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Com a barriga cheia, partidos abandonam João ... - Revista Metrópole

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6<br />

a respeito da democratização dos meios<br />

de comunicação. “Os veículos de comunicação<br />

têm que divulgar um painel amplo<br />

e devem contemplar todas as tendências<br />

musicais, o que não acontece quando o<br />

jabá entra em ação”.<br />

Ao me apresentar à pessoa responsável<br />

pelo setor financeiro da Transamérica FM,<br />

Inês foi logo demonstrando a intenção de<br />

manter um contrato longo com a “assessora<br />

do DJ”. É o business. Afinal, segundo Inês,<br />

basta fechar um contrato que qualquer um<br />

pode tocar quantas músicas quiser. O contrato<br />

jabazeiro prevê também um “brinde”.<br />

Quando um artista encaixa uma música<br />

na programação da rádio ele tem direito a<br />

gravar uma vinheta de apresentação anunciando<br />

o seu produto.<br />

Segundo Tom Tavares, na Bahia praticamente<br />

todas as rádios aumentam sua renda<br />

com a cobrança de “mídia”. A ação, porque<br />

não dizer descarada, das emissoras de rádio<br />

baianas traz à reflexão um outro assunto:<br />

até que ponto as músicas de axé executadas<br />

até a exaustão no período pré–carnavalesco<br />

equivalem, de fato, ao gosto da população?<br />

De tão massificada, devido ao pagamento<br />

antecipado, as pessoas acabam gostando<br />

“naturalmente” da música. Então, a população<br />

que crê na idoneidade dos meios<br />

de comunicação - pesquisa recente revelou<br />

que 64% dos brasileiros acreditam que a<br />

mídia é a instituição mais confiável - aceita<br />

determinada música como a “canção do<br />

carnaval de 2008” ou “a música mais pedida<br />

por todos os ouvintes”.<br />

Insatisfeita com a facilidade encontrada<br />

na Transamérica, a reportagem procurou<br />

uma outra emissora. Dessa vez, de posse<br />

de um CD de axé music da também fictícia<br />

banda “Água de Cheiro” e a música<br />

“Volta”, fomos verificar a “disponibilidade”<br />

da Rádio Itapuã FM em executar a canção.<br />

Foi muito simples também.<br />

Na Rádio Itapuã, a primeira rádio FM<br />

de Salvador, além do pagamento em dinheiro,<br />

o jabá pode ser cobrado em forma<br />

Dimitri Cerqueira<br />

Nosso fictício DJ<br />

Shadow (na verdade<br />

o estudante <strong>João</strong><br />

Gabriel) está<br />

bombando na rádio<br />

que toca “só o que<br />

você quer ouvir”<br />

de brindes aos ouvintes. Na emissora, o<br />

contato foi feito com Tony Oliveira, responsável<br />

pelo setor de promoções e eventos<br />

da rádio. O preço do jabá na Itapuã é um<br />

pouco mais salgado. Para duas inserções<br />

diárias, durante um mês, o valor cobrado<br />

é R$ 4 mil. Porém, a música tocará todos<br />

os dias da semana. Existe também um pacote<br />

especial para os fins de semana. São<br />

duas execuções no sábado e no domingo,<br />

no período compreendido entre as sete da<br />

manhã e as sete da noite, por R$ 1,5 mil.<br />

Se a grana estiver curta, a Itapuã oferece<br />

um serviço de permuta de acordo com a necessidade<br />

da rádio no momento. Tony exemplificou<br />

para a reportagem um caso de uma<br />

pessoa que produzia VTs, e desejava inserir a<br />

música. Pronto. Uniu-se o útil ao agradável.<br />

A rádio encomendou um VT promocional<br />

e a música passou a ser executada na emissora.<br />

Vale também uma troca de brindes. Se<br />

o “produtor da banda” desejar permutar a<br />

inserção musical por uma geladeira ou um<br />

fogão, por exemplo, também vale. Tudo para<br />

ficar ao gosto do freguês.<br />

Lei antijabá<br />

Existe atualmente um Projeto de Lei<br />

em tramitação no Congresso Nacional -<br />

(PL) nº 1048/03 -, de autoria do deputado<br />

Fernando Ferro (PT-PE), que prevê a<br />

proibição da cobrança do jabá. O PL está<br />

na <strong>Com</strong>issão de Constituição e Justiça da<br />

Câmara dos Deputados. De acordo com o<br />

deputado, existe legislação de outros países<br />

sobre o assunto. “Essa é uma atitude antiética<br />

que mexe com a cultura do País e força<br />

a opinião pública a se comprometer com<br />

um determinado gosto musical”.<br />

Caso seja aprovada, a nova lei deverá dificultar<br />

as execuções de músicas através da<br />

compra de espaço publicitário nos meios de<br />

comunicação. O texto do projeto prevê a detenção<br />

de um a dois anos para os responsáveis<br />

por emissoras de rádio e TV que aceitarem<br />

dinheiro ou qualquer outra vantagem de gravadora,<br />

artista, empresário ou promotor de

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