Uma experiência do front: - Programa de Pós-Graduação em ...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA<br />
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA<br />
MESTRADO EM HISTÓRIA<br />
U m a e x p e r i ê n c i a d o f r o n t :<br />
a Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s<br />
e a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia<br />
ALEXANDER MAGNUS SILVA PINHEIRO<br />
Orienta<strong>do</strong>ra: Profª. Drª. Lina Maria Brandão <strong>de</strong> Aras<br />
Salva<strong>do</strong>r – BA<br />
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA<br />
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA<br />
MESTRADO EM HISTÓRIA<br />
U m a e x p e r i ê n c i a d o f r o n t :<br />
a Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s<br />
e a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia<br />
ALEXANDER MAGNUS SILVA PINHEIRO<br />
Dissertação apresentada ao<br />
Mestra<strong>do</strong> <strong>em</strong> História da<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências<br />
Humanas da UFBA, como<br />
requisito parcial para obtenção <strong>do</strong><br />
grau <strong>de</strong> Mestre.<br />
Orienta<strong>do</strong>ra: Profª. Drª. Lina Maria Brandão <strong>de</strong> Aras<br />
Salva<strong>do</strong>r – BA<br />
2009<br />
2
_____________________________________________________________________<br />
Pinheiro, Alexan<strong>de</strong>r Magnus Silva<br />
P654 <strong>Uma</strong> <strong>experiência</strong> <strong>do</strong> <strong>front</strong>: a guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s e a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
da Bahia / Alexan<strong>de</strong>r Magnus Silva Pinheiro. -- Salva<strong>do</strong>r, 2009.<br />
265 f.<br />
Orienta<strong>do</strong>ra: Profa. Dra. Lina Maria Brandão <strong>de</strong> Aras<br />
Dissertação (mestra<strong>do</strong>) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Filosofia e Ciências Humanas, 2009.<br />
1.Canu<strong>do</strong>s (Ba) – história – Séc. XIX. 2. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia<br />
-<br />
História. 3. Bahia – História – Séc. XIX. I. Aras, Lina Maria Brandão <strong>de</strong>.<br />
II. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências<br />
Humanas.<br />
III.Título.<br />
CDD – 981.42<br />
______________________________________________________________________<br />
3
Libertas virorum fortium pectoras acuit.<br />
A liberda<strong>de</strong> anima o coração das pessoas valorosas.<br />
4
A minha família que s<strong>em</strong>pre acredita nos meus passos<br />
(Théa, dádiva que recebi e que há anos chamo <strong>de</strong> ‘minha mulher’;<br />
minha Mãe D. Santa, ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> corag<strong>em</strong>;<br />
minha irmã Mariana, personificação da ternura;<br />
e nosso lin<strong>do</strong> afilha<strong>do</strong> Carlos Miguel, reflexo da Mãe).<br />
5
AGRADECIMENTOS<br />
A Deus por me guiar na imensidão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
A minha orienta<strong>do</strong>ra Profª. Drª. Lina Maria Brandão <strong>de</strong> Aras, por acreditar<br />
piamente neste sonho <strong>de</strong> ver mais uma Canu<strong>do</strong>s nascer; por abrir suas portas para que<br />
consultáss<strong>em</strong>os nos seus livros e arquivos pessoais; por <strong>em</strong> nenhum momento, no<br />
<strong>de</strong>curso <strong>do</strong> trabalho mostrar-se cansada; por seu olhar humano acerca das virtu<strong>de</strong>s e<br />
vicissitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s indivíduos, pela sua atenção, inúmeras sugestões <strong>de</strong> leitura, por possuir<br />
um coração gigante e uma mente infinita. Enfim, Drª, s<strong>em</strong> palavras! Este trabalho<br />
também é seu.<br />
A UFBA – Profª. Drª. Maria Hilda Baqueiro Paraíso, Prof. Dr. Antonio<br />
Guerreiro <strong>de</strong> Freitas e <strong>de</strong>mais professores <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> e<br />
funcionários da Biblioteca Isaías Alves/FFCH: Sr. Davi Alberto Batista Santana, D.<br />
Lúcia Fonseca, Marina da Silva Santos e Dilzaná Oliveira Santos (a companheira); CEB<br />
(CENTRO DE ESTUDOS BAIANOS) – NÚCLEO SERTÃO / UFBA: Maria Zelinda<br />
Ferreira Lopes, Wilson Dias Macha<strong>do</strong> Filho, Juv<strong>em</strong>ário Pereira Miranda e Sr. Antonio<br />
Carlos Santos; ARQUIVO DA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA /<br />
TERREIRO DE JESUS: D. Vilma Lima Nonato <strong>de</strong> Oliveira, D. Francisca da Cunha<br />
Santos, D. Eliane da Cruz Santiago, Dr. Lamartine Silva e Dr. Tavares-Neto.<br />
BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA / SALVADOR - BARRIS:<br />
Célia Mattos, Lucinéia Rocha Macha<strong>do</strong>, Aline Fernan<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s Santos e Santos,<br />
Marinalva Pereira da Cruz, Rosania Nunes Damasceno, Sr. Luiz José <strong>de</strong> Carvalho e<br />
Miguel Telles.<br />
UNEB - CEEC (CENTRO DE ESTUDOS EUCLYDES DA CUNHA): Prof.<br />
Manoel Neto e Prof. José Carlos Pinheiro; PROJETO ‘A CAMINHO DOS SERTÕES<br />
DE CANUDOS’: Prof. Sérgio Guerra e Prof. Roberto Dantas.<br />
INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA: Profª. Drª. Consuelo<br />
Pondé e ao Bibliotecário Antonio Fernan<strong>do</strong> da Costa Pinto.<br />
PORTFOLIUM LABORATÓRIO DE IMAGENS: Antonio Olavo.<br />
MEMORIAL ANTONIO CONSELHEIRO / CANUDOS: Izailton <strong>de</strong> Almeida.<br />
FUNDAÇÃO PEDRO CALMON: Profª. Drª. Consuelo Novais Sampaio, Walter<br />
Oliveira e equipe <strong>de</strong> funcionários.<br />
FUNDAÇÃO CLEMENETE MARIANI: Comissão Organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> S<strong>em</strong>inário<br />
Permanente com Pesquisa<strong>do</strong>res Baianos.<br />
APEB (Arquivo Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia).<br />
ARQUIVO HISTÓRICO DO EXÉRCITO (RJ): ao Capitão Francisco José<br />
Corrêa Martins. To<strong>do</strong>s muito atenciosos que, s<strong>em</strong> pestanejar, me auxiliaram, ou na<br />
busca, ou na leitura <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos.<br />
A to<strong>do</strong>s os parentes da minha companheira Thea Lucia Ferreira da Silva que<br />
olharam com serieda<strong>de</strong> este trabalho; a minha Tia Maninha e um <strong>de</strong>staque relevante a<br />
minha Mãe baiana, Maria Edith Ferreira da Silva, que s<strong>em</strong>pre esteve a meu la<strong>do</strong>, fizesse<br />
chuva ou sol. Aos meus tios Nélio, Noélia, Nei<strong>de</strong> e Humberto pela confiança<br />
<strong>de</strong>positada, ao meu tio Bello, meus primos Débora Cristina e Ruan, pela atenção e<br />
incentivo.<br />
Aos meus cunha<strong>do</strong>s Rita Maria e Lourival Araújo por tu<strong>do</strong> e, sobretu<strong>do</strong>, me<br />
haver<strong>em</strong> aberto as portas <strong>de</strong> sua casa <strong>em</strong> momentos tão <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>s durante essa<br />
caminhada aqui <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r.<br />
Ao meu amigo catuense Marcelo Souza Oliveira, baita guerreiro e companheiro<br />
<strong>de</strong> trincheira <strong>em</strong> todas as horas.<br />
6
A to<strong>do</strong>s os colegas da turma <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> e Doutora<strong>do</strong> <strong>em</strong> História Social da<br />
UFBA <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2006-2 e 2007, que me alimentaram com câmeras fotográficas, livros,<br />
fontes, histórias e estórias sobre o sertão. Destaque à colega Silvia Noronha pela<br />
paciência e auxílio na elaboração <strong>do</strong>s gráficos <strong>em</strong> Excel, Junívio Pimentel, responsável<br />
pela adaptação <strong>do</strong>s mapas nesse trabalho e Janice Filipin, amiga <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>Graduação</strong>, que<br />
prontamente elaborou nosso abstract.<br />
Volto aos pampas com duas lástimas: primeiro, a <strong>de</strong> não ter conheci<strong>do</strong> o mestre<br />
José Calasans Brandão da Silva, erudito professor e <strong>de</strong>poente da luta sertaneja e,<br />
segun<strong>do</strong>, a <strong>de</strong> não ter visita<strong>do</strong> Canu<strong>do</strong>s e suas regiões adjacentes tantas vezes quanto<br />
gostaria.<br />
No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste trajeto, <strong>de</strong>sculpo-me com to<strong>do</strong>s se não atingi,<br />
satisfatoriamente, os anseios <strong>em</strong> mim <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s. Sou humano e meu trabalho seguirá<br />
s<strong>em</strong>pre na condição <strong>do</strong> erro e <strong>do</strong> acerto.<br />
Se alguém foi aqui esqueci<strong>do</strong>, por favor, tenha <strong>em</strong> mente meus eternos<br />
agra<strong>de</strong>cimentos.<br />
Ao Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)<br />
pela concessão da bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s.<br />
7
LISTAS<br />
LISTA DE IMAGEM<br />
Imag<strong>em</strong> – 1: Missa campal <strong>em</strong> Cansanção<br />
Imag<strong>em</strong> – 2: A chegada <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s à Estação da Calçada<br />
Imag<strong>em</strong> – 3: Corpo Médico <strong>em</strong> Monte Santo<br />
Imag<strong>em</strong> – 4: Presença <strong>do</strong> Corpo Sanitário <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s<br />
LISTA DE MAPAS<br />
Mapa – 1: Espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong>s acadêmicos no <strong>front</strong><br />
Mapa – 2: Canu<strong>do</strong>s: set<strong>em</strong>bro a <strong>de</strong>struição<br />
Mapa – 3: Hospitais <strong>de</strong> Sangue <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s<br />
LISTA DE GRAFICOS<br />
Gráfico – 1: Faixa etária <strong>do</strong>s combatentes<br />
Gráfico – 2: Distribuição das <strong>do</strong>enças I<br />
Gráfico – 3: Distribuição das <strong>do</strong>enças II<br />
Gráfico – 4: Distribuição regional <strong>do</strong>s combatentes<br />
8
LISTAS<br />
LISTA DE QUADROS<br />
Quadro – 1: Professores da FMB e suas respectivas disciplinas<br />
Quadro – 2: Descoberta <strong>de</strong> organismos patogênicos<br />
Quadro – 3: Mapa <strong>de</strong> Enfermaria I<br />
Quadro – 4: Mapa <strong>de</strong> Enfermaria II<br />
Quadro – 5: Mapa <strong>de</strong> Enfermaria III<br />
Quadro – 6: Efetivo Médico <strong>do</strong> Exército<br />
Quadro – 7: Listag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s exames <strong>de</strong> final <strong>de</strong> curso <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
LISTA DE ABREVIATURAS<br />
AFMB – Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia.<br />
APEB – Arquivo Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia.<br />
BPEB – Biblioteca Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia.<br />
FMB – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia.<br />
FPC – Fundação Pedro Calmon.<br />
9
RESUMO<br />
Este trabalho versa sobre a participação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Farmácia<br />
da Bahia na Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1897. Para atingir este objetivo, <strong>de</strong>stacamos as<br />
interpretações a respeito das diversas fases da guerra, levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a<br />
diversida<strong>de</strong> interpretativa que há sobre o t<strong>em</strong>a Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Delineamos,<br />
contextualmente, o universo político, social e econômico da Bahia quan<strong>do</strong> da dissolução<br />
<strong>do</strong> regime imperial no Brasil e a <strong>em</strong>ergência <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a republicano <strong>de</strong> governo, com o<br />
intuito <strong>de</strong> perceber alguns motivos que levaram ao vertiginoso crescimento <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong><br />
Antonio Conselheiro e seus segui<strong>do</strong>res. I<strong>de</strong>ntificamos as instituições que<br />
compartilharam com a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Farmácia da Bahia o contexto da<br />
guerra, b<strong>em</strong> como apresentamos o diálogo entre elas no transcorrer da batalha. A<br />
imersão e organização da Faculda<strong>de</strong> para suprir as insuficiências da guerra é analisada a<br />
partir <strong>do</strong> Livro <strong>de</strong> Atas da Congregação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Farmácia da Bahia<br />
(1889 – 1897), <strong>do</strong>s relatórios pós-guerra <strong>do</strong>s professores da Faculda<strong>de</strong>, <strong>do</strong>s Mapas das<br />
Enfermarias e das teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento, elaboradas pelos acadêmicos que atuaram nas<br />
enfermarias, tanto <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r quanto <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s. A to<strong>do</strong>s esses <strong>do</strong>cumentos<br />
correlacionamos com a <strong>do</strong>cumentação extra-Faculda<strong>de</strong>, isto é, imprensa, relatórios,<br />
or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> dia, entre outros. Apontamos os nomes <strong>do</strong>s professores da Faculda<strong>de</strong>, as<br />
disciplinas que lecionavam e, sobretu<strong>do</strong>, associamos seus relatórios com os mapas das<br />
enfermarias que dirigiram, ali <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>os seus sucessos e insucessos com os<br />
combatentes <strong>do</strong>entes e feri<strong>do</strong>s. Ao lidar com os estudantes <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Medicina e<br />
Farmácia, i<strong>de</strong>ntificamos os que se comprometeram com a guerra, como se comunicaram<br />
com os pais e com os colegas <strong>de</strong> Faculda<strong>de</strong>, como se organizaram para trabalhar nas<br />
enfermarias, e <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>os suas permanências na linha <strong>de</strong> fogo. Por fim, relacionamos<br />
suas práticas <strong>em</strong> combate com as teses <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> curso, ou seja, estabelec<strong>em</strong>os um<br />
paralelo entre o que foi vivi<strong>do</strong> e o que foi escrito.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Bahia – Canu<strong>do</strong>s – Faculda<strong>de</strong> – Medicina.<br />
ABSTRACT<br />
This work is about the participation of the Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Farmacia da<br />
Bahia (University of Medicine and Pharmacy of Bahia) in the War of Canu<strong>do</strong>s in 1897.<br />
To achive such goals, we consi<strong>de</strong>r the interpretations of the diverse phases of the war as<br />
well as the interpretative diversity conserning the Canu<strong>do</strong>s’ War subject. We<br />
<strong>de</strong>lineated the economic, social, and political universe of Bahia during the dissolution<br />
of the Imperial Regime in Brazil and <strong>em</strong>ergency of Republic. The goal was to perceive<br />
the causes of the impressive growth of the village comman<strong>de</strong>d by Antonio Conselheiro<br />
and his followers. We i<strong>de</strong>ntified the institutions sharing context of war with the<br />
University of Medicine and Pharmacy of Bahia as well as presented the dialog between<br />
such institutions in the course of war battle. The immersion and organization of the<br />
University supplying the <strong>de</strong>ficiencies of war is analyzed from the book of Minutes of<br />
the Congregation of the University of Medicine and Pharmacy of Bahia (1889 – 1897),<br />
of the University’s professors’ postwar reports, of the nurses’ maps, and of the postwar<br />
<strong>do</strong>ctored thesis elaborated by stu<strong>de</strong>nts in Salva<strong>do</strong>r and Canu<strong>do</strong>s. All <strong>do</strong>cuments are<br />
given a correlation with the extra-faculty <strong>do</strong>cumentation such as news, reports, and<br />
daily newspaper or<strong>de</strong>rs, among others. We pointed the university teachers’ names and<br />
the disciplines they taught, we associated their reports with the nurses’ maps, and we<br />
<strong>de</strong>scribed their successes and failures with concerning the injured and sick combatants.<br />
10
Upon <strong>de</strong>aling with the stu<strong>de</strong>nts of the course of Medicine and Pharmacy, we i<strong>de</strong>ntified<br />
the ones that were committed with the war, how they communicated with the parents<br />
and classmates, how they organized th<strong>em</strong>selves to work in the nurse stations, and we<br />
<strong>de</strong>scribe their permanence in the battle <strong>front</strong> lines. Finally, we relate their practice in<br />
battle with their end of course writings; in essence, we establish a parallel between what<br />
was lived and what was written.<br />
Key Words: Bahia, Canu<strong>do</strong>s, University, Medicine<br />
11
SUMÁRIO<br />
INTRODUÇÃO 13<br />
CAPÍTULO I CANUDOS E A SALVADOR DOS MILITARES<br />
CONVALESCENTES<br />
1.1. Um breve contexto 23<br />
1.2. Algumas Canu<strong>do</strong>s 28<br />
1.3. A fagulha 33<br />
1.4. O recru<strong>de</strong>scimento <strong>do</strong> cerco 35<br />
1.5. Os combatentes que chegavam 41<br />
1.6. A Salva<strong>do</strong>r que acolhia os combali<strong>do</strong>s 45<br />
1.7. Necessida<strong>de</strong>s hospitalares <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> guerra 52<br />
CAPÍTULO II A FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA POR<br />
DENTRO DA GUERRA<br />
2.1. A Faculda<strong>de</strong> entre mortos e feri<strong>do</strong>s 57<br />
2.2. <strong>Uma</strong> incursão nas enfermarias 69<br />
2.3. As curas, a crença na sciencia e o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong>s inciviliza<strong>do</strong>s 87<br />
CAPÍTULO III 75 LÉGUAS ENTRE A VIDA E A MORTE: OS<br />
ACADÊMICOS NO FRONT<br />
3.1. À linha <strong>de</strong> fogo 92<br />
3.2. A permanência nos Hospitais <strong>de</strong> Sangue 101<br />
3.3. Às theses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento 113<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS 128<br />
LISTA DE FONTES 132<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 133<br />
ANEXOS 138<br />
12
INTRODUÇÃO<br />
“Figur<strong>em</strong> uma tenda <strong>de</strong> palha, baixa, chão<br />
infecto, aqui e ali pedaços <strong>de</strong> carne, alguns <strong>em</strong><br />
princípio <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição, as moscas <strong>em</strong><br />
quantida<strong>de</strong> pousan<strong>do</strong> por toda a parte; e no<br />
meio <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isso uma onda humana, acocorada<br />
<strong>em</strong> parte, <strong>de</strong>itada outra e sobre ela trapos e<br />
roupa negra <strong>de</strong> terra e <strong>de</strong> sangue velho.” 1<br />
“... o surgimento progressivo da gran<strong>de</strong><br />
medicina <strong>do</strong> século XIX não po<strong>de</strong> ser<br />
dissocia<strong>do</strong> da organização, na mesma época, <strong>de</strong><br />
uma política da saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> uma consi<strong>de</strong>ração<br />
das <strong>do</strong>enças como probl<strong>em</strong>a político e<br />
econômico.” 2<br />
O t<strong>em</strong>po é um el<strong>em</strong>ento inquietante nesse trabalho. O perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que a<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia (FMB) atuou na Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>ria ser<br />
<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>em</strong> nove meses: <strong>de</strong>limitação entre a primeira ata a respeito <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s, assinada pelos m<strong>em</strong>bros da Congregação <strong>em</strong> 16 <strong>de</strong> março, até <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897, fim <strong>do</strong> ano letivo e encerramento das ativida<strong>de</strong>s nas enfermarias montadas para<br />
aten<strong>de</strong>r aos feri<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>entes provin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> conflito no sertão. 3<br />
Estes 09 meses não <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> a atuação da Faculda<strong>de</strong> na guerra por 02 motivos,<br />
<strong>de</strong>ntre vários: (A) alguns alunos que trabalharam nos hospitais <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r ou <strong>em</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s, como auxiliares <strong>do</strong>s professores ou <strong>do</strong>s médicos militares, posteriormente à<br />
guerra (alguns cerca <strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong>pois) mencionaram o que receberam da<br />
<strong>experiência</strong> no <strong>front</strong>; (B) estes mesmos estudantes, foram, mais tar<strong>de</strong>, professores<br />
daquela instituição e, <strong>em</strong> suas M<strong>em</strong>órias Históricas, voltariam a comentar os escombros<br />
da batalha contra o povo <strong>de</strong> Antonio Conselheiro.<br />
Na carência <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a extensão da guerra <strong>de</strong>ntro da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina, nosso perío<strong>do</strong> foi <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> entre o ano <strong>de</strong> 1897 e os primeiros anos <strong>do</strong><br />
século XX, fase <strong>em</strong> que os alunos os quais eram calouros durante o combate começaram<br />
a entregar suas teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento e registrar alguns apontamentos sobre o que<br />
1 PIEDADE, Lélis (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r). Histórico e Relatório <strong>do</strong> Comitê Patriótico da Bahia (1897 – 1901). 2ª<br />
edição organiza por Antônio Olavo. Bahia: Portfolium Editora, 2002. p. 198.<br />
2 FOUCAULT, Michel. Microfísica <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r. 2ª edição. São Paulo: Editora Graal, 1981. p. 194.<br />
3 Ver glossário das <strong>do</strong>enças no material <strong>em</strong> anexo.<br />
13
enfrentaram nos Hospitais <strong>de</strong> Sangue da linha <strong>de</strong> fogo e como compreen<strong>de</strong>ram o<br />
fenômeno Canu<strong>do</strong>s. Esse perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> participação da FMB, como ressaltamos, não se<br />
esgota a não ser no imediatismo <strong>de</strong> uma dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>, isto é, caminhamos<br />
até on<strong>de</strong> o t<strong>em</strong>po permitiu e a vista alcançou.<br />
Para <strong>de</strong>finirmos uma data final <strong>em</strong> nosso trabalho, o ano <strong>de</strong> 1902 po<strong>de</strong> ser<br />
encara<strong>do</strong> como o momento limite. O <strong>de</strong>finimos após a leitura da tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento<br />
<strong>do</strong> acadêmico <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto Torres que trabalhara durante o<br />
episódio <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s na enfermaria Kelulè, montada no Mosteiro <strong>de</strong> São Bento da<br />
capital baiana. Sua tese, <strong>de</strong>fendida naquele ano, intitula-se Feridas por projectis e seu<br />
tratamento <strong>em</strong> Campanha e será analisada <strong>em</strong> nosso Capítulo III.<br />
Não há lí<strong>de</strong>res nesse trabalho. Perpassamos <strong>de</strong> um ponto a outro da guerra.<br />
Nossos personagens não se restringiram às instituições, são conselheiristas, poetas,<br />
professores, estudantes <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Medicina e Farmácia, diretores, correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
guerra, escritores, advoga<strong>do</strong>s, farmacêuticos, industriais, governa<strong>do</strong>res, médicos,<br />
militares; quer dizer, correlacionamos to<strong>do</strong>s os que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> nos aproximar da<br />
multivocalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s e contribuir para atingir nosso objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>: analisar a<br />
participação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Pharmacia da Bahia na Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. E,<br />
se há um objeto abstrato <strong>em</strong> cada pesquisa<strong>do</strong>r(a), o nosso centrou-se <strong>em</strong><br />
monumentalizar ainda mais a saga <strong>do</strong>s que lutaram pela liberda<strong>de</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> beato.<br />
Chegamos à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia através <strong>de</strong> leituras sobre o t<strong>em</strong>a Canu<strong>do</strong>s<br />
e esbarramos na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporar e analisar mais um personag<strong>em</strong> no espaço da<br />
guerra.<br />
O que se preten<strong>de</strong> é dar voz a mais uma variante social que aparece no cotidiano<br />
bélico e que revela parte da realida<strong>de</strong>, a guerra prática. É permitir que alguns<br />
professores e alunos da Faculda<strong>de</strong> fal<strong>em</strong> através <strong>de</strong> suas anotações, cartas, relatórios e<br />
teses acadêmicas, com a ânsia <strong>de</strong> ampliar, conseqüent<strong>em</strong>ente, a marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> leitura sobre<br />
a guerra no arraial e suas nuances porque a diversida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s test<strong>em</strong>unhos históricos é<br />
quase infinita. 4<br />
Muitas obras consi<strong>de</strong>radas ‘clássicas’ sobre o conflito no s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong>, abordaram<br />
<strong>de</strong> maneira superficial a inserção <strong>do</strong>s médicos e acadêmicos na quadra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
Eucly<strong>de</strong>s da Cunha, particularmente <strong>em</strong> Os Sertões, apenas efetuou alguns comentários<br />
sobre o t<strong>em</strong>a. Ressalta-se a morte <strong>do</strong> médico Alfre<strong>do</strong> Gama (que não pertencia à<br />
4 BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor,<br />
2002. p. 79.<br />
14
Faculda<strong>de</strong> baiana) ao manusear um Withworth 32, canhão conheci<strong>do</strong> também como ‘a<br />
mata<strong>de</strong>ira’ 5 .<br />
“Aos feri<strong>do</strong>s que, <strong>em</strong> conseqüência das h<strong>em</strong>orragias, <strong>em</strong> voz áspera e rouca pela secura,<br />
suplicavam água, qu<strong>em</strong> podia aten<strong>de</strong>r?... Não havia um corpo <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para isto.<br />
Também nenhuma ração foi distribuída nos dias 18 e 19. [julho <strong>de</strong> 1897]<br />
Alguns morreram por esta falta <strong>de</strong> tratamento.<br />
A noite passou <strong>em</strong> claro. Toda a noite seguinte os médicos não <strong>do</strong>rmiram. Na porta das<br />
tendas <strong>do</strong> hospital <strong>de</strong> sangue, pela manhã <strong>de</strong> 20, 21 e 22, amanheceram mortos muitos<br />
feri<strong>do</strong>s que não pu<strong>de</strong>ram ser trata<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> médico, e gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />
enfermos.” 6 [grifo nosso].<br />
O capitão Manoel Benício i<strong>de</strong>ntificou <strong>em</strong> sua obra o tratamento <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s e a<br />
escassez <strong>de</strong> médicos e, como ver<strong>em</strong>os, <strong>em</strong> raras ocasiões, mencionou o aparecimento<br />
<strong>do</strong>s acadêmicos <strong>de</strong> Medicina e Farmácia da Faculda<strong>de</strong> baiana. Em A Campanha <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s, Aristi<strong>de</strong>s Milton comentou que <strong>em</strong> 27 <strong>de</strong> julho e 3 <strong>de</strong> agosto <strong>do</strong>is professores<br />
e 62 alunos da FMB marcharam <strong>em</strong> direção ao centro da guerra. Queimadas, Monte<br />
Santo e o Alto da Favela foram os postos <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s jovens expedicionários, to<strong>do</strong>s,<br />
segun<strong>do</strong> o autor, imbuí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> patriotismo e dignos <strong>do</strong>s maiores encômios que lhes<br />
cabiam. Concluiu, ainda <strong>em</strong> seu texto, que muitos alunos foram acometi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> varíola,<br />
mas sua narrativa sobre eles limitou-se a estas palavras. 7<br />
Outro ex<strong>em</strong>plo das análises efêmeras a respeito <strong>do</strong>s representantes da Faculda<strong>de</strong><br />
baiana no palco das operações é a carta escrita <strong>em</strong> 26 <strong>de</strong> agosto pelo coronel Fávila<br />
Nunes, envia<strong>do</strong> ao ambiente litigioso pela Gazeta <strong>de</strong> Notícias, <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Sua<br />
comunicação foi publicada no dia sete <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897 e informou aos leitores da<br />
capital fe<strong>de</strong>ral que “o corpo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> conta <strong>de</strong> cinco médicos, 17 estudantes <strong>de</strong><br />
Medicina da Bahia e <strong>do</strong>is farmacêuticos. Esses estudantes prestam patrioticamente os<br />
mais relevantes serviços, quer <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s até a linha <strong>de</strong> fogo, quer <strong>em</strong> Monte Santo<br />
que é ante-sala <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, quer finalmente <strong>em</strong> Queimadas.” 8<br />
Longe <strong>de</strong> indagar sobre a veracida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que se t<strong>em</strong> escrito a respeito da epopéia<br />
conselheirista, o que preten<strong>de</strong>mos com esse trabalho é também apresentar um ponto, ou<br />
pontos suscetíveis à reflexão. A história <strong>de</strong> Antônio Conselheiro e seus segui<strong>do</strong>res e,<br />
5<br />
CUNHA, Eucly<strong>de</strong>s da. Os Sertões. Coleção A Obra-Prima <strong>de</strong> cada Autor. São Paulo: Editora Martin<br />
Claret, 2002.<br />
6<br />
BENÍCIO, Manoel. O Rei <strong>do</strong>s jagunços – crônica histórica e <strong>de</strong> costumes sertanejos sobre os<br />
acontecimentos <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. 2ª edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FGV Editora, 1997. p. 198.<br />
7<br />
MILTON, Aristi<strong>de</strong>s A. A Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Coleção Cachoeira. vol. 2. Bahia: EDUFBA, 1979. p.<br />
117.<br />
8<br />
Carta <strong>de</strong> Favila Nunes ao jornal carioca Gazeta <strong>de</strong> Notícias publicada <strong>em</strong> 7 <strong>de</strong> set. <strong>de</strong> 1897. In:<br />
GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). No calor da hora. A guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s nos jornais – 4ª expedição.<br />
3ª edição. São Paulo: Ática, 1994. p. 366.<br />
15
sobretu<strong>do</strong>, seu entorno, isto é, a atmosfera social envolvida com a guerra, motiva<br />
perguntas e reestu<strong>do</strong>s. A bibliografia evi<strong>de</strong>ncia que correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> guerra,<br />
cor<strong>de</strong>listas 9 , jagunços 10 , ex-combatentes 11 , coronéis 12 , acadêmicos 13 , escritores 14 , <strong>de</strong>ntre<br />
outros, narraram, a seus mo<strong>do</strong>s, a trajetória <strong>do</strong> povo belomontense. Aquele também foi<br />
o momento da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Pharmacia da Bahia <strong>de</strong> expor sua opinião sobre<br />
a guerra, mas <strong>de</strong>staqu<strong>em</strong>os que “o inédito não é jamais perfeitamente inédito. Ele<br />
coabita com o repeti<strong>do</strong> ou o regular.” 15<br />
Assim, esse é mais um trabalho que pe<strong>de</strong> espaço na imensidão da estante da<br />
historiografia <strong>de</strong>dicada a interpretar a Campanha travada no Bello Monte. Nada <strong>do</strong> que<br />
está nestas linhas que segu<strong>em</strong> é <strong>de</strong>finitivo. O leitor(a) <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>(a) a procurar respostas e<br />
não lacunas, por favor, não se aproxime <strong>de</strong>ste material porque ele não traz explicações,<br />
mas interrogações. Esta dissertação é um convite à pesquisa e à interpretação sobre a<br />
relação entre Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia e Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
Para discorrer sobre as relações sociais, isto é, o comportamento <strong>do</strong> diretor, <strong>do</strong><br />
vice-diretor, <strong>do</strong>s professores e <strong>do</strong>s alunos da FMB no conflito, percorr<strong>em</strong>os alguns<br />
Arquivos da capital baiana e <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. As fontes, como por ex<strong>em</strong>plo, o<br />
Livro <strong>de</strong> Atas da Congregação, os relatórios pós-guerra <strong>do</strong>s professores, as M<strong>em</strong>órias<br />
Históricas da Faculda<strong>de</strong>, os Mapas das Enfermarias e as Teses <strong>de</strong> Doutoramento, to<strong>do</strong>s<br />
esses <strong>do</strong>cumentos foram consulta<strong>do</strong>s, e alguns transcritos no Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da Bahia, o que abreviamos, no corpo <strong>do</strong> texto, <strong>em</strong> AFMB; exceto uma<br />
enfermaria que, igualmente, reproduzimos parcialmente, está localizada no Arquivo<br />
Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia, APEB.<br />
Mais <strong>do</strong>cumentos – como o Relatório <strong>do</strong> Ministério da Guerra, publica<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
1898 (RMG – 1898), a M<strong>em</strong>ória publicada <strong>em</strong> 1922, mas escrita anos antes pelo diretor<br />
da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina à época da 4ª expedição militar <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, Antonio<br />
9<br />
SARA. J. Meu folclore – história da Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, 1893-1898. Biografia <strong>de</strong> Antonio Conselheiro.<br />
Sua vida <strong>em</strong> sua terra, o Ceará. Cocorobó <strong>de</strong>struirá Canu<strong>do</strong>s e restabelecerá os Belos Montes. 2ª ed.<br />
Eucli<strong>de</strong>s da Cunha – Bahia: Museu <strong>do</strong> Arraial Ben<strong>de</strong>ngó., 1957. p. 1-41. In: CALASANS, José. Canu<strong>do</strong>s<br />
na literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. São Paulo: Ática, 1984. p. 67.<br />
10<br />
CALASANS, José. Quase biografia <strong>de</strong> jagunços (O séquito <strong>de</strong> Antonio Conselheiro). Centro <strong>de</strong><br />
Estu<strong>do</strong>s Baianos (CEB). Bahia: EDUFBA, 1986. n. 122.<br />
11<br />
SOARES, Henrique Duque-Estrada <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>. A guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. 3ª edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Instituto Nacional <strong>do</strong> Livro. Philobiblion / Pró-m<strong>em</strong>ória, 1985.<br />
12<br />
SAMPAIO, Consuelo Novais (org.). Canu<strong>do</strong>s – Cartas para o Barão. 2ª edição. São Paulo: EDUSP,<br />
2001.<br />
13<br />
MANGABEIRA, Francisco Cavalcanti. Poesias (nova edição) – Hostiário, Tragédia Épica e últimas<br />
poesias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Edição <strong>do</strong> Annuario <strong>do</strong> Brasil, s/d.<br />
14<br />
CUNHA, Eucli<strong>de</strong>s da. Canu<strong>do</strong>s – diário <strong>de</strong> uma expedição. São Paulo: Editora Martim Claret, 2003.<br />
15<br />
BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre história. 2ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 96. A<br />
primeira edição <strong>em</strong> francês é <strong>de</strong> 1969.<br />
16
Pacífico Pereira, e algumas cartas pessoais – foram consulta<strong>do</strong>s na Biblioteca Pública<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia, BPEBA e na Fundação Pedro Calmon (FPC – Centro <strong>de</strong> M<strong>em</strong>ória<br />
da Bahia). Neste primeiro Arquivo, lançamos mão da imprensa baiana <strong>do</strong> final daquele<br />
Oitocentos com intuito <strong>de</strong> tornar o nosso estu<strong>do</strong> o mais inteligível.<br />
A historiografia <strong>de</strong>dicada a narrar as quatro expedições militares enviadas ao<br />
arraial <strong>de</strong> Antonio Vicente foi pesquisada <strong>em</strong> <strong>do</strong>is Arquivos: um, o acervo <strong>do</strong> Prof. José<br />
Calasans Brandão da Silva, conheci<strong>do</strong> como CEB: Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Baianos – Núcleo<br />
Sertão (localiza<strong>do</strong> na Biblioteca Central Reitor Mace<strong>do</strong> Costa, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
da Bahia); já o outro, M<strong>em</strong>orial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, no município <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> realizamos<br />
algumas leituras.<br />
Para recompor o cenário espacial <strong>em</strong> que professores, enfermeiros, médicos <strong>do</strong><br />
Exército e estudantes <strong>de</strong> Medicina e Farmácia percorreram para tratar os feri<strong>do</strong>s e<br />
<strong>do</strong>entes da guerra, lançamos mão <strong>do</strong>s mapas que estão distribuí<strong>do</strong>s entre o terceiro<br />
capítulo <strong>de</strong>ssa dissertação e o material <strong>em</strong> anexo. Paralelo às imagens, ilustramos a<br />
localização, tanto <strong>do</strong>s Hospitais <strong>de</strong> Sangue estrutura<strong>do</strong>s na linha <strong>de</strong> fogo e na<br />
retaguarda, quanto o espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong>s acadêmicos expedicionários pelo<br />
interior da Bahia.<br />
Três capítulos compõ<strong>em</strong> este trabalho. No primeiro capítulo, elaboramos uma<br />
análise contextual da Bahia <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XIX, relançan<strong>do</strong> olhares acerca <strong>de</strong> sua<br />
estrutura econômica, política e social. Para este fim, trabalhamos com autoras(es)/obras<br />
<strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s a explicar os motivos que levaram a Bahia a integrar, <strong>de</strong> forma secundária, o<br />
Brasil da República Velha. Crise econômica, <strong>de</strong>savenças políticas e pre<strong>do</strong>mínio da<br />
pobreza entre a maior parte da população rural e citadina foram os el<strong>em</strong>entos que mais<br />
nos <strong>de</strong>tiv<strong>em</strong>os, pois foi a partir dali que compreen<strong>de</strong>mos o crescimento <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s.<br />
I<strong>de</strong>ntificamos nesse primeiro capítulo alguns matizes interpretativos sobre a<br />
guerra no sertão da Bahia e procuramos distinguir cada um <strong>de</strong>les, isto é, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>os<br />
uma apreciação que levou <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração: a Canu<strong>do</strong>s vista pelos militares das três<br />
primeiras expedições; a guerra no versejar <strong>do</strong>s poetas; a percepção da Igreja ante o<br />
fenômeno sertanejo; o Conselheiro da imprensa baiana, carioca, paulista e sergipana; o<br />
antro monarquista que ameaçava a politicalha da República; e a obra <strong>de</strong> seu maior<br />
pesquisa<strong>do</strong>r, José Calasans Brandão da Silva. A to<strong>do</strong>s, foram-lhes ofertadas uma<br />
explanação sobre àquela história.<br />
17
Revisitamos as narrativas sobre as três primeiras expedições militares enviadas<br />
para <strong>de</strong>struir o arraial <strong>do</strong> beato cearense, mas nosso ponto nevrálgico centrou-se no<br />
universo da 4ª investida <strong>do</strong> exército. Fora a partir <strong>de</strong>la que a capital Salva<strong>do</strong>r passou a<br />
palco das investidas da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina no trato <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s da guerra. Para<br />
<strong>de</strong>senhar o universo, que recebeu os <strong>do</strong>entes e combali<strong>do</strong>s das trincheiras <strong>do</strong>s jagunços<br />
acólitos <strong>do</strong> beato, percorr<strong>em</strong>os a capital entre seus becos e vielas. Enquanto os solda<strong>do</strong>s<br />
feri<strong>do</strong>s caíam <strong>em</strong> seus leitos, invadimos os encanamentos <strong>do</strong>s esgotos da Bahia,<br />
revolv<strong>em</strong>os suas águas, mais, analisamos a água <strong>do</strong>s professores da Faculda<strong>de</strong>. Nossa<br />
curiosida<strong>de</strong> nos levou a vasculhar o sist<strong>em</strong>a urbano-sanitário da cida<strong>de</strong> que recebeu<br />
mortos e feri<strong>do</strong>s.<br />
Diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> varíola, sífilis, impaludismo, bronquite, inanição... pestes<br />
aliadas às feridas causadas por armas <strong>de</strong> fogo assaltaram nossas vistas no momento <strong>em</strong><br />
que a<strong>de</strong>ntramos nas enfermarias on<strong>de</strong> professores e alunos lutavam para minorar a <strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong>s que ainda sobreviviam. Os hospitais não pareciam o local <strong>do</strong> viver, mas sim <strong>do</strong><br />
morrer. 16 Solda<strong>do</strong>s alucina<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>lirantes corriam <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> a outro <strong>do</strong> hospital<br />
procuran<strong>do</strong> o que comer e o que beber. Fome, peste e guerra, ‘trinômio medieval’ que<br />
se reproduziu na Bahia <strong>do</strong>s últimos meses <strong>de</strong> 1897. E, ao finalizar a primeira parte <strong>do</strong><br />
trabalho, presenciamos um encontro tenso entre os professores da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina e os m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong> Comitê Patriótico da Bahia. A guerra <strong>em</strong>anava um ambiente<br />
constrange<strong>do</strong>r <strong>em</strong> que ninguém queria sentir-se ameaça<strong>do</strong>, muito menos, os médicos.<br />
Dedicamos nosso segun<strong>do</strong> capítulo a discutir os motivos que levaram a FMB a<br />
entrar no con<strong>front</strong>o e quais os personagens que a acompanharam naquela <strong>em</strong>preitada.<br />
Como ver<strong>em</strong>os, a morte <strong>do</strong> coronel Antonio Moreira César era parte <strong>de</strong> uma<br />
engrenag<strong>em</strong>, mas não o motor. O fracasso <strong>do</strong> coronel “corta-cabeças” estr<strong>em</strong>eceu a<br />
nação, a imprensa, o governa<strong>do</strong>r, o presi<strong>de</strong>nte, mas para o diretor e para os integrantes<br />
da Congregação da Faculda<strong>de</strong>, o arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s ainda não aparecia como<br />
<strong>em</strong>ergencial.<br />
O Ministério da Guerra precisava <strong>do</strong> apoio da Faculda<strong>de</strong>, mesmo com corpo<br />
sanitário <strong>em</strong> prontidão? Os professores e alunos da Faculda<strong>de</strong> precisavam <strong>de</strong> recursos<br />
<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r Luis Viana ou <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Moraes para ganhar as<br />
caatingas e sentir o zuni<strong>do</strong> da bala? Aliás, qu<strong>em</strong> solicita a qu<strong>em</strong> nesta trama? Qu<strong>em</strong> é<br />
16 Mais sobre o t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> DAVID, Onil<strong>do</strong> Reis. O inimigo invisível: epi<strong>de</strong>mia na Bahia <strong>do</strong> século XIX.<br />
Bahia: EDUFBA, 1996.<br />
18
protagonista e qu<strong>em</strong> é coadjuvante? Estas são algumas perguntas que tentar<strong>em</strong>os<br />
respon<strong>de</strong>r <strong>em</strong> nosso segun<strong>do</strong> capítulo.<br />
Aqui nessa segunda parte, localizamos os professores, as disciplinas que<br />
ministravam <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, seus relatórios narran<strong>do</strong> a relação com os feri<strong>do</strong>s e<br />
<strong>do</strong>entes. Procuramos expor por on<strong>de</strong> andaram, o que fizeram, como fizeram, qu<strong>em</strong><br />
foram os alunos que lhes auxiliaram, qu<strong>em</strong> foram os solda<strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s e se lhes faltaram<br />
ou não material para tratar os feri<strong>do</strong>s. Mergulhamos nossa análise no clorofórmio para<br />
perceber as causas que morriam os oficiais e solda<strong>do</strong>s, se <strong>de</strong> malária ou <strong>de</strong> projétil, e<br />
porque um se não o outro.<br />
Este segun<strong>do</strong> capítulo também cont<strong>em</strong>pla a única enfermaria estruturada na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alagoinhas para receber e medicar os feri<strong>do</strong>s civis <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, ou seja, os(as)<br />
conselheiristas na condição <strong>de</strong> prisioneiras(os). Afora a extr<strong>em</strong>a violência com que<br />
foram tratadas(os), procuramos saber qu<strong>em</strong> esteve na enfermaria. Somente homens, ou<br />
mulheres, ou crianças? Quais as <strong>do</strong>enças que pre<strong>do</strong>minaram naquela unida<strong>de</strong>? Qual o<br />
<strong>de</strong>stino <strong>do</strong>s(as) que lutaram pela liberda<strong>de</strong>?<br />
A guerra significava o fim para alguns e o início para outros(as). Os alunos que<br />
chegavam <strong>do</strong> <strong>front</strong> à capital da Bahia, se apressavam para prestar seus últimos exames<br />
<strong>de</strong> final <strong>de</strong> ano. Antes <strong>de</strong> encaminhar nossa narrativa <strong>em</strong> direção à participação <strong>do</strong>s<br />
estudantes <strong>de</strong> Medicina e Farmácia na guerra (t<strong>em</strong>a <strong>do</strong> nosso terceiro e último capítulo),<br />
alinhavamos alguns parágrafos por outros méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cura que não àquele da FMB. Na<br />
Bahia, como <strong>em</strong> outras capitais da República, o contexto da medicina acadêmica ou das<br />
artes <strong>de</strong> curar, eram tão complexos e plurais quanto o da guerra.<br />
Como já indica<strong>do</strong>, a terceira parte <strong>de</strong> nossa dissertação apresenta a participação<br />
<strong>do</strong>s alunos da Faculda<strong>de</strong> na guerra. Procuramos <strong>de</strong>screver as implicações que levaram<br />
aqueles jovens a se lançar<strong>em</strong> ao interior <strong>do</strong> sertão com a consciência <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>riam<br />
voltar ao lar ou não. Passo a passo entramos na Estação da Calçada <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r e -<br />
entre Queimadas, Cansanção, Monte Santo e Canu<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> montarias – acompanhamos<br />
os estudantes e evi<strong>de</strong>nciamos suas angustias na quadra <strong>do</strong> conflito.<br />
Jovens acadêmicos, entorpeci<strong>do</strong>s pelo pensamento republicano, pelo<br />
positivismo, porta-vozes <strong>de</strong> um setor da elite baiana, propagavam a idéia <strong>de</strong> um vilarejo<br />
repleto <strong>de</strong> bandi<strong>do</strong>s e fanáticos. Alvim Martins Horca<strong>de</strong>s, calouro <strong>de</strong> Medicina, expôs<br />
sua opinião sobre o combate e abor<strong>do</strong>u republicanos e conselheiristas dizen<strong>do</strong> que<br />
“... os solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong>fensores das instituições republicanas contra as garras <strong>do</strong> fanatismo<br />
estóico <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> irmãos <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s pereciam <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, não só victima<strong>do</strong>s<br />
19
pelas balas certeiras <strong>do</strong>s <strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s da Lei, como também por lhes faltar um pouquinho<br />
<strong>de</strong> alento, <strong>de</strong> conforto e <strong>de</strong> allivio às chagas que traziam no corpo, abertas por estes<br />
<strong>de</strong>svaira<strong>do</strong>s, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a causa santa da Pátria, da Or<strong>de</strong>m e da Lei.” 17<br />
No entanto, a este segmento social, nos interessamos por mais narrativas sobre a<br />
guerra, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> o trabalho <strong>do</strong>s alunos que foram à frente <strong>de</strong> batalha quanto <strong>do</strong>s que<br />
permaneceram <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r. Ele apresentara uma outra representação <strong>do</strong> fenômeno<br />
Canu<strong>do</strong>s. Na linha <strong>de</strong> fogo, figurava como m<strong>em</strong>bro da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e, já que<br />
futuros médicos, como lidar com a malária, com a varíola, com a fome, com a se<strong>de</strong>,<br />
to<strong>do</strong>s estavam longe <strong>do</strong>s laboratórios da Faculda<strong>de</strong>? Desertar? Permanecer na frente <strong>de</strong><br />
batalha? Pegar <strong>em</strong> armas para segurança pessoal já que o Exército não cumpria frente<br />
aos <strong>de</strong>fensores <strong>do</strong> Bello Monte?<br />
O pernambucano Agostinho <strong>de</strong> Araújo Jorge, aluno quartanista <strong>do</strong> curso <strong>de</strong><br />
Medicina, quan<strong>do</strong> da quadra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, levara as l<strong>em</strong>branças da guerra para sua tese<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento, <strong>de</strong>fendida <strong>em</strong> 1899, <strong>do</strong>is anos após o combate. Intitulada<br />
Contribuição ao estu<strong>do</strong> das águas potáveis – como meio productor e propaga<strong>do</strong>r das<br />
moléstias infectuosas, sua dissertação relata o <strong>de</strong>scalabro pelo qual passaram as tropas<br />
<strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral ante o bacamarte <strong>do</strong>s conselheiristas. Ainda o autor, como<br />
test<strong>em</strong>unha ocular, trouxe-nos aspectos pormenoriza<strong>do</strong>s das tropas enviadas a Canu<strong>do</strong>s.<br />
