<br />

c Escolas Profissionaes ) ; Assistência de Programmas<br />

e Classificação de Alumnos ; Assistência de<br />

Actividades Extra - Classe ; Superintcndencia de<br />

Educação Physica.<br />

Acha-se agora apparelhado o Departamento de<br />

Educação para coordenar os serviços de instrucção<br />

publica da Bahia, o que, antigamente fazia com<br />

grande defficiencia, apesar dos esforços de chefes<br />

c funccionarios.<br />

COLONIAS <strong>DE</strong> FERIAS E<br />

CURSO <strong>DE</strong> FERIAS PARA<br />

O P R O F E S S O R A D O<br />

Continuando no seu proposito de organizar curso<br />

de ferias para o professorado bahiano, o Dr. Isaias<br />

Alves fez com que este anno, no Gymnasio da Bahia,<br />

se reunissem os professores, no niez de Fevereiro,<br />

para assistirem aulas cujos programmas foram anteriormente<br />

organizados. Deste modo, foram leccionadas<br />

as seguintes matérias : Escripta. Bibliotheca,<br />

Geographia, Arithmetica, Estatistica. Desenho. Calligraphia,<br />

Historia do Brasil, Sociologia, Psychologia,<br />

Ensino Rural, Religião, Leitura e Educação Physica.<br />

* SCO,d Duque* A r*<br />

Urn * ! e Ca *'*S, com<br />

* a,Co"<br />

Este curso foi ministrado por professores do Gymnasio<br />

da Bahia e do Instituto Normal, alem dos<br />

Professores Primários e Engenheiros Agronomos.<br />

COLONIAS <strong>DE</strong> FERIAS<br />

Como no anno passado, este anno, funccionou a<br />

Colonia de Ferias no Grupo Escolar situado em<br />

Bugary, em Itapagipe. A turma de creanças internada<br />

na Colonia, que funccionou durante o mez<br />

de Fevereiro, foi composta de 60 meninos debeis,<br />

desnutridos e depauperados pela falta de recursos<br />

do meio familiar, ou pela convalescença de doenças<br />

infantis, a que vivem expostos, no contagio e no<br />

desconforto das habitações proletarias.<br />

A Secretaria de Educação e Saúde, depois de verificar<br />

os beneficos resultados obtidos na Colonia de<br />

Ferias, deliberou diffundir a util iniciativa, já exis-


t.ndo entendimentos com algumas prefeituras do<br />

interior pira installação de instituições congeneres,<br />

cm estações balnearias, onde até então, sómente os<br />

abastados podiam procurar a cura e repouso, como<br />

sejam nas famosas fontes hydrothermicas da ilha<br />

de Itaparica e da cidade de Cipó.<br />

OS SERVIÇOS <strong>DE</strong> SAÚ<strong>DE</strong> NA<br />

BAHIA E AS SUAS NO-<br />

VAS R E A L I Z A Ç Õ E S<br />

A acção do Departamento de Saúde, sob a direcção<br />

('o Dr. Cezar Arar.'o, rma das mais altas intelligenefas<br />

medicas bahianas, vem sendo cada vez mais<br />

p^fieienV em todos os seus sectores. Depois de<br />

ser creado o humanitario "Serviço de Prcp'iy!axia<br />

da l epra", teve a sua dotação augmentada para<br />

trinta contos de réis o importante "Serviço de Colloca^ão<br />

Familiar", iniciado em 1939, onde já sc encontram<br />

"collocadas" 82 creanças, estando, por outro<br />

lado, 10 solicitações sendo examinadas. É uma<br />

obra victoriosa e de grande alcance social.<br />

O Estado paga uma pensão á família que concorda<br />

em acolher a creança desherdada da sorte, fornecendo<br />

a esta um enxoval por anno, alimentação e<br />

assistência medica. Ainda, no dominio da assistência<br />

á segunda infancia outra importante se<br />

esboça promissora : a dos "Abrigos Diurnos", annexos<br />

aos sub-postos do Rio Vermelho e da Estrada<br />

da Liberdade.<br />

E não fica ahi a actividade dos Serviços de Saúde<br />

na Bahia. Citemos as mais importantes iniciativas<br />

Minucioso estudo foi feito do problema da malaria,<br />

na zona sudoéste do Estado, já havendo sido apresentado<br />

ao governo um plano de saneamento.<br />

«•o Sccco" 0 '<br />

brevet<br />

Mais de 10 Postos novos de hygiene foram localizados<br />

no interior que, com os creados em 1938, perfazem<br />

o total de L9. Encontram-se actualmente em estudo<br />

quatro novos lactarios : em Joazeiro, Bomfim,<br />

Rio Novo e Feira de Sant'Anna. Com o intuito<br />

de minorar os malefícios da assistência indouta aos<br />

partos, o Serviço de Hygiene Pré-Natal e Infantil<br />

vem promovendo a educação das aparadeiras, fornecendo<br />

necessários obstétricos, dando-lhes cursos<br />

práticos e instituindo prêmios em dinheiro.<br />

Acham-se já installadas mais duas cantinas maternaes,<br />

uma annexa ao 3.° Centro de Saúde e<br />

outra, no 6.° Posto, á Estrada da Liberdade. Os<br />

"prêmios de amamentação" que foram officializados<br />

em 1938, com a verba de cincoenta e três<br />

contos, em <strong>1940</strong> tiveram a dotação augmentada<br />

para sessenta contos de réis. Cada vez se tornam<br />

mais perfeitos os serviços de acquisição e distribuição<br />

de leite materno ( em collaboração com a Liga<br />

Contra a Mortalidade Infantil, na Escola de Pueri-<br />

Posto de Hygiene Infantil <strong>—</strong> (Rio Vermelho)<br />

cultura ), de instituição de prêmios de tratamento com regularidade<br />

; do "copo de leite" no consultorio de Hygiene Pré-Natal, no 1. °<br />

Centro de Saúde ; de assistência ao parto em domicilio, sob a fôrma<br />

de "équipes", a titulo de observação, annexo ao 1.° Centro de Saúde<br />

e de installação de "crèches" nos estabelecimentos fabris, em collaboração<br />

com a Inspectoria do Trabalho.<br />

No i.° semestre deste anno, foram distribuidas 127.479 doses de vaccinas<br />

anti-typhicas, 23.547 tubos de vaccinas anti-variolicas, 199.519<br />

ampolas e 184.000 comprimidos.<br />

Outras medidas a favor da hygiene publica vão sendo executadas com<br />

regularidade e presteza, como a remoção de estábulos no centro urbano<br />

e a interdicção de hortas irrigadas com aguas poluidas. Continua o<br />

