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MÍDIA, MÁFIAS E ROCK'N'ROLL

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múndi que parece ser tão grande a ponto de abarcar ele mesmo toda a<br />

real extensão do mundo. Mauro Marcelo mediu distâncias. Com um<br />

olhar prometéico, me disse que o presidente Lula havia-lhe dito que<br />

estava disposto a “tirar esse cadáver das costas do governo brasileiro” .<br />

Caberia a mim ir até lá, verificar o biologismo comprobatório de<br />

que aquele era o corpo do engenheiro brasileiro. O resto, a Abin faria.<br />

O governo iria pagar US$ 1 milhão pelo corpo, desde que aquele fosse<br />

mesmo o corpo.<br />

Contei essa história apenas para meus dois melhores amigos:<br />

Márcio Chaer, dono do site Consultor Jurídico, e para meu velho<br />

amigo de ECA Marcelo Rubens Paiva. Obviamente, eu não receberia<br />

pelo trabalho, como um mercenário. Ganharia o furo. A Abin pagaria<br />

as custas da viagem. Cheguei a relatar cartas de afastamento de meus<br />

cinco empregos: Consultor Jurídico, USP, Fiam, Rádio Jovem Pan e<br />

AOL. Relatei uma carta que entregaria a Marcelo Rubens Paiva, na<br />

qual contava tudo, caso algo acontecesse comigo lá.<br />

Fiz uso da velha amizade com os jornalistas dos EUA para me<br />

garantir em Bagdá. Vieram algumas versões jamais comprovadas,<br />

como esta: a Al Qaeda de Bin Laden teria sido informada de que a<br />

Odebrecht teria contribuído para a campanha a de Jeb Bush, irmão do<br />

presidente George W. Bush, para o governo da Flórida. Em troca,<br />

referia o boato, o vice-presidente Dick Cheney daria poços de<br />

petróleo para a Odebrecht trabalhar no Iraque. O engenheiro teria<br />

sido morto num erro na operação, que era um seqüestro para tomar<br />

dinheiro da Odebrecht.<br />

Marcelo Rubens Paiva, escritor e jornalista cujo pai, deputado<br />

Rubens Paiva desapareceu nas mãos do regime em 20 de janeiro de 1971,<br />

foi quem mais passou a me tornar claro como ele e sua família haviam<br />

sofrido quase 30 anos até obterem um atestado de óbito do pai. Estas<br />

linhas são uma satisfação à família do engenheiro. Não fui para Bagdá<br />

porque, no entender de Kirk Semple, agora em Bagdá, eu morreria ao ir<br />

para o triângulo sunita sem seguranças. A Abin não quis me dar seguro,<br />

nem seguranças. Se morresse, não teria um atestado de que aquilo era<br />

uma missão humanitária para o governo. Mas cheguei a tirar passaporte<br />

novo: eu viajaria para Bagdá em 20 de maio de 2005. Mauro Marcelo<br />

quis, sim, trazer o corpo. O governo fez disso a tour de force da Abin em<br />

2005. Mensalões e cuecões à parte, o governo se esforçou. Mas com a<br />

saída de Mauro Marcelo da Abin o caso murchou à irrelevância. Os mais<br />

recentes passos da Abin iam no sentido de contratar-se um mercenário<br />

para buscar o corpo, aqueles chamados por lá de soldiers of fortune.<br />

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