O que sentiam e <strong>do</strong> qu<strong>em</strong> sofriam os solda<strong>do</strong>s e oficiais, e como seus colegas se<br />
comportaram <strong>em</strong> momentos cruciais da Campanha.<br />
“Ao atravessar aquella villa [Monte Santo], on<strong>de</strong> me achava então dirigin<strong>do</strong> o Lazare<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s variolosos, mais <strong>de</strong> um official foi victima da febre typhica.<br />
Tiv<strong>em</strong>os ainda que lamentar o fallecimento, pelo mesmo mal <strong>de</strong> um bravo colega, s<strong>em</strong><br />
que, todavia se po<strong>de</strong>sse atribuir a água.<br />
Uns, esgota<strong>do</strong>s pelas marchas, outros, mina<strong>do</strong>s por procedimentos anteriores <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>s quaes o organismo ficava <strong>de</strong>paupera<strong>do</strong> e conseqüent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
receptivida<strong>de</strong>, eram victimas <strong>de</strong>sse mal...”. 18 [grifo nosso]<br />
Um <strong>de</strong>talhe, se 62 alunos foram ao teatro da guerra, qu<strong>em</strong> escreveu sobre o<br />
con<strong>front</strong>o? Os que voltaram se <strong>de</strong>dicaram a mostrar sua versão da guerra? Alguns<br />
silenciaram suas l<strong>em</strong>branças a respeito <strong>do</strong> que viram e ouviram? Como lidaram com as<br />
<strong>do</strong>enças? Conheciam os alunos o mal das águas ou procuravam os vetores <strong>em</strong> plena<br />
linha <strong>de</strong> fogo? Antonio Nicanor Martins Barbosa, que nada mencionara a respeito <strong>de</strong><br />
sua <strong>experiência</strong> no Hospital <strong>de</strong> Sangue <strong>em</strong> Queimadas, unida<strong>de</strong> esta <strong>em</strong> que o sextanista<br />
17<br />
HORCADES, Alvim Martins. Descrição <strong>de</strong> uma viag<strong>em</strong> a Canu<strong>do</strong>s. Bahia: EGBA-EDUFBA, 1996. p.<br />
2.<br />
18<br />
JORGE, Agostinho <strong>de</strong> Araújo. Contribuição ao estu<strong>do</strong> das águas potáveis – como meio productor e<br />
propaga<strong>do</strong>r das moléstias infectuosas. (1899). p. 42 e 43. In: AFMB – THESES. Código da tese: 099 –<br />
D.<br />
20
<strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Medicina trabalhara <strong>em</strong> auxílio <strong>do</strong>s médicos militares e enfermeiros, que<br />
por ali havia, <strong>de</strong>stacou <strong>em</strong> sua tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento que:<br />
“Por muito t<strong>em</strong>po se acreditou, quan<strong>do</strong> attribuiam ao contagio a natureza gazoza, ser<br />
por via <strong>do</strong> ar que se effetuava elle; mas as conquistas da bacteriologia têm <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> b<strong>em</strong><br />
estatuí<strong>do</strong> que os agentes pathogenos consubstancia<strong>do</strong>s no vírus <strong>do</strong> contagio são<br />
el<strong>em</strong>entos figura<strong>do</strong>s, microorganismos, que se po<strong>de</strong>m diss<strong>em</strong>inar não só pelo ar, sinão<br />
também, e até com facilida<strong>de</strong>, pelos objectos contamina<strong>do</strong>s ou pela água.<br />
Outro meio freqüente <strong>de</strong> vehiculação <strong>do</strong>s agentes epi<strong>de</strong>migenicos consiste no contacto<br />
<strong>do</strong>s indivíduos com objectos contamina<strong>do</strong>s, como peças <strong>do</strong> vestuário ou roupas <strong>do</strong> leito,<br />
instrumentos e objectos <strong>de</strong> curativos ou outros que estiveram <strong>em</strong> contacto com<br />
enfermos, e até o próprio médico ou enfermeiro, que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sgraçadamente ser<br />
muitas vezes, na perfeita inconsciência <strong>do</strong> mal que vão causar, os porta<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s germes<br />
<strong>de</strong> moléstias epidêmicas, contra os quaes, etretanto, vibram abnegadamente as melhores<br />
armas <strong>de</strong> sua nobre profissão.” 19<br />
Aliás, este é um el<strong>em</strong>ento <strong>em</strong> relevo <strong>de</strong>ntro da terceira parte <strong>do</strong> trabalho. Para<br />
i<strong>de</strong>ntificar os estudantes da FMB como participantes da Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, bastou que<br />
seus nomes 20 figurass<strong>em</strong> <strong>em</strong> algum relatório <strong>do</strong>s professores, que foss<strong>em</strong> cita<strong>do</strong>s pelos<br />
militares, pelos jornalistas correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> guerra, farmacêuticos <strong>em</strong> Campanha,<br />
através <strong>do</strong>s jornais tanto da capital baiana ou fora <strong>de</strong>la. Vasculhamos na lista <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s <strong>do</strong> AFMB <strong>de</strong> 1897 e ainda pesquisamos cartas pessoais entre pais, mães e<br />
filhos combatentes. A partir <strong>de</strong>sta coleta, elaboramos uma tabela que está na parte anexa<br />
ao trabalho.<br />
Neste terceiro capítulo, i<strong>de</strong>ntificamos o momento <strong>em</strong> que os estudantes<br />
chegaram aos Hospitais <strong>de</strong> Sangue <strong>do</strong> Exército e analisamos os primeiros traços <strong>do</strong><br />
convívio entre alunos e médicos militares, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> quais os resulta<strong>do</strong>s daquela troca.<br />
Nenhum aluno po<strong>de</strong>ria atuar s<strong>em</strong> o consentimento <strong>de</strong> um médico <strong>do</strong> Exército. Aliás, o<br />
que sabiam os alunos sobre amputações, medicina militar, feridas por armas <strong>de</strong> fogo e<br />
extração <strong>de</strong> projétil? Entre a teoria e a prática da Faculda<strong>de</strong> baiana, <strong>em</strong> que ‘altura’<br />
epist<strong>em</strong>ológica estavam os acadêmicos?<br />
As últimas páginas <strong>do</strong> nosso trabalho preten<strong>de</strong>m respon<strong>de</strong>r às perguntas<br />
anteriormente levantadas. Contu<strong>do</strong>, o nosso trabalho é lacunar e não um apanha<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
frases afirmativas. Esperamos que esse trabalho interesse aos pesquisa<strong>do</strong>res(as)<br />
<strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s a estudar o t<strong>em</strong>a Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, aos historiógrafos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da Bahia ou <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, porque não? Aos médicos <strong>do</strong> Exército, aos que<br />
ainda perceb<strong>em</strong> um vazio nas histórias da solda<strong>de</strong>sca na linha <strong>de</strong> fogo... Nossos anexos<br />
19 BARBOSA, Antonio Nicanor Martins. Breves consi<strong>de</strong>rações sobre as epi<strong>de</strong>mias. (1897). p. 7 e 8. In:<br />
AFMB – THESES. Código da tese: 097 – C.<br />
20 GINZBURG, Carlo. A micro-história e outros ensaios. Lisboa/Rio <strong>de</strong> Janeiro: Difel/Bertrand Brasil,<br />
1989. p. 174.<br />
21
na parte final da dissertação serv<strong>em</strong> para indicar horizontes. Ali os leitores(as) apostarão<br />
suas análises <strong>em</strong> ‘material bruto’ e i<strong>de</strong>ntificarão o que não foi escrito e o que foi<br />
aborda<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma superficial.<br />
Os anexos possu<strong>em</strong> o intuito <strong>de</strong> convidar os leitores(as) a mergulhar <strong>em</strong> cada<br />
enfermaria e tirar suas próprias conclusões. Olhar para o relatório <strong>do</strong>s professores da<br />
FMB e enxergar além <strong>do</strong> que apontamos. To<strong>do</strong>s os que assim proce<strong>de</strong>r<strong>em</strong>, sugerin<strong>do</strong><br />
alterações e expon<strong>do</strong> críticas, estarão alargan<strong>do</strong> ainda mais as margens da imensidão <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s. Este é nosso objetivo com o material que transcrev<strong>em</strong>os e refletimos no<br />
<strong>de</strong>curso <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>.<br />
Boa leitura!<br />
22
CAPÍTULO I<br />
CANUDOS E A SALVADOR DOS MILITARES CONVALESCENTES<br />
1.1. Um breve contexto<br />
“...<strong>de</strong>talhes ainda não revela<strong>do</strong>s ou esqueci<strong>do</strong>s<br />
por alguns historia<strong>do</strong>res; e outros há que necessitam ser<br />
amplia<strong>do</strong>s ou corrigi<strong>do</strong>s para que se possa formar o<br />
quadro mais verda<strong>de</strong>iro daquela tragédia social.” 21<br />
“Em nenhuma outra região <strong>do</strong> país ocorreu<br />
situação similar fosse porque havia maior liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pensamento e circulação <strong>de</strong> idéias; fosse pelo fato <strong>do</strong><br />
latifúndio não haver ocupa<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o espaço vital; por<br />
ser o Esta<strong>do</strong> mais dadivoso, ou finalmente, porque a<br />
Natureza não se apresentava tão cruel.” 22<br />
“Como t<strong>em</strong>a histórico, Canu<strong>do</strong>s está longe <strong>de</strong><br />
ser o que Gilberto Freyre gostava <strong>de</strong> chamar, <strong>em</strong> sua<br />
linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> pintor, bananeira que <strong>de</strong>u cacho. (...)<br />
Que a passag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s 110 Anos da Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s evite o caminho apenas rui<strong>do</strong>so <strong>de</strong> celebrações<br />
anteriores, e se faça motivo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> da cultura<br />
brasileira como Gilberto Freyre recomendava: com<br />
mais pontos <strong>de</strong> interrogação e menos pontos <strong>de</strong><br />
exclamação.” 23<br />
Canu<strong>do</strong>s permanece com sua marca intocada e seu t<strong>em</strong>po incomensurável na<br />
história. O <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> cada guerra, <strong>em</strong> qualquer t<strong>em</strong>po/espaço, projeta uma varieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> campos a ser<strong>em</strong> estuda<strong>do</strong>s. Estratégias militares, cont<strong>em</strong>plan<strong>do</strong> fracassos e sucessos,<br />
economia com escassez ou fartura, imprensa ten<strong>de</strong>nciosa ou não e fé cega na vitória são<br />
aspectos que rondam to<strong>do</strong> e qualquer combate, seja qual for o la<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s que morr<strong>em</strong> ou<br />
<strong>do</strong>s que matam. No mais ári<strong>do</strong> sertão ou na mais fria terra, isto é, tanto a guerra no<br />
sertão ou longe dali, permite ao historia<strong>do</strong>r notar que “o passa<strong>do</strong> é, por <strong>de</strong>finição, um<br />
21 SILVA, Alberto Martins da. O Apoio <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> na Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. In: Rio <strong>de</strong> Janeiro: Revista<br />
<strong>do</strong> Exército Brasileiro. n. 127(1): 12 / 25, jan/mar, 1990. p. 12.<br />
22 ARAS, José. No sertão <strong>do</strong> Conselheiro. Bahia: Contexto e Arte Editorial, 2003. p. 150.<br />
23 MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano <strong>de</strong>. A Guerra total <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. São Paulo: A Girafa Editora, 2007.<br />
p. 19.<br />
23
da<strong>do</strong> que nada mais modificará. Mas o conhecimento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> é uma coisa <strong>em</strong><br />
progresso, que incessant<strong>em</strong>ente se transforma e aperfeiçoa.” 24<br />
As histórias ao re<strong>do</strong>r da Campanha travada no Belo Monte, <strong>em</strong> nenhum<br />
momento, durante seus 11 meses <strong>de</strong> existência, se esgotaram na historiografia <strong>de</strong>dicada<br />
aos fenômenos sociais da República Velha. A intensida<strong>de</strong> da peleja conselheirista e sua<br />
repercussão nacional preencheram os arquivos particulares e os públicos, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
<strong>de</strong>zessete esta<strong>do</strong>s da fe<strong>de</strong>ração à época, mostran<strong>do</strong> que <strong>de</strong> uma guerra passa-se<br />
facilmente para várias guerras.<br />
Nossa preocupação, neste momento, está <strong>em</strong> ler e reler <strong>do</strong>cumentos, abrir mais<br />
<strong>do</strong> que fechar lacunas, tatear um território extr<strong>em</strong>amente sensível para a história <strong>do</strong><br />
Brasil e da Bahia. Crentes <strong>em</strong> nossas limitações frente à vastidão <strong>do</strong>cumental que<br />
envolve a saga <strong>de</strong> Antonio Vicente Men<strong>de</strong>s Maciel ou, o peregrino Conselheiro, e seu<br />
séqüito, preten<strong>de</strong>mos expor mais uma narrativa, retoman<strong>do</strong> olhares da contenda<br />
ocorrida no sertão baiano.<br />
Para isso, utilizar<strong>em</strong>os recursos das diversas fases que envolv<strong>em</strong> a historiografia<br />
sobre o t<strong>em</strong>a, como <strong>de</strong>finiu José Calasans. Na análise <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r sergipano, a<br />
historiografia <strong>de</strong>dicada a esmiuçar a vida <strong>de</strong> Antonio Conselheiro e seus segui<strong>do</strong>res<br />
divi<strong>de</strong>-se <strong>em</strong> três fases. A primeira compreen<strong>de</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1874 a 1902, isto é, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o surgimento <strong>do</strong> beato cearense, na região <strong>de</strong> Sergipe, até a publicação <strong>de</strong> Os Sertões; a<br />
segunda fase, que se esten<strong>de</strong>u até a década <strong>de</strong> 50 <strong>do</strong> século XX, está marcada pela<br />
heg<strong>em</strong>onia euclidiana, ou seja, a gama <strong>de</strong> interpretação sobre o episódio <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s<br />
que nascia a partir <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s da Cunha; e, a última fase, <strong>em</strong> que José Calasans <strong>de</strong>fine<br />
on<strong>de</strong> “se iniciou uma revisão <strong>do</strong> assunto com pesquisas esclarece<strong>do</strong>ras, à luz <strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>rnas contribuições <strong>de</strong> feição histórica e sociológica.” 25<br />
Inicialmente, cabe <strong>de</strong>stacar que nossa sensação ao estudarmos as histórias <strong>do</strong><br />
povo belomontense, está muito perto <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Manuel Figueire<strong>do</strong>, envia<strong>do</strong> ao<br />
palco das operações pelo periódico carioca A Notícia e, naturalmente, uma test<strong>em</strong>unha<br />
ocular da refrega. Segun<strong>do</strong> o correspon<strong>de</strong>nte, “cada hom<strong>em</strong>, solda<strong>do</strong> ou paisano que<br />
regressa <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, conta a sua história, boa ou má, feia ou bonita conforme a ín<strong>do</strong>le<br />
24<br />
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício <strong>de</strong> historia<strong>do</strong>r. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor,<br />
2002. p. 75.<br />
25<br />
CALASANS, José. Canu<strong>do</strong>s não-euclidiano – Fase anterior ao início da Guerra <strong>do</strong> Conselheiro. In:<br />
SAMPAIO Neto, José Augusto Vaz; SERRÃO, Magaly <strong>de</strong> Barros Maia; MELLO, Maria Lucia Horta<br />
Lu<strong>do</strong>lf e URURAHY, Vanda Maria Bravo. Canu<strong>do</strong>s – Subsídios para sua reavaliação histórica. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: Fundação Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa, 1986. p. 1.<br />
24
<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r.” 26 A dúvida permanente será o fio condutor <strong>do</strong> nosso trabalho porque, “o<br />
historia<strong>do</strong>r, por <strong>de</strong>finição, está na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ele próprio constatar os fatos que<br />
estuda.” 27<br />
Antonio <strong>do</strong>s Mares, Antonio Conselheiro, Santo Antônio Apareci<strong>do</strong> ou<br />
simplesmente, peregrino, como também podia ser chama<strong>do</strong>, catalisou <strong>em</strong> seu entorno,<br />
milhares <strong>de</strong> sertanejos <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e melhores condições <strong>de</strong> vida. Logo,<br />
“Canu<strong>do</strong>s acabou se constituin<strong>do</strong> na materialização <strong>do</strong> sonho sertanejo” 28 , reunin<strong>do</strong><br />
pessoas e histórias caras à historiografia nacional. Sua <strong>de</strong>votada andança pelos<br />
recônditos sertões <strong>de</strong> Sergipe, Ceará, Pernambuco e Bahia lhe ren<strong>de</strong>u amigos e<br />
inimigos. 29<br />
Na gênese da República brasileira, os projetos políticos eram limita<strong>do</strong>s 30 , o<br />
Exército, então no po<strong>de</strong>r, encontrava-se <strong>de</strong>sorganiza<strong>do</strong>, parte significativa <strong>do</strong> território<br />
nacional permanecia alheia às autorida<strong>de</strong>s e um setor da Igreja não compreendia o<br />
universo da caatinga 31 . Essas carências foram evi<strong>de</strong>nciadas <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s e são alguns<br />
<strong>do</strong>s motivos da extensão <strong>de</strong> sua importância. Numa expressão <strong>de</strong> nossa parte, talvez<br />
exagerada, foi a guerra que <strong>de</strong>snu<strong>do</strong>u as mazelas <strong>do</strong> Brasil republicano, ou melhor, a <strong>do</strong><br />
país das oligarquias.<br />
Há guerras <strong>de</strong>ntro da guerra, por conseguinte, há Canu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo.<br />
A imprensa brasileira no fragor da Campanha, <strong>de</strong>dicada a expor sua pena por sobre a<br />
“tróia <strong>de</strong> taipa”, subscreveu, com mais uma série <strong>de</strong> segmentos sociais, o reduto <strong>do</strong> Belo<br />
Monte como uma horda <strong>de</strong> bárbaros, fanáticos e bandi<strong>do</strong>s, porque se a história <strong>de</strong>ve ser<br />
vista <strong>em</strong> várias dimensões 32 , essa foi a a<strong>do</strong>tada pelos jornais que forneciam as notícias<br />
da guerra a uma pequena parcela da população brasileira, a <strong>do</strong>s que sabiam ler.<br />
A primeira ponta biográfica <strong>do</strong> peregrino cearense está no jornal sergipano O<br />
Rabu<strong>do</strong>, periódico crítico, chistoso, anedótico e noticioso, “o jornalista d’O Rabu<strong>do</strong><br />
levanta a suspeita <strong>de</strong> haver o peregrino cometi<strong>do</strong> algum crime, sen<strong>do</strong> a singularida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> viver uma forma <strong>de</strong> penitência, se não um meio <strong>de</strong> fugir à ação da<br />
26 Carta escrita <strong>em</strong> Monte Santo, 25 e julho <strong>de</strong> 1897. Publicada no periódico carioca <strong>em</strong> 6 e 7 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />
1897. In: GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). (1994). Op. cit. p. 409.<br />
27 BLOCH, Marc. (2002). Op. cit. p. 69.<br />
28 VILLA, Marco Antonio. Canu<strong>do</strong>s – o povo da terra. São Paulo: Ática, 1995. p. 83.<br />
29 CALASANS, José. (1997). Op. cit. p. 43.<br />
30 CARVALHO, José Murilo <strong>de</strong>. Os Bestializa<strong>do</strong>s – O Rio <strong>de</strong> Janeiro e a República que não foi. 3ª<br />
edição. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. p. 24 e 25.<br />
31 OLIVEIRA, Wálney da Costa. Sertão vira<strong>do</strong> <strong>do</strong> avesso: a República na região <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Bahia:<br />
UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas. (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>). 2000. p. 24 e 25.<br />
32 BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a história. 2 ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 176. 1ª<br />
edição <strong>em</strong> 1969.<br />
25
Justiça.” 33 Vinte e três anos <strong>de</strong> imprensa no Brasil, isto é, perío<strong>do</strong> que comporta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
aparecimento <strong>do</strong> beato (1874) à sua morte (1897), ao menos um parágrafo que fosse,<br />
ininterruptamente, os jornais con<strong>de</strong>naram o arraial.<br />
Nesse espaço t<strong>em</strong>poral, anônimos <strong>de</strong> rodapé, escritores, bacharéis, aca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong><br />
medicina e direito, militares e intelectuais, compactuaram numa só direção: “Canu<strong>do</strong>s é<br />
apenas um aci<strong>de</strong>nte monstruoso das aluviões morais <strong>do</strong> sertão...” 34 . Os correspon<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>do</strong>s periódicos Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Gazeta <strong>de</strong> Notícias, Jornal <strong>do</strong> Comércio, O País,<br />
A Notícia, para citarmos alguns trabalha<strong>do</strong>s por Walnice Nogueira Galvão 35 , disputaram<br />
com mannlichers e comblains um lugar ao sol, parte significativa daqueles periódicos<br />
com a incumbência <strong>de</strong> projetar <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s o espaço da anti-república.<br />
O prestígio <strong>do</strong> Conselheiro com seus segui<strong>do</strong>res retroalimentava-se <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
com as acusações que sofria. A população <strong>do</strong> Belo Monte formara-se <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> das<br />
secas, da fome e da fuga ao man<strong>do</strong>nismo <strong>do</strong>s coronéis, <strong>de</strong>ntre outros fatores. To<strong>do</strong>s<br />
esses aspectos, leva<strong>do</strong>s às últimas consequências, permitiram que o arraial se<br />
estruturasse <strong>de</strong> forma oposta ao Brasil.<br />
Numa breve panorâmica pela economia e pela política baiana no final <strong>do</strong> século<br />
XIX, po<strong>de</strong> nos auxiliar na compreensão <strong>do</strong> crescimento <strong>de</strong>sta região <strong>do</strong> s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong><br />
baiano. Para isso, lançar<strong>em</strong>os mão <strong>de</strong> alguns autores que se <strong>de</strong>dicam a estudar o<br />
contexto que <strong>de</strong>lineava a Bahia durante o final <strong>do</strong> Oitocentos. Para Al<strong>do</strong> José Morais da<br />
Silva, <strong>em</strong> seu estu<strong>do</strong> sobre a formação <strong>do</strong> Instituto Geográfico e Histórico da Bahia,<br />
funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1894, houve uma série <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos que influenciaram a Bahia a<br />
permanecer na retaguarda econômica e política <strong>do</strong> ‘Brasil cafeeiro’. 36<br />
No transcorrer da República Velha (1889 – 1930), o esta<strong>do</strong> da Bahia mostrava-<br />
se pouco diferente quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com a estrutura econômica da fase imperial.<br />
Especificamente sobre a economia baiana <strong>do</strong> pós-proclamação, ainda persistiam as<br />
características, tanto da fase colonial quanto imperial, ou seja, <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s<br />
merca<strong>do</strong>s internacionais, economia interna <strong>de</strong>ficitária e uma precária relação <strong>de</strong><br />
33 CALASANS, José. (1986). Op. cit. p. 2.<br />
34 Texto <strong>de</strong> Ruy Barbosa. In: HOORNAERT, Eduar<strong>do</strong>. Os anjos <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s – uma revisão histórica. 3ª<br />
edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora Vozes, 1998. p. 90.<br />
35 GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). No calor da hora: a guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s nos jornais – 4ª<br />
expedição. 3ª edição. São Paulo: Ática, 1994.<br />
36 SILVA, Al<strong>do</strong> José Morais. Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – orig<strong>em</strong> e estratégias <strong>de</strong><br />
consolidação institucional (1894-1930). Bahia: UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas.<br />
(Tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong>). 2006. p. 35 a 49.<br />
26
comunicação entre suas regiões, o que, conseqüent<strong>em</strong>ente limitava a gestação e, por<br />
conseguinte, a dinamização <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> interno. 37<br />
Na transposição <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>saceleração econômica, já que suscetível e<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, à uma r<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lação político-social, “dá-se uma acomodação tácita <strong>do</strong>s<br />
diferentes setores sociais, o que implicou na preservação das práticas, valores e<br />
instituições presentes na Bahia imperial...” 38 E, posteriormente, quan<strong>do</strong> da extensão da<br />
crise, compl<strong>em</strong>enta dizen<strong>do</strong> que, “...<strong>em</strong> fins <strong>do</strong> século XIX, cerca <strong>de</strong> 90% da população<br />
soteropolitana encontrava-se <strong>em</strong> condição <strong>de</strong> pobreza, sen<strong>do</strong> b<strong>em</strong> provável que esse<br />
índice possa ser estendi<strong>do</strong> às <strong>de</strong>mais regiões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.” 39<br />
O Brasil, guardadas as nuanças respectivas, não fugiu às características da<br />
província anteriormente <strong>de</strong>scrita. O perío<strong>do</strong> colonial e imperial permanecera política e<br />
socialmente <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> na recém proclamada república. Um abismo separava duas<br />
classes: <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, senhores <strong>de</strong> engenho, bacharéis, titulares da nobiliarquia <strong>do</strong> regime<br />
<strong>de</strong>posto, fazen<strong>de</strong>iros e aristocratas, to<strong>do</strong>s viven<strong>do</strong> à base da produção <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>,<br />
composta massivamente por ex-escravos, agrega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> latifúndio e, <strong>em</strong> menor escala,<br />
<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res citadinos. 40<br />
Dentro <strong>de</strong> uma proporção entre o nacional e o local, estreitam-se, para nós, no<br />
que diz respeito à dimensão fundiária <strong>do</strong> Brasil, a manutenção <strong>de</strong> uma mão <strong>de</strong> obra que,<br />
apesar <strong>de</strong> livre, acumulava traços <strong>de</strong> escravidão, à continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma teia <strong>de</strong><br />
prestígios seculares, <strong>de</strong>ntre outras similitu<strong>de</strong>s. Bahia e Brasil carregavam os mesmos<br />
traços. Na opinião <strong>de</strong> Marco Antonio Villa,<br />
“...os últimos anos <strong>do</strong> Império e os primeiros da República representavam, para a Bahia,<br />
um momento <strong>de</strong> estagnação econômica com evi<strong>de</strong>ntes reflexos na política regional. As<br />
intestinas lutas pelo po<strong>de</strong>r, a constante tensão, a alta rotativida<strong>de</strong> no governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
– <strong>de</strong> 1889 a 1892 foram sete governa<strong>do</strong>res <strong>em</strong> menos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos e meio – <strong>de</strong>monstram<br />
a enorme dificulda<strong>de</strong> da oligarquia baiana <strong>de</strong> estabelecer um projeto político estável.<br />
Com o esvaziamento econômico foram reforça<strong>do</strong>s os laços <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação,<br />
principalmente no campo, impedin<strong>do</strong> o paulatino estabelecimento <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m<br />
pública que reduzisse o po<strong>de</strong>r priva<strong>do</strong> <strong>do</strong>s latifundiários.<br />
A presença permanente da seca e a ausência <strong>de</strong> uma política pública para enfrentá-la, as<br />
constantes divergências intra-oligárquicas – que se intensificam no momento das<br />
eleições – transformaram o perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> um martírio permanente para a população<br />
sertaneja. Os gran<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>as nacionais (República, fe<strong>de</strong>ralismo e outros) somente<br />
interessavam à elite, pois passavam ao largo das questões essenciais à sobrevivência <strong>do</strong>s<br />
sertanejos. O novo regime, na medida <strong>em</strong> que aprofun<strong>do</strong>u os conflitos entre os<br />
37<br />
FREITAS, Antonio Fernan<strong>do</strong> Guerreiro <strong>de</strong>. “Eu vou para Bahia”: a construção da regionalida<strong>de</strong><br />
cont<strong>em</strong>porânea. Bahia: ANÁLISE & DADOS. v.9. n. 4. 2000. p. 26.<br />
38<br />
SILVA, Al<strong>do</strong> José Morais da. (2006). p. 35.<br />
39<br />
I<strong>de</strong>m. p. 60.<br />
40<br />
MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano <strong>de</strong>. (2007). Op. cit. p. 38.<br />
27
<strong>do</strong>minantes pelo controle da res publica, representou para a sofrida população rural uma<br />
intensificação da exploração econômica.” 41<br />
Pelos estu<strong>do</strong>s contextuais até aqui aponta<strong>do</strong>s, na Bahia o ambiente mostrava-se<br />
convidativo a uma série <strong>de</strong> protestos. Fosse no interior ou <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r, a população que<br />
estava sujeita aos man<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>sman<strong>do</strong>s das oligarquias e das autorida<strong>de</strong>s na capital,<br />
organizaram formas <strong>de</strong> resistência das mais variadas. Mais um <strong>de</strong>talhe no âmbito<br />
político-social nos traz a historia<strong>do</strong>ra Consuelo Novais Sampaio,<br />
“..., enquanto a República prenunciava prosperida<strong>de</strong> econômica e renovação política<br />
para o Centro-Sul <strong>do</strong> país, para o Nor<strong>de</strong>ste, e para a Bahia <strong>em</strong> particular, ela significava,<br />
aos olhos das elites, agravamento <strong>do</strong> marasmo econômico, perda <strong>de</strong> prestígio político e<br />
ameaça <strong>de</strong> conturbação política e social.<br />
..., a massa da população, na base da pirâmi<strong>de</strong>, vivia <strong>em</strong> miseráveis condições <strong>de</strong> vida.<br />
A maioria esmaga<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>sse estrato inferior encontrava-se na zona rural, trabalhan<strong>do</strong><br />
sob condições s<strong>em</strong>i-servis, ou numa situação mista <strong>de</strong> assalaria<strong>do</strong> e pequeno agricultor.<br />
As formas prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> escravidão fora substituídas pela subordinação econômica e<br />
submissão pessoal, agravada pelo aprimoramento das relações paternalísticas sob novo<br />
regime republicano. As migrações rurais, constantes <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong>, contribuíram<br />
para agravar o probl<strong>em</strong>a da mão-<strong>de</strong>-obra no campo e para engrossar a população<br />
marginalizada das cida<strong>de</strong>s, principalmente na Capital. (...), a maioria esmaga<strong>do</strong>ra da<br />
camada inferior da socieda<strong>de</strong> era constituída <strong>de</strong> analfabetos e, segun<strong>do</strong> as regras elitistas<br />
<strong>do</strong> jogo político, estava impedida <strong>de</strong> manifestar-se politicamente, através <strong>do</strong> voto.” 42<br />
Das análises aqui apresentadas, <strong>de</strong>stacam-se mais alguns el<strong>em</strong>entos retilíneos:<br />
crise econômica, conturbadas relações sociais, consecutivas migrações causadas pelas<br />
secas e, consequent<strong>em</strong>ente, fome crônica <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> famílias sertanejas. Esse<br />
contexto po<strong>de</strong> nos servir <strong>de</strong> explicação para o vertiginoso crescimento <strong>do</strong> vilarejo<br />
instituí<strong>do</strong> no interior da Bahia.<br />
1.2. Algumas Canu<strong>do</strong>s<br />
A cida<strong>de</strong>la <strong>de</strong> Antonio Vicente projetava-se como a antítese <strong>do</strong>s fragmentos<br />
acima alinhava<strong>do</strong>s. Escolas, equilíbrio na distribuição da produção 43 , economia<br />
41 VILLA, Marco Antonio. (1995). Op. cit. p. 127.<br />
42 SAMPAIO, Consuelo Novais. Parti<strong>do</strong>s Políticos da Bahia na Primeira República – uma política da<br />
acomodação. Bahia: EDUFBA, 1999. p. 32 e 40.<br />
43 MACEDO, Nertan. M<strong>em</strong>orial <strong>de</strong> Vilanova – o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> último sobrevivente da Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1964. Nas palavras <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente Honório Vilanova à<br />
Nertan Mace<strong>do</strong>: Gran<strong>de</strong> era a Canu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> meu t<strong>em</strong>po. Qu<strong>em</strong> tinha roça tratava da roça, na beira <strong>do</strong> rio.<br />
Qu<strong>em</strong> tinha ga<strong>do</strong> tratava <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. Qu<strong>em</strong> tinha mulher e filhos tratava da mulher e <strong>do</strong>s filhos. Qu<strong>em</strong><br />
gosta <strong>de</strong> reza ia rezar. De tu<strong>do</strong> se tratava porque a nenhum pertencia e era <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, pequenos e gran<strong>de</strong>s,<br />
na regra ensinada pelo Peregrino. p. 67. Ver também BOMBINHO, Manoel Pedro das Dores. (2002)<br />
Op. cit. p. 199. Era rico o sertão <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s / Roças e mandioca <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> / Muita carne frita e até<br />
feijão / Havia ali é isso uma verda<strong>de</strong>. verso nº. 262.<br />
28
dinamizada 44 , entendimento direto com as li<strong>de</strong>ranças <strong>do</strong> Belo Monte 45 , faziam dali uma<br />
esperança para uns que nada <strong>de</strong>sejavam a não ser a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu mun<strong>do</strong> e, para outros,<br />
uma <strong>de</strong>sesperança, que nada <strong>de</strong>sejavam se não a <strong>de</strong>struição daquele mun<strong>do</strong>.<br />
Há na historiografia <strong>de</strong>dicada a Canu<strong>do</strong>s, estu<strong>do</strong>s que perceb<strong>em</strong> as unhas da<br />
politicalha da República <strong>do</strong>s coronéis na região <strong>do</strong> s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong>. As altercações <strong>de</strong>ntro das<br />
Ass<strong>em</strong>bléias e <strong>do</strong>s gabinetes <strong>do</strong>s sena<strong>do</strong>res – vianistas, gonçalvistas, ger<strong>em</strong>oabistas,<br />
florianistas golpistas e republicanos <strong>de</strong> última hora – disputavam a fama <strong>do</strong> arraial com<br />
o objetivo <strong>de</strong> enfraquecer algumas das partes na refrega pelo po<strong>de</strong>r, fosse ele central ou<br />
local. 46<br />
Em muitos momentos, no <strong>de</strong>correr das quatro expedições militares contra os<br />
conselheiristas, vários políticos foram acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> respirar ares monarquistas e seriam<br />
supostos a<strong>de</strong>ptos <strong>do</strong> Bom Jesus. Wálney da Costa Oliveira, <strong>em</strong> sua análise sobre o<br />
episódio <strong>do</strong> Belo Monte, aponta que parte significativa da visibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fenômeno<br />
Canu<strong>do</strong>s, “está relacionada às transformações ocorridas com a instalação da República,<br />
<strong>em</strong> sua relação com a reor<strong>de</strong>nação administrativa, que não entrou <strong>em</strong> conflito com a<br />
manutenção <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a local <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>senrolou-se <strong>em</strong> meio a uma crise econômica<br />
que acentuou os conflitos sociais.” 47 O mesmo autor menciona, ainda <strong>em</strong> suas linhas,<br />
um outro t<strong>em</strong>a peculiar à saga <strong>de</strong> Antonio <strong>do</strong>s Mares e seus conflitos, “a inserção <strong>do</strong><br />
Conselheiro no cotidiano <strong>do</strong> sertão está relacionada com os vazios <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s pela Igreja<br />
nos sertões. Essas populações viven<strong>do</strong> <strong>em</strong> precárias condições materiais, s<strong>em</strong> apoio<br />
institucional, viam-se, também, aban<strong>do</strong>nadas pela religião..." 48<br />
Do Relatório <strong>do</strong> missionário capuchinho João Evangelista Monte Marciano à<br />
inserção nas missas campais, alguns representantes da Igreja exerceram quase que uma<br />
capelania castrense durante a Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, abençoan<strong>do</strong> aos que lá morriam<br />
44<br />
Mais aspectos sobre o t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> PINHEIRO, José da Costa. e VILLA, Marco Antonio. CALASANS – um<br />
<strong>de</strong>poimento para a história. Bahia: UNEB – Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Eucly<strong>de</strong>s da Cunha (CEEC), 1998. p. 42.<br />
Segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poente: A maioria <strong>do</strong>s proprietários da região mantinha boas relações com o Conselheiro,<br />
a não ser o Coronel José Américo, que tomou posição contra o Conselheiro, os outros não! O<br />
Macambira é um hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> recursos. Outra coisa, o Antonio da Mota e o Macambira mantiveram<br />
relações comerciais com Juazeiro, com Monte Santo, com Santa Lúcia. O chefe lá <strong>de</strong> Santa Lúcia,<br />
Coronel Zé Leitão, mantinha contato com Canu<strong>do</strong>s, porque estava <strong>em</strong> paz com o Conselheiro.<br />
45<br />
CALASANS, José. (1986). Op. cit. p. 36, 37 e 38. Ver também <strong>em</strong> BOMBINHO, Manoel Pedro das<br />
Dores. Canu<strong>do</strong>s, história <strong>em</strong> versos. Op. cit. 267. Pajeú, João Aba<strong>de</strong> e Vilanova / João Francisco,<br />
Fogueteiro e Macambira / Quadra<strong>do</strong> e outros generais / Que ao Conselheiro confiança lhes inspira.<br />
verso nº. 127.<br />
46<br />
SAMPAIO, Consuelo Novais (org.). Canu<strong>do</strong>s – Cartas para o Barão. 2ª edição. São Paulo: EDUSP,<br />
2001. p. 35.<br />
47<br />
OLIVEIRA, Walney da Costa. (2000). Op. cit. p. 10 a 17. Neste trabalho o autor faz uma interessante<br />
análise <strong>do</strong> joguete das oligarquias baianas com Canu<strong>do</strong>s, apontan<strong>do</strong>-o como o motivo <strong>do</strong> fracasso da<br />
segunda expedição sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> major Febrônio <strong>de</strong> Brito.<br />
48<br />
I<strong>de</strong>m. p. 23.<br />
29
ou matavam. Ali, naquela região, a Igreja estava distante das dificulda<strong>de</strong>s sertanejas e,<br />
portanto, alheia às suas providências. Deste mo<strong>do</strong> ficava mais próxima <strong>do</strong>s<br />
acampamentos militares e, consequent<strong>em</strong>ente, da República.<br />
Imag<strong>em</strong> - 1<br />
MISSA CAMPAL EM CANSANÇÃO<br />
FONTE: ALMEIDA, Cícero Antonio F. <strong>de</strong>. Canu<strong>do</strong>s: imagens da guerra. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Museu da<br />
República/Lacerda Editores, 1997. p. 96 e 97.<br />
Afora a imag<strong>em</strong> acima – <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática pela presença <strong>do</strong> ministro da guerra<br />
Carlos Macha<strong>do</strong> Bittencourt, <strong>do</strong> general Carlos Eugênio <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Guimarães e <strong>do</strong><br />
escritor Eucly<strong>de</strong>s da Cunha – os relatos da presença e serviços da Igreja <strong>em</strong> coligação<br />
com o Exército, tanto no campo das operações militares quanto na capital baiana, são<br />
varia<strong>do</strong>s. O farmacêutico e jornalista Amaro Lélis Pieda<strong>de</strong>, secretário <strong>do</strong> Comitê<br />
Patriótico da Bahia <strong>em</strong> Cansanção (ver mapa no Capítulo III) sentia-se “cada vez mais<br />
entusiasma<strong>do</strong> com os estudantes <strong>de</strong> medicina e os fra<strong>de</strong>s que auxiliavam tão<br />
espontaneamente o Comitê.” 49 Mais ex<strong>em</strong>plos acerca <strong>do</strong> envolvimento da Igreja na<br />
49 PIEDADE, Lélis (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r). (2002). Op. cit. 158.<br />
30
Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, cabe mencionar o relatório da Santa Casa no ano da guerra <strong>em</strong><br />
que,<br />
“Com relação a crise aguda porque passaram os feri<strong>do</strong>s na lucta <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, no anno <strong>de</strong><br />
1897, <strong>de</strong> que ainda conservamos viva l<strong>em</strong>brança pela successão <strong>de</strong> factos lamentáveis<br />
que se <strong>de</strong>ram nesta Capital, <strong>de</strong>vo dizer-vos; não foi indifferente a Santa Casa,<br />
consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que estavam repletos <strong>de</strong> enfermos os hospitais militar e outros abertos<br />
pelo Governo, pôz a Mesa a disposição <strong>do</strong> E xm . Sr. General Commandante <strong>do</strong> Districto<br />
vinte logares no Hospital Santa Izabel para tratamento <strong>de</strong> praça <strong>de</strong> Linha daquella<br />
procedência...” 50<br />
Por outro la<strong>do</strong> e, ainda, na mesma marg<strong>em</strong> religiosa, vigários como Antonio<br />
Agripino da Silva Borges e Vicente Sabino <strong>do</strong>s Santos, esse último, integrante da<br />
missão <strong>de</strong> Monte Marciano <strong>em</strong> maio <strong>de</strong> 1895, abriram, <strong>de</strong> quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> vez, suas portas<br />
para o ofício <strong>de</strong> Antonio Maciel. José Calasans, após intensa pesquisa sobre as<br />
construções e reconstruções <strong>de</strong> igrejas e c<strong>em</strong>itérios feitas por Antonio Conselheiro e<br />
seus segui<strong>do</strong>res, comenta que “choviam os pedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s pontos mais distancia<strong>do</strong>s, não<br />
sen<strong>do</strong> alheios aos mesmos os próprios vigários das freguesias, que faziam concessões ao<br />
Bom Jesus Conselheiro, permitin<strong>do</strong> mesmo suas pregações.” 51<br />
Como po<strong>de</strong>mos notar, as dimensões da história <strong>do</strong> Belo Monte são diversas. Há,<br />
a nosso ver, um aspecto interessante na atmosfera que <strong>de</strong>lineia a Campanha sertaneja.<br />
Se existe, qual é o pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> que compôs a luta no sertão? Num <strong>de</strong>talhe súbito, o<br />
personag<strong>em</strong>, ou melhor, os agentes ali envolvi<strong>do</strong>s, que <strong>de</strong>senham um plano secundário,<br />
po<strong>de</strong>m passar à priorida<strong>de</strong> da trama, como já <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a ín<strong>do</strong>le <strong>do</strong><br />
porta<strong>do</strong>r. Deste mo<strong>do</strong>, compactuamos com a idéia <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r francês <strong>em</strong> que “...a<br />
história se nos aparece como um espetáculo fugidio, movediço, feito <strong>do</strong> entrelaçamento<br />
<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as inextrincavelmente mistura<strong>do</strong>s e que po<strong>de</strong> tomar, alternadamente, c<strong>em</strong><br />
aspectos diversos e contraditórios.” 52<br />
Cada narrativa, longe <strong>de</strong> questioná-la como real ou irreal, oficial ou não, seja ela<br />
a <strong>do</strong> mais valente conselheirista ou a <strong>do</strong> mais <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> militar, carrega no seu bojo<br />
vicissitu<strong>de</strong>s e virtu<strong>de</strong>s inerentes ao palco das operações. Em meio a uma teia <strong>de</strong><br />
informações, ou seja, <strong>de</strong><strong>front</strong>e <strong>de</strong> um quebra-cabeça, “a história não traz mais (n<strong>em</strong><br />
menos) um conhecimento verda<strong>de</strong>iro <strong>do</strong> real..., é absolutamente ilusório querer<br />
classificar e hierarquizar as obras <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res <strong>em</strong> função <strong>de</strong> critérios<br />
50 CAMPOS, Manoel <strong>de</strong> Souza. RELATÓRIO APRESENTADO A MESA E JUNTA DA SANTA CASA DA<br />
MISERICÓRDIA DA CAPITAL DO ESTADO DA BAHIA – biênio 1897 – 1898. Bahia: 1899. p. 10 e 11.<br />
51 CALASANS, José. (1997). Op. cit. p. 63.<br />
52 BRAUDEL. Fernand. (2005). Op. cit. 22.<br />
31
epist<strong>em</strong>ológicos indican<strong>do</strong> sua maior ou menor pertinência para dar conta da realida<strong>de</strong><br />
passada...” 53 .<br />
Manoel Pedro das Dores Bombinho, João <strong>de</strong> Souza Cunegun<strong>de</strong>s, João<br />
Melchia<strong>de</strong>s Ferreira da Silva e José Aras, <strong>de</strong>ntre outros, formam, outrossim, mais uma<br />
dimensão <strong>do</strong> combate trava<strong>do</strong> na cida<strong>de</strong>la belomontense, a <strong>do</strong>s verseja<strong>do</strong>res sobre as<br />
agruras da Campanha. Dentre as coletas efetuadas por José Calasans que, “dir-se-ia que<br />
versejar ajuda a combater” 54 , esses poetas e suas frases versadas foram <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> a<br />
outro <strong>do</strong> litígio sertanejo. Alguns satirizaram as tropas republicanas e seus lí<strong>de</strong>res,<br />
outros abordavam <strong>em</strong> suas sentenças as atitu<strong>de</strong>s a<strong>do</strong>tadas pelo governo baiano e fe<strong>de</strong>ral<br />
e há, também, aquelas <strong>de</strong>dicadas à grei <strong>do</strong> Conselheiro.<br />
“As guerras têm representa<strong>do</strong> um <strong>de</strong>safio permanente para os escritores, não só para os<br />
que se <strong>de</strong>dicam à história - nos primórdios, simples crônica <strong>de</strong> trata<strong>do</strong>s e batalhas, como<br />
sab<strong>em</strong>os - senão para tantos ficcionistas, até mesmo poetas, que se <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> atrair pela<br />
exaceração <strong>de</strong> energias humanas que os conflitos provocam, vão encontrar no<br />
extraordinário <strong>de</strong>ssas circunstâncias o impulso para o seu projeto nas letras.” 55<br />
No calor da hora ou na m<strong>em</strong>ória, suas frases historiaram a saga <strong>de</strong> Vicente<br />
Maciel e seu séquito e, se a m<strong>em</strong>ória t<strong>em</strong> sua história 56 , aceitamos a noção <strong>do</strong><br />
historia<strong>do</strong>r inglês <strong>de</strong> que “a função <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r é ser o guardião da m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong>s<br />
acontecimentos públicos quan<strong>do</strong> escritos para proveito <strong>do</strong>s atores, para proporcionar-<br />
lhes fama, e também <strong>em</strong> proveito da posterida<strong>de</strong>, para apren<strong>de</strong>r com o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong>les.” 57<br />
1876 e 1893. No primeiro momento, na região <strong>do</strong> Itapicuru <strong>de</strong> Cima, o Bom<br />
Jesus Conselheiro foi preso e encaminha<strong>do</strong> a Fortaleza. No segun<strong>do</strong>, já na última<br />
década <strong>do</strong> século XIX, ocorreu o retorno <strong>do</strong> asceta cearense à Canu<strong>do</strong>s. Entre aqueles<br />
<strong>de</strong>zessete anos, alguns choques ocorreram entre conselheiristas e as forças militares<br />
enviadas ao interior da Bahia.<br />
“... ao atrair o trabalha<strong>do</strong>r rural com sua prédica – falan<strong>do</strong>-lhes o que queriam e tinham<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir – e oferecen<strong>do</strong>-lhes terras férteis às margens <strong>do</strong> Vaza-Barris,<br />
Antonio Conselheiro contribuiu para que as fazendas e povoa<strong>do</strong>s circunvizinhos<br />
praticamente se esvaziass<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> que os fazen<strong>de</strong>iros nada pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> fazer.” 58<br />
53<br />
CHARTIER, Roger. A história hoje: dúvidas, <strong>de</strong>safios, propostas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Revista Estu<strong>do</strong>s<br />
Históricos. Volume 7. n. 13, 1994. p. 106. Site:<br />
http://www.cp<strong>do</strong>c.fgv.br/revista/asp/dsp_edicao.asp?cd_edi=31 Acesso <strong>em</strong>: 11/10/2008.<br />
54<br />
CALASANS, José. Canu<strong>do</strong>s na literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. São Paulo: Editora Ática, 1984. p. 2.<br />
55<br />
MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano. (2007). Op. cit. p. 71.<br />
56<br />
LE GOFF, Lacques. M<strong>em</strong>ória – História. Vol.1. Lisboa: Enciclopédia Einaudi. Imprensa Nacional –<br />
Casa da Moeda, nov. /1985. p. 44.<br />
57<br />
BURKE, Peter. Varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> história cultural. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p. 69.<br />
58<br />
SAMPAIO, Consuelo Novais. (2001). Op. cit. p. 35 e 36.<br />
32
A ressonância das pregações <strong>de</strong> Antonio Vicente sobre a cobrança <strong>de</strong> impostos,<br />
as <strong>de</strong>núncias a respeito da <strong>de</strong>ssacralização <strong>do</strong> novo regime <strong>em</strong> vigor e, sobretu<strong>do</strong>, o<br />
expressivo crescimento <strong>de</strong> seu grupo, que, para o arraial acorria, caminhavam <strong>em</strong><br />
direção contrária aos interesses <strong>do</strong>s chefes locais.<br />
1.3. A fagulha<br />
A ampliação <strong>do</strong> arraial, gradativamente, carecia da construção <strong>de</strong> mais casas e,<br />
coerent<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong> mais igrejas. É corrente na literatura sobre a saga <strong>do</strong> Belo Monte, a<br />