recenseamento thoraxico, pela "rcentgenphotographia", dos empregados<br />

em estabelecimentos de generos alimentícios, já tendo sido iniciado,<br />

também, o dos domésticos.<br />

O Hospital Santa Therezinha, para tuberculosos, em via de ser co::c!uido,<br />

é urn moderno nosocomio para 320 leitos. Até o fim deste anno, será,<br />

igualmente, inaugurado, o novo Hospital de Prompto Soccorro. Na<br />

região do Nordéste foram installados quatro postos médicos para acudir<br />

ao problema do trachoma, estando prestando inestimáveis serviços, sob<br />

o ponto de vista prophylatico c assistencial.<br />

Ê, pois, um rytkmo novo de trabalho que anima todos os serviços do<br />

Departamento de Saúde na empreza benemerita de defender o patrimônio<br />

maior de um povo <strong>—</strong> a saúde.<br />

Aspecto do Hospital Santa Therezinha, para<br />

tuberculosos, com capacidade para 320<br />

enfermos, a inaugurar-se ainda este anno<br />

Outubro <strong>—</strong> li* 10 47


RIMEIRO centro de civilização brasileira,<br />

a cidade do Salvador é hoje, por to-<br />

dos os títulos, um ponto natural de turismo.<br />

Comprehendendo isso, o Sr. Neves da Rocha,<br />

prefeito de larga visão moderna, vem empre-<br />

gando um esforço elogiavel no que tange a<br />

desapropriação, visando, assim, e como real-<br />

mente acontece, melhorar a face urbana da<br />

Cidade, sem que seja, comtudo, prejudicada,<br />

a sua característica colonial.<br />

Essas desapropriações vêm de encontro ãs<br />

necessidades da capital bahiana, decorrendo<br />

disso alargamentos de ruas outrora estreitas<br />

RUA BOTELHO BENJAMIN <strong>—</strong> Outra importante<br />

obra da gestão Neves da Rocha, ligando os dois<br />

planos da C\óòóe e facilitando, assim, melhor<br />

meio de communicação entre as duas partes da<br />

velha cidade de T h o m é de S o u z a<br />

NEVES<br />

IGREJA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA <strong>—</strong><br />

Iniciada em 1736 e concluída em 1765. E"<br />

um templo majestoso, em cantaria lavrada<br />

ROCHA<br />

que prejudicavam grandemente o trafego que<br />

dia a dia mais augmenta. Assim, no inicio do<br />

seu governo, em 1938, foram desapropriados<br />

53 prédios, no valor total de 522:056$000,<br />

além de 9 faixas de terreno, na importancia<br />

de 47:940$000. Durante o anno em curso foram<br />

mais desapropriados 38 prédios, na importancia<br />

de 864:43<strong>5$000</strong> e 5 faixas de terreno<br />

no valor de 20:600$000.<br />

Relativamente ao importante plano de remodelação<br />

do La--qo da Sé, para cuja execução<br />

foi feita um «mprestimo de 5 mil contos, já<br />

foram desapropriados 18 prédios no valor total<br />

de 2.520:864$000.<br />

m<br />

RUA <strong>DE</strong> MAUÁ <strong>—</strong> Nova de ligação<br />

entre as ódòóes alta e baixa, uma das<br />

orònóes reòWztçóes do aovemc Neves da Rocha<br />

Podemos salientar ainda as seguintes realiza-<br />

ções do dynamico prefeito da Cidade do<br />

Salvado^ no que respeita ao setor de obras<br />

publicas :<br />

RUA BOTELHO BENJAMIN <strong>—</strong> Essa rua, que<br />

é uma das novas ligações entre as cidade*<br />

Alta e Baixa, e que veiu melhorar, considera-<br />

velmente, o trafego, desafogando as poucas<br />

vias de accesso existentes, tem uma largura<br />

de 15 metros e uma extensão de 276. Custou<br />

493:723$I08, em obras por empreitada. Alarw<br />

gamento da AVENIDA BOMFIM, com servi-<br />

ços de pavimentação, corte, muralhas de sus-<br />

tentação, etc., medindo 15 metros de largura,<br />

ficando a sua remodelação pelo custo de


VISTA DA CIDA<strong>DE</strong> BAIXA, vendo-se o<br />

jardim cia Praça Cairú, a Alfandega, o<br />

Mercado Modelo e parte do porto<br />

723:376$973. Outro importante melhoramento<br />

foi feito na RUA VISCON<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> MAUÁ, uma<br />

das principaes vias de communicação entre<br />

as duas partes da cidade alta e baixa, do<br />

inestimável valor, onde sómente foram dispen-<br />

didos 628:850$917. Serviços de grande rele-<br />

vância foram executados na AVENIDA MEM<br />

<strong>DE</strong> SÁ e PRAÇA GENERAL OSORIO (parte<br />

baixa da cidade) com uma pavimentação de<br />

paralelepípedos rejuntados numa extensão de<br />

8 mil metros quadrados, além de balaustradas,<br />

PUo o° de<br />

Peqvie^ ^ , so-<br />

canalização, ajardinamento e illuminação apropriada,<br />

ficando tudo num total de 298:899$885.<br />

No pittoresco bairro de Brotas as ruas DOS<br />

BAN<strong>DE</strong>IRANTES, DOS TUPYS e FRANCISCO<br />

PADILHA, já exigiam uma pavimentação, por<br />

isso que vinham sendo embellezadas por novas<br />

construcções particulares; foram immediatamente<br />

introduzidos ali trabalhos de balaustradas,<br />

passeios, e ampla quadra de pavimentação,<br />

importando taes obras em 250:819$917.<br />

CONSTRUCÇÕES NOVAS<br />

Como decorrencia natural dos melhoramentos<br />

introduzidos na cidade pelo actual Prefeito, o<br />

numero de construcções novas no perímetro<br />

urbano vem augmentando consideravelmente. Durante o anno de 1938 foram côn$truídos,<br />

na zona urbana, 580 prédios. Já em 1939 esse numero augmentou para<br />

783. No primeiro trimestre deste anno, já foram construidos 253 prédios, o que<br />

demonstra um augmento digno de nota.<br />

FINANÇAS MUNICIPAES<br />

Ao assumir as redeas do governo da Communa, o Sr. .Neves da Rocha providenciou<br />

uma cuidadosa arrecadação das rendas municípaes, visando, assim, e sem<br />

considerável augmento de imposto, elevar a arrecadação da municipalidade.<br />

Concretizou-se essa providencia, e o resultado foi que, logo no primeiro anno<br />

de administração, augmentou a renda de 7 mil contos, passando de 17.217:547$000.<br />

