NUMERO 66 — ANNO XVIII — OUTUBRO DE 1940 —PREÇO 5$000
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NUMERO 66 — ANNO XVIII — OUTUBRO DE 1940 —PREÇO 5$000
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O/V^<br />
W M o<br />
<strong>NUMERO</strong> <strong>66</strong> <strong>—</strong> <strong>ANNO</strong> <strong>XVIII</strong> <strong>—</strong> <strong>OUTUBRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>1940</strong> <strong>—</strong>PREÇO <strong>5$000</strong><br />
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íllustrDfõo<br />
Scasít jaca<br />
<strong>OUTUBRO</strong> NUMÊRÕ~<strong>66</strong><br />
<strong>DE</strong> <strong>1940</strong> <strong>ANNO</strong> <strong>XVIII</strong><br />
MENSARIO EDITADO PELA<br />
SOCIEDA<strong>DE</strong> ANONYMA "O MALHO"<br />
Oswaldo de Souza e Silva<br />
Directores: Antonio A. de Souza e Silva<br />
Jorge Santos<br />
Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34<br />
Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419<br />
Tels.: 23-4422 e 22-8073 <strong>—</strong> End. Tel. OMALHO<br />
Caixa Postal 880 <strong>—</strong> RIO <strong>—</strong> BRASIL<br />
PREÇO DAS ASSIGNATURAS :<br />
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ricas e Hespanha PAIZES<br />
12 mezes 60$000 70$000<br />
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„nmiiillllillUiUliUlii^'<br />
A COLLABORAÇÃO IN-<br />
DUSTRIAL E CCMMERCI-<br />
AL NA CONSTRUCÇÃO E<br />
INSTALLAÇÕES DA CASA<br />
DO J O R N A L I S T A<br />
Não nos foi possive! publicar nesta edição, co-<br />
mo haviamos annunciado no numero anterior, os<br />
informes e dados sobre a collaboração indus-<br />
trial e commercial prestada á construcção e<br />
Installações da "Casa do Jornalista", o que fa-<br />
remos no proximo numero de "lllustração Bra-<br />
sileira".<br />
O CONSELHO <strong>DE</strong>LIBERATIVO DA A. B I. EN-<br />
VIA CALOROSO TELEGRAMMA <strong>DE</strong> AGRA-<br />
<strong>DE</strong>CIMENTOS Á "ILLU ST RAÇÃO BRASILEIRA"<br />
Por motivo da completa e amplamente illustra-<br />
da reportagem que "lllustração Brasileira" pu-<br />
blicou no numero anterior sobre a Casa do Jor-<br />
r^Üsta, focalisando sua explendida situação<br />
actual, com uma séde que faz honra á nosáa ci-<br />
vSiisação e constitue um motivo de curiosidade<br />
e um ponto de visita obrigatorio para todos oá<br />
viajantes illustres, recebemos do Conselho De-<br />
iberativo da A. B. I. o caloroso telegramma de<br />
agradecimentos que aqui transcrevemos, desva-<br />
necidos :<br />
"Oswaldo de Souza e Silva <strong>—</strong> Rio <strong>—</strong> Prazero-<br />
samente communico-lhe que, na reunião de hoje<br />
do Conselho Deliberativo, foi apresentada e<br />
approvada unanimemente a seguinte proposta :<br />
"Proponho que a Associação Brasileira de Im-<br />
prensa officie ao seu illustre 2.° vice-presidente,<br />
Sr. Oswaldo de Souza e Silva, apresentando fe-<br />
licitações pela iniciativa benemerita da bella re-<br />
portagem da "lllustração Brasileira", em torno<br />
da "Casa dos Jornalistas", mais um assignalado<br />
e expressivo testemunho da sua dedicação <strong>—</strong><br />
Herbert Moses", sendo subscripta por Hugo<br />
Barreto, Mario Tarquinio de Souza, Raul Peder-<br />
neiras, Leão Padilha, Mario Nunes, Orlando<br />
Dantas, Maroi Domingues, Satyro Rocha, Joce-<br />
lyn Santos, Alvaro Brandão da Rocha, Gastão<br />
de Carvalho, Jarbas de Carvalho, Martins Ca-<br />
pistrano, Heitor Beltrão, Bastos Tigre, Jorga<br />
Maia, Oscar Fagundes e Hélio Silva".<br />
WS<br />
•<br />
1<br />
Filmar é tão fácil como<br />
fazer photographias ...<br />
r<br />
Eum engano pensar que só os paes ricos<br />
podem desfruetar o prazer de perpetuar<br />
nos films de cinema, as historias e alegrias<br />
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Alem disso, a base "Cidade e Campo" é grande-<br />
mente recommendada por conservar a pintura du-<br />
rante maior espaço de tempo. Neila, a Snra. en-<br />
contrará a base ideal para o pó, e um tratamento<br />
de belleza diário. E, convém lembrar, o toque<br />
final na sua belleza, depende do completo maquil-<br />
lage HELENA RUBINSTEIN, em tonalidades es-<br />
pecialmente estudadas para as brasileiras.<br />
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da-moveis.<br />
A PAYSAGEM DO NOSSO LITTORAL<br />
Do extremo septentrional, do Cabo Orange, na foz de Rio<br />
Oyapoc, que separa o Brasil da Guyana Franceza e do extre-<br />
mo meridional, na barra do Rio Cluiy, divisória com o Uru-<br />
guay, o littoral do Brasil desenvolve-se com infinita variedade.<br />
A Oeste dessa trajectória, a costa brasileira articula-se de mo-<br />
dos diversos, ora em extensos terrenos pouco sinuosos, ás ve-<br />
zes quasi rectileneos, de aspecto uniforme, ora alongando-se<br />
o contorno littoraneo pelas avançadas do solo para o mar, em<br />
simples saliências, ou em forma de alcantilados promontorios,<br />
e com recortes para dentro das terras, em forma de golfos,<br />
abrindo-se e alargando-se para o mar, de estuários de seus es-<br />
coadouros de lagunas, de enseadas agitadas pelos ventos, seja<br />
pelo accidentado das suas margens, seja pelos bancos das<br />
areias, parceis rochosos e ilhotas, de bahias mais ou menos<br />
espaçosas, accessiveis á navegação atravez de canaes ou por<br />
entre ilhas. Ao alinhamento de 5.864 kilometros da costa<br />
brasileira, desde o Cabo Orange até a Barra do Chuy, cor-<br />
responde a extensão effectiva de 9.200 kilometros. E para<br />
tal resultado, concorrem os vastos estuários fluviaes, asseme-<br />
lhando-se a golfos marítimos, na Zona Equatorial, accrescen-<br />
tando-se na Zona Sub-tropical, as Bahias de Todos os San-<br />
tos e Guanabara, o tracto costeiro em volta de Cabo Frio e o<br />
comprehendido entre os promontorios de Guaratiba e de<br />
Cairuçú, no Rio de Janeiro e no Districto Federal, e na Zona<br />
Temperada, o littoral do Paraná e Santa Catharina.<br />
A PORORÓCA<br />
Phenomeno de continuo observado no Amazonas, é a Poro-<br />
roca, como o denominavam os indios, frequente no trecho do<br />
estuário, entre Macapá e o Cabo do Norte, onde a embocadura<br />
está estreitada por ilhas, repetindo-se elle mais a meude em<br />
frente a foz do l\io Araguaya. Nesse ponto, nas proximidades<br />
da Lua Nova, o mar attinge a maior altura e em alguns mi-<br />
nutos apenas. Ouve-se á distancia o mugido, que annuncia<br />
a approximação da pororoca. O ruido cresce á medida que o<br />
phenomeno se avizinha e apresenta-se em breve uma onda<br />
alta de 4 a 5 metros de altura, seguida logo após, de segunda,<br />
terceira e as vezes quarta, occupando toda a largura do canal.<br />
Passadas essas vagas, que destroem tudo quanto encontram,<br />
á maré torna-se regular.<br />
MOVEIS FINOS<br />
COLLECÇÕES <strong>DE</strong> LUXO, <strong>DE</strong> BOM<br />
GOSTO, POR PREÇOS MODICOS<br />
RENASCENÇA<br />
C A T T E T E , 55 a 59
O GERMEN DA PRIMEIRA<br />
CONSTITUIÇÃO NACIONAL<br />
Elevado ao ministério, José Bonifacio<br />
referendou o Decreto de 16 de<br />
Fevereiro de 1822, convocando<br />
"um Conselho de procuradores geraes<br />
das Províncias do Brasil, que<br />
as representem internamente". A<br />
esse Conselho competia examinar<br />
os grandes projectos de reforma da<br />
administração do Estado, propor<br />
medidas para bem do Reino Unido,<br />
prosperidade do Brasil e das suas<br />
Províncias.<br />
O XINGU'<br />
O Xingu é rio caudaloso, que<br />
dcsce das chapadas a Nordeste<br />
de Cuyabá, mais encachoeirado<br />
do que o Tapajóz, corre a entrar<br />
no Amazonas, perto de Porto de<br />
Moz. Nessa parte inferior do seu<br />
curso, offerece o aspecto de mar<br />
dagua doce, tanta é a sua largura,<br />
que varia de 4.800 a 8.000 metros<br />
e a sua profundidade de 17 a 44<br />
metros. Na confluência do Tucuruhy,<br />
o Xingu faz grande curva de<br />
Oeste para Este, até a embocadura<br />
do Amaurahy. Dessa curva para<br />
montante, o rio tem a largura de<br />
algumas milhas e a velocidade da<br />
corrente é de mais de 67 metros por<br />
minuto.<br />
A PRIMEIRA ACA<strong>DE</strong>MIA<br />
LITERARIA DO BRASIL<br />
O Brasil, o mais intellectual paiz<br />
da America Latina, sempre sentiu<br />
a maior attracção pela vida literaria.<br />
Quando não havia no território<br />
brasileiro, uma só typographia,<br />
tentou-se o estabelecimento cie<br />
uma Academia Literaria. Isso occorreu<br />
no governo do conde de Rezende,<br />
de 1790 a 1801. Essa tentativa<br />
foi de curta duração, devido á<br />
atroz perseguição politica, de que<br />
foram victimas os que se lhe haviam<br />
filiado.<br />
ORIGENS DA INSTRUCÇÀO<br />
PUBLICA<br />
Até meados do século XYIII, o<br />
que mais fazia a metropole era<br />
subsidiar os collegios, como subsidiava<br />
os conventos. O bispo D.<br />
Antonio de Guadalupe fundou em<br />
1739, no Rio de Janeiro, dois seminários<br />
de orphãos, o de São Pedro e<br />
o de São José. No Seminário de<br />
São Pedro, funccionaram logo aulas<br />
de primeiras lettras, doutrina<br />
christã, de latim e de musica. O de<br />
São José, que recebeu estatutos<br />
em 3 de Maio de 1740, tinha aulas<br />
de latim, philosophia, theologia<br />
moral e dogmatica, lithurgia e cantochão.<br />
Em 1751, começou-se a<br />
edificar o Seminário da Lapa, no<br />
qual funccionaram aulas de canto e<br />
de latim.<br />
BOM GOSTO<br />
ELEGÂNCIA<br />
TORRE<br />
EIFFEL<br />
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9<br />
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u m
Praça<br />
UMA das grandes figuras artisticas de<br />
São Paulo é o prof. João Baptista<br />
Ferri, um esculptor que soube unir á<br />
originalidade de concepção o mais apu-<br />
rado senso artístico.<br />
Suas obras começam a ornamentar os lo-<br />
gradouros públicos de S. Paulo, sendo ad-<br />
miradas pelo vigor da execução e peia<br />
belleza da inspiração.<br />
Aqui apresentamos photographias de al-<br />
gumas estatuas do professor João Baptista<br />
Ferri, através das quaes podemos apreciar<br />
a força desse artista de que S. Paulo tão<br />
justamente se orgulha.<br />
v<br />
1<br />
\<br />
u<br />
rr<br />
LI m<br />
<strong>DE</strong> JOIO BAPTISTA FERRI<br />
"Guanabara" <strong>—</strong> granito branco<br />
de Mauá, executada para o Largo<br />
do Arouche, em São Paulo
'Ir.dio Caçador", outro bello trabalho de João Baptista Ferri<br />
O iNDIO E O TAMANDUÁ-BAN<strong>DE</strong>IRA<br />
O Prefeito da Capita! Paulista, Dr. Prestes Maia, mandou collocar<br />
na Praça Marechal Deodoro esta estatua, que mede 2 metros<br />
de altura, obra do conhecido esculptor Ricardo Cipicchia,<br />
executada em bronze,<br />
• • • « . «. %<br />
4 • • * * •<br />
'i "ÍSÉmÍ?^<br />
I >1 nww'<br />
-' .V. u;r> r v<br />
• 4 • ' V/'
BONITA<br />
ND scenano maravilhoso do Rio, a Gávea dá uma<br />
rece erguer-se do mar, levantando o dorso eriçado<br />
nota singular de grandiosidade. A montanha pade<br />
mattas e de grandes pedras núas, até as primeiras<br />
nuvens do céo. E por detrás da primeira montanha,<br />
erguem-se ou\ras e ouUas. Esta é a Pedra Bonita. No<br />
fundo, o Pico da Tijuca. Mais além... A cadeia gigantesca<br />
perde-se na névoa do horizonte.
A. AUSTREGÉSILO<br />
D a A c a d e m Bras eira<br />
O<br />
bem pode ser objetivo, ou natura! e subjetivo, ou moral. O<br />
Bem físico, manifesta-se pela sensibilidade orgânica, e resume-se<br />
ao prazer físico, e às vezes à felicidade vital. Muitos<br />
querem identificar e outros separar o bem do prazer. Estão unificados,<br />
ao menos ligados pela mesma noção objetiva e subjetiva. C prazer<br />
quase sempre acompanha o bem em qualquer das suas modalidades.<br />
Não vale a pena transcrever as opiniões metafísicas de Aristóteles,<br />
Descartes e outros acerca das diferenças e graduações entre Bem e<br />
Prazer, e entre Bem e Felicidade.<br />
O bem encarado na esféra subjetiva, é<br />
atitude piedosa e religiosa, em síntese<br />
tendência à perfeição.<br />
O bem individual confunde-se com o<br />
a virtude, a boa ação, a<br />
o resumo da ética que é a<br />
prazer, isto é, com estados<br />
orgânicos cenestésticos de euforia e que se resume ao estado de tensão<br />
média vital dos orgãos. Em todos os animais superiores as condições<br />
de alegria ou de prazer físicos podem-se perceber ou auferir.<br />
No homem as circumstâncias do prazer, da alegria e da felicidade,<br />
manifestam-se pelas representações mentais que dái surgem.<br />
A tendência humana é para apurar somente o bem moral ou espiritual,<br />
porque o bem físico logo é esquecido, pela pouca influência<br />
que desperta na mentalidade ou no sentimentalismo.<br />
Biologicamente falando a saúde é o mais representativo de todos<br />
os bens e só quando o corpo se acha em boas condições e espírito<br />
também se acha assim. O espírito é o reflexo do corpo, que per<br />
sua vez é governado pelo espírito, em harmónico círculo vicioso.<br />
O bem espiritual pôde ser dado pela arte, pela ciência, ou pe'a<br />
religião. A estética e a religião conduzem frequêntemente o espírito<br />
para os gozos que se imaginam. E' porém, do domínio dos sentimentos<br />
que o homem goza e sofre, quer dizer, encontra a dor e o<br />
prazer, o bem e o mal. As próprias idéas só fazem gozar ou sofrer<br />
quando são amalgamadas aos sentimentos ou afetos, constituindo o<br />
máximo da vihração espiritual, isto é, as idéas-forças de Fouillée.<br />
Bem, Prazer e Felicidade, misturam-se, condensam-se, unificam-se<br />
de acordo com o conceito que cada indivíduo faz da vida.<br />
Os elementos materiais do bem, do prazer ou da felicidade, só<br />
valem quando atravessam o limiar da espiritualidade e aí se demoram,<br />
se transformam e se sublimam.<br />
A polorização das idéas-sentimentos, na dor e no prazer, sintetizam<br />
a noção subjetiva do desfortúnio e da felicidade, e criam as<br />
filosofias, que se resumem às duas grandes classes pessimistas e<br />
otimistas, ou ainda melhor, queixosos e conformados, porque o otimismo<br />
termina na conformação da harmonia da natureza, e no pequeno<br />
saldo de prazer sobre a dór humana.<br />
A noção do prazer como consequência do bem, é para Spencer<br />
ligada à utilidade biológica ou moral. Os fisiologistas creem, como<br />
Feré que as sensações agradaveis se acompanham, do aumento da energia<br />
vital, enquanto que as desagradaveis se acompanham de desintegração.<br />
A sensação do prazer resolve-se pois, na sensação da potência<br />
orgânica, e a de desprazer em incapacidade. Esta é a maneira de<br />
pensar de Darwin, Spencer, Dumont, Bain e outros.<br />
Não podemos abstrair nenhuma condição do prazer do organismo<br />
em si. O próprio prazer sentimental pôde ser artificialmento<br />
produzido por drogas e tóxicos. A um indivíduo profundamente entristecido,<br />
ou sofredor de males físicos, ou morais, podemos modificar<br />
o estado de sofrença, ou de melancolia, pela ingestão, inoculação,<br />
aspiração, ou injeção de produtos anodinos, estupefacientes<br />
ou soporíficos, como o álcool, a morfina, a cocaina, o clorofórmio, o<br />
cloral, o protóxido de hidrogênio, o eter, etc. Quer dizer que a dor<br />
pôde ser modificada por um agente medicamentoso e transformar-ss<br />
ao menos transitoriamente em alegria e prazer. Daí o hábito condensavel<br />
de muitos indivíduos abafarem as máguas nas bebidas alcoólicas,<br />
no uso de tóxicos estupefacientes como a cocaina, a mor-<br />
fina, etc. Neste conceito se baseia Wilian James para provar a<br />
natureza orgânica das emoções.<br />
Jouvin, em trabalho espiritualista notável acerca da crítica do pessimismo,<br />
estabelecendo o balanço entre os bens e os males, proclama<br />
a dificuldade do mesmo. Contudo depois de longa dissertação<br />
a respeito, erúdita, interessante, clara e leal, reconhece de acordo<br />
com as idéas leibnitzianas, que Deus resume o bem e o bélo, e nestas<br />
condições, a dificuldade do balanço se derime, porque só a visão<br />
da infinita perfeição deve preocupar o homem. James Sully, em obra<br />
clássica acerca do pessimismo, em que esplana o resumo histórico<br />
e faz-lhe a crítica, procura também estabelecer o balanço entre o<br />
prazer e a dor, e construir as bases filosóficas do prazer e da<br />
felicidade.<br />
A vida não pôde ser medida diretamente pela sensação insulada do<br />
prazer, ou de sofrimento. O prazer objetivo, ou o subjetivo não podem<br />
constituir a base essencial da vida, noção que deve ser substituída<br />
pela felicidade. A condição permanente do prazer não pôde<br />
ser o lastro da fortuna. O prazer mostra-se o reflexo de um bem<br />
interior. A felicidade é real, contanto que o homem se disponha ó<br />
nela acreditar. Livre, tocado de otimismo razoavel, estabelece a possibilidade<br />
da conquista da fortuna, e crê o progresso um de seus fatores.<br />
O germe de felicidade está na ação do Bem aue se origina<br />
naturalmente da idéa do prazer.<br />
O princípio do bem nasceu do estado físico que é dado pela cenestesia.<br />
A saúde, pois, com a média da atividade do organismo, constituiu<br />
para o homem a primeira noção do Bem; em oposição, apareceu<br />
o mal ou a doença. Os sofrimentos físicos, sobretudo de
carater doloroso, resumem a idéa do mal. As perturbações do sen-<br />
timento e do afeto, do prazer e da dor, mostram-se naturalmente<br />
como equivalentes dos elementos físicos ou orgânicos, em boa ou<br />
má função.<br />
Do elemento orgânico ao elemento sentimental e psíquico, operou-se<br />
a evolução humana do Bem e Mal.<br />
O bem humano tornou-se mais moral do que orgânico ou material, e<br />
essa noção mais se incrementa pelas idéas espirituais formuladas<br />
pela religiosidade dos povos.<br />
O Bem tornou-se a recompensa salutar das divindades, e por fim,<br />
com a compreensão maior e mais profunda de Deus. O Bem sinte-<br />
tiza a função religiosa da fé e da esperaça. . .<br />
Todas as religiões, sobretudo a cristan, são conjuntos simbólicos do<br />
Bem para a humanidade que se julga sofredora na terra. As consola-<br />
ções, as recompensas divinas são o máximo do bem conquistavel. Ou-<br />
tros equivalentes do bem apareceram com a cultura dos povos: a har-<br />
monia social, o direito, a medicina, a engenharia, as artes, a ins-<br />
trução em geral, a educação, isto é, todos os elementos que trazem<br />
benefícios à humanidade.<br />
O verdadeiro bem é moral porque todos os prazeres físicos ou ma-<br />
teriais cedem evolutivamente o passo aos gozos morais.<br />
DUAS PAYSAGENS PARANAENSE9<br />
(Photos Homero Faraco)<br />
O início do bem originou-se das leis materiais da nutrição e da re-<br />
produção, e ainda hoje a satisfação das mesmas constitue para<br />
muitos indíviduos o resumo do gozo <strong>—</strong> Dizem "os prazeres da mesa<br />
e da carne", tão espalhadas pelas sociedades primitivas e cultas,<br />
como resumo dos bens materiais mais desejados pelos sêres humanos.<br />
São as duas leis primitivas da vida que servem de eixo à toda a<br />
psicologia, e a toda a ação humana. A filosofia que nasce das<br />
noções biológicas é verdadeira. E' possível que o subjetivismo dos<br />
homens mascare, A -ansmute as noções primitivas em princípios me-<br />
ramente idealísticos, ou metafísicos, porém, o germe, o cristal pri-<br />
mitivo acham-se nas leis biológicas fundamentais, que servem de<br />
socalco à obra humana em todos os seus aspetos <strong>—</strong> objetivos ou<br />
subjetivos.<br />
A-pesar-de a conquista da civilização e do progresso, a tendência<br />
humana é malista, isto é, para o culto do mal e da cor.<br />
A explicação dessa tendência para a cultura subjetiva da dúvida e<br />
da dor, vem da natural insatisfação do hdffTSTTT 'pela ambição de<br />
crescer, vencer, progredir, isto é, chegar à meta daquilo que ele<br />
julga prazer, bem, ou felicidade, isto é, a ânsia do melhor e do<br />
maior.