presença <strong>de</strong> diversos comerciantes que espraiaram seus contatos e produtos pelo sertão<br />
baiano. Fosse <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s ou <strong>em</strong> suas adjacências, lá estavam eles negocian<strong>do</strong> couro,<br />
carne, fumo, farinha e ma<strong>de</strong>ira. Esse último artefato tornara-se <strong>de</strong> singular importância<br />
para Conselheiro cumprir seus objetivos e promessas: terminar a construção da Igreja <strong>do</strong><br />
Bom Jesus <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
Para efetuar o compromisso, Joaquim Macambira, à solicitação <strong>do</strong> peregrino,<br />
negociara e pagara adianta<strong>do</strong> o referi<strong>do</strong> material [a ma<strong>de</strong>ira] nas mãos <strong>de</strong> João<br />
Evangelista Pereira e Mello, outro comerciante da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juazeiro. Todavia, não<br />
havia se efetiva<strong>do</strong> a entrega. As intervenções <strong>do</strong> juiz <strong>de</strong> Direito da Comarca <strong>de</strong> Juazeiro,<br />
Arlin<strong>do</strong> Leoni (antigo <strong>de</strong>safeto <strong>do</strong> Conselheiro), contra a <strong>em</strong>issão da ma<strong>de</strong>ira e sua<br />
missiva boateira ao governa<strong>do</strong>r Luiz Viana, levaram a um só ponto: a primeira<br />
expedição militar <strong>em</strong> direção ao vilarejo; ocorria, assim, a seis <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Esta primeira força <strong>de</strong> combate fora estadual, mas como ver<strong>em</strong>os a seguir, a resistência<br />
<strong>do</strong>s conselheiristas <strong>em</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o arraial implicara na inserção <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Exército<br />
nacional daquele final <strong>do</strong> Oitocentos.<br />
Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano notou, <strong>em</strong> seu estu<strong>do</strong> sobre aquela guerra, que os<br />
militares não se <strong>de</strong>pararam com um hom<strong>em</strong> fanático alheio a tu<strong>do</strong>, mas com um místico<br />
<strong>de</strong> inteligência superior. Ali homens, mulheres, velhos(as) e crianças <strong>de</strong>fendiam seu<br />
espaço que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o autor, era “uma cida<strong>de</strong>la escolhida com perfeição, uma vez<br />
que afastada <strong>do</strong>s outros burgos, além <strong>de</strong> servida pelo rio Vaza-Barris e por inúmeras<br />
estradas por on<strong>de</strong> fluía uma viva ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> abastecimento.” 59<br />
Entre as diversas dimensões da guerra, surgiu outra, a Canu<strong>do</strong>s vista pelo<br />
exército, ou melhor, a história das expedições militares. À tropa <strong>do</strong> tenente Manuel da<br />
Silva Pires Ferreira, responsável pela primeira batalha travada <strong>em</strong> Uauá (localizada a<br />
59 MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano <strong>de</strong>. (2007). Op. cit. p. 86.<br />
33
110 km <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s), <strong>em</strong> 21 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1896, acoplava-se solda<strong>do</strong>s mercenários 60 ,<br />
falta <strong>de</strong> conhecimento topográfico da região, frugal estratégia militar, além <strong>de</strong> outras<br />
precarieda<strong>de</strong>s. Sua vitória mostrava-se também restrita por haver nessas regiões<br />
contíguas ao Belo Monte, uma população reticente às forças policiais e, logo, amistosa<br />
ao Conselheiro. Isso s<strong>em</strong> falar que estavam, os cerca <strong>de</strong> 100 praças <strong>do</strong> 9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria, lutan<strong>do</strong> contra exímios conhece<strong>do</strong>res das reentrâncias da caatinga sertaneja e<br />
que, no arraial <strong>do</strong> Bom Jesus, reconstruíram suas vidas e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, livres <strong>do</strong><br />
man<strong>do</strong>nismo coronelista e distantes da miséria reinante.<br />
Dentro da milícia, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> tenente Pires Ferreira, seca, fome e<br />
<strong>do</strong>enças <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m acometeram seus solda<strong>do</strong>s e, como na maior parte <strong>do</strong>s ambientes<br />
aquartela<strong>do</strong>s <strong>em</strong> luta, “a guerra entre a <strong>do</strong>ença e os médicos, travada no campo da<br />
batalha da carne, t<strong>em</strong> começo e meio, mas não t<strong>em</strong> fim.” 61 Ali, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />
relatório <strong>do</strong> dr. Antonino Alves <strong>do</strong>s Santos [médico da primeira expedição], os<br />
ferimentos provoca<strong>do</strong>s por armas <strong>de</strong> fogo dividiram os espaço com a beribéri,<br />
disenteria, diarréia, febres, <strong>de</strong>ntre outras enfermida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> meio às más condições<br />
higiênicas e à escassez <strong>do</strong>s meios urgentes para o tratamento <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>entes. 62<br />
“Foi acabar com Canu<strong>do</strong>s<br />
A primeira expedição<br />
Do tenente Pires Ferreira<br />
Que chegan<strong>do</strong> ao sertão<br />
Foi feri<strong>do</strong> com os praças<br />
Voltou s<strong>em</strong> ganhar ação.” 63<br />
Debelada esta expedição, o major Febrônio <strong>de</strong> Brito, após nomeação <strong>do</strong><br />
governa<strong>do</strong>r Luis Viana, organizou uma outra investida com cerca <strong>de</strong> 600 praças, 10<br />
oficiais, um médico [dr. Edgar Henrique Albertazzi], um enfermeiro, um farmacêutico,<br />
canhões al<strong>em</strong>ães e metralha<strong>do</strong>ras inglesas.<br />
Nesta ocasião, o comandante da segunda expedição foi autoriza<strong>do</strong> a <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r<br />
por conta <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> o que julgasse necessário para o bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da <strong>em</strong>preitada.<br />
Deslocar-se <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r, passar por Queimadas e chegar a Monte Santo, seria o<br />
itinerário <strong>do</strong> major Febrônio entre 25 e 26 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1896, mas assim não<br />
60<br />
ARARIPE, Tristão <strong>de</strong> Alencar. (1985). Op. cit. p. 13.<br />
61<br />
PORTER, Roy. Das tripas coração – <strong>Uma</strong> breve história da medicina. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Record,<br />
2004. p. 15.<br />
62<br />
SANTOS, Antonino Alves <strong>do</strong>s. M<strong>em</strong>ória da diligencia a Canu<strong>do</strong>s. <strong>do</strong>c. 17. Bahia: CEB – Núcleo<br />
Sertão. <strong>do</strong>c. n. 17.p. 7. Outro el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong>ste relatório é a relação entre este médico e o tenente Pires<br />
Ferreira, pois perseguição, fuga e suicídio há entre o convívio entre eles na quadra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
63<br />
CUNEGUNDES, João <strong>de</strong> Souza. A Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s no sertão da Bahia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livraria <strong>do</strong><br />
Povo, Quaresma & Cia. Livreiros Editores, 1897. In: CALASANS, José. (1984). Op. cit. p. 27.<br />
34
proce<strong>de</strong>ra. Frea<strong>do</strong> <strong>em</strong> Cansanção pelo general Fre<strong>de</strong>rico Solon Sampaio Ribeiro,<br />
comandante <strong>do</strong> 3º Distrito Militar, sob alegação <strong>de</strong> que a tropa não possuía víveres e<br />
água suficientes para marchar até Canu<strong>do</strong>s, Febrônio ficou cinquenta dias preso ao<br />
litígio missivista entre este general, o governa<strong>do</strong>r Luis Viana e o ministro da Guerra à<br />
época, general Dionísio Cerqueira, ex-combatente da Campanha <strong>do</strong> Paraguai. As<br />
altercações sobre quebra <strong>de</strong> hierarquia, civilismo versus militarismo e centralismo ou<br />
autonomia <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bocaram <strong>em</strong> um só lugar: primeiro, no afastamento <strong>do</strong><br />
general Solon Ribeiro; e, segun<strong>do</strong>, no re-início da marcha até Canu<strong>do</strong>s.<br />
Talvez o general Solon Ribeiro, genro <strong>de</strong> Eucly<strong>de</strong>s da Cunha, tivesse razão. De<br />
18 a 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1897, horas intercaladas <strong>de</strong> batalha na Serra <strong>do</strong> Cambaio e um<br />
resulta<strong>do</strong>: o major Febrônio concluiu que não po<strong>de</strong>ria sustentar a peleja; e, consultan<strong>do</strong><br />
a opinião <strong>do</strong>s oficiais que serviam sob seu coman<strong>do</strong>, resolveu pela retirada <strong>em</strong> direção a<br />
vila <strong>de</strong> Monte Santo, on<strong>de</strong> iria aguardar or<strong>de</strong>ns, requerer conselho <strong>de</strong> guerra e pedir<br />
qu<strong>em</strong> o substituísse na malsucedida expedição. 64<br />
Além da formação <strong>de</strong> piquetes entre os conselheiristas como estratégia <strong>de</strong><br />
guerra, o terreno só por eles conheci<strong>do</strong>, a extr<strong>em</strong>a corag<strong>em</strong> <strong>do</strong> povo <strong>do</strong> Belo Monte; a<br />
permanente falta <strong>de</strong> munição e a fome entre os solda<strong>do</strong>s republicanos foram alguns <strong>do</strong>s<br />
fatores elenca<strong>do</strong>s por Febrônio <strong>de</strong> Brito <strong>em</strong> ata lavrada, ainda no campo das operações,<br />
para explicar sua <strong>de</strong>rrota. Analisan<strong>do</strong> a estratégia conselheirista<br />
“... segun<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> indica, buscou [o conselheirista] atrair o inimigo para as proximida<strong>de</strong>s<br />
<strong>do</strong> arraial para daí infligir uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota ao Exército, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tê-lo enfraqueci<strong>do</strong><br />
na travessia <strong>do</strong> Cambaio. A vitória oficial aparente não passou <strong>de</strong> um estratag<strong>em</strong>a <strong>do</strong>s<br />
conselheiristas, que não tinham homens e, principalmente, armas suficientes para a luta<br />
aberta. O corpo-a-corpo só ocorreu <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> <strong>de</strong>bilitamento físico e psicológico <strong>do</strong><br />
Exército, on<strong>de</strong> o uso das trincheiras, naturais <strong>em</strong> sua maioria, e <strong>do</strong>s franco-atira<strong>do</strong>res<br />
serviam como importante el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste.” 65 [grifo nosso]<br />
Ante o <strong>de</strong>scalabro das tropas, o presi<strong>de</strong>nte da República <strong>em</strong> exercício, o médico<br />
baiano e professor Manoel Vitorino Pereira – irmão <strong>do</strong> diretor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da Bahia à época, dr. Antônio Pacífico Pereira – nomeou o coronel paulista<br />
Antonio Moreira César para comandar a terceira expedição a Canu<strong>do</strong>s. A propósito,<br />
ver<strong>em</strong>os no próximo capítulo a relação entre médicos e o Esta<strong>do</strong>, entrelaça<strong>do</strong>s ao<br />
conflito trava<strong>do</strong> no interior da Bahia.<br />
1.4. O recru<strong>de</strong>scimento <strong>do</strong> cerco<br />
64 MILTON, Aristi<strong>de</strong>s A. (1979). Op. cit. p. 52.<br />
65 VILLA, Marco Antonio. (1995). Op. cit. p. 154.<br />
35
Entre 1869, então com 19 anos, e 1892, com 42 anos, Antonio Moreira César<br />
recebera diversas patentes <strong>de</strong>ntro da corporação militar. Alferes-aluno, alferes, capitão,<br />
tenente-coronel e, por fim, coronel, <strong>em</strong> 1892. Sua reputação – sobretu<strong>do</strong> na atuação da<br />
Revolução Fe<strong>de</strong>ralista no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e na Revolta da Armada no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
na primeira atuan<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> grupo castilhista e, na segunda, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao marechal<br />
Floriano Peixoto – <strong>de</strong>veu-se às <strong>de</strong>golas praticadas nas batalhas campais por on<strong>de</strong><br />
passara, <strong>de</strong>sta forma metamorfoseou-se como herói da República.<br />
Conforme estu<strong>do</strong> biográfico sobre Antonio Moreira César, no momento <strong>do</strong> seu<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>barque <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r, <strong>em</strong> 06 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1897, alguns populares curiosos se<br />
prontificaram no porto para receber os hóspe<strong>de</strong>s <strong>de</strong> farda, mas foram inesperadamente<br />
‘convoca<strong>do</strong>s’ pelo coronel a carregar nas costas as bagagens e apetrechos <strong>de</strong> campanha;<br />
os casos <strong>de</strong> recusa, foram esbor<strong>do</strong>a<strong>do</strong>s a pranchadas.<br />
Nas palavras <strong>de</strong> Oleone Coelho Fontes, naquele mesmo dia, no Arsenal da<br />
Marinha, o coronel or<strong>de</strong>nou que o serviço <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga fosse feito pela tripulação <strong>do</strong><br />
saveiro apinha<strong>do</strong> <strong>de</strong> material bélico e não por seus solda<strong>do</strong>s. Todavia, mais uma recusa,<br />
e mais uma sessão <strong>de</strong> pranchadas, o que gerou uma série <strong>de</strong> protestos por parte <strong>do</strong>s que<br />
foram castiga<strong>do</strong>s. 66 Desta forma, a tônica pre<strong>do</strong>minante <strong>do</strong> baluarte arma<strong>do</strong> da<br />
República era o uso <strong>de</strong>senfrea<strong>do</strong> da violência, fosse no litoral ou no sertão, foss<strong>em</strong> eles<br />
conselheiristas ou não.<br />
O coronel comandava 1200 homens, sen<strong>do</strong> 700 <strong>de</strong> infantaria, arma<strong>do</strong>s a fuzil<br />
Mannlicher, um esquadrão <strong>de</strong> cavalaria, bateria <strong>de</strong> artilheiros com quatro canhões krupp<br />
<strong>de</strong> 7,5 cm, um comboio a cargo <strong>de</strong> 200 praças <strong>de</strong> polícia da Bahia, armadas, estas, a<br />
fuzil comblain, além <strong>de</strong> corpo médico (2 capitães), estratégico (2 engenheiros) e uma<br />
milícia composta “s<strong>em</strong> a robustez necessária para o serviço militar, pela falta <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento e pouca ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros.... 67 Se noviços, por conseguinte,<br />
inexperientes. Mais sobre este assunto (faixa etária <strong>do</strong>s praças) consta que, – numa<br />
comunicação escrita pelo general Artur Oscar <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Guimarães e dirigida ao<br />
marechal Carlos Macha<strong>do</strong> Bittencourt (ministro da guerra), datada <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />
1897 – quan<strong>do</strong> da marcha <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, muitos ali eram principiantes no<br />
uso e manejos das armas. 68<br />
66<br />
FONTES, Oleone Coelho. O Tr<strong>em</strong>e-terra – Moreira César, a República e Canu<strong>do</strong>s. 2ª edição. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: Editora Vozes, 1996. p. 33.<br />
67<br />
BENÍCIO, Manoel. (1997). Op. cit. p. 125 e 126.<br />
68<br />
RMG – 1898. p. 2.<br />
36
O historia<strong>do</strong>r Jorge Prata <strong>de</strong> Souza, ao estudar a qualida<strong>de</strong> da saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
recruta<strong>do</strong>s à Campanha <strong>do</strong> Paraguai através <strong>do</strong>s mapas <strong>de</strong> inspeção <strong>do</strong>s médicos da<br />
Marinha, revela-nos, igualmente, mais informações a respeito da ida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alista<strong>do</strong>s à<br />
linha <strong>de</strong> fogo. O autor menciona que “quanto a faixa etária, <strong>do</strong>s 940 inspeciona<strong>do</strong>s,<br />
havia praças <strong>de</strong> 9 a 60 anos, entretanto, a concentração etária estava entre 15 e 29<br />
anos...” 69<br />
Vinte e sete anos após o conflito <strong>do</strong> Prata, mais enfermarias na capital baiana e,<br />
<strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, mais informações sobre os jovens recém chega<strong>do</strong>s aos quartéis. O gráfico<br />
abaixo representa três mapas das enfermarias montadas pelos professores da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Medicina da Bahia durante a luta no arraial <strong>do</strong> Conselheiro: a primeira contou com<br />
32 entra<strong>do</strong>s; a segunda, 132 e, a última, 29. Dentre os feri<strong>do</strong>s por arma <strong>de</strong> fogo e<br />
<strong>do</strong>entes, notamos que, apesar da distancia contextual entre Paraguai e Canu<strong>do</strong>s, a<br />
concentração etária pouco se modificara.<br />
Entre 15 e 20 anos<br />
Entre 21 e 25 anos<br />
Entre 26 e 30 anos<br />
Entre 31 e 35 anos<br />
Acima <strong>de</strong> 36 anos<br />
Gráfico – 1<br />
FAIXA ETÁRIA DOS COMBATENTES<br />
ENFERMARIA LOUIS PASTEUR -<br />
faixa etária <strong>do</strong>s combatentes<br />
31%<br />
38%<br />
9%<br />
0%<br />
44%<br />
16%<br />
6ª ENFERMARIA DO MOSTEIRO DE SÃO<br />
BENTO - faixa etária <strong>do</strong>s combatentes<br />
44%<br />
ENFERMARIA CLAUDE BERNARD - faixa<br />
etária <strong>do</strong>s combatentes<br />
14% 0%<br />
48%<br />
12% 9%<br />
11%<br />
24%<br />
Entre 15 e 20 anos<br />
Entre 21 e 25 anos<br />
Entre 26 e 30 anos<br />
Entre 31 e 35 anos<br />
Acima <strong>de</strong> 36 anos<br />
Entre 15 e 20 anos<br />
Entre 21 e 25 anos<br />
Entre 26 e 30 anos<br />
Entre 31 e 35 anos<br />
Acima <strong>de</strong> 35 anos<br />
69 SOUZA, Jorge Prata <strong>de</strong>. As condições sanitárias e higiênicas durante a Guerra <strong>do</strong> Paraguai. In:<br />
NASCIMENTO, Dilene Raimun<strong>do</strong> <strong>do</strong>; & CARVALHO, Diana Maul <strong>de</strong>. <strong>Uma</strong> história brasileira das<br />
<strong>do</strong>enças. DF-Brasília: Edição Paralelo 15, 2004. p. 58.<br />
37
Volt<strong>em</strong>os à saga <strong>do</strong> “corta-cabeças”. De Salva<strong>do</strong>r, passan<strong>do</strong> pela vila <strong>de</strong><br />
Queimadas e com <strong>de</strong>stino à vila <strong>de</strong> Monte Santo, na manhã <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> fevereiro, o coronel<br />
Moreira César foi acometi<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma convulsão epiléptica. Não obstante, o coronel<br />
retomou a marcha. Seguin<strong>do</strong> viag<strong>em</strong>, “quatro dias <strong>de</strong>pois, rumo a Canu<strong>do</strong>s, um novo<br />
ataque <strong>de</strong> epilepsia, mais violento que o primeiro, obrigou o coronel a um repouso.” 70<br />
Deslocan<strong>do</strong> suas tropas <strong>em</strong> jornadas curtas, longos <strong>de</strong>scansos e nada <strong>de</strong><br />
precipitação, o “tr<strong>em</strong>e-terra” chegara ao Rancho <strong>do</strong> Vigário, localiza<strong>do</strong> a <strong>de</strong>zenove<br />
quilômetros <strong>do</strong> Belo Monte. Por crer na supr<strong>em</strong>acia <strong>de</strong> sua tropa e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />
ignorar os motivos <strong>do</strong> fracasso das expedições anteriores, or<strong>de</strong>nou o bombar<strong>de</strong>io <strong>do</strong><br />
arraial na manhã <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1897. Após algumas horas <strong>de</strong> combate e com<br />
insignificantes conquistas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> arraial, Moreira César caiu feri<strong>do</strong> na estrada <strong>de</strong><br />
Ger<strong>em</strong>oabo, seriam, pouco mais ou menos, três horas da tar<strong>de</strong>. 71 Sua morte no dia<br />
seguinte, para alguns, projetara-se, analogicamente, na morte da República.<br />
O impacto da <strong>de</strong>rrubada <strong>do</strong> coronel na batalha campal abalara o moral das tropas<br />
<strong>de</strong> tal forma que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a intelligentsia à solda<strong>de</strong>sca, to<strong>do</strong>s caíram <strong>em</strong> <strong>de</strong>bandada<br />
procuran<strong>do</strong> qualquer lugar que não fosse perto <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Cumbe [atual município <strong>de</strong><br />
Eucli<strong>de</strong>s da Cunha], Monte Santo, Queimadas e Cansanção recebiam militares <strong>em</strong> ritmo<br />
<strong>de</strong> retirada porque<br />
“Quan<strong>do</strong> seu César pen<strong>de</strong>u<br />
E Tamarin<strong>do</strong> caiu<br />
Só não fugiu qu<strong>em</strong> morreu<br />
Só não morreu qu<strong>em</strong> fugiu.” 72<br />
Diante <strong>do</strong> fracasso da terceira expedição, a cida<strong>de</strong>la <strong>do</strong> Conselheiro e seu povo,<br />
agora saía, respeitan<strong>do</strong> as arestas, <strong>de</strong> um âmbito regional para um nacional. Estudan<strong>do</strong><br />
alguns jornais <strong>do</strong> Recife que narravam a contenda no calor da hora, Fre<strong>de</strong>rico<br />
Pernambucano <strong>de</strong> Mello traze-nos alguns el<strong>em</strong>entos das estratégias <strong>de</strong> guerra <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s segui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> peregrino:<br />
“Quatro <strong>de</strong>stas merec<strong>em</strong> transcrição aqui: 1 – atacada a artilharia, matavam logo os<br />
animais que a puxavam, o mesmo ocorren<strong>do</strong> com os que tracionavam os carros <strong>do</strong><br />
comboio <strong>de</strong> abastecimento; 2 – a disposição tática se dava <strong>em</strong> pequenos grupos <strong>de</strong><br />
combatentes, operan<strong>do</strong> com uma distância mínima <strong>de</strong> 12 metros entre cada uma <strong>de</strong> tais<br />
unida<strong>de</strong>s coletivas; 3 – além <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio completo <strong>do</strong> manejo <strong>de</strong> armas antigas e<br />
mo<strong>de</strong>rnas, faziam perfeitamente a linha <strong>de</strong> atira<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>smanchan<strong>do</strong> e crian<strong>do</strong><br />
70 VILLA, Marco Antonio. (1995). Op. cit. p. 158.<br />
71 MILTON. Aristi<strong>de</strong>s. (1979). Op. cit. 72,<br />
72 MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano <strong>de</strong>. (2007). Op. cit. p. 132. Ver nota na página 145 da obra.<br />
38
formações ao som <strong>do</strong> apito <strong>de</strong> cabecilhas; 4 – na retirada, <strong>de</strong>spiam os solda<strong>do</strong>s mortos e,<br />
vesti<strong>do</strong>s com as fardas, entravam no meio da força, estabelecen<strong>do</strong> maior confusão.” 73<br />
Como represália ao fantasma monarquista, jornais foram saquea<strong>do</strong>s, os<br />
bacharéis se inquietaram, reuniões foram organizadas e os coronéis <strong>do</strong>s sertões caíram<br />
<strong>em</strong> profun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sespero. Essas foram algumas das repercussões ocorridas após a<br />
<strong>de</strong>rrocada da expedição Moreira César. Se não mais uma expressão exagerada <strong>de</strong> nossa<br />
parte, as autorida<strong>de</strong>s políticas e militares entraram <strong>em</strong> pânico generaliza<strong>do</strong>, pois a<br />
“guerra, a longevida<strong>de</strong> da campanha, a resistência heróica, o apoio popular <strong>em</strong> gran<strong>de</strong><br />
parte <strong>do</strong> sertão e uma vivência concreta da fé transformaram o arraial funda<strong>do</strong> por<br />
Antonio Conselheiro <strong>em</strong> verda<strong>de</strong>iro enigma.” 74<br />
O tenente Henrique Duque-Estrada <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> Soares, não test<strong>em</strong>unha ocular da<br />
terceira expedição, mas da quarta, apontara <strong>em</strong> seu livro que o aniquilamento das forças<br />
às or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> coronel Moreira César, produziu gran<strong>de</strong> estron<strong>do</strong> no país. Seguin<strong>do</strong> a<br />
narrativa <strong>do</strong> militar, “Canu<strong>do</strong>s, naquela época, constituía o espantalho geral e os mais<br />
inverossímeis boatos fervilhavam sobre sua fortaleza, o número <strong>de</strong> fanáticos e os seus<br />
intuitos.” 75<br />
No que se refere às repercussões da <strong>de</strong>rrota <strong>do</strong> coronel e o transcorrer da guerra,<br />
os jornais trataram <strong>de</strong> apavorar e estigmatizar a opinião pública ao <strong>de</strong>senhar os bárbaros<br />
<strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Ao mesmo t<strong>em</strong>po construía a idéia da república ameaçada, en<strong>do</strong>ssan<strong>do</strong><br />
ainda mais as arbitrarieda<strong>de</strong>s perpetradas pelas forças militares que, para o interior da<br />
Bahia marchavam,<br />
“..., a República inaugurava um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> institucional, viradas súbitas,<br />
fechamentos <strong>de</strong> Congresso, golpes e contragolpes, esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sítio, banimentos para o<br />
exílio, férrea censura à imprensa, arbitrarieda<strong>de</strong>s, prisões s<strong>em</strong> hábeas-corpus,<br />
fuzilamentos sumários <strong>de</strong> dissi<strong>de</strong>ntes, etc. A elite militar comandava o processo: <strong>em</strong><br />
esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> pré-sublevação, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Guerra <strong>do</strong> Paraguai, passara, pela primeira vez <strong>em</strong><br />
nossa história, mas infelizmente não pela última, a dar as cartas <strong>em</strong> política.” 76<br />
O volume da Campanha esten<strong>de</strong>u-se das folhas <strong>do</strong>s jornais, das cartas entre<br />
políticos e coronéis, das atas <strong>do</strong> Exército, <strong>do</strong>s relatórios da Igreja a uma instituição<br />
científica: a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Farmácia da Bahia, porque “se todas as<br />
73 I<strong>de</strong>m. p. 135.<br />
74 VILLA, Marco Antonio. (1995). Op. cit. p. 230.<br />
75 SOARES, Henrique Duque-Estrada <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>. A guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. 3ª edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Instituto Nacional <strong>do</strong> Livro. Philobiblion / Pró-M<strong>em</strong>ória, 1985. p. 48.<br />
76 GALVÃO, Walnice Nogueira. O Império <strong>do</strong> Belo Monte – vida e morte no sertão <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. São<br />
Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001. p. 78 e 79.<br />
39
instituições são focos <strong>de</strong> incêndio” 77 , esta não po<strong>de</strong>ria manter-se equidistante <strong>do</strong>s fatos<br />
ocorri<strong>do</strong>s na região <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
A FMB (Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia), centro acadêmico-científico, e <strong>de</strong>ste<br />
mo<strong>do</strong>, intelectual da Bahia durante to<strong>do</strong> o século XIX, esteve presente <strong>em</strong> momentos<br />
singulares na história da região e <strong>do</strong> Brasil. Envolveu-se politicamente <strong>em</strong> assuntos<br />
como In<strong>de</strong>pendência, Abolição e Proclamação da República. Enviou professores e<br />
estudantes ao conflito <strong>front</strong>eiriço da Bacia <strong>do</strong> Prata quan<strong>do</strong> da Guerra da Tríplice<br />
Aliança e, algumas décadas <strong>de</strong>pois, à região <strong>do</strong> sertão: “durante a Campanha <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s (1896-1897), algumas enfermarias da Faculda<strong>de</strong> foram transformadas <strong>em</strong><br />
“enfermarias <strong>de</strong> sangue”, para receber os feri<strong>do</strong>s provenientes da frente <strong>de</strong> batalha no<br />
sertão baiano, para on<strong>de</strong> também seguiram professores e estudantes <strong>de</strong> Medicina.” 78<br />
Para Wálney da Costa Oliveira, a dimensão da região <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, esgarça-se,<br />
sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> plano geomorfológico euclidiano ao entrar num espaço historiciza<strong>do</strong>. Para o<br />
autor, uma alternativa para estudar a região <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>ria passar pela <strong>de</strong>limitação<br />
das áreas on<strong>de</strong> se verificam articulações e conflitos... 79 . Por isso, como se comportar –<br />
sen<strong>do</strong> um centro <strong>de</strong> intelectuais <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque – numa guerra no final <strong>do</strong> século XIX, com<br />
seus médicos e acadêmicos, visto que a medicina é uma estratégia bio-política quase<br />
que onipresente <strong>em</strong> assuntos sociais? Qual o papel <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha<strong>do</strong> na guerra pela<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong> Jesus se “a mais nobre aspiração <strong>do</strong> médico é ver por si<br />
coroada a sua profissão com lisongeiros resulta<strong>do</strong>s. <strong>Uma</strong> vez <strong>em</strong> face <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong><br />
mórbida e to<strong>do</strong> o seu afan disgnostical-a, e é por ahí que elle <strong>de</strong>ve começar a colher<br />
mais um matiz para realçar o esmalte <strong>do</strong> dia<strong>de</strong>ma das ciências medicas” 80 ?<br />
As <strong>do</strong>enças e as epi<strong>de</strong>mias que acometeram civis e militares no <strong>de</strong>correr das<br />
quatro expedições, as feridas por armas <strong>de</strong> fogo, as necessida<strong>de</strong>s e angústias <strong>de</strong> toda<br />
or<strong>de</strong>m... Até que ponto a ciência <strong>do</strong> progresso da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia daria<br />
respostas para um mun<strong>do</strong> <strong>em</strong> infinitas interrogações sobre seu <strong>de</strong>stino? O t<strong>em</strong>po urgia e,<br />
ao que nos parece, atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>veriam ser tomadas.<br />
“Entre 1896 e 1897, perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>senrolou a Guerra, milhares <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s<br />
foram atendi<strong>do</strong>s pelos médicos baianos (certamente não só os baianos), nos hospitais <strong>de</strong><br />
sangue monta<strong>do</strong>s no cenário da luta. (...) O horror da guerra revelava a fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
77 LUZ, Ma<strong>de</strong>l Therezinha. As instituições médicas no Brasil – instituições e estratégia <strong>de</strong> heg<strong>em</strong>onia. 3ª<br />
edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Edições Graal, 1986. p. 10.<br />
78 RIBEIRO, Marcos Augusto Pessoa. A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia na visão <strong>de</strong> seus m<strong>em</strong>orialistas<br />
– 1854 – 1924. Bahia: EDUFBA, 1997. p. 16 e 17.<br />
79 OLIVERIA, Wálney da Costa. (2000). Op. cit. p. 34.<br />
80 BRITTO, Eduar<strong>do</strong>. Hypo<strong>em</strong>ia Interpropical. 1897. p. 30. In: AFMB – THESES. Código da tese: 097 –<br />
E. Mais informações sobre o autor, ver material <strong>em</strong> anexo.<br />
40
nossos médicos, o <strong>de</strong>spreparo <strong>do</strong>s estudantes, que encontravam no espírito abnega<strong>do</strong> a<br />
alternativa para o fracasso e insucesso. (...) Não foram poucos os casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>serção <strong>de</strong><br />
médicos; alguns <strong>de</strong>sapareceram para s<strong>em</strong>pre.” 81<br />
Fracasso, insucesso, <strong>de</strong>spreparo e fragilida<strong>de</strong>. O registro <strong>de</strong> Venétia Rios nos<br />
convida a olhar para os corre<strong>do</strong>res da FMB no momento da explosão da guerra e tentar<br />
perceber como os médicos e alunos proce<strong>de</strong>ram ante os milhares <strong>de</strong> combali<strong>do</strong>s que nas<br />
enfermarias davam entrada. Antes <strong>de</strong> mergulhar nosso estu<strong>do</strong> na passag<strong>em</strong> da<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong> Jesus pela luta sertaneja, se faz necessário, expor<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s fragmentos urbano-sanitários da capital que recebeu mortos e feri<strong>do</strong>s<br />
oriun<strong>do</strong>s da quadra conflagrada.<br />
1.5. Os combatentes que chegavam<br />
Imag<strong>em</strong> – 2:<br />
A CHEGADA DOS SOLDADOS FERIDOS NA ESTAÇÃO DA CALÇADA<br />
FONTE: GAUDENZI, Trípoli Francisco Britto. M<strong>em</strong>orial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. BA: Secretaria <strong>de</strong><br />
Cultura e Turismo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia. Fundação Cultural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia, 1996. p. 124 e 125.<br />
Pela ponta <strong>do</strong> pincel <strong>do</strong> artista baiano Trípoli Gauzendi, corriam os primeiros<br />
dias daquele agosto <strong>de</strong> 1897. Alguns militares convalescentes, outros à beira da morte e<br />
ainda os <strong>de</strong>sertores, <strong>de</strong>sciam na Estação da Calçada. Ali chegavam os expedicionários<br />
das mais diversas patentes e <strong>do</strong>s varia<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s brasileiros envolvi<strong>do</strong>s na Campanha.<br />
81 RIOS, Venétia Duran<strong>do</strong> Braga. Entre a vida e a morte: médicos, medicina e medicalização na cida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r (1860-1880). Bahia: UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas. (Dissertação <strong>de</strong><br />
Mestra<strong>do</strong>). 2001. p. 12 e 13.<br />
41
Mais <strong>de</strong> quatrocentos quilômetros eram percorri<strong>do</strong>s entre Canu<strong>do</strong>s e Salva<strong>do</strong>r e,<br />
pelo caminho, havia rastros epidêmicos significativos. São perceptíveis, sobretu<strong>do</strong> na<br />
imprensa da época, as passagens no que diz respeito ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das tropas<br />
republicanas e as condições sanitárias <strong>do</strong>s Hospitais <strong>de</strong> Sangue monta<strong>do</strong>s na quadra <strong>de</strong><br />
operações. O capitão Manoel Benício, responsável por matérias alarmantes e<br />
informações consi<strong>de</strong>radas políticas e militarmente inconvenientes pelo general Arthur<br />
Oscar <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Guimarães, enviava ao periódico carioca Jornal <strong>do</strong> Comércio a 07 <strong>de</strong><br />
julho o seguinte pesar:<br />
“Estou cansa<strong>do</strong>, estou <strong>do</strong>ente. O meu estômago, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às águas horríveis que bebi<br />
durante longas s<strong>em</strong>anas, a alimentação, a carne <strong>de</strong> bo<strong>de</strong> e <strong>de</strong> vaca que ingeri s<strong>em</strong> sal e<br />
s<strong>em</strong> farinha durante s<strong>em</strong>anas longas, t<strong>em</strong> contorções <strong>de</strong> cascavel ou coivara e pesa-me<br />
como uma chapa <strong>de</strong> chumbo. Pe<strong>de</strong> água e rejeita-a <strong>de</strong>pois. Sente-se débil e repugna a<br />
comida. À noite tenho febre e <strong>de</strong>sperto com uma secura intolerável.” 82<br />
Canu<strong>do</strong>s, Monte Santo, Cansanção e Queimadas tornavam-se, paulatinamente,<br />
os focos das mais díspares infecções. Entre 17 e 19 <strong>de</strong> agosto, o capitão Fávila Nunes,<br />
na incumbência <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte da Gazeta <strong>de</strong> Notícias <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong>stacava a<br />
permanência <strong>do</strong> beribéri entre as tropas e, ainda, mais um agravante, “diz<strong>em</strong> haver<br />
feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma vala, cujos ferimentos estão cobertos <strong>de</strong> bicho por falta <strong>de</strong><br />
recursos médicos, que agora vão <strong>em</strong> proporções mo<strong>de</strong>stas, pois as ambulâncias são<br />
bastante mesquinhas.” 83<br />
Especificamente no que toca aos variolosos, são freqüentes as notas nos jornais<br />
evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o peso <strong>de</strong>sta epi<strong>de</strong>mia na linha <strong>de</strong> fogo. Em carta ao periódico<br />
soteropolitano Jornal <strong>de</strong> Notícias, datada <strong>de</strong> 07 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, o jornalista Lélis Pieda<strong>de</strong>,<br />
junto à enfermaria localizada <strong>em</strong> Cansanção, alegava ser “custoso estar-se num quarto<br />
<strong>em</strong> que está um varioloso. Fe<strong>de</strong> a cães mortos. (...) Uns morr<strong>em</strong> extenua<strong>do</strong>s pela<br />
moléstia, outros <strong>de</strong>ixam-se ficar a espera <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> os socorra.” 84 O mesmo jornalista,<br />
<strong>em</strong> comunicação <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, encaminhada ao secretário <strong>de</strong> segurança pública <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> da Bahia, Felix Gaspar <strong>de</strong> Barros <strong>de</strong> Almeida, enviava a informação ao jornal <strong>de</strong><br />
que a epi<strong>de</strong>mia prostrara os praças tanto <strong>em</strong> Monte Santo e quanto <strong>em</strong> Queimadas. 85<br />
A conclusão <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> Lélis Pieda<strong>de</strong> parece-nos simbólica ante o alcance da<br />
varíola no campo <strong>de</strong> guerra: “Por que a terrível epi<strong>de</strong>mia não auxilia a <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s<br />
82<br />
GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). Op. cit. p. 319.<br />
83<br />
I<strong>de</strong>m. p. 151 e 152.<br />
84<br />
I<strong>de</strong>m. p. 356. Ver também PIEDADE, Lélis (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r). (2002). Op. cit. p. 168.<br />
85 I<strong>de</strong>m. p. 364.<br />
42
jagunços <strong>em</strong> seu quartel negro?” 86 Lélis Pieda<strong>de</strong> almejava que a <strong>do</strong>ença chegasse aos<br />
conselheiristas, como po<strong>de</strong>mos notar, centrava-se na “febre contínua, na <strong>do</strong>r <strong>do</strong> corpo,<br />
garganta e peitos comprometi<strong>do</strong>s, respiração fragmentada e profun<strong>do</strong> mal-estar” 87 . Aqui<br />
a <strong>do</strong>ença encontrou a dimensão <strong>do</strong> projétil. Esta epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>veria ter a mesma<br />
intensida<strong>de</strong> da mata<strong>de</strong>ira. Seu espectro no palco <strong>de</strong> operações tornar-se-ia mais uma<br />
artilharia <strong>de</strong> Campanha contra o povo <strong>do</strong> Conselheiro, mas afastava milhares <strong>de</strong><br />
solda<strong>do</strong>s da linha <strong>de</strong> fogo.<br />
Além da imprensa, há nas páginas <strong>do</strong> Histórico e Relatório <strong>do</strong> Comitê Patriótico<br />
da Bahia, – que “congregou um grupo <strong>de</strong> cidadãos baianos como profissionais liberais,<br />
representantes das igrejas cristãs, <strong>em</strong>presários <strong>de</strong> diversos ramos produtivos, da<br />
imprensa e <strong>do</strong>s vários setores organiza<strong>do</strong>s da população” 88 – inúmeras passagens no que<br />
diz respeito aos milhares <strong>de</strong> mefíticos que caminhavam <strong>em</strong> direção ao Terreiro <strong>de</strong> Jesus<br />
e suas cercanias.<br />
No final <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> agosto – acompanha<strong>do</strong> por uma comitiva formada pelos<br />
estudantes <strong>de</strong> medicina Domingos Firmino Pinheiro e Re<strong>do</strong>mark Simfrônio; pelos freis<br />
Jerônimo <strong>de</strong> Montefiore, Gabriel Kro<strong>em</strong>er, Pedro Sinzig e pelo médico, dr. Henrique<br />
Chenaud – o redator <strong>do</strong> Relatório, o jornalista e farmacêutico Lelís Pieda<strong>de</strong>, partira <strong>em</strong><br />
direção à região <strong>de</strong> Queimadas (trezentos e <strong>de</strong>zenove quilômetros <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r e cento e<br />
noventa e cinco <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s) com o intuito <strong>de</strong> prestar os mais varia<strong>do</strong>s serviços aos<br />
feri<strong>do</strong>s da guerra. De acor<strong>do</strong> com a gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ferimento, alguns <strong>do</strong>s combatentes<br />
ficariam ali naquela vila e outros rumariam para a capital.<br />
A enfermaria <strong>do</strong> Comitê Patriótico, que aten<strong>de</strong>u militares e, posteriormente,<br />
civis, fora montada na região <strong>de</strong> Cansanção no transcorrer da primeira quinzena <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro (ver mapa no Capítulo III). Este <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> Comitê à região próxima a<br />
Canu<strong>do</strong>s, ao que nos parece, está liga<strong>do</strong> às limitações <strong>de</strong> pessoal e material <strong>do</strong>s<br />
hospitais <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> Queimadas, Monte Santo e Canu<strong>do</strong>s, to<strong>do</strong>s estrutura<strong>do</strong>s por<br />
médicos militares.<br />
As unida<strong>de</strong>s ali instaladas não suportaram a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s, pois há indícios<br />
sobre a carência <strong>de</strong> atendimento médico no Relatório <strong>do</strong> Ministério da Guerra indican<strong>do</strong><br />
a movimentação <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s para outras enfermarias: “<strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> julho a 24 <strong>de</strong> outubro <strong>do</strong><br />
86 GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). Op. cit. p. 364.<br />
87 MICHEAU, Françoise. A ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro da medicina árabe. In: LE GOFF, Jacques (apresentação). As<br />
<strong>do</strong>enças têm história. Lisboa: TERRAMAR Editores, 1985. p. 70.<br />
88 GUERRA, Sérgio. O Relatório <strong>do</strong> Comitê Patriótico como fonte histórica fundamental. In: PIEDADE,<br />
Lélis (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r). (2002). Op. cit. p. 31.<br />
43
anno fin<strong>do</strong> foi este o movimento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes trata<strong>do</strong>s no hospital <strong>de</strong> Monte Santo:<br />
Entraram 4.193; sahiram cura<strong>do</strong>s 378; falleceram 220; existiam 25; foram transferi<strong>do</strong>s<br />
para outros hospitaes 3.570.” 89<br />
A 13 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, sete dias <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua chegada <strong>em</strong> Cansanção, o secretário<br />
<strong>do</strong> Comitê via, diante <strong>de</strong> seus olhos, cinco carretas <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s. Ainda sob o impacto que<br />
lhe causara esta <strong>de</strong>solada comitiva, registrou da forma que se segue: “famintos, olhos<br />
encova<strong>do</strong>s, uns gotejan<strong>do</strong> pus, outros trôpegos, um ban<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgraça<strong>do</strong>s enfim, que<br />
pareciam já persegui<strong>do</strong>s pela morte, eram os solda<strong>do</strong>s que recebíamos.” 90 Num total <strong>de</strong><br />
57 <strong>do</strong>entes, ali estavam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s por armas <strong>de</strong> fogo e mais outra gama: beribéricos,<br />
cirróticos, tuberculosos, coquelúchicos, sifilíticos, reumáticos, variolosos, cardíacos e<br />
alguns quase cegos.<br />
É relevante comentar que, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que o Comitê Patriótico olhara<br />
os milicianos feri<strong>do</strong>s e a<strong>do</strong>eci<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Campanha, tornara-se, concomitante a isso,<br />
“figura principal <strong>de</strong> amparo aos belomontenses, e na gran<strong>de</strong> tribuna <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s seus<br />
órfãos, viúvas e prisioneiros no pós-guerra, <strong>de</strong>nuncian<strong>do</strong> os maus tratos, infâmias e<br />
covardias a que são submeti<strong>do</strong>s, aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s pelas estradas, vendi<strong>do</strong>s como novos<br />
escravos ou leva<strong>do</strong>s como “troféus <strong>de</strong> guerra”.” 91<br />
Voltan<strong>do</strong> à imprensa. Fome e seca também entraram na diagramação <strong>do</strong>s jornais<br />
que acompanhavam a refrega travada no sertão baiano. “Atualmente t<strong>em</strong><strong>em</strong>os mais a<br />
fome <strong>do</strong> que os próprios jagunços... o pior inimigo com que lutamos aqui é a fome...” 92<br />
Assim chegavam à capital as notícias pelo jornal soteropolitano Diário <strong>de</strong> Notícias entre<br />
os dias 24 e 26 <strong>de</strong> agosto daquele ano <strong>de</strong> 1897, isto é, lançava à opinião pública os<br />
<strong>de</strong>stroços da guerra.<br />
O cenário estarrece<strong>do</strong>r projeta<strong>do</strong> pelos jornais, foss<strong>em</strong> eles da capital fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong><br />
São Paulo ou <strong>do</strong>s arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong> Jesus, paulatinamente materializava-se na<br />
capital <strong>do</strong>s baianos. Suas páginas agora assaltavam as ruas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma nítida e<br />
preocupante para a população que ali habitava. Assim, Salva<strong>do</strong>r nos parece, ao menos<br />
na última década da segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX, uma urbe que, apesar <strong>de</strong> banhada<br />
pelo mar, ardia <strong>em</strong> chamas.<br />
89<br />
RMG – 1898. Op. cit. p. 33. Também disponível <strong>em</strong>: http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2238/000041.html<br />
Acesso: 10/08/2008.<br />
90<br />
PIEDADE, Lélis (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r). (2002). Op. cit. 185.<br />
91<br />
GUERRA, Sérgio. (2002). Op. cit. p. 32.<br />
92<br />
GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). Op. cit. p. 122 e 124.<br />
44
1.6. A Salva<strong>do</strong>r que acolhia os combali<strong>do</strong>s<br />
Acometi<strong>do</strong>s pelas mais diversas afecções, os militares eram recebi<strong>do</strong>s por uma<br />
Salva<strong>do</strong>r <strong>em</strong> que o “dia-a-dia <strong>do</strong> povo era atormenta<strong>do</strong> pelos espectros <strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego,<br />
da fome, da <strong>do</strong>ença e da morte.” 93 Mergulhada na estagnação financeira e <strong>de</strong>stacada<br />
crise política, a capital <strong>do</strong>s baianos atravessara o século XIX marcada pela reduzida<br />
atenção das autorida<strong>de</strong>s públicas no que diz respeito aos esforços <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sua população e uma limitada estrutura sanitária. Fosse na cida<strong>de</strong> alta ou na cida<strong>de</strong><br />
baixa, no centro administrativo da Sé ou no troca-troca <strong>do</strong> porto, lixos e <strong>de</strong>tritos eram<br />
atira<strong>do</strong>s nas calçadas, comprometen<strong>do</strong> a higiene local e abrin<strong>do</strong> caminho para as mais<br />
distintas <strong>do</strong>enças infecto-contagiosas. 94<br />
A varíola, que atravessara o esta<strong>do</strong> da Bahia no ano da guerra, levava à morte<br />
33,89 <strong>em</strong> cada c<strong>em</strong> <strong>do</strong>entes só na capital. 95 Ainda nas palavras <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r baiano,<br />
“As condições sanitárias da cida<strong>de</strong> eram extr<strong>em</strong>amente precárias e refletidas na gran<strong>de</strong><br />
incidência <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças transmissíveis como a tuberculose, a varíola, a peste bubônica, a<br />
febre amarela e o impaludismo, que grassavam <strong>em</strong> caráter epidêmico. Daí resultavam as<br />
altas taxas <strong>de</strong> óbitos, associáveis também a outras moléstias. A gripe e a disenteria fazia<br />
muitas vítimas. O coeficiente <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil foi particularmente eleva<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> [Primeira República], graças aos altos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e <strong>do</strong>enças<br />
<strong>de</strong> aparelho digestivo <strong>em</strong> crianças, entre os quais eram muito diss<strong>em</strong>ina<strong>do</strong> o raquitismo.<br />
Outra árdua batalha era garantir a moradia. A precarieda<strong>de</strong> da habitação, aliás, se<br />
relacionava intimamente à freqüência <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças favorecidas pelas condições higiênicas<br />
da cida<strong>de</strong> e, particularmente, das residências.” 96 [grifo nosso]<br />
Nesta condição sanitária, era comum para qu<strong>em</strong> ali visitasse notar os<br />
excr<strong>em</strong>entos que grassavam nas calçadas da cida<strong>de</strong>. Apesar das insistentes atuações da<br />
Câmara Municipal <strong>em</strong> <strong>em</strong>itir as posturas que <strong>de</strong>veriam ser disciplina<strong>do</strong>ras ou com o<br />
objetivo evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> abolir <strong>de</strong>terminadas atitu<strong>de</strong>s da população, o hábito <strong>de</strong> jogar<br />
<strong>de</strong>tritos e águas sujas no meio da rua permanecia <strong>de</strong> alto a baixo nas la<strong>de</strong>iras da Bahia.<br />
S<strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> esgoto eficiente, valas e valetas a céu aberto dividiam as vias<br />