Em 1939, a arrecadação foi de 23.091:699$000.<br />

Já durante o primeiro semestre do anno em curso a arrecadação attingiu<br />

9.373:469$000.<br />

Observa-se, por esses dados, o especial zelo com que o sr. Neves da Rocha vem<br />

tratando os assumptos financeiros da Prefeitura, procurando elevar o Município<br />

a uma situação sem embaraços.<br />

PROPAGANDA DO MUNICÍPIO<br />

Procurando tornar conhecido o municipio, não só entre os bahianos como em todo<br />

o paiz, no que se refere ao seu desenvolvimento e ás suas possibilidades, o Sr.<br />

Prefeito organizou a Divisão de Estatistica e Divulgação da Cidade do Salvado*<br />

nos moldes do Instituto Brasileiro de Geographia e Estatistica.<br />

Creada essa repartição, não se fizeram esperar os seus resultados. E assim é que,<br />

nesse período de 2 annos, já foram feitas diversas publicações não só de caracter<br />

estatístico como de feitio turístico, publicações essas que, distribuídas'<br />

acertadamente, dizem o bastante do que é o Municipio do Salvador, ora numa<br />

phase de progresso e alevantamento.<br />

PRAÇA D. PEDRO II, antigo Campo dos Martyres, completamente<br />

remodelada e ajardinada na administração Neves da Rocha


CACAU<br />

BAHIA<br />

aovia<br />

A<br />

lavoura do cacau na<br />

Bahia constituo um<br />

dos mais firmes es<br />

feios da economia nacional,<br />

para a qual contribuiu com<br />

mais de um milhão de contos<br />

de réis, só nos últimos<br />

cinco annos, sendo interessante constatar o<br />

facto de ser quase totalmente exportada<br />

para o extrangeiro a producção que, no anno<br />

de 1939, montou a 2.254.863 saccos, emquanto<br />

para todos os outros Estados do<br />

Brasil a Bahia enviou apenas 15.188 saccos,<br />

equivalentes a 0,67 % (sessenta e sete centésimos<br />

por cento) daquelle total da- sua<br />

producção. Esta lavoura bahiana é assim<br />

uma verdadeira "cash-crop", isto é, uma<br />

actividade agrícola, cujo producto é trocado<br />

por ouro extrangeiro.<br />

Comquanto, no seu inicio e durante muitos<br />

annos, o desenvolvimento dessa cultura estivesse<br />

dependente apenas da pertinacia dos<br />

heroicos desbravadores das mattas do sul<br />

bahiano, da fertilidade das terras dessa região<br />

e dos preços geralmente compensadores<br />

naquelía época offerecidos peio<br />

cacau, deve-se ao Instituto de Cacau da<br />

Bahia o ccnjuncto de realizações multiformes<br />

que salvaram aquella lavoura da "débacle"<br />

Inclifuio do Cacau <strong>—</strong> Bahia<br />

imminente em 1931-1932, proporcionando-<br />

Ihe dahi em diante os meios de concorrer<br />

vantajosamente nos mercados internacionaes<br />

pela orientação racional, gradativamente<br />

adoptada pela melhoria e barateamento dos<br />

meios de transporte do cacau graças as magnificas<br />

rodovias construídas na região sulina,<br />

cujo total em trafego hoje excede do<br />

400 km., assim como pelo credito hypothecario<br />

a longo prazo e pelo penhor agrícola,<br />

ambos a juros extremamente modicos.<br />

A acção do Instituto de Cacau desdobra-se<br />

por intormedio das suas carteiras, cabendo,<br />

respectivamente, ás Carteiras Hypothecaria<br />

e Cooperativista a concessão dos empréstimos<br />

hypothecarios e dos penhores agrícolas<br />

aos associados, á Carteira Commercial as<br />

operações mercantis (compra, consignação e<br />

venda de cacau), que asseguram ao productor<br />

o máximo preço compatível com as<br />

cotações nos mercados importadores, e a<br />

Carteira Gera! os demais assumptos: obras<br />

Uni *o o, .<br />

de utilidade publico, etc. O Departamento<br />

de Obras de Ut.lidade Publica, subordinado<br />

a esta ultima carteira, tem a seu encargo a<br />

execução de projectos, fiscalização da construcção<br />

de rodovias, pontes, etc., emquanto<br />

o Departamento Technico-Agricola, dispondo<br />

das Estações Experimentaes de Agua Preta<br />

e Almada, effectua investigações acerca dos<br />

melhores processos para cultivo do cacaueiro,<br />

preparo do cacau,' " combate ás moléstias<br />

e pragas, diffusão da polyculhura, etc.<br />

Aspecto parcial do Armazém


PERSPECTIVAS AUSPICIOSAS L)A ACÇÃO<br />

<strong>DE</strong> UM GOVERNO DYNAMICO E PATRIOTICO<br />

I SPIRITO SANTO é hoje um dos raros pequenos Es-<br />

tados da Federação Brasileira, que tém deante de si um pro-<br />

ximo futuro cheio das mais auspiciosas surpresas, principal-<br />

mente para a sua industria e para o seu commercio exporta-<br />

dor. Medindo 15.OCO kilometros quadrados e possuindo uma<br />

população, sempre crescente e activa, que já deve passar de<br />

800.000 habitantes, é um sector especialmente cafeeiro, o<br />

qual, segundo os entendidos e a estatística geral, produz o<br />

melhor café do mundo.<br />

Geographicamente, é um Estado privilegiado, pois está ligado<br />

ao Rio e a Minas Geraes por duas grandes estradas de ferro :<br />

a Leopoldina Railway, que mede 600 kilometros até á Capital<br />

Federal, e a Estrada de Ferro - Victoria - Minas que, cortando<br />

a fertilissima região do rio Doce, penetra o vizinho Estado<br />

montanhez, onde recebe ahi toda a sua producção destinada<br />

aos commercios mundiaes, conduzindo-a directamente aos<br />

porões dos navios atracados no magnifico caes da capital<br />

capichaba <strong>—</strong> hoje o porto mais movimentado de embarque do<br />

minério de ferro da zona de Itabira.<br />

O territorio espirito-santense acha-se actualmente todo cortado<br />

por extensas e bôas estradas de rodagem, possuindo ainda<br />

uma ampla viação fluvial, maritima e aérea, sendo o seu litto-<br />

ral percorrido com regularidade por navios de cabotagem, que<br />

fazem o serviço do commercio littoraneo.<br />

Palacio do Governo<br />

mmmm.<br />

wmm<br />

Major JoAo PUNARO BLEY <strong>—</strong> Inter<br />

ventor Federal no Espirito Santo.<br />

Compõe-se o Estado de 32 Municipios, entre os quaes<br />

o mais importante é Cachoeiro do Itapemirim, centro<br />

commercial de intenso movimento, com uma população<br />

de 18.000 habitantes, cuja riqueza repousa na cultura<br />

de quinze milhões de cafeeiros, distribuidos, approxi-<br />