OSVALDO ORICÓ<br />
DA A C A D E M I A B R A S I L E I R A<br />
MACHADO <strong>DE</strong> ASSIS E O ADJETIVO<br />
OE M P R E G O inteligente do adjetivo é uma das condições<br />
de êxito no estilo. Ha, evidentemente, uma inteligência<br />
secreta, que move as palavras, e as faz adquirir ou perder<br />
os relevos com que as sentimos. A natureza gramatical do<br />
adjetivo condenou-o a uma posição inferior na frase. Deu-lhe<br />
uma tarefa secundaria, qual seja a de modificar o nome, empres-<br />
tando-lhe idéas de qualidade e determinação. Além dessa simples<br />
atribuirão, oossiie o adietivo um txHer aue esrapa ao espado<br />
Ha gramatica. E' uma força que está além do raciocínio<br />
didático e só a imaginação pode revelar.<br />
Ha ouem empregue muito o adietivo. Empregar muito não<br />
é. porém, empregar b^m. 0 desperdício do termo, a frequencia<br />
com que aparece na frase já levou os criticos a criarem uma<br />
classe p^ra os autores que ornamentam excessivamente o estilo:<br />
escritores adietivos.<br />
Coelho Neto, por exemplo. Padece o grande romancista da<br />
exuberancia vocabular com que nutriu a sua obra. Recebida a<br />
principio com entusiasmo, em breve começou a sofrer as restrições<br />
naturais, desmerecendo á proporção que o gosto dos<br />
seus leitores voltava ao equilibrio. Houve, então, auem levasse<br />
a má vontade ao ponto de declarar que, suprimidos os adjetivos,<br />
nada ficaria na obra do insigne prosador.<br />
Os que condenam o emprego do adjetivo não sabem estabelecer<br />
a diferença que vai entre usar e abusar deste. O estilista<br />
de "O Sertão" não usou apenas. Deu á frase uma sobrecarga<br />
que lhe comprometeu as galas da expressão. Foi o seu<br />
erro. Erro continuado pelos imitadores e agravado pelos que<br />
vieram depois.<br />
A época de Coelho Neto passou. Acabou-se a "coelhonetização"<br />
da literatura, como o neologismo dos modernistas batisou<br />
certo periodo das nossas letras, em que sobravam os ornatos<br />
e escasseavam as idéas.<br />
Veio então o advento dos escritores substantivos, isto é,<br />
daqueles que punham todo esmero em "escrever diferente", deixando<br />
de lado, por inútil, o adjetivo, e condenando-lhe o emprego<br />
como forma de reação ao uso que desfrutara.<br />
No fundo, não seria propriamente isso. Seria, antes, a maneira<br />
de esconder certas deficiências, porque o uso do adjetivo<br />
implica em responsabilidade muito maiores do que, geralmente,<br />
se imagina. Requer, ao mesmo tempo, inteligência e propriedade,<br />
graça e raciocinio.<br />
"O substantivo <strong>—</strong> escreveu numa analise interessante o<br />
senhor Francisco Patti <strong>—</strong> está ao alcance de todas as penas.<br />
Basta mergulhar a pena no vasto tinteiro dos seres e das coisas.<br />
O adjetivo, não. Dá o substantivo idéa daquilo que pensamos.<br />
Mas a força, a intensidade e o relevo do que pensamos são atributos<br />
que só o adjetivo poderá exprimir. Para quem escreve, é<br />
o adjetivo o grande obstáculo."<br />
Com efeito. Não basta conhecer os termos. E' preciso combina-los<br />
de maneira que a frase adquira a vida que se lhe quer<br />
dar. Não é o numero nem a raridade dos adjetivos que faz ou<br />
enobrece um periodo. E' a combinação, a oportunidade, o jogo.<br />
A proposito disso, rememora o senhor F. Patti a passagem<br />
de Jean Jacques Brousson em seu retrato intimo "Anatole em<br />
pantoufles". O indiscreto secretario do mestre de "O jardim de<br />
Epicuro" apresenta como lição aos plumitivos o conceito daquele<br />
quanto ao emprego do adjetivo. Outros procuravam ou<br />
achavam no verbo toda a força da frase. Ele, não. Era ao adjetivo<br />
que ia buscar o segredo e a graça de sua prosa. E aplicava<br />
esta regra desconcertante, mas procedente: "Apesar do adjetivo<br />
concordar em genero, numero e caso com o substantivo, o desacordo<br />
é o que convém muitas vezes".<br />
Passando ao exemplo, explicava: "sempre que tiverdes de<br />
empregar junto ao mesmo substantivo dois adjetivos, fazei que<br />
um exprima o contrario do que exprime o outro. Nasce desse<br />
desacordo a graça, a força do periodo. Não digais, tratando por<br />
exemplo de padres, que eles são "magníficos e piedosos."<br />
Esses adjetivos chegam ao mesmo fim por vias diversas.<br />
Ambos dão solenidade aos padres e á frase. E' preciso contrariá-los.<br />
Dizei: "padres piedosos e obesos."<br />
Qualificando-os destarte, parecia ao estilista que a expressão<br />
ficava muito mais fiel e ... próxima da verdade.<br />
O sentimento revelado nessa expansão de Anatole France<br />
demonstra o cuidado que ele punha na adjetivação da frase, de<br />
modo que esta ganhasse as intenções que lhe transmitia.<br />
Não implica, entretanto, em privilegio de estilo.<br />
O nosso Machado de Assis, sem confessar essas tendências,<br />
punha-as em pratica por sua conta, dando aos períodos a<br />
leveza e o encanto que todos lhe reconhecem. Descobrira paralelamente<br />
o segredo que a indiscreção de Brousson muitos anos<br />
depois revelaria, como uma das notas que abriam o entusiasmo<br />
de todos os livros de seu mestre.<br />
' V i i ^<br />
O/X W
A vida para resistir galhardamente<br />
ás mudanças de estação,<br />
precisa de uma espessa camada<br />
de indifferença.<br />
Todo sentimento morre quando<br />
se torna convenção.<br />
Rarissimamente as bellas vidas<br />
são interiormente felizes.<br />
A humanidade quererá sempre<br />
embriagar-se, mas para isso não<br />
necessita de estimulantes artificiaes.<br />
Basta a ambição.<br />
O dever nem sempre é agradavel<br />
ao paladar humano, mas não<br />
tem aquelle residuo amargo do<br />
prazer, que lhe é preferido.<br />
Muitas vezes uma vida se perde<br />
porque onde deveria pôr um<br />
ponto final, se collocou um ponto<br />
de interrogação.<br />
Um espirito puro requer muito<br />
pouco.<br />
A imaginação mata o amor.<br />
O gênio é a machina mais complexa<br />
de quantas produz a natureza,<br />
e esta precisa munil-as,<br />
portanto, de numerosas valvulas<br />
de segurança.<br />
A melhor vida é aquella que nos<br />
é imposta por decisão irrecorrivel<br />
da consciência.<br />
A vida, fiada outrora pelas Parcas<br />
e bordada pelas fadas, hoje<br />
em dia é tecida á machina.<br />
A grande superioridade das naturezas<br />
castas é terem sido creadas<br />
completas.<br />
O reinado da mulher talvez venha<br />
um dia a ser realidade, mas<br />
seria precedido por uma greve<br />
geral do amor. O sexo que supportar<br />
por mais tempo essa inactividade<br />
acabará por triumphar<br />
sobre o outro.<br />
A poesia, no fundo, é aquillo que<br />
vae do coração do homem ao<br />
coração da mulher.<br />
O homem que se apoia na celebridade,<br />
na riqueza ou no poder<br />
• •<br />
para se fazer amar, está numa situação muito inferior á daquelle<br />
que é amado por si mesmo.<br />
Todo homem quer tudo para si.<br />
Ha mulheres que dão a impressão de casas bonitas agazalhando<br />
?ente vulgar.<br />
O olhar é mais importante que os olhos, o sorriso que a bocca, o<br />
?esto que as mãos, o andar que as linhas, a voz que os traços.<br />
Para certos espíritos, só pôde haver duas occupações : amar e<br />
pensar.<br />
Nunca o amor de duas creaturas nasceu da mesma causa. Amamo-nos<br />
sob influencias diversas e muitas vezes contrarias.<br />
Muita gente, depois de ter tido bellas residencias temporarias, encontra-se<br />
no fim da vida, sem lar, por ter esperdiçado tempo e<br />
gasto com bemfeitorias em terras alheias.<br />
UOAQUIM -NABUCO<br />
O amor é a mais perigosa das<br />
feridas com que se possa golpear<br />
uma existencia, porque raros<br />
são os corações que ella não<br />
envenena.<br />
A coragem aggressiva é um<br />
resto da ferocidade primitiva e,<br />
no emtanto, encontra-se mais<br />
frequentemente alliada a um coração<br />
bondoso, do que a coragem<br />
passiva.<br />
Para a moral humana, a descoberta<br />
mais importante será<br />
aquella que nos permittir ler o<br />
pensamento dos outros, vel-os<br />
atravez da mascara.<br />
Hoje em dia, tudo parece sujeito<br />
a transacções. A alma humana<br />
é posta em leilão.<br />
O mundo é governado pelo espirito<br />
pharisaico.<br />
Cada um de nós já nasce com<br />
a sua cella na penitenciaria terrestre<br />
.<br />
Não deve haver na vida a preoccupação<br />
de decompor nossos<br />
sentimentos para vêr de que consistem<br />
. Desmontando a nossa<br />
personalidade, peça por peça,<br />
afim de eliminar as partes apparentemente<br />
inúteis, ou de substitil-os<br />
por outras de nosso proprio<br />
fabrico, correrieis o risco de<br />
nunca mais poder reajustal-as.<br />
Imagino a machina humana<br />
transformada dentro de alguns<br />
séculos.<br />
Só o inconsciente é fecundo. Ê<br />
elle o humus de onde rompe o<br />
pensamento inesperado, a inspiração,<br />
que é sempre surpreza.<br />
Querer conhecer o espirito pelo<br />
cerebro é como querer descobrir<br />
no violino o gênio do musico que<br />
o faz vibrar.<br />
A luz é mysterio maior e mais<br />
profundo do que a sombra.<br />
O espirito deste século parece ser<br />
um fatalismo mais generalizado<br />
e mais impassivel, que outrora o<br />
do Koran : o fatalismo do dinheiro.<br />
A perfeição é sempre uma ascenção<br />
aspera e fatigante. Colloca<br />
toda a nossa vida num plano<br />
inclinado, cujo declive se aggrava<br />
á medida que subimos. Ê uma<br />
montanha cujo ápice mergulha<br />
na morte. Ninguém o alcança<br />
vivo.
LÉA E MAURA <strong>—</strong> Premio de Viagem<br />
ao Paiz <strong>—</strong> Alberto da Veiga Suignard<br />
mu•* •<br />
ENTAR<strong>DE</strong>CER <strong>—</strong> Premio de Viagem ao Estrangeiro <strong>—</strong>• Vicente Leite<br />
SALAO<br />
de l^dlaó At<br />
s ALAO de Bellas - Artes !<br />
Realidade com que os artistas sonham durante<br />
um anno !<br />
Surpresa de uns, desillusão de outros e inquie-<br />
tação de todos ! Muita téla pintada, muita<br />
moldura mal empregada, poucos quadros dignos<br />
desse nome. Em todo caso, um grande, um<br />
lindo esforço ! Entra-se e passa-se, ás pressas,<br />
pelo chamado "Salão moderno". Aquilio é a<br />
apotheose da deformação ! Formam ali todos<br />
os aleijões da cidade : pernetas, manetas ; os<br />
de ar abobado ; os envenenados por picadas de<br />
insectos perigosos, que lhes inflammaram o<br />
rosto, o corpo, os pés, até mesmo a alma ;<br />
abortos da Natureza, monstros desgostosos da<br />
vida . . . Uma calamidade !
BgMtf<br />
PAYSAGEM DO UMUARAMA <strong>—</strong> Paulo Gagárin<br />
Mas a compensação não tarda, para os nossos olhos e<br />
para o nosso espirito. A arte bôa apparece com maior<br />
ou menor esplendor. Dominando a sala dos prêmios de<br />
viagem, a "Terra Carioca" empolga o publico. Ê um<br />
legitimo Vicente Leite, pelo assumpto, pelas tonalidades:<br />
pelo vigor. Com "Entardecer" e "Jardim Botânico",<br />
fica completo o envio de Vicente Leite, que nelles se<br />
ravella um verdadeiro mestre da paysagem. José Rescala<br />
destaca-se com "Aguadeiras", excellente composição<br />
inspirada em assumpto goyano, e Armando Pacheco<br />
vence, com segurança de technica, as difficuldades de<br />
"Em Férias". Ao fundo, duas soberbas interpretações<br />
decorativas da nossa Natureza : "Laocoonte" e "Umuarama",<br />
de Paulo Gargárin. Com "Morro das Dôres",<br />
L. F. de Almeida Júnior envereda, com felicidade, pela<br />
paysagem. O "Velho Colono" é uma bôa figura. Georgina<br />
de Albuquerque mostra-nos um lindo "Cafesal", de<br />
São Paulo. No "Corcovado", expande-se á vontade a<br />
alma de paysagista de Manoel Faria. Ao lado, a "Chacara<br />
do Céu", de Gastão Formenti. Luiz Kattembach<br />
mostra-nos como é uma sessão de "Macumba". Temos,<br />
agora, um aspecto da Alsacia trazido por Manoel Madruga.<br />
Jordão de Oliveira comparece com duas marinhas e um<br />
retrato primoroso : "Minha sogra". Malagoli representa-se<br />
bem com "Depois do oanho". Mais adeante, "A<br />
bolinha de gude", de Rocha Ferreira. "Arvores da montanha"<br />
indicam, de longe, o autor, Levino Fânzeres.<br />
"Visão Tropical" foi o assumpto da téla de La Greca.<br />
Assignado por Heraclito Ribeiro dos Santos, apreciamos<br />
"Meu portão".<br />
Angra dos Reis proporciona a José Maria de Almeida<br />
uma "Marinha" bonita. Moacyr Alves expõe "Tarde no<br />
parque". Bruno Lechowski offerece-nos uma visão personalíssima<br />
do "Suburbio". Apreciamos, enlevados, três<br />
lindas télas de Pedro Bruno <strong>—</strong> o "Cysne", principalmente.<br />
Reapparece muito bem, H. Cavalleiro, com as suas<br />
"Paysagens" de Therezopolis. Optimamente trabalhado<br />
o "Retrato", de Sotero Cosme. "Repouso" é um nú<br />
primoroso de Leopoldo Gotuzzo, e "Ultima ceia", um<br />
bom trabalho de Carlos Oswald.<br />
Continuamos a destacar : "Perfil", de Hilda Borges<br />
Curty ; "Paysagem da Tijuca", de Paula Fonseca ;<br />
"Midori", de Paulina Kaz ; "O Sobrado da Preguiça", de<br />
Emilio Magalhães ; "Natureza morta", de Débora do<br />
Amaral Malheiro ; "Rio Paquequer", de J. Menezes, e<br />
"Vista do Sylvestre", de J. Carlos Miranda.
O CORCOVADO <strong>—</strong> Premio de Viagem do Paiz <strong>—</strong> Manoel Faria<br />
"O angú da bahiana" desperta-nos saudades de J. Del Vecchio. Nas<br />
"Naturezas mortas" que assigna, sente-se bem a mão de mestre<br />
de Manoel Constantino.<br />
Nossa emoção agora cresce de vulto, deante de "Cahir da tarde"<br />
e "Dias tristes", télas primorosas de Heitor de Pinho, pela technica<br />
e pela encantadora poesia que as envolve. Vemos, seguidamente,<br />
"Menina moça", de Salvador Sabaté ; um pequeno nú <strong>—</strong> "No banho"<br />
<strong>—</strong> de Haydéa Santiago ; um esplendido "Retrato", de J. Santos, que<br />
também expõe uma "Paysagem do Morro de Santo Antonio" ; dois<br />
preciosos "Retratos", de Sarah Villela de Figueiredo ; uma "Marinha",<br />
de Marina Machado Silva ; e "Solitude", de Sinhá d'Amora.<br />
Annotámos ainda : "Therezopolis" e "As Amazonas", de Manoel<br />
Santiago. Américo Rodrigues exhibe um golpe de vista do "Rio<br />
Parahybuna" ; Ruy Campello, uma "Paysagem" pittoresca ; Trompowski,<br />
um feliz "Retrato" da Senhorita Eliza Brum ; Bráulio Poiava,<br />
interpreta bem a "Preguiçosa" ; Fernando Martins, muito feliz em<br />
"Paysagem de prata" ; Raul Deveza focaliza trechos da Bahia, e<br />
fleiios Seelinger, como sempre, muito fantazista em "Sysiphus".<br />
"Conforto" é o soberbo interior do Convento de S. Francisco, na<br />
Bahia, com o qual apparece o grande mestre bahiano Presciliano<br />
Silva. "Nú de mulher" é uma grande e forte téla, que se destaca<br />
do envio de Oswaldo Teixeira. "Aledia e Chrispim" constituem o<br />
gracioso assumpto do quadro de E. Visconti. O mar, o velhor mar,<br />
foi, mais uma vez, amigo de Virgilio Lopes Rodrigues, proporcionando-lhe<br />
opportunidade de pintar duas "Marinhas" deliciosas. Uma<br />
homenagem merecida foi feita a Rosalvo Ribeiro, de quem foram<br />
expostos três optimos quadros. Num alto de porta, Jurandyr Paes<br />
Leme comparece com um "Retrato". E, por ultimo, um dos momentos<br />
mais felizes e mais inspirados de toda a vida artistica de<br />
Armando Vianna : "Dedé", joia encantadora que enche de alegria<br />
o "Salão".<br />
Na secção de esculptura, destacámos : os trabalhos de José Belloni ;<br />
"Carioca", de Cavina ; "Caramuru", de Cezar Doria ; "Cabeça de<br />
criança", de Marcos de Salles ; "Rosalvo Ribeiro", de Mazzucchelli ;<br />
"Beethoven", de Carlota Nascimento ; "Minha terra", de Hugo<br />
Restazzon.<br />
Em gravura, prestigiaram o Salão com sua presença, Leopoldo Campos,<br />
Augusto Girardet e Adalberto Mattos. E em artes applicadas,<br />
distinguiram-se : Manoel Pastana, Dolores Angela Rodriguez, Maria<br />
Francellina Barreto Falcão, Camilla Alvares de Azevedo e Cordélia<br />
de Andrade.<br />
VELHO COLONO <strong>—</strong> Medalha de<br />
Ouro <strong>—</strong> Luiz Almeida Júnior.