públicas on<strong>de</strong>, simultaneamente, no mesmo espaço, animais mortos atingiam o esta<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> putrefação. De acor<strong>do</strong> com a historia<strong>do</strong>ra Kátia Mattoso,<br />
“O costume <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar no centro das ruas uma sarjeta para o escoamento das águas<br />
pluviais, torna este canal, na prática diária, um veículo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> águas sujas cujos<br />
93<br />
SANTOS, Mario Augusto da Silva. A República <strong>do</strong> povo – sobrevivência e tensão. Bahia: EDUFBA,<br />
2001. p. 60.<br />
94<br />
Para uma abordag<strong>em</strong> mais <strong>de</strong>talhada sobre o t<strong>em</strong>a ver: UZEDA, Jorge Almeida. A morte vigiada: a<br />
cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r e a prática da medicina urbana (1890-1930). Bahia: UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia<br />
e Ciências Humanas. (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>). 1992.<br />
95<br />
SANTOS, Mario Augusto da Silva. (2001) Op. cit. p. 15.<br />
96 I<strong>de</strong>m. p. 61.<br />
45
eflúvios não são o pior castigo que o pe<strong>de</strong>stre t<strong>em</strong> que suportar, já que ele se acha a<br />
cada passo na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser enlamea<strong>do</strong> e sujo. Com efeito, as sarjetas viviam<br />
imundas e só se achavam t<strong>em</strong>porariamente limpas quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sabavam os aguaceiros.<br />
Águas sujas às quais se <strong>de</strong>ve ainda acrescentar lixo e outras imundícies contra as quais<br />
dificilmente se lutava.” 97<br />
Em trabalho intitula<strong>do</strong> As Origens da Reforma Sanitária e da Mo<strong>de</strong>rnização<br />
Conserva<strong>do</strong>ra na Bahia durante a Primeira República, Luiz Antonio <strong>de</strong> Castro Santos<br />
notara que as soluções para reduzir as precarieda<strong>de</strong>s insalubres da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r<br />
somente tomariam sensível rumo nas reformas <strong>do</strong> anoitecer da república <strong>do</strong>s coronéis,<br />
mudanças estas perpetradas ou pelo governo fe<strong>de</strong>ral ou pela Fundação Rockefeller,<br />
essas duas atuan<strong>do</strong> mutuamente <strong>em</strong> solo baiano. 98<br />
Até a primeira década <strong>do</strong> século XX, o governo estadual encontrara três<br />
obstáculos à organização e execução <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<br />
às necessida<strong>de</strong>s da capital e, posteriormente, <strong>do</strong> interior: primeiro, o universo limita<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s professores da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia <strong>em</strong> aceitar novas idéias e,<br />
sobretu<strong>do</strong>, as <strong>de</strong>savenças políticas que havia quan<strong>do</strong> da criação ou não <strong>de</strong> instituições<br />
ligadas à saú<strong>de</strong> pública na Bahia. De acor<strong>do</strong> com Luiz <strong>de</strong> Castro Santos,<br />
“Um primeiro esforço legislativo aconteceu durante a administração <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r J.<br />
M. Rodrigues Lima [1892 – 1896], forma<strong>do</strong> pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia. Um<br />
projeto regulan<strong>do</strong> o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública na Bahia foi submeti<strong>do</strong> ao Legislativo,<br />
tornou-se lei e foi sanciona<strong>do</strong> pelo governa<strong>do</strong>r <strong>em</strong> 1892. Os <strong>de</strong>fensores da saú<strong>de</strong><br />
elogiaram a criação <strong>de</strong> um Conselho Superior <strong>de</strong> Higiene Pública da Bahia pela nova<br />
legislação. O Conselho incluía alguns <strong>do</strong>s melhores nomes <strong>do</strong> corpo médico baiano: J.<br />
F. [José Francisco] da Silva Lima, o renoma<strong>do</strong> precursor da medicina experimental,<br />
Antônio Pacífico Pereira e Nina Rodrigues, entre outros. Pacífico Pereira, como Nina,<br />
era editor da Gazeta Médica e um prolífico escritor sobre saú<strong>de</strong> pública e<br />
saneamento.” 99 [grifo nosso]<br />
Todavia, o Comitê <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Congresso Estadual, logo nas investidas <strong>do</strong><br />
Conselho Superior <strong>de</strong> Higiene Pública da Bahia acerca <strong>do</strong> projeto, mostrara as<br />
implicações quan<strong>do</strong> da iniciativa da criação <strong>de</strong> um instituto bacteriológico <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r<br />
<strong>em</strong> 1894. O Conselho propôs que a nova instituição fosse governamental, mas o Comitê<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> votou por uma instituição privada; o Conselho sugeriu a contratação <strong>de</strong><br />
97<br />
MATTOSO, Kátia M. <strong>de</strong> Queirós. Bahia: a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r e seu merca<strong>do</strong> no século XIX. São<br />
Paulo: HUCITEC, 1978. p. 182.<br />
98<br />
Mais <strong>de</strong>talhes acerca <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a ver: PONTES, Adriano Arruda. Caçan<strong>do</strong> mosquitos na Bahia: a<br />
Rockfeller e o combate à febre amarela – inserção, ação e reação popular (1918 – 1940). Bahia: UFBA<br />
– Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas. (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>). 2007.<br />
99<br />
CASTRO SANTOS, Luiz A. <strong>de</strong>. As Origens da Reforma Sanitária e da Mo<strong>de</strong>rnização Conserva<strong>do</strong>ra<br />
na Bahia durante a Primeira República. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Da<strong>do</strong>s. v. 41, n. 3, 1998. p. 9. Disponível<br />
<strong>em</strong>: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581998000300004&lng=in&nrm=iso&tlng=in<br />
Acesso <strong>em</strong>: 11/10/2008.<br />
46
médicos estrangeiros para gerir o espaço, o Comitê viu ali um <strong>de</strong>sabono à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina. Somente <strong>em</strong> 1915, na gestão <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r José Joaquim Seabra, concluiu-<br />
se a construção <strong>do</strong> Instituto Bacteriológico Baiano, já <strong>em</strong> 1917, chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> Instituto<br />
Oswal<strong>do</strong> Cruz da Bahia. 100<br />
O segun<strong>do</strong> aspecto relata<strong>do</strong> por Luiz <strong>de</strong> Castro Santos, refere-se à crise<br />
econômica pela qual passava o esta<strong>do</strong>. Como <strong>de</strong>stacamos nas páginas iniciais, o autor<br />
ainda acrescenta que as divisas <strong>do</strong> café, tabaco, cacau, açúcar, algodão e a mineração da<br />
região da Chapada Diamantina, todas suscetíveis às exigências <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> externo, não<br />
foram capazes <strong>de</strong> cimentar uma base financeira ao ponto <strong>de</strong> oferecer investimentos<br />
internos. Paralelo a isso, a limitada estrutura ferroviária que havia era incapaz <strong>de</strong><br />
interligar as regiões produtivas e proporcionar uma dinamização econômica <strong>de</strong>sejada.<br />
A fragmentação política pre<strong>do</strong>minante na Bahia da República Velha compõe o<br />
terceiro obstáculo à concretização <strong>de</strong> um plano urbano-sanitário eficiente. Pass<strong>em</strong>os à<br />
análise <strong>do</strong> autor:<br />
“As oligarquias baianas não tinham coesão política e não conseguiram <strong>de</strong>senvolver uma<br />
sólida organização partidária. Como resulta<strong>do</strong>, os governos da Bahia, mesmo os que<br />
propunham novas políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, não tiveram o apoio necessário <strong>do</strong>s legisla<strong>do</strong>res<br />
para assegurar a aprovação <strong>de</strong> leis. Quan<strong>do</strong> a Ass<strong>em</strong>bléia Estadual aprovava um projeto<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, s<strong>em</strong>pre ocorriam probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> execução ou <strong>de</strong> consolidação <strong>do</strong>s<br />
programas e serviços. (...) Muitos parti<strong>do</strong>s políticos foram funda<strong>do</strong>s na Bahia durante a<br />
Primeira República, mas a maioria <strong>de</strong>les teve pouca duração <strong>em</strong> razão da falta <strong>de</strong> coesão<br />
política das oligarquias. A inexistência <strong>de</strong> tradição republicana no ocaso <strong>do</strong> Império<br />
contribuiu também para a fragmentação política. Ao contrário <strong>de</strong> São Paulo, a Bahia<br />
nunca <strong>de</strong>senvolveu um movimento republicano expressivo – n<strong>em</strong> mesmo um Parti<strong>do</strong><br />
Republicano – durante o último quartel <strong>do</strong> século XIX.” 101<br />
De acor<strong>do</strong> com os conchavos políticos, ou seja, ex<strong>em</strong>plo <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ático <strong>do</strong> início<br />
<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> republicano, a politicalha con<strong>de</strong>nava a população <strong>do</strong> meio rural e urbano a<br />
conviver <strong>em</strong> precárias condições. À população que transitava nas ruas e calçadas da<br />
capital, <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque as alijadas <strong>do</strong>s centros <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e s<strong>em</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
reivindicação, limitada pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voto, cabia sobreviver <strong>em</strong> meio às<br />
int<strong>em</strong>péries sociais.<br />
Volt<strong>em</strong>os à <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s aspectos sanitários da capital <strong>do</strong>s baianos, antes <strong>de</strong> sua<br />
‘feição mo<strong>de</strong>rna’ promovida pelo governo <strong>de</strong> J.J. Seabra. 102 No que toca<br />
especificamente ao sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> água da cida<strong>de</strong>, Jorge Almeida Uzeda <strong>em</strong><br />
100 I<strong>de</strong>m. p. 10.<br />
101 I<strong>de</strong>m. p. 3 e 4.<br />
102 Para uma leitura mais <strong>de</strong>talhada sobre o assunto ver: LEITE, Rinal<strong>do</strong> César Nascimento. E a Bahia<br />
civiliza-se... I<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> civilização e cenas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização urbana – Salva<strong>do</strong>r: 1912 – 1916. Bahia:<br />
UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas. (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>). 1996.<br />
47
seu trabalho A morte vigiada: a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r e a prática da medicina urbana<br />
(1890 – 1930), efetuou um levantamento <strong>do</strong>cumental referente a: sanitarismo,<br />
urbanização e sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> esgoto, inclusive cont<strong>em</strong>plan<strong>do</strong> o que a imprensa noticiava<br />
referente às enxurradas torrenciais na capital e suas repercussões.<br />
Em matéria <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1924 <strong>do</strong> Diário <strong>de</strong> Notícias, isto é, vinte e sete<br />
anos <strong>de</strong>pois da Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, o jornal soteropolitano trazia a seguinte nota a<br />
seus leitores acerca <strong>do</strong> dique <strong>do</strong> Queima<strong>do</strong>: “As chuvas abundantes que ca<strong>em</strong> levam<br />
assim, na enxurrada para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> dique, toda sorte <strong>de</strong> imundícies comtamina<strong>do</strong>ra das<br />
águas... Dejetos, animais mortos, lama, burros e tu<strong>do</strong> o mais. É essa água quase pútrida<br />
e envenenada que está corren<strong>do</strong> nos encanamentos da cida<strong>de</strong>.” 103<br />
103 UZEDA, Jorge Almeida. (1992). Op. cit. p. 84.<br />
Documento – 1<br />
Documento – 2<br />
48
Especificamente sobre as águas <strong>do</strong> Queima<strong>do</strong>, conforme a <strong>do</strong>cumentação<br />
anterior, o professor Anísio Circun<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho – catedrático da disciplina <strong>de</strong><br />
Patologia Geral da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia à época da quadra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s –<br />
fora responsável pelo Hospital da Jequitaia, instala<strong>do</strong> na cida<strong>de</strong> para tratar os enfermos<br />
e feri<strong>do</strong>s da guerra que para lá se <strong>de</strong>slocavam. Efetuara o médico, ao que consta nos<br />
<strong>do</strong>cumentos que segu<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque, cinco compras <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> água na<br />
sublinhada Companhia. Assim, quarenta e cinco mil réis foram gastos com água entre<br />
junho, agosto, set<strong>em</strong>bro, nov<strong>em</strong>bro e <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897, isto é, aqueles meses <strong>em</strong> que<br />
registraram-se a chegada <strong>do</strong>s militares às enfermarias improvisadas <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r.<br />
Nossa distância t<strong>em</strong>poral não permite saber, mas possibilita perquirir. Primeiro,<br />
estaria esta água receben<strong>do</strong> os mesmos <strong>de</strong>jetos relata<strong>do</strong>s por Jorge Uzeda ao analisar a<br />
matéria <strong>do</strong> jornal <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1924? Segun<strong>do</strong>, assepsia <strong>de</strong> feridas, esterilização <strong>de</strong><br />
instrumentos cirúrgicos, limpeza das <strong>de</strong>pendências <strong>de</strong> seu hospital... se potável, qual<br />
fora o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>sta água?<br />
O professor Circun<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho dividiu a trabalho no Hospital Jequitaia com<br />
outros colegas médicos, os <strong>do</strong>utores Deocleciano Ramos (lente da disciplina <strong>de</strong><br />
Obstetrícia) e Miguel Simões; e recebeu notificação <strong>do</strong> Inspetor Geral <strong>de</strong> Higiene <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> da Bahia, dr. Eduar<strong>do</strong> Gordilho da Costa, <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro (mais <strong>de</strong>talhes no<br />
49
próximo capítulo) sobre a atmosfera infecta <strong>de</strong> seu Hospital. A nota abaixo po<strong>de</strong>ria nos<br />
aproximar <strong>de</strong> uma resposta.<br />
Documento – 3<br />
Fonte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque (1, 2, e 3): AFMB. Maço – Documentação<br />
referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Caixa Ano 1897 – código: 01.07.0574.<br />
Ante as fontes supracitadas, nossa única certeza é <strong>de</strong> que a água foi comprada e<br />
utilizada. Seu <strong>de</strong>stino imediato e específico fica distante <strong>de</strong> nossa reflexão e, por este<br />
motivo, se aproxima <strong>de</strong> uma reconstrução hipotética porque “<strong>em</strong> primeiro lugar o<br />
historia<strong>do</strong>r, enquanto produtor <strong>de</strong> um texto, e também o público leitor, consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />
História, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> assumir a dúvida como um princípio <strong>de</strong> conhecimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. (...)<br />
Há mais dúvidas <strong>do</strong> que certezas, o que compromete o pacto da História com a obtenção<br />
da verda<strong>de</strong>.” 104 Atinentes a mais uma contribuição <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r inglês no que diz<br />
respeito a multivocalida<strong>de</strong> da história e a sua dúvida como característica permanente,<br />
“..., cada vez mais os historia<strong>do</strong>res estão começan<strong>do</strong> a perceber que seu trabalho não<br />
reproduz “o que realmente aconteceu”, tanto quanto o representa <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista<br />
particular. (...) Os narra<strong>do</strong>res históricos necessitam encontrar um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> se tornar<strong>em</strong><br />
visíveis <strong>em</strong> sua narrativa, não <strong>de</strong> auto-indulgência, mas advertin<strong>do</strong> o leitor <strong>de</strong> que eles<br />
não são oniscientes ou imparciais e que outras interpretações, além das suas, são<br />
possíveis.” 105<br />
O médico baiano Deo<strong>do</strong>ro Álvares Soares, atuante nas enfermarias montadas no<br />
Mosteiro <strong>de</strong> São Bento quan<strong>do</strong> aluno da Faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong> Jesus, trouxe-nos no<br />
104<br />
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 2ª Edição. Minas Gerais: Autêntica<br />
Editora, 2005. p. 115.<br />
105<br />
BURKE, Peter. A história <strong>do</strong>s acontecimentos e o renascimento da narrativa. In: BURKE, Peter.<br />
(organiza<strong>do</strong>r) A Escrita da História – novas perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1991. p. 337.<br />
50
capítulo <strong>do</strong>is <strong>de</strong> sua tese – apresentada a banca argui<strong>do</strong>ra <strong>em</strong> 1899 (<strong>do</strong>is anos após a<br />
Campanha) com o título Alguns traços <strong>de</strong> nossa população sob o ponto <strong>de</strong> vista<br />
hygienico e evolucionista – mais alguns fragmentos das condições sanitárias não<br />
somente da capital <strong>do</strong>s baianos, como para boa parte das capitais brasileiras. Pass<strong>em</strong>os a<br />
sua narrativa:<br />
“não possuímos esgotos, sab<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s, t<strong>em</strong>os um sarcasmo maldicto atira<strong>do</strong> a face <strong>do</strong><br />
progresso scientífico <strong>em</strong> materia <strong>de</strong> hygiene: os canos <strong>de</strong> estagnação das matérias<br />
putrescíveis, as terríveis boccas <strong>de</strong> lobo a exhalar<strong>em</strong> aos excessos da t<strong>em</strong>peratura<br />
<strong>em</strong>anações mephíticas a passag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s transeuntes.” 106<br />
O diálogo entre o gabinete da Intendência Municipal da Capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da<br />
Bahia e a Inspetoria Geral <strong>de</strong> Higiene <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é elucidativo por <strong>do</strong>is fatores: primeiro,<br />
en<strong>do</strong>ssa e reafirma o ambiente precário <strong>em</strong> que estava envolvida a Salva<strong>do</strong>r urbano-<br />
sanitária daquele final <strong>do</strong> século XIX; e, segun<strong>do</strong>, nos permite ‘entrar’ na instituição<br />
científica que, naquele momento, incumbia-se <strong>de</strong> tratar os militares e dar <strong>de</strong>stino aos<br />
que ali morriam. Pass<strong>em</strong>os então a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong>:<br />
“Em b<strong>em</strong> da saú<strong>de</strong> já ameaçada, <strong>do</strong>s que resi<strong>de</strong>m <strong>em</strong> prédios <strong>de</strong> números quatorze e<br />
<strong>de</strong>seseis, às Portas <strong>do</strong> Carmo, convi<strong>do</strong>-vos <strong>de</strong> novo a or<strong>de</strong>nar<strong>de</strong>s com toda a urgência a<br />
restauração <strong>do</strong> cano <strong>de</strong> esgoto que partin<strong>do</strong> das diversas latrinas [d]as enfermarias da<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, atravessa o terreno que jaz nos fun<strong>do</strong>s d’aquelles prédios<br />
invadi<strong>do</strong>s nos seus pavimentos inferiores por matérias imundas. (assigna<strong>do</strong>) O Inspector<br />
Eduar<strong>do</strong> Gordilho Costa.” 107<br />
Coerent<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong>stoante não seriam os hospitais que se haviam na capital da<br />
Bahia, quan<strong>do</strong> imersos no contexto até aqui alinhava<strong>do</strong>. Como ver<strong>em</strong>os no próximo<br />
it<strong>em</strong>, insalubrida<strong>de</strong> e precarieda<strong>de</strong> grassavam <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r fosse <strong>de</strong>ntro ou fora das<br />
enfermarias que atendiam aos feri<strong>do</strong>s. Conseguir escarra<strong>de</strong>iras, cobertores, r<strong>em</strong>édios e<br />
instalar canos e latrinas eram algum <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios aos que se <strong>de</strong>dicavam a tratar os<br />
feri<strong>do</strong>s que chegavam <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
1.7. Necessida<strong>de</strong>s hospitalares <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> guerra<br />
O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Jorge Uzeda nos possibilita mais uma incursão ao Mosteiro <strong>de</strong> São<br />
Bento momentos antes da refrega travada no sertão da Bahia, isto é, ainda no governo<br />
<strong>de</strong> Joaquim Manoel Rodrigues Lima (1892 – 1896). De acor<strong>do</strong> com sua pesquisa,<br />
“o mosteiro <strong>de</strong> S. Bento, na rua Pão-<strong>de</strong>-Ló número 94, distrito da Sé, era conheci<strong>do</strong><br />
pelas péssimas condições higiênicas, falta <strong>de</strong> asseio, acúmulo <strong>de</strong> lixo e imundícies no<br />
106 SOARES, Deo<strong>do</strong>ro Álvares. Alguns traços <strong>de</strong> nossa população sob o ponto <strong>de</strong> vista hygienico e<br />
evolucionista. Tese <strong>de</strong>fendida no ano <strong>de</strong> 1899. AFMB – THESES. Código da tese: 099-E.<br />
107 AFMB. Caixa Ano 1897 – outubro.<br />
51
páteo, com exalações insuportáveis, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> canalização para as águas servidas<br />
<strong>em</strong> seus diversos pavimentos.” 108<br />
Um ano <strong>de</strong>pois, neste mesmo Mosteiro <strong>de</strong> São Bento e agora na gestão <strong>do</strong><br />
governa<strong>do</strong>r Luis Viana (1896 – 1900), os solda<strong>do</strong>s José Maria Baptista, Sebastião<br />
Ferreira Lima, Pedro José da Rocha, Manoel Cypriano <strong>de</strong> Jesus, Silvino José <strong>do</strong>s<br />
Santos, Joaquim Vieira <strong>de</strong> Carvalho, Manuel <strong>de</strong> Barros Cavalcante, Faustino <strong>de</strong> Aráujo,<br />
Marciano Gomes Pereira, Érico Dias Mila, Raymun<strong>do</strong> Ferreira Lima e Antonio <strong>de</strong><br />
Castro Guimarães dividiam com mais noventa milicianos os leitos estrutura<strong>do</strong>s pela<br />
FMB no <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> Mosteiro.<br />
Na RELAÇÃO DOS DOENTES RECOLHIDOS A 6ª ENFERMARIA DO<br />
HOSPITAL DE SÃO BENTO 109 , sob direção <strong>do</strong> vice-diretor da Faculda<strong>de</strong> dr. José<br />
Olympio <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>, entraram militares com ida<strong>de</strong> entre 16 e 56 anos, dividi<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
graduações que abarcavam, afora os solda<strong>do</strong>s, anspeçadas 110 , cabos e músicos. To<strong>do</strong>s<br />
distribuí<strong>do</strong>s entre os diversos batalhões <strong>do</strong>s <strong>de</strong>zessete Esta<strong>do</strong>s da fe<strong>de</strong>ração, tais como:<br />
regimento <strong>de</strong> cavalaria, batalhão <strong>de</strong> infantaria, regimento <strong>de</strong> artilharia e corpos <strong>de</strong><br />
polícia.<br />
Àquela 6ª ENFERMARIA <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque recebera assinatura <strong>do</strong> dr. Ignácio<br />
Monteiro <strong>de</strong> Almeida Gouveia (professor substituto). Há segun<strong>do</strong>s dali, no mesmo<br />
Mosteiro, estavam seus colegas Pedro da Luz Carrascossa, Guilherme Pereira Rebello,<br />
Domingos Alves <strong>de</strong> Mello e João Moniz. Encerrada <strong>em</strong> 16 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro, esta<br />
enfermaria revela-nos alguns números. De acor<strong>do</strong> com o gráfico que segue, notamos<br />
que parte significativa das forças militares que <strong>de</strong>ram entrada na enfermaria, isto é,<br />
40%, estavam acometi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> alguma <strong>do</strong>ença. No caso específico <strong>de</strong> São Bento,<br />
<strong>de</strong>stacamos 39 <strong>do</strong>entes <strong>de</strong>ntre os 102 enfermos e, como po<strong>de</strong>rmos observar, a bronquite<br />
e a diarréia tomaram significativo volume entre àqueles combatentes. 111<br />
108 UZEDA. Jorge Almeida. (1992). Op. cit. p. 126.<br />
109 ver material <strong>em</strong> anexo.<br />
110 Aspirante à cargo <strong>de</strong> oficial <strong>do</strong> Exército.<br />
111 Ver mapa completo da enfermaria <strong>em</strong> material anexo. Detalhe importante: nenhum da<strong>do</strong> extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
AFMB – Caixa Ano 1897: Cód. 01.07.0574 nos permite generalizar qualquer informação, pois das 30<br />
enfermarias estruturadas na capital Salva<strong>do</strong>r para aten<strong>de</strong>r os feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Campanha, <strong>em</strong> nossas pesquisas,<br />
conseguimos levantar 8 e, mesmo assim, n<strong>em</strong> todas cont<strong>em</strong>plam as mesmas informações.<br />
52
6ª ENFERMARIA - MOSTEIRO DE SÃO BENTO<br />
(<strong>do</strong>entes)<br />
3%<br />
20%<br />
5%<br />
4%<br />
3%<br />
3%<br />
3% 3%<br />
Gráfico – 2:<br />
DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS<br />
17%<br />
30%<br />
3%<br />
3%<br />
3%<br />
ENFERMARIA LOUIS PASTEUR -<br />
<strong>do</strong>entes<br />
8% 8% 8%<br />
76%<br />
Acometi<strong>do</strong>s por 2 <strong>do</strong>enças<br />
Acometi<strong>do</strong>s por mais <strong>de</strong> 2<br />
<strong>do</strong>enças<br />
Beribéri<br />
Sífilis<br />
Bronquite<br />
Asma<br />
Tuberculose pulmonar<br />
Reumatismo<br />
Engorgitamento hepatico<br />
Laringite<br />
Diarréia<br />
Disenteria<br />
Febre palustre<br />
Beribéri<br />
Bronquite<br />
Reumatismo<br />
Impaludismo<br />
FONTE: AFMB – Caixa Ano 1897: Código 01.07.0574<br />
Nesta 6ª enfermaria o único falecimento fora <strong>do</strong> solda<strong>do</strong> sergipano <strong>de</strong> 23 anos,<br />
Pedro José Divino, pertencente ao 5º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria da 3ª Cia. Pedro José, que<br />
não estava feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo, <strong>de</strong>u entrada à enfermaria <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> agosto. Ao que<br />
consta no mapa da enfermaria, o solda<strong>do</strong> havia solicita<strong>do</strong> sua r<strong>em</strong>oção para a ilha <strong>de</strong><br />
53
Itaparica <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, mas falecera <strong>do</strong>is dias <strong>de</strong>pois. No mapa <strong>em</strong> que há a<br />
<strong>de</strong>scrição da moléstia e as observações sobre as afecções <strong>do</strong> solda<strong>do</strong> sergipano, ecz<strong>em</strong>a<br />
e beribéri foram apontadas como causa mortis.<br />
O mapa da enfermaria Louis Pasteur, a cargo <strong>do</strong> professor Anatomia e Fisiologia<br />
Patológica, Augusto César Viana, <strong>em</strong> meio ao pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> impaludismo não<br />
apresentara casos <strong>de</strong> falecimento ao menos <strong>de</strong>ntre os 26 que ali permaneceram, pois 6<br />
militares foram transferi<strong>do</strong>s ou para a enfermaria <strong>do</strong> professor Braz <strong>do</strong> Amaral ou para<br />
aplicação <strong>de</strong> clorofórmio, cuja unida<strong>de</strong> não é mencionada.<br />
Analisan<strong>do</strong> a precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s hospitais que aten<strong>de</strong>ram aos combali<strong>do</strong>s<br />
provin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, o Hospital Santa Izabel também abriu suas portas aos<br />
feri<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército da república e uma reflexão sobre suas insuficiências no que toca à<br />
hygiene, não escapara a pena <strong>do</strong> acadêmico baiano A<strong>do</strong>lpho Vianna, que atuara nos<br />
Hospitais <strong>de</strong> Sangue estrutura<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Queimadas e Monte Santo.<br />
A<strong>do</strong>lpho Vianna, filho <strong>de</strong> D. Marcolina Vianna e <strong>do</strong> dr. A<strong>do</strong>lpho Vianna,<br />
formou-se <strong>em</strong> 1898, isto é, um ano após a guerra. Integrante da primeira turma enviada<br />
ao palco das operações <strong>em</strong> 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1897, o quintanista <strong>de</strong> medicina graduara-se<br />
com a tese Hygiene <strong>do</strong>s hospitaes. De acor<strong>do</strong> com seu trabalho <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento, o<br />
referi<strong>do</strong> hospital apresentava aspectos distantes das regras <strong>de</strong> higiene <strong>em</strong> vigor, isto é,<br />
<strong>de</strong>ntre eles, <strong>de</strong>stacou o jov<strong>em</strong> arguente, o espaço ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e exíguo entre os<br />
pavilhões e as galerias, o que prejudicava a ventilação <strong>de</strong>sejada, facilitan<strong>do</strong> a<br />
diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças.<br />
Para en<strong>do</strong>ssar suas críticas, o aluno trouxe <strong>em</strong> suas páginas o reconhecimento <strong>de</strong><br />
seu professor da disciplina <strong>de</strong> Hygiene, Joaquim Manoel Saraiva que segun<strong>do</strong> ele, havia<br />
feito um exame minucioso e <strong>de</strong>mora<strong>do</strong> sobre o Hospital Santa Izabel: “Chamaram uns<br />
quatro obreiros que mal sabiam collocar o barro por sobre a pedra, não fizeram o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />
appelo à hygiene e diz<strong>em</strong> cheios <strong>de</strong> si: a Bahia possue um magnífico hospital, somente<br />
pelo tamanho e belleza que representa.” 112<br />
Os hospitais, ao que nos parece, não fugiam à crise econômica a que enfrentava<br />
o esta<strong>do</strong> da Bahia. As providências caminhavam <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as necessida<strong>de</strong>s, ora<br />
supridas ora não. Daí a preocupação <strong>do</strong> Comitê Patriótico da Bahia <strong>em</strong> organizar<br />
112 VIANNA, A<strong>do</strong>lpho. Hygiene <strong>do</strong>s hospitaes. 1898. p. 62 e 63. In: AFMB – THESES. Código da tese:<br />
098-E.<br />
54
comissões visita<strong>do</strong>ras para que estas atuass<strong>em</strong> nas trinta enfermarias improvisadas<br />
localizadas nas imediações da Faculda<strong>de</strong>. 113<br />
Nas reuniões <strong>de</strong>sta comissão foram aborda<strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as como falta <strong>de</strong> materiais e<br />
precarieda<strong>de</strong>s das instalações hospitalares e, <strong>em</strong> alguns momentos, os m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong><br />
Comitê entraram <strong>em</strong> conflito com os <strong>do</strong>utores da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina. Sobre suas<br />
visitas às enfermarias <strong>do</strong> Mosteiro <strong>de</strong> São Bento há que o<br />
“comenda<strong>do</strong>r Aristi<strong>de</strong>s Novis e Alfre<strong>do</strong> Requião, encontraram falta <strong>de</strong> diversas coisas,<br />
cuja presença era ali indispensável para o tratamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes... o Sr. Carneiro da<br />
Rocha faz referencias à má colocação da latrina, <strong>em</strong> S. Bento, chaman<strong>do</strong> para isto a<br />
atenção <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> competisse e a <strong>do</strong> Comitê.” 114<br />
Ao que consta no Histórico e Relatório <strong>do</strong> Comitê Patriótico, a comissão fora<br />
organizada para averiguar certas irregularida<strong>de</strong>s que havia nas unida<strong>de</strong>s improvisadas<br />
para aten<strong>de</strong>r os feri<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>entes que chegavam da guerra. Esta intervenção motivou<br />
uma série <strong>de</strong> medidas por parte <strong>do</strong> diretor da Faculda<strong>de</strong>, Antonio Pacífico Pereira. Em<br />
reunião <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> agosto, ou seja, <strong>em</strong> pleno fragor da guerra, o diretor reclamava que as<br />
comissões mais pareciam fiscaliza<strong>do</strong>ras que visita<strong>do</strong>ras.<br />
Franz Wagner – presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Comitê e media<strong>do</strong>r da reunião – levara <strong>em</strong><br />
consi<strong>de</strong>ração tanto o protesto <strong>do</strong> professor-diretor quanto as justificativas <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros<br />
da mesa, pois alegavam eles que a intenção <strong>do</strong> Comitê era meramente <strong>de</strong> proteção e<br />
prestação <strong>de</strong> serviço. M<strong>em</strong>bro da Comissão Central <strong>do</strong> Comitê, Alfre<strong>do</strong> Requião<br />
argumentara com o dr. Pacífico Pereira que havia dúvidas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a notícia incerta <strong>do</strong><br />
Jornal <strong>de</strong> Notícias sobre o fornecimento <strong>de</strong> medicamentos às enfermarias da Faculda<strong>de</strong>.<br />
Segun<strong>do</strong> narrativa <strong>do</strong> Histórico e Relatório, <strong>de</strong> imediato o diretor apresentara<br />
<strong>do</strong>cumento comprovan<strong>do</strong> o encerramento <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s tanto os <strong>de</strong> seu colega, o<br />
professor <strong>de</strong> Clínica <strong>de</strong>rmatológica e syphiligraphica, dr. Alexandre Evangelista <strong>de</strong><br />
Castro Cerqueira, quanto os seus.<br />
A partir dali, Antonio Pacífico Pereira solicitara aos m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong> Comitê, que<br />
limitass<strong>em</strong> o quanto possível as visitas das comissões às enfermarias da Faculda<strong>de</strong>,<br />
medida esta por motivo <strong>de</strong> higiene e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, impedir que houvesse ainda<br />
mais a diss<strong>em</strong>inação das epi<strong>de</strong>mias que grassavam na capital.<br />
113 Mais informações acerca <strong>do</strong>s hospitais <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r ver BARRETO, Maria Renilda Nery. A Medicina<br />
Luso-brasileira – Instituições, médicos e populações enfermas <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r e Lisboa (1808-1851). 2005.<br />
257 fl. Tese (Doutora<strong>do</strong> <strong>em</strong> História das Ciências). Casa <strong>de</strong> Oswal<strong>do</strong> Cruz – FRIOCRUZ, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
2005.<br />
114 PIEDADE, Lélis. (2002). Op. cit. p. 67 e 98.<br />
55
O que paira à sombra é que naquela sala vários apartes ocorreram entre os<br />
m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong> Comitê e os professores da FMB. Duas instituições entran<strong>do</strong> <strong>em</strong> evidência<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma notícia incerta no que dizia respeito ao fornecimento <strong>de</strong> materiais às<br />
enfermarias instaladas nas <strong>de</strong>pendências da Faculda<strong>de</strong>. É interessante notar que os<br />
trâmites inerentes ao procedimento médico para tratar os feri<strong>do</strong>s da guerra saiu das<br />
enfermarias e ganhou, pelas páginas <strong>do</strong> jornal cita<strong>do</strong>, uma dimensão pública. O<br />
<strong>de</strong>sconforto causa<strong>do</strong> pela notícia, implicou na comprovação <strong>do</strong>cumental por parte <strong>do</strong><br />
diretor da Faculda<strong>de</strong>, sobre a necessida<strong>de</strong> da aquisição <strong>de</strong> medicamentos e instrumentos<br />
<strong>de</strong> trabalho.<br />
Ao que nos parece, a tensão causada pelo ambiente <strong>de</strong> guerra tornava sensível as<br />
relações entre os médicos e ‘não-médicos’ que trabalhavam <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r, fosse para<br />
tratar <strong>do</strong>s convalescentes ou fosse para aplicar-lhes um lenitivo pós-guerra, nada<br />
escapava à pena <strong>do</strong>s jornais. A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e seus professores estavam<br />
imersos <strong>em</strong> um contexto cuja prática médica tentava concretizar <strong>de</strong> forma científica seu<br />
espaço e, por conseguinte, cristalizar a profissão. Qualquer menção ou dúvidas<br />
levantadas, sobretu<strong>do</strong> aos olhos da opinião pública, que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> manchar uma ou<br />
outra conduta daquela instituição científica, sofreriam largas consi<strong>de</strong>rações. 115<br />
An<strong>de</strong>mos agora por seus corre<strong>do</strong>res, salas e laboratórios... Entr<strong>em</strong>os na<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong> Jesus abarrotada <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s que provinham da 4ª expedição<br />
enviada ao interior da Bahia pelo Exército da República, relat<strong>em</strong>os como seus mestres<br />
organizaram as enfermarias e <strong>de</strong> que forma atuaram, com o auxilio <strong>de</strong> seus alunos, ante<br />
a imensidão <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> conflito... Toda essa movimentação mergulhada <strong>em</strong> um<br />
contexto <strong>em</strong> que a medicina oficial, isto é, acadêmica, dividia seu espaço com outras<br />
práticas <strong>de</strong> cura, o que abordar<strong>em</strong>os nas últimas páginas <strong>do</strong> capítulo que segue, porque<br />
agora, à entrada da Faculda<strong>de</strong>...<br />
115 Mais sobre a legitimação da profissão médica ver EDLER, Flávio Coelho. As reformas <strong>do</strong> Ensino<br />
Médico e a profissionalização da medicina na Corte <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (1854/1884). 1992. 275 fl.<br />
Dissertação (Mestra<strong>do</strong> <strong>em</strong> História Social). SP: Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1992.<br />
56
CAPÍTULO II<br />
A FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA POR DENTRO DA GUERRA<br />
2.1. A Faculda<strong>de</strong> entre mortos e feri<strong>do</strong>s<br />
“HOSPITAES DE SANGUE – 9ª e ultima visita –<br />
Enquanto lutávamos com os Canu<strong>do</strong>s somente,<br />
tínhamos alguma esperança <strong>de</strong> victoria; mas, <strong>de</strong>pois que<br />
aos Canu<strong>do</strong>s uniram-se as bexigas... com mortífero<br />
cortejo <strong>de</strong> beribéri, dysenteria, febres <strong>de</strong> máo caracter,<br />
além da fome, se<strong>de</strong>, nu<strong>de</strong>z e outros males inseparáveis<br />
da guerra... confesso-vos! perdi as esperanças!” 116<br />
“CONFLICTO NA 5ª ENFERMARIA – Um solda<strong>do</strong>,<br />
hont<strong>em</strong>, por occasião <strong>de</strong> receber sua dieta, altercou com<br />
o enfermeiro que é paisano, dan<strong>do</strong> <strong>em</strong> resulta<strong>do</strong> sahir o<br />
enfermeiro feri<strong>do</strong> no braço.<br />
Foram tomadas as provi<strong>de</strong>ncias necessárias, para a<br />
punição <strong>do</strong> <strong>de</strong>linqüente.” 117<br />
As epígrafes <strong>de</strong>senham o cenário das enfermarias na capital baiana <strong>em</strong> que<br />
professores e alunos se <strong>de</strong>dicaram a tratar os feri<strong>do</strong>s da guerra. Ali, ao que nos parece,<br />
um ambiente tenso, um universo marca<strong>do</strong> pelo pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças e choques entre<br />
as partes [civis e militares] que dividiam àquele espaço clínico. É partir <strong>de</strong>sta tensão que<br />
iniciamos nossa narrativa sobre a imersão da Faculda<strong>de</strong> no con<strong>front</strong>o. Vamos a ela.<br />
Instituição científica com pro<strong>em</strong>inente atuação na história política da Bahia e <strong>do</strong><br />
Brasil, a FMB – durante o perío<strong>do</strong> que abrange a morte <strong>do</strong> coronel Antonio Moreira<br />
César, 04 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1897, e o envio da primeira turma <strong>de</strong> acadêmicos <strong>de</strong> medicina e<br />
farmácia à linha <strong>de</strong> fogo, <strong>em</strong> 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1897 – <strong>em</strong>itiu alguns ofícios sobre o<br />
assunto Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. No entanto, sua atuação possui mais relevo no <strong>de</strong>curso da<br />
4ª expedição militar enviada ao interior da Bahia. Acreditamos que sua presença, tanto<br />
na capital quanto no teatro da guerra, nos oferece mais uma dimensão <strong>do</strong> con<strong>front</strong>o.<br />
A <strong>do</strong>cumentação aqui trabalhada centrou-se na produção escrita pelos<br />
representantes da FMB sobre seu olhar lança<strong>do</strong> no que diz respeito a peleja sertaneja no<br />
116 BPEB – Jornal Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
117 BPEB – Jornal Diário <strong>de</strong> Notícias <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
57
ano <strong>de</strong> 1897. Alertamos aos leitores(as) que nossa relação entre t<strong>em</strong>po, leitura e<br />
transcrição <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos aqui cita<strong>do</strong>s não estabeleceram um convívio uniforme. De<br />
to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, sugestivamente, po<strong>de</strong>riam os(as) pesquisa<strong>do</strong>res(as) acoplar à Faculda<strong>de</strong><br />
baiana aqui <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>, a produção <strong>do</strong>cumental (fontes) elaborada pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro sobre o assunto Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s e, paralelo a isso,<br />
investigar o que há nos arquivos da Faculda<strong>de</strong> Livre <strong>de</strong> Direito da Bahia, fundada <strong>em</strong><br />
1891, afinal, eram eles, médicos e advoga<strong>do</strong>s à época, <strong>em</strong> sua maioria, homens da<br />
sciencia.<br />
“... fontes são marcas <strong>do</strong> que foi, são traços, cacos, fragmentos, registros, vestígios <strong>do</strong><br />
passa<strong>do</strong> que chegam até nós, revela<strong>do</strong>s como <strong>do</strong>cumento pelas indagações trazidas pela<br />
História. Nessa medida, elas são frutos <strong>de</strong> uma renovada <strong>de</strong>scoberta, pois só se tornam<br />
fontes quan<strong>do</strong> contém pistas <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> para a solução <strong>de</strong> um enigma proposto. São, s<strong>em</strong><br />
dúvida, da<strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong> um outro t<strong>em</strong>po, mas que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r para<br />
revelar senti<strong>do</strong>s. Elas são, a rigor, uma construção <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e é por elas que se<br />
acessa o passa<strong>do</strong>.” 118<br />
No Livro <strong>de</strong> Atas da Congregação no Arquivo da FMB (1889 – 1897), há<br />
menções diretas ao episódio <strong>do</strong> Belo Monte. Entretanto, há ainda, um intervalo entre as<br />
sessões <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1897 e 16 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> mesmo ano. O que se proce<strong>de</strong>u<br />
<strong>de</strong>ntro da Faculda<strong>de</strong> durante aqueles quatro meses – espaço t<strong>em</strong>poral que compreen<strong>de</strong> a<br />
maior parte das operações da Campanha contra o povo <strong>do</strong> Conselheiro – só foram<br />
transcritos, ao menos é o que consta, quarenta e um dias após o massacre <strong>do</strong> 05 <strong>de</strong><br />
outubro, isto é, <strong>em</strong> 16 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro (primeiro dia após os exames finais). Isso se<br />
explica, a nosso ver, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao envolvimento <strong>do</strong> corpo discente, <strong>do</strong>cente e<br />
administrativo da Faculda<strong>de</strong> no que toca à estruturação <strong>de</strong> trinta enfermarias montadas<br />
na capital baiana para aten<strong>de</strong>r aos feri<strong>do</strong>s que para lá acorreram.<br />
No mês <strong>de</strong> março, há no Livro duas atas que, <strong>de</strong> certa forma, expõ<strong>em</strong> o<br />
comprometimento da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina na guerra: a primeira, 12 dias após a morte<br />
<strong>do</strong> coronel Moreira César e, a segunda, assinada no dia 20 <strong>de</strong> março. Na primeira, o<br />
diretor Antonio Pacífico Pereira <strong>de</strong>clarava, acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong>s professores m<strong>em</strong>bros da<br />
Congregação, o lamentável <strong>de</strong>sastre que ocorrera com a terceira expedição enviada pelo<br />
Exército da República ao arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Após <strong>de</strong>stacar a profunda perda pela qual<br />
passava o país, os professores, diretor e vice-diretor ofereciam os serviços da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> casos <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência. Esta moção <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> aos combatentes republicanos e a<br />
118 PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 2ª edição. São Paulo: Autêntica Editora,<br />
2005. p. 98.<br />
58
prestação <strong>de</strong> serviços estava dirigida ao governo fe<strong>de</strong>ral, ao ministério da guerra e ao<br />
ministério <strong>do</strong> interior, isto é, Ministério da Justiça e Negócios <strong>do</strong> Interior.<br />
Na segunda ata <strong>do</strong> Livro da Congregação da Faculda<strong>de</strong> – apesar <strong>de</strong> constar como<br />
<strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> março – registrou a resposta <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r, expedida <strong>em</strong> 17 <strong>de</strong> março e<br />
dirigida ao diretor Antonio Pacífico Pereira. Luiz Viana comentava agra<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> a moção<br />
da Faculda<strong>de</strong> para com os “bravos <strong>de</strong>fensores da Pátria na expedição contra os fanáticos<br />
<strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s” e <strong>de</strong>stacava o telegrama dirigi<strong>do</strong> ao Ministério da Guerra e <strong>do</strong> Interior. O<br />
ofício <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r segue nos seguintes termos:<br />
“É-me sumamente grato reconhecer a attitu<strong>de</strong> patriótica que sua elevada congregação<br />
scientifica assume diante <strong>do</strong>s lamentáveis acontecimentos que enlutão a Pátria,<br />
offerecen<strong>do</strong> seu valioso apoio e seus inestimáveis serviços ao Governo Fe<strong>de</strong>ral e ao<br />
Esta<strong>do</strong>al que os aceita, louvan<strong>do</strong> assim os sentimentos que inspirarão este<br />
offerecimento, e que constitu<strong>em</strong> uma tradição gloriosa <strong>de</strong>sta Instituição, que tão<br />
merecidamente presidis. Acceitae os sentimentos <strong>de</strong> minha elevada consi<strong>de</strong>ração e<br />
estima.<br />
Saú<strong>de</strong> e Fraternida<strong>de</strong>.<br />
Luis Vianna.” 119<br />
As atas (16 e 20 <strong>de</strong> março) revelam algumas características da a<strong>de</strong>são da FMB<br />
ao conflito trava<strong>do</strong> no arraial. Primeiro: a Faculda<strong>de</strong> se prontificou a atuar ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Exército e <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral. A presença <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia é mencionada através <strong>do</strong><br />
ofício <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r Luiz Vianna, não o ofício assina<strong>do</strong> pelo diretor da Faculda<strong>de</strong>,<br />
Antonio Pacífico Pereira. De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, não nos <strong>de</strong>dicamos <strong>em</strong> investigar se havia ou<br />
não, pontos <strong>de</strong> tensão, isto é, qu<strong>em</strong> entre os personagens envolvi<strong>do</strong>s na guerra estava<br />
subordina<strong>do</strong> a qu<strong>em</strong>, pois para essas esferas institucionais [FMB – Esta<strong>do</strong> – Exército], o<br />
que estava <strong>em</strong> jogo era o perigo da nação.<br />
A atitu<strong>de</strong> da FMB compactua com o comportamento rotineiro das instituições<br />
médicas no Brasil <strong>do</strong> século XIX, sobretu<strong>do</strong> no que diz respeito às questões sociais. Se<br />
a medicina buscara no Esta<strong>do</strong> uma ferramenta <strong>de</strong> legitimação <strong>de</strong> seu espaço, fosse pela<br />
imprensa ou pela lei, o que impediria o Esta<strong>do</strong> republicano <strong>de</strong> reproduzir a mesma<br />
lógica? Apesar das <strong>de</strong>savenças e <strong>do</strong>s conflitos miú<strong>do</strong>s da política, o propósito, para o<br />
trinômio, FMB – Esta<strong>do</strong> – Exército, era maior.<br />
<strong>Uma</strong> segunda característica é que seus serviços somente seriam <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
casos <strong>em</strong>ergenciais, porque <strong>em</strong> março <strong>de</strong> 1897 ainda iniciava-se a formação da quarta<br />
expedição a Canu<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> que milhares <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s, alguns compulsoriamente<br />
recruta<strong>do</strong>s, atuariam sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> general Artur Oscar <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Guimarães.<br />
119 AFMB – Livro <strong>de</strong> Actas da Congregação: 1889 – 1897. p. 177 e 178.<br />
59
Neste mesmo mês, <strong>em</strong> 21, o general chegou à Queimadas, localizada a 195 quilômetros<br />
<strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. 120<br />
Composta às pressas, a expedição Artur Oscar contou com um aporte<br />
