o olhar materno:um enfoque no narcisismo. - Sigmund Freud ...
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experimentada. No ideal de ego, além de estarem presentes as perfeições do <strong>narcisismo</strong><br />
infantil, também encontram-se proibições. Portanto, o ideal do ego a<strong>um</strong>enta as<br />
exigências do ego, sendo <strong>um</strong> forte instigador do recalcamento.<br />
Laplanche e Pontalis (1996) abordam <strong>um</strong>a conceitualização do termo ideal de<br />
ego, sendo este <strong>um</strong>a “instância da personalidade resultante da convergência do<br />
<strong>narcisismo</strong> (idealização do ego) e das identificações com os pais, com seus substitutos e<br />
com seus ideais coletivos (...) constitui <strong>um</strong> modelo a que o sujeito procura conformar-<br />
se”.(p. 222).<br />
Em À guisa de introdução ao <strong>narcisismo</strong>, <strong>Freud</strong> (1914) faz <strong>um</strong>a ligeira menção<br />
ao <strong>narcisismo</strong> secundário. Neste, há <strong>um</strong> retor<strong>no</strong> da libido investida <strong>no</strong>s objetos em<br />
direção ao ego.<br />
Descrevi, até o presente momento, o <strong>narcisismo</strong> como fazendo parte do<br />
desenvolvimento do ser h<strong>um</strong>a<strong>no</strong>. Tenho como questionamento o que se passa quando há<br />
<strong>um</strong>a “falha” <strong>no</strong> <strong>narcisismo</strong> primário. Quando o <strong>olhar</strong> da mãe “atravessa” a criança, ou<br />
seja, <strong>um</strong> <strong>olhar</strong> que é desviado e tira de cena a possibilidade da criança ser olhada.<br />
Um <strong>olhar</strong> com ausência na capacidade de refletir. Portanto, este <strong>olhar</strong> <strong>mater<strong>no</strong></strong> não<br />
reflete <strong>um</strong>a plenitude, <strong>um</strong> ego ideal. Poderíamos pensar em <strong>um</strong> <strong>olhar</strong> alicerçado <strong>no</strong> desamparo.<br />
Mcdougall faz <strong>um</strong>a relação desta “falha” <strong>no</strong> <strong>olhar</strong> <strong>mater<strong>no</strong></strong> com a construção da auto-<br />
imagem. Acrescenta:<br />
a criação de <strong>um</strong>a representação de si mesmo remete-<strong>no</strong>s à<br />
necessidade inexorável para o ser h<strong>um</strong>a<strong>no</strong> de transgredir com<br />
hiância real constituída pela alteridade, exigindo que aquilo que<br />
está fora venha fazer parte do mundo inter<strong>no</strong>, em alg<strong>um</strong> lugar<br />
da psique. (1983, p. 116)