Ed. Monet <strong>—</strong> Os paes do artista<br />
A exposição de orte franceza, abrangendo o<br />
decurso que vae de David a Cézanne, um bom<br />
século, teve entre nós umai dupla significação:<br />
demonstrou a capacidade renovadora da pintura moderna<br />
daquelle paiz, e testemunhou<br />
como educação visual.<br />
seu alto valimenot,<br />
O complexo artístico se refere ao tempo secular quê~~vae<br />
de 1800 a 1900: cujas correntes de opposição se pode-<br />
d'sm. assim, estabelecer: David e Ingres; <strong>—</strong> Delacroix e<br />
^ . V *<br />
C. U<br />
A PAISAGEM<br />
RETRATO DA TERRA<br />
FLÉXA RIBEIRO<br />
prof. cathedratico na Escola Na-<br />
cional de Bellas Artes. Director<br />
do Curso de Arte Decorativa.<br />
Gericault; <strong>—</strong> Courbet e Millet; <strong>—</strong> Monet e Cézanne.<br />
Mas de toda esta longa caminhada, realmente, o que<br />
mais se define como matéria nova, como innovação no<br />
dominio da pintura, é o estudo de paisagem. E o nome<br />
de impressionista, que ficou collado ao movimento crea-<br />
do por Boudin e ampliado por Monet, foi amplamente<br />
justificado pela annotação da luz e da cor, pela decom-<br />
posição dos tens, pelo empastamento luminoso e vibração<br />
colorida da sombra.<br />
A paisagem, até 1860, m geral, era uma convenção 6-3<br />
otefíer. As notas de cor e o "croquis" da geometria das<br />
linhas na marcação dos planos e dos volumes, eram devi-<br />
deveria suggerir o verdadeiro. De tal sorte, a novidade<br />
deveria suggerir o verdadeiro. De tal sorte, a a novidade<br />
maior, trazida pela nova escola, consistiu em abandona r<br />
a illuminação unilateral do "atelier", e plantar o cavalleto<br />
em plena natureza, desafiando todos os reflexos, as com-<br />
plementares, e mergulhando o olhar na decomposição da<br />
cor, na própria cor.<br />
Naturalmente que destes mestres da paisagem, o mais<br />
famoso, e que a+tingiu melhor equipamento technico, foi<br />
Claudie Monet. Elie pintava em horas diversas do dia e<br />
mesmo sitio: melhor ainda: precisamente o mesmo ele-<br />
mento architectonico. do mesmíssimo ponto de vista:<br />
Cláudio Monet <strong>—</strong> P e n h a s c o s de Sainte - Adresse
como fez na sua celebre serie da fachada prin-<br />
cipal da cathedral de Ruão. Era uma retina<br />
incomparável, capaz de surprehender as me-<br />
nores variações da vibração luminosa fixando-<br />
Ihes a tremolina tenue e palpitante. Como<br />
que um arrepio subtil percorria a superficie<br />
das coisas na transição das horas do dia: lá<br />
estava Monet, com seu cavallete dentro de<br />
uma carruagem, para não surprehender o ins-<br />
tante luminoso ephemero e extremamente fu-<br />
gidio. Ou então, dentro de um bote, arran-<br />
java seu atelier: e de lá fixava com uma agu-<br />
deza innappellavel o frémito das aguas tran-<br />
quillas, os alisamentos húmidos que se espre-<br />
guiçam na atmosphera das zonas luiguidas,<br />
como se poderá verificar pelo quadro que<br />
delle fez o mestre Eduardo Monet: L'atelier<br />
de Claude Monet.<br />
A paisagem, como genero proprio, conside-<br />
Ed. Monet <strong>—</strong> O atelier de Claudio Monet<br />
rado como se bastasse a si mesma, data do<br />
século XVII, e é de origem flamenga. Os hoi-<br />
landezes, em breve se tornaram primaciaes na<br />
especialidade. Pelo século XIX, alguns in-<br />
glezes e francezes e certos francezes se tor-<br />
naram famosos na paisagem. Turner, por<br />
exemplo, que pintando em casa, com apon-<br />
tamentos de luz tomados do natural, attesta<br />
uma impressionante memoria visual.<br />
Mais a paisagem, como retrato da terra, do<br />
paiz, segundo a própria ethymologia, dafa,<br />
em verdade, da escola impressionista, para<br />
cá: 1860 é a hora de sua irrecusável appa-<br />
riçao.<br />
V<br />
Atravez das influencias que lhe tenham vindo<br />
do hollandez excepcional que foi Jongkind ou<br />
do francez Eugénio Boudin, não se negará que<br />
Claudio Monet <strong>—</strong> Boulevard des Capucines<br />
a paisagem de movimento culmina na technica de Monet. Que<br />
é que se deve pintar, como elemento principal na paisagem? A<br />
physionomia dos logares. Mas estes não se retratam pela sua<br />
geometria. Se "toda paisagem é um estado de alma", esse es-<br />
tado só poderá ser dado pela atmosphera, pelo envolvimento da<br />
luz. Pintar o ar ambiente <strong>—</strong> será então, o verdadeiro motivo. O<br />
problema da paisagem é, assim, um caso particular da atmos-<br />
phera. Precisamente nos encontramos diante de soluções tech-<br />
nicas offerecidas, com tanta felicidade, por Monet.<br />
As mais subtis variantes da luz foram por elle fixadas: e o mais<br />
singelo logar como que se poetisa e toma vulto espiritual á nossa<br />
contemplação. A poesia do artista, pintando a luz, revela os<br />
mais Íntimos segredos da natureza e faz que sintamos como o<br />
mundo é maior e mais bello.<br />
Claudio Monet <strong>—</strong> La débâcle
A<br />
ra-<br />
Um delicioso trecho de "Benkei-basni" <strong>—</strong> Ponte de<br />
Bonkei <strong>—</strong> no aristocrático bairro de Akasalca, em Tokio<br />
A Tap&hííA<br />
/ \ LGUNS críticos tendenciosos, procuram desmerecer<br />
os valores substanciais da civilização japonesa,<br />
proclamando que lhe falta originalidade,<br />
não passando de centrifugação dos princípios mais apurados<br />
de muitas outras civilizações. Tudo de empréstimo,<br />
nada seu. Onde ha apenas mimetismo, não ha<br />
gênio eis a conclusão pejorativa daqueles inimigos do<br />
Japão. Eu pediria a esses críticos que me dissessem<br />
qual a civilização moderna que se constituiu sem herança<br />
ou sem emprestimo. Civilização é evolução. Evolução<br />
no sentido biologico que é, senão o crescimento<br />
de um corpo á custa de outro e de emprestimos nutritivos<br />
á terra e ao ar? Nasce-se, filho de alguém.<br />
Cresce-se, parasita de alguém. Leibniz afirmava que<br />
não havia animal ou planta inteiramente original; o<br />
que parece geração nova é o desenvolvimento de um<br />
germen preexistente, da mónada.<br />
Diz a religião que Deus creou apenas um homem e<br />
um modelo animal ou vegetal de cada especie. Tudo<br />
mais não passa de reprodução daquele avô enterrado<br />
como os Pharaós, na imensidade das pirâmides nos<br />
areais sem vida dos séculos.<br />
€ L A V D I O D E S O I / A<br />
DA ACA<strong>DE</strong>MIA BRASILEIRA<br />
E DO P.E.N. CLUB DO BRAZIL<br />
Admitamos esta ou aquela ou outra teoria de evolução,<br />
continua de pé, como as rochas em meio das resacas,<br />
sem vacilação e sem ranço de velharia, a sabia sentença<br />
salomonica que o Eclesiastes registrou: Nil novi sub<br />
gole: nada existe de novo sob o sol. Nada se crea, tudo<br />
se transforma, e todos se comem uns aos outros para<br />
viver, como diz a sentença: Omnium singuíe et omnia<br />
singulorum...<br />
Não foi, portanto, apenas o Japão que formou sua<br />
civilização a expensas de outras. Que seriamos nós,<br />
os brasileiros se não tivessemos importado a civilização<br />
ocidental? Andaríamos ainda de arco e flecha em<br />
estado servagem.<br />
As ilhas do Japão povoaram-se inicialmente, com cor-<br />
rentes imigratórias vindas da Asia e do arquipélago do<br />
Pacifico, com mesclas da Malaia e da índia. A colonia<br />
do sul caminhou para o norte, para a ilha principal,<br />
onde se foi chocar com as colonias de coreanos, chi-<br />
neses e mongoes. Era a raça da Yamato, que obteve<br />
supremacia absoluta.
Nessa concurrencia de povos diversos, cada<br />
qual deixou a impressão de seus costumes,<br />
de suas religiões e de sua moral. Estiveram<br />
por muitos séculos fechados os portos ja-<br />
poneses á navegação estrangeira.<br />
Formou-se, pois, sua civilização com o cal-<br />
deamento daqueles elementos asiaticos co-<br />
lonizadores, não se podendo, pois, dizer<br />
que houve nessa época qualquer "imitação<br />
ou copia". O que se operou foi a adaptação<br />
daquela mistura étnica ás condições ambi-<br />
entais. E adaptou-a, admiravelmente, o ja-<br />
ponês. Ora adaptação é prova de inteli-<br />
gência e prova dificil que demanda "enge-<br />
nho e arte".<br />
Pode-se negar inteiigencia a quem rece-<br />
bendo um machado de pedra, com ele fica<br />
sem procurar melhora-lo: não se pode<br />
faze-lo a quem aproveitando-lhe o modelo,<br />
trata desde logo de aperfeiçoa-lo e, em<br />
seguida, de substitui-lo por materiais locais<br />
de maior eficiencia. Este ultimo processo<br />
é do japonês, do qual se diz num troca-<br />
dilho americano:<br />
"Japanese is an adept to adopt and adapt".<br />
Quando se abriu o Japão ao intercambio<br />
universal, tinha ele, portanto, uma civili-<br />
zação sua, apurada dentro de uma "cal-<br />
deira asiatica fechada".<br />
Os elementos das civilizações ocidentais,<br />
entraram naquele caldeamento e foram<br />
absorvidos ou homogeneizados, estabele-<br />
cendo-se a civilização japonesa moderna<br />
pelo mesmo processo de todas as demais<br />
civilizações, sem que, entretanto, ela tenha<br />
até hoje perdido seu carater fundamental,<br />
o do "familismo". O Japão organizou-se<br />
num potente corpo de industria e de co-<br />
mercio, e neste campo teve de obedecer,<br />
como todos os demais paizes, ás leis uni-<br />
formes que regulam a harmonia interna-<br />
cional dessas relações, baseadas, na oferta<br />
e na procura. A alma desse corpo, entre-<br />
tanto, conserva a organização familiar<br />
original, hoje quasi única no mundo. Essa<br />
força singular e formidável o Japão for-<br />
mou-a, não copiou nem adaptou: formou-a<br />
com seu génio, e com ela se constituiu<br />
numa potencia civil e militar.<br />
Flagrante colhido durante o ultimo<br />
"salon" realisado em Tokyo, o qual,<br />
como de praxe, obteve o maior êxito.<br />
Nos seus portos desembarcaram ideias de todos os<br />
matizes: o liberalismo, o utilitarismo, o cristianismo,<br />
a democracia, o socialismo, o comunismo, o estatis-<br />
mo e outras.<br />
Tiveram adeptos e contraditores. Não provocaram,<br />
porém, tumulto mental. O génio japonês, meditativo<br />
e sereno, meteu-as logo na mesma caldeira que traz<br />
exposta ao fogo brando de sua ponderação analítica.<br />
Deixou que se evaporassem os coeficientes inúteis<br />
ou prejudiciais, que se concentrassem os sucos su-<br />
bstanciais e, sem abalar os princípios básicos de seu<br />
tradicionalismo mistico-politico, incluiu no seu co-<br />
digo mental o que lhe pareceu util á familia e á<br />
patria. Eis onde reside seu génio: na faculdade ma-<br />
ravilhosa de reforçar com alimentos, estrangeiros<br />
nacionalizados, sua juventude mental, sempre vigo-<br />
rosa apezar de seus vinte e seis séculos de idade.
e U 35<br />
(Photos Malta c Horácio)<br />
M dos mais impressionantes do-<br />
cumentos do progresso e em-<br />
bellezamento do Rio está aqui<br />
estampado nestas duas photo-<br />
graphias: uma de 1905 e outra<br />
de <strong>1940</strong>.<br />
Vendo a primeira, quem diria<br />
que estamos deante de um as-<br />
pecto da praia de Santa Luzia?<br />
Ao fundo, acha-se o morro do<br />
Castello. Ao pé do morro, a<br />
Igreja de Santa Luzia, á beira-<br />
mar. Hoje a terra estende-se até<br />
a antiga Ilha de Villegaignon.<br />
Entre a igreja de Santa Luzia e<br />
e a agua estende-se num vasto<br />
terreno semeado de arranha-<br />
céos, pavilhões da Feira de<br />
Amostra, campo de aviação,<br />
etc., O morro do Castello des-<br />
appareceu. Aliás, nenhuma des-<br />
cripção seria mais eloquente, a<br />
esse respeito, do que a photo-<br />
graphia do Rio de hoje que pu-<br />
blicamos ao lado do flagrante do<br />
Rio antigo. Entretanto, trata-se<br />
de photos apanhadas no mesmo<br />
ponto da Capital Federal, ape-<br />
nas com um intervallo de 35<br />
annos entre uma e outra.
Téla de Rodolpho Amoêdo
m f-<br />
^mtítBc2<br />
NAUFRÁGIO<br />
F MQUANTO o transatlantico se ia<br />
separando lentamente do molhe e o<br />
alarido da sirena lançava sobre a multidão<br />
pulverisada chuva, commentava-se o repentino<br />
amor do par que se ia despedir.<br />
<strong>—</strong> Assim vale a pena querer-se ! <strong>—</strong><br />
suspirava uma rapariga olheirosa.<br />
O verdadeiro amor surge raramente;<br />
os demais são imitações <strong>—</strong> ajuntou um<br />
professor calvo, num sorriso forçado.<br />
E, sob a tolda, um grupo, formado<br />
pelo busto hercúleo contra o qual se<br />
comprimia a cabeça feminina envolta no<br />
véu que fingia fluctuante cabelleira azul.<br />
respondia em silencio, afirmativamente,<br />
aos commentarios.<br />
Ella era alta, de formosura violenta,<br />
bocca voluptuosa e olhos em que até os<br />
sonhos suggeriam formas corporaes; elle<br />
era bello, de força multiplicada nos sports<br />
e de vontade irritada ante os obstáculos.<br />
Havia nos dois uma exuberancia physiologica,<br />
que os fez tyrannos de suas famílias<br />
desde pequenos. Faltaram-lhes<br />
sempre o espaço e o tempo; e uma ancia<br />
indómita de serem protagonistas e de<br />
usurparem aos outros seu quinhão de<br />
Victoria da vida envolveu-os, desde os<br />
bancos escolares, numa atmosphera de<br />
admiração veiada de medo. E ao se conhecerem.<br />
no predestinado azar de um<br />
baile, logo foram um para o outro rompendo<br />
a multidão, com a força fatal de<br />
duas correntes avidas por se unirem.<br />
A festa ficou interrompida um momento.<br />
Uma hora depois, falavam-se no<br />
tom alternativamente submisso e imperioso<br />
da paixão. E quando os olhares<br />
começaram a murmurar com pestanejos<br />
malignos, elles os desafiaram com arrogancia,<br />
dizendo-lhes que essa attitude<br />
seria a dos dois deante de todos os futuros<br />
obstáculos.<br />
A batalha foi dura; mas a opposição<br />
das famílias, ao verem desfeitos, subitamente,<br />
seus lentos cálculos, bateu contra<br />
estas duas palavras inexoravelmente singelas"<br />
"Queremos-nos". E a dor de um<br />
rapaz débil, inebriado, durante muitos<br />
mezes, pelo effluvio da lealdade um pouco<br />
CONTO POR<br />
H E R N A N D E Z CA<br />
T A<br />
gigantesca, e o pezar de uma pobre anêmica,<br />
fascinada, annos e annos, pela<br />
apollinca venustez delle, tiveram de estacar,<br />
quasi envergonhados de sua insignificância.<br />
ante a impetuosidade daquelle<br />
amor. Todo obstáculo foi vencido<br />
por ambos.<br />
O casamento teve de ser decidido cm<br />
poucos mezes. O excepcional amor exigia<br />
pressa excepcional. Todos comprehenderam<br />
que aprisional-os na malha da dilação<br />
seria despedaçar seus fios. As duas<br />
famílias cederam por temor ao escandalo,<br />
e. entretanto, o casamento deu que falar.<br />
A igreja encheu-se de gente, de cochichos,<br />
de curiosidade. A "Marcha Nupcial" de<br />
Mendelssohn parecia débil para celebrar<br />
tal união, digna dos bronzes de Wagner.<br />
Em frente ao altar, apezar das luzes f<br />
da figura do sacerdote, o casal pujante<br />
de juventude suggeria uma visão pagã.<br />
Agora, apoiados languidamente contra<br />
a amurada, a visão, livre de mysticas<br />
peias, adquiria força plena. Lentamente
o navio apartava-se e os passageiros retiravam-se<br />
do tombadilho, afim de iniciar<br />
a vida transitória que os esperava. Como<br />
si tossem cadeias invisíveis os olhares<br />
fixos em terra, ao diminuir augmentou<br />
velocidade do navio. Quando já não se<br />
via o tremeluzir do pharol e o navio só<br />
era entre o céu e o mar uma leve mancha<br />
salpicada de luzes, na cidade ainda<br />
se falava delia.<br />
<strong>—</strong> Feliz a que chega a ser amada<br />
assim ! <strong>—</strong> suspirava a moça de olheiras.<br />
E o professor, desviando a vista de<br />
seus papyros, para fixal-a em sua companheira<br />
que, ao sentir o olhar, levantou<br />
a cabeça inclinada sobre o trabalho de<br />
agulha e sorriu docemente, pensou outra<br />
vez: »<br />
<strong>—</strong> O verdadeiro amor só surge dc<br />
tarde em tarde... Os demais são imitações<br />
desprezíveis, argucias do instincto a<br />
bem da especie...<br />
Durante oito dias, o casal constituiu<br />
para marinheiros e passageiros um espectáculo<br />
em que o instincto punha inveja<br />
e a intelligencia cólera. Meio ex •<br />
tendidos nas espreguiçadeiras, passavam<br />
o dia defronte ao mar, envoltos pela<br />
mesma capa, com as cabeças bem juntinhas,<br />
as mãos e os olhos entrelaçados, e<br />
havia um abandono meloso e ardoroso<br />
em todos os seus movimentos. Desappareciam<br />
á hora da sésta, recolhiam-se mui<br />
cedo, e não tornavam a apparecer senão<br />
no dia seguinte. As moças miravam-os de<br />
longe; os rapazes sorriam e cochichavam,<br />
apontando-os; os officiaes, do convez, espreitavam-os,<br />
julgando-os um perigo. E<br />
um velho casal inglez, que, após as refeições,<br />
dava vinte voltas em torno á coberta.<br />
não deixava de pron-inciar. unisonamente,<br />
a palavra shocking toda vez que<br />
cruzava com elles.<br />
A noite anterior, á chegada ao primeiro<br />
porto, emquanto no salão culminavam<br />
os júbilos da festa, se jogava e<br />
bebia no bar, e subiam do convez de 3. a<br />
classe os palavrões ingênuos dos emigrantes,<br />
as vozes de creanças e os cantos<br />
de accordeon e guitarra, o casal feliz ficou<br />
sósinho no logar de sempre. Phosphorescia<br />
o mar e era agradavel beijar-se<br />
se naquella immensidade de silencio. . .<br />
Súbito, as cabeças chocaram-se, ouviuse<br />
um clamor terrível, apagaram-se todas<br />
as luzes e, a seguir a um lapso de espanto,<br />
ais, blasphemias e gritos começaram<br />
a sahir das entranhas do nav o<br />
Em menos de dois minutos, desnudaram-se<br />
as álmas e o egoísmo humano<br />
mostrou a sua face abominavel. Os gritos<br />
imperativos dos officiaes naufragavam já<br />
nas vagas do pânico. Sob a claridade<br />
cstellar, as mãos cortezes tornaram-se<br />
garras e os sorrisos tornaram-se caretas.<br />
Machadinhas freneticas cortaram as<br />
amarras dos botes prematuramente. Em<br />
torno a cada salvavidas, a cada madeiro,<br />
originou-se uma luta; e antes que o mar<br />
causasse a primeira victima, já corria<br />
sangue a bordo.<br />
<strong>—</strong> Ordem! Calma!... Cada um em<br />
seu bote, que ha tempo para salvar-se!<br />
A reacção tardou em sobrevir. O salvamento<br />
iniciou-se, e as creanças e as<br />
mulheres começaram a obter seus direitos.<br />
Ante uma escotilha, a velha in-<br />
MUSEU NACIONAL <strong>DE</strong> BELLAS ARTES<br />
Uma parte da galeria de arte brasileira. No primeiro plano, sa'a de arte<br />
franceza. Ao centro, mesa de jacarandá trabalhado.<br />
gleza negava-se a separar-se do companheiro<br />
de toda a sua vida, e acabou<br />
renunciando a deixar o navio e abraçando<br />
o ancião com suave e heróica<br />
firmeza. Uma senhora alta, de bocca<br />
voluptuosa e olhos cheios de terror, em<br />
que até os sonhos tomavam imagens carnaes,<br />
reclamou, presurosa, a sua vez:<br />
<strong>—</strong> Quero viver ! <strong>—</strong> berrava, enlouquecida,<br />
em meio á lufa-lufa do bote.<br />
O pavor da morte havia-lhe obscurecido<br />
a intelligencia por completo. Só<br />
muito depois, quando o rythmo dos resrtos,<br />
ao castigarem a agua, impoz ás<br />
almas um socego attonito. recordou que<br />
a catastrophe a separara de alguém que,<br />
deixando-a a um lado, foi disputar, a<br />
golpes terríveis, a posse de um cinturão<br />
de cortiça.<br />
Olhou para traz e viu o navio encabritar-se<br />
num imponente esforço para<br />
escapar, e fundir-se, em seguida, entre<br />
torvelinhos de espuma. Em derredor, ficaram<br />
despojos, gemidos dominados pelo<br />
fragor das ondas, pontinhos já moveis, já<br />
inertes, que eram esforço angustioso e<br />
resignação a succumbir. "Ali estaria elle!"<br />
E, ao pensal-o, a mão recolhia a grega<br />
do vestido, para que não se molhasse no<br />
fundo do bote, e o seu intimo se regosijava<br />
na cruel doçura de ir para a<br />
vida, deixando atraz de si o horror do<br />
nada.<br />
Dois dias depois, os periodicos foram<br />
revelando e alinhavando os episodios da<br />
tragedia. Além das mulheres e das crianças,<br />
somente um homem, que se atirou<br />
á agua no primeiro instante, conseguiu<br />
salvar-se. Graças á sua compleição hercúlea<br />
e ao salvavidas, manteve-se a salvo<br />
até receber soccorro.<br />
Quando se encontraram cara a cara,<br />
nos escriptorios da casa consignataria,<br />
ambos abaixaram a cabeça e empallideccram.<br />
Ora que se conheciam bem, cumprimentaram-se<br />
quasi como dois desconhecidos.<br />
Que differença daquelle primeiro<br />
encontro no baile ! Pouco tempo<br />
depois, por divergências fúteis, separaram-se<br />
para sempre.