tecnológico forneci<strong>do</strong> pela indústria que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Guerra Civil Americana (1861 –<br />
1865), passara a <strong>de</strong>linear as feições <strong>de</strong> uma guerra mo<strong>de</strong>rna com o uso das ferrovias, <strong>do</strong><br />
telégrafo e <strong>do</strong> jornal. De acor<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Walnice Nogueira Galvão, a estrada <strong>de</strong><br />
ferro para <strong>de</strong>slocar as tropas tanto as que marcharam ao teatro das operações quanto os<br />
convalescentes e feri<strong>do</strong>s; o telégrafo capaz <strong>de</strong> dinamizar a comunicação <strong>em</strong> guerra e os<br />
envia<strong>do</strong>s especiais <strong>do</strong>s jornais, isto é, a imprensa da Bahia, <strong>de</strong> São Paulo e <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro – formatou a Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s com traços <strong>de</strong> guerra mo<strong>de</strong>rna. 121<br />
1ª Brigada:<br />
Cel. Joaquim<br />
Manuel <strong>de</strong><br />
Me<strong>de</strong>iros<br />
1ª Coluna<br />
Gal. João da Silva Barbosa<br />
2ª Brigada:<br />
Cel. Inácio<br />
Henrique<br />
Gouveia<br />
4ª EXPEDIÇÃO<br />
General Artur Oscar <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Guimarães<br />
3ª Brigada:<br />
Cel. Antonio<br />
Olimpio da<br />
Silveira<br />
______________________________________________________________________<br />
FONTE: SAMPAIO Neto, José Augusto Vaz; SERRÃO, Magaly <strong>de</strong> Barros Maia; MELLO, Maria Lucia Horta<br />
Lu<strong>do</strong>lf e URURAHY, Vanda Maria Bravo. Canu<strong>do</strong>s – Subsídios para sua reavaliação histórica. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Fundação Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa. 1986. p. 50.<br />
A última expedição ao arraial, estruturada e modificada no <strong>de</strong>correr da<br />
Campanha por uma série <strong>de</strong> eventos, principalmente por atrito entre seus<br />
comandantes 122 , abarcara <strong>em</strong> suas tropas aproximadamente entre seis e oito mil<br />
militares, entre eles, sargentos, tenentes, alunos das escolas militares, anspeçadas,<br />
capitães, corneteiros, paisanos, ajudantes e solda<strong>do</strong>s.<br />
4ª Brigada:<br />
Cel. Carlos<br />
Maria da<br />
Silva Teles<br />
2ª Coluna<br />
Gal. Cláudio <strong>do</strong> Amaral Savaget<br />
(incursão por Sergipe)<br />
5ª Brigada:<br />
Cel. Julião<br />
Augusto da<br />
Serra Martins<br />
6ª Brigada:<br />
Cel.<br />
Donaciano <strong>de</strong><br />
Araújo<br />
Pantoja<br />
120 SOARES, Henrique Duque-Estrada <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>. (1985). Op. cit. p. 49.<br />
121 GALVÃO, Walnice Nogueira. O Império <strong>do</strong> Belo Monte – vida e morte no sertão <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. São<br />
Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001. p. 82.<br />
122 ARARIPE. Tristão <strong>de</strong> Alencar. (1985). Op. cit. p. 89. Assim comenta o autor: é interessante registrarse,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, o <strong>do</strong>entio espírito <strong>de</strong> rivalida<strong>de</strong> que se formou entre os comandantes <strong>de</strong> colunas e <strong>de</strong> corpos,<br />
os quais disputavam a primazia <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> os vence<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
60
Heróis no Relatório <strong>do</strong> Ministério da Guerra 123 , esses eram homens entre 16 e 56<br />
anos, alguns na condição <strong>de</strong> ex-combatentes da Guerra <strong>do</strong> Paraguai e da Revolta da<br />
Armada 124 , <strong>de</strong> diversos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil e foram eles <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s a combater os<br />
conselheiristas no interior da Bahia. Da chegada <strong>de</strong>sses militares e o percurso realiza<strong>do</strong><br />
no espaço entre a capital baiana e o sertão, registraram-se “assaltos a bonds, invasão <strong>de</strong><br />
casas particulares, agressões a pessoas inermes, violências contra hoteleiros e<br />
vendilhões, <strong>de</strong>sacatos a senhoras in<strong>de</strong>fesas...” 125<br />
Entre abril e fins junho <strong>de</strong> 1897, tu<strong>do</strong> parecia re-organiza<strong>do</strong> para o Exército da<br />
república. Apesar <strong>do</strong>s esforços no que se refere a repor o estoque <strong>de</strong> alimentos,<br />
armamentos, dinamizar o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> transporte, prontidão <strong>do</strong> serviço sanitário e <strong>de</strong><br />
engenharia, entre outras medidas peculiares ao cenário da guerra, Queimadas e Monte<br />
Santo, regiões adjacentes à Canu<strong>do</strong>s, encontravam-se <strong>em</strong> esta<strong>do</strong> precário, s<strong>em</strong> muares<br />
para <strong>de</strong>slocar as munições e, menos ainda, mantimentos para alimentar as tropas. 126<br />
Já no limiar <strong>do</strong>s primeiros ataques, no intervalo <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> maio e 07 <strong>de</strong> junho, o<br />
general Cláudio <strong>do</strong> Amaral Savaget permanecia <strong>em</strong> Ger<strong>em</strong>oabo com parte <strong>de</strong> sua tropa<br />
assolada por uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças. Em comunicação com Artur Oscar sobre a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invasão <strong>do</strong> arraial, o general Artur Oscar or<strong>de</strong>nou que as duas brigadas<br />
se encontrass<strong>em</strong> <strong>de</strong><strong>front</strong>e a Canu<strong>do</strong>s no dia 27 daquele mês. 127 Mas, antes disso, “a 25,<br />
Artur Oscar recebeu a notícia <strong>do</strong>s combates <strong>de</strong> Cocorobó entre a Segunda Coluna e os<br />
conselheiristas, convencen<strong>do</strong>-se da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegar o mais rapidamente a<br />
Canu<strong>do</strong>s”. 128 Paralelo a isso é importante <strong>de</strong>stacar que as <strong>do</strong>enças que acometeram os<br />
solda<strong>do</strong>s na Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, grassaram no <strong>de</strong>correr das quatro expedições <strong>em</strong><br />
direção à cida<strong>de</strong>la <strong>do</strong> Bom Jesus, mas, naturalmente, pelo número <strong>de</strong> pessoas<br />
envolvidas e pelas condições sanitárias <strong>do</strong> campo <strong>de</strong> operações, recru<strong>de</strong>sceram-se nesta<br />
última expedição.<br />
Entre os dias 25 e 27 <strong>de</strong> junho, as duas colunas tentavam invadir o arraial. Essas<br />
duas frentes, <strong>em</strong> superiorida<strong>de</strong> numérica e bélica (canhões e metralha<strong>do</strong>ras), esbarraram<br />
123<br />
Relatório <strong>do</strong> Ministério da Guerra (RMG - 1898) – Anexo A: Forças <strong>em</strong> Operações na Bahia. São<br />
freqüentes essas passagens no texto: O exército esteve sublime <strong>de</strong> heroísmo. Os solda<strong>do</strong>s morriam dan<strong>do</strong><br />
vivas à República e à m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong> marechal Floriano Peixoto, o que prova que a República teve a sorte<br />
<strong>de</strong> fazer brotar o amor pátrio <strong>em</strong> seus corações ru<strong>de</strong>s, porém generosos. Com taes el<strong>em</strong>entos a República<br />
po<strong>de</strong> soffrer combates como este <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, mas não perecerá. – general Artur Oscar <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />
Guimarães – 4 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897. p. 98.<br />
124<br />
GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). (1994). Op. cit. p. 414.<br />
125<br />
SINZIG, Pedro. (1925). Op. cit. p. 172.<br />
126<br />
ARARIPE. Tristão <strong>de</strong> Alencar. (1985). Op. cit. p. 87.<br />
127<br />
SOARES, Henrique Duque-Estrada <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>. (1985). Op. cit. p. 61<br />
128<br />
VILLA, Marco Antonio. (1995). Op. cit. p. 185.<br />
61
durante horas na resistência da Guarda Católica <strong>do</strong> Bom Jesus 129 e nas trincheiras<br />
naturais <strong>do</strong> solo <strong>do</strong> s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong>, que serviam, igualmente, <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa aos conselheiristas.<br />
Ainda a 25, a entrada ao arraial por Ger<strong>em</strong>oabo foi transposta pelas forças republicanas<br />
(2ª Brigada) e, concomitante a isso, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a centenas <strong>de</strong> baixas, ao anoitecer, foi<br />
improvisa<strong>do</strong> um hospital <strong>de</strong> sangue. (ver mapa no Capítulo III)<br />
Encontran<strong>do</strong>-se a região <strong>do</strong> Alto da Favela (aproximadamente 1300m <strong>de</strong><br />
distância <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s) ocupada pelas tropas republicanas, a primeira quinzena<br />
<strong>de</strong> julho, <strong>de</strong>stacada pelo uso intenso da mata<strong>de</strong>ira, foi marcada por ampla resistência<br />
conselheirista. Em pleno combate, “<strong>em</strong> 30 <strong>de</strong> junho e 1º <strong>de</strong> julho, um pequeno grupo <strong>de</strong><br />
conselheiristas tentou capturar ou <strong>de</strong>struir os canhões <strong>de</strong> uma bateria <strong>do</strong> Exército, mas<br />
foi rechaça<strong>do</strong>.” 130<br />
Neste mesmo cenário, as manobras militares mostravam-se limitadas e havia<br />
acentuada <strong>de</strong>sorganização <strong>do</strong> Exército. Os comboios carrega<strong>do</strong>s para alimentar as<br />
colunas eram frea<strong>do</strong>s pelas investidas <strong>do</strong>s acólitos <strong>do</strong> peregrino ou lentamente se<br />
<strong>de</strong>slocavam, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da íngr<strong>em</strong>e topografia <strong>do</strong> sertão, isso s<strong>em</strong> comentar as inúmeras<br />
<strong>de</strong>serções. Sobre os casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>serção, <strong>em</strong> especial na historiografia militar sobre o<br />
t<strong>em</strong>a, há passagens <strong>em</strong> que com o <strong>de</strong>sânimo das tropas atacadas pela fome e pela se<strong>de</strong>,<br />
surgiu certa indisciplina <strong>em</strong> plena linha <strong>de</strong> fogo, assim piquetes inteiros durante a noite<br />
aban<strong>do</strong>navam os postos e partiam <strong>em</strong> direção a Cocorobó ou ao Rosário; muitos,<br />
saciada a fome, regressavam; outros ficavam no mato... 131<br />
A respeito da batalha <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> julho, <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática para maior parte da<br />
historiografia atinente ao fenômeno <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, o Exército avançara alguns metros já<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> reduto <strong>do</strong> Conselheiro. Este combate, estendi<strong>do</strong> até o final da noite <strong>do</strong> mesmo<br />
dia, levara os oficiais a or<strong>de</strong>nar o recuo <strong>de</strong> seus combatentes. Um número pertinente <strong>de</strong><br />
comandantes, se não mortos, foram atingi<strong>do</strong>s e tornaram-se incapacita<strong>do</strong>s para seguir<br />
nas trincheiras. No transcorrer da guerra a munição escasseou-se e se<strong>de</strong> e fome<br />
continuavam companheiras <strong>do</strong>s milhares que marcharam <strong>em</strong> direção ao arraial.<br />
Para minimizar a prontidão conselheirista <strong>em</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seu povo, seu reduto, seu<br />
Belo Monte, o general Artur Oscar <strong>em</strong> comunicação ao Ministro da Guerra <strong>em</strong> 04 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897, alegou que a topografia local, trincheiras naturais formadas pelas<br />
129 MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano <strong>de</strong>. (2007). Op. cit. p. 309. De acor<strong>do</strong> com o autor, o propelente <strong>do</strong><br />
tiro era a pólvora negra, <strong>de</strong> ingredientes levanta<strong>do</strong>s no próprio sertão - salitre, enxofre e carvão vegetal<br />
pila<strong>do</strong>s juntos, basicamente - on<strong>de</strong> também se dava o seu fabrico artesanal antiquíssimo.<br />
130 VILLA, Marco Antonio. (1995). Op. cit. p. 189.<br />
131 SOARES, Henrique Duque-Estrada <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>. (1985). Op. cit. p. 115.<br />
62
<strong>de</strong>pressões <strong>do</strong> solo, freava a investida <strong>de</strong> seus valentes combatentes e que, por isso, não<br />
conseguira prosseguir. Após esta constatação, “<strong>em</strong> telegrama ao ministro da Guerra,<br />
pe<strong>de</strong> o auxílio absur<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5 mil solda<strong>do</strong>s, o equivalente a uma quinta expedição.” 132<br />
Simultaneamente a esse contexto, as condições sanitárias <strong>do</strong>s hospitais <strong>de</strong><br />
sangue estrutura<strong>do</strong>s na região para aten<strong>de</strong>r aos feri<strong>do</strong>s reclamavam providências<br />
imediatas. Ali se amontoavam feri<strong>do</strong>s por arma <strong>de</strong> fogo, quedas, variolosos, febris,<br />
amputa<strong>do</strong>s, diarréicos, nas mesmas enfermarias on<strong>de</strong> havia cadáveres insepultos <strong>de</strong><br />
homens e animais. Um corpo médico-militar composto por 21 <strong>do</strong>utores, quatro<br />
farmacêuticos e <strong>do</strong>is enfermeiros, adjuntos à quarta expedição 133 , não fazia frente ao<br />
crescente número <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s.<br />
De acor<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Roberto da Motta Teixeira, centra<strong>do</strong> na Guerra <strong>do</strong><br />
Paraguai, os hospitais <strong>de</strong> sangue foram unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> urgência instaladas há alguns<br />
metros da linha <strong>de</strong> fogo 134 . Ali os médicos <strong>do</strong> Exército se <strong>de</strong>dicaram a imobilizar as<br />
fraturas e tamponar as h<strong>em</strong>orragias. Os hospitais <strong>de</strong> sangue “funcionavam <strong>em</strong> barracas,<br />
casas porventura existentes no local ou mesmo ao ar livre. Os medicamentos e material<br />
<strong>de</strong> penso e cirurgia <strong>de</strong> urgência eram leva<strong>do</strong>s <strong>em</strong> maletas <strong>de</strong> mão <strong>de</strong>nominadas<br />
ambulâncias.” 135<br />
Em comunicação <strong>em</strong> 03 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897, o comandante interino Vicente<br />
Ferreira Álvares expôs a dimensão da situação <strong>do</strong>s hospitais <strong>de</strong> sangue <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s e<br />
suas necessida<strong>de</strong>s: “o 2º ca<strong>de</strong>te sargento Eugenio Carolino Sayão <strong>de</strong> Carvalho, <strong>em</strong> falta<br />
<strong>de</strong> cirurgião nesta columna, t<strong>em</strong> presta<strong>do</strong> os melhores serviços, fazen<strong>do</strong> os primeiros<br />
curativos aos feri<strong>do</strong>s não só <strong>de</strong>ste batalhão, como <strong>do</strong>s outros que guardam este ponto,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 18 [julho].” 136 [grifo nosso]<br />
Um dia antes da data acima, <strong>em</strong> carta ao periódico carioca Jornal <strong>do</strong><br />
Commercio, o capitão Manoel Benício, constant<strong>em</strong>ente censura<strong>do</strong> <strong>em</strong> suas missivas<br />
pelo general Artur Oscar <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Guimarães, expunha mais um cenário <strong>do</strong>s<br />
hospitais <strong>de</strong> sangue <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s:<br />
“Jaz<strong>em</strong> ali os feri<strong>do</strong>s no chão poeirento e seco, outro sobre couros ainda frescos e<br />
fe<strong>do</strong>rentos <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> abati<strong>do</strong> diariamente. O ar tresanda, as varejeiras esvoaçam <strong>em</strong><br />
132 MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano. (2007) Op. cit. p. 218.<br />
133 SAMPAIO Neto, José Augusto Vaz; SERRÃO, Magaly <strong>de</strong> Barros Maia; MELLO, Maria Lucia Horta<br />
Lu<strong>do</strong>lf e URURAHY, Vanda Maria Bravo. (1986). Op. cit. p. 49.<br />
134 Ver localização <strong>do</strong>s hospitais <strong>de</strong> sangue <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s no Capítulo III.<br />
135 TEIXEIRA, Roberto C. da Motta. Aspectos históricos da Medicina Militar na Guerra da Tríplice<br />
Aliança. In: Rio <strong>de</strong> Janeiro: ACADEMIA BRASILEIRA DE MEDICINA MILITAR – PROBLEMAS<br />
DE MEDICINA MILITAR, 1967 – 1968. 2v. p. 638.<br />
136 RMG – 1898. Op. cit. p. 57.<br />
63
zumzum ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes esquáli<strong>do</strong>s e famintos, fitan<strong>do</strong> as visitas com os olhos<br />
brancos <strong>de</strong> misericórdia e suplica. (...)<br />
Á hora <strong>do</strong> curativo o medico aparece. Desamarra a ferida que se apresenta nua à sua<br />
vista. Nova ventania inva<strong>de</strong> a tenda e enche <strong>de</strong> terra a chaga avermelhada.<br />
Lavar com quê? Só com água e aguar<strong>de</strong>nte. Depois um pouco <strong>de</strong> io<strong>do</strong>fórmio <strong>em</strong> cima,<br />
nova atadura e tu<strong>do</strong> feito, porque não há mais r<strong>em</strong>édio. R<strong>em</strong>édio há muito porém para<br />
pneumonia, espinhela caída, quebranto, feitiço e outras tantas enfermida<strong>de</strong>s que, por<br />
ora, não há n<strong>em</strong> t<strong>em</strong> apareci<strong>do</strong> no acampamento.<br />
Destes r<strong>em</strong>édios as ambulâncias vieram cheias.<br />
Para febres, ferimentos, não há mais medicamentos. Era também exigir <strong>de</strong>mais ao que<br />
dividiu ou organizou as ambulâncias, querer que ele soubesse que se havia <strong>de</strong> ser feri<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s e ter-se febres nestes lugares notáveis pelo impaludismo!?...” 137<br />
Este ambiente pestífero e <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>r refletiu-se no trabalho <strong>do</strong>s médicos<br />
militares. Em passag<strong>em</strong> pelo hospital <strong>de</strong> Monte Santo na primeira quinzena <strong>de</strong> agosto –<br />
este sob a chefia <strong>do</strong> major-médico dr. Francisco <strong>de</strong> Paula Alvelos – o acadêmico baiano<br />
<strong>do</strong> quarto ano médico da FMB, Francisco Xavier <strong>de</strong> Oliveira, <strong>de</strong>parou-se com um<br />
quadro assusta<strong>do</strong>r que, até mesmo, afastava os médicos militares <strong>de</strong> seus ofícios. Em<br />
sua permanência no teatro das operações, Francisco Xavier relatou que, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta<br />
<strong>de</strong> recursos necessários para executar o trabalho, os médicos militares nada faziam. O<br />
jov<strong>em</strong> estudante e os <strong>de</strong>mais colegas <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Medicina e Farmácia foram<br />
apresenta<strong>do</strong>s ao dr. José Lopes da Silva Júnior e, logo quan<strong>do</strong> da chegada ao Hospital<br />
<strong>de</strong> Sangue, narra o autor:<br />
“Começamos então a trabalhar.<br />
Leva<strong>do</strong> por um enfermeiro, que era um preto alto com a divisa <strong>de</strong> anspeçada <strong>do</strong><br />
exercito, entrou o acadêmico <strong>em</strong> uma casa <strong>de</strong> porta e duas janelas no correr <strong>front</strong>eiro à<br />
igreja.<br />
Ao entrar, a <strong>do</strong>is passos da porta foi encontran<strong>do</strong> feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ita<strong>do</strong>s pelo chão. (...)<br />
Suplicas, g<strong>em</strong>i<strong>do</strong>s <strong>de</strong> confranger o mais <strong>em</strong>pe<strong>de</strong>rni<strong>do</strong> coração.<br />
Feridas supuradas das mais variadas localizações e das mais irregulares formas e<br />
dimensões; ossos a vista nas fraturas expostas; <strong>do</strong>res, magreza, miséria orgânica,<br />
féti<strong>do</strong>.(...)<br />
De cócoras to<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>po, quan<strong>do</strong> terminou a tarefa tinha o diretor feito sessenta e um<br />
curativos.<br />
Indaga<strong>do</strong> por que os médicos não provi<strong>de</strong>nciavam para melhorar aquela situação<br />
horrível, o enfermeiro apontan<strong>do</strong> para um grupo que estava nos bancos <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong><br />
tamarin<strong>de</strong>iro, on<strong>de</strong> se jogava gamão, respon<strong>de</strong>u:<br />
O hospital <strong>de</strong>les é ali.” 138<br />
As dificulda<strong>de</strong>s encontradas no campo <strong>de</strong> operações no que se refere ao trabalho<br />
médico, ou seja, muitos feri<strong>do</strong>s, número excessivo <strong>de</strong> <strong>do</strong>entes e insuficiências materiais<br />
das mais variadas; está diretamente ligada à inserção da FMB no con<strong>front</strong>o. Em 22 <strong>de</strong><br />
137 GALVÃO. Walnice Nogueira. (1994). Op. cit. p. 281.<br />
138 OLIVEIRA, Francisco Xavier. R<strong>em</strong>iniscências da Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Bahia: Revista <strong>do</strong> Instituto<br />
Geográfico e Histórico da Bahia, 1943 – n. 69. p. 157, 158 e 159.<br />
64
julho, o governa<strong>do</strong>r Luis Vianna recebeu <strong>do</strong> general João Thomaz Antonio Cantuária o<br />
seguinte telegrama:<br />
“Neste momento recebo telegramma commandante guarnição sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
médicos e pharmaceuticos para forças <strong>em</strong> operações no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Apellan<strong>do</strong><br />
tradicional civismo povo baiano peço vosso valioso auxilio na satisfação <strong>de</strong> tão urgente<br />
necessida<strong>de</strong> na parte que vos couber.” 139<br />
Volt<strong>em</strong>os no t<strong>em</strong>po. Após comunicação, já <strong>de</strong>stacada, com o governo fe<strong>de</strong>ral,<br />
com o Ministério da Guerra e com o Ministério da Justiça, no mês março <strong>de</strong> 1897, há<br />
mais algumas sessões registradas no Livro <strong>de</strong> Atas da Congregação da Faculda<strong>de</strong> no<br />
Terreiro <strong>de</strong> Jesus. Na mesma ata <strong>do</strong> dia 20 <strong>de</strong> março, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que constava<br />
a prontidão da Faculda<strong>de</strong> <strong>em</strong> atuar ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia contra os<br />
fanáticos <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>is assuntos ainda foram trata<strong>do</strong>s: um refere-se ao protesto<br />
acerca <strong>de</strong> uma pr<strong>em</strong>iação <strong>de</strong> viag<strong>em</strong> à Europa; e, o outro, são comentários sobre a<br />
M<strong>em</strong>ória Histórica da FMB, escrita pelo médico maranhense e lente da disciplina <strong>de</strong><br />
Medicina Legal daquela instituição, Raymun<strong>do</strong> Nina Rodrigues. 140<br />
Em sua M<strong>em</strong>ória Histórica, relativa ao ano letivo <strong>de</strong> 1896, o professor Nina<br />
Rodrigues relatara as mais variadas necessida<strong>de</strong>s estruturais da Faculda<strong>de</strong>, que longe<br />
estava, na opinião <strong>do</strong> autor, <strong>do</strong> que havia nos países civiliza<strong>do</strong>s. Carência <strong>de</strong> materiais<br />
para um trabalho a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, inapropria<strong>do</strong>s laboratórios para o ensino prático <strong>de</strong><br />
anatomia, falta <strong>de</strong> cadáveres para análise, falta <strong>de</strong> <strong>em</strong>penho <strong>de</strong> alguns colegas <strong>de</strong><br />
trabalho, escasso investimento <strong>do</strong> governo estadual e fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>ntre outras<br />
insuficiências. 141 Tal assertiva não passou ilesa aos comentários <strong>do</strong>s professores ali<br />
reuni<strong>do</strong>s no momento <strong>de</strong> sua leitura.<br />
Aliás, por um la<strong>do</strong>, no que toca ao contexto nosocomial, laboratorial e,<br />
particularmente, médico <strong>em</strong> algumas cida<strong>de</strong>s européias <strong>do</strong> século XIX – Viena, Paris,<br />
Berlim, por ex<strong>em</strong>plo – <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong>scobertas no campo das <strong>do</strong>enças pulmonares,<br />
cardiologia, citologia, fisiologia, na tecnologia, bacteriologia e vacinas, paulatinamente,<br />
ganhavam dimensões extracontinentais. Assim, os livros, compêndios, e coleções <strong>de</strong>ssas<br />
universida<strong>de</strong>s européias, não tardariam <strong>em</strong> atravessar o Atlântico. Por outro, numa<br />
139 ALMEIDA, Felix Gaspar <strong>de</strong> Barros. Secretaria <strong>de</strong> Policia e Segurança Pública – Relatório<br />
apresenta<strong>do</strong> ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Exm. Sr. Cons. Luiz Vianna – 1898. p. 17.<br />
140 AFMB – Livro <strong>de</strong> Actas da Congregação: 1889 – 1897. p. 180.<br />
141 BRITTO, Antonio Carlos Nogueira. A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia na Época <strong>de</strong> Nina Rodrigues.<br />
Bahia: Gazeta Médica da Bahia, 2006. p. 76 e 77. Material disponível no site:<br />
http://www.medicina.ufba.br/gmbahia/numeros/sup2_2006/sup2_2006.pdf. Acesso <strong>em</strong> 10/11/2008.<br />
65
dimensão política, militar e econômica, <strong>em</strong> época <strong>de</strong> colonialismo e imperialismo 142 ,<br />
essas mesmas inovações científicas chegariam, <strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s momentos, como<br />
‘salva<strong>do</strong>ras’ <strong>do</strong>s ‘insalubres’ trópicos. Diga-se <strong>de</strong> passag<strong>em</strong>, laboratórios da maior parte<br />
<strong>de</strong> <strong>experiência</strong>s científicas européias. 143<br />
Voltan<strong>do</strong> ao Terreiro <strong>de</strong> Jesus, o dr. Manoel Joaquim Saraiva, presente à sessão<br />
<strong>de</strong> leitura da M<strong>em</strong>ória, protestou contra a referência <strong>do</strong> dr. Nina na sua M<strong>em</strong>ória<br />
Histórica ao comentar a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> trabalho que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhavam os professores no<br />
ensino prático. 144 O mesmo dr. Saraiva, acusava o médico maranhense <strong>de</strong> cometer grave<br />
injustiça a seus colegas que, muito <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s, s<strong>em</strong>pre permaneceram ativos no que se<br />
refere ao ensino prático daquela Faculda<strong>de</strong> e expôs as pesquisas realizadas no<br />
laboratório <strong>de</strong> higiene ali instala<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> que algumas <strong>de</strong>las serviram <strong>de</strong> fonte<br />
para as reformas sanitárias espalhadas <strong>em</strong> outros Esta<strong>do</strong>s brasileiros e que, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>,<br />
as informações <strong>do</strong> dr. Nina, nada coincidiam com a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s<br />
professores. Por fim, “estan<strong>do</strong> a hora adiantada, e com a palavra diversos Sr s .<br />
Professores, por proposta <strong>do</strong> Sr. Cons. Ramiro (dr. Ramiro A. Monteiro), foi adiada a<br />
discussão. Em seguida o Sr. Dr. Director levantou a sessão.” 145 [grifo nosso]<br />
Lançamos mão aqui <strong>de</strong> algumas M<strong>em</strong>órias Históricas da FMB para discutir a<br />
idéia <strong>de</strong> que estes <strong>do</strong>cumentos – ao compartilhar com outros (jornais, lições,<br />
conferências, registros <strong>de</strong> atos solenes, teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento), no que se refere a essa<br />
esfera, à <strong>do</strong>s letra<strong>do</strong>s e intelectuais <strong>do</strong> início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> republicano 146 – nos auxiliam a<br />
recompor o ambiente das relações entre os m<strong>em</strong>bros da Faculda<strong>de</strong> <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r no<br />
transcorrer da guerra travada a quatrocentos e noventa quilômetros dali.<br />
Tais características registradas pela M<strong>em</strong>ória Histórica escrita e lida por Nina<br />
Rodrigues não se restringiram ao seu perío<strong>do</strong>. Marcos Augusto Pessoa Ribeiro, ao<br />
estudar a M<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> Alfre<strong>do</strong> Britto, <strong>de</strong> 1900 (<strong>do</strong>is anos após a Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s),<br />
notara que o autor também reclamava das condições <strong>de</strong> higiene das instalações da FMB.<br />
Nas palavras <strong>do</strong> m<strong>em</strong>orialista, pacientes com <strong>do</strong>enças contagiosas, como a tuberculose,<br />
permaneciam durante meses nas enfermarias conviven<strong>do</strong> com outros enfermos,<br />
aumentan<strong>do</strong> o risco <strong>de</strong> contágio até mesmo <strong>de</strong> professores e alunos. Ainda na mesma<br />
142<br />
HOBSBAWM, Eric J. A Era <strong>do</strong>s Impérios. 5ª Edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1998. p. 109 e<br />
110.<br />
143<br />
PORTER, Roy. (2004). Op. cit. p. 97 – 123.<br />
144<br />
AFMB – Livro <strong>de</strong> Actas da Congregação: 1889 – 1897. p. 180.<br />
145<br />
I<strong>de</strong>m. p. 180. A revolta <strong>de</strong> alguns professores presentes acerca da M<strong>em</strong>ória Histórica <strong>de</strong> Nina<br />
Rodrigues ocupara 11 páginas <strong>de</strong>ste Livro <strong>de</strong> Actas, enquanto Canu<strong>do</strong>s, 5.<br />
146<br />
SÁ, Dominichi Miranda <strong>de</strong>. (2006). Op. cit. p. 38.<br />
66
M<strong>em</strong>ória Histórica, o professor Alfre<strong>do</strong> Brito comentou que “os alunos costumavam<br />
aglomerar-se <strong>em</strong> torno <strong>do</strong>s leitos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes, sen<strong>do</strong> estes frequent<strong>em</strong>ente importuna<strong>do</strong>s<br />
pelas moscas atraídas pelas escarra<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>scobertas, “cheias <strong>de</strong> esputos numulares”<br />
[da tuberculose], sob as mesinhas <strong>de</strong> cabeceira.” 147<br />
Seguin<strong>do</strong> o Livro <strong>de</strong> Atas da Congregação da FMB, <strong>em</strong> dias subseqüentes às<br />
<strong>de</strong>savenças causadas pela M<strong>em</strong>ória Histórica escrita pelo dr. Nina Rodrigues,<br />
encontramos o oficio nº. 1395, <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong> julho, o qual antece<strong>de</strong> a comunicação expedida<br />
pelo general João Thomaz Cantuária ao governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> Luiz Viana, <strong>em</strong> 22 <strong>de</strong><br />
julho. Este primeiro <strong>do</strong>cumento, com a assinatura <strong>do</strong> tenente-coronel dr. José Leôncio<br />
<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros (chefe <strong>do</strong> Serviço Sanitário <strong>do</strong> Exército no Esta<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> da Bahia), fora<br />
r<strong>em</strong>eti<strong>do</strong> ao diretor da Faculda<strong>de</strong>, Antonio Pacífico Pereira. Pass<strong>em</strong>os então ao seu<br />
conteú<strong>do</strong>:<br />
“..., que sigam com máxima urgencia para Monte Santo to<strong>do</strong>s os Médicos e<br />
Pharmaceuticos Civis contracta<strong>do</strong>s, caso estes não se prest<strong>em</strong> por seu patriotismo a<br />
servir gratuitamente, como muitos já o fizeram merecen<strong>do</strong> por isso a gratidão da Pátria,<br />
cumpro o <strong>de</strong>ver in<strong>de</strong>clinável e pedir acatamento que nos digneis <strong>de</strong> consultar sobre a<br />
materia e os Médicos e Pharmaceuticos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e <strong>de</strong> Pharmacia sob<br />
nossa digna direção, atten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao offerecimento generoso e louvável feito ultimamente<br />
ao governo da Republica pela illustrada e <strong>em</strong>érita Congregação da Faculda<strong>de</strong> com<br />
edificante solicitu<strong>de</strong> e patriotismo.”<br />
Perceb<strong>em</strong>os no comunica<strong>do</strong> que, para a urgência <strong>do</strong>s serviços da guerra, tornara-<br />
se capital a intervenção da Faculda<strong>de</strong> no con<strong>front</strong>o. Trezentos e noventa e cinco<br />
quilômetros teriam que percorrer os médicos e farmacêuticos da FMB para chegar a<br />
Monte Santo, região contígua a Canu<strong>do</strong>s e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, quartel general <strong>do</strong><br />
Exército. Em cartas enviadas das trincheiras da guerra ao periódico carioca A Notícia,<br />
<strong>em</strong> 21 <strong>de</strong> julho, Manoel Figueire<strong>do</strong> expunha a situação <strong>do</strong> hospital monta<strong>do</strong> pelos<br />
médicos militares <strong>em</strong> Monte Santo:<br />
“o hospital está b<strong>em</strong> localiza<strong>do</strong>... Em outro local, pouco afasta<strong>do</strong> <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> arraial,<br />
existe também uma enfermaria <strong>de</strong> isolamento para os ataca<strong>do</strong>s e moléstias infecciosas.<br />
O sarampão, <strong>de</strong> forma grave, t<strong>em</strong> ataca<strong>do</strong> algumas praças, assim como diarréias<br />
coleriformes, fazen<strong>do</strong> a primeira vitima, a <strong>de</strong>speito <strong>do</strong>s serviços clínicos.” 148<br />
As notícias que chegavam pela imprensa, sobretu<strong>do</strong>, durante o final <strong>de</strong> julho e<br />
início <strong>de</strong> agosto, <strong>de</strong>senhavam um palco não muito convidativo à presença <strong>de</strong>sses<br />
médicos ao campo das operações. Num olhar mais <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> sobre a comunicação entre<br />
o tenente-coronel e o diretor da Faculda<strong>de</strong>, alguns professores não se prestariam a fazer<br />
147 RIBEIRO, Marcos Augusto Pessoa. (1997). Op. cit. p. 39.<br />
148 GALVÃO, Walnice Galvão. (1994). Op. cit. p. 407.<br />
67
o serviço gratuitamente, n<strong>em</strong> mesmo imbuí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sentimento <strong>de</strong> salvação da pátria.<br />
Neste caso, como consta, ao atuar<strong>em</strong> adjuntos às comissões militares, trabalhariam na<br />
condição <strong>de</strong> contrata<strong>do</strong>s. 149<br />
Quadro – 1<br />
José Olympio <strong>de</strong><br />
Azeve<strong>do</strong><br />
Chimica inorgânica<br />
medica<br />
José Eduar<strong>do</strong> Freire <strong>de</strong><br />
Carvalho Filho<br />
Therapeutica<br />
João E. <strong>de</strong> Castro<br />
Cerqueira<br />
Chimica orgânica e<br />
Biologia<br />
Alfre<strong>do</strong> Thomé <strong>de</strong><br />
Britto<br />
Clinica prope<strong>de</strong>utica<br />
J. Carneiro <strong>de</strong> Campos Anatomia <strong>de</strong>scriptiva<br />
Climério Car<strong>do</strong>so <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Clinica obstétrica e<br />
gynecologica<br />
Carlos Freitas<br />
Anatomia medico<br />
cirúrgica<br />
Alexandre E. <strong>de</strong> Castro<br />
Cerqueira<br />
Clinica <strong>de</strong>rmatológica e<br />
syphiligraphica<br />
Manoel José <strong>de</strong> Araújo<br />
Physiologia theorica e<br />
experimental<br />
Antonio Pacifico<br />
Pereira<br />
Histologia theorica e<br />
pratica<br />
Augusto César Vianna<br />
Anatomia e Physiologia<br />
pathologicas<br />
Pedro <strong>de</strong> Luz<br />
Carrascosa<br />
Profº substituto<br />
Guilherme Pereira<br />
Rebello<br />
Pathologia Geral Pedro Luiz Celestino Profº substituto<br />
R. Nina Rodrigues Medicina Legal Braz <strong>do</strong> Amaral Profº substituto<br />
Manuel Joaquim<br />
Saraiva<br />
Hygiene<br />
João Agrippino C.<br />
Dorea<br />
Profº substituto<br />
Fortunato Augusto da<br />
Silva Junior<br />
Operações e apparelhos<br />
Alfre<strong>do</strong> F. <strong>de</strong><br />
Magalhães<br />
Profº substituto<br />
Antonio Pacheco<br />
Men<strong>de</strong>s<br />
Clinica cirúrgica 1ª<br />
ca<strong>de</strong>ira<br />
Clo<strong>do</strong>al<strong>do</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Profº substituto<br />
Anísio C. <strong>de</strong> Carvalho Pathologia medica C. Ferreira Santos Profº substituto<br />
FONTE: AFMB – THESES. Teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento: 1897. Ver material <strong>em</strong> anexo.<br />
Os médicos apresenta<strong>do</strong>s no Quadro n. 1 eram os lentes catedráticos, alguns<br />
substitutos, e suas respectivas disciplinas; eles atuaram diretamente nas enfermarias <strong>de</strong><br />
Salva<strong>do</strong>r. A respeito <strong>de</strong> suas contratações, nossa análise nas atas da Congregação da<br />
Faculda<strong>de</strong> referente ao ano <strong>de</strong> 1897, no Relatório <strong>do</strong> Ministério da Guerra e no<br />
Relatório <strong>do</strong> Ministério da Justiça e Negócios <strong>do</strong> Interior, não esbarrara <strong>em</strong> alguma<br />
nota, or<strong>de</strong>m ou <strong>de</strong>creto a respeito <strong>de</strong> valores, nomeações, con<strong>de</strong>corações ou algo<br />
similar. No <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> nossas leituras e reflexões, ao contrário <strong>do</strong> já menciona<strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Marcos Augusto Pessoa Ribeiro, não encontramos algum registro sobre a presença<br />
<strong>do</strong>s professores <strong>de</strong>sta Faculda<strong>de</strong> na vila <strong>de</strong> Monte Santo.<br />
149 BPEB – Para melhor compreensão da palavra contrata<strong>do</strong>s, recorr<strong>em</strong>os a alguns dicionários da Língua<br />
Portuguesa edita<strong>do</strong>s no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> Oitocentos. (A) MORAES, Antonio. Diccionario da Língua<br />
Portugueza – Recopila<strong>do</strong>. Tomo primeiro. Lisboa. PORTUGAL: 1831. Contrátar: v.at. Fazer contrato.<br />
§. Dar certa renda ou lucro contingente d’algum ramo <strong>de</strong> commercio, alguma obra. Couto, 6.I.I. f. 3.c.2.<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> que as náos <strong>de</strong> el-Rei se contratárão a merca<strong>do</strong>res. Contratou o contrato; a qu<strong>em</strong> se contratou a<br />
Casa da Índia. Couto, 10.10. 6 §. Fazer negócio. p. 464. (B) Diccionario Cont<strong>em</strong>poraneo da Língua<br />
Portuguesa. Lisboa. PORTUGAL: 1881. vol. I. Contractar: fazer contracto <strong>de</strong>, ajustar: Contractou a<br />
illuminação da cida<strong>de</strong> por vinte annos. Contractaram casamento; negociar: Este hom<strong>em</strong> contracta <strong>em</strong><br />
tu<strong>do</strong>. || v. pr. assalariar-se; contractar a locação <strong>do</strong>s próprios serviços: Contractou-se por três annos<br />
com boas condições. p. 394. (C) ALMEIDA, Francisco <strong>de</strong>. Novo Diccionario Universal Portuguez. vol. I.<br />
Lisboa. Portugal: 1891. Contráctar: fazer contrato <strong>de</strong>, ajustar, negociar. | v.p. assalariar-se. p. 492.<br />
68
A resposta <strong>do</strong> diretor da Faculda<strong>de</strong>, ante a solicitação <strong>do</strong> Exército, <strong>de</strong>u-se<br />
imediatamente. Em ofício nº. 223, Antonio Pacifico Pereira comunicou ao dr. José<br />
Leôncio <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros que, após consultar os médicos, farmacêuticos e auxiliares, to<strong>do</strong>s<br />
ali presentes, portaram-se servíveis à incumbência <strong>de</strong> trabalhar <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r. Ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po, na referida ata <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong> julho, menciona ainda mais duas informações: primeiro:<br />
a <strong>de</strong> que os acadêmicos <strong>do</strong> sexto ano <strong>de</strong> medicina ofereceram seus trabalhos,<br />
concomitante ao <strong>do</strong>s professores; e, segun<strong>do</strong>, a Faculda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, organizaria seus<br />
laboratórios para a preparação <strong>do</strong>s r<strong>em</strong>édios necessários às suas tarefas.<br />
Em ofício nº. 1466, data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1897, assina<strong>do</strong> pelo general João<br />
Thomaz Antonio Cantuária, o “Governo acceita agra<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> patriótico offerecimento<br />
Faculda<strong>de</strong> Medicina e Pharmácia, Clero Secular e Regular <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong> para tratamento<br />
e cuida<strong>do</strong>s nossos feri<strong>do</strong>s Hospitaes <strong>de</strong>ssa Capital, e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> Chefe serviço sanitário<br />
ahi aproveitar essa valiosa offerta” 150 . Nesta mesma comunicação, o general Cantuária<br />
não via necessida<strong>de</strong>, ainda, <strong>de</strong> marchar para o interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> os que se propunham a<br />
tal fim. Não julgava o militar, tão gran<strong>de</strong> sacrifício. Todavia, ao que consta <strong>em</strong> ata, é<br />
que “foram contrata<strong>do</strong>s diversos alunos <strong>de</strong> diferentes séries para prestar serviços<br />
médicos <strong>em</strong> Queimadas, Monte Santo e Canu<strong>do</strong>s, e no dia 27 [julho], para lá seguiram<br />
vinte e cinco <strong>de</strong>sses estudantes, in<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois ainda outros, perfazen<strong>do</strong> um total <strong>de</strong><br />
_______ [espaço no <strong>do</strong>cumento].” 151 [grifo nosso]<br />
Em telegrama <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> julho, nº. 262, o diretor da Faculda<strong>de</strong> entrou <strong>em</strong> contato<br />
com o Ministro da Justiça e Negócios Interiores, Amaro Cavalcanti, solicitan<strong>do</strong><br />
permissão para dispensar os acadêmicos das freqüências das aulas proferidas nos<br />
laboratórios daquela instituição. A resposta viera alguns dias <strong>de</strong>pois: “autorisa-vos<br />
suspen<strong>de</strong>r aulas t<strong>em</strong>po julgar<strong>de</strong>s necessário serviços pessoal <strong>do</strong>cente auxiliar alunnos<br />
tratamento feri<strong>do</strong>s Canu<strong>do</strong>s. Ministro <strong>do</strong> Interior.” 152<br />
2.2. <strong>Uma</strong> incursão nas enfermarias<br />
A partir <strong>do</strong> dia 06 <strong>de</strong> agosto, começava a chegar a primeira leva <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s e<br />
<strong>do</strong>entes que provinham das trincheiras da guerra. Para arregimentar uma estrutura<br />
hospitalar capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s militares que davam entrada, a<br />
150<br />
AFMB – Livro <strong>de</strong> Actas da Congregação (1889 – 1897). p. 199.<br />
151<br />
I<strong>de</strong>m. p. 199. Calculamos 33 alunos <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina envia<strong>do</strong>s ao campo <strong>de</strong> batalha. (ver listag<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> anexo).<br />
152<br />
I<strong>de</strong>m. p. 199. Detalhe, neste mesmo Livro <strong>de</strong> Actas, consta <strong>em</strong> sessão <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> outubro, que os alunos<br />
se <strong>de</strong>dicaram espontaneamente à tratar <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s nas enfermarias. Mais <strong>de</strong>talhes no Capítulo III.<br />
69
Faculda<strong>de</strong> organizou, na capital baiana, trinta enfermarias, localizadas <strong>em</strong> diversos<br />
pontos, ou melhor, quatro locais: Mosteiro <strong>de</strong> São Bento, Forte <strong>de</strong> Jequitaia, Arsenal <strong>de</strong><br />
Guerra (situa<strong>do</strong> <strong>em</strong> Água <strong>de</strong> Meninos) e o próprio prédio da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da<br />
Bahia, foram os lugares que receberam os inúmeros feri<strong>do</strong>s no cenário da guerra.<br />
“A partir <strong>do</strong> momento <strong>em</strong> que se estipulou a distribuição <strong>do</strong> espaço como el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />
terapêutica, o hospital pô<strong>de</strong> ser concebi<strong>do</strong> como lugar i<strong>de</strong>al para a constituição <strong>de</strong><br />
microcosmos individualiza<strong>do</strong>s, especialmente prepara<strong>do</strong>s para se inserir cada <strong>do</strong>ente <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong> com a sua <strong>do</strong>ença e com os ditames <strong>do</strong> tratamento que ele <strong>de</strong>vesse seguir. Para<br />
que isso se tornasse viável, foi preciso que to<strong>do</strong>s os recursos hospitalares foss<strong>em</strong><br />
expressamente <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s às finalida<strong>de</strong>s médicas, fican<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s ao coman<strong>do</strong><br />
funcional e administrativo da classe médica.” 153<br />
Durante um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, no século XVIII, hospitais europeus<br />
apresentavam um único caminho: o da morte. França e Inglaterra, por ex<strong>em</strong>plo, viram<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas capitais, hospitais, alguns <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>, públicos e outros priva<strong>do</strong>s,<br />
verda<strong>de</strong>iras ante-salas da morte. Moléstias infecto-contagiosas das mais variadas<br />
grassavam pelos corre<strong>do</strong>res, numa estrutura arquitetônica precária por não levar <strong>em</strong><br />
consi<strong>de</strong>ração aspectos como limpeza, ventilação, distribuição espacial <strong>do</strong>s leitos, <strong>de</strong>ntre<br />
outros fatores que contribuíam para aumentar os índices <strong>de</strong> óbito. Ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />
estes mesmos hospitais, muitos reforma<strong>do</strong>s e outros construí<strong>do</strong>s no início <strong>do</strong> século<br />
XIX, se tornaram o espaço das pesquisas no que diz respeito ao ensino prático para<br />
estudantes <strong>de</strong> medicina. Ali “a medicina po<strong>de</strong>, portanto, efectuar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a muito t<strong>em</strong>po a<br />
sua “revolução científica”. 154<br />
Necrotérios e leitos eram agora os espaços das observações pessoaes <strong>de</strong><br />
professores e discípulos. Neste ambiente anatomo-clínico “o olhar torna-se o <strong>de</strong>positário<br />
e a fonte da clareza. (...) O olhar não é mais redutor, mas funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> indivíduo <strong>em</strong> sua<br />
qualida<strong>de</strong> irredutível. E, assim, torna-se possível organizar <strong>em</strong> torno <strong>de</strong>le uma<br />
linguag<strong>em</strong> racional.” 155 Concomitante a isso, o espaço nosocomial en<strong>do</strong>ssava o caráter<br />
corporativo <strong>de</strong> seus condutores. Assim, o hospital passara a catalisar e, por conseguinte,<br />
coletivizar o trabalho <strong>de</strong> seus internos, dan<strong>do</strong> a eles <strong>de</strong>terminada uniformida<strong>de</strong> e<br />
segurança. Coerent<strong>em</strong>ente ao que diz respeito à relação aprendizag<strong>em</strong>-ensino,<br />
“firmou-se o consenso <strong>de</strong> que se <strong>de</strong>veria obe<strong>de</strong>cer a uma estratégia quanto ao uso das<br />
operações, estratégia cuja <strong>de</strong>finição exigia não apenas conhecimento aprofunda<strong>do</strong> das<br />
153<br />
ANTUNES, José Leopol<strong>do</strong> Ferreira. Hospital – instituição e história social. São Paulo: Editora Letras<br />
e Letras, 1991. p. 163.<br />
154<br />
MOULIN, Anne Marie. Os frutos da ciência. In: LE GOFF, Jacques. As Doenças têm história. Lisboa:<br />
TERRAMAR – Editores, 1985. p. 96.<br />
155<br />
FOUCAULT, Michel. O Nascimento da Clinica. 6ª edição. São Paulo: Editora Forense Universitária,<br />
2006. p. XI.<br />
70
ciências básicas – anatomia, fisiologia, patologia – como também longa <strong>experiência</strong><br />
clínica...” 156<br />
Um outro núcleo <strong>de</strong> ensino prático da medicina, espacialmente no que diz<br />
respeito às ativida<strong>de</strong>s cirúrgicas, à higiene e à epi<strong>de</strong>miologia, foram as diversas guerras<br />
espalhadas pelo mun<strong>do</strong> durante o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Oitocentos ou, até mesmo, antes <strong>de</strong>le. De<br />
Roma à Criméia 157 , inúmeros trabalhos executa<strong>do</strong>s nas enfermarias montadas na linha<br />
<strong>de</strong> fogo migraram da medicina castrense à área civil, amplian<strong>do</strong> algumas técnicas <strong>de</strong><br />
trabalho concernentes ao estu<strong>do</strong> e avanço da medicina experimental. 158 É, talvez,<br />
oportuno aqui <strong>de</strong>stacar que os primeiros professores da FMB eram cirurgiões militares,<br />
pois foi nos hospitais militares que se organizou, primeiramente, o ensino clínico. 159<br />
Diga-se, a propósito, que a maior parte das afecções que <strong>de</strong>rrubaram as tropas<br />
republicanas <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, vinte e sete anos antes já haviam passa<strong>do</strong> pelas mãos <strong>de</strong><br />
médicos e acadêmicos da Faculda<strong>de</strong> aqui <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>. Na atuação <strong>de</strong>sta instituição nas<br />
refregas da Bacia <strong>do</strong> Prata, viram os professores e seus alunos que, entre o sibilar das<br />
balas, havia um inimigo interno [<strong>do</strong>ença] que fora capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar ao leito, <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s momentos da Campanha, mais da meta<strong>de</strong> das forças militares envolvidas<br />
