Oração de Sapiência de Hilário Moreira_1990.pdf - Universidade de ...
Oração de Sapiência de Hilário Moreira_1990.pdf - Universidade de ...
Oração de Sapiência de Hilário Moreira_1990.pdf - Universidade de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Aquele que começou a amar a beleza das coisas divinas, nunca o prazer<br />
das humanas o seduzirá, levando-o a cometer qualquer acção má, nem a<br />
aceitar algo, na vida, em que possa convergir suspeita <strong>de</strong> pequenez, <strong>de</strong> inconstância<br />
ou <strong>de</strong> torpeza. É que à pequenez repugna a vastidão da natureza,<br />
à inconstância as calculadas e constantes órbitas si<strong>de</strong>rais e a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
todo o mundo celeste, à torpeza o adorno e asseio <strong>de</strong> tão magnifica obra.<br />
Eis porque é forçoso que, <strong>de</strong> tão notabilíssimas ocupações, saia, por<br />
fim, a flor da pieda<strong>de</strong>, da justiça e das restantes virtu<strong>de</strong>s que embelezam a<br />
alma humana e a aploximam da semelhança com a mente divina.<br />
Atraído por este bem, o célebre Alexandre Magno não punha menos<br />
interesse no conhecimento das artes liberais da filosofia, do que no seu império<br />
tão gran<strong>de</strong>, que ocupava a maior palte da terra. Eis porque teve semple,<br />
como companheiros das suas expedições e camaradas <strong>de</strong> armas, não só<br />
ilustres filósofos, mas também os códices <strong>de</strong> autores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> nome, com<br />
quem dispendia todo o tempo <strong>de</strong> lazer que as armas lhe <strong>de</strong>ixavam. Assim<br />
grangeou incontestavelmente um nome célebre e imorredoiro.<br />
o nosso Invictissimo D. João m<br />
Que gran<strong>de</strong> troféu está então reservado a D. João III, invictissimo rei<br />
<strong>de</strong> Portugal, quão justos panegiricos, quão verda<strong>de</strong>iros e legitimos louvores!<br />
Foi ele que, <strong>de</strong> algum modo, fez sair das profun<strong>de</strong>zas, on<strong>de</strong> estava quase sepultado,<br />
o estudo da filosofia, expulsou e <strong>de</strong>struiu a ignorância .! abriu as portas<br />
a toda a cultura, pedida como que ao céu, quando cuidou <strong>de</strong> instruir a<br />
inculta Lusitânia em todos as disciplinas das artes liberais.<br />
Ó Lusitânia feliz, digna <strong>de</strong> um tão gran<strong>de</strong> Príncipe, por quem foi subjugada<br />
a audácia e a loucura dos inimigos <strong>de</strong> Cristo e dos perseguidores da<br />
Igreja, aumentada e amplificada a glória da fé ortodoxa e da religião cristã!<br />
E tudo isto levado a cabo pelo Rei Piedosíssimo, não sem um divino <strong>de</strong>sígnio<br />
da Santíssima Trinda<strong>de</strong>.<br />
É ele quem subjuga, dia a dia, as terras da Igreja ocupadas pela tirania<br />
dos infiéis e restitui à cátedra <strong>de</strong> Roma aquelas que já o conhecem como<br />
seu rei, e vêem nele o Príncipe que nasceu para ajudar os mortais.<br />
Tudo isto é, não só do nosso conhecimento, mas também do <strong>de</strong> outras<br />
terras longinquas, em que ele justa e legitimamente exerce o po<strong>de</strong>r.<br />
E agora, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vencidos tantos povos, não sem vitórias · sangrentas,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> propaganda, na índia, ao longe e ao largo, a religião cristã, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> subjugado o litoral da Mauritânia. com tantos troféus erguidos a seus<br />
87