i<br />
Siefan Zweig num flagrante<br />
feito em nossa redacção<br />
O Sr. Presidente da Republica quando<br />
visitava a Expo:ição do Livro Uruguayo<br />
Um aspecto da festa da arvoro<br />
24 IHustraçáo Brasileira<br />
<strong>DE</strong> /A/A IE Z<br />
© Setembro foi um mez de grandes<br />
actividades artísticas. Entre todas, so<br />
bresahe naturalmente o Salão Nacional<br />
de Bellas Artes, tão animado, tão con-<br />
corrido e brilhante e tão pontilhado<br />
de incidentes. Nesta revista, ha um<br />
logar especial para esse registo, mas<br />
se poderia falar nos acontecimentos<br />
mais importantes do mez sem, men-<br />
cionar a Exposição de Bellas Artes deste<br />
anno.<br />
© Outra bella iniciativa cultural desss<br />
mez <strong>—</strong> a Exposição do Livro Uruguayo.<br />
Realizou-se num dos magníficos -salões<br />
da A. B. I. e attrahiu numerosos visi-<br />
tantes, inclusive o sr. Presidente da<br />
Republica e o sr. Ministro do Exterior.<br />
Aliás, ao mesmo tempo que se expu-<br />
nham os livros uruguayos, também nos davam<br />
uma explendida amostra do progresso das artes<br />
plasticas no paiz visinho, atravez da arte do<br />
esculptor Belloni.<br />
& Outros factos de grande significação cultural<br />
registados no mez passado: a l. a Conferencia de<br />
Defesa Contra a Syphilis e o Congresso de Geo-<br />
graphia, reunido em Florianopolis. Em ambos fo-<br />
ram approvadas theses de importancia e de re-<br />
percussão nos altos círculos scientificos do paiz.<br />
• Reuniu-se em Setembro, no Rio, o Convênio<br />
dos Estados Caféeiros, que assentou a orienta-<br />
A d e l ^ * Cash,<br />
Ves S".7na,äe:
A /A/A IE Z<br />
çao a ser seguida em matéria de pro-<br />
ducção e financiamento da safra do<br />
café, em face das circumstancias anor-<br />
maes que atravessa o commercio mun-<br />
dial.<br />
• Durante o mez passado, continuou o<br />
affluxo de importantes personalidades,<br />
da Europa, tangidas pela guerra. Aris-<br />
tocratas, financistas que perderam a<br />
fortuna, artistas, intellectuaes de vários matizes,<br />
notabilidades da sciencia, chegam semanal-<br />
mente ao Brasil. Alguns aqui' ficam. Outros<br />
aportam, de passagem para a Argentina ou<br />
outros paizes da America do Sul.<br />
• Entre os que aqui ficaram, devemos mencio-<br />
nar o nome de Stefan Zweig, um dos escriptores<br />
mais populares em todo o mundo, autor de bio-<br />
graphias romanceadas, famosas, como a de<br />
Fonché e Maria Antonieta;; de ensaios notáveis,<br />
como os que publicou sobre Tolstoi e Nietzch;<br />
de novellas vigorosas, como "Amok", etc.<br />
Zweig, depois de alguns dias no Rio, seguiu<br />
para Minas Geraes, onde visitará as velhas ci-<br />
dades que ainda guardam nas paredes as le-<br />
gendas do nosso passado. Affirma-se que elle<br />
tem em preparação um livro sobre o Padre Ma-<br />
noel da Nóbrega.<br />
• Um facto de grande significação para as<br />
relações entre o Brasil e os Estados Unidos: a<br />
entrega de tropheus da Escola Naval de Ana-<br />
polií á Escola Naval Brasileira, solemnidade que<br />
teve a presença de autoridades da nossa Ma-<br />
rinha de Guerra e da Missão Naval Norre-<br />
Americana.<br />
• Uma festa de significação civica e social: a<br />
entrega dos espadins aos novos Cadetes da Es-<br />
cola Militar, completada pela bella ceremonia do<br />
juramento á Bandeira.<br />
• O governo federal, attendendo aos serviços<br />
prestados pela Associação Commercial do Rio<br />
de Janeiro, assim como ás condições parti-<br />
culares dessa organisação que, tantas vezes, tem<br />
servido de traço de ligação entre a adminis-<br />
tração publica e as classes conservadoras, resol-<br />
veu conceder-lhe as prerogativas de orgão<br />
technico-consultivo do governo.<br />
• Fallece no Rio, a poetisa Adelaide de Cas-<br />
tro Alves Guimarães, irmã de Castro Alves.<br />
Era viuva de um notável jornalista bahiano, Au-<br />
gusto Alves Guimarães. Com ella desapparece<br />
alguma coisa preciosa e rara como uma tradição<br />
ou o espirito duma geração.<br />
• Entre as mais bellas commemorações do mez<br />
de Setembro no Brasil <strong>—</strong> mez que assignala a<br />
entrada da nossa Primavera <strong>—</strong> está o "Dia da<br />
Arvore". Este anno, o "Dia da Arvore" foi com-<br />
memorado com alegria e brilhor-em ceremonias<br />
significativas, de que participaram principalmente<br />
as creanças das escolas.<br />
v-<br />
m»- s C<br />
e\°<br />
o©<br />
A©<br />
8(v«o<br />
Assignatura do Decreto considerando a Asso-<br />
ciação Commercial Orgão Technico Consultivo<br />
Visita dos membros do Convênio Caféeiro<br />
ao Sr, Presidente da Republica
L I<br />
N IO Palacio Guanabara,<br />
^ realisou-se ha dias o<br />
enlace do Dr. Luthero Var-<br />
gas, filho do Presidente<br />
Getúlio Vargas e de sua<br />
esposa D. Darcy Vargas,<br />
com a Senhorinha Annita<br />
Elisabeth Ten Haeff, filha<br />
do sr. Hugo Ten Haeff e<br />
de sua esposa, D. Emmy<br />
Ten Haeff.<br />
Os flagrantes desta pagina<br />
foram colhidos quando da<br />
cerimonia civil, realisada<br />
na maior intimidade.<br />
\<br />
G n l a c e S u t b e r o l a r g a s<br />
A n n i t a Elisabeth
TERRA <strong>DE</strong> SANTA CRUZ<br />
...E as caravelas de Cabral vieram um dia.<br />
De repente, na irradiação da luz solar:<br />
u Que terra é aquela terra opulenta e bravia<br />
Que sobe para o céu como um gésto do mar ?<br />
Que milagre de encantamento e de magia ?"<br />
E o gajeiro na gávea abria os braços no ar.<br />
A terra pouco a pouco, ao longe, aparecia<br />
Enfeitada de luz, pura como um altar.<br />
E os rios em caudal, e os índios na floresta,<br />
Pássaros, féras, tudo em delirio dansava<br />
neste dia de sol, uma dansa de festa.<br />
E quando a noite ungiu a selva tropical,<br />
O cruzeiro-do-sul no alto céu cintilava<br />
E emergia da terra a Cruz de Portugal.<br />
OLEGÁRIO MARIANO<br />
Da Academia Brasileira
fl<br />
wQ<br />
r« H<br />
Professor Arnaldo de Moraes, Presidente<br />
do I Congresso Brasileiro de Gynecologia<br />
e Obstetrícia.<br />
BT<br />
rWM<br />
MÉÊ<br />
Mesa que presidiu<br />
d sessão inaugural<br />
do I Congresso<br />
Brasileiro de Gynecologia<br />
c Obstetrícia,<br />
no Palacio<br />
Tiradentes.<br />
Aspecto parcial da<br />
assistência á sessão<br />
inaugural no<br />
Palacio Tiradentes.<br />
•#•<br />
| J H H |<br />
l<br />
if • tf<br />
f ' r<br />
f i<br />
í<br />
I Congresso Brasileiro de<br />
Gynecologia e Obstetrícia<br />
R EVESTIU-SE de raro brilhan-<br />
tismo o I Congresso Brasileiro de Gy-<br />
necologia e Obstetrícia, realizado nesta<br />
Capital, por iniciativa da Sociedade<br />
Brasileira de Gynecologia e sob o pa-<br />
trocinio do Governo da Republica. In-<br />
stallou-se ás 21 horas de 8 de Setembro,<br />
no Palacio Tiradentes, com grande so-<br />
lemnidade, numa sessão grandemente<br />
concorrida, presidida pelo Sr. Ministro<br />
da Educação, Dr. Gustavo Capanema,<br />
que pronunciou vibrante oração, pondo<br />
em fóco as elevadas finalidades do cer-<br />
tamen scientifico. Tomaram assento<br />
á mesa que presidiu a sessão o Dr. Ge-<br />
• b Fm<br />
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r<br />
f<br />
raldo Mascarenhas, representante do Sr. Pre-<br />
sidente da Republica, Dr. Correia Pinto, re-<br />
presentante do Sr. Prefeito do Districto Fe-<br />
deral, Prof. Arnaldo de Moraes, Presidente da<br />
Sociedade Brasileira de Gynecologia e Presi-<br />
dente do referido certamen, Prof. Aloysio de<br />
Castro, Presidente da Academia Nacional de<br />
Medicina, Prof. Ugo Pinheiro Guimarães, Pre-<br />
sidente do Collegio Brasileiro de Cirurgiões,<br />
Prof. Fróes da Fonseca, Director da Faculdade<br />
Nacional de Medicina, e Prof. Oiyntho de Oli-<br />
veira, Director do Departamento Nacional da<br />
Creança.<br />
'
Cirurgiões e Academia Nacional de Medi-<br />
cina, onde se fizeram ouvir, entre outros,<br />
os Professores Deolindo Couto, Annes Dias,<br />
Manoel de Abreu, Octávio de Souza, Mau-<br />
ricio Gudin, Jayme Poggi, etc.<br />
Os congressistas foram recebidos em au-<br />
diência especial pelo Presidente Getúlio<br />
Vargas que, depois de ouvir do Presidente<br />
do Congresso os fins do mesmo, indagou<br />
da marcha de seus trabalhos e declarou<br />
o grande apoio que o certamen merecia<br />
do Governo, pelos problemas palpitantes<br />
de que tratava, particularmente a questão<br />
da assistência social á Maternidade, um<br />
dos objectivos dos actuaes administradores<br />
do paiz. S. Excia. teve também palavras<br />
de sympathia para os representantes ar-<br />
gentinos presentes d recepção e a seu paiz.<br />
As sessões operatorias, coroadas de com-<br />
pleto êxito, despertaram grande attenção<br />
dos congressistas, tendo sido realizadas no<br />
Hospital Getúlio Vargas pelo Professor Pe-<br />
dro Paulo Paes de Carvalho, Hospital da<br />
Gamboa, pelo Dr. Lengruber, Santa Casa,<br />
pelo Professor Jayme Poggi, Hospital Es-<br />
tácio de Sá, no Centro de Cancerologia,<br />
pelo Dr. Mario Kroeff, na Clinica Gyneco-<br />
logica, pelo Professor Arnaldo de Moraes<br />
e na Clinica Cirúrgica, pelo Professor Cas-<br />
tro Araujo e seus assistentes, no Hospital<br />
Miguel Couto, pelo Professor Motta Maia<br />
e Dr. Paulo Barata.<br />
Os professores estrangeiros e estaduaes,<br />
bem como os congressistas foram recebi-<br />
dos em sessão solemne da Faculdade Na-<br />
cional de Medicina, onde foram saudados<br />
pelo Director, Professor Fróes da Fonseca,<br />
tendo usado também da palavra, para<br />
agradecer, o Professor Aristides Maltez,<br />
da Bahia.<br />
A parte social, em que tomaram parte os<br />
congressistas e suas familias, bem como<br />
elementos de destaque da sociedade carioca,<br />
teve a abrilhantal-a, no banquete do Casino<br />
Atlântico e no almoço do Jockey Club, a<br />
presença do Sr. Ministro da Educação e<br />
sua gentilissima Esposa. Foi realizada<br />
uma excursão a Petropolis, em que o Prc-<br />
Sessão na Sociedade Brasileira de Ginecologia,<br />
vendo-se no medalhão o Prof. Deolindo<br />
Couto, quando realizava sua conferencia.<br />
O Sr. Presidente da Republica ao receber, em audiência especial, o<br />
Fresidente do Congresso e demais Congressistas, no Palacio do Cattete.<br />
Sessão da Academia Nacional de Medicina, no momento em que o<br />
Prof. Annes Dias fazia sua brilhante conferencia.
Sessão operatoria na Clinica Gynecologica no Hospital<br />
Estácio de Sá, em que realizou interessantes operações o<br />
Professor Arnaldo de Moraes.<br />
Aspectos da excursão a Petropolis. O almoço<br />
foi presidido pelo Prefeito da cidade.<br />
feito da cidade serrana offereceu recepção<br />
e almoço aos congressistas, bem como um<br />
lindo banquete no "grill" do Casino Atlân-<br />
tico, de 120 talheres, um chá no Itanhangá<br />
Golf Club, offerecido pelo Presidente do<br />
Congresso e sua Exma. Sra. aos congres-<br />
sistas e o almoço de encerramento, no<br />
prado do Jockey Club, seguido das corridas<br />
em honra ao Congresso. Nesse almoço<br />
usaram da palavra o Dr. Edgard Braga,<br />
de São Paulo, que saudou o Ministro d i<br />
Educação e o Presidente do Congresso,<br />
Professor Arnaldo de Moraes, o Professor<br />
Ugo Pinheiro Guimarães, que usou da pa-<br />
Sessão plcnaria do Congresso, em que se vê a mesa presidida pelo<br />
Prof. Arnaldo de Moraes, ladeado pelos Prof8. Lascano e Thwaites<br />
Lastra, da Argentina e Clóvis Salgado, Otto Cirne, José Medina e<br />
Sylla Mattos.<br />
lavra em nome das sociedades scientificas,<br />
pondo em relevo a obra notável do Pro-<br />
fessor Arnaldo de Moraes, respondendo o<br />
Presidente do Congresso em vibrante e<br />
commovida oração, os brindes que recebera<br />
e pondo em fóco a cooperação do Governo<br />
e de seus collegas para levar a cabo o<br />
certamen, e concluindo por erguer sua<br />
taça em honra do Sr. Presidente da Repu-<br />
blica, do Sr. Ministro da Educação e sau-<br />
dando, na pessoa da Sra. Capanema, as<br />
virtudes da Mulher e da Mãe Brasileira.<br />
O Ministro da Educação pronunciou bri-<br />
lhante discurso, pondo em fóco o ingente<br />
esforço desinteressado do Professor Ar-<br />
naldo de Moraes, promotor do magnifico<br />
Aspecto do chá no Itanhangá, offerecido<br />
aos congressistas pelo Professor<br />
Arnaldo de Moraes e Exma. esposa.<br />
certamen scientifico, que se encerrava e<br />
saudou também a Republica Argentina.<br />
Encerrando a série de discursos, ergueu-se<br />
o Professor Lascano, para agradecer as<br />
homenagens que recebera e o seu paiz, do<br />
Presidente da Republica, do Ministro da<br />
Educação e do Prof. Arnaldo de Moraes.<br />
Almoço de encerramento no prado do Jockey-<br />
Club, vendo-se o Ministro du Educação e Exma.<br />
esposa, o Professor Lascano, a Senhora Arnaldo<br />
de Moraes e o Professor Arnaldo de Moraes,<br />
agradecendo as homenagens recebidas.