no teatro <strong>do</strong>s operações. 160<br />
Varíola, pneumonia, hepatite, tifo, eram <strong>do</strong>enças que se repetiram no interior da<br />
Bahia durante os combates no <strong>front</strong> sertanejo. Deste mo<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>riam as enfermarias<br />
montadas na capital soteropolitana para aten<strong>de</strong>r aos enfermos, recru<strong>de</strong>scer ainda mais o<br />
olhar <strong>do</strong>s lentes e alunos da FMB sobre a medicina prática? Para ilustrar suas<br />
enfermarias e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, mostrar-se consoante à Europa, a FMB nomeou-as<br />
com algumas personalida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque nas áreas peculiares ao seu espaço científico.<br />
Desta maneira, a Faculda<strong>de</strong>, tanto no campo das idéias como no da prática médica,<br />
po<strong>de</strong>ria reproduzir o que pesquisa<strong>do</strong>res franceses, al<strong>em</strong>ães, ingleses, suíços e russos,<br />
formulavam <strong>em</strong> suas investigações sobre sanitarismo, cirurgia, <strong>de</strong>mografia,<br />
industrialismo, urbanização, charlatanismo, alcoolismo, isto é, uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />
156 NOGUEIRA, Roberto Passos. Do físico ao médico mo<strong>de</strong>rno. SP: Editora Unesp, 2006. p. 65 e 66.<br />
157 ENNES, Guilherme José. Homens e livros da Medicina Militar – M<strong>em</strong>ória Histórica, Biobibliographica<br />
e crítica. Lisboa: Typographia das horas românticas, 1877. p. 13 e 96.<br />
158 NOGUEIRA, Roberto Passos. (2006). Op. cit. p. 77.<br />
159 FOUCAULT, Michel. (2006). Op. cit. p. 62.<br />
160 SOUZA, Jorge Prata <strong>de</strong>. As condições sanitárias e higiênicas durante a Guerra <strong>do</strong> Paraguai. In:<br />
NASCIMENTO, Dilene Raimun<strong>do</strong> <strong>do</strong>; CARVALHO, Diana Maul <strong>de</strong>. (orgs.). <strong>Uma</strong> história brasileira das<br />
<strong>do</strong>enças. Brasília-DF: Edição Paralelo 15, 2004. p. 55.<br />
71
que, realizadas sob o manto <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, lidavam diretamente com a questão da saú<strong>de</strong><br />
pública? 161<br />
<strong>Uma</strong> das enfermarias, a cargo <strong>do</strong>s professores Augusto Viana, Julio Palma e<br />
Francisco Car<strong>do</strong>so, chamava-se Pasteur, <strong>de</strong>dicada ao bioquímico francês que, por volta<br />
da segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX, através da análise <strong>de</strong> microorganismos, legara ao<br />
mun<strong>do</strong> a teoria contagiosa <strong>de</strong> algumas <strong>do</strong>enças (teoria microbiana), afastan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
cenário médico-científico, mesmo que não completamente, a teoria da geração<br />
espontânea. 162<br />
Cabe rel<strong>em</strong>brar que fora comum, durante o século XIX, a circulação <strong>de</strong><br />
professores estrangeiros ao Brasil e a ida <strong>de</strong> médicos e acadêmicos brasileiros aos<br />
centros ‘experimentais’ no Velho Mun<strong>do</strong> com propósitos científicos, isto é, um<br />
ambiente significativo <strong>de</strong> troca e assimilação <strong>de</strong> idéias sobre o estu<strong>do</strong> da medicina. Um<br />
reflexo imediato <strong>de</strong> autonomia científica por parte <strong>do</strong>s médicos brasilerios, foi a Escola<br />
Tropicalista Baiana e a fundação <strong>do</strong> Instituto Oswal<strong>do</strong> Cruz. Preocupadas com as<br />
patologias nativas, estas duas instituições foram algumas das instâncias <strong>de</strong> releituras e<br />
‘traduções’ das teorias européias, sobretu<strong>do</strong> no que toca ao estu<strong>do</strong> da microbiologia,<br />
mas, <strong>de</strong>stacamos que já antes <strong>de</strong>stas, haviam investigações sobre o assunto, espalhadas<br />
pelas instituições ligadas às questões médicas no Brasil. 163<br />
1880<br />
Quadro 2<br />
DESCOBERTA DE ORGANISMOS PATOGÊNICOS<br />
Febre tifói<strong>de</strong> (bacilo<br />
encontra<strong>do</strong> no teci<strong>do</strong>)<br />
Hanseníase<br />
ANO / DOENÇA-ORGANISMO / INVESTIGADOR<br />
Eberth<br />
Hansen<br />
1884<br />
Estreptococo<br />
Tétano<br />
Rosenbach<br />
Nicolarier<br />
Malaria Laveran 1885 Coli Escherich<br />
1882 Tuberculose Koch 1886 Pneumococo A. Fraenkel<br />
Mormo<br />
Loeffler e<br />
Schurtz<br />
1883 Cólera Kcoh<br />
Estreptococo (erisipela)<br />
Fehleisen<br />
1884 Difteria Klebs e Loeffler<br />
Febre tifói<strong>de</strong> -<br />
Gaffky<br />
1887<br />
1892<br />
1894<br />
Febre <strong>de</strong> Malta<br />
Cancro mole<br />
Gangrena gasosa<br />
Peste<br />
Botulismo<br />
Bruce<br />
Ducrey<br />
Welch e Nuttal<br />
Yersin, Kitasato<br />
Van Ermengen<br />
161<br />
ROSEN, George. A evolução da Medicina Social. In: NUNES. Everar<strong>do</strong> D. (org). Medicina Social:<br />
aspectos históricos e teóricos. São Paulo: Global Editora, 1983. p. 28 – 62.<br />
162<br />
______, George. <strong>Uma</strong> História da Saú<strong>de</strong> Pública. 3ª edição. São Paulo: Co-Edição Unesp-Hucitec,<br />
2006. p. 227.<br />
163<br />
BENCHIMOL, Jaime. A instituição da microbiologia e a história da saú<strong>de</strong> pública no Brasil. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: Ciência e Saú<strong>de</strong> Coletiva - Revista da Associação Brasileira <strong>de</strong> <strong>Pós</strong> <strong>Graduação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Coletiva, 2000. v. 5, n. 1. p. 267.<br />
72
isolamento <strong>do</strong> bacilo<br />
Estafilococo Rosenbach<br />
1898<br />
Bacilo da disenteria<br />
FONTE: ROSEN, George. <strong>Uma</strong> História da Saú<strong>de</strong> Pública. 3ª edição. São Paulo: Co-Edição Unesp-Hucitec,. 2006.<br />
p. 232. Para uma leitura mais <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong> Quadro n. 2, ver Capítulo VII da mesma obra.<br />
Shiga<br />
Outro hospital monta<strong>do</strong> na Faculda<strong>de</strong> recebera o nome <strong>do</strong> médico al<strong>em</strong>ão Ru<strong>do</strong>lf<br />
Ludwig Karl Virchow. Ru<strong>do</strong>lf Virchow <strong>de</strong>dicara seus estu<strong>do</strong>s a uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
assuntos concernentes à sau<strong>de</strong> pública. Ten<strong>do</strong> como palco a Berlim <strong>do</strong> século XIX, suas<br />
pesquisas não foram somente àquelas <strong>de</strong>dicadas à citologia 164 , outras levaram <strong>em</strong><br />
consi<strong>de</strong>rção el<strong>em</strong>entos da economia e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Este mesmo médico, junto<br />
com o higienista Max von Pettenkofer, também al<strong>em</strong>ão, interferira diretamente na<br />
estrututuração sanitária da capital al<strong>em</strong>ã. Antes <strong>de</strong> Virchow, Berlim não possuía um<br />
eficiente sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> esgoto e, muitos menos, um méto<strong>do</strong> eficaz <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong><br />
água. 165 Um <strong>de</strong>talhe, Max von Pettenkofer fora o nome <strong>de</strong> uma enfermaria montada para<br />
recolher militares feri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s. Anos antes da Campanha <strong>do</strong> Belo Monte,<br />
quan<strong>do</strong> da presidência <strong>de</strong> Floriano Peixoto, esse higienista al<strong>em</strong>ão recebera convite <strong>do</strong><br />
marechal para erradicar a febre amarela, surto que assolava a capital fe<strong>de</strong>ral. 166<br />
No <strong>de</strong>curso da atuação <strong>do</strong>s professores da Faculda<strong>de</strong> nas enfermarias, alguns<br />
relatórios 167 foram entregues ao diretor Antonio Pacifico Pereira. Suas narrativas tratam<br />
<strong>do</strong>s óbitos, entrada e saída <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s, transferências para outras unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />
altura <strong>do</strong> ferimento ou da <strong>do</strong>ença e, <strong>em</strong> alguns casos, <strong>de</strong>stacam a suficiência ou não <strong>de</strong><br />
materiais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para executar o trabalho. Afora a aguda sensibilida<strong>de</strong> patriótica e<br />
intenso louvar à arte hipocrática.<br />
Em comunicação ao diretor da Faculda<strong>de</strong> <strong>em</strong> 03 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897, o<br />
professor da FMB Manoel José <strong>de</strong> Araújo, a cargo da enfermaria Clau<strong>de</strong> Bernard<br />
(<strong>de</strong>dicada ao fisiologista francês) – auxilia<strong>do</strong> pelo dr. Gonçalo Muniz Sodré e pelos<br />
alunos Eustachio Daniel <strong>de</strong> Carvalho, Almerin<strong>do</strong> Bacellar, Luiz Pedro Pereira <strong>de</strong> Souza<br />
e Manoel Pereira <strong>de</strong> Mesquita Jr. – expressou que, <strong>do</strong>s 29 combatentes que tratou, 23<br />
saíram <strong>de</strong> sua enfermaria completamente restabeleci<strong>do</strong>s. Cinco foram transferi<strong>do</strong>s a<br />
outra enfermaria, 3 estavam quase restabeleci<strong>do</strong>s e 2 sofriam, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />
<strong>do</strong>cumento, <strong>de</strong> moléstias incuráveis: tuberculose e cardio-sclerose.<br />
164 PORTER, Roy. (2004). Op. cit. p. 105. Citologia refere-se ao estu<strong>do</strong> da estrutura e função das células.<br />
165 ROSEN, George. (2006). Op. cit. p. 192 e 193.<br />
166 BENCHIMOL, Jaime. (2000). Op. cit. p. 272.<br />
167 AFMB – Caixa 1897 – código: 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s,<br />
alguns relatórios não vieram acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seus respectivos mapas.<br />
73
No mesmo relatório, o professor lamentou o falecimento <strong>do</strong> solda<strong>do</strong> José <strong>do</strong>s<br />
Santos Moares, sen<strong>do</strong> “o único óbito a registrar d’entre os <strong>do</strong>entes que tive aos meus<br />
cuida<strong>do</strong>s, alguns <strong>do</strong>s quaes tiverão o esta<strong>do</strong> local e geral bastante comprometti<strong>do</strong>s por<br />
ferimentos graves e moléstias sérias.” 168 Em outra comunicação assinada pelo dr.<br />
Manoel José <strong>de</strong> Araújo, <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897, após o exame cadavérico feito pelo<br />
médico e seus assessores, registrou que o solda<strong>do</strong> José <strong>do</strong>s Santos Moraes falecera <strong>de</strong><br />
febre biliosa. Neste diagnóstico o médico apontava que o solda<strong>do</strong> <strong>de</strong>ra entrada à<br />
enfermaria apresentan<strong>do</strong> impaludismo crônico, cujo agravamento, levou o solda<strong>do</strong> a<br />
morte. Como po<strong>de</strong>mos observar a partir <strong>do</strong> solda<strong>do</strong> <strong>de</strong> número 18 <strong>do</strong> Quadro 3, isto se<br />
repetira significativamente nas enfermarias aqui estudadas, as <strong>do</strong>enças, <strong>em</strong> alguns casos,<br />
<strong>de</strong>rrubaram ao leito tanto quanto as feridas por armas <strong>de</strong> fogo.<br />
Quadro – 3<br />
MAPA DE ENFERMARIA I (fragmento)<br />
Nº NOMES BATALHÕES Ferimentos e Moléstias OBSERVAÇÕES<br />
18<br />
José <strong>do</strong>s Santos<br />
Moares,<br />
caboclo, 20<br />
anos, solteiro,<br />
natural <strong>do</strong> Pará,<br />
filho <strong>de</strong> José <strong>do</strong>s<br />
Santos Moraes<br />
Solda<strong>do</strong> da 4ª<br />
Companhia <strong>do</strong><br />
30º <strong>de</strong> infantaria<br />
Ferimento por bala<br />
Manulicher – ten<strong>do</strong> o<br />
projectil penetra<strong>do</strong> pela<br />
parte externa da região<br />
cósto-clavicular esquerda,<br />
fracturan<strong>do</strong> a chlavícula<br />
correspon<strong>de</strong>nte,<br />
atravessa<strong>do</strong> o corpo da 2ª<br />
costella e se aloja<strong>do</strong> na<br />
cavida<strong>de</strong> pleural aon<strong>de</strong> foi<br />
encontrada pela autopsia,<br />
no ponto correspon<strong>de</strong>nte,<br />
a parte media da face<br />
posterior <strong>do</strong> thronco.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto.<br />
Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1896. O<br />
feri<strong>do</strong> foi submetti<strong>do</strong> ao<br />
exame radioscópico pelo<br />
aparelho Bentgm s<strong>em</strong><br />
resulta<strong>do</strong>. Diversos<br />
fragmentos ósseos foram<br />
extrahi<strong>do</strong>s. Falleceu <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro, sen<strong>do</strong> a autopsia<br />
feita <strong>em</strong> 5, confirmação das<br />
lezoes <strong>do</strong> ferimento e da<br />
febre bilioza.<br />
FONTE: AFMB – Caixa 1897. Código: 01.07.0574. Enfermaria Clau<strong>de</strong> Bernard. (ver material completo<br />
<strong>em</strong> anexo)<br />
Ainda, no último relatório, ao finalizar sua incumbência e entregar o mapa da<br />
<strong>de</strong>stacada enfermaria ao diretor Antonio Pacífico Pereira, <strong>em</strong> 03 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro, o<br />
professor Manoel José <strong>de</strong> Araújo nada comentara acerca das carências da enfermaria <strong>em</strong><br />
que trabalhara, pelo contrário, anotou <strong>em</strong> seu relatório que a rapi<strong>de</strong>z e completu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
suas necessida<strong>de</strong>s foram prontamente atendidas quan<strong>do</strong> solicitadas e, n<strong>em</strong> mesmo,<br />
mencionara sobre a malária, a inanição e a bronquite que afetavam seus pacientes<br />
conforme Gráfico 3.<br />
168 AFMB - Caixa Ano 1897. Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s -<br />
Enfermaria Clau<strong>de</strong> Bernard (Laboratório <strong>de</strong> Physiologia) à cargo <strong>do</strong> Dr. Manoel José d’Araújo.<br />
74
Gráfico - 3<br />
DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS<br />
ENFERMARIA CLAUDE BERNARD -<br />
<strong>do</strong>entes<br />
Malária<br />
Gastrointerite e<br />
Inanição<br />
Bronquite<br />
FONTE: AFMB – Caixa Ano 1897. Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s - Enfermaria Clau<strong>de</strong> Bernard (Laboratório <strong>de</strong> Physiologia) à cargo <strong>do</strong> Dr. Manoel José<br />
d’Araújo.<br />
Contu<strong>do</strong>, o professor da disciplina <strong>de</strong> Operações e apparelhos, Fortunato<br />
Augusto da Silva Júnior não tivera maior sorte que o colega <strong>de</strong> Physiologia theorica e<br />
experimental. Responsável por uma enfermaria com 83 feri<strong>do</strong>s, ali só havia 73 leitos a<br />
ser<strong>em</strong> dividi<strong>do</strong>s entre seus pacientes reumáticos, cirróticos e sifilíticos, s<strong>em</strong> mencionar<br />
os feri<strong>do</strong>s por armas <strong>de</strong> fogo.<br />
Dentre os <strong>de</strong>z ofícios envia<strong>do</strong>s ao diretor da Faculda<strong>de</strong>, no perío<strong>do</strong> que<br />
compreen<strong>de</strong> <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> agosto e 30 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, o <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> agosto sob nº 312 evi<strong>de</strong>ncia<br />
mais necessida<strong>de</strong>s pela qual passava e enfermaria. Ao que consta neste <strong>do</strong>cumento <strong>do</strong><br />
dia 23, o diretor Antonio Pacífico Pereira solicitava ao colega Fortunato Jr. e seus<br />
auxiliares informações mais <strong>de</strong>talhadas a respeito <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s medicamentos para<br />
suprir o laboratório farmacêutico da Faculda<strong>de</strong>, já que ali havia carência <strong>de</strong> algumas<br />
substâncias.<br />
Disenteria, gastrenterite, beribéri, febre palustre, sífilis, hepatite, tuberculose,<br />
bronquite e diarréia foram algumas das <strong>do</strong>enças distribuídas entre os 77 entra<strong>do</strong>s à<br />
enfermaria sob chefia <strong>do</strong> dr. Julio da Gama. Em relatório entregue a 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro ao<br />
então diretor da Faculda<strong>de</strong>, José Olympio <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> (vice-diretor à gestão <strong>de</strong> Antonio<br />
Pacífico Pereira), o médico anotou que ante as moléstias e as operações por ele<br />
realizadas – auxilia<strong>do</strong> pelos estudantes Evaristo <strong>de</strong> Araújo, Antonio Bastos e Joaquim<br />
da Matta Albuquerque – quase to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>entes tiveram alta na condição <strong>de</strong> cura<strong>do</strong>s.<br />
30%<br />
60%<br />
10%<br />
75
Todavia, lamenta o dr. Julio da Gama a morte <strong>de</strong> <strong>do</strong>is combatentes, um – cujo<br />
nome não é menciona<strong>do</strong> tanto no mapa quanto no relatório, falecera <strong>de</strong> lesão cardíaca, e<br />
outro, o aspirante à oficial <strong>de</strong> Exército, Thelmo Soares, faleceu <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />
disenteria séptica. Seguiu o médico <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> que, <strong>em</strong> alguns casos, como o <strong>do</strong>s<br />
combatentes Bernardino Gomes, Thomaz Leite Torres, Venâncio Luis da Silva, <strong>de</strong>ntre<br />
outros enfermos, tiveram alta s<strong>em</strong> se achar<strong>em</strong> completamente cura<strong>do</strong>s porque foram<br />
requisita<strong>do</strong>s por seus oficiais para que seguiss<strong>em</strong> seus batalhões. Mais um <strong>de</strong>talhe,<br />
“quase todas as operações foram feitas s<strong>em</strong> anesthesia geral, haven<strong>do</strong> apenas quatro<br />
chloroformisações [uma espécie <strong>de</strong> anestésico], que <strong>de</strong>ram-me ensejo <strong>de</strong> reconhecer a<br />
perícia e bonda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s D. rs Jeorge <strong>de</strong> Moraes e Antonio <strong>de</strong> Barros, aos quais muito<br />
agra<strong>de</strong>ço o concurso que me prestaram.” 169 [grifo nosso]<br />
Ópio, haxixe, álcool e éter foram alguns <strong>do</strong>s anestésicos utiliza<strong>do</strong>s pelos<br />
médicos práticos espalha<strong>do</strong>s pela história antiga e mo<strong>de</strong>rna. O século XIX, guardadas as<br />
proporções, consagrara a utilização <strong>do</strong> clorofórmio como capaz <strong>de</strong> amenizar a <strong>do</strong>r tanto<br />
das rainhas na Europa <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> parto quanto da solda<strong>de</strong>sca <strong>em</strong> épocas <strong>de</strong> guerra.<br />
Méto<strong>do</strong>s e procedimentos cirúrgicos, particularmente no que toca às amputações <strong>em</strong><br />
Campanha, somente ganharam maior dimensão após a aplicação daquela substância,<br />
s<strong>em</strong> contar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assepsia e <strong>de</strong>sinfecção que, a partir dali, alargava ainda<br />
mais os horizontes da medicina experimental. 170<br />
Especificamente sobre os mapas das enfermarias estruturadas pela FMB que, <strong>em</strong><br />
nenhum momento, como já <strong>de</strong>stacamos, nos permite generalizar os da<strong>do</strong>s então<br />
extraí<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>mos arrolar mais algumas informações que não constam nos relatórios<br />
<strong>do</strong>s professores e que expõ<strong>em</strong> uma outra dimensão <strong>do</strong> conflito como, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
<strong>do</strong>enças, composição étnica das tropas, perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> permanência <strong>do</strong>s milicianos <strong>em</strong> cada<br />
enfermaria, <strong>de</strong>ntre outros aspectos.<br />
De acor<strong>do</strong> com os mapas das três enfermarias <strong>do</strong> Gráfico n. 4, notamos<br />
massivamente a presença <strong>de</strong> combatentes oriun<strong>do</strong>s da região <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Brasil. Cabe<br />
<strong>de</strong>stacar que, <strong>em</strong> alguns casos, nos corpos <strong>de</strong> polícia <strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>s – São Paulo, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, igualmente havia ali o alistamento <strong>de</strong> combatentes oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> país.<br />
Numa dimensão hipotética, po<strong>de</strong>ríamos sugerir que a maior parte <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s das<br />
forças militares (fe<strong>de</strong>rais e estaduais) <strong>de</strong>slocadas ao arraial <strong>de</strong> Antonio Conselheiro, era<br />
composta por nortistas, isto, a nosso ver, engrossada pelo fluxo migratório à região<br />
169 AFMB – Caixa Ano 1897. Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
170 PORTER, Roy. (2004). Op. cit. p. 137 – 156.<br />
76
centro-sul <strong>do</strong> Brasil após a segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX. Seca, fome e crise<br />
econômica <strong>em</strong>purraram milhões <strong>de</strong> jovens à linha <strong>de</strong> fogo, ao menos ali garantiriam a<br />
ração diária na condição <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s. 171<br />
Gráfico 4<br />
DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DOS COMBATENTES<br />
ENFERMARIA LOUIS PASTEUR -<br />
combatente natural <strong>de</strong> (regiões <strong>do</strong><br />
Brasil)<br />
3%<br />
9% 0% 3%<br />
0%<br />
85%<br />
Norte<br />
Nor<strong>de</strong>ste<br />
Sul<br />
Su<strong>de</strong>ste<br />
Centro-oeste<br />
Outros países<br />
6ª ENFERMARIA DO MOSTEIRO DE<br />
SÃO BENTO - combatente natural <strong>de</strong><br />
(regiões <strong>do</strong> Brasil)<br />
Norte<br />
Nor<strong>de</strong>ste<br />
Sul<br />
Su<strong>de</strong>ste<br />
ENFERMARIA CLAUDE BERNARD -<br />
combatente natural <strong>de</strong> (regiões <strong>do</strong><br />
Brasil)<br />
3% 14%<br />
0%<br />
73%<br />
10%<br />
Centro-oeste<br />
Norte<br />
Nor<strong>de</strong>ste<br />
Sul<br />
Su<strong>de</strong>ste<br />
Centro-oeste<br />
11%<br />
15% 1%<br />
7%<br />
FONTE: AFMB – Caixa Ano 1897. Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s.<br />
Para uma análise mais <strong>de</strong>talhada da enfermaria Clau<strong>de</strong> Bernard, esta fora a<br />
única, por nós pesquisada, que levara <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a composição étnica <strong>do</strong>s que<br />
<strong>de</strong>ram entrada ao hospital. De acor<strong>do</strong> com o mapa apresenta<strong>do</strong> pelo professor Manoel<br />
José <strong>de</strong> Araújo havia ali par<strong>do</strong>s, pretos, caboclos, crioulos e brancos: 44,82% eram<br />
171 Mais sobre a história da formação regional <strong>do</strong> Brasil, consultar <strong>em</strong>: SOUZA, Augusto Fausto <strong>de</strong>.<br />
Estu<strong>do</strong> sobre a divisão territorial <strong>do</strong> Brasil. 2ª edição. Brasília – DF: Ministério <strong>do</strong> Interior – Fundação<br />
Projeto Ron<strong>do</strong>n, 1988.<br />
66%<br />
77
par<strong>do</strong>s, ou seja, 13 milicianos e 31,03% estão <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como brancos, respectivamente,<br />
9. Pretos, caboclos e crioulos totalizam 7, uma representação <strong>de</strong> 24,13%. 172<br />
Vasculhan<strong>do</strong> ainda mais os mapas das enfermarias, encontramos algumas<br />
reações conflituosas na relação entre alguns combatentes no convívio com seus<br />
‘trata<strong>do</strong>res’ civis. Em caso específico da enfermaria Tillaux (nome <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> ao<br />
cirurgião francês Paul Jules Tillaux), sob tutela <strong>do</strong> professor Jorge <strong>de</strong> Moraes, consta<br />
uma <strong>de</strong>serção. Segue abaixo o <strong>de</strong>monstrativo da <strong>de</strong>stacada enfermaria.<br />
Quadro 4<br />
MAPA DE ENFERMARIA II<br />
ENFERMARIA TILLAUX<br />
MOVIMENTO ENTRE 14 DE AGOSTO A 13 DE NOVEMBRO<br />
Entraram para o serviço --------------------------------------------- 109 <strong>do</strong>entes<br />
Tiveram alta por cura<strong>do</strong>s ------------------------------------------- 82 //<br />
Tiveram alta <strong>em</strong> convalescença ------------------------------------ 5 //<br />
Teve alta por <strong>de</strong>serção ----------------------------------------------- 1 //<br />
Teve alta por transferência para o Hospital Militar -------------- 8 //<br />
Ficaram <strong>em</strong> tratamento ---------------------------------------------- 4 //<br />
FONTE: AFMB – Caixa Ano 1897. Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s.<br />
Exist<strong>em</strong> também outros mapas que expõ<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nome <strong>do</strong> solda<strong>do</strong> ou oficial,<br />
levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração seu batalhão, infantaria ou esquadrão; <strong>em</strong> alguns casos, os<br />
mapas <strong>de</strong>talham o diagnóstico e as observações <strong>do</strong>s professores para com seus pacientes<br />
e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, apontan<strong>do</strong> se houve a cura, a transferência ou o óbito. Por outro<br />
la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Quadro 5, somente algumas informações foram ali anotadas.<br />
Quadro – 5<br />
MAPA DE ENFERMARIA III<br />
172 Salvaguradamos a <strong>de</strong>nominação que está no <strong>do</strong>cumento.<br />
78
SERVIÇO CLÍNICO DO DR. P. MENDES [ANTONIO PACHECO MENDES]<br />
2ª ENFERMARIA - MAPPA DO DIA 11 DE AGOSTO DE 97.<br />
35 Batalhão <strong>de</strong> Infantaria 4<br />
30 // 1<br />
12 // 2<br />
33 // 2<br />
25 // 2<br />
26 // 2<br />
31 // 6<br />
5º // 1<br />
5º Batalhão d’artilheria <strong>de</strong> Campanha 1<br />
7º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria 1<br />
15º // 1<br />
32 // 2<br />
14 // 2<br />
Exist<strong>em</strong> Observação<br />
Do 12º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria, uma é praça<br />
simples.<br />
FONTE: AFMB – Caixa Ano 1897. Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s.<br />
<strong>Uma</strong> informação relevante e que po<strong>de</strong> ter comprometi<strong>do</strong> a composição i<strong>de</strong>al,<br />
isto é, <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong>s mapas <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>entes, é que alguns médicos atuaram <strong>em</strong> mais<br />
<strong>de</strong> uma enfermaria, como fora o caso <strong>do</strong> dr. Antonio Pacheco Men<strong>de</strong>s, que assinara a<br />
enfermaria <strong>de</strong>stacada anteriormente e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, auxiliou o seu colega Jorge <strong>de</strong><br />
Moraes n’outra enfermaria no Mosteiro <strong>de</strong> São Bento. Na <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s procedimentos<br />
realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> conjunto consta: “extracção <strong>de</strong> um kisto <strong>de</strong> substancia calcarea no la<strong>do</strong><br />
esquer<strong>do</strong> da porção superior <strong>do</strong> corpo cavernoso no trajecto <strong>de</strong> uma bala, <strong>em</strong> Raymun<strong>do</strong><br />
Papa-Borboleta, cabo <strong>do</strong> 40 B. am <strong>de</strong> Infanteria, praticada pelos Drs. Pacheco Men<strong>de</strong>s e<br />
Jorge <strong>de</strong> Moraes. 173<br />
Na enfermaria Esmarch (<strong>de</strong>dicada ao cirurgião al<strong>em</strong>ão Johannes Friedrich<br />
August von Esmarch) estruturada no prédio <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong> Jesus e sob coman<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
professor Hermenegil<strong>do</strong> Braz <strong>do</strong> Amaral, <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong> agosto, seis milicianos obtiveram<br />
alta: 4 feri<strong>do</strong>s à arma <strong>de</strong> fogo, um varioloso e Agostinho Ferreira Gomes, que <strong>de</strong>ra<br />
entrada por ferimento a bala e fora transferi<strong>do</strong> para o Hospital Militar por provocar<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. Mas, tanto os relatórios <strong>do</strong> professor Braz <strong>do</strong> Amaral quanto seus mapas,<br />
nada mencionam sobre o caso ocorri<strong>do</strong> nas <strong>de</strong>pendências da FMB.<br />
Em outro mapa com a relação <strong>do</strong>s oficiais, inferiores e praças que tiveram<br />
tratamento na enfermaria <strong>do</strong>s <strong>do</strong>utores Pedro <strong>de</strong> Cerqueira Lima, Aggripino Dorea e<br />
173 AFMB – Caixa Ano 1897. Código: 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
79
Raymun<strong>do</strong> Mesquita <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> agosto 174 , notamos que o alferes<br />
Vicente Henrique <strong>de</strong> Moura, <strong>do</strong> 34º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria da 4 ª Cia., acometi<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />
tumor, não quis se sujeitar à necessária operação, mesmo diante <strong>do</strong> diretor da<br />
enfermaria, o médico-militar dr. Teixeira <strong>de</strong> Carvalho. O alferes baixou à enfermaria <strong>em</strong><br />
03 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro e a quatorze <strong>do</strong> mesmo mês Vicente Henrique <strong>de</strong> Moura obteve alta por<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> seu coman<strong>do</strong> superior. Nesta mesma enfermaria, o m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> 5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong> Campanha, João Baptista Farmigarth, <strong>de</strong>ra entrada <strong>em</strong> 14 <strong>de</strong> outubro,<br />
feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo e não quis extrair o projétil. João Baptista permaneceu 08 dias<br />
nesta enfermaria estruturada no Arsenal <strong>de</strong> Guerra (localiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Água <strong>de</strong> Meninos).<br />
Talvez ao retirar o projétil comprometeria ainda mais a recuperação <strong>do</strong> paciente<br />
ou os pacientes não estavam tão sujeitos às exigências médicas quanto almejavam<br />
àqueles. Esses são vestígios <strong>do</strong> convívio entre ‘as partes’ aon<strong>de</strong> na imensidão <strong>de</strong> uma<br />
enfermaria, algumas atitu<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m parecer ou não <strong>de</strong>stoantes <strong>de</strong> uma uniformida<strong>de</strong><br />
entre os que curam e os que <strong>de</strong>veriam ser cura<strong>do</strong>s. Aqui, ou melhor, no estu<strong>do</strong> proposto,<br />
não sab<strong>em</strong>os se é possível afirmar, estamos ata<strong>do</strong>s ao impon<strong>de</strong>rável. Essa dimensão<br />
entre o que fazer e o que <strong>de</strong>veria ser feito, está muito longe <strong>de</strong> nossa reflexão. Para a<br />
filósofa al<strong>em</strong>ã, “o historia<strong>do</strong>r, cont<strong>em</strong>plan<strong>do</strong> retrospectivamente o processo histórico,<br />
habituou-se tanto a <strong>de</strong>scobrir um significa<strong>do</strong> “objetivo”, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s alvos e da<br />
consciência <strong>do</strong>s atores, que ele é propenso a menosprezar o que efetivamente aconteceu<br />
<strong>em</strong> sua busca por discernir alguma tendência objetiva.” 175<br />
Essas enfermarias, as que conseguimos observar, ‘carregaram’ as mais variadas<br />
amputações, feridas e <strong>do</strong>enças contagiosas. Em duas enfermarias, já <strong>de</strong>stacadas,<br />
perceb<strong>em</strong>os que os militares que para lá foram recolhi<strong>do</strong>s, ficaram alguns, <strong>do</strong>is dias,<br />
outros, mais <strong>de</strong> oitenta dias. <strong>Uma</strong> boa parte <strong>do</strong>s combatentes, uma vez nos leitos, ficou<br />
incapacitada <strong>de</strong> atuar nas linhas <strong>de</strong> fogo <strong>do</strong> conflito. To<strong>do</strong>s ali compartilhavam <strong>de</strong> um<br />
universo tenso, composto pelas <strong>de</strong>savenças entre a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver e a ronda <strong>do</strong><br />
morrer. Falta <strong>de</strong> material, <strong>de</strong> alimentação suficiente e a permanência <strong>do</strong> aspecto<br />
insalubre <strong>do</strong>s hospitais, <strong>de</strong>lineavam aqueles espaços.<br />
“Esta<strong>do</strong> da Bahia – Offício n.º 2006<br />
Inspectoria Geral <strong>de</strong> Hygiene <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia – 15 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
Ao Ex. mo. Sr. D r. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina e Pharmácia da Bahia<br />
174<br />
APEB – Seção Republicana – Pacote 2854: Revolução <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s (Relação <strong>do</strong>s oficiais inferiores e<br />
praças feri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s).<br />
175<br />
ARENDT, Hannah. Entre o passa<strong>do</strong> e o futuro. 5ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2000. p. 124.<br />
80
Accusan<strong>do</strong> a recepção <strong>de</strong> vosso ofício n.º 354, esta Inspectoria vos <strong>de</strong>clara que está<br />
provi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong>, para satisfazer a vossa requisição no mais curto prazo possível, acerca<br />
da <strong>de</strong>sinfecção da na enfermaria à Jequitaia.<br />
Saú<strong>de</strong> e Fraternida<strong>de</strong>.<br />
O Inspector – Dr. Eduar<strong>do</strong> Gordilho da Costa.” 176<br />
Nosso trabalho não se restringiu às enfermarias da capital baiana. Encontramos<br />
uma enfermaria montada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alagoinhas para tratar os civis vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s na condição <strong>de</strong> prisioneiros, mas ela não esteve sob a alçada da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da Bahia. Em relatório entregue às pressas à Inpectoria Geral <strong>de</strong> Hygiene <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> da Bahia, <strong>em</strong> 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1898, o médico cearense Américo Barreira e seu<br />
auxiliar, dr. Manoel Vergne <strong>de</strong> Abreu, narrou ali ter visto “as mais tristes scenas”<br />
quan<strong>do</strong> da execução <strong>de</strong> seu trabalho.<br />
Sob serviço contrata<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>do</strong> Interior, Justiça e Instrução Pública <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> da Bahia, cuja chefia encontrava-se nas mãos <strong>do</strong> político e médico baiano Sátiro<br />
<strong>de</strong> Oliveira Dias [m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> Comitê Patriótico da Bahia], o médico Américo Barreira,<br />
<strong>em</strong> 23 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1897, assumiu a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar a enfermaria<br />
naquele Município e, por conseguinte, tratar os conselheiristas que vinham ‘escolta<strong>do</strong>s’<br />
pelo Exército <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Ficara acertada, junto à Inspetoria Geral <strong>de</strong> Higiene da<br />
Bahia, chefiada pelo dr. Eduar<strong>do</strong> Gordilho Costa, uma comissão <strong>de</strong> 400$00 mensais<br />
para a prestação <strong>de</strong> serviços médicos e cirúrgicos. O médico, ao analisar conselheiristas<br />
e militares <strong>do</strong>entes, expôs que:<br />
“A peste, disse eu, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> este termo para traduzir genericamente o conjuncto <strong>de</strong><br />
enfermida<strong>de</strong>s que atacaram o exercito e os habitantes <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a varíola,<br />
importada <strong>de</strong> Pernambuco pelos batalhões vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> norte, até as afecções proteiformes<br />
<strong>do</strong> apparelho gastrointestinal, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as diversas manifestações <strong>do</strong> impaludismo até os<br />
animálculos asquerosos que revelam o extr<strong>em</strong>o da immundicie, taes como os piolhos<br />
(pediculi capilis), as muquiranas (pedculi vestimenti), os bichos da mosca varejeira (a<br />
terrível lucilia omnivora), o bicho <strong>de</strong> pé (pulex penetrans), etc.<br />
Canu<strong>do</strong>s ou Bello Monte, como lhe chamam ainda os seus ex-habitantes sobreviventes,<br />
fôra, antes da guerra, um logar salubérrimo; parece que o juízo <strong>do</strong> mentecapto cearense<br />
readquirira todas as condições <strong>de</strong> luci<strong>de</strong>z e integrida<strong>de</strong> quanto teve elle <strong>de</strong> fazer a<br />
escolha <strong>de</strong> um local, que por sua posição e pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus terrenos viesse a ser<br />
um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> salubrida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> perspectiva, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> prestar-se ao mesmo t<strong>em</strong>po a<br />
todas as exigências da estratégia na arte da guerra.<br />
(...) Canu<strong>do</strong>s e os seus habitantes obe<strong>de</strong>ciam a certa norma <strong>de</strong> vida; observava-se alli<br />
um regimen especial, <strong>em</strong> que, segun<strong>do</strong> ouvi <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s officiaes mais distinctos <strong>do</strong><br />
exercito e da policia, tinham particular acatamento e moralida<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral e o asseio<br />
individual; existia ali uma hygiene, rudimentar mas pratica, profícua e salutar.” 177 [grifo<br />
<strong>do</strong> original].<br />
176 AFMB – Caixa Ano 1897 – Código: 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
177 BPEB - BARREIRA, Américo. Relatório apresenta<strong>do</strong> à Inspectoria Geral <strong>de</strong> Hygiene <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da<br />
Bahia <strong>em</strong> 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1898. p. 6 e 7. Código: Rel. BA – SES: 1897.<br />
81
Diante <strong>do</strong> comentário <strong>de</strong> Américo Barreira, não po<strong>de</strong>mos precisar até que ponto<br />
po<strong>de</strong>-se avaliar a Canu<strong>do</strong>s antes da guerra no que toca a questões sanitárias, se estu<strong>do</strong>s<br />
cont<strong>em</strong>porâneos apontam para dimensões contrárias à <strong>do</strong> médico <strong>em</strong> Alagoinhas. Para<br />
Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano <strong>de</strong> Mello. o cenário no Belo Monte era <strong>de</strong> pobreza e <strong>de</strong><br />
precária estrutura sanitária. 178 O crescimento acelera<strong>do</strong> <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong> Antonio<br />
Conselheiro, as casas quase que sobrepostas, particularmente <strong>em</strong> suas cercanias, o<br />
aparecimento <strong>de</strong> becos e vielas irregulares, o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixos e resíduos às margens <strong>do</strong><br />
Vaza-barris, tu<strong>do</strong> contribuía para as más condições <strong>de</strong> higiene no arraial, abrin<strong>do</strong><br />
caminho para mais variadas <strong>do</strong>enças.<br />
Ainda anotou o médico Américo Barreira <strong>em</strong> seu <strong>do</strong>cumento que os habitantes<br />
<strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s obe<strong>de</strong>ciam uma certa norma <strong>de</strong> vida no que dizia respeito tanto à higiene<br />
pessoal, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o relatório apresenta<strong>do</strong>, regra essa profícua e salutar quanto às<br />
vestimentas que apresentavam, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o médico, b<strong>em</strong> diferentes da <strong>do</strong>s<br />
solda<strong>do</strong>s, que não primavam pela limpeza. Todavia, o autor afirma que, posteriormente<br />
à terceira expedição, “a população, s<strong>em</strong>pre crescente, foi-se concentran<strong>do</strong>, com o<br />
accúmulo <strong>de</strong> muitos indivíduos <strong>em</strong> espaço que os não comportavam(sic) b<strong>em</strong>, foi pouco<br />
a pouco se modifican<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> sanitário geral <strong>do</strong>(sic) Bello Monte.” 179<br />
Prisioneiros <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s a ca<strong>de</strong>ia da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alagoinhas [Annexo<br />
n.º 1], Prisioneiros <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s á enfermaria n.º 1 [Annexo nº. 2] e<br />
Prisioneiros <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s na enfermaria <strong>de</strong> variolosos <strong>de</strong> Alagoinhas <strong>de</strong> 22<br />
<strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897 a Janeiro <strong>de</strong> 1898 [Annexo n.º 3], esses foram alguns <strong>do</strong>s espaços<br />
<strong>em</strong> que atuou o dr. Américo Barreira, mais duas relações constam <strong>em</strong> seu <strong>do</strong>cumento:<br />
catalogação <strong>de</strong> alagoinhenses vacina<strong>do</strong>s e revacina<strong>do</strong>s contra a varíola e outra, com o<br />
nome das pessoas r<strong>em</strong>ovidas para <strong>de</strong>sinfecção. (ver material completo <strong>em</strong> anexo).<br />
Anna Josepha <strong>de</strong> Jesus, Joanna <strong>de</strong> Jesus, Anna Maria da Conceição, Maria Prima<br />
<strong>de</strong> Souza, Thereza <strong>de</strong> Jesus, Balbina Maria <strong>de</strong> Jesus e Joanna Rainha <strong>do</strong>s Anjos, entre<br />
02 e 60 anos, algumas viúvas, solteiras e outras casadas, foram as que <strong>de</strong>ram entrada à<br />
Enfermaria n. 1 com mais 21 mulheres. Ali somente 02 homens, ou melhor, crianças:<br />
José Venceslau, 08 anos e apresentava ferimento na região sacra e, João Ferreira<br />
Loyola, 08 anos, com ferimento por bala na região <strong>front</strong>al.<br />
Afora a violência pela qual passavam e os ferimentos causa<strong>do</strong>s por arma <strong>de</strong><br />
fogo, a diarréia acometera 50% das mulheres instaladas naquela unida<strong>de</strong>,<br />
178 MELLO, Fre<strong>de</strong>rico Pernambucano. (2007). Op. cit. p. 94.<br />
179 BARREIRA, Américo. (1898). Op. cit. p. 9.<br />
82
“pequeníssima, mal arejada, s<strong>em</strong> condição alguma que lhe pu<strong>de</strong>sse valer o nome <strong>de</strong><br />
enfermaria” 180 e muitas das prisioneiras também apresentavam bronquite, oftalmia e<br />
escoriações causadas por pancadas. Ali houve ainda um caso <strong>de</strong> aborto, data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong><br />
outubro cuja mãe chamava-se Maria S. <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />
Mulheres e crianças, sofren<strong>do</strong> <strong>de</strong> diversas <strong>do</strong>enças, cansaço, se<strong>de</strong> e fome num<br />
trajeto entre o Belo Monte e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alagoinhas (338 km), eram vítimas <strong>de</strong><br />
numerosos maus tratos por parte <strong>do</strong>s que as escoltavam. No momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver as<br />
“tristes scenas” que presenciara, o médico Américo Barreira apontou <strong>em</strong> seu relatório:<br />
“diga-se a verda<strong>de</strong> <strong>em</strong> nome da civilisação e <strong>do</strong>s nossos sentimentos <strong>de</strong> brasileiros,<br />
gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> vence<strong>do</strong>res não souberam repellir impulsos poucos generosos e<br />
ímpetos <strong>de</strong> vingança. Dahi muitas atrocida<strong>de</strong>s praticadas ao calor da victoria e <strong>em</strong> nome<br />
da Pátria e da República.” 181<br />
Na relação <strong>de</strong> Prisioneiros <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s a ca<strong>de</strong>ia da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Alagoinhas, 23 homens, entre 12 e 55 anos, sofriam <strong>de</strong> diarréia, gastrenterite, disenteria,<br />
bronquite, fratura exposta e escoriações causadas por cordas. Mais, acerca da<br />
brutalida<strong>de</strong> pela qual passaram os(as) conselheiristas, também foram registra<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
outros relatórios cont<strong>em</strong>porâneos ao <strong>do</strong> médico da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alagoinhas. Conforme o<br />
Histórico e Relatório <strong>do</strong> Comitê Patriótico da Bahia, há que:<br />
“pelo distinto comandante <strong>do</strong> 28º batalhão <strong>de</strong> infantaria, capitão Manuel Luiz da Silva<br />
Daltro, nos foi entregue uma <strong>de</strong>stas pobres vítimas <strong>de</strong> tão infame crime. É a menor<br />
Domingas Maria <strong>de</strong> Jesus, <strong>de</strong> 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, órfã <strong>de</strong> pai, morto nos últimos combates<br />
e filha da prisioneira Alexandrina Marques das Virgens, que se <strong>de</strong>ve achar nesta capital.<br />
Foi <strong>de</strong>svirginada, violentamente, pela praça <strong>do</strong> 25º batalhão <strong>de</strong> infantaria <strong>de</strong> nome José<br />
Maria.” 182<br />
Alcida Maria <strong>de</strong> Jesus, Maria Joaquina da Costa, Constancia <strong>de</strong> Souza, foram<br />
algumas <strong>de</strong>ntre as 46 mulheres que <strong>de</strong>ram entrada como Prisioneiros <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s<br />
recolhi<strong>do</strong>s na enfermaria <strong>de</strong> variolosos e, naquela unida<strong>de</strong>, 59,5% faleceram vítimas<br />
daquela epi<strong>de</strong>mia. Algumas canu<strong>de</strong>nses, as que foram curadas <strong>de</strong> varíola, sucumbiram<br />
pela inanição ou pela falta <strong>de</strong> medicamentos porque no transcorrer da atuação <strong>do</strong> dr.<br />
Américo Barreira, a Inspetoria Geral <strong>de</strong> Higiene efetuou reiteradas recommendações<br />
<strong>de</strong> economia no que dizia respeito à compra <strong>de</strong> medicamentos na farmácia da cida<strong>de</strong>.<br />
180 I<strong>de</strong>m. p. 14.<br />
181 I<strong>de</strong>m. p. 11.<br />
182 PIEDADE, Lélis. (organiza<strong>do</strong>r). (2002). Op. cit. p. 212. Ver também SINZIG, Pedro. R<strong>em</strong>iniscências<br />
d’um fra<strong>de</strong>. 2ª edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Typ. das Vozes <strong>de</strong> Petrópolis, 1925.<br />
83
O médico levantou <strong>em</strong> seu mapa que três crianças e quatro mulheres foram-lhe<br />
retiradas, <strong>de</strong> forma abrupta, por parte da comissão <strong>do</strong> Comitê Patriótico que por ali<br />
passara. Dois dias <strong>de</strong>pois, mais mulheres foram solicitadas pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Theophilo<br />
Falcão, conforme o <strong>do</strong>cumento “s<strong>em</strong> assistência minha n<strong>em</strong> <strong>do</strong> meu distincto collega<br />
Dr. Manoel Vergne <strong>de</strong> Abreu, como se os médicos <strong>em</strong> commisão nesta Cida<strong>de</strong> foss<strong>em</strong><br />
figuras secundarias ou completamente nullas. Não fomos ouvi<strong>do</strong>s n<strong>em</strong> ao menos<br />
procura<strong>do</strong>s...” 183 Detalhe, todas <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> tratamento.<br />
De todas as enfermarias, mapas e relatórios médicos que transcrev<strong>em</strong>os, <strong>em</strong><br />
nenhum momento notamos algo similar ao <strong>de</strong>talhe que ocorrera na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Alagoinhas. Hospitais <strong>de</strong> Sangue <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, Monte Santo, Cansanção, Queimadas e<br />
Salva<strong>do</strong>r – sítios <strong>de</strong> profun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sespero, solo fértil para a diss<strong>em</strong>inação das mais<br />
variadas <strong>do</strong>enças, áreas não muito harmônicas entre as pessoas – não apresentaram uma<br />
particularida<strong>de</strong> que nos assaltou nesta narrativa <strong>do</strong> dr. Américo Barreira. Quan<strong>do</strong> da<br />
chegada <strong>de</strong>ste médico às enfermarias, notara ali a assídua freqüência da população<br />
alagoinhense e <strong>de</strong> povoa<strong>do</strong>s vizinhos. Visitas estas que, segun<strong>do</strong> o médico, reproduziam<br />
verda<strong>de</strong>iras romarias <strong>em</strong> direção aos conselheiristas feri<strong>do</strong>s.<br />
Ante a situação e preocupa<strong>do</strong> com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expansão da varíola, o<br />
médico solicitou uma guarda militar ao capitão Agripino Antero Chaves e, por<br />
conseguinte, a intervenção no assunto, pois, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu relatório, as famílias ali<br />
presentes, <strong>de</strong> todas as classes, não o recebiam <strong>de</strong> bom gra<strong>do</strong>. Segue o médico dizen<strong>do</strong><br />
que “eu vi, nas minhas primeiras visitas, que a maioria <strong>de</strong>ssas procuravam minorar os<br />
soffrimentos daqueles infelizes, dan<strong>do</strong>-lhes esmolas, catan<strong>do</strong>-lhes, algumas mulheres,<br />
os piolhos, etc.” 184<br />
Das enfermarias ‘oficiais’ encontramos a entrada <strong>de</strong> bacias, <strong>de</strong> lençóis, <strong>de</strong><br />
cigarros, <strong>de</strong> vinhos, <strong>de</strong> escarra<strong>de</strong>iras e <strong>do</strong>s profissionais restritos à área médica. Ao<br />
fragmento acima, ao menos <strong>em</strong> nossa constatação, liga-se uma representação popular <strong>do</strong><br />
povo <strong>do</strong> Conselheiro. Alagoinhenses, distantes trezentos e trinta e oito quilometres <strong>do</strong><br />
palco das operações, compreendiam a resistência <strong>de</strong> cada um ali escolta<strong>do</strong> pelo Exército<br />
e, amistosos aos canu<strong>de</strong>nses, foram ao encontro talvez, não só <strong>do</strong>s combali<strong>do</strong>s, mas <strong>do</strong>s<br />
que tentaram lutar para manter seus i<strong>de</strong>ais e sonhos.<br />
183 BARREIRA, Américo. (1897). Op. cit. p. 17. Sobre o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> conselheiristas e as crianças que<br />
