Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE
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<strong>Geografia</strong> e <strong>geopolítica</strong><br />
32 ........................ A <strong>contribuição</strong> <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro<br />
Complementando, diríamos que o referido Atlas tem sobretudo valor histórico,<br />
pois publicando pela primeira vez um mapa da <strong>de</strong>frontação da Antártica, conduziria<br />
o País a todo um processo <strong>de</strong> que resultaria na assinatura do Tratado <strong>de</strong> Washington e<br />
instalação <strong>de</strong> uma base brasileira no Continente Austral.<br />
Colaborando com a Publicação n° 6 - Série C <strong>de</strong> Manuais da <strong>Biblioteca</strong> Geográfica<br />
Brasileira, do Conselho Nacional <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>, publicou ainda Delgado <strong>de</strong><br />
Carvalho Leituras geográficas em 1965. Enquanto por inspiração <strong>de</strong> Antônio Teixeira<br />
Guerra saía a segunda edição <strong>de</strong> um livro já esgotado <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho<br />
em 1967; foi a <strong>Geografia</strong> humana: política e econômica. Documentado e fartamente<br />
ilustrado pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>, o referido livro após uma introdução<br />
geral sobre os diferentes ramos da Ciência compõe-se <strong>de</strong> quatro gran<strong>de</strong>s<br />
unida<strong>de</strong>s que envolvem estudos dos Grupos Humanos, passa para o habitat, chega<br />
até a Ocupação Produtiva do Solo e termina focalizando a Indústria, Comércio e<br />
Comunicações.<br />
Todo esse trabalho não remunerado feito por Delgado <strong>de</strong> Carvalho ao <strong>IBGE</strong>, possível<br />
graças a sua participação no Diretório do Conselho Nacional <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>; é que<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua fundação, em 23 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1937, foi ele o Representante do Ministro da<br />
Educação no órgão.<br />
Como <strong>de</strong>stacado geógrafo no âmbito internacional, Delgado <strong>de</strong> Carvalho levaria<br />
o nome do <strong>IBGE</strong> ao exterior. É que como convidado da Organização das Nações Unidas<br />
para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, organizou e dirigiu o Seminário <strong>de</strong><br />
<strong>Geografia</strong> em Montreal (1950), conseguindo trazer para o Rio <strong>de</strong> Janeiro o XVIII Congresso<br />
Internacional <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>. Ainda em Montreal admirou os presentes, quando,<br />
no <strong>de</strong>curso do encerramento, começou falando em alemão, daí para o inglês, em seguida<br />
o francês e terminou seu discurso em português.<br />
Membro Honorário, Sócioefetivo ou Correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> várias entida<strong>de</strong>s históricas<br />
e geográficas no Brasil e exterior, foi Delgado <strong>de</strong> Carvalho o primeiro brasileiro<br />
a ser agraciado em 1952 com a medalha David Livingstone, só atribuída a geógrafos<br />
<strong>de</strong> renome pela The Arnerican Geographical Society; tornou-se por isso, Membro do<br />
Council of the American Geographical Society.<br />
Portador da medalha Légion D’Honneur, criada por Napoleão Bonaparte, foi<br />
sempre intensa a sua ligação com intelectuais do país on<strong>de</strong> nascera.<br />
Ainda no setor didático, <strong>de</strong>pois da <strong>Geografia</strong> geral do Brasil escrita para a terceira<br />
série ginasial, que classificou segundo termo pitoresco <strong>de</strong> James Fairgrieve, <strong>de</strong> Gramática<br />
da <strong>Geografia</strong>, encerrava o ciclo com a <strong>Geografia</strong> regional do Brasil para a quarta série.<br />
A primeira cabia “a estrutura” - relevo, clima, vegetação, população - como substantivos,<br />
adjetivos, verbos ou conjunções. Já a segunda era a “sintaxe da <strong>Geografia</strong>”, que<br />
bem preparada permitiria a expressão do pensamento; “é a geografia regional viva e<br />
integrada, com propósitos e i<strong>de</strong>ais, que revela a bela unida<strong>de</strong> da Nação. Feliz o mestre<br />
brasileiro que sabe cativar a atenção, o interesse, a simpatia <strong>de</strong> seu jovem auditório com<br />
assuntos brasileiros, exatamente porque brasileiros”.<br />
Na sua <strong>Geografia</strong> regional, agra<strong>de</strong>ce Delgado <strong>de</strong> Carvalho ao <strong>IBGE</strong> por tê-lo auxiliado<br />
com mapas e fotografias, <strong>de</strong>stacando entre outros Christovam Leite <strong>de</strong> Castro e<br />
Fábio Macedo Soares Guimarães; em 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1993, completou esse livro o seu<br />
cinquentenário, após haver servido a toda uma geração <strong>de</strong> brasileiros.<br />
A nomeação <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho, por Getúlio Vargas, para exercer as funções<br />
<strong>de</strong> membro da Comissão do Livro Didático em 14 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1939, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aria<br />
não só a série <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>, mas também <strong>de</strong> História. Defendia a<br />
cronologia e, como o Brasil só nasceria para o Mundo Conquistador durante a Era<br />
Mo<strong>de</strong>rna, optava, para as duas primeiras séries ginasiais, para sucessivamente - Histórias<br />
Antiga e Medieval, seguindo-se a História mo<strong>de</strong>rna e contemporânea. Somente<br />
<strong>de</strong>pois, na terceira e quarta séries se <strong>de</strong>talharia o Brasil. Eram as mesmas gramática e<br />
sintaxe usadas para a <strong>Geografia</strong>.<br />
Seus livros didáticos <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong> tiveram bem melhor aceitação que os <strong>de</strong> História.<br />
Criticado pela prolixida<strong>de</strong> nos livros <strong>de</strong> História, respon<strong>de</strong>ria Delgado <strong>de</strong> Carvalho<br />
(1959) na Introdução do volume <strong>de</strong>stinado aos períodos Antigo e Medieval.