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MÍDIA, MÁFIAS E ROCK'N'ROLL

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Um poder que nada pode além de fazer muita marola, que nem<br />

sempre chega a molhar os rochedos da corrupção e da bagunça<br />

administrativa a que, infelizmente, estamos habituados. Por meses –<br />

quase um ano, não tenho certeza –, a mídia escancarou as mazelas do<br />

governo em diferentes setores, todos eles revelando que, de alguma forma<br />

ou de todas as formas, o presidente sabia dos esquemas em que seus<br />

auxiliares e amigos mais chegados chafurdavam.<br />

E dele não partiu outra atitude se não a de aceitar a carta de<br />

demissão que os envolvidos lhe mandavam e que tinham como resposta<br />

uma declaração de afeto e confiança. Um deles, depois de tudo o que<br />

houve, foi chamado de irmão.<br />

Na realidade, Lula deitou e rolou para as CPIs que foram<br />

instauradas e em que foi acusado de cumplicidade com a corrupção. Na<br />

hora H, seu nome foi poupado dos relatórios finais, mas não da<br />

cobertura que a mídia lhe dedicou. E se não deu bola para CPIs, muito<br />

menos bola deu para editoriais, articulistas, cronistas, colunistas e todos<br />

os que ocuparam os vários veículos de comunicação do país e do exterior.<br />

Seria o caso, repito, de um exame de consciência, de uma<br />

reavaliação dos meios e da própria função do tal quarto poder, poder que<br />

não atinge o povo. A alegação de que o povo não lê jornais nem revistas<br />

não procede. O povão vê televisão, ouve rádio. E continua acreditando<br />

em Lula e abençoando-o com seu voto”.<br />

• O preço da metáfora<br />

Estamos numa noite fria e calculista, de chuva horizontal. O sítio<br />

já era sugestivo pelo nome: “Estrada das Lágrimas”. Bem ao lado do 95º<br />

Distrito Policial, não muito longe da Via Anchieta, em São Paulo.<br />

Nivelam seus destinos, ali, PMs intimoratos e um delegado de barriga<br />

pontuda, que lhe sai por debaixo do colete à prova de balas. Descem do<br />

carro este repórter, mais o finado Guilherme Bentana, da TV Record,<br />

e o ubíquo Karl Penhaul, da CNN – que mora na Colômbia, nasceu no<br />

interior da Inglaterra e acaba de chegar de Bagdá. Delegado e PMs se<br />

assustam com Karl, que é careca ao osso e tem uma aparência de<br />

hooligan. O delegado não esperou para estudar o rosto de Karl e logo<br />

mostrou ser homem de gatilho fácil, mas nada que um “boa noite” não<br />

tivesse desarmado, deveras.<br />

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