foram acolhidas pelo Comitê Patriótico da Bahia, ver PIEDADE, Lélis (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r). (2002). Op. cit. p.<br />
211. Especificamente Da comissão especial nomeada para recolher as crianças sertanejas feitas<br />
prisioneiras <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
184 BARREIRA, Américo. (1897). Op. cit. p. 26.<br />
84
Volt<strong>em</strong>os então à sala da Congregação da FMB e aos arre<strong>do</strong>res da Praça da Sé<br />
na capital baiana. Corria 1º <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1897 e a Faculda<strong>de</strong> reabrira suas portas dan<strong>do</strong><br />
andamento ao ano letivo. Dia 23 <strong>do</strong> mesmo mês, reuni<strong>do</strong> o corpo <strong>do</strong>cente e<br />
administrativo no salão nobre, atos com<strong>em</strong>orativos marcaram o dia no Terreiro <strong>de</strong><br />
Jesus. Imprensa, cavalheiros e senhoras, general Artur Oscar, principais autorida<strong>de</strong>s<br />
fe<strong>de</strong>raes e esta<strong>do</strong>aes, miravam uma lápi<strong>de</strong> <strong>do</strong>urada: “A Bahia eterniza n’este mármore o<br />
seu agra<strong>de</strong>cimento aos Médicos, Pharmaceuticos e Aca<strong>de</strong>micos que exerceram o seu<br />
apostola<strong>do</strong> na <strong>do</strong>lorosa quadra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.” 185<br />
O professor Sebastião Car<strong>do</strong>so, na incumbência <strong>de</strong> entregar o relatório <strong>de</strong> sua<br />
disciplina, concluía que o curso da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Química Analítica e Toxicologia fora<br />
irregular, por estar envolvi<strong>do</strong> no tratamento <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Já outros<br />
professores, como foi o caso <strong>de</strong> Fortunato da Silva Junior, apesar <strong>do</strong> ambiente caótico<br />
da guerra, o que lhe custara <strong>do</strong>is meses [agosto e set<strong>em</strong>bro] <strong>de</strong> trabalho ininterrupto na<br />
enfermaria cuja chefia exercia, conseguira, ao que consta <strong>em</strong> seu <strong>do</strong>cumento, concluir a<br />
parte prática <strong>de</strong> sua disciplina. Ao que nos parece, se não mais uma sugestão arriscada,<br />
prática esta conferida com os militares feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, isto é, um laboratório vivo.<br />
Em comunicação à Congregação, o professor <strong>de</strong> Therapeutica, José Eduar<strong>do</strong><br />
Freire <strong>de</strong> Carvalho Filho apresentou o seguinte relatório:<br />
“... cabe-me informar que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> as gran<strong>de</strong>s interrupções havidas no curso, já no mez <strong>de</strong><br />
Junho com a costumada ausência <strong>do</strong>s estudantes, foi nos mezes <strong>de</strong> Agosto e Set<strong>em</strong>bro<br />
por occasião <strong>do</strong> tractamento <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s nos combates <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s não pu<strong>de</strong> terminar o<br />
programa da ca<strong>de</strong>ira que tive a honra <strong>de</strong> apresentar a Congregação, contu<strong>do</strong> expliquei<br />
mais da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> mesmo programa, tanto no que diz respeito a theoria como a<br />
pratica.” 186<br />
Esses estudantes <strong>de</strong> costumada ausência, chegariam às portas da FMB <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong><br />
outubro, isto é, quase um mês <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> reinício das aulas. To<strong>do</strong>s foram às suas classes<br />
para realizar os exames <strong>de</strong> final <strong>de</strong> ano, aplica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro. Quatrocentos e<br />
setenta e nove alunos realizaram 1.478 exames, <strong>de</strong> todas as séries e <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os cursos<br />
(Medicina, Farmácia e O<strong>do</strong>ntologia). Na terceira série <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina, quatro<br />
alunos não realizaram as provas por inabilitações. Entre os alunos <strong>de</strong> medicina, um lá<br />
faltava, pois falecera no hospital <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> Monte Santo <strong>de</strong> malária (Joaquim Afonso<br />
Pedreira). Na turma da primeira série <strong>de</strong> Farmácia retiraram-se <strong>do</strong> exame três alunos,<br />
um por moléstia. Dois estudantes <strong>de</strong> Farmácia da segunda série retiraram-se da sala <strong>de</strong><br />
185 AFMB – Livro <strong>de</strong> Actas da Congregação. p. 199.<br />
186 AFMB – Caixa Ano 1897 – Código: 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
85
aula. Na terceira série também <strong>de</strong> Farmácia, mais uma inabilitação. 187 Mas, <strong>de</strong>ix<strong>em</strong>os<br />
os estudantes para o próximo capítulo <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Na M<strong>em</strong>ória sobre a Medicina na Bahia publicada vinte e seis anos <strong>de</strong>pois da<br />
guerra no Belo Monte e um ano após seu falecimento, neste caso, naturalmente,<br />
publicação in m<strong>em</strong>orian, Antonio Pacífico Pereira expunha um ‘balanço’ da Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s, ou seja, também apresentava um <strong>de</strong> seus relatórios. Antes <strong>de</strong> entrar<br />
diretamente no assunto, o médico baiano reportara-se à outra Campanha também<br />
custosa à Faculda<strong>de</strong>: a Guerra <strong>de</strong> Paraguai; quan<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>ram os médicos e estudantes<br />
<strong>de</strong> medicina <strong>do</strong> 4º, 5º e 6º ano, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Governo Imperial, alguns marcharam <strong>em</strong><br />
direção à peleja travada na região <strong>front</strong>eiriça <strong>do</strong> Prata.<br />
Naquela região o esta<strong>do</strong> sanitário mostrava-se <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>r e a <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong> um<br />
serviço médico ali aparecera como fundamental à saú<strong>de</strong> das tropas. Entre as linhas <strong>de</strong><br />
fogo da Guerra da Tríplice Aliança os solda<strong>do</strong>s caminhavam dias a fio quase que<br />
submersos pela água. Muitos ali, acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suas mulheres, morreram afoga<strong>do</strong>s<br />
<strong>em</strong> meio àquela região pantanosa, outros caíam vítimas <strong>de</strong> febres, cólera e varíola. De<br />
acor<strong>do</strong> com Francisco Doratioto as más condições sanitárias <strong>do</strong> local <strong>de</strong> combate<br />
contribuíram para a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças agravadas ainda mais pelo contraste entre<br />
o frio glacial que pairava durante a noite e o sol abrasa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> dia. 188<br />
Em <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1866 (quatro anos antes da morte <strong>de</strong> Solano<br />
Lopez), “o Impera<strong>do</strong>r sancionou a resolução da ass<strong>em</strong>bléia geral legislativa que<br />
autorisava diversas concessões e garantias aos professores, oppsositores e alumnos da<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>em</strong> serviço no exercito.” 189 Tal <strong>de</strong>creto garantia para os<br />
professores ex-combatentes da Tríplice Aliança, exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingresso <strong>em</strong> concurso<br />
nas Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong> Brasil; para os alunos, possibilida<strong>de</strong> se requeress<strong>em</strong>,<br />
ingresso no corpo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército.<br />
Agora, com os olhos volta<strong>do</strong>s para guerra sertaneja, Antonio Pacifico Pereira<br />
relatara que o “Governo Fe<strong>de</strong>ral não recompensou n<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rou <strong>de</strong>vidamente os<br />
ben<strong>em</strong>éritos serviçaes da República pelo acto meritório <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong> e patriotismo.<br />
187 BPEB – Relatório <strong>do</strong> Ministério da Justiça e Negócios Interiores – 1898. p. 321, 322 e 323. Os nomes<br />
<strong>do</strong>s alunos não são menciona<strong>do</strong>s no referi<strong>do</strong> Relatório.<br />
188 DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra – Nova história da Guerra <strong>de</strong> Paraguai. 2ª edição revista<br />
pelo autor. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. p. 123 e 127.<br />
189 PEREIRA, Antonio Pacifico. M<strong>em</strong>ória sobre a Medicina na Bahia. Sciencia e pratica – Ensino<br />
Medico – Prophilaxia e Therapeutica Hygiene, C´linica Cirúrgica e Operações notáveis – As gran<strong>de</strong>s<br />
curas e os gran<strong>de</strong>s erros – En<strong>de</strong>mias, epi<strong>de</strong>mias – Os médicos bahianos – Idéias e <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong><br />
médicos bahianos – A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina nos 100 annos. BAHIA – Imprensa Oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
1923.<br />
86
(...) A República <strong>em</strong> 1897 na Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s não imitou o Império <strong>em</strong> 1866 na<br />
Guerra <strong>do</strong> Paraguay.” 190<br />
Recorren<strong>do</strong> à estatística <strong>do</strong> movimento hospitalar, elaborada pelo dr. Anselmo<br />
da Fonseca, o então, ex-diretor da Faculda<strong>de</strong> mostrava que os números não negavam os<br />
esforços <strong>do</strong>s professores <strong>em</strong> serviço, e que as <strong>de</strong>pendências da instituição mostravam-se<br />
aparelhadas para aten<strong>de</strong>r os feri<strong>do</strong>s ali recolhi<strong>do</strong>s. Apontou seu relatório que 1630<br />
feri<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>entes foram atendi<strong>do</strong>s nos quatro hospitais <strong>de</strong> sangue, termo <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> por<br />
ele, e que “a mortalida<strong>de</strong> das 30 enfermarias <strong>em</strong> que se recolheram estes 1630 <strong>do</strong>entes<br />
(faltan<strong>do</strong> somente a enfermaria n°. 5 da Faculda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> que não forneceu a directoria a<br />
relação <strong>do</strong>s seus <strong>do</strong>entes) foi <strong>de</strong> 25 que equivale a 1,53%.” 191<br />
Por fim, sensibilizava-se o médico baiano com os alunos Francisco <strong>do</strong>s Santos<br />
Pereira, Antonio Eustáquio da Silva e Joaquim Afonso Pedreira, que se prontificaram a<br />
tratar os militares feri<strong>do</strong>s, mas faleceram no <strong>de</strong>curso <strong>do</strong> trabalho como auxiliares. O<br />
primeiro <strong>de</strong> infecção hospitalar na capital baiana e, o último, como já <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>, <strong>de</strong><br />
malária <strong>em</strong> Monte Santo. A causa mortis <strong>de</strong> Antonio Eustáquio da Silva não consta na<br />
referida M<strong>em</strong>ória <strong>do</strong> então ex-diretor da FMB e, tampouco, no Livro <strong>de</strong> Atas da<br />
Congregação.<br />
É hora <strong>de</strong> passarmos a palavra para os alunos da Faculda<strong>de</strong>, isto é, suas theorias<br />
e práticas e a percepções sobre àquele sertão repleto <strong>de</strong> cadáveres insepultos. No<br />
entanto, o leitor(a) t<strong>em</strong> a opção <strong>de</strong> seguir direto para o próximo capítulo ou espiar o<br />
próximo ít<strong>em</strong> e perceber que a medicina <strong>do</strong>s professores e alunos, entorpeci<strong>do</strong>s pelo<br />
“progresso da ciência”, não era única forma <strong>de</strong> curar fosse as chagas da carne ou as<br />
carências <strong>do</strong> espírito.<br />
2.3. As curas, a crença na sciencia e o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong>s inciviliza<strong>do</strong>s<br />
No <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> século XIX, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> suas décadas, a profissão médica<br />
no Brasil estava <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> ascensão e legitimação, isto é, os médicos das Escolas<br />
<strong>de</strong> Medicina [Bahia e Rio <strong>de</strong> Janeiro], apesar da pretensão, não controlavam sozinhos as<br />
práticas <strong>de</strong> cura que havia no país. 192 Des<strong>de</strong> o perío<strong>do</strong> colonial curan<strong>de</strong>iros, parteiras,<br />
ervanários e benze<strong>de</strong>iras mitigavam as <strong>do</strong>res <strong>do</strong>s que a eles recorriam e, <strong>em</strong> muitos<br />
190 I<strong>de</strong>m. p. 244 e 245.<br />
191 I<strong>de</strong>m. p. 244.<br />
192 SAMPAIO, Gabriela <strong>do</strong>s Reis. Nas trincheiras da cura – as diferentes medicinas no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
imperial. São Paulo: Editora da Unicamp, 2001. p. 44.<br />
87
momentos, eram mais consulta<strong>do</strong>s e visita<strong>do</strong>s que propriamente os gabinetes médicos.<br />
O caráter anti-popular da medicina científica po<strong>de</strong> ser ex<strong>em</strong>plifica<strong>do</strong> pela<br />
<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> no discurso médico ante as causas <strong>de</strong> diversas <strong>do</strong>enças, sobretu<strong>do</strong> as<br />
epidêmicas; e, por outro la<strong>do</strong>, havia o aspecto financeiro, isto é, gabinetes e consultórios<br />
eram caros a maior parte da população pobre.<br />
O trabalho <strong>de</strong> Jaqueline <strong>de</strong> Almeida Pereira, Práticas mágicas e cura popular na<br />
Bahia (1890 – 1940) – <strong>em</strong>basa<strong>do</strong> <strong>em</strong> fontes como as teses da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da<br />
Bahia, <strong>em</strong> processos-crime e na imprensa – é ainda mais elucidativo sobre a procura<br />
pela medicina praticada fora <strong>do</strong>s muros acadêmicos e à perseguição pela qual sofriam os<br />
‘cura<strong>do</strong>res informais’. A busca pela medicina especializada estava, <strong>em</strong> muitos casos,<br />
restrita às classes com mais condições financeiras que outras. Não obstante, a maior<br />
parte da população, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> rica ou pobre, recorria à curan<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
feitios, parteiras e boticários, aliás, segun<strong>do</strong> Jaqueline Pereira, fenômeno este presente<br />
até os dias atuais. 193<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po, é relevante comentar que os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s às práticas da<br />
‘medicina popular’ ressaltam seu caráter <strong>de</strong> organização e autonomia <strong>de</strong> uma população,<br />
até pouco t<strong>em</strong>po, trancada na gaveta da história. Apesar <strong>de</strong> conviver<strong>em</strong> no mesmo<br />
espaço social, “os médicos metropolitanos e, <strong>de</strong>pois, os profissionais forma<strong>do</strong>s nas<br />
primeiras escolas <strong>de</strong> medicina – Bahia e Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>em</strong> 1808 –, s<strong>em</strong>pre se viram<br />
con<strong>front</strong>a<strong>do</strong>s a outros práticos que se <strong>de</strong>dicavam às artes da cura. Barbeiros, parteiras,<br />
curan<strong>de</strong>iros, pajés, boticários, sangra<strong>do</strong>res.” 194 É ainda mais notório que durante a<br />
instauração <strong>do</strong> regime republicano, o saber médico não respeitava e, quan<strong>do</strong> possível,<br />
limitava o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ação <strong>do</strong>s cura<strong>do</strong>res populares. Anos após a contestação à<br />
diversida<strong>de</strong> das práticas <strong>de</strong> cura é que as aca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> medicina começaram a<br />
reconhecer o aspecto medicinal <strong>do</strong>s chazinhos. 195<br />
Paralelo àquela varieda<strong>de</strong> profissional, isto é, os <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e os <strong>de</strong> fora das<br />
escolas <strong>de</strong> medicina, não havia coesão entre as discussões médicas <strong>em</strong> lidar com a saú<strong>de</strong><br />
pública no Brasil porque quan<strong>do</strong> havia, o jogo da politicalha as fragmentava. O ‘jogo <strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>purra’ institucional na capital fe<strong>de</strong>ral, no que se refere às responsabilida<strong>de</strong>s das<br />
Câmaras Municipais <strong>em</strong> executar a legislação concernente aos ofícios <strong>de</strong> curar,<br />
193 PEREIRA, Jaqueline <strong>de</strong> Almeida. Práticas mágicas e cura popular na Bahia (1890 – 1940). Bahia:<br />
UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas. (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>), 1998. p. 36.<br />
194 DANTES, Maria Amélia. A implantação das ciências no Brasil – um <strong>de</strong>bate historiográfico. In:<br />
ALVES, Jerônimo (org.). Múltiplas faces da história das ciências na Amazônia. Belém: EDUFPA, 2005.<br />
p. 42 e 43.<br />
195 PEREIRA, Jaqueline <strong>de</strong> Almeida. (1998). Op. cit. p. 47.<br />
88
frequent<strong>em</strong>ente esbarrava <strong>em</strong> falta <strong>de</strong> ‘prática e <strong>de</strong> funcionários’ e, <strong>em</strong> alguns casos,<br />
retornavam ao órgão fe<strong>de</strong>ral, reclaman<strong>do</strong> sua incapacida<strong>de</strong> <strong>em</strong> lidar com probl<strong>em</strong>as<br />
objetivos, como, por ex<strong>em</strong>plo, inibir o trabalho <strong>de</strong> pessoas ‘não cadastradas’ à medicina<br />
acadêmica.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, leis e reformas que, <strong>de</strong>ntre outros objetivos, <strong>de</strong>sejavam inibir o<br />
campo <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong>s médicos não oficiais, atingiam diretamente a organização e a<br />
in<strong>de</strong>pendência das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong> país. Particularmente sobre este aspecto,<br />
o diretor da FMB durante a Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, Antonio Pacífico Pereira, comentou<br />
<strong>em</strong> sua M<strong>em</strong>ória que as reformas propostas pelos médicos-políticos nos gabinetes da<br />
capital fe<strong>de</strong>ral, não produziam os resulta<strong>do</strong>s almeja<strong>do</strong>s pela classe <strong>de</strong> professores, seus<br />
colegas.<br />
De acor<strong>do</strong> com o levantamento que fizera acerca das reformas pelas quais sua<br />
Faculda<strong>de</strong> passou no transcorrer <strong>do</strong>s anos 1815, 1832, 1854, 1879, 1882, 1891, 1901,<br />
1911 e 1915, tais como: revisão <strong>de</strong> currículo, re-elaboração <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> seleção se<br />
alunos, ampliação da Biblioteca, autonomia <strong>de</strong> ensino e prática no que toca ao trabalho<br />
<strong>do</strong>s professores e parcas finanças para lidar com os gastos da instituição [Biblioteca e<br />
laboratórios], notou o dr. Pacífico Pereira que esta instituição esteve sujeita aos<br />
melindres da política central e local, pois muitos médicos exerciam funções públicas,<br />
alguns eram políticos com voz <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e significativo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> influência. Ainda<br />
nas palavras <strong>do</strong> m<strong>em</strong>orialista,<br />
“a influencia da política <strong>de</strong> favoritismo e <strong>de</strong> arbítrio nas investiduras <strong>do</strong> magistério, ...as<br />
concessões pessoaes, com flagrante violação da lei e <strong>do</strong> regimen escolar, favorecen<strong>do</strong> a<br />
insufficiencia, a mediocrida<strong>de</strong> e a indisciplina, - arrastavam a completa ruína a obra <strong>de</strong><br />
reconstrucção fundamental que o advento da República projectára...” 196<br />
O resulta<strong>do</strong> imediato <strong>de</strong>stes litígios políticos para a Faculda<strong>de</strong>, conforme as<br />
anotações <strong>do</strong> professor, era a profunda <strong>de</strong>sorganização e <strong>de</strong>cadência <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a<br />
acadêmico. Mais sobre os limites das reformas na área da medicina acadêmica nos traz<br />
Luiz Otávio Ferreira. Avalia o autor que, pelo menos, durante gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> século<br />
XIX, a atuação das escolas médicas no esforço da expansão quantitativa e <strong>de</strong> renovação<br />
epist<strong>em</strong>ológica da medicina ficou muito aquém da expectativa. 197 Entr<strong>em</strong>entes, a essas<br />
atitu<strong>de</strong>s reformistas, que buscavam a uniformização <strong>do</strong> saber, acoplavam-se diversas<br />
leis e <strong>de</strong>cretos que eram lançadas com a conivência <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s políticas e da<br />
196 PEREIRA, Antonio Pacífico. (1923). Op. cit. p. 102.<br />
197 FERREIRA, Luiz Otávio. Medicina Popular – Ciência médica e medicina popular nas páginas <strong>do</strong>s<br />
periódicos científicos (1830 – 1840). In: CHALHOUB, Sidney. (2003). Op. cit p. 102 e 103.<br />
89
imprensa [médica ou não], com intuito <strong>de</strong> não banir, mas, ao menos, reduzir as ações <strong>de</strong><br />
‘médicos populares’, pois a medicina “é política tanto pelo mo<strong>do</strong> como intervém na<br />
socieda<strong>de</strong> e penetra <strong>em</strong> suas instituições, como pela sua relação com o Esta<strong>do</strong>. Ela<br />
precisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para realizar seu projeto...” 198<br />
O ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> uma relação entre médicos e Esta<strong>do</strong>, como po<strong>de</strong>mos observar no<br />
<strong>de</strong>curso <strong>de</strong>ste capítulo, fora o da FMB com outras instituições. Manteve-se ali estreito<br />
convívio <strong>do</strong> início ao fim da Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s com os lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> progresso. Os<br />
relatórios <strong>do</strong>s professores, alguns, sensibilizaram-se diretamente com os heroes da<br />
Republica e cidadãos da Nação, e isto nos permite afirmar que os que não estavam ali,<br />
<strong>em</strong> luta pelo novo regime, a ele, naturalmente, não pertenciam, isto é, os inciviliza<strong>do</strong>s.<br />
Dentro <strong>do</strong>s gabinetes <strong>do</strong>s professores da Faculda<strong>de</strong>, seus livros e ca<strong>de</strong>rnos<br />
discutiam, com uma gama <strong>de</strong> ouvintes, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, raça, mestiçag<strong>em</strong>, sanitarismo,<br />
higienismo, civilização, barbárie, evolução e involução da espécie humana. Esses<br />
conceitos davam o tom nessas rodas formadas por catedráticos e alunos tanto <strong>do</strong> curso<br />
<strong>de</strong> Medicina quanto <strong>de</strong> Direito. To<strong>do</strong>s crentes <strong>de</strong> que uma sciencia com méto<strong>do</strong>s, regras<br />
e resulta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>ria conduzir to<strong>do</strong>s os habitantes <strong>do</strong> planeta <strong>em</strong> direção ao progresso.<br />
Canu<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> àqueles intelectuais da república, caminhava <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> contrário. 199<br />
O século XIX, <strong>em</strong> que “a maioria <strong>do</strong>s continentes toma <strong>de</strong> <strong>em</strong>préstimo da<br />
Europa sua civilização, seus costumes, mesmo <strong>em</strong> sua forma exterior...” 200 , projetara a<br />
sciencia como responsável pela explicação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Tanto ali como no Brasil, o<br />
scientista ganhou <strong>de</strong>staque e, sobretu<strong>do</strong>, maior in<strong>de</strong>pendência. 201 Aqueles conceitos<br />
<strong>de</strong>veriam ser, ou melhor, foram impostos a uma significativa parcela da população <strong>do</strong><br />
país, tanto <strong>do</strong> interior quanto das capitais, o que gerou respostas das mais diversas. A<br />
busca pelo progresso atingia diretamente as camadas mais suscetíveis às atitu<strong>de</strong>s das<br />
autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada governo que, com o braço arma<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército e a pena forte <strong>do</strong>s<br />
intelectuais da república, reprimira os sonhos alheios.<br />
Antônio Conselheiro e seus segui<strong>do</strong>res apareciam cientificamente atróficos à<br />
imensidão <strong>do</strong> saber instituí<strong>do</strong> pelos bacharéis, visto que, um arraial monta<strong>do</strong> à feição<br />
sertaneja, negra e indígena, por conseguinte, mestiça; não po<strong>de</strong>ria receber um<br />
198<br />
LOPES, Fábio Henrique. Análise historiográfica e história da medicina brasileira. Juiz <strong>de</strong> Fora:<br />
LOCUS. v. 9, n.2, 2003. p. 103.<br />
199<br />
Mais <strong>de</strong>talhes sobre o assunto <strong>em</strong>: COSTA, Flávio J. Simões. Antonio Conselheiro: uma reformulação<br />
à luz da Psicologia Social. Bahia: UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas. (Mestra<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
Ciências Sociais). 1968. p. 30 a 105.<br />
200<br />
RÉMOND, René. O Século XIX (1815 – 1914). São Paulo: Cultrix, 1976. p. 203.<br />
201<br />
SCHWARTZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças – cientistas, instituições e questão racial no Brasil<br />
(1870-1930). São Paulo: Cia. das Letras, 1993. p. 29.<br />
90
tratamento ext<strong>em</strong>porâneo ao pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> discurso <strong>em</strong> prol das boas civilisações. Na<br />
opinião <strong>de</strong> uma test<strong>em</strong>unha ocular, a que levara o litoral positivista ao sertão bárbaro,<br />
estavam ali os “feri<strong>do</strong>s pela fatalida<strong>de</strong> das leis biológicas, chumba<strong>do</strong>s ao plano inferior<br />
da raça menos favorecida.” 202<br />
Como ver<strong>em</strong>os a seguir, os habitantes <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong> Antonio Vicente ganharam<br />
os mais habituais adjetivos da linha científica <strong>do</strong> século XIX, isto é, pre<strong>do</strong>minante nos<br />
meios acadêmicos. Médicos, futuros médicos e advoga<strong>do</strong>s percebiam ali os<br />
<strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s, bandi<strong>do</strong>s, facínoras e horda <strong>de</strong> jagunços cegos pelas prédicas <strong>do</strong> beato.<br />
Cumpria ali a linguag<strong>em</strong> a sua função. Os <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s a zelar pelo Belo Monte, eram<br />
vistos como os fanáticos <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Mas, se seguirmos a leitura, perceber<strong>em</strong>os que<br />
n<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> cá, marcharam na mesma direção.<br />
202 CUNHA, Eucly<strong>de</strong>s. Os Sertões – Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. São Paulo: Círculo <strong>do</strong> Livro, 1975. p. 88.<br />
91
CAPÍTULO III<br />
75 LÉGUAS ENTRE A VIDA E A MORTE: OS ACADÊMICOS NO FRONT<br />
3.1. À linha <strong>de</strong> fogo: ir ou não?<br />
“A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> médicos no theatro da luta fez-me appellar<br />
para um offerecimento expontaneo da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Medicina<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> por parte <strong>de</strong> seus professores. Com a <strong>de</strong>claração,<br />
porém, <strong>de</strong> que este offerecimento restringia-se a serviços<br />
médicos nesta Capital, appellei para a generosa mocida<strong>de</strong><br />
acadêmica, que não se fez esperar, dan<strong>do</strong> o tão tocante quão<br />
admirável ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> marchar<strong>em</strong> sessenta e <strong>do</strong>is estudantes <strong>de</strong><br />
annos diversos para o campo da luta a auxiliar nos hospitais <strong>de</strong><br />
sangue os médicos militares <strong>de</strong>lles incumbi<strong>do</strong>s.” 203<br />
“As formas clínicas <strong>do</strong>s shocks são diversas; palli<strong>do</strong>,<br />
indifferente ao exterior, não respon<strong>de</strong> as questões solicitadas à<br />
sua opinião s<strong>em</strong> olhar sequer para o cirurgião, insensível a <strong>do</strong>r,<br />
<strong>de</strong> olhar fixo, respiração lenta, pulso fraco e lento, muitas vezes<br />
intermittente, pelle fria, suce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se algumas vezes a reacção,<br />
e o <strong>do</strong>ente morre. (...) Os feri<strong>do</strong>s ataca<strong>do</strong>s t<strong>em</strong> agitação<br />
violenta, terror ou raiva, entregam-se a movimentos<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s, fallam com vivacida<strong>de</strong>, narram ao vivo as<br />
peripécias <strong>do</strong> combate, nas quaes tomaram parte, ululam<br />
ameaças aos inimigos.” 204<br />
Drs. Il<strong>de</strong>fonso Teo<strong>do</strong>ro Martins, Agripino Ribeiro Pontes, José <strong>de</strong> Miranda<br />
Cúrio, Alexandre da Silva Moura, João Gonçalves Ferreira Correia da Câmara, Artur<br />
Eduar<strong>do</strong> Seixas, Carlos <strong>de</strong> Oliveira Costa, Breno Bráulio Muniz, Emílio Paulo <strong>do</strong>s<br />
Santos Pereira, Álvaro Teles <strong>de</strong> Meneses e Luis José Correa <strong>de</strong> Sá foram alguns <strong>do</strong>s<br />
médicos-militares que, com o salário <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>, aturam <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s e suas<br />
adjacências. 205<br />
203 Mensag<strong>em</strong> apresentada a Ass<strong>em</strong>bléia Geral Legislativa pelo Exm. Sr. Dr. Luiz Vianna – Governa<strong>do</strong>r<br />
da Bahia <strong>em</strong> 14 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1898. BAHIA: Typografia <strong>do</strong> Correio <strong>de</strong> Noticias. p. 10. Disponível <strong>em</strong>:<br />
http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u013/000070.html Acesso: 02/10/2008.<br />
204 TORRES, Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto. Feridas por projectis e seu tratamento <strong>em</strong> Campanha. Ano: 1902. p. 54 e<br />
55. In: AFMB – THESES. Código da tese: 102 – H.<br />
205 GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). No calor da hora: a guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s nos jornais, 4ª<br />
expedição. 3ª edição. São Paulo: Ática, 1994. p. 280 e 332.<br />
92
MÉDICOS<br />
Quadro – 6<br />
EFETIVO MÉDICO DO EXÉRCITO<br />
1897<br />
FARMACÊUTICOS<br />
General <strong>de</strong> Brigada 02 Ten. Coronel 02<br />
Coronel 04 Major 02<br />
Ten. Coronel 10 Capitão 07<br />
Major 31 Tenente 27<br />
Capitão 58 Farm. Adjunto 51<br />
Tenente 22<br />
Méd. Adjunto 56<br />
183 89<br />
1897<br />
FONTE: SILVA, Alberto Martins da. O apoio <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> na Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Revista <strong>do</strong> Exército Brasileiro. jan./mar, 1990.<br />
Entre médicos-militares e adjuntos que compunham a força efetiva <strong>do</strong> Exército<br />
nacional no ano <strong>de</strong> 1897, marcharam, entre <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1896 e outubro <strong>do</strong> ano<br />
seguinte, 43, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> 15 farmacêuticos, isto é, uma cifra <strong>de</strong> 33,8% e 16,8% 206 . Os<br />
quarenta e três médicos ali presentes espraiaram-se por Queimadas, Monte Santo e<br />
Canu<strong>do</strong>s. Numa distribuição rápida e arriscada, por não possuirmos os números <strong>de</strong><br />
enfermeiros <strong>em</strong> auxílio aos médicos e acadêmicos <strong>de</strong> medicina, seriam cerca <strong>de</strong><br />
quatorze médicos-militares por Hospital <strong>de</strong> Sangue, s<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os casos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>serção, as recusas 207 , os que se retiravam acometi<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>enças e os que<br />
morreram <strong>em</strong> plena quadra <strong>do</strong> con<strong>front</strong>o (drs. Fortunato Raimun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira, Alfre<strong>do</strong><br />
Augusto Gama e João Tolentino Barreto <strong>de</strong> Albuquerque). Este corpo sanitário <strong>de</strong>veria<br />
tratar <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, isto é, mais <strong>de</strong> 6000 combatentes [tanto forças fe<strong>de</strong>rais<br />
quanto estaduais].<br />
Os professores da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia, mesmo sob promessa <strong>de</strong><br />
pagamento, não atravessaram o esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> direção ao sertão para aliviar as chagas <strong>do</strong>s<br />
oficias e solda<strong>do</strong>s combali<strong>do</strong>s pelo fogo ou pela peste. Por quê? Seriam os ferimentos<br />
por armas <strong>de</strong> fogo restritos à medicina castrense? Nenhum médico civil po<strong>de</strong>ria ali<br />
exercer suas habilida<strong>de</strong>s? Haveriam conflitos entre médicos civis e médicos <strong>do</strong> Exército<br />
<strong>em</strong> pleno palco das operações? As Atas da Congregação da Faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong><br />
Jesus e o Relatório <strong>do</strong> Ministério da Guerra não cont<strong>em</strong>plaram estas questões. Alvim<br />
206<br />
SILVA, Alberto Martins da. O apoio <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> na Campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Revista <strong>do</strong><br />
Exército Brasileiro. jan./mar, 1990. p. 15.<br />
207<br />
BPEB – Jornal Diário <strong>de</strong> Notícias <strong>em</strong> 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1897 referin<strong>do</strong>-se à médicos que trabalhavam na<br />
capital fe<strong>de</strong>ral: Recusa <strong>do</strong>s médicos – Está sen<strong>do</strong> muito commentada a recusa <strong>do</strong>s médicos <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s<br />
para seguir para Bahia. p. 1.<br />
93
Martins Horca<strong>de</strong>s, então com 19 anos e aluno <strong>do</strong> primeiro ano <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina,<br />
atravessou a linha <strong>de</strong> fogo e voltan<strong>do</strong> à Salva<strong>do</strong>r escreveu:<br />
“Quan<strong>do</strong> os apóstolos da Carida<strong>de</strong> e os ministros da sciencia <strong>de</strong> Esculpaio, aquelles que<br />
já tinham obti<strong>do</strong> o que procuramos conquistar e a qu<strong>em</strong> competia mais a missão <strong>de</strong><br />
levar o alivio aos que soffriam, recusaram-se ou não se collocaram <strong>em</strong> seus postos, nós,<br />
apezar <strong>de</strong> poucos conhecimentos que tínhamos, nos puz<strong>em</strong>os no logar d’elles e<br />
marchamos para o local...” 208<br />
Dentre os 479 alunos matricula<strong>do</strong>s naquele ano <strong>de</strong> 1897, 326 209 eram <strong>do</strong> curso <strong>de</strong><br />
medicina e 62 foram ao <strong>front</strong>, exatamente 19% <strong>do</strong> corpo discente. No campo hipotético,<br />
o mesmo cálculo que incidimos sobre os médicos militares nos parece cabível aos<br />
acadêmicos: entre as enfermarias <strong>de</strong> Queimadas, Cansanção, Monte Santo e Canu<strong>do</strong>s,<br />
<strong>em</strong> média 15 alunos trabalhariam <strong>em</strong> cada hospital <strong>de</strong> sangue.<br />
Em 19 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1897, isto é, quatro meses antes <strong>do</strong> envio <strong>do</strong> primeiro grupo<br />
<strong>de</strong> estudantes aos hospitais <strong>de</strong> sangue tanto da linha <strong>de</strong> fogo quanto da retaguarda, 91<br />
estudantes das escolas superiores da Bahia [Engenharia, Medicina e Direito] assinaram<br />
um manifesto <strong>de</strong> apoio a seus colegas e aos <strong>de</strong>fensores da República <strong>em</strong> outros esta<strong>do</strong>s.<br />
Nesta mensag<strong>em</strong>, quinze dias após a morte <strong>do</strong> coronel Antonio Moreira César, os<br />
alunos mencionam o exagera<strong>do</strong> radicalismo republicano quan<strong>do</strong> das perseguições<br />
sofridas a “um parti<strong>do</strong>, que vive <strong>de</strong> recordações sau<strong>do</strong>sas e <strong>de</strong> censuras amargas.” 210<br />
Neste mesmo <strong>do</strong>cumento, os estudantes se propunham a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a Bahia no que<br />
dizia respeito às injustas acusações <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong> monarquista e, concomitante a isto,<br />
explicar as razões pelas quais eles e a ‘a Bahia inteira’ mantiveram-se ‘relativamente<br />
calmos’ quanto ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s e, por conseguinte, sua<br />
ameaça ao regime republicano.<br />
A justificativa <strong>do</strong>s alunos que, segun<strong>do</strong> eles, abarcava, igualmente, a opinião da<br />
Bahia inteira, centrava-se na <strong>de</strong> que os acadêmicos das escolas superiores não<br />
percebiam que, ali no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, uma horda <strong>de</strong> ignorantes segui<strong>do</strong>res <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>genera<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>ria oferecer perigo ao regime político <strong>em</strong> vigor e se assim se<br />
configurasse, a atuação das forças militares <strong>de</strong>belaria o levante.<br />
Contu<strong>do</strong>, ante o fracasso <strong>de</strong> Moreira César e a mobilização nacional na<br />
construção <strong>do</strong> terror ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Antonio Conselheiro e seus segui<strong>do</strong>res, os alunos<br />
selaram o <strong>do</strong>cumento com a proposta que segue: “quan<strong>do</strong> a Pátria precisar <strong>de</strong> nós,<br />
208 HORCADES, Alvim Martins. (1899). Op. cit. p. 6.<br />
209 BPEB – Relatório <strong>do</strong> Ministério da Justiça e Negócios Interiores – 1897/1898. p. 321, 322 e 323.<br />
210 CEB / UFBA – MANIFESTO <strong>do</strong>s estudantes das Escolas Superiores da Bahia. Bahia: Typographia <strong>do</strong><br />
Correio <strong>de</strong> Notícias, 1897. p. 1 a 7.<br />
94
saber<strong>em</strong>os cumprir o nosso <strong>de</strong>ver pela integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nosso território, pela Liberda<strong>de</strong>,<br />
pela República, pela honra <strong>do</strong> Brazil, <strong>de</strong>rramar<strong>em</strong>os o nosso sangue e cahir<strong>em</strong>os<br />
satisfeitos com a supr<strong>em</strong>a felicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver cumpri<strong>do</strong> rectamente.” 211 Dentre os<br />
<strong>de</strong>zoito alunos <strong>de</strong> medicina e farmácia que assinaram o referi<strong>do</strong> manifesto, cinco foram<br />
ao palco das operações militares no interior da Bahia: Antonio Bomfim <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />
Carlos Cavalcanti Mangabeira, Joaquim José Xavier, Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Oliveira Cunha e<br />
Alvim Martins Horca<strong>de</strong>s. 212<br />
No Livro <strong>de</strong> Atas da Congregação da Faculda<strong>de</strong>, nas sessões <strong>de</strong> 28 e 30 <strong>de</strong><br />
outubro, foi registra<strong>do</strong> que os alunos se <strong>de</strong>dicaram espontan<strong>em</strong>ante às vítimas da<br />
Campanha. No entanto, neste mesmo Livro, no diálogo entre o diretor Antonio Pacífico<br />
Pereira e o ministro da Justiça <strong>de</strong> Negócios <strong>do</strong> Interior, Amaro Cavalcanti, <strong>em</strong><br />
telegrama nº. 262, consta que <strong>em</strong> fins <strong>de</strong> julho foram contrata<strong>do</strong>s diversos alunos das<br />
diferentes séries para prestar serviços médicos <strong>em</strong> Queimadas, Monte Santo e no Alto<br />
da Favela, <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
Há, no mesmo Livro <strong>de</strong> Atas, que no dia 27 <strong>de</strong> julho, para o palco <strong>de</strong> combate,<br />
seguiram vinte e cinco alunos, in<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois uma outra turma. Neste <strong>do</strong>cumento não<br />
existe menção ao total <strong>de</strong> alunos envia<strong>do</strong>s, há um espaço vazio no <strong>do</strong>cumento. 213 Como<br />
<strong>de</strong>staca<strong>do</strong> <strong>em</strong> capítulo anterior, contamos 33 estudantes <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina que foram<br />
à zona <strong>de</strong> combate distribuí<strong>do</strong>s da seguinte forma: da sexta série, 7, da 5ª, 4, da quarta<br />
série, 7, da 3ª, 9, da segunda série, 1, e da primeira série, 5. 214<br />
Acerca <strong>do</strong> assunto “contrata<strong>do</strong>s e espontâneos”, o primeiranista Alvim Martins<br />
Horca<strong>de</strong>s comentou que tanto ele quanto seus colegas expedicionários foram impeli<strong>do</strong>s<br />
por or<strong>de</strong>m superior a cumprir as tarefas no teatro das operações militares. Reclamava o<br />
autor a inexpressiva atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral para com ele e seus companheiros que<br />
foram ao quartel <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
Nas palavras <strong>do</strong> jov<strong>em</strong> combatente, o presi<strong>de</strong>nte da República Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
Moraes enviou oficio agra<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinteressada daquela mocida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
prestar seus serviços à nação, mas nenhum outro incentivo fora cogita<strong>do</strong> a não ser frases<br />
nobiliárquicas e altruístas. Neste mesmo trecho <strong>de</strong> seu livro Descrição <strong>de</strong> uma viag<strong>em</strong> a<br />
Canu<strong>do</strong>s, Horca<strong>de</strong>s registrou que o governo estadual conce<strong>de</strong>u uma gratificação<br />
211<br />
I<strong>de</strong>m. p. 7.<br />
212<br />
CEB / UFBA – MANIFESTO <strong>do</strong>s estudantes das Escolas Superiores da Bahia. BAHIA: Typographia<br />
<strong>do</strong> Correio <strong>de</strong> Notícias, 1897. p. 7.<br />
213<br />
Livro <strong>de</strong> Actas da Congregação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina. p. 199. AFMB.<br />
214<br />
Ver material anexo: BREVE RELAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA DA FACULDADE<br />
DE MEDICINA E PHARMACIA DA BAHIA NA CAMPANHA DE CANUDOS [4ª EXPEDIÇÃO].<br />
95
pecuniária aos estudantes, quantia esta, segun<strong>do</strong> o aluno, para uma alimentação um<br />
pouco melhor que a <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s. 215<br />
Concluin<strong>do</strong>, o futuro médico expôs seu <strong>de</strong>scontentamento perante o tratamento<br />
que recebera ele e seus colegas da seguinte forma: “pois b<strong>em</strong>... reverta Sua E xa. tu<strong>do</strong><br />
quanto a nós cabia para dar aos thuriferarios <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, à sua parentela política, aos que<br />
sorv<strong>em</strong> <strong>do</strong> tesouro nacional o producto <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> um povo, que <strong>de</strong>rrama o seu suor<br />
para po<strong>de</strong>r obtel-o e que <strong>em</strong> troca só haure misérias e amarguras...”. 216<br />
Almachio Diniz, biógrafo <strong>do</strong> poeta e médico baiano Francisco Cavalcanti<br />
Mangabeira, que atuara <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s e <strong>em</strong> suas cercanias no <strong>de</strong>curso da batalha, teceu<br />
algumas linhas acerca da participação <strong>de</strong>ste jov<strong>em</strong> terceiranista <strong>de</strong> medicina nos<br />
hospitais <strong>de</strong> sangue instala<strong>do</strong>s pelos médicos-militares. No que toca especificamente à<br />
partida <strong>do</strong>s estudantes da FMB <strong>em</strong> direção ao arraial, o autor nos confere que tanto<br />
Francisco Mangabeira, o irmão Carlos Mangabeira [estudante <strong>de</strong> farmácia] e os <strong>de</strong>mais<br />
colegas expedicionários, prestaram seus serviços gratuitamente. 217<br />
Quarenta e cinco anos após o combate, Francisco Xavier <strong>de</strong> Oliveira que na<br />
época era aluno <strong>do</strong> quarto ano <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina e esteve entre os estudantes<br />
expedicionários da segunda turma enviada ao local <strong>do</strong> conflito <strong>em</strong> três <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />
1897, escreveu que, tanto ele quanto seus colegas, trabalharam voluntariamente no<br />
quartel das operações, exceto os <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s Antonio Nicanor Martins Barbosa,<br />
Cristiano Sellmann Junior, Eduar<strong>do</strong> Britto e Tranquilino Torgalino <strong>de</strong> Oliveira,<br />
contrata<strong>do</strong>s como médicos militares. 218 Todavia, alguns alunos <strong>do</strong> sexto ano,<br />
permaneceram <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r para ali tratar <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s que chegavam, foi o caso <strong>do</strong><br />
estudante José Olympio <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> Filho, filho <strong>do</strong> vice-diretor da Faculda<strong>de</strong> durante o<br />
ano da guerra, José Olympio <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>.<br />
O capitão Manoel Benício, correspon<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> periódico carioca Jornal <strong>do</strong><br />
Comércio, esteve no Hospital <strong>de</strong> Sangue <strong>em</strong> Queimadas a 8 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, espaço <strong>de</strong><br />
t<strong>em</strong>po que compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um mês após a chegada da segunda turma <strong>de</strong><br />
acadêmicos da FMB naquela vila. Ressaltou, o correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> guerra <strong>em</strong> sua<br />
matéria, a maneira louvável pelas quais os alunos Eduar<strong>do</strong> Britto e Cristiano Sellman<br />
215<br />
HORCADES, Alvim Martins. (1899). Op. cit. p. 155.<br />
216<br />
I<strong>de</strong>m. p. 156.<br />
217<br />
DINIZ, Almachio. Francisco Mangabeira – creação e crtitica. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Typ. da Escola<br />
Profissional, 1929. p. 199.<br />
218<br />
OLIVEIRA, Francisco Xavier <strong>de</strong>. (1942). p. 105.<br />
96
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhavam o trabalho no que se refere ao tratamento <strong>do</strong>s variolosos e concluíra<br />
que ambos haviam estabeleci<strong>do</strong> contrato com o governo. 219<br />
Nove dias após a chegada da segunda turma <strong>de</strong> acadêmicos ao Hospital <strong>de</strong><br />
Sangue <strong>em</strong> Queimadas, o correspon<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> periódico soteropolitano Diário <strong>de</strong><br />
Notícias se encontrava no referi<strong>do</strong> hospital e noticiou que ante o número <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s ali<br />
instala<strong>do</strong>s, seis acadêmicos prestavam seus serviços auxilian<strong>do</strong> os médicos <strong>do</strong> Exército,<br />
cada acadêmico com <strong>do</strong>is enfermeiros à disposição, e to<strong>do</strong>s sob a fiscalização <strong>de</strong> um<br />
médico. Detalhe, o autor finaliza a matéria da seguinte forma: “consta por aqui que o<br />
governo vai conce<strong>de</strong>r as honras <strong>de</strong> tenentes-médicos aos acadêmicos.” 220 Os seis<br />
acadêmicos eram, o já muito <strong>do</strong>ente César Francisco Gonçalves [aluno <strong>de</strong> Farmácia],<br />
Vitor Francisco Gonçalves [1ª série <strong>de</strong> medicina], Joaquim Afonso Pedreira [calouro <strong>de</strong><br />
medicina que falecera <strong>em</strong> Monte Santo], Alvim Martins Horca<strong>de</strong>s [1ª série], Antonio<br />
Epaminondas Gouvêa [aluno <strong>de</strong> Farmácia], Pio Artur <strong>de</strong> Souza [curso <strong>de</strong> Farmácia] e<br />
Antonio Romão Cavalcanti [também estudante <strong>de</strong> Farmácia].<br />
Ainda na capital Salva<strong>do</strong>r, às oito horas e meia da noite <strong>do</strong> dia 24 julho, isto é,<br />
três dias antes <strong>do</strong> <strong>em</strong>barque da primeira turma enviada ao palco da luta, o terceiranista<br />
<strong>de</strong> medicina Theophilo <strong>de</strong> Holanda Cavalcanti e o estudante <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Farmácia,<br />
igualmente <strong>do</strong> terceiro ano, Akilles <strong>de</strong> Farias Lisboa apresentaram comunicação ao<br />
jornal A BAHIA acerca das contratações <strong>do</strong>s alunos que seguiriam aos hospitais <strong>de</strong><br />
sangue <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
Theophilo Cavalcanti e Akilles Lisboa subscreveram que tanto o Diário <strong>de</strong><br />
Notícias quanto o Jornal <strong>de</strong> Notícias (jornais baianos), estavam equivoca<strong>do</strong>s ao<br />
publicar<strong>em</strong> que o governo Luiz Vianna abrira concurrencia para que os alunos,<br />
candidatos à expedicionários, migrass<strong>em</strong> <strong>em</strong> direção ao arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s com intuito<br />
<strong>de</strong> auxiliar os médicos das forças republicanas nos hospitais <strong>de</strong> sangue. Mais, os alunos<br />
supracita<strong>do</strong>s, que assinavam <strong>em</strong> nome <strong>do</strong>s acadêmicos da Faculda<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>riam ser<br />
contrata<strong>do</strong>s, pois já que haviam, <strong>em</strong> meses prece<strong>de</strong>ntes, ofereci<strong>do</strong> seus serviços ao<br />
governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Como consta no A BAHIA, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a solicitação efetiva por parte <strong>do</strong><br />