LAGOA RODRIGO <strong>DE</strong> FREITAS<br />
Télas de Manoel Faria, com que conquistou,<br />
este anno, o premio de Viagem ao Brasil.
s T A S<br />
s ETF.MBRO foi o mez por excellencia<br />
das Bellas - Artes.<br />
Basta dizer que foi o mez do<br />
Saião, a grande feira annual dos artistas<br />
plásticos, que se desafiam e<br />
se defrontam na conquista de prémios e do aplauso e do<br />
B£kíAf ARTE*<br />
/ estimulo do publico.<br />
Desta vez, a chamada "corrente moderna" conseguiu obter<br />
uma "divisão" própria para exhibir-se. Mas a officiaiisação<br />
da "corrente" não logrou interessar o publico, quo<br />
só passava pelas tres salas que lhe foram destinadas, porque<br />
eram de passagem forçada, para chegar á arte classica<br />
e sensata. A cilada, portanto, não lhe rendeu adeptos.<br />
Ao contrario, cresce, todos os dias, a repulsa a essa arfe<br />
aleijada, que nada exprime.<br />
A parte sadia da boa pintura apresentou-se sensivelmente<br />
melhorada sobre os annos anteriores. Os maiores prémios<br />
interessaram g r ande numero de candidatos, tendo a sua<br />
distribuição, de um modo quasi geral, agradado.<br />
Vicente Leite, o grande paisagista brasileiro, foi o aquinhoado<br />
com o premio de viagem ao extrangeiro.<br />
Os da viagem ao Brasil couberam a Manuel Faria e a<br />
Guignard, este ultimo pela corrente moderna. Conquistaram<br />
medalhas de prata o marinhista Heitor de Pinho,<br />
Fernando Martins, Salvador Pujais Sabaté, e Sotero Cosme.<br />
A medalha de ouro foi conferida a Luiz F. de Almeida<br />
Júnior, e as de bronze a Hindemburg Olive. Edgard Waiter,<br />
Maristany de Frias e Fritz Lehmann. Obtiveram, ainda,<br />
menção honrosa, Orval Saldanha, Gerson Pinheiro. Paulina<br />
Kaz, Amélia Maristany, Yara Leite e Marcos Carneiro.<br />
Na divisão moderna, afora Alberto Guignard, laureado<br />
com o premio de viagem ao Brasil, receberam medalhas<br />
de prata os artistas: Eurico Bianco, Aldo Bonadei, Roberto<br />
Burle-Marx, Percy Deane. Victorio Jobbis, Fúlvio Penaccfv,<br />
Viegas de Toledo Piza, Carlos Scliar, Aldory de Toledo, ,e<br />
Mario Zanini. Medalha de bronze, Borges da Costa, Rubem<br />
Cassa, Waldemar Costa, Francisco Rebolo Gonçalves,<br />
José M. Soares, Nelson Nóbrega, Quirino Silva e Maria<br />
Margarida. Menção honrosa: Daluza Amarante, Oswaldo<br />
Andrade, Else Wedege Arêde, Franco Cerni, Clóvis Jaciano,<br />
Renée Leférne. Manoel Martins, Georgete Pirnet,<br />
Luiz Soares e Gastão Worms.<br />
Conforme vem fazendo nos annos anteriores, "lllustração<br />
Brasileira" instituiu tres prémios para os concorrentes ao<br />
Salão Nacional de Bellas Artes, para as secções de Pintura,<br />
Esculpfura e Pintura moderna, prémios esses que foram<br />
conferidos, pelo Jury, aos artistas Cordélia Eloy de Andrade,<br />
Vicente Laroca e Luiz Soares, respectviamente.<br />
Os "Prémios lllustração Brasileira" constam de assignaturas<br />
annuaes deste mensario.<br />
Terminado o Salão Nacional, os artistas preparam-se para<br />
os salões estadoaes de S. Paulo e do Rio Grande.<br />
Antes do Salão tivemos algumas exposições: a de J. B.<br />
Paula Fonseca e Helios Seelinger, preparada apressadamente,<br />
e que não augmentaram as glorias da carreira de<br />
um e de outro; a de Maria Marqarida, Ismailovitch e<br />
Anna Maria Piergile; a de Víttorio Gobbis, filiado á cor-<br />
renîe moderna; e a de José Maria de Almeida, urri novo<br />
apaixonado, que surge com grandes possibilidades.<br />
No salão da A. B. I., inaugurou-se ha dias uma expo<br />
sição de pintura do sr. VÜtorio Gobbis, que expóz recentemente<br />
trabalhos seus na Associação dos Artistas Brasileiros.<br />
Artista premiado com a medalha de ouro no Salão de<br />
São Pau!o e agraciado excepcionalmente nas Exposições de<br />
Veneza, de Roma e de Pittsburg, que só reapparece, agora,<br />
após 8 annos de acurados estudos para o pleno domínio<br />
do sua expressão plástica, os seus quadros têm merecido<br />
as melhores referencias da critica.<br />
U5ICA O<br />
terceiro concerto da orchestra<br />
do Conservatorio dc<br />
Districto Federal demonstrou,<br />
sobejamente, o quanto pôde obter<br />
uma energia bem dirigida e bem<br />
comprehendida. Constituída de alumnos e professores, a<br />
orchestra, comprehendendo bem a missão em que se achava<br />
e se acha empenhada, apresentou-se cohesa e perfeitamente<br />
ensaiada. Isso é tanto mais para se louvar, quanto<br />
o único interesse que reúne os seus componentes é o bom<br />
nome do Conservatorio do Districto Federal, para o qual<br />
trabalham todos com grande dedicação.<br />
Haja vista a inclusão do "Motu perpetuo", de Paganini,<br />
no programma, assim como o Concerto de Viotti, confiado<br />
a Edgardo Guerra, e as valsas humorísticas de Nepomuceno<br />
entregues a Heloísa de Figueiredo Cordovil, que ultimamente,<br />
se vem impondo como pianista, á altura das<br />
tradições da família, e cuja execução, aprimorada e comunicativa<br />
é sempre um motivo de enlevo e de encantamento<br />
artístico.<br />
Carlos de Almeida, o talentoso virtuose, é positivamente<br />
um "director", cheio de qualidade que o recommendam.<br />
A sua batuta é, sem a mínima duvida, milagrosa.<br />
A<br />
grande revelação do mez foi o recital da jovem<br />
pianista Esther Naiberger. Estréa verdadeiramente<br />
sensacional. Em torno desse concerto, aguçara-se a<br />
curiosidade do meio musical, porque o talento notável da<br />
concertista já vinha sendo acompanhado desde o curso<br />
académico, conduzido, com extremo carinho, pelo professor<br />
Guilherme Fontainha.<br />
Esther Naiberger é um desses casos excepcionaes que surgem<br />
victoriosos.<br />
Virtuose cheia de predicados raros, temeperamento sensivel<br />
e execução extremamente comunicativa, ouvil-a é<br />
gozar um desses raros momentos em que a alma se extasia<br />
e se sublima pela felicidade de sentir.<br />
Essa menina constituiu um dos momentos mais gratos á<br />
nossa emoção artística.<br />
CONTINÚA obtendo crescidos êxitos a orchestra<br />
Symphonica Brasileira, que sob a regencia e direcção<br />
do maestro Eugen Szekar tem realisado uma série<br />
de excellentes concertos conseguindo impôr-se definitivamente<br />
ao publico desta Capital.<br />
O ultimo desses concertos, que teve lugar na Escola Nacional<br />
de Musica, obedecendo a um programma altamente<br />
seleccionado, veiu evidenciar mais uma vez a notável direcção<br />
technica da Orchestra Symphonica Brasileira e<br />
valeu também como prova da capacidade de seus integrantes.<br />
Realisação de hontem, o brilhante conjucto orchestral do<br />
maestro Szenkar não podia de modo algum conquistar,<br />
mais rapidamente do que conquistou, o applauso e a<br />
preferencia do publico carioca.
O FORTE <strong>DE</strong> COPACABANA<br />
E S E U<br />
A N NI V E R S A R I O<br />
O pavilhão nacional pertencente<br />
ao heroico baluarte de guerra<br />
Desfile da guarnição do Forte<br />
de Copacabana <strong>—</strong> 3.° Grupo<br />
de Artilharia de Costa<br />
0<br />
Forte de Copacabana, esse reducto<br />
historico a que pertence a mais bella<br />
e a mais heróica legenda do patriotismo<br />
e do valor da nossa mocidade militar,<br />
e em cujas paredes estão gravados os<br />
lances da<br />
26 annos<br />
Epopéa de Julho de 1922, fez<br />
Commemorando essa data, que não pertence<br />
á velha praça de guerra, nem ao Exercito,<br />
mas ao povo brasileiro, realisaram seus<br />
commandantes um bem elaborado programma<br />
de festejos internos, a que não faltou a<br />
presença de altas autoridades militares e<br />
convidados.<br />
Nesta paqina damos alquns aspectos das<br />
commemorações que terminaram pela madrugada<br />
do dia seguinte, após um baile<br />
offerecido á garbosa guarnição que ali \e<br />
adextra para defender o Brasil.<br />
Duas crianças do elegante bairro, surprehendidas<br />
pelo photographo, assistindo<br />
á cerimonia da alvorada, no<br />
Forte, ainda em trajes de dormir<br />
: jy<br />
•<br />
O corneteiro do Forte<br />
executando um toque<br />
de ordenança<br />
•S
A ESCOLA NACIONAL<br />
<strong>DE</strong> AGRONOMIA<br />
GRANDIOSA UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ACRIGOLA<br />
M churrasco offerecido pelos agronomos do Ministério<br />
da Agricultura ao sr. Presidente da Republica deu<br />
opportunidade a que as autoridades e os jornalistas<br />
travassem conhecimento com as obras do Centro Nacional<br />
de Ensino e Pesquizas Agronomicas, de que fazem parte os<br />
Institutos destinados a experiencias sobre os productos bra-<br />
sileiros e a Escola Nacional de Agronomia.<br />
Essa grandiosa realisação está situada no kilometro 48 da<br />
Estrada Rio-S. Paulo e se compõe de mais de 20 prédios ou<br />
grupos de prédios, alguns destes com 5 pavilhões, todos em<br />
bello estylo colonial, construídos com a maxima solidez c o<br />
maior carinho.<br />
Um expressivo flagrante do Presidente<br />
Getúlio Vargas, colhido<br />
no banquete que lho foi offereeido<br />
pelos agronomos brasileiros<br />
O Presidente da Republica<br />
o Comitiva, examinando as<br />
obras do Inst. Agronomico
Os terrenos constituem parte da immensa area da<br />
antiga Fazenda Nacional de Santa Cruz, são ferteis<br />
e foram preparados, sob todos os aspectos, para ser-<br />
vir esplendidamente aos fins a que se destinam.<br />
As construcções estão muito adeantadas, sendo que<br />
algumas secções se acham em vias de acabamento.<br />
As grandiosas proporções; o cuidado com que tudo<br />
foi planejado e vem sendo executado; a minuciosa<br />
perfeição que presidiu ao traçado de cada secção<br />
<strong>—</strong> fazem da Escola de Agronomia uma perfeita uni-<br />
versidade agricola, talvez uma das mais completas<br />
do mundo, como, talvez, só se encontre igual nos<br />
Estados Unidos.<br />
Ahi, 600 estudantes aprenderão tudo sobre a cultura<br />
e o desenvolvimento das riquezas da nossa terra, a<br />
partir de 1942, quando já estarão concluídas todas<br />
as obras iniciadas sob a direcção do Ministro Fer-<br />
nando Costa.<br />
Outro aspecto da recente<br />
visita do Presidente da Republica<br />
ás obras da nova Escola<br />
Nacional de Agronomia<br />
O Presidente da Republica<br />
e o Ministro da Agricultura,<br />
num expressivo flagrante
ADMINISTRAÇAO DA PREFEITURA<br />
AS gravuras desta pagina dizem,<br />
com nitidez, o que foi o banquete<br />
offerecido ao dr. Jorge Dods-<br />
worth, secretario geral da Administração<br />
da Prefeitura. Foi uma das maiores ho-<br />
menagens que já se realizaram, entre nós,<br />
a um administrador, tendo comparecido<br />
cerca de oitocentas pessoas, entre as<br />
quaes figuras da maior projecção no<br />
mundo official, social, jornalístico e clas-<br />
ses conservadoras. Essa grandiosa mani-<br />
festação de estima e apreço realizou-se<br />
nos salões do Club Gymnastico Portuguez.<br />
Em uma das gravuras que aqui reprodu-<br />
zimos, está um expressivo flagrante do<br />
dr. Jorge Dodsworth, ao agradecer a ho-<br />
menagem, que lhe era prestada.
Dr. Landulpho Alves Interventor Federal na Bahia<br />
A Bahia que<br />
se renova<br />
Uma visão panoramica das reali-<br />
zações do governo Landulpho Alves<br />
33 IIlustração Brasileira<br />
Osr. Landulpho Alves vem realizando na Bahia<br />
um governo notável pela extensão do campo que<br />
abrange a sua actividade, pelo patriotismo que<br />
orienta a sua actuação, pelo cccerto o o critério<br />
com que se tem conduzido.<br />
Todos os grandes problemas da Bahia mereceram-lhe a<br />
attenção. Numerosas obras publicas, algumas importantíssimas<br />
quer pelo custo, quer pelo a.'cancc
Um trecho da Capital da Bahia, visto de avião<br />
O Plano Rodoviário da Secretaria de Viação e Obras<br />
Publicas estipula a construcção de 6.127 kilometros em<br />
periodo decenna', estimada a sua execução na quantia de<br />
Rs. 147.350:000$000, conforme decreto 10.910 de<br />
16-8-38.<br />
Esse periodo decennal foi dividido em tres etapas, assim<br />
discriminadas: 425 kilometros durante os qua +r os annos<br />
de 1939 e 1942; a segunda de 620, nos annos de 1943 e<br />
1945; a te r ceira de 853 kilometros durante os annos de<br />
1946 e 1948. e a ultima de 861 kilometros em 1949.<br />
Em 1939 o Estado executou com vantagem o seu objectivo<br />
rodoviário, dispendendo 14:03! :596$800, incluindo-se<br />
nesse total uma patrulha mechanica e caminhões no valor<br />
de I .940:428$800, e a extensão attribuida ao Instituto<br />
de Cacau, conforme o Decre + o Estadoal n.° 11.047 de<br />
8-1 1-38.<br />
Foi feito um movimento de terra de cerca de dois milhões<br />
de mts. cúbicos, realisando-so 496,87 kilometros de rodovias<br />
de ciasse, ass'm distribuídas:<br />
Matta <strong>—</strong> Pojuca 15 Kms.<br />
Muritibo <strong>—</strong> St,° Antonio 73<br />
Feira <strong>—</strong> Jacobina <strong>—</strong> Tanquinho . . . 18<br />
Cipó <strong>—</strong> Paulo Affonso 64<br />
Conquista <strong>—</strong> Itambé 60<br />
Palestina <strong>—</strong> Itambé 53<br />
Conquista <strong>—</strong> Brumado 40<br />
Itaberaba <strong>—</strong> A^darahy 30<br />
Humildes <strong>—</strong> Cachoeira 42 " 150<br />
Rio do Cobre <strong>—</strong> Plataforma 5 620<br />
Nova Olinda <strong>—</strong> Campos 40<br />
Plano do Inst. Cacau 56<br />
496 Kms. 770
Palacio Rio Branco<br />
Para o exercício de <strong>1940</strong> foi approvado o seguinte programma:<br />
Plano Sul-Linha Léste Oeste <strong>—</strong> Itambé <strong>—</strong> Palestina 100 Kms.<br />
Plano de Coordenação <strong>—</strong> Linha Léste-Oéste. Conquista <strong>—</strong> Brumado 40<br />
Sub-tronco XI Itaberaba <strong>—</strong> Ruy Barbosa 40<br />
Plano Radial Linha Bahia-Alagôas <strong>—</strong> Cicero Dantas <strong>—</strong> Geremoabo 70<br />
Linha Bahia-Piauhy <strong>—</strong> Feira <strong>—</strong> Jacobina 38<br />
Linha Bahia-Goyaz <strong>—</strong> Itaberaba <strong>—</strong> Andarahy 40<br />
Plano do Reconcavo <strong>—</strong> Matta <strong>—</strong> Pojuca 7<br />
Sub-tronco XXII Affonso Penna <strong>—</strong> Castro Alves 40<br />
Trechos diversos ' 5<br />
TOTAL 390<br />
Esta extensão com 50 kilometros do pro-<br />
gramma do Instituto de Cacau, perfaz<br />
440 kilometros, que já estão em plena<br />
phase de execução.<br />
Seguida a orientação geral constructora<br />
das cinco redes, cujos trabalhos estão<br />
activamente atacados simultaneamente,<br />
acha-se o programma do anno corrente<br />
em grande adiantamento, cuja expansão<br />
será dada nos exercícios futuros, por for-<br />
ça do Decreto 10.916 de 16-8-38.<br />
A rede de boas estradas conservadas<br />
pelo Estado já se extende a cerca de<br />
1.200 kilometros. Para completar os es-<br />
tudos da rede prevista para o anno vin-<br />
douro, estão trabalhando oito turmas do<br />
campo, sendo o mais importante trecho<br />
estudado o de Santo Antonio e Gandú,<br />
numa extensão de 120 kilometros da linha<br />
tronco Bahia-Espirito Santo. Assim, os<br />
trabalhos de estudos, construcção e con-<br />
servação dessas estradas se extendem<br />
numa grande kilometragem.<br />
Para fazer face a todas as despesas com<br />
o serviço rodoviário do Estado, foi con-<br />
signada no orçamento vigente a verba<br />
de 2.214:000$000, não contando com a<br />
dotação fixada para a rede do Instituto<br />
de Cacáu na importancia de<br />
2.678:000$000.<br />
O monumento ao "Dois de Julho", num dia de festa nacional
OBRAS PUBLICAS<br />
A actividade do governo Landulpho<br />
Alves, no sector das construcções do<br />
edifícios públicos, assignala-se até o pre-<br />
sente momento pelas seguintes reali-<br />
sações:<br />
Secretaria de Segurança Publica: Ini-<br />
ciada a I d e Setembro de 1937 a<br />
construcção desse proprio do Estado foi<br />
concluida a 12 de Outubro do anno pas-<br />
sado. Este edificio, situado á Praça 13 ds<br />
Maio, abriga confortavelmente todos os<br />
serviços da policia, excepto aquelles que.<br />
por sua natureza e finalidade, exigem lo-<br />
calisação em outros pontos. A sua cons-<br />
trucção foi ' custeada pelos saldos da<br />
verba do se!'o policial (Dec. 9.139, de 29<br />
de Maio de 1935) e custou, até aqui, a<br />
importancia de Rs. 3 .534:269$700.<br />
Hospital Sanatorio Santa Therezinha: A<br />
construcção dessa obra da mais elevada<br />
finalidade social, foi iniciada em 25 de<br />
Abril de 1937 e o seu custeamento cor-<br />
reu pela verba "Assistência Social". A<br />
despesa total dessa construcção importa<br />
em 5. 143:1 53$800, inclusive Serviços Ex-<br />
traordinários e installações.<br />
Villa Militar: Essa obra, que é um gran-<br />
de conjuncto, já quasi totalmente func-<br />
cionando, foi contractada com a Com-<br />
panhia Constructora Nacional S/A, em<br />
21 de Setembro de 1936, pela impor-<br />
tancia de 3. 169:983$ 109, constando a<br />
H<br />
• H 1 1 1 1 • • • ! • • • • • • • • • • • •<br />
construcção de seis pavilhões. Foi paga<br />
á Cia. contractante a quantia de<br />
4.161:540$484, sendo 3 . 169:983$ 109, da<br />
parte contractada e 99l:557$375 de tra-<br />
balhos extraordinários e complementares.<br />
Além destes pagamentos feitos, foi dis-<br />
Instituto Normal da Bahia<br />
pendida em obras, fornecimentos e ser-<br />
viços diversos a importancia de<br />
I . 21 1:358$420, que sommada com a<br />
quantia paga á Cia. Constructora Na-<br />
cional S/A perfaz o total de ........<br />
5.372:898$994.<br />
Uma parte da Escola Elementar<br />
HNIIUUHDHWS
Instituto Normal da Bahia: Inaugurado<br />
a 10 de Novembro de 1939, foi iniciada<br />
a sua construcção em Julho de 193?.<br />
Occupando uma area de 31.700 m2, o<br />
Instituto, que tem capacidade para 3.000<br />
alumnos, constituo um conjuncto de sete<br />
pavilhões. Completa o seu conjuncto uma<br />
praça de sports de 2,340m2, com pista<br />
para corridas, campos de basket-bail,<br />
wall-ball e uma archibancada com a cacidade<br />
para 600 pessoas, tendo ao fundo<br />
um court de tennis. O Estado dispendeu,<br />
até o presente, com a construcção desse<br />
edifício, a importancia de Rs<br />
I 3 .326:377$000, inclusive installação do<br />
relogios, illuminação e serviços diverso:.<br />
Restaurant Lido, que foi inaugurado, solemnemente,<br />
a I de Setembro do anno<br />
passado, custou Rs. 277:939$600, sendo<br />
as suas obras executadas também sob c<br />
regimen de concorrência publica.<br />
A construcção de prédios escolares, no<br />
interior do Estado, no sentido de proporcionar<br />
a educação primaria uma locaüsação<br />
hygienica e confortável, fugindo<br />
aos prédios alugados e improprios, tem<br />
merecido, por parte do governo, o indispensável<br />
cuidado, quer com a continuação<br />
dos já iniciados ou com o inicio de novos<br />
em localidades predeterminadas pela Secretaria<br />
de Educação.<br />
»»<br />
Vale, finalmente ressaltar, que em coita<br />
boração com o Governo Federal, o Estado<br />
empenhou-se na ampliação e restauração<br />
da Escola de Aprendizes Marinheiros,<br />
para o que abriu, por Dec. 10.948, do<br />
2-9-38, um credito de 500:030$000, que<br />
já foi todo pago.<br />
CRESCEM AS RENDAS DO ESTADO<br />
Sem augmentar os impostos nem criar<br />
novos, muito ao contrario, concedendo-<br />
Ihes até bonificações, o governo vem<br />
obtendo apreciavel efficiencia nas arrecadações,<br />
graças ao seu novo apparelhamento<br />
fiscal, severo e honesto, o que<br />
está perfeitamente comprovado no quadro<br />
demonstrativo seguinte, onde se vêem<br />
comparadas as receitas de Janeiro de<br />
1939 e de <strong>1940</strong>, faltando neste ultimo<br />
informações de I 7 Collectorias:<br />
Estações arrecadadoras<br />
Recebedoria da Capital . . . . 3 . 812:671 $200<br />
Estrada Bahia-Alagoas <strong>—</strong> Trecho<br />
Pombal a Cicero Dantas<br />
A CULTURA <strong>DE</strong> CEREAES NA BAHIA<br />
TOMA GRAN<strong>DE</strong> IMPULSO<br />
O plano do governo Estadual de fomento<br />
agrícola, no qual repousam as bases da<br />
recuperação economíca da Bahia, abrange<br />
um circulo de actividades que impressiona<br />
aos menos crédulos. No qus<br />
diz respeito a cultura de cereaes mereço<br />
consideração o trabalho intensivo do governo,<br />
perfeitamente traduzido no trec u o<br />
seguinte do relatorio do sr. Secretario<br />
da Agricultura do sr. Interventor Federal:<br />
"A producção de cereaes é a preoccupação<br />
maxima do agricultor e a finalidade<br />
mesmo maior da agricultura. Productos<br />
comestíveis, de uso quotidiano obrigatorio,<br />
todo orgão publico com as att;i-<br />
J A N E I R O<br />
Differença<br />
1939 1 <strong>1940</strong> | para mais<br />
' :. M IM i<br />
4. I79:239$800 3<strong>66</strong>:568$600<br />
Recebedoria de Ilhéus 874:990$800 962:223$500 87:232$600<br />
Thesouraria Geral 270:402$600<br />
Collectorias (a) 4. I37:404$200 4.455:333$300 I<br />
1<br />
436:820$ 100 1<strong>66</strong>:41 7$500<br />
3 17:929$ 100<br />
TOTAL 9.095:468$800 10.033:616$700 | 938:147$900<br />
Um trecho da rodovia Cipó - Paulo Affonso
VÁRIOS ASPECTOS DA BRILHAN-<br />
TE PARADA <strong>DE</strong> 7 <strong>DE</strong> SETEMBRO<br />
EM S. SALVADOR. <strong>—</strong> Linha de bandeiras<br />
naeionaes das tropas em desfile passando<br />
cm frente ao palanque das altas autoridades.<br />
<strong>—</strong> Companhia de guerra do navio escola<br />
"Almirante Saldanha". <strong>—</strong> 19.° Batalhão de<br />
Caçadores. <strong>—</strong> Batalhão da Policia da Bahia.<br />
AS MANOBRAS <strong>DE</strong> CAMASSA-<br />
RY <strong>—</strong> O acampamento do 19.° B. C.<br />
<strong>—</strong> Grupo do pessoal das transmissões.<br />
<strong>—</strong> Um E. M. cm posição de tiro. <strong>—</strong><br />
Uma metralhadora em posição.<br />
O Interventor Federal na Bahia Dr. Landulpho<br />
Alves e o Commandante da Região<br />
coronel Pinto Aleixo chegam ao Campo<br />
Grande para as commemorações de 7 dc<br />
Setembro.<br />
O tenente coronel João dc Segadas Vianna<br />
cercado pela officialidadc de seu Batalhão<br />
nas recentes manobras dc Camassary.<br />
Edifício do Quartel General em S. Salvador, sede da<br />
6. a Região Militar.<br />
a<br />
A 6.a Região Militar, com jurisdicção nos Estados da<br />
Bahia e Sergipe, ora sob o commando do coronel de<br />
artilharia Renato Onofre Pinto Aleixo, um authentico<br />
soldado, vem atravessando uma phase de notável actividade<br />
profissional.<br />
Col laboram com o commandante Aleixo, nos vários<br />
sectores daquella Região, brilhantes elementos do nosso<br />
Exercito: os tenentes coronéis Segadas Vianna, commandante<br />
do 19.° B. C. de S. Salvador, e Othelo Carvalho<br />
de Oliveira, do 28.° B. C. de Aracaju; o capitão Eduardo<br />
Reis de Freitas, director do C. P. O. R., o major<br />
Cicero Mafra de Magalhães c o capitão José de Figueiredo<br />
Lobo, chefes da 19. a e da 17. a C. R. ; o capitão Miguel<br />
Mozilli, Inspector dos Tiros de Guerra c o major medico<br />
Dr. Rogaciano Joaquim dos Santos, director do Hospital<br />
Militar.<br />
Como auxiliares immediíátos do Commando da Região<br />
contam-se os Capitães Euclydcs Monteiro da Silva<br />
Braga e João de Mello Rezende, do seu Estado Maior;<br />
o major Heitor Cabral, chefe do Serviço de Engenharia;<br />
o major medico Dr. Galdino Ferreira Martins, chefe do<br />
Serviço de Saúde; o capitão veterinário Dr. Volney de<br />
Barros, chefe do Serviço de Veterinaria; o capitão Raymundo<br />
Camillo de Souza, chefe do Serviço de Intendencia;<br />
o capitão José Bezerra Cavalcante, chefe do Serviço de<br />
Material Bellico; o capitão Geminiano Hanequim Dantas,<br />
chefe do Serviço de Fundos e os 2°s. tenentes convocados<br />
Antonio M. Carneiro da Cunha e José de Almeida Lima.