madamente, entre 2.000 propriedades ruraes.<br />

No Municipio de Vargem Alta está se tentando a futu-<br />

rosa industria da sericicultura, que, aliás, tem tomado<br />

um animador incremento.<br />

O Estado do Espirito Santo deve muito do seu pro-<br />

gresso actual á intelligencia moça e esclarecida do<br />

interventor Major Punaro Bley que, diga-se com jus-<br />

tiça, tem sido o seu máximo orientador.<br />

Sob a sua vigilante e patriótica administração, vêm<br />

sendo saneadas varias zonas do interior do Estado,<br />

onde as cheias do rio Doce e o transbordamento do Jacú<br />

occasionavam febres intermitentes.<br />

A administração do Estado, igualmente, apresenta um<br />

controle perfeito. Ainda ha pouco os jornaes revella-<br />

ram dados expressivos da administração do Interventor<br />

Major Punaro Bley, estabelecendo um confronto entre<br />

os adeantamentos e responsáveis, pela rubrica, dispen-<br />

didos pelo Estado, em 1937, que foram de<br />

12.554:591$604, e o de 1939, onde sómente foram dis-<br />

pendidos, por tal rubrica, réis 1.696:5055400.<br />

O Espirito Santo, como se vé, c um Estado que, mesmo<br />

independente da influencia bemaventurada do seu<br />

nome, caminha hoje na primeira plana dos maiores<br />

e mais adeantados do Brasil.


Pavilhão "Mello Mattos<br />

menores abandonados<br />

("asa de Saúde "Governador<br />

Bley". Da Associação dos<br />

Funccionarios Públicos<br />

GRAN<strong>DE</strong>S<br />

REALISAÇÕES<br />

PUNARO<br />

GOVERNO<br />

Hospital de Isolamento<br />

"Oswaldo Monteiro"


Co\onia<br />

d e<br />

Férias<br />

escolares<br />

t«J<br />

h l m<br />

Lyceu Industrial<br />

Obras da Penitenciaria do Estado


Deposito de minério de ferro no cáes do porto de Victoria.<br />

O seu total de 5.750 toneladas foi embarcado entre os dias 2<br />

a 9 de Julho deste anno, começando ás 12 horas, no dia 2 e<br />

terminando ás 13 horas do dia 9.<br />

O primeiro navio a sahir do porto de Victoria com carregamento<br />

de minério foi o finlandez "Modesta", commandado<br />

por J. W. Isakssoyi.<br />

O PRIMEIRO EMBARQUE<br />

<strong>DE</strong> MINÉRIO <strong>DE</strong> FERRO<br />

PELO PORTO OE VICTORIA<br />

Descarna


fKr* ~mrm ; n r ii m - <strong>—</strong> " M t*wv>» ^ ^ ^ «ww, ^<br />

Vfsía do cdes do porto de Victoria, destinado aos grandes navios<br />

Obras novas do porto de Victoria, a cargo da Empreza<br />

Constructora Brasileira Guenbilf Ltda. e custeadas pelo<br />

Governo do Estado do Espirito Santo, no valor de doze mil<br />

contos de réis.<br />

Um vapor deixando<br />

o porto de Victoria.<br />

)<br />

W M < I<br />

- -'lil


VICTORIA<br />

VERTIGINOSO<br />

DR. AMÉRICO POLI MON JARDIM <strong>—</strong> Prefeito da Capital do Espirito Santo.<br />

E O SE<br />

PROGRESSO<br />

V ICTORIA, a linda e asseiada capital capi-<br />

chaba, nascendo encantadoramente entre aguas<br />

serenas e montanhas verdes, cuja população, tra-<br />

balhadora e progressista, já attinge 45.000 habi-<br />

tantes, é hoje uma das mais curiosas cidades<br />

brasileiras, quer pela importancia do seu porto<br />

<strong>—</strong> que é, entre nós, o terceiro como exportador<br />

de café <strong>—</strong> quer pela sua belleza panoramica, que<br />

deslumbra e enternece a todos os que a visitam<br />

pela primeira vez.<br />

A capital do Estado do Espirito Santo é tam-<br />

bém uma das mais antigas do Brasil, pois foi<br />

descoberta em 13 de Junho de 1535, com o nome<br />

de ilha de Santo Antonio, sendo dois annos mais


tarde trocado pelo de Duarte Lemos, seu primi-<br />

tivo donatario. A origem do seu nome actual<br />

é simples e interessante : conta-se que os colo-<br />

nos portuguezes, sahindo vencedores de uma luta<br />

travada entre goytacazes e aymorés, a fizeram<br />

séde da Capitania, baptizando-a definitivamente<br />

de Victoria.<br />

Victoria foi elevada á cidade em 2 de Março de<br />

1829. Tendo uma área de 290.343.750 metros<br />

quadrados, apresenta hoje uma área povoada, de<br />

4.200.000 metros quadrados, com 5.973 casas e<br />

uma linha de bonde de 25 kilometros.<br />

Ê uma cidade que progride de dia para dia.<br />

Aquellas ruas tortuosas e Íngremes, de casas<br />

acavalladas e coloniaes, que tão triste impressão<br />

causaram ao historiador Rocha Pombo, estão<br />

hoje transformadas em amplas e lindas avenidas<br />

bem pavimentadas e com óptima illuminação.<br />

A capital capichaba, graças a um dos mais tre-<br />

pidantes e arejados espíritos da moderna gera-<br />

Ilha do Principe<br />

ção de administradores municipaes <strong>—</strong> o Dr. Amé-<br />

rico Mon jardim, seu grande Prefeito <strong>—</strong> está se<br />

transformando num verdadeiro centro urbano de<br />

elegancia, movimento e bom gosto architecto-<br />

nico.<br />

O Parque Moscoso, orgulho natural dos capicha-<br />

bas, onde figura o busto do Dr. Henrique Mos-<br />

coso, um dos seus mais estimados e benemeritos<br />

presidentes, acaba de soffrer uma importante<br />

remodelação na sua esthetica, já tendo sido inau-<br />

gurados um serviço magnifico de illuminação e<br />

lindas fontes luminosas.<br />

A Prefeitura vem constantemente aterrando gran-<br />

des áreas de mangue nos arredores da cidade,<br />

onde futuramente serão aproveitadas para bair-<br />

ros operários.<br />

Viveiro de orchideas, no Parque Moscoso,<br />

onde existem 700 variedades desta planta.<br />

Um dos serviços, porém, mais importante do<br />

Dr. Américo Mon jardim é uma estrada de roda-<br />

gem que contorna a ilha de Victoria, num per-<br />

curso de 14 kilometros, e que já está quasi ter-<br />

minada.<br />

O Governo, por sua vez, também tem concorrido<br />

para o embellezamento e o progresso da cidade,<br />

construindo estabelecime ítos de ensino e outras<br />

obras importantes, como o Stadium Punaro Bley,<br />

o quartel da Força Publica, que é, innegavel-<br />

mente, um dos melhores do Brasil, o Hospital<br />

de Tuberculosos, e, actualmente, está empenhado<br />

em notável serviço de reformas na Penitenciaria,<br />

um estabelecimento que honra a cultura jurídica<br />

do Estado.