governa<strong>do</strong>r, os acadêmicos se apresentaram ao chefe da Secretaria <strong>de</strong> Polícia e<br />
Segurança Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia para, a partir dali, receberam as <strong>de</strong>vidas<br />
instruções.<br />
219 GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). (1994). Op. cit. p. 333.<br />
220 I<strong>de</strong>m. p. 123.<br />
97
Nas palavras <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is terceiranistas, não aceitariam os alunos nenhuma<br />
r<strong>em</strong>uneração para trabalhar nos hospitais <strong>de</strong> sangue porque tinham ali naquela<br />
<strong>em</strong>preitada interesses comuns: amor, <strong>de</strong>ver e abnegação à República. Aliás, fizeram eles<br />
a notificação <strong>de</strong> que esperavam <strong>do</strong> governo, se r<strong>em</strong>unerações recebess<strong>em</strong>, necessitariam<br />
somente <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> transporte e <strong>de</strong> subsistência no campo <strong>de</strong> batalha. E segue a<br />
comunicação: “S.s. [chefe da Secretaria <strong>de</strong> Polícia], <strong>de</strong> perfeito accor<strong>do</strong> comnosco,<br />
disse então que, não como paga, mas para essa garantia, que pedíamos, nos marcaria<br />
quantia precisa. Foi o que se <strong>de</strong>u. (...) Não somos, pois, contracta<strong>do</strong>s.” 221 [grifo nosso]<br />
Aban<strong>do</strong>n<strong>em</strong>os um pouco os jornais. Em pesquisa sobre a história <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército Brasileiro, o dr. Arthur Lobo da Silva, biografan<strong>do</strong> o trajeto militar<br />
<strong>do</strong> dr. Francisco Severiano da Fonseca, Inspetor Geral <strong>do</strong> Serviço Sanitário <strong>do</strong> Exército<br />
no perío<strong>do</strong> da guerra travada <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, anotara que durante sua segunda fase <strong>de</strong><br />
trabalho, o chefe, dr. Francisco Severiano, nomeou vários estudantes <strong>de</strong> medicina que<br />
colaboraram como os oficiais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nos hospitais <strong>de</strong> sangue monta<strong>do</strong>s no quartel <strong>em</strong><br />
conflito. 222 Neste mesmo estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> dr. Arthur Lobo, o nome <strong>do</strong> 14º Diretor <strong>do</strong> Serviço<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército, o General <strong>de</strong> Brigada-Médico Sebastião Ivo Soare, aparece entre<br />
os biografra<strong>do</strong>s.<br />
Sebastião Ivo Soares, paraibano, era aluno da 3ª série <strong>de</strong> medicina naquele sertão<br />
conflagra<strong>do</strong>, e seu campo <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>senrolara-se entre 12 léguas: Queimadas e<br />
Monte Santo. Segun<strong>do</strong> o coronel-médico Arthur Lobo da Silva, o dr. Sebastião Ivo<br />
Soares foi, s<strong>em</strong> direito à réplica, exonera<strong>do</strong> e reforma<strong>do</strong> <strong>do</strong> cargo quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> golpe <strong>de</strong><br />
1930, perpetra<strong>do</strong> por Getúlio Vargas. Motivo <strong>do</strong> afastamento: por contar o médico, na<br />
corporação militar, mais <strong>de</strong> vinte e cinco anos <strong>de</strong> serviço. No Livro <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong><br />
Diploma da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia, Ivo Soares formara-se <strong>em</strong> 1900,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com plenitu<strong>de</strong> perante a banca argui<strong>do</strong>ra a tese Tracheotomia – suas<br />
indicações e acci<strong>de</strong>ntes. Deste mo<strong>do</strong>, o espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po entre a campanha sertaneja e a<br />
‘revolução’ <strong>de</strong> 1930, compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 25 anos <strong>de</strong> trabalho.<br />
Alvim Martins Horca<strong>de</strong>s comentou inúmeras vezes que, incumbi<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu ofício<br />
<strong>de</strong> auxiliar <strong>do</strong>s médicos-militares, teve como único fim prestar serviços como apóstolo<br />
da carida<strong>de</strong>, combatente da civilização contra a barbárie e <strong>de</strong>fensor da causa patriótica.<br />
O caso <strong>de</strong> Sebastião Ivo Soares, po<strong>de</strong>ria nos aproximar <strong>de</strong> uma hipótese <strong>em</strong> que a<br />
221 BPEB – Jornal A BAHIA <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1897. p. 2.<br />
222 SILVA, Arthur Lobo da. O Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército Brasileiro: História evolutiva <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus<br />
primórdios até os dias atuais. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Biblioteca <strong>do</strong> Exército. 1958. p. 49. O autor não especifica<br />
as nomeações e, tampouco, menciona o nome <strong>do</strong>s alunos.<br />
98
escolha <strong>do</strong> futuro médico nasceu <strong>de</strong> sua observação pessoal da prática médica, ou<br />
porque não, pela sedução que a farda lhe causara.<br />
Em análise acerca das condições técnicas <strong>do</strong>s laboratórios e <strong>do</strong> ensino prático da<br />
FMB no transcorrer da segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> Oitocentos, Marcos Augusto Pessoa Ribeiro,<br />
ao estudar as M<strong>em</strong>órias Históricas, escritas pelo professores daquela instituição<br />
científica, notara mais outros motivos que <strong>de</strong>terminavam as limitações no que se refere<br />
às investigações científicas <strong>de</strong> caráter experimental, tais como: excessiva feição teórica<br />
das disciplinas ministradas pelos professores, probl<strong>em</strong>as financeiros que comprometiam<br />
a aquisição <strong>de</strong> equipamentos atualiza<strong>do</strong>s, falta <strong>de</strong> cadáveres no laboratório <strong>de</strong> anatomia,<br />
baixa r<strong>em</strong>uneração <strong>do</strong>s professores e finaliza sua abordag<strong>em</strong> levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração<br />
que na relação entre o ambiente <strong>de</strong> trabalho e o esforço que <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>sprendi<strong>do</strong>,<br />
alguns professores tendiam a a<strong>do</strong>tar a estratégia <strong>do</strong> ‘gasto mínimo <strong>de</strong> energia’. Em<br />
alguns casos, seguin<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Marcos Ribeiro, os professores “se limitavam a<br />
cumprir, estritamente, o horário fixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Eles não costumavam ficar, por<br />
iniciativa própria, trabalhan<strong>do</strong> nos laboratórios <strong>em</strong> novas <strong>experiência</strong>s, o que seria<br />
necessário para <strong>de</strong>senvolver uma ativida<strong>de</strong> científica criativa e inova<strong>do</strong>ra.” 223<br />
Conjeturan<strong>do</strong> ainda mais sobre a escolha <strong>de</strong> alguns estudantes <strong>em</strong> participar ou<br />
não das turmas <strong>em</strong> expedição ao interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, não negligenci<strong>em</strong>os aqui àqueles<br />
alunos que migraram ao campo <strong>de</strong> batalha com o objetivo <strong>de</strong> conhecer na prática a arte<br />
<strong>de</strong> operar, analisar um cadáver, manejar um instrumento até então distante <strong>de</strong> sua<br />
realida<strong>de</strong> acadêmica, isto é, o viver <strong>em</strong> um gigantesco laboratório. Mencionamos <strong>em</strong><br />
capítulo anterior a extensão cognitiva das práticas médicas <strong>em</strong> um ambiente <strong>de</strong> guerra.<br />
Os professores da FMB, ao retornar<strong>em</strong> da Campanha <strong>do</strong> Prata, manifestaram um<br />
relevante interesse pela ativida<strong>de</strong> prática, o que contribuíra ainda mais para a<br />
diss<strong>em</strong>inação da idéia. 224<br />
Os correspon<strong>de</strong>ntes da imprensa que aturam <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s e <strong>em</strong> suas imediações,<br />
se encarregavam <strong>de</strong>, <strong>de</strong>talhadamente, <strong>em</strong>itir notícias <strong>do</strong> <strong>front</strong>, <strong>de</strong>ntre algumas, os<br />
procedimentos cirúrgicos aplica<strong>do</strong>s por alguns médicos <strong>em</strong> pleno cenário <strong>de</strong> guerra. 225<br />
O mesmo ocorreu na capital Salva<strong>do</strong>r. O jornal soteropolitano Diário <strong>de</strong> Notícias<br />
publicou <strong>em</strong> 21 <strong>de</strong> agosto <strong>em</strong> matéria subseqüente à manchete intitulada Canu<strong>do</strong>s e<br />
Comitê Patriótico da Bahia o seguinte subtítulo:<br />
223 RIBEIRO, Marcos Augusto Pessoa. (1997) A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia na visão <strong>de</strong> seus<br />
m<strong>em</strong>orialistas – 1854 – 1924. Bahia: EDUFBA, 1997. p. 54.<br />
224 RIBEIRO, Marcos Augusto Pessoa. (1997). Op. cit. p. 53.<br />
225 GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). (1994). p. 299 e 407.<br />
99
“Hospital <strong>do</strong> Mosteiro <strong>de</strong> São Bento – Movimento <strong>de</strong> hoje, da 1ª enfermaria a cargo <strong>do</strong>s<br />
drs. Affonso <strong>de</strong> Carvalho e Lopes Rodrigues. Existiam <strong>em</strong> tratamento 43, sahiram<br />
cura<strong>do</strong>s 9, <strong>de</strong>sertou 1, entraram no dia 20, 9; exist<strong>em</strong> <strong>em</strong> tratamento 42.<br />
Foram feitas as seguintes intervenções: Desarticulação <strong>de</strong> uma phalangeta. Extracção <strong>de</strong><br />
uma bala no braço direito. Reducção <strong>de</strong> uma luxação no coxof<strong>em</strong>ural. Reducção e<br />
applicação <strong>de</strong> apparelho <strong>em</strong> uma fractura <strong>do</strong> radius. Reducção <strong>de</strong> applicação <strong>de</strong><br />
apparelho <strong>em</strong> uma fractura exposta <strong>de</strong> uma phalangeta. Reducção e applicação <strong>de</strong><br />
apparelho <strong>em</strong> uma fractura <strong>do</strong> humerus.<br />
São interno hoje os acadêmicos Manuel Dias Filho e Antonio Gonçalves Moreira.” 226<br />
Assim, tanto o campo <strong>de</strong> batalha sertanejo quanto a capital ‘transformada <strong>em</strong><br />
hospital’, po<strong>de</strong>ria proporcionar <strong>em</strong> alguns auxiliares <strong>de</strong> médicos civis ou <strong>do</strong> Exército<br />
uma transição da observação pessoal para a prática pessoal. Não esqueçamos que 81%<br />
<strong>do</strong>s trinta e três alunos <strong>de</strong> medicina que exerceram suas habilida<strong>de</strong>s no teatro das<br />
operações, estavam cursan<strong>do</strong> ou já haviam cursa<strong>do</strong> as disciplinas <strong>de</strong> anatomia humana,<br />
patologia cirúrgica, anatomia cirúrgica e higiene.<br />
A carta que segue foi escrita durante o mês <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897 227 , por João<br />
Ferreira <strong>de</strong> Araújo Pinho Júnior, filho <strong>de</strong> Tereza Mello Araújo Pinho e João Ferreira <strong>de</strong><br />
Araújo Pinho, advoga<strong>do</strong> e político baiano, governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> entre 1908 e 1911.<br />
Araújo Pinho Júnior era estudante <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina da Faculda<strong>de</strong> baiana e sua<br />
mensag<strong>em</strong> ao pai, <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> sua passag<strong>em</strong> pelas enfermarias <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r – marcada<br />
por um finalmente e concluída pela paixão <strong>de</strong>spertada pela cirurgia – nos parece mais<br />
um vestígio da se<strong>de</strong> que havia <strong>de</strong>ntro da Faculda<strong>de</strong> acerca <strong>do</strong> conhecimento prático, tão<br />
carente ao curso.<br />
“Nesse dia fez o Dr. Freitas [Carlos Freitas, professor <strong>de</strong> Anatomia médico-cirúrgica] a<br />
extracção <strong>de</strong> uma bala, e como eu o acompanho s<strong>em</strong>pre, me chamou, ensinou-me a<br />
sondar a ferida repetidas vezes, e finalmente aju<strong>de</strong>i-o [<strong>do</strong>c. mutila<strong>do</strong>] operação que foi<br />
muito <strong>de</strong>morada, e como mostrasse um pouco impaciente por não ter terminada a<br />
operação, disse: “Menino, [<strong>do</strong>c. mutila<strong>do</strong>] l<strong>em</strong>bre-se <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>: a pressa é inimiga da<br />
perfeição.” (...)<br />
Apezar <strong>do</strong> muito trabalho sinto-me [<strong>do</strong>c. mutila<strong>do</strong>] apaixona<strong>do</strong> pela cirurgia.” 228 [grifo<br />
nosso].<br />
Em outra carta, datada <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> agosto, igualmente r<strong>em</strong>etida ao pai, Araújo Pinho<br />
Júnior notificou a chegada <strong>de</strong> 200 feri<strong>do</strong>s às enfermarias da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina.<br />
Contu<strong>do</strong>, mencionava agora que estava auxilian<strong>do</strong>, <strong>em</strong> curativos, o professor substituto<br />
Braz <strong>do</strong> Amaral. Isto nos permite arguir que os alunos não freqüentavam somente uma<br />
enfermaria, n<strong>em</strong> alunos e os professores tampouco. Transitavam eles por aquele gran<strong>de</strong><br />
laboratório <strong>do</strong> ver fazer. O estudante narrou, nesta mesma carta, que to<strong>do</strong>s os seus<br />
226 BPEB – Jornal Diário <strong>de</strong> Notícias, 21 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897. p. 1.<br />
227 Na menção à data o <strong>do</strong>cumento encontra-se mutila<strong>do</strong>.<br />
228 FPC – Centro <strong>de</strong> M<strong>em</strong>ória da Bahia: acervo Araújo Pinho.<br />
100
UAUÁ<br />
JERÓNIMO<br />
LEGENDA<br />
ESTRADA<br />
RIO INTERMITENTE<br />
SERRAS<br />
feri<strong>do</strong>s, ao menos <strong>em</strong> sua enfermaria, isto é, 118 combatentes, não lhe davam notícias<br />
importantes sobre o transcorrer da guerra e queixavam-se da falta <strong>de</strong> comida. Ali, ainda<br />
no relato <strong>do</strong> jov<strong>em</strong> estudante, o Comitê Patriótico da Bahia prestara os mais relevantes<br />
serviços aos convalescentes no que dizia respeito à reposição <strong>de</strong> alimentos e material<br />
para curativo. Tu<strong>do</strong> isso <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da apatia <strong>do</strong> governo que, para o aluno, não fez<br />
cousa alguma.<br />
3.2. A permanência nos Hospitais <strong>de</strong> Sangue<br />
RIO<br />
Mapa 1<br />
ESPAÇO DE DESLOCAMENTO DOS ACADÊMICOS<br />
PASTOS<br />
DOS BOIS<br />
IPUEIRAS<br />
RANCHO DE<br />
PEDRA<br />
BENDENGÓ<br />
DE BAIXO<br />
MULUNGÚ<br />
PENEDO<br />
RIO PEQUENO<br />
MONTE SANTO<br />
CANUDOS<br />
TABULEIRINHO<br />
SERRA<br />
CAIPÃ<br />
LAJEM DE<br />
DENTRO<br />
GITIRANA<br />
CALDEIRÃO GRANDE<br />
CAXOMONGÓ<br />
SUÇUARANA<br />
JUÁ<br />
CANABRAVA<br />
ANGICO<br />
SITIO DA VÁRZEA<br />
POÇO DE CIMA<br />
MASSETÉ<br />
PITOMBAS<br />
ARACATI<br />
RANCHO DO<br />
VIGÁRIO<br />
BAIXAS<br />
ROSÁRIO<br />
LAGOA DA LAJE<br />
PEREIRAS<br />
CUMBE<br />
COCOROBÓ<br />
Mapa 2<br />
FONTE: LOCALIZAÇÃO SAMPAIO Neto, José DOS Augusto HOSPITAIS Vaz; SERRÃO, DE Magaly SANGUE <strong>de</strong> Barros EM Maia; CANUDOS MELLO, Maria<br />
Lucia Horta Lu<strong>do</strong>lf e URURAHY, Vanda Maria Bravo. (1986). Op. cit. p. 536. Mapa adapta<strong>do</strong>.<br />
TRABUBU<br />
CAJAZEIRAS<br />
SERRA VERMELHA<br />
SERRA<br />
VERMELHA<br />
CANCHÉ<br />
GRAVATÁ AMARELO<br />
SERRA BRANCA<br />
SERRA DO<br />
ARACATI<br />
VARGINHA<br />
VARGEM GRANDE<br />
CANUDOS<br />
E AS ESTRADAS REGIONAIS<br />
MAUARI<br />
TABULEIRO<br />
0<br />
ESCALA<br />
410 820m<br />
ILHA<br />
MAÇACARA<br />
BREJINHO<br />
101<br />
CANABRAVA<br />
JEREMOABO<br />
PASSAGEM<br />
ARACAJU
B1<br />
B1<br />
B1<br />
6° BRIGADA<br />
MONTE SANTO<br />
CERCO<br />
B1<br />
CERCO<br />
B1<br />
B1<br />
RIO MUCUIM (OU MANUQUEM)<br />
B1<br />
DE<br />
SERRA DO CAMBAIO<br />
UAUÁ E JUAZEIRO<br />
4° BRIGADA<br />
B1<br />
B1<br />
B1<br />
B1<br />
DE VINTE<br />
ESTRADA DO CAMBAIO<br />
SERRA DO CAMBAIO<br />
CANUDOS<br />
SETE<br />
B1<br />
1° BRIGADA<br />
DE SETEMBRO A DESTRUIÇÃO<br />
TRINCHEIRA DE 7 DE SETEMBRO<br />
TRINCHEIRA DE 23 DE SETEMBRO<br />
E CERCO DAS PRAÇA DAS IGREJAS<br />
(1 A 5 DE OUTUBRO)<br />
ESCALA<br />
0 260 520m<br />
APROXIMADA<br />
B1<br />
ESTRADA<br />
TRES<br />
VAZA-<br />
DO<br />
RIO<br />
BATALHÃO DO<br />
AMAZONAS<br />
B1<br />
DE<br />
DE<br />
B1<br />
UAUÁ<br />
BARRIZ<br />
B1<br />
SETEMBRO<br />
B1<br />
B1<br />
RUA MONTE ALEGRE<br />
CEMITÉRIO<br />
NOVO<br />
B1<br />
B1<br />
BAIRRO<br />
CASA<br />
VERMELHA<br />
SETEMBRO<br />
PICO<br />
ARTILHARIA<br />
(11 DE SET)<br />
2° BRIGADA<br />
5° BRIGADA<br />
CERCO DE 25 DE SETEMBRO<br />
C 1 A 5 DE OUTUBRO<br />
B1<br />
RIO SARGENTO<br />
MONTE SANTO<br />
IGREJA<br />
VELHA<br />
IGREJA<br />
NOVA<br />
PELADOS<br />
ESTRADA DE CALUMBI<br />
ESTRADA DE CANABRAVA E VARZEA DA EMA<br />
B1 B1 B1<br />
B1<br />
LINHA DE<br />
RETAGUARDA<br />
QUARTEL GENERAL (COMANDANTE EM CHEFE)<br />
3° BRIGADA<br />
CEMITÉRIO VELHO<br />
VALE DOS QUIXAMBEIRAS<br />
B1<br />
QUARTEL GENERAL (COMANDANTE II DIVISÃO)<br />
ESTRADA<br />
MORRO DO MARIO<br />
COMISSÃO DE ENGENHARIA<br />
FAZ VELHA<br />
B1<br />
QUARTEL GENERAL (COMANDANTE I DIVISÃO)<br />
ARTILHARIA<br />
POLICIA DO PARÁ<br />
BATERIA DE TIRO RÁPIDO<br />
B1<br />
DE 7 DE SET<br />
CERCO<br />
B1<br />
VALE DA MORTE<br />
RIACHO UMBURANAS<br />
POLICIA DA BAHIA<br />
QUARTEL GENERAL (ABASTECIMENTO)<br />
RIACHO DA PROVIDÊNCIA<br />
ESTRADA SAGRADA OU MAÇACARA<br />
HOSPITAL DE SANGUE<br />
DE JEREMOABO<br />
ESTRADA DO ROSÁRIO<br />
DIVISÃO DE ARTILHARIA<br />
MONTE DA FAVELA<br />
B1<br />
RIO VAZA-BARRIS<br />
RIACHO DOS MOTAS<br />
POLICIA DO PARÁ<br />
Mapa 2 - FONTE: SAMPAIO Neto, José Augusto Vaz; SERRÃO, Magaly <strong>de</strong> Barros Maia; MELLO,<br />
Maria Lucia Horta Lu<strong>do</strong>lf e URURAHY, Vanda Maria Bravo. (1986). Op. cit. p. Mapa adapta<strong>do</strong>.<br />
102<br />
MONTE SANTO E CUMBE<br />
HOSPITAL DE<br />
SANGUE<br />
MAÇACARA E ALAGOINHAS
Estrada <strong>do</strong> Uauá<br />
N<br />
Estrada <strong>do</strong> Cambaio<br />
Acampamentos<br />
Pontos artilha<strong>do</strong>s<br />
Hospital <strong>de</strong> sangue<br />
Casas<br />
Mapa 3<br />
HOSPITAIS DE SANGUE EM CANUDOS<br />
Casas<br />
Vermelhas<br />
Comissão <strong>de</strong> engenharia<br />
Quartel da 1ª coluna<br />
Quartel-General a partir <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> julho<br />
Quartel-Mestre General<br />
Igreja nova, Latada e Santuário<br />
Igreja Velha<br />
Rio Vaza-Barris<br />
C<strong>em</strong>itério até 18 <strong>de</strong> julho<br />
Novo C<strong>em</strong>itério<br />
Linha negra, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> julho a<br />
25 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Cerco <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Cerco <strong>de</strong> 1° a 5 <strong>de</strong> outubro<br />
Pico<br />
Pela<strong>do</strong>s<br />
Rio<br />
Estrada da Canabrava<br />
Sargento<br />
Linha da Retaguarda<br />
vale das<br />
Quixabeiras<br />
Trincheira<br />
7 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Rio Umburanas<br />
Estrada<br />
<strong>do</strong> Calumbi<br />
Estrada<br />
Vale da<br />
Providência<br />
<strong>de</strong><br />
Maçacará<br />
Vale da Morte<br />
CANUDOS<br />
E<br />
SUAS CERCANIAS<br />
Estrada <strong>de</strong> Jer<strong>em</strong>oabo<br />
Estrada <strong>do</strong> Rosário<br />
Esc: 1<br />
12.300<br />
Riacho <strong>do</strong>s Motas<br />
Alto da Favela<br />
Fonte: Comissão <strong>de</strong><br />
Engenharia <strong>do</strong> Exército<br />
Hospital<br />
<strong>de</strong> Sangue<br />
FONTE: SAMPAIO Neto, José Augusto Vaz; SERRÃO, Magaly <strong>de</strong> Barros Maia; MELLO, Maria Lucia<br />
Horta Lu<strong>do</strong>lf e URURAHY, Vanda Maria Bravo. (1986). Op. cit. p. . Mapa adapta<strong>do</strong>.<br />
Salva<strong>do</strong>r, Alagoinhas, Serrinha e Queimadas. Esse fora o itinerário <strong>do</strong>s<br />
expedicionários da Faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Terreiro <strong>de</strong> Jesus que <strong>em</strong>barcaram na Estação da<br />
Calçada. Entre os cerca <strong>de</strong> 200 km que separam Queimadas e Canu<strong>do</strong>s, os alunos<br />
103
tinham duas opções: marchar<strong>em</strong> a pé ou a cavalo, cujos arreios eram ofereci<strong>do</strong>s pelo<br />
governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Alguns ficaram fixos <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas enfermarias, mas outros, com<br />
autorização <strong>do</strong>s médicos <strong>do</strong> Exército, se <strong>de</strong>slocaram entre elas, repon<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> havia,<br />
material apropria<strong>do</strong> para o procedimento médico ou gêneros alimentícios.<br />
Ao chegar<strong>em</strong> ao hospital <strong>de</strong> sangue <strong>em</strong> Queimadas as condições sanitárias<br />
apresentavam-se <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>ras. Em passag<strong>em</strong> por este hospital <strong>em</strong> 04 <strong>de</strong> agosto, o capitão<br />
Fávila Nunes, na condição <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte da Gazeta <strong>de</strong> Notícias <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
enviara matéria ao jornal <strong>de</strong>nuncian<strong>do</strong> a existência feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma vala,<br />
ferimentos <strong>em</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> putrefação por falta <strong>de</strong> recursos médicos e o parco número <strong>de</strong><br />
ambulâncias. 229<br />
Imag<strong>em</strong> 3<br />
CORPO MÉDICO EM MONTE SANTO<br />
FONTE: ALMEIDA, Cícero Antonio F. <strong>de</strong>. Canu<strong>do</strong>s: imagens da guerra. RJ: Museu da<br />
República/Lacerda Editores, 1997. p. 104 e 105.<br />
Na Campanha <strong>do</strong> Paraguai, as maletas ou caixas <strong>de</strong> socorro <strong>de</strong> urgência,<br />
<strong>de</strong>nominadas ambulâncias, levavam material <strong>de</strong> curativo e cirurgia, igualmente<br />
229 GALVÃO, Walnice Nogueira (org.). (1994). Op. cit. p. 152.<br />
104
padroniza<strong>do</strong>s pelos Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército e Armada. Todavia, como<br />
abordamos no capítulo anterior, <strong>em</strong> alguns casos, ao invés <strong>de</strong> haver o material<br />
direciona<strong>do</strong> à cirurgia <strong>em</strong> guerra, algumas ambulâncias foram supridas com “poções<br />
mágicas” contra quebranto, espinhela caída e mau-olha<strong>do</strong>, isto é, mais uma prova <strong>de</strong><br />
que “as medicinas” coabitavam o mesmo espaço e a divisão entre elas, se acadêmica ou<br />
não, não coube a qu<strong>em</strong> supriu as ambulâncias <strong>do</strong> Exército.<br />
A distribuição espacial <strong>do</strong>s hospitais <strong>de</strong> sangue entre Queimadas, Monte Santo e<br />
Canu<strong>do</strong>s, a nosso ver, respeitou a rotina utilizada pelos militares na guerra <strong>front</strong>eiriça da<br />
Tríplice Aliança. De acor<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Roberto da Motta Teixeira, no <strong>front</strong> <strong>de</strong><br />
guerra <strong>do</strong> Prata haviam três esqu<strong>em</strong>as: primeiro, atendimento imediato no próprio local<br />
<strong>de</strong> combate; segun<strong>do</strong>, compl<strong>em</strong>ento <strong>do</strong> atendimento <strong>de</strong> urgência, efetua<strong>do</strong> na retaguarda<br />
pouco atrás da linha <strong>de</strong> fogo; e, terceiro, atendimento hospitalar e tratamento a longo<br />
prazo distante <strong>do</strong> palco das operações militares, todas interligadas com o objetivo <strong>de</strong><br />
facilitar a evacuação <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>entes. As cirurgias <strong>de</strong> maior extensão e os<br />
combatentes que necessitavam <strong>de</strong> recuperação prolongada, ou seja, inabilita<strong>do</strong>s a<br />
continuar na linha <strong>de</strong> fogo, eram transferi<strong>do</strong>s aos hospitais que apresentavam maiores<br />
recursos, muitas vezes localiza<strong>do</strong>s nas capitais. 230<br />
Nesta ca<strong>de</strong>ia hospitalar transposta à Canu<strong>do</strong>s, os estudantes permaneceram<br />
durante os meses <strong>de</strong> julho, agosto, set<strong>em</strong>bro e outubro <strong>de</strong> 1897. Na condição <strong>de</strong><br />
militares improvisa<strong>do</strong>s, cada aluno recebia, para <strong>de</strong>fesa pessoal, um revolver [nagan ou<br />
smith&wesson]; estavam subordina<strong>do</strong>s a um médico-militar, chefe <strong>de</strong> sua respectiva<br />
enfermaria; e, como regra para to<strong>do</strong>s, não estavam autoriza<strong>do</strong>s a <strong>em</strong>itir atesta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
qualquer espécie.<br />
O convívio entre os acadêmicos e os médicos <strong>do</strong> Exército republicano oscilara<br />
entre relações ora amigáveis ou, <strong>em</strong> alguns momentos, não tão acolhe<strong>do</strong>ras. Quan<strong>do</strong> da<br />
chegada da primeira turma à vila <strong>de</strong> Queimadas, os alunos foram recebi<strong>do</strong>s pelo major<br />
N<strong>em</strong>ésio <strong>de</strong> Sá da seguinte maneira: “pois b<strong>em</strong>, isto aqui é Queimadas; os Srs.<br />
procur<strong>em</strong> seus commo<strong>do</strong>s; eu não tenho nenhum n<strong>em</strong> posso dar nada!!!” 231 Por outro<br />
la<strong>do</strong>, no mesmo vilarejo, a segunda turma <strong>de</strong> acadêmicos recebera <strong>de</strong>stacada atenção <strong>do</strong><br />
alferes José Luiz Sodré Pereira, oferecen<strong>do</strong> a<strong>de</strong>quada moradia ao grupo expedicionário.<br />
230 TEIXEIRA, Roberto C. da Motta. Aspectos históricos da medicina militar na Guerra da Tríplice<br />
Aliança. Probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> medicina militar. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Revista da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Medicina<br />
Militar, 1967-1968. 2v. p. 638.<br />
231 HORCADES, Alvim Martins. (1996). Op. cit. 12.<br />
105
Já <strong>em</strong> Monte Santo, Francisco Xavier <strong>de</strong> Oliveira, um <strong>do</strong>s alunos que fora<br />
atendi<strong>do</strong> pelo major Martiniano Ferreira, apontara <strong>em</strong> sua narrativa que, tanto ele<br />
quanto seus colegas, tiveram acentuada atenção quan<strong>do</strong> chegaram ao hospital, as guias<br />
que os acompanhavam foram revisadas e <strong>de</strong> imediato foram apresenta<strong>do</strong>s ao chefe <strong>do</strong><br />
serviço sanitário da unida<strong>de</strong>, o médico Francisco <strong>de</strong> Paula Alvelos.<br />
Segun<strong>do</strong> o quartanista Francisco Xavier <strong>de</strong> Oliveira, o tenente-coronel Alvelos<br />
não os acolhera com boa cara n<strong>em</strong> boas palavras e sua primeira atitu<strong>de</strong> foi comunicar<br />
aos alunos que só assinaria a guia <strong>de</strong> cada um após reunião a qual to<strong>do</strong>s ali seriam<br />
previamente avisa<strong>do</strong>s. Ali naquele hospital seus colegas e alunos da primeira turma:<br />
A<strong>do</strong>lfo Vianna, Agostinho <strong>de</strong> Araújo Jorge, Aristarco Dantas, Teófilo <strong>de</strong> Holanda<br />
Cavalcanti, Miguel <strong>de</strong> Lima Man<strong>de</strong>s, Sebastião Ivo Soares e Benício Rodrigues Chaves,<br />
to<strong>do</strong>s, estavam s<strong>em</strong> orientação por não haver médicos para que eles serviss<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
auxiliares.<br />
Neste mesmo momento, relatou Francisco Xavier que os médicos militares nada<br />
faziam para tratar <strong>do</strong>entes e feri<strong>do</strong>s porque não havia recursos suficientes disponíveis. O<br />
ambiente também caminhava tenso <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao convívio com o Chefe <strong>do</strong> Serviço<br />
Sanitário e os acadêmicos ali presentes. De posse da guia <strong>de</strong> cada aluno, o dr. Paula<br />
Alvelos <strong>de</strong>liberou que não <strong>de</strong>volveria a carta que registrava a “contratação” <strong>do</strong>s alunos<br />
por haver<strong>em</strong> eles se nega<strong>do</strong> a se submeter ao exame <strong>de</strong> arguição organiza<strong>do</strong> pelo<br />
médico-militar nas imediações <strong>do</strong> hospital, isto é, uma prova <strong>de</strong> conhecimentos médicos<br />
<strong>em</strong> plena guerra. Ante o fato, o estudante Domingos Martins Pereira Monteiro,<br />
insatisfeito com o <strong>de</strong>strato <strong>do</strong> médico, retornou a Queimadas e solicitou seu<br />
<strong>de</strong>sligamento <strong>do</strong> hospital que servia. 232<br />
Analisan<strong>do</strong> o fragmento acima po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar alguns <strong>de</strong>talhes. Primeiro, o<br />
fato <strong>do</strong>s professores da FMB ter<strong>em</strong> se recusa<strong>do</strong> <strong>em</strong> atravessar o esta<strong>do</strong> e trabalhar na<br />
Campanha, po<strong>de</strong> explicitar uma provável hierarquia profissional entre médicos civis e<br />
militares o que, por conseguinte, causaria alguns conflitos <strong>em</strong> plena enfermaria.<br />
Segun<strong>do</strong>, a inoperância <strong>de</strong> alguns médicos, con<strong>de</strong>nou sete alunos ao mesmo caminho da<br />
inércia. Mais, os sete alunos ali cita<strong>do</strong>s, chegaram ao hospital <strong>de</strong> Monte Santo no dia 30<br />
<strong>de</strong> julho, e a passag<strong>em</strong> da segunda turma ali data <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> agosto, isto é, os 15 dias<br />
232 OLIVEIRA, Francisco Xavier. (1943). Op. cit. p. 157 a 159. Extraímos o conteú<strong>do</strong> da guia que<br />
acompanhavam os estudantes <strong>do</strong> Diário <strong>de</strong> Notícias – 21/08/1897: Secretaria <strong>de</strong> Polícia e Segurança <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> da Bahia – O cidadão .................... é estudante .......... Série Médica, e vae servir nos hospitaes <strong>de</strong><br />
sangue da expedição militar sob o comman<strong>do</strong> <strong>do</strong> sr. general Arthur Oscar <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Guimarães. – O<br />
director da secretaria: João Pedro <strong>do</strong>s Santos.<br />
106
‘para<strong>do</strong>s’ que motivaram alguns <strong>do</strong>s alunos à aban<strong>do</strong>nar o compromisso assumi<strong>do</strong> pela<br />
FMB.<br />
Domingos Martins Pereira Monteiro não esteve sozinho na dispensa <strong>do</strong> trabalho<br />
porque <strong>em</strong> Pedi<strong>do</strong> ao público e especialmente à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia,<br />
matéria <strong>do</strong> Diário <strong>de</strong> Notícias <strong>em</strong> 21 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897, os acadêmicos <strong>do</strong> 6º ano<br />
Eduar<strong>do</strong> Britto, Virgílio <strong>do</strong> Rego Motta, Tranquilino Torgalino <strong>de</strong> Oliveira e o da 4º<br />
série médica, Jerônimo Fernan<strong>de</strong>s Gesteria, assinaram o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> jornal explican<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>talhadamente os motivos que os levaram ao pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão.<br />
Segun<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>, <strong>do</strong>is agravantes contribuíram para o<br />
afastamento <strong>do</strong> palco da luta: primeiro, quan<strong>do</strong> da passag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s alunos supracita<strong>do</strong>s ao<br />
hospital <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> Queimadas <strong>em</strong> direção ao <strong>de</strong> Monte Santo, a montaria tão<br />
custosamente conquistada foram-lhes súbita e inexplicavelmente tiradas por or<strong>de</strong>m<br />
militar. De acor<strong>do</strong> com o <strong>do</strong>cumento: “<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a este acontecimento imprevisto que nos<br />
encheu <strong>de</strong> indignação e surpresa vimo-nos obriga<strong>do</strong>s a lançar mão <strong>de</strong> nossos meios <strong>de</strong><br />
busca e só ao [<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong>] <strong>de</strong> bastantes dias conseguimos [<strong>do</strong>cumento<br />
mutila<strong>do</strong>] animaes que rápi<strong>do</strong>s nos levaram a Monte Santo.” 233 [grifo nosso]<br />
O segun<strong>do</strong> agravante e, ao que parece, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>r da atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alunos, centrou-<br />
se no encontro <strong>do</strong>s jovens estudantes com o já menciona<strong>do</strong> médico-militar, dr.<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula Alvelos, chefe <strong>do</strong> hospital <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> Monte Santo. Ali no<br />
hospital, logo quan<strong>do</strong> da chegada da 2ª turma expedicionária, foram os estudantes<br />
provi<strong>de</strong>nciar a alimentação que os cabia, mas foram interrompi<strong>do</strong>s pelo dr. Paula<br />
Alvelos. Na narrativa <strong>do</strong>s alunos: “tiv<strong>em</strong>os mais uma vez que pasmar diante da<br />
<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> que esta só nos po<strong>de</strong>ria ser fornecida [a comida], sob a única e exclusiva<br />
responsabilida<strong>de</strong> porquanto nenhuma or<strong>de</strong>m official recebera neste senti<strong>do</strong>.” 234 [grifo<br />
nosso]<br />
O caso tomara maior proporção. Em matéria intitulada Reunião Acadêmica, o<br />
jornal soteropolitano Diário <strong>de</strong> Notícias publicara, <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong> agosto, que os alunos <strong>do</strong> 6º<br />
ano Domingos Martins Pereira Monteiro, Eduar<strong>do</strong> Britto, Virgílio <strong>do</strong> Rego Motta,<br />
Tranquilino Oliviera e o quartanista Jerônimo Fernan<strong>de</strong>s Gesteria, formaram uma<br />
comissão – subsidiada pelos secretários Theogenes Beltrão, Álvaro Guimarães e José<br />
Basílio – afim <strong>de</strong> que os <strong>de</strong>mais colegas acadêmicos tomass<strong>em</strong> conhecimento <strong>do</strong>s atos<br />
<strong>do</strong> dr. Paula Alvelos. Mais um <strong>de</strong>talhe, a partir daquela comissão os alunos aprovaram a<br />
233 BPEB – Jornal Diário <strong>de</strong> Notícias <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897. p. 1.<br />
234 I<strong>de</strong>m. p.1.<br />
107
proposta <strong>de</strong> nomear um outro grupo da FMB para conferenciar diretamente com o<br />
governa<strong>do</strong>r Luiz Viana para que, ante a situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>strato sofrida pelos alunos,<br />
alguma medida fosse tomada.<br />
O convívio conflituoso entre médicos <strong>do</strong> exército e estudantes <strong>de</strong> medicina<br />
continuou. Outro jornal, <strong>de</strong>sta vez o Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, <strong>em</strong> notícia <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro,<br />
publicara que os alunos se organizaram ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma outra comissão, para tomar<br />
providências sobre os maus-tratos que recebiam os colegas quan<strong>do</strong> da chegada aos<br />
hospitais <strong>de</strong> sangue monta<strong>do</strong>s na zona <strong>de</strong> operações. Mais, segun<strong>do</strong> a matéria <strong>do</strong> Cida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, os alunos da FMB enviaram telegramas aos colegas da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da capital fe<strong>de</strong>ral, ao ministro da guerra e a <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s fe<strong>de</strong>rais pedin<strong>do</strong> a<br />
intervenção no assunto. E segue o jornal: “Se consi<strong>de</strong>rarmos a generosida<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong>sinteresse com que se offereceram a mocida<strong>de</strong> aca<strong>de</strong>mica para prestar os reaes<br />
serviços que vae prestan<strong>do</strong> no campo das operações, nada mais con<strong>de</strong>navel <strong>do</strong> que o<br />
proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> taes médicos militares.” 235<br />
Contu<strong>do</strong>, longe <strong>de</strong> generalizar, tanto os alunos da segunda turma enviada <strong>em</strong> 03<br />
<strong>de</strong> agosto quanto Alvim Martins Horca<strong>de</strong>s, da primeira turma <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> julho, narram <strong>em</strong><br />
suas linhas o trabalho louvável <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por alguns médicos – por ex<strong>em</strong>plo o caso<br />
<strong>do</strong> capitão dr. Everaldino Cícero <strong>de</strong> Miranda – e da acolhida educada <strong>do</strong> major médico<br />
N<strong>em</strong>ésio <strong>de</strong> Sá para com outros estudantes. O dr. Everaldino Cícero, ainda nas palavras<br />
<strong>do</strong> calouro Horca<strong>de</strong>s, fora um <strong>do</strong>s poucos abnega<strong>do</strong>s profissionais que não aban<strong>do</strong>nara<br />
os feri<strong>do</strong>s e retornara à capital. 236<br />
Estudan<strong>do</strong> as fotografias <strong>de</strong> Flávio <strong>de</strong> Barros, Cícero Almeida, <strong>de</strong>ntre outros<br />
comentários, <strong>de</strong>staca que a fotografia <strong>do</strong> corpo sanitário abaixo, projeta o la<strong>do</strong><br />
humanitário <strong>do</strong> Exército, dan<strong>do</strong> atenção médica não somente aos solda<strong>do</strong>s e oficiais<br />
feri<strong>do</strong>s, mas esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o tratamento também à conselheiristas que caíam no <strong>front</strong>. Da<br />
capital baiana, Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo e <strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>s chegavam notícias das<br />
atrocida<strong>de</strong>s cometidas pelas forças militares <strong>em</strong> Campanha, a imag<strong>em</strong> abaixo po<strong>de</strong>ria<br />
assim, minorar a capa assassina que as forças republicanas carregaram após a <strong>de</strong>gola.<br />
235 BPEB – Jornal Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
236 HORCADES, Alvim Martins. (1899). Op. cit. p. 18.<br />
108
Imag<strong>em</strong> 4<br />
PRESENÇA DO CORPO SANITÁRIO DO EXÉRCITO EM CANUDOS<br />
FONTE: ALMEIDA, Cícero Antonio F. <strong>de</strong>. Canu<strong>do</strong>s: imagens da guerra. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Museu da<br />
República/Lacerda Editores, 1997. p. 108 e 109.<br />
Volt<strong>em</strong>os à saga <strong>do</strong>s combatentes da Faculda<strong>de</strong> baiana <strong>de</strong> medicina. Passan<strong>do</strong><br />
por toda espécie <strong>de</strong> agrura peculiar a uma atmosfera <strong>de</strong> guerra, afora o <strong>de</strong>sconforto<br />
causa<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>scaso <strong>de</strong> alguns médicos <strong>do</strong> Exército para com os estudantes <strong>de</strong><br />
medicina e farmácia; precária alimentação, se<strong>de</strong>, <strong>do</strong>enças, falta <strong>de</strong> material para o<br />
trabalho foram alguns <strong>do</strong>s percalços da caminhada.<br />
“Dentro daquele pântano cor <strong>de</strong> barro jaziam <strong>do</strong>is cadáveres <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>composição.<br />
Um na marg<strong>em</strong> a que tínhamos chega<strong>do</strong>, com o corpo mergulha<strong>do</strong> e as pernas calçadas<br />
<strong>de</strong> coturnos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora. Na marg<strong>em</strong> oposta outro <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> contrário, submerso<br />
somente <strong>do</strong> ventre para baixo. (...)<br />
O féti<strong>do</strong> era insuportável. Os bagageiros encheram os nossos cantis com essa lavag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> carniça.<br />
S<strong>em</strong> outro recurso, essa água foi bebida, porque a se<strong>de</strong> só po<strong>de</strong> ser avaliada por qu<strong>em</strong> já<br />
teve a infelicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sofrê-la algum dia.” 237<br />
237 OLIVEIRA, Francisco Xavier. (1943). Op. cit. p. 162. Lagoa encontrada na região <strong>de</strong> Baixinha.<br />
109
No que toca especificamente às <strong>do</strong>enças que acometeram os alunos<br />
expedicionários, a morte <strong>do</strong> acadêmico Joaquim Afonso Pedreira na vila <strong>de</strong> Monte<br />
Santo, <strong>em</strong> fins <strong>de</strong> agosto, ganhou espaço <strong>em</strong> livros e jornais da época. Alvim Martins<br />
Horca<strong>de</strong>s, que já havia socorri<strong>do</strong> o colega estudante <strong>de</strong> farmácia Akilles <strong>de</strong> Farias<br />
Lisboa <strong>em</strong> Monte Santo, <strong>do</strong>ente <strong>de</strong> varíola, fora o que <strong>de</strong>ra os últimos socorros à<br />
Joaquim Pedreira, ataca<strong>do</strong> <strong>de</strong> malária. Acompanhan<strong>do</strong> a narrativa <strong>de</strong> Horca<strong>de</strong>s,<br />
“Notei que a sua physionomia apresentava um aspecto <strong>de</strong> moribun<strong>do</strong> e, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ele<br />
se alimentar, n<strong>em</strong> mesmo soffrivelmente, mais crescia sua <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>; além disso não<br />
queria absolutamente ingerir medicamento <strong>de</strong> espécie alguma, pelo que <strong>de</strong>i-lhe um<br />
frasco <strong>de</strong> pérolas <strong>de</strong> quinino <strong>de</strong> Clertan [espécie <strong>de</strong> anestésico], cognac, ovos que<br />
comprei <strong>em</strong> caminho e mais algumas cousinhas insdispensaveis ao <strong>do</strong>ente,...” 238 [grifo<br />
nosso].<br />
Em matéria <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, escrita no hospital <strong>de</strong> sangue <strong>em</strong> Monte Santo e<br />
publicada no periódico carioca A Notícia, o correspon<strong>de</strong>nte Alfre<strong>do</strong> Silva apontou,<br />
outrossim, o falecimento <strong>do</strong> jov<strong>em</strong> acadêmico, então com 19 anos. Conforme a notícia<br />
<strong>do</strong> <strong>em</strong>issário, Joaquim Pedreira era filho <strong>do</strong> comandante <strong>do</strong> Regimento policial da<br />
Bahia, Afonso Pedreira, o qual também se encontrava no <strong>front</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> filho. O<br />
aluno, medica<strong>do</strong> pelo major José Marques <strong>do</strong>s Reis e pelo capitão Martins Chagas, foi<br />
um <strong>do</strong>s primeiros a se oferecer à partir <strong>em</strong> direção ao sertão. 239 Talvez ali, por ser um<br />
acadêmico inexperiente, pu<strong>de</strong>sse o jov<strong>em</strong> aluno exercer seu tirocínio, mas sucumbiu à<br />
<strong>do</strong>ença.<br />
Alguns alunos da primeira turma chegaram a Canu<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 06 <strong>de</strong> agosto e os<br />
outros da segunda, dia 23 <strong>de</strong>ste mesmo mês. Set<strong>em</strong>bro e outubro, como <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> no<br />
capítulo anterior, <strong>de</strong>senrolaram-se o massacre à população <strong>do</strong> Belo Monte. Quan<strong>do</strong> da<br />
marcha <strong>de</strong> retirada, os alunos acompanharam, da mesma forma que foram, os militares<br />
ali presentes. Des<strong>em</strong>barcaram na capital da Bahia no dia 25 <strong>de</strong> outubro. Ali obtiveram<br />
as honrarias <strong>do</strong>s heróis <strong>em</strong> Campanha, almoços, atos solenes <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m e um aviso:<br />
as provas <strong>de</strong> final <strong>de</strong> curso se realizariam no dia 15 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro.<br />
Não encontramos qualquer <strong>do</strong>cumento no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> nossas leituras sobre a<br />
reação <strong>do</strong>s alunos perante o comportamento <strong>do</strong> diretor da Faculda<strong>de</strong> <strong>em</strong> normalizar o<br />
ano letivo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> acontecimento da guerra. Aliás, atitu<strong>de</strong> esta lavrada <strong>em</strong> ata<br />
da Congregação. Aplicar provas aos expedicionários que há três meses haviam<br />
238 GALVÃO, Walnice Nogueira. (1994). Op. cit. p. 432.<br />
239 HORCADES, Alvim Martins. (1996). Op. cit. 42. Em nota o autor comenta que: Joaquim Pedreira foi<br />
um <strong>do</strong>s primeiros acadêmicos que se offereceram ao governo, a fim <strong>de</strong> seguir para Canu<strong>do</strong>s. Antes<br />
mesmo <strong>de</strong> resolvermos seguir para lá elle já tinha se offereci<strong>do</strong> ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para seguir até<br />
como enfermeiro por estar ainda no 1º anno <strong>do</strong> curso medico.<br />
110
convivi<strong>do</strong> com as atrocida<strong>de</strong>s da guerra? Foram os alunos envia<strong>do</strong>s à zona <strong>de</strong> combate<br />
dispensa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestar os exames?<br />
Ao que consta no Livro <strong>de</strong> Atas da Congregação <strong>em</strong> 28 <strong>de</strong> julho, os alunos<br />
seriam dispensa<strong>do</strong>s das aulas <strong>de</strong> laboratório, da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> obstetrícia ou qualquer outra<br />
<strong>em</strong> que fosse exigi<strong>do</strong> o atesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> freqüência, mas seriam submeti<strong>do</strong>s aos exames nas<br />
épocas regulares. O quadro abaixo, extraí<strong>do</strong> da Relação <strong>do</strong>s estudantes que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> fazer<br />
exame das diversas séries <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong>sta faculda<strong>de</strong> <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897 240 ,<br />
perceb<strong>em</strong>os que alguns <strong>do</strong>s agora ex-combatentes da Faculda<strong>de</strong> obtiveram – no<br />
montante geral, excetuan<strong>do</strong> os alunos da 6ª série e o caso <strong>de</strong> reprovação – média<br />
mo<strong>de</strong>rada <strong>em</strong> seus exames <strong>de</strong> final <strong>de</strong> ano. As notas avaliativas dividiam-se entre P =<br />
plenamente, D = distinção, R = reprova<strong>do</strong>, S = sofrível, B = boa e M = má. Pass<strong>em</strong>os<br />
então ao quadro:<br />
240 AFMB – Caixa Ano 1897: nov<strong>em</strong>bro. Transcrev<strong>em</strong>os, parcialmente, somente alguns <strong>do</strong>s alunos que<br />
encontramos no espaço entre Queimadas e Canu<strong>do</strong>s. Não completamos a transcrição e leitura completa <strong>do</strong><br />
material <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à reforma pela qual passa o setor <strong>de</strong> pesquisa <strong>do</strong> AFMB. Algumas partes <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento,<br />
pelo menos <strong>em</strong> nossa leitura, estão ilegíveis. Os conceitos <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s abaixo <strong>em</strong> azul constam no<br />
<strong>do</strong>cumento na mesma tonalida<strong>de</strong>.<br />
111
Quadro – 7<br />
DESEMPENHO ACADÊMICO<br />
NOME DO ALUNO 1ª SÉRIE MÉDICA<br />
PHYSICA CHIMICA Botânica e Zoologia<br />
José Cor<strong>de</strong>iro <strong>do</strong>s<br />
Santos Filho<br />
S<br />
S<br />
B<br />
Cícero <strong>de</strong> Barros Corrêa S S B<br />
Hebreliano Mauricio<br />
Wan<strong>de</strong>rley<br />
S<br />
S<br />
S<br />
Alvim Martins Horca<strong>de</strong>s S S<br />
2ª SÉRIE MÉDICA<br />
S<br />
CHIMICA ANATOMIA HISTOLOGIA<br />
Aristarco Dantas B P B P<br />
3ª SÉRIE MÉDICA<br />
B P<br />
PATHOLOGIA<br />
GERAL<br />
PHYSICA ANATOMIA<br />
Sebastião Ivo Soares S S S<br />
Fausto <strong>de</strong> Araújo Gallo R R R S R<br />
Francisco Cavalcanti<br />
Mangabeira<br />
S<br />
S<br />
S<br />
Joaquim José Xavier S S<br />
4ª SÉRIE MÉDICA<br />
S<br />
PHARMACOLOGIA Pathologia Médica Pathol. Cirúrgica<br />
Caio Octavio Ferreira<br />
<strong>de</strong> Moura<br />
0<br />
P<br />
P<br />
Miguel <strong>de</strong> Lima Men<strong>de</strong>s B P P P<br />
Jerônimo Fernan<strong>de</strong>s<br />
Gesteria<br />
P<br />
P<br />
P<br />
Theotonio Martins <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
0<br />
P<br />
5ª SÉRIE MÉDICA<br />
P<br />
OPERAÇ. Anatomia Cirúrgica Terapêutica<br />
Victor Francisco Gonçalves S S S<br />
Virgílio <strong>de</strong> Aquino Braga S S S<br />
Pedro <strong>de</strong> Barros Albernaz S S<br />
6ª SÉRIE MÉDICA<br />
S<br />
Medicina Legal Hygiene M OB<br />
Domingos M. P.<br />
Monteiro<br />
P<br />
P<br />
P<br />
P<br />
Virgílio <strong>do</strong> Rego Motta P B P P P<br />
Christiano Sellmann Jr. P B P D D<br />
Eduar<strong>do</strong> Britto S B S D D<br />
Tranquilino Hugo <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
P<br />
B P<br />
P<br />
P<br />
Benício Rodrigues<br />
Chaves<br />
P<br />
B P<br />
P<br />
P<br />
Antonio Nicanor<br />
Martins Barbosa<br />
S<br />
B P<br />
P<br />
P<br />
FONTE: AFMB – Caixa Ano 1897: Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s.<br />
112
Alguns <strong>de</strong>stes ‘solda<strong>do</strong>s’ da FMB que prestaram seus exames seriam obriga<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r tese <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso para entrar na vida pública e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />
atuar na profissão <strong>de</strong> médico, regra introduzida quan<strong>do</strong> da reforma <strong