OS SERVIÇOS <strong>DE</strong> EDU-<br />
CAÇÃO E SAÚ<strong>DE</strong> NO<br />
ESTADO DA BAHIA<br />
A educação e a saúde vão tomando novos rumos na administração<br />
do Interventor Landulpho Alves. A Secretaria de Educação e Saúde<br />
vem se desdobrando em actividades varias, procurando melhorar o nivel<br />
sanitario e educacional das populações bahianas.<br />
Crear escolas e postos médicos no interior, o maior numero possivel,<br />
é o lemma do Sr. Isaias Alves, na Secretaria de Educação e Saúde.<br />
Assim, em Julho de 1938, foram creadas 250 cadeiras no Estado e preenchidas<br />
mais de 100 cadeiras, que se achavam eternamente vagas,<br />
sendo, por esse motivo, nomeados cerca de 405 professores novos e<br />
approvados em concurso.<br />
Não foi apenas uma modificação de numero de professores a que se<br />
effectuou em 1.° de Julho de 1938. Nessa data, pelo Decreto 10.815,<br />
modificou-se consideravelmente a situação social dos professores, que<br />
deixaram de depender das localidades em que residem, para obter<br />
promoções de quadro. Até então, o professor pedia a transferencia<br />
para localidades de classificação estatística mais alta, afim de conseguir,<br />
ipso fato, a promoção. Agora poderão os professores firmar-se<br />
social e economicamente, em localidades mais ou menos distantes da<br />
capital, creando circulos de relação atravez dos quaes possam influir<br />
no melhoramento da sociedade, demonstrando quanto é importante a<br />
personalidade equilibrada do professor ou de uma professora na orienta-<br />
• W v A n0 s tadiwiH<br />
si dente ^<br />
proferi o<br />
ção moral das populações do interior, onde, por vezes,<br />
durante semanas, não apparece um padre, um<br />
medico ou uma autoridade judiciaria.<br />
Ao lado dessa modificação, firmaram-se novos critérios<br />
para promoção dos professores, deliberando-se<br />
que, um terço, se fizesse por antiguidade e, dois<br />
terços, por merecimento, verificado mediante cuidadosos<br />
assentamentos do Departamento de Educação.<br />
Pelo Decreto 11.682, de 13 de Julho de <strong>1940</strong>, que<br />
reorganizou os serviços technicos e administrativos<br />
DR. ISAIAS ALVES, Secretario de Educação<br />
e Saúde do Estado da Bahia<br />
do Departamento de Educação, foi determinado<br />
que os professores classificados em concurso, que<br />
acceitarem nomeação para a regencia de escolas<br />
situadas em longinquas localidades que se acham<br />
vagas e sem candidatos, terão attendidas as<br />
difficuldades de transporte, accrescido de cincoenta<br />
por cento ( 50 % ) o tempo de serviço<br />
nas mesmas escolas, depois de dois ( dois ) annos<br />
de permanencia na cadeira. Decorridos 30 dias,<br />
não havendo candidatos classificados em concurso,<br />
poderão ser nomeados regentes interinos<br />
das mesmas escolas, sem as vantagens acima<br />
referidas, professores que não se tenham habilitado<br />
em concurso.<br />
O serviço de inspecção escolar, no interior do<br />
Estado, até Julho deste anno, era feito por, sómente,<br />
3 inspectores, sendo com o Decreto 11.682<br />
acima citado, nomeados mais 12, formando, as-<br />
Vista parcial do Instituto Normal da Bahia
GYXNASJO<br />
sim, um total de 15 inspectores, que foram designados para zonas<br />
previamente determinadas, attendidos cs meios de transporte, condições<br />
de vida, etc.<br />
A MATRICULA NAS<br />
ESCOLAS DA CAPITAL<br />
A Secretaria de Educação e Saúde vem se empenhando em obter o<br />
maior rendimento possível das escolas. Assim, o Departamento de<br />
Educação levantou uma grande campanha, fazendo com que os paes<br />
matriculassem seus filhos logo no primeiro mez de aula. Os effeitos<br />
se fizeram sentir immediatamente. Emquanto em 1938, no mez de<br />
Março, foram matriculados, na capital, 8.440 alumnos. em <strong>1940</strong>, esse<br />
numero se elevou a 17.364.<br />
Com providencias moralizadores, tomadas pela Secretaria de Educação.<br />
o conceito da escola publica foi elevado e cresceu, notadamente,<br />
o '.nteresse dos paes de familia para com as mesmas escolas.<br />
NOVA ORGANIZAÇÀO PARA<br />
O <strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO<br />
O orgão centralizador das actividades educacionaes da Bahia é o<br />
Departamento de Educação. Desde a creação da Secretaria de Educação<br />
e Saúde e Assistência Publica, em que se transformou a actual<br />
Secretaria de Educação e Saúde, nenhuma organização foi dada aos<br />
serviços de educação do Estado. A estructura dos serviços continuava<br />
sendo a mesma da antiga Directoria Geral de Instrucção Publica, inteimente<br />
inadequada á complexidade das funeções que realiza hoje o Departamento<br />
de Educação.<br />
Escola Góes Calmon, situada<br />
nc novo bairro dos "Barris"<br />
Vista do pavilhão principal<br />
do Gymnasio do Estado<br />
Por esse motivo, foi decretada a sua reorganização<br />
pelo Decreto 11.682, de 13 de Julho do corrente<br />
anno. O Departamento de Educação, que era constituído<br />
quasi que de uma só secção, está agora<br />
dividido em secções technicas e administrativas.<br />
Assim, foram creadas as Secções de Expediente c<br />
Informações <strong>—</strong> de Cadastro e Pessoal <strong>—</strong> de Apparelhamento<br />
Escolar <strong>—</strong> de Estatistica e Recenseamento<br />
Escolar. Os serviços technicos ficaram<br />
assim distribuidos : Assistência do Ensino Elementar<br />
da Capital e Suburbios ( Escolas Elementares<br />
Jardins de Infancia ) ; Assistência do Ensino<br />
Profissional, Secundário e Normal ( Gymnasio da<br />
Bahia, Instituto Normal da Bahia, Escolas Ruraes<br />
c Escolas Profissionaes ) ; Assistência de Programmas<br />
e Classificação de Alumnos ; Assistência de<br />
Actividades Extra - Classe ; Superintcndencia de<br />
Educação Physica.<br />
Acha-se agora apparelhado o Departamento de<br />
Educação para coordenar os serviços de instrucção<br />
publica da Bahia, o que, antigamente fazia com<br />
grande defficiencia, apesar dos esforços de chefes<br />
c funccionarios.<br />
COLONIAS <strong>DE</strong> FERIAS E<br />
CURSO <strong>DE</strong> FERIAS PARA<br />
O P R O F E S S O R A D O<br />
Continuando no seu proposito de organizar curso<br />
de ferias para o professorado bahiano, o Dr. Isaias<br />
Alves fez com que este anno, no Gymnasio da Bahia,<br />
se reunissem os professores, no niez de Fevereiro,<br />
para assistirem aulas cujos programmas foram anteriormente<br />
organizados. Deste modo, foram leccionadas<br />
as seguintes matérias : Escripta. Bibliotheca,<br />
Geographia, Arithmetica, Estatistica. Desenho. Calligraphia,<br />
Historia do Brasil, Sociologia, Psychologia,<br />
Ensino Rural, Religião, Leitura e Educação Physica.<br />
* SCO,d Duque* A r*<br />
Urn * ! e Ca *'*S, com<br />
* a,Co"<br />
Este curso foi ministrado por professores do Gymnasio<br />
da Bahia e do Instituto Normal, alem dos<br />
Professores Primários e Engenheiros Agronomos.<br />
COLONIAS <strong>DE</strong> FERIAS<br />
Como no anno passado, este anno, funccionou a<br />
Colonia de Ferias no Grupo Escolar situado em<br />
Bugary, em Itapagipe. A turma de creanças internada<br />
na Colonia, que funccionou durante o mez<br />
de Fevereiro, foi composta de 60 meninos debeis,<br />
desnutridos e depauperados pela falta de recursos<br />
do meio familiar, ou pela convalescença de doenças<br />
infantis, a que vivem expostos, no contagio e no<br />
desconforto das habitações proletarias.<br />
A Secretaria de Educação e Saúde, depois de verificar<br />
os beneficos resultados obtidos na Colonia de<br />
Ferias, deliberou diffundir a util iniciativa, já exis-
t.ndo entendimentos com algumas prefeituras do<br />
interior pira installação de instituições congeneres,<br />
cm estações balnearias, onde até então, sómente os<br />
abastados podiam procurar a cura e repouso, como<br />
sejam nas famosas fontes hydrothermicas da ilha<br />
de Itaparica e da cidade de Cipó.<br />
OS SERVIÇOS <strong>DE</strong> SAÚ<strong>DE</strong> NA<br />
BAHIA E AS SUAS NO-<br />
VAS R E A L I Z A Ç Õ E S<br />
A acção do Departamento de Saúde, sob a direcção<br />
('o Dr. Cezar Arar.'o, rma das mais altas intelligenefas<br />
medicas bahianas, vem sendo cada vez mais<br />
p^fieienV em todos os seus sectores. Depois de<br />
ser creado o humanitario "Serviço de Prcp'iy!axia<br />
da l epra", teve a sua dotação augmentada para<br />
trinta contos de réis o importante "Serviço de Colloca^ão<br />
Familiar", iniciado em 1939, onde já sc encontram<br />
"collocadas" 82 creanças, estando, por outro<br />
lado, 10 solicitações sendo examinadas. É uma<br />
obra victoriosa e de grande alcance social.<br />
O Estado paga uma pensão á família que concorda<br />
em acolher a creança desherdada da sorte, fornecendo<br />
a esta um enxoval por anno, alimentação e<br />
assistência medica. Ainda, no dominio da assistência<br />
á segunda infancia outra importante se<br />
esboça promissora : a dos "Abrigos Diurnos", annexos<br />
aos sub-postos do Rio Vermelho e da Estrada<br />
da Liberdade.<br />
E não fica ahi a actividade dos Serviços de Saúde<br />
na Bahia. Citemos as mais importantes iniciativas<br />
Minucioso estudo foi feito do problema da malaria,<br />
na zona sudoéste do Estado, já havendo sido apresentado<br />
ao governo um plano de saneamento.<br />
«•o Sccco" 0 '<br />
brevet<br />
Mais de 10 Postos novos de hygiene foram localizados<br />
no interior que, com os creados em 1938, perfazem<br />
o total de L9. Encontram-se actualmente em estudo<br />
quatro novos lactarios : em Joazeiro, Bomfim,<br />
Rio Novo e Feira de Sant'Anna. Com o intuito<br />
de minorar os malefícios da assistência indouta aos<br />
partos, o Serviço de Hygiene Pré-Natal e Infantil<br />
vem promovendo a educação das aparadeiras, fornecendo<br />
necessários obstétricos, dando-lhes cursos<br />
práticos e instituindo prêmios em dinheiro.<br />
Acham-se já installadas mais duas cantinas maternaes,<br />
uma annexa ao 3.° Centro de Saúde e<br />
outra, no 6.° Posto, á Estrada da Liberdade. Os<br />
"prêmios de amamentação" que foram officializados<br />
em 1938, com a verba de cincoenta e três<br />
contos, em <strong>1940</strong> tiveram a dotação augmentada<br />
para sessenta contos de réis. Cada vez se tornam<br />
mais perfeitos os serviços de acquisição e distribuição<br />
de leite materno ( em collaboração com a Liga<br />
Contra a Mortalidade Infantil, na Escola de Pueri-<br />
Posto de Hygiene Infantil <strong>—</strong> (Rio Vermelho)<br />
cultura ), de instituição de prêmios de tratamento com regularidade<br />
; do "copo de leite" no consultorio de Hygiene Pré-Natal, no 1. °<br />
Centro de Saúde ; de assistência ao parto em domicilio, sob a fôrma<br />
de "équipes", a titulo de observação, annexo ao 1.° Centro de Saúde<br />
e de installação de "crèches" nos estabelecimentos fabris, em collaboração<br />
com a Inspectoria do Trabalho.<br />
No i.° semestre deste anno, foram distribuidas 127.479 doses de vaccinas<br />
anti-typhicas, 23.547 tubos de vaccinas anti-variolicas, 199.519<br />
ampolas e 184.000 comprimidos.<br />
Outras medidas a favor da hygiene publica vão sendo executadas com<br />
regularidade e presteza, como a remoção de estábulos no centro urbano<br />
e a interdicção de hortas irrigadas com aguas poluidas. Continua o<br />
recenseamento thoraxico, pela "rcentgenphotographia", dos empregados<br />
em estabelecimentos de generos alimentícios, já tendo sido iniciado,<br />
também, o dos domésticos.<br />
O Hospital Santa Therezinha, para tuberculosos, em via de ser co::c!uido,<br />
é urn moderno nosocomio para 320 leitos. Até o fim deste anno, será,<br />
igualmente, inaugurado, o novo Hospital de Prompto Soccorro. Na<br />
região do Nordéste foram installados quatro postos médicos para acudir<br />
ao problema do trachoma, estando prestando inestimáveis serviços, sob<br />
o ponto de vista prophylatico c assistencial.<br />
Ê, pois, um rytkmo novo de trabalho que anima todos os serviços do<br />
Departamento de Saúde na empreza benemerita de defender o patrimônio<br />
maior de um povo <strong>—</strong> a saúde.<br />
Aspecto do Hospital Santa Therezinha, para<br />
tuberculosos, com capacidade para 320<br />
enfermos, a inaugurar-se ainda este anno<br />
Outubro <strong>—</strong> li* 10 47
RIMEIRO centro de civilização brasileira,<br />
a cidade do Salvador é hoje, por to-<br />
dos os títulos, um ponto natural de turismo.<br />
Comprehendendo isso, o Sr. Neves da Rocha,<br />
prefeito de larga visão moderna, vem empre-<br />
gando um esforço elogiavel no que tange a<br />
desapropriação, visando, assim, e como real-<br />
mente acontece, melhorar a face urbana da<br />
Cidade, sem que seja, comtudo, prejudicada,<br />
a sua característica colonial.<br />
Essas desapropriações vêm de encontro ãs<br />
necessidades da capital bahiana, decorrendo<br />
disso alargamentos de ruas outrora estreitas<br />
RUA BOTELHO BENJAMIN <strong>—</strong> Outra importante<br />
obra da gestão Neves da Rocha, ligando os dois<br />
planos da C\óòóe e facilitando, assim, melhor<br />
meio de communicação entre as duas partes da<br />
velha cidade de T h o m é de S o u z a<br />
NEVES<br />
IGREJA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA <strong>—</strong><br />
Iniciada em 1736 e concluída em 1765. E"<br />
um templo majestoso, em cantaria lavrada<br />
ROCHA<br />
que prejudicavam grandemente o trafego que<br />
dia a dia mais augmenta. Assim, no inicio do<br />
seu governo, em 1938, foram desapropriados<br />
53 prédios, no valor total de 522:056$000,<br />
além de 9 faixas de terreno, na importancia<br />
de 47:940$000. Durante o anno em curso foram<br />
mais desapropriados 38 prédios, na importancia<br />
de 864:43<strong>5$000</strong> e 5 faixas de terreno<br />
no valor de 20:600$000.<br />
Relativamente ao importante plano de remodelação<br />
do La--qo da Sé, para cuja execução<br />
foi feita um «mprestimo de 5 mil contos, já<br />
foram desapropriados 18 prédios no valor total<br />
de 2.520:864$000.<br />
m<br />
RUA <strong>DE</strong> MAUÁ <strong>—</strong> Nova de ligação<br />
entre as ódòóes alta e baixa, uma das<br />
orònóes reòWztçóes do aovemc Neves da Rocha<br />
Podemos salientar ainda as seguintes realiza-<br />
ções do dynamico prefeito da Cidade do<br />
Salvado^ no que respeita ao setor de obras<br />
publicas :<br />
RUA BOTELHO BENJAMIN <strong>—</strong> Essa rua, que<br />
é uma das novas ligações entre as cidade*<br />
Alta e Baixa, e que veiu melhorar, considera-<br />
velmente, o trafego, desafogando as poucas<br />
vias de accesso existentes, tem uma largura<br />
de 15 metros e uma extensão de 276. Custou<br />
493:723$I08, em obras por empreitada. Alarw<br />
gamento da AVENIDA BOMFIM, com servi-<br />
ços de pavimentação, corte, muralhas de sus-<br />
tentação, etc., medindo 15 metros de largura,<br />
ficando a sua remodelação pelo custo de
VISTA DA CIDA<strong>DE</strong> BAIXA, vendo-se o<br />
jardim cia Praça Cairú, a Alfandega, o<br />
Mercado Modelo e parte do porto<br />
723:376$973. Outro importante melhoramento<br />
foi feito na RUA VISCON<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> MAUÁ, uma<br />
das principaes vias de communicação entre<br />
as duas partes da cidade alta e baixa, do<br />
inestimável valor, onde sómente foram dispen-<br />
didos 628:850$917. Serviços de grande rele-<br />
vância foram executados na AVENIDA MEM<br />
<strong>DE</strong> SÁ e PRAÇA GENERAL OSORIO (parte<br />
baixa da cidade) com uma pavimentação de<br />
paralelepípedos rejuntados numa extensão de<br />
8 mil metros quadrados, além de balaustradas,<br />
PUo o° de<br />
Peqvie^ ^ , so-<br />
canalização, ajardinamento e illuminação apropriada,<br />
ficando tudo num total de 298:899$885.<br />
No pittoresco bairro de Brotas as ruas DOS<br />
BAN<strong>DE</strong>IRANTES, DOS TUPYS e FRANCISCO<br />
PADILHA, já exigiam uma pavimentação, por<br />
isso que vinham sendo embellezadas por novas<br />
construcções particulares; foram immediatamente<br />
introduzidos ali trabalhos de balaustradas,<br />
passeios, e ampla quadra de pavimentação,<br />
importando taes obras em 250:819$917.<br />
CONSTRUCÇÕES NOVAS<br />
Como decorrencia natural dos melhoramentos<br />
introduzidos na cidade pelo actual Prefeito, o<br />
numero de construcções novas no perímetro<br />
urbano vem augmentando consideravelmente. Durante o anno de 1938 foram côn$truídos,<br />
na zona urbana, 580 prédios. Já em 1939 esse numero augmentou para<br />
783. No primeiro trimestre deste anno, já foram construidos 253 prédios, o que<br />
demonstra um augmento digno de nota.<br />
FINANÇAS MUNICIPAES<br />
Ao assumir as redeas do governo da Communa, o Sr. .Neves da Rocha providenciou<br />
uma cuidadosa arrecadação das rendas municípaes, visando, assim, e sem<br />
considerável augmento de imposto, elevar a arrecadação da municipalidade.<br />
Concretizou-se essa providencia, e o resultado foi que, logo no primeiro anno<br />
de administração, augmentou a renda de 7 mil contos, passando de 17.217:547$000.<br />
Em 1939, a arrecadação foi de 23.091:699$000.<br />
Já durante o primeiro semestre do anno em curso a arrecadação attingiu<br />
9.373:469$000.<br />
Observa-se, por esses dados, o especial zelo com que o sr. Neves da Rocha vem<br />
tratando os assumptos financeiros da Prefeitura, procurando elevar o Município<br />
a uma situação sem embaraços.<br />
PROPAGANDA DO MUNICÍPIO<br />
Procurando tornar conhecido o municipio, não só entre os bahianos como em todo<br />
o paiz, no que se refere ao seu desenvolvimento e ás suas possibilidades, o Sr.<br />
Prefeito organizou a Divisão de Estatistica e Divulgação da Cidade do Salvado*<br />
nos moldes do Instituto Brasileiro de Geographia e Estatistica.<br />
Creada essa repartição, não se fizeram esperar os seus resultados. E assim é que,<br />
nesse período de 2 annos, já foram feitas diversas publicações não só de caracter<br />
estatístico como de feitio turístico, publicações essas que, distribuídas'<br />
acertadamente, dizem o bastante do que é o Municipio do Salvador, ora numa<br />
phase de progresso e alevantamento.<br />
PRAÇA D. PEDRO II, antigo Campo dos Martyres, completamente<br />
remodelada e ajardinada na administração Neves da Rocha
CACAU<br />
BAHIA<br />
aovia<br />
A<br />
lavoura do cacau na<br />
Bahia constituo um<br />
dos mais firmes es<br />
feios da economia nacional,<br />
para a qual contribuiu com<br />
mais de um milhão de contos<br />
de réis, só nos últimos<br />
cinco annos, sendo interessante constatar o<br />
facto de ser quase totalmente exportada<br />
para o extrangeiro a producção que, no anno<br />
de 1939, montou a 2.254.863 saccos, emquanto<br />
para todos os outros Estados do<br />
Brasil a Bahia enviou apenas 15.188 saccos,<br />
equivalentes a 0,67 % (sessenta e sete centésimos<br />
por cento) daquelle total da- sua<br />
producção. Esta lavoura bahiana é assim<br />
uma verdadeira "cash-crop", isto é, uma<br />
actividade agrícola, cujo producto é trocado<br />
por ouro extrangeiro.<br />
Comquanto, no seu inicio e durante muitos<br />
annos, o desenvolvimento dessa cultura estivesse<br />
dependente apenas da pertinacia dos<br />
heroicos desbravadores das mattas do sul<br />
bahiano, da fertilidade das terras dessa região<br />
e dos preços geralmente compensadores<br />
naquelía época offerecidos peio<br />
cacau, deve-se ao Instituto de Cacau da<br />
Bahia o ccnjuncto de realizações multiformes<br />
que salvaram aquella lavoura da "débacle"<br />
Inclifuio do Cacau <strong>—</strong> Bahia<br />
imminente em 1931-1932, proporcionando-<br />
Ihe dahi em diante os meios de concorrer<br />
vantajosamente nos mercados internacionaes<br />
pela orientação racional, gradativamente<br />
adoptada pela melhoria e barateamento dos<br />
meios de transporte do cacau graças as magnificas<br />
rodovias construídas na região sulina,<br />
cujo total em trafego hoje excede do<br />
400 km., assim como pelo credito hypothecario<br />
a longo prazo e pelo penhor agrícola,<br />
ambos a juros extremamente modicos.<br />
A acção do Instituto de Cacau desdobra-se<br />
por intormedio das suas carteiras, cabendo,<br />
respectivamente, ás Carteiras Hypothecaria<br />
e Cooperativista a concessão dos empréstimos<br />
hypothecarios e dos penhores agrícolas<br />
aos associados, á Carteira Commercial as<br />
operações mercantis (compra, consignação e<br />
venda de cacau), que asseguram ao productor<br />
o máximo preço compatível com as<br />
cotações nos mercados importadores, e a<br />
Carteira Gera! os demais assumptos: obras<br />
Uni *o o, .<br />
de utilidade publico, etc. O Departamento<br />
de Obras de Ut.lidade Publica, subordinado<br />
a esta ultima carteira, tem a seu encargo a<br />
execução de projectos, fiscalização da construcção<br />
de rodovias, pontes, etc., emquanto<br />
o Departamento Technico-Agricola, dispondo<br />
das Estações Experimentaes de Agua Preta<br />
e Almada, effectua investigações acerca dos<br />
melhores processos para cultivo do cacaueiro,<br />
preparo do cacau,' " combate ás moléstias<br />
e pragas, diffusão da polyculhura, etc.<br />
Aspecto parcial do Armazém
PERSPECTIVAS AUSPICIOSAS L)A ACÇÃO<br />
<strong>DE</strong> UM GOVERNO DYNAMICO E PATRIOTICO<br />
I SPIRITO SANTO é hoje um dos raros pequenos Es-<br />
tados da Federação Brasileira, que tém deante de si um pro-<br />
ximo futuro cheio das mais auspiciosas surpresas, principal-<br />
mente para a sua industria e para o seu commercio exporta-<br />
dor. Medindo 15.OCO kilometros quadrados e possuindo uma<br />
população, sempre crescente e activa, que já deve passar de<br />
800.000 habitantes, é um sector especialmente cafeeiro, o<br />
qual, segundo os entendidos e a estatística geral, produz o<br />
melhor café do mundo.<br />
Geographicamente, é um Estado privilegiado, pois está ligado<br />
ao Rio e a Minas Geraes por duas grandes estradas de ferro :<br />
a Leopoldina Railway, que mede 600 kilometros até á Capital<br />
Federal, e a Estrada de Ferro - Victoria - Minas que, cortando<br />
a fertilissima região do rio Doce, penetra o vizinho Estado<br />
montanhez, onde recebe ahi toda a sua producção destinada<br />
aos commercios mundiaes, conduzindo-a directamente aos<br />
porões dos navios atracados no magnifico caes da capital<br />
capichaba <strong>—</strong> hoje o porto mais movimentado de embarque do<br />
minério de ferro da zona de Itabira.<br />
O territorio espirito-santense acha-se actualmente todo cortado<br />
por extensas e bôas estradas de rodagem, possuindo ainda<br />
uma ampla viação fluvial, maritima e aérea, sendo o seu litto-<br />
ral percorrido com regularidade por navios de cabotagem, que<br />
fazem o serviço do commercio littoraneo.<br />
Palacio do Governo<br />
mmmm.<br />
wmm<br />
Major JoAo PUNARO BLEY <strong>—</strong> Inter<br />
ventor Federal no Espirito Santo.<br />
Compõe-se o Estado de 32 Municipios, entre os quaes<br />
o mais importante é Cachoeiro do Itapemirim, centro<br />
commercial de intenso movimento, com uma população<br />
de 18.000 habitantes, cuja riqueza repousa na cultura<br />
de quinze milhões de cafeeiros, distribuidos, approxi-<br />
madamente, entre 2.000 propriedades ruraes.<br />
No Municipio de Vargem Alta está se tentando a futu-<br />
rosa industria da sericicultura, que, aliás, tem tomado<br />
um animador incremento.<br />
O Estado do Espirito Santo deve muito do seu pro-<br />
gresso actual á intelligencia moça e esclarecida do<br />
interventor Major Punaro Bley que, diga-se com jus-<br />
tiça, tem sido o seu máximo orientador.<br />
Sob a sua vigilante e patriótica administração, vêm<br />
sendo saneadas varias zonas do interior do Estado,<br />
onde as cheias do rio Doce e o transbordamento do Jacú<br />
occasionavam febres intermitentes.<br />
A administração do Estado, igualmente, apresenta um<br />
controle perfeito. Ainda ha pouco os jornaes revella-<br />
ram dados expressivos da administração do Interventor<br />
Major Punaro Bley, estabelecendo um confronto entre<br />
os adeantamentos e responsáveis, pela rubrica, dispen-<br />
didos pelo Estado, em 1937, que foram de<br />
12.554:591$604, e o de 1939, onde sómente foram dis-<br />
pendidos, por tal rubrica, réis 1.696:5055400.<br />
O Espirito Santo, como se vé, c um Estado que, mesmo<br />
independente da influencia bemaventurada do seu<br />
nome, caminha hoje na primeira plana dos maiores<br />
e mais adeantados do Brasil.
Pavilhão "Mello Mattos<br />
menores abandonados<br />
("asa de Saúde "Governador<br />
Bley". Da Associação dos<br />
Funccionarios Públicos<br />
GRAN<strong>DE</strong>S<br />
REALISAÇÕES<br />
PUNARO<br />
GOVERNO<br />
Hospital de Isolamento<br />
"Oswaldo Monteiro"
Co\onia<br />
d e<br />
Férias<br />
escolares<br />
t«J<br />
h l m<br />
Lyceu Industrial<br />
Obras da Penitenciaria do Estado
Deposito de minério de ferro no cáes do porto de Victoria.<br />
O seu total de 5.750 toneladas foi embarcado entre os dias 2<br />
a 9 de Julho deste anno, começando ás 12 horas, no dia 2 e<br />
terminando ás 13 horas do dia 9.<br />
O primeiro navio a sahir do porto de Victoria com carregamento<br />
de minério foi o finlandez "Modesta", commandado<br />
por J. W. Isakssoyi.<br />
O PRIMEIRO EMBARQUE<br />
<strong>DE</strong> MINÉRIO <strong>DE</strong> FERRO<br />
PELO PORTO OE VICTORIA<br />
Descarna
fKr* ~mrm ; n r ii m - <strong>—</strong> " M t*wv>» ^ ^ ^ «ww, ^<br />
Vfsía do cdes do porto de Victoria, destinado aos grandes navios<br />
Obras novas do porto de Victoria, a cargo da Empreza<br />
Constructora Brasileira Guenbilf Ltda. e custeadas pelo<br />
Governo do Estado do Espirito Santo, no valor de doze mil<br />
contos de réis.<br />
Um vapor deixando<br />
o porto de Victoria.<br />
)<br />
W M < I<br />
- -'lil
VICTORIA<br />
VERTIGINOSO<br />
DR. AMÉRICO POLI MON JARDIM <strong>—</strong> Prefeito da Capital do Espirito Santo.<br />
E O SE<br />
PROGRESSO<br />
V ICTORIA, a linda e asseiada capital capi-<br />
chaba, nascendo encantadoramente entre aguas<br />
serenas e montanhas verdes, cuja população, tra-<br />
balhadora e progressista, já attinge 45.000 habi-<br />
tantes, é hoje uma das mais curiosas cidades<br />
brasileiras, quer pela importancia do seu porto<br />
<strong>—</strong> que é, entre nós, o terceiro como exportador<br />
de café <strong>—</strong> quer pela sua belleza panoramica, que<br />
deslumbra e enternece a todos os que a visitam<br />
pela primeira vez.<br />
A capital do Estado do Espirito Santo é tam-<br />
bém uma das mais antigas do Brasil, pois foi<br />
descoberta em 13 de Junho de 1535, com o nome<br />
de ilha de Santo Antonio, sendo dois annos mais
tarde trocado pelo de Duarte Lemos, seu primi-<br />
tivo donatario. A origem do seu nome actual<br />
é simples e interessante : conta-se que os colo-<br />
nos portuguezes, sahindo vencedores de uma luta<br />
travada entre goytacazes e aymorés, a fizeram<br />
séde da Capitania, baptizando-a definitivamente<br />
de Victoria.<br />
Victoria foi elevada á cidade em 2 de Março de<br />
1829. Tendo uma área de 290.343.750 metros<br />
quadrados, apresenta hoje uma área povoada, de<br />
4.200.000 metros quadrados, com 5.973 casas e<br />
uma linha de bonde de 25 kilometros.<br />
Ê uma cidade que progride de dia para dia.<br />
Aquellas ruas tortuosas e Íngremes, de casas<br />
acavalladas e coloniaes, que tão triste impressão<br />
causaram ao historiador Rocha Pombo, estão<br />
hoje transformadas em amplas e lindas avenidas<br />
bem pavimentadas e com óptima illuminação.<br />
A capital capichaba, graças a um dos mais tre-<br />
pidantes e arejados espíritos da moderna gera-<br />
Ilha do Principe<br />
ção de administradores municipaes <strong>—</strong> o Dr. Amé-<br />
rico Mon jardim, seu grande Prefeito <strong>—</strong> está se<br />
transformando num verdadeiro centro urbano de<br />
elegancia, movimento e bom gosto architecto-<br />
nico.<br />
O Parque Moscoso, orgulho natural dos capicha-<br />
bas, onde figura o busto do Dr. Henrique Mos-<br />
coso, um dos seus mais estimados e benemeritos<br />
presidentes, acaba de soffrer uma importante<br />
remodelação na sua esthetica, já tendo sido inau-<br />
gurados um serviço magnifico de illuminação e<br />
lindas fontes luminosas.<br />
A Prefeitura vem constantemente aterrando gran-<br />
des áreas de mangue nos arredores da cidade,<br />
onde futuramente serão aproveitadas para bair-<br />
ros operários.<br />
Viveiro de orchideas, no Parque Moscoso,<br />
onde existem 700 variedades desta planta.<br />
Um dos serviços, porém, mais importante do<br />
Dr. Américo Mon jardim é uma estrada de roda-<br />
gem que contorna a ilha de Victoria, num per-<br />
curso de 14 kilometros, e que já está quasi ter-<br />
minada.<br />
O Governo, por sua vez, também tem concorrido<br />
para o embellezamento e o progresso da cidade,<br />
construindo estabelecime ítos de ensino e outras<br />
obras importantes, como o Stadium Punaro Bley,<br />
o quartel da Força Publica, que é, innegavel-<br />
mente, um dos melhores do Brasil, o Hospital<br />
de Tuberculosos, e, actualmente, está empenhado<br />
em notável serviço de reformas na Penitenciaria,<br />
um estabelecimento que honra a cultura jurídica<br />
do Estado.
Os prédios mais importantes da cidade são o<br />
Theatro Carlos Gomes, o Palacio do Governo, de<br />
magestosa fachada, a Cathedral, toda em estylo<br />
gothico, o Club Saldanha da Gama, o Lyceu<br />
Agricola, o Cine-Theatro Gloria, os Correios e<br />
Telegraphos, e muitos outros. Conta ainda a<br />
cidade com varias instituições culturaes, como o<br />
Instituto Historico e Geographico, a Academia<br />
Espirito-santense de Letras, a Associação Espi-<br />
rito-santense de Imprensa, a Bibliotheca e Ar-<br />
chivo Públicos, o Museu, a Escola Normal D.<br />
Pedro II, a Academia de Commercio, a Facul-<br />
dade de Odontologia e Pharmacia, a Faculdade<br />
de Direito, a Escola Brasileira de Educação e<br />
Club de Regatas Saldanha da Gama, á<br />
entrada da bahia.<br />
Um trecho do Parque Moscoso, completamente reformado e<br />
embellezado na administração do Prefeito Américo Monjardim.<br />
Ensino ( estabelecimento particular ), três or-<br />
phanatos, etc. Possue perto de 100 escolas iso-<br />
ladas e vários clubs recreativos de grande pro-<br />
jecção na vida social da cidade, como o Club Vi-<br />
ctoria, o C. R. Saldanha da Gama e o C. N. R.<br />
Alvares Cabral.<br />
Com os seus bairros modernos e as suas praias<br />
próximas e encantadoras, como a praia Comprida<br />
<strong>—</strong> a pequena Copacabana dos capichabas, <strong>—</strong> a<br />
da Costa e a de Cambury, que ficam um pouco<br />
afastadas, os turistas têm sempre onde maravi-<br />
lhar os olhos.<br />
Do outro lado, no continente <strong>—</strong> Villa Velha, an-<br />
tiga capital <strong>—</strong> ergue-se o Convento de N. S.<br />
da Penha do Espirito Santo, obra de grande pa-<br />
ciência e de imponente aspecto, erigido pelo ir-<br />
mão leigo da Ordem de São Francisco, Frei Pe-<br />
dro Palacios, em 1575.<br />
Praça da Independcncia, destacando-se<br />
o Theatro Gloria.<br />
Ha 365 annos, pois, mais ou menos, que crentes<br />
e curiosos sobem aquellas ladeiras Íngremes e<br />
exhaustivas para adorarem a Virgem, matarem<br />
a curiosidade e descortinarem o immenso pano-<br />
rama de cima do penedo, que é soberbo e incom-<br />
parável .<br />
O município desfrueta uma situação invejável.<br />
Basta dizer-se que, no orçamento para 1939, que<br />
foi de 2.919:600$0G0, verlficôu-se uma arrecada-<br />
ção de 3.444:647$900. O superavit é eloquente.<br />
O orçamento da Prefeitura neste anno é de<br />
4.000:000$000.
R 1 ft ti • 1<br />
V il M • H<br />
livttt i«<br />
ARISTOCRÁTICO<br />
^^ Jockey Club está atravessando uma phase magnifica.<br />
Ali, todos os domingos, registra-se sempre um alto aconteci-<br />
mento na vida politico - social do paiz, seja atravez de visi-<br />
tantes, de almoços, de banquetes.<br />
Tornou - se uma praxe nas solemnidades officiaes, nas home-<br />
nagens a autoridades nacionaes ou estrangeiras, o compare-<br />
cimento ao Hippodromo da Gavea, que, assim, graças á<br />
brilhante administração do Ministro Salgado Filho e do seu<br />
alto prestigio no Brasil e no estrangeiro, está vivendo dias<br />
gloriosos e inesqueciveis na sua vida sportiva e mundana.<br />
Uma chegada sensacional<br />
no mais lindo<br />
H i p p o d r o m o<br />
do mundo.<br />
O Presidente do Jockey Club,<br />
Ministro Salgado Filho, demonstra<br />
sua satisfação ante o successo<br />
sem precedentes das ultimas corridas,<br />
coroadas de raro brilhantismo<br />
mundano.<br />
Duas elegantes senhoras<br />
da nossa sociedade<br />
assistindo ãs<br />
corridas.