Os prédios mais importantes da cidade são o<br />

Theatro Carlos Gomes, o Palacio do Governo, de<br />

magestosa fachada, a Cathedral, toda em estylo<br />

gothico, o Club Saldanha da Gama, o Lyceu<br />

Agricola, o Cine-Theatro Gloria, os Correios e<br />

Telegraphos, e muitos outros. Conta ainda a<br />

cidade com varias instituições culturaes, como o<br />

Instituto Historico e Geographico, a Academia<br />

Espirito-santense de Letras, a Associação Espi-<br />

rito-santense de Imprensa, a Bibliotheca e Ar-<br />

chivo Públicos, o Museu, a Escola Normal D.<br />

Pedro II, a Academia de Commercio, a Facul-<br />

dade de Odontologia e Pharmacia, a Faculdade<br />

de Direito, a Escola Brasileira de Educação e<br />

Club de Regatas Saldanha da Gama, á<br />

entrada da bahia.<br />

Um trecho do Parque Moscoso, completamente reformado e<br />

embellezado na administração do Prefeito Américo Monjardim.<br />

Ensino ( estabelecimento particular ), três or-<br />

phanatos, etc. Possue perto de 100 escolas iso-<br />

ladas e vários clubs recreativos de grande pro-<br />

jecção na vida social da cidade, como o Club Vi-<br />

ctoria, o C. R. Saldanha da Gama e o C. N. R.<br />

Alvares Cabral.<br />

Com os seus bairros modernos e as suas praias<br />

próximas e encantadoras, como a praia Comprida<br />

<strong>—</strong> a pequena Copacabana dos capichabas, <strong>—</strong> a<br />

da Costa e a de Cambury, que ficam um pouco<br />

afastadas, os turistas têm sempre onde maravi-<br />

lhar os olhos.<br />

Do outro lado, no continente <strong>—</strong> Villa Velha, an-<br />

tiga capital <strong>—</strong> ergue-se o Convento de N. S.<br />

da Penha do Espirito Santo, obra de grande pa-<br />

ciência e de imponente aspecto, erigido pelo ir-<br />

mão leigo da Ordem de São Francisco, Frei Pe-<br />

dro Palacios, em 1575.<br />

Praça da Independcncia, destacando-se<br />

o Theatro Gloria.<br />

Ha 365 annos, pois, mais ou menos, que crentes<br />

e curiosos sobem aquellas ladeiras Íngremes e<br />

exhaustivas para adorarem a Virgem, matarem<br />

a curiosidade e descortinarem o immenso pano-<br />

rama de cima do penedo, que é soberbo e incom-<br />

parável .<br />

O município desfrueta uma situação invejável.<br />

Basta dizer-se que, no orçamento para 1939, que<br />

foi de 2.919:600$0G0, verlficôu-se uma arrecada-<br />

ção de 3.444:647$900. O superavit é eloquente.<br />

O orçamento da Prefeitura neste anno é de<br />

4.000:000$000.


R 1 ft ti • 1<br />

V il M • H<br />

livttt i«<br />

ARISTOCRÁTICO<br />

^^ Jockey Club está atravessando uma phase magnifica.<br />

Ali, todos os domingos, registra-se sempre um alto aconteci-<br />

mento na vida politico - social do paiz, seja atravez de visi-<br />

tantes, de almoços, de banquetes.<br />

Tornou - se uma praxe nas solemnidades officiaes, nas home-<br />

nagens a autoridades nacionaes ou estrangeiras, o compare-<br />

cimento ao Hippodromo da Gavea, que, assim, graças á<br />

brilhante administração do Ministro Salgado Filho e do seu<br />

alto prestigio no Brasil e no estrangeiro, está vivendo dias<br />

gloriosos e inesqueciveis na sua vida sportiva e mundana.<br />

Uma chegada sensacional<br />

no mais lindo<br />

H i p p o d r o m o<br />

do mundo.<br />

O Presidente do Jockey Club,<br />

Ministro Salgado Filho, demonstra<br />

sua satisfação ante o successo<br />

sem precedentes das ultimas corridas,<br />

coroadas de raro brilhantismo<br />

mundano.<br />

Duas elegantes senhoras<br />

da nossa sociedade<br />

assistindo ãs<br />

corridas.


Enfermaria de cirurgia<br />

Fachada principal do Hospital Jesus<br />

Medicos do Hospital Jesus<br />

O Hospital<br />

i' INFÂNCIA<br />

TAL J 1<br />

TENCIA<br />

Jesus é um modelo de hospital pa-"a<br />

crianças. As suas clinicas, os seus ambulatórios,<br />

as suas enfermarias, em todas as suas depen-<br />

der.cias, emfim, a Criança tem um culto, ó<br />

uma religião, tal o respeito, o carinho, o interesse affa-<br />

ctivo com que é tratada. O bem que no "Hospital<br />

Jesus" se tem feito á infancia brasileira não se traduz<br />

com as palavras, expressa-se em números.<br />

As perguntas surgem, os números se alinham, como se<br />

milhares de crianças passassem e repassassem, num<br />

desfile sem fim. . .<br />

Quantas crianças foram attendidas, em Agosto, nos<br />

ambulatórios do Hospital Jesus?<br />

7.628<br />

Quantas novas crianças foram matriculadas, em Agosto,<br />

no Hospital Jesus?<br />

570<br />

Qual é o numero de matricula de crianças no Hospital<br />

Jesus?<br />

45.610<br />

Quantas receitas foram aviadas, em Agosto, no Hos-<br />

pital Jesus?<br />

Sala de operação<br />

3.396<br />

»


O QUE o PRESI-<br />

<strong>DE</strong>NTE GETÚLIO<br />

VARGAS ESTÁ<br />

FAZENDO PELO<br />

BRASIL EM FORA<br />

Quantas mamadeiras foram preparadas,<br />

em Agosto, no Hospital Jesus?<br />

10.000<br />

E seguem-se: 3.3<strong>66</strong> Injecções<br />

2.737 Curativos<br />

251 Intervenções de<br />

Alta Cirurgia<br />

117 Radiologias<br />

47 Apparelhos Orthopedicos.<br />

Tudo no Hospital Jesus é gratuito.<br />

Remedios, medico, enfermaria, cirurgia, alimentação,<br />

orthopedia, radiographia, etc., tudo é feito e fornecido<br />

por conta da Prefeitura do Districto Federal.<br />

Grandes pediatras, óptimas installações, o máximo con-<br />

forto, para as creanças pobres.<br />

Porque no Hospital Jesus só se recebem creanças<br />

pobres.<br />

O pae, ao matricular o filho, tem aue declarar auan+o<br />

ganha por mez. Essa declaração é controlada pelo<br />

"Serviço Social" cujos agentes investigam a sua proce-<br />

dência. Em sendo procedente, nada faltará á creança,<br />

que continuará sob os cuidados dos technicos-pediatras<br />

do Hospital Jesus.<br />

Só terá direito á matricula a creança, menor de 14<br />

annos, cujo pae não ganhe mais de 600$000 mensaes.<br />

Tendo mais de um filho, esse limite será accrescido de<br />

50$000, tantas vezes quantos sejam os filhos.<br />

O interesse do Presidente Getúlio Vargas pela Creança<br />

está promovendo a construcção de obras iguaes pelo<br />

Brasil em fóra.<br />

Cosinha dietetica e Lactario<br />

Um hospede do Hospital Jesus<br />

Um grupo de enfermeiras<br />

Enfermaria de Clinica Medica


AMÍLCAR O. MARCON<br />

^ ^ A consciência de todos existe a convicção de que<br />

a furiosa tormenta que açoita a Terra, nestes momentos,<br />

não é uma guerra totalitaria, onde se oppõem<br />

duas concepções distinctas do ideal moral, espiritual,<br />

social, politico e economico que deve ter a vida.<br />

Ante as possibilidades de triumpho que se attribue<br />

uma das partes belligerantes, a gente angustiada pergunta<br />

si a "nova ordem", que reinará sobre o mundo,<br />

não arrastará as conquistas realisadas por nossa civilisação.<br />

Para apoiar estes temores, ha que suppor, primeiramente,<br />

que a sociedade em que vivemos está tão satisfeita<br />

comsigo mesma e tem coordenado a tal ponto as<br />

manifestações da actividade e da intelligencia humana,<br />

que uma transformação significará uma regressão.<br />

Mas a civilisação que nos rege trouxe, realmente,<br />

a felicidade e o bem-estar aos Povos? Realisou o ideal<br />

da unidade completa e da unidade fecunda, que elimina<br />

as differenças, entre as nações e os homens? Não<br />

só cada paiz vive encastellado em seus proprios interesses,<br />

entorpecendo sua economia nacional e o commercio<br />

mundial, mas a mesma vida intellectual, moral, artística<br />

e social passa por um periodo de lamentavel<br />

anarchia.<br />

A arte carece de idéas firmes e não sabe aonde<br />

vae. Todas as formas de actividade que tem o pensamento<br />

estão cultivadas com tal profusão e tal incoherencia<br />

que, em logar de guiar, confundem a humanidade.<br />

O espirito scientifico, applicado á mechanica, desaloja<br />

o homem de suas fontes naturaes de sustento. A<br />

inacção, amparada por bases de emergencia, rebaixa o<br />

nivel moral do povo trabalhador e fomenta as discórdias<br />

entre as camadas sociaes. A desoccupação se converteu<br />

num mal endemico, que só encontra remédios<br />

esporádicos nas industrias archiprotegidas ou nas<br />

industrias de guerra. Os postos, que offerecem as carreiras<br />

universitárias, estão preenchidos e aquelles que<br />

se arriscam nellas se encontram, ao termino de seus estudos,<br />

com um futuro incerto. Os operários e os empregados<br />

públicos e os de certas empresas particulares<br />

gozam de aposentadorias emquanto que outra enorme<br />

maioria deve seguir no jugo até o ultimo momento de<br />

sua existencia. O homem não pôde aposentar-se por<br />

sua conta, accumulando alguns bens para prevenir os<br />

dias das enfermidades, dos infortúnios ou da velhice,<br />

porque pouco a pouco é despojado do que adquiriu,<br />

graças ás sommas que tem a pagar ao fisco ou a sabias<br />

e opportunas desvalorisações da moeda.<br />

Este quadro de desunião, injustiças e desegualdades<br />

<strong>—</strong> que limito em attenção á brevidade <strong>—</strong> não no<br />

offerecem unicamente os paizes totalitários, mas aquelles<br />

que prezam de velar o fogo sagrado de nossa civilisação.<br />

E' evidente que esta nos prouve de maravilhosos<br />

instrumentos para administrar bem a vida, porém<br />

não é menos certo que os usámos mal. O resultado foi<br />

essa crise de adiantamento <strong>—</strong> em realidade, crise de civi-<br />

usaçao <strong>—</strong> que concorreu Dastante para a guerra actuai.<br />

/a amoiçcto ae querer aproveitar coniusa e atropeiauamente<br />

as torças geraes cio progresso e a aeresa a outrance<br />

dos egoísmos nacionaes, eliminaram aos povos<br />

lutuci voinaut: uiicinauoia ue condicionar o adeantamento,<br />

os interesses e o desenvolvimento logico de caaa<br />

naçao com o aaeantamento, os interesses e o desenvolvimento<br />

logico ,aa numaniuaae. üsquecemo-nos ae que<br />

com estes últimos somos toaos soiiuanos.<br />

òe suosisusse essa taita de orientação, como tem<br />

subsistido desde a guerra anterior, e que sempre querem<br />

aiguns perpetuar com a creaçao ausuraa ae oiocos<br />

continentaes, o proolema nao estaria resolvido e, mais<br />

uuu ou mais carue, caiaríamos noutra crise que, por<br />

^esespcrio, nos levaria provavelmente ao cnaos. oi, em<br />

compensaçao, a naçao, ou grupo ae nações, que preaomine<br />

no munao comprenenae a aita responsaoinaaae<br />

que ine reservou esta nora auricil ,do destino aa humanidade,<br />

propiciará uma nova ordem mundial onde a sciencia,<br />

a tecnnica e as faculdades espirituaes e creadoras<br />

nao sejam elementos negativos, mas activos para a<br />

felicidade do homem e a tareia commum. òi assim occorresse,<br />

como resultado desta guerra, a civilisaçao teria<br />

sorrriao outra crise e o planeia outra trageaia, porem<br />

o ínunuo se encaminnaria paia uma paz auraaoura, oaseada<br />

na conaooraçao errectiva de íaeaes e interesses<br />

iuiiuameiuauos na moral eterna.<br />

/AS civinsaçoes nao perigam com guerras nem estas<br />

sao capazes de destruir aquellas. i^mquanto existir<br />

o homem com um aran ,de superar-se morai e espiritualmente,<br />

a violência será impotente para anniquilar suas<br />

conquistas, òi, momentaneamente, chegam a retrocedei<br />

os progressos matenaes, moraes, intenectuaes ou artísticos<br />

que elia comporta é impossível que desappareçaoi<br />

todos os livros, toaos os thesouros plásticos, toda a musica,<br />

todos os methodos scientiticos, todas as instituições<br />

culturaes, toda a té que tem o homem em seu proprio<br />

destino e toda a fé que leva em seu coração. As cidades<br />

ou coisas destruídas voltam a surgir num praso assombrosamente<br />

curto e tudo se renova, porque o instincto<br />

de conservaçao no ser humano é tao indestructivel<br />

como a civiiisaçao. Pode attirmar-se, entáo, que esta<br />

corre perigo? Sim, corre perigo nestes momentos, e mui<br />

graves, si as nações não abandonam o systema autarchico,<br />

que favorece a economia interna e social em detrimento<br />

da collahoração que devem á economia humana<br />

e ao intercambio mundial. Sim, corre perigo, si se propagar<br />

a transigência corrosiva das massas, que acceita<br />

como normaes ou necessarias certas doutrinas politicas<br />

que, para conseguir seus fins, sacrificam a liberdade de<br />

consciência, os direitos e a liberdade do cidadão. Sim,<br />

corre perigo, finalmente, si os homens continuam malgastando<br />

e dispersando as maravilhosas torças que lhes<br />

deu o progresso em logar ,de adaptal-as ao sentido elevado,<br />

disciplinado e completo que lhes offerece numa<br />

doutrina tão luminosa como a de Christo. Os que vivem<br />

nestes erros já têm obscurecido o horizonte de nossa civilisação<br />

e são inimigos da paz e da confraternidade entre<br />

os homens, pois, para se chegar á unidade desejada<br />

não é necessário desfazer-se dos privilégios sagrados<br />

que dão valor á vida, nem encastellar-se em commodos<br />

e fructuosos egoísmos, mas levantar os corações<br />

para firmar-se e disciplinar-se nas boas convicções e<br />

pensar com elevação e sabedoria no resto da humanidade.


O momento grave, na hora em que elles, a sós, se preparam<br />

para confissões reciprocas, dentro do seu sêr tudo freme<br />

I em justificada ansiedade. Ella sabe- que - vae ouvir a<br />

phrase desejada, e precisa recorrer a todas as energias<br />

para não parecer vulgar. Sabe que seus gestos são observados e<br />

que da firmeza delles dependerá o conservar o seu prestigio e o<br />

seu fascínio.<br />

Num instante como este, em que é preciso o controle absoluto<br />

dos nervos, o cigarro é o precioso elemento de equilíbrio, e é<br />

graças a elle que, embora excitada, ardendo em chammas interiores,<br />

ella se mantém firme, apparentemente calma, senhora de si, como<br />

requer a situação.<br />

A mulher moderna, que sabe apreciar o prazer delicioso do<br />

cigarro, não ignora o que se deve, em situações como a desta photo,<br />

a esse elegante e delicioso salvador de apparencias...


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ARGENTINA - BRASIL<br />

/N/VA<br />

OMICO<br />

O commercio brasileiro com a Europa está reduzido a quase nada, em virtude da<br />

guerra. O mesmo se dá com os outros paizes sul-americanos e grande parte do<br />

mundo que encontram no bloqueio britannico uma barreira infranqueavel<br />

Quanto a nós, procuramos abastecer-nos ra America do Norte e desenvolver o<br />

Commercio interno e o commercio com os demais paizes do nosso continente.<br />

Uma tentativa, certamente louvável e feliz, é este. que se realizou, Brasil de um<br />

lado, Argentina do outro. A visita do Ministro da Fazenda do paiz vizinho, Sr.<br />

De Pinedo, acompanhado de uma luzida delegação de technicos, não poderia<br />

deixar de trazer os melhores resultados á economia das duas nações leaders da<br />

America do Sul. A Argentina pôde ser um excellente mercado para innumeros<br />

productos brasileiros, e o Brasil pôde continuar a ser um dos melhores freguezes<br />

da Argentina. Questão de entendimento, apenas, que não nos faltou, agora,<br />

felizmente.<br />

OS SEIS PRIMEIROS MEZES <strong>DE</strong> COMMERCIO EXTERNO<br />

No momento, enfrentamos difficuldades prementes em materia de exportações.<br />

Quanto ás compras essenciaes ao nosso progresso e desenvolvimento, pouco sensivel<br />

é a falta que sentimos das praças da Europa, pois os Estados Unidos estão<br />

aptos a fazer todos os supprimentos de machinarias e outras mercadorias de que<br />

precisamos. Aüás, si examinarmos os números do nosso intercambio mercantil com<br />

o estrangeiro, no primeiro semestre de <strong>1940</strong>, confrontando-os com' os do mesmo<br />

periodo dos quatro annos anteriores, concluiremos que nenhuma situação alarmante<br />

oxceDcional surgiu. As oscillações guardaram o rythmo. mais ou menos habitual.<br />

Vejam-se, por exemplo, estar, cifras, em toneladas métricas :<br />

1936<br />

1937<br />

1938<br />

1939<br />

<strong>1940</strong><br />

Fm libras-ouro, o<br />

assim so exprime<br />

1936<br />

1937<br />

1938<br />

1939<br />

<strong>1940</strong><br />

Importação<br />

2.I55.050<br />

2.467.I98<br />

2.401.111<br />

2.337.718<br />

2.303.712<br />

Exportação<br />

I.467.986<br />

I.546.407<br />

I.837.92C<br />

2.I26.29S<br />

I.580.237<br />

nosso commercio externo, nos seis primeiros mezes do anno.<br />

O equivalente em contos de réis é este<br />

1936<br />

1937<br />

1938<br />

1939<br />

<strong>1940</strong><br />

A QUEDA DA EXPORTAÇÃO AlGODOEIRA<br />

Importação<br />

13.971.I19<br />

18.322.420<br />

18.793.150<br />

16.045.307<br />

16.933.135<br />

Exportação<br />

17.083.890<br />

21.659.361<br />

17.418.291<br />

18.026.251<br />

17.268.947<br />

I<br />

Importação Exportação<br />

2.023:269$<br />

2.379:870$<br />

2.715:703$<br />

2.409:459$<br />

2.764:832$<br />

2.177:825$<br />

2.539:824$<br />

2.474:097$<br />

2.636:975$<br />

2.681:281$<br />

As reservas de algodão brasileiro para o exterior, no curso dos sete primeiros<br />

mezes de <strong>1940</strong>, attinggigram a 122.341 toneladas, contra 232.819, no mesmo<br />

periodo de 1939. Verifica-se, portanto, nas exportações do anno presente, uma<br />

differença para menos, de I 10.472 toneladas, o que affecta sensivelmente á economia<br />

daquelle producto. Rara ser o que Isso representa de prejudicial, basta<br />

observar que, de Janeiro a Julho de 1939, as nossas vendas de algodão ao estranaeiro<br />

drenaram, para o nosso paiz, a importancia de 5.549.035 lib.^as-ouro,<br />

sendo que as de <strong>1940</strong> totalisaram sómente a quantia de 3.161.992 libras-ouro.<br />