Enfermaria de cirurgia<br />
Fachada principal do Hospital Jesus<br />
Medicos do Hospital Jesus<br />
O Hospital<br />
i' INFÂNCIA<br />
TAL J 1<br />
TENCIA<br />
Jesus é um modelo de hospital pa-"a<br />
crianças. As suas clinicas, os seus ambulatórios,<br />
as suas enfermarias, em todas as suas depen-<br />
der.cias, emfim, a Criança tem um culto, ó<br />
uma religião, tal o respeito, o carinho, o interesse affa-<br />
ctivo com que é tratada. O bem que no "Hospital<br />
Jesus" se tem feito á infancia brasileira não se traduz<br />
com as palavras, expressa-se em números.<br />
As perguntas surgem, os números se alinham, como se<br />
milhares de crianças passassem e repassassem, num<br />
desfile sem fim. . .<br />
Quantas crianças foram attendidas, em Agosto, nos<br />
ambulatórios do Hospital Jesus?<br />
7.628<br />
Quantas novas crianças foram matriculadas, em Agosto,<br />
no Hospital Jesus?<br />
570<br />
Qual é o numero de matricula de crianças no Hospital<br />
Jesus?<br />
45.610<br />
Quantas receitas foram aviadas, em Agosto, no Hos-<br />
pital Jesus?<br />
Sala de operação<br />
3.396<br />
»
O QUE o PRESI-<br />
<strong>DE</strong>NTE GETÚLIO<br />
VARGAS ESTÁ<br />
FAZENDO PELO<br />
BRASIL EM FORA<br />
Quantas mamadeiras foram preparadas,<br />
em Agosto, no Hospital Jesus?<br />
10.000<br />
E seguem-se: 3.3<strong>66</strong> Injecções<br />
2.737 Curativos<br />
251 Intervenções de<br />
Alta Cirurgia<br />
117 Radiologias<br />
47 Apparelhos Orthopedicos.<br />
Tudo no Hospital Jesus é gratuito.<br />
Remedios, medico, enfermaria, cirurgia, alimentação,<br />
orthopedia, radiographia, etc., tudo é feito e fornecido<br />
por conta da Prefeitura do Districto Federal.<br />
Grandes pediatras, óptimas installações, o máximo con-<br />
forto, para as creanças pobres.<br />
Porque no Hospital Jesus só se recebem creanças<br />
pobres.<br />
O pae, ao matricular o filho, tem aue declarar auan+o<br />
ganha por mez. Essa declaração é controlada pelo<br />
"Serviço Social" cujos agentes investigam a sua proce-<br />
dência. Em sendo procedente, nada faltará á creança,<br />
que continuará sob os cuidados dos technicos-pediatras<br />
do Hospital Jesus.<br />
Só terá direito á matricula a creança, menor de 14<br />
annos, cujo pae não ganhe mais de 600$000 mensaes.<br />
Tendo mais de um filho, esse limite será accrescido de<br />
50$000, tantas vezes quantos sejam os filhos.<br />
O interesse do Presidente Getúlio Vargas pela Creança<br />
está promovendo a construcção de obras iguaes pelo<br />
Brasil em fóra.<br />
Cosinha dietetica e Lactario<br />
Um hospede do Hospital Jesus<br />
Um grupo de enfermeiras<br />
Enfermaria de Clinica Medica
AMÍLCAR O. MARCON<br />
^ ^ A consciência de todos existe a convicção de que<br />
a furiosa tormenta que açoita a Terra, nestes momentos,<br />
não é uma guerra totalitaria, onde se oppõem<br />
duas concepções distinctas do ideal moral, espiritual,<br />
social, politico e economico que deve ter a vida.<br />
Ante as possibilidades de triumpho que se attribue<br />
uma das partes belligerantes, a gente angustiada pergunta<br />
si a "nova ordem", que reinará sobre o mundo,<br />
não arrastará as conquistas realisadas por nossa civilisação.<br />
Para apoiar estes temores, ha que suppor, primeiramente,<br />
que a sociedade em que vivemos está tão satisfeita<br />
comsigo mesma e tem coordenado a tal ponto as<br />
manifestações da actividade e da intelligencia humana,<br />
que uma transformação significará uma regressão.<br />
Mas a civilisação que nos rege trouxe, realmente,<br />
a felicidade e o bem-estar aos Povos? Realisou o ideal<br />
da unidade completa e da unidade fecunda, que elimina<br />
as differenças, entre as nações e os homens? Não<br />
só cada paiz vive encastellado em seus proprios interesses,<br />
entorpecendo sua economia nacional e o commercio<br />
mundial, mas a mesma vida intellectual, moral, artística<br />
e social passa por um periodo de lamentavel<br />
anarchia.<br />
A arte carece de idéas firmes e não sabe aonde<br />
vae. Todas as formas de actividade que tem o pensamento<br />
estão cultivadas com tal profusão e tal incoherencia<br />
que, em logar de guiar, confundem a humanidade.<br />
O espirito scientifico, applicado á mechanica, desaloja<br />
o homem de suas fontes naturaes de sustento. A<br />
inacção, amparada por bases de emergencia, rebaixa o<br />
nivel moral do povo trabalhador e fomenta as discórdias<br />
entre as camadas sociaes. A desoccupação se converteu<br />
num mal endemico, que só encontra remédios<br />
esporádicos nas industrias archiprotegidas ou nas<br />
industrias de guerra. Os postos, que offerecem as carreiras<br />
universitárias, estão preenchidos e aquelles que<br />
se arriscam nellas se encontram, ao termino de seus estudos,<br />
com um futuro incerto. Os operários e os empregados<br />
públicos e os de certas empresas particulares<br />
gozam de aposentadorias emquanto que outra enorme<br />
maioria deve seguir no jugo até o ultimo momento de<br />
sua existencia. O homem não pôde aposentar-se por<br />
sua conta, accumulando alguns bens para prevenir os<br />
dias das enfermidades, dos infortúnios ou da velhice,<br />
porque pouco a pouco é despojado do que adquiriu,<br />
graças ás sommas que tem a pagar ao fisco ou a sabias<br />
e opportunas desvalorisações da moeda.<br />
Este quadro de desunião, injustiças e desegualdades<br />
<strong>—</strong> que limito em attenção á brevidade <strong>—</strong> não no<br />
offerecem unicamente os paizes totalitários, mas aquelles<br />
que prezam de velar o fogo sagrado de nossa civilisação.<br />
E' evidente que esta nos prouve de maravilhosos<br />
instrumentos para administrar bem a vida, porém<br />
não é menos certo que os usámos mal. O resultado foi<br />
essa crise de adiantamento <strong>—</strong> em realidade, crise de civi-<br />
usaçao <strong>—</strong> que concorreu Dastante para a guerra actuai.<br />
/a amoiçcto ae querer aproveitar coniusa e atropeiauamente<br />
as torças geraes cio progresso e a aeresa a outrance<br />
dos egoísmos nacionaes, eliminaram aos povos<br />
lutuci voinaut: uiicinauoia ue condicionar o adeantamento,<br />
os interesses e o desenvolvimento logico de caaa<br />
naçao com o aaeantamento, os interesses e o desenvolvimento<br />
logico ,aa numaniuaae. üsquecemo-nos ae que<br />
com estes últimos somos toaos soiiuanos.<br />
òe suosisusse essa taita de orientação, como tem<br />
subsistido desde a guerra anterior, e que sempre querem<br />
aiguns perpetuar com a creaçao ausuraa ae oiocos<br />
continentaes, o proolema nao estaria resolvido e, mais<br />
uuu ou mais carue, caiaríamos noutra crise que, por<br />
^esespcrio, nos levaria provavelmente ao cnaos. oi, em<br />
compensaçao, a naçao, ou grupo ae nações, que preaomine<br />
no munao comprenenae a aita responsaoinaaae<br />
que ine reservou esta nora auricil ,do destino aa humanidade,<br />
propiciará uma nova ordem mundial onde a sciencia,<br />
a tecnnica e as faculdades espirituaes e creadoras<br />
nao sejam elementos negativos, mas activos para a<br />
felicidade do homem e a tareia commum. òi assim occorresse,<br />
como resultado desta guerra, a civilisaçao teria<br />
sorrriao outra crise e o planeia outra trageaia, porem<br />
o ínunuo se encaminnaria paia uma paz auraaoura, oaseada<br />
na conaooraçao errectiva de íaeaes e interesses<br />
iuiiuameiuauos na moral eterna.<br />
/AS civinsaçoes nao perigam com guerras nem estas<br />
sao capazes de destruir aquellas. i^mquanto existir<br />
o homem com um aran ,de superar-se morai e espiritualmente,<br />
a violência será impotente para anniquilar suas<br />
conquistas, òi, momentaneamente, chegam a retrocedei<br />
os progressos matenaes, moraes, intenectuaes ou artísticos<br />
que elia comporta é impossível que desappareçaoi<br />
todos os livros, toaos os thesouros plásticos, toda a musica,<br />
todos os methodos scientiticos, todas as instituições<br />
culturaes, toda a té que tem o homem em seu proprio<br />
destino e toda a fé que leva em seu coração. As cidades<br />
ou coisas destruídas voltam a surgir num praso assombrosamente<br />
curto e tudo se renova, porque o instincto<br />
de conservaçao no ser humano é tao indestructivel<br />
como a civiiisaçao. Pode attirmar-se, entáo, que esta<br />
corre perigo? Sim, corre perigo nestes momentos, e mui<br />
graves, si as nações não abandonam o systema autarchico,<br />
que favorece a economia interna e social em detrimento<br />
da collahoração que devem á economia humana<br />
e ao intercambio mundial. Sim, corre perigo, si se propagar<br />
a transigência corrosiva das massas, que acceita<br />
como normaes ou necessarias certas doutrinas politicas<br />
que, para conseguir seus fins, sacrificam a liberdade de<br />
consciência, os direitos e a liberdade do cidadão. Sim,<br />
corre perigo, finalmente, si os homens continuam malgastando<br />
e dispersando as maravilhosas torças que lhes<br />
deu o progresso em logar ,de adaptal-as ao sentido elevado,<br />
disciplinado e completo que lhes offerece numa<br />
doutrina tão luminosa como a de Christo. Os que vivem<br />
nestes erros já têm obscurecido o horizonte de nossa civilisação<br />
e são inimigos da paz e da confraternidade entre<br />
os homens, pois, para se chegar á unidade desejada<br />
não é necessário desfazer-se dos privilégios sagrados<br />
que dão valor á vida, nem encastellar-se em commodos<br />
e fructuosos egoísmos, mas levantar os corações<br />
para firmar-se e disciplinar-se nas boas convicções e<br />
pensar com elevação e sabedoria no resto da humanidade.
O momento grave, na hora em que elles, a sós, se preparam<br />
para confissões reciprocas, dentro do seu sêr tudo freme<br />
I em justificada ansiedade. Ella sabe- que - vae ouvir a<br />
phrase desejada, e precisa recorrer a todas as energias<br />
para não parecer vulgar. Sabe que seus gestos são observados e<br />
que da firmeza delles dependerá o conservar o seu prestigio e o<br />
seu fascínio.<br />
Num instante como este, em que é preciso o controle absoluto<br />
dos nervos, o cigarro é o precioso elemento de equilíbrio, e é<br />
graças a elle que, embora excitada, ardendo em chammas interiores,<br />
ella se mantém firme, apparentemente calma, senhora de si, como<br />
requer a situação.<br />
A mulher moderna, que sabe apreciar o prazer delicioso do<br />
cigarro, não ignora o que se deve, em situações como a desta photo,<br />
a esse elegante e delicioso salvador de apparencias...
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O commercio brasileiro com a Europa está reduzido a quase nada, em virtude da<br />
guerra. O mesmo se dá com os outros paizes sul-americanos e grande parte do<br />
mundo que encontram no bloqueio britannico uma barreira infranqueavel<br />
Quanto a nós, procuramos abastecer-nos ra America do Norte e desenvolver o<br />
Commercio interno e o commercio com os demais paizes do nosso continente.<br />
Uma tentativa, certamente louvável e feliz, é este. que se realizou, Brasil de um<br />
lado, Argentina do outro. A visita do Ministro da Fazenda do paiz vizinho, Sr.<br />
De Pinedo, acompanhado de uma luzida delegação de technicos, não poderia<br />
deixar de trazer os melhores resultados á economia das duas nações leaders da<br />
America do Sul. A Argentina pôde ser um excellente mercado para innumeros<br />
productos brasileiros, e o Brasil pôde continuar a ser um dos melhores freguezes<br />
da Argentina. Questão de entendimento, apenas, que não nos faltou, agora,<br />
felizmente.<br />
OS SEIS PRIMEIROS MEZES <strong>DE</strong> COMMERCIO EXTERNO<br />
No momento, enfrentamos difficuldades prementes em materia de exportações.<br />
Quanto ás compras essenciaes ao nosso progresso e desenvolvimento, pouco sensivel<br />
é a falta que sentimos das praças da Europa, pois os Estados Unidos estão<br />
aptos a fazer todos os supprimentos de machinarias e outras mercadorias de que<br />
precisamos. Aüás, si examinarmos os números do nosso intercambio mercantil com<br />
o estrangeiro, no primeiro semestre de <strong>1940</strong>, confrontando-os com' os do mesmo<br />
periodo dos quatro annos anteriores, concluiremos que nenhuma situação alarmante<br />
oxceDcional surgiu. As oscillações guardaram o rythmo. mais ou menos habitual.<br />
Vejam-se, por exemplo, estar, cifras, em toneladas métricas :<br />
1936<br />
1937<br />
1938<br />
1939<br />
<strong>1940</strong><br />
Fm libras-ouro, o<br />
assim so exprime<br />
1936<br />
1937<br />
1938<br />
1939<br />
<strong>1940</strong><br />
Importação<br />
2.I55.050<br />
2.467.I98<br />
2.401.111<br />
2.337.718<br />
2.303.712<br />
Exportação<br />
I.467.986<br />
I.546.407<br />
I.837.92C<br />
2.I26.29S<br />
I.580.237<br />
nosso commercio externo, nos seis primeiros mezes do anno.<br />
O equivalente em contos de réis é este<br />
1936<br />
1937<br />
1938<br />
1939<br />
<strong>1940</strong><br />
A QUEDA DA EXPORTAÇÃO AlGODOEIRA<br />
Importação<br />
13.971.I19<br />
18.322.420<br />
18.793.150<br />
16.045.307<br />
16.933.135<br />
Exportação<br />
17.083.890<br />
21.659.361<br />
17.418.291<br />
18.026.251<br />
17.268.947<br />
I<br />
Importação Exportação<br />
2.023:269$<br />
2.379:870$<br />
2.715:703$<br />
2.409:459$<br />
2.764:832$<br />
2.177:825$<br />
2.539:824$<br />
2.474:097$<br />
2.636:975$<br />
2.681:281$<br />
As reservas de algodão brasileiro para o exterior, no curso dos sete primeiros<br />
mezes de <strong>1940</strong>, attinggigram a 122.341 toneladas, contra 232.819, no mesmo<br />
periodo de 1939. Verifica-se, portanto, nas exportações do anno presente, uma<br />
differença para menos, de I 10.472 toneladas, o que affecta sensivelmente á economia<br />
daquelle producto. Rara ser o que Isso representa de prejudicial, basta<br />
observar que, de Janeiro a Julho de 1939, as nossas vendas de algodão ao estranaeiro<br />
drenaram, para o nosso paiz, a importancia de 5.549.035 lib.^as-ouro,<br />
sendo que as de <strong>1940</strong> totalisaram sómente a quantia de 3.161.992 libras-ouro.<br />
A PRODUCÇÃO MUNDIAL <strong>DE</strong> CAFE'<br />
A producção mundial de café, que era, em 1881, de 10.415.000 saccas, passcu/<br />
em 1938, a 34.493.000. Desde 1881, o Brasil occupa o primeiro logar entre os<br />
prbductores, com 5.568.000 saccas, vindo em segundo a Venezuela com 680.000,<br />
terceiro a Guatemala com 300.000. Costa Rica. em quarto, com 280.000,<br />
Salvador em 5.°, com 110.000, o em 6.° a Colombia com 100.000.<br />
Em 1938. era este o panorama mundial da producção caféeira :<br />
Paizes<br />
Brasil<br />
Colombia<br />
Salvador<br />
Guatemala . . . .<br />
Mexico<br />
Costa Rica . . . .<br />
Venezuela<br />
Nicaragua<br />
Diversos da America<br />
Colonias européas .<br />
Saccas<br />
21.873.000<br />
4.250.000<br />
900.000<br />
900.000<br />
450.000 '<br />
340.000<br />
350.000<br />
200.000<br />
1.180.000<br />
4.050.000<br />
Por estas cifras vê-se que a Venezuela foi o único paiz que. em 1938, regrediu<br />
como productora de café, pois desceu de 680.000 saccas, em 1881, para 350.000.
PRIMEIRO RECEN-<br />
EAMENTO 00 BRASIL<br />
Rio de Janeiro, que se desenvolvia de modo<br />
omissor e onde era maior a facilidade de se<br />
ter o numero exacto de seus habitantes, só<br />
ve o primeiro censo regular em 1799, na<br />
spera do século XIX. E os que se fizeram<br />
steriormente, demonstraram falhas e inexacti-<br />
•>es pela desharmonia entre os números obti-<br />
•)S, que fugiam as leis empyricas de cresci-<br />
ento da população nas cidades. Incomparavel-<br />
ente mais difficil seria o trabalho estatístico<br />
is diversas províncias do Império, que não<br />
xliam dispor dos meios ao alcance dos recen-<br />
radores da Côrte Foi por ordem do Vice-<br />
.ei. Conde de Rezende, que se executou o<br />
ximeiro recenseamento do Rio de Janeiro e<br />
imbem o primeiro que se effectuava no<br />
rasil.<br />
primeiro censo encontrou 43.376 habitan-<br />
ès, excluídas as tropas de linha, que podiam<br />
levar aquelle numero á cifra geral de 48.000<br />
Imas. Alguns autores calculavam muito mais.<br />
a mesma época, como Thomaz Jefierson, que<br />
esde 1787, computava a população em 150.000<br />
abitantes.<br />
ORGANIZE 0 SEU PLANO <strong>DE</strong> SEGURO <strong>DE</strong> VIDA<br />
como o Sr. construiria a sua propria casa...<br />
<strong>—</strong> adaptado ás<br />
necessidades de<br />
sua família!<br />
Ï ¥oje em dia, já se tornou habito<br />
•• • dos homens previdentes ana-<br />
lysar suas necessidades de seguro<br />
de vida, afim de provér protecção<br />
adequada para a família e para<br />
suas proprias pessoas. Descobriu-se<br />
nova maneira de responder a esta<br />
pergunta embaraçosa: "Oual a<br />
quantia de seguro de que eu ne-<br />
cessito realmente ?"<br />
O Sr pôde, agora, construir um pro-<br />
gramma de segui o de vida da mesma<br />
fòitna que o Sr. construiria a sua<br />
casa: delineando primeiro as suas<br />
necessidades, para depois a con-<br />
struir dc accordo com esses planos.<br />
E' muito simples: annote num pe-<br />
daço de papel, pçla ordem de im-<br />
portância, as suas obrigações pes-<br />
toaes c seus objectivos financeiros.<br />
Qual será o mínimo que o Sr.<br />
deseja prover como renda mensal<br />
para a familia ? Qual será o custo<br />
É <strong>DE</strong> SEU INTERESSE<br />
Ir estudando. «Irtdf já. N «anl*«*n» «• flcllh<br />
d.mJ«* que 4» •rfUro de offeree*. I'»« o<br />
roup«» «h.»i«o e pe^« <strong>—</strong> «ran rgmpromlm -<br />
um fui lie to ei|4W*atlvo.<br />
SUL AMERICA<br />
CMX\. Kl - KIO 1)K JA.NHKO<br />
r - 7.7.7.7.*<br />
X orne.<br />
<strong>—</strong><strong>—</strong> - <strong>—</strong> .<br />
Rua<br />
Cidade _<br />
Edado<br />
provável da educação dos filhos ?<br />
Qual a renda mensal *que o Sr.<br />
gostará de ter, quando chegar á<br />
edade de retirar-se das activi-<br />
dades ?<br />
*<br />
Um Agente da "Sul America"<br />
terá muito prazer em determinar,<br />
em companhia do Sr.f a parte do<br />
programma financeiro que pode-<br />
ser iniciada agora. Elie ajudará o<br />
Sr. a traçar o plano do program-<br />
ma de seguro que convém ao Sr.<br />
e demonstrará como é fácil con-<br />
cretizar as esperanças e tor-<br />
nar realidades esses sonhos.<br />
O SEGURO <strong>DE</strong> VIDA RESOLVE<br />
TODOS ESTES PROBLEMAS<br />
1- Liquida dividas antigas,- permittindo<br />
6 esposa dispor dc uma tommà apreciavel<br />
para acudir &s prime irr« s despesas,<br />
como dc medico, hospital, ctc.<br />
2 Provê uma renda mensal certo para<br />
todos os gastos futuros da familia.<br />
3 Garante todas as despesas de educação<br />
dos filhos.<br />
4 Resgata hypothecas, assegurando U<br />
familia a posse de um lar proprio.<br />
5 Permit te que o proprio segurado <strong>—</strong><br />
ao termo de um certo prazo <strong>—</strong> se aposente.<br />
com uma renda fixa.<br />
Sul America<br />
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