A PRODUCÇÃO MUNDIAL <strong>DE</strong> CAFE'<br />

A producção mundial de café, que era, em 1881, de 10.415.000 saccas, passcu/<br />

em 1938, a 34.493.000. Desde 1881, o Brasil occupa o primeiro logar entre os<br />

prbductores, com 5.568.000 saccas, vindo em segundo a Venezuela com 680.000,<br />

terceiro a Guatemala com 300.000. Costa Rica. em quarto, com 280.000,<br />

Salvador em 5.°, com 110.000, o em 6.° a Colombia com 100.000.<br />

Em 1938. era este o panorama mundial da producção caféeira :<br />

Paizes<br />

Brasil<br />

Colombia<br />

Salvador<br />

Guatemala . . . .<br />

Mexico<br />

Costa Rica . . . .<br />

Venezuela<br />

Nicaragua<br />

Diversos da America<br />

Colonias européas .<br />

Saccas<br />

21.873.000<br />

4.250.000<br />

900.000<br />

900.000<br />

450.000 '<br />

340.000<br />

350.000<br />

200.000<br />

1.180.000<br />

4.050.000<br />

Por estas cifras vê-se que a Venezuela foi o único paiz que. em 1938, regrediu<br />

como productora de café, pois desceu de 680.000 saccas, em 1881, para 350.000.


PRIMEIRO RECEN-<br />

EAMENTO 00 BRASIL<br />

Rio de Janeiro, que se desenvolvia de modo<br />

omissor e onde era maior a facilidade de se<br />

ter o numero exacto de seus habitantes, só<br />

ve o primeiro censo regular em 1799, na<br />

spera do século XIX. E os que se fizeram<br />

steriormente, demonstraram falhas e inexacti-<br />

•>es pela desharmonia entre os números obti-<br />

•)S, que fugiam as leis empyricas de cresci-<br />

ento da população nas cidades. Incomparavel-<br />

ente mais difficil seria o trabalho estatístico<br />

is diversas províncias do Império, que não<br />

xliam dispor dos meios ao alcance dos recen-<br />

radores da Côrte Foi por ordem do Vice-<br />

.ei. Conde de Rezende, que se executou o<br />

ximeiro recenseamento do Rio de Janeiro e<br />

imbem o primeiro que se effectuava no<br />

rasil.<br />

primeiro censo encontrou 43.376 habitan-<br />

ès, excluídas as tropas de linha, que podiam<br />

levar aquelle numero á cifra geral de 48.000<br />

Imas. Alguns autores calculavam muito mais.<br />

a mesma época, como Thomaz Jefierson, que<br />

esde 1787, computava a população em 150.000<br />

abitantes.<br />

ORGANIZE 0 SEU PLANO <strong>DE</strong> SEGURO <strong>DE</strong> VIDA<br />

como o Sr. construiria a sua propria casa...<br />

<strong>—</strong> adaptado ás<br />

necessidades de<br />

sua família!<br />

Ï ¥oje em dia, já se tornou habito<br />

•• • dos homens previdentes ana-<br />

lysar suas necessidades de seguro<br />

de vida, afim de provér protecção<br />

adequada para a família e para<br />

suas proprias pessoas. Descobriu-se<br />

nova maneira de responder a esta<br />

pergunta embaraçosa: "Oual a<br />

quantia de seguro de que eu ne-<br />

cessito realmente ?"<br />

O Sr pôde, agora, construir um pro-<br />

gramma de segui o de vida da mesma<br />

fòitna que o Sr. construiria a sua<br />

casa: delineando primeiro as suas<br />

necessidades, para depois a con-<br />

struir dc accordo com esses planos.<br />

E' muito simples: annote num pe-<br />

daço de papel, pçla ordem de im-<br />

portância, as suas obrigações pes-<br />

toaes c seus objectivos financeiros.<br />

Qual será o mínimo que o Sr.<br />

deseja prover como renda mensal<br />

para a familia ? Qual será o custo<br />

É <strong>DE</strong> SEU INTERESSE<br />

Ir estudando. «Irtdf já. N «anl*«*n» «• flcllh<br />

d.mJ«* que 4» •rfUro de offeree*. I'»« o<br />

roup«» «h.»i«o e pe^« <strong>—</strong> «ran rgmpromlm -<br />

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<strong>—</strong><strong>—</strong> - <strong>—</strong> .<br />

Rua<br />

Cidade _<br />

Edado<br />

provável da educação dos filhos ?<br />

Qual a renda mensal *que o Sr.<br />

gostará de ter, quando chegar á<br />

edade de retirar-se das activi-<br />

dades ?<br />

*<br />

Um Agente da "Sul America"<br />

terá muito prazer em determinar,<br />

em companhia do Sr.f a parte do<br />

programma financeiro que pode-<br />

ser iniciada agora. Elie ajudará o<br />

Sr. a traçar o plano do program-<br />

ma de seguro que convém ao Sr.<br />

e demonstrará como é fácil con-<br />

cretizar as esperanças e tor-<br />

nar realidades esses sonhos.<br />

O SEGURO <strong>DE</strong> VIDA RESOLVE<br />

TODOS ESTES PROBLEMAS<br />

1- Liquida dividas antigas,- permittindo<br />

6 esposa dispor dc uma tommà apreciavel<br />

para acudir &s prime irr« s despesas,<br />

como dc medico, hospital, ctc.<br />

2 Provê uma renda mensal certo para<br />

todos os gastos futuros da familia.<br />

3 Garante todas as despesas de educação<br />

dos filhos.<br />

4 Resgata hypothecas, assegurando U<br />

familia a posse de um lar proprio.<br />

5 Permit te que o proprio segurado <strong>—</strong><br />

ao termo de um certo prazo <strong>—</strong> se aposente.<br />

com uma renda fixa.<br />

Sul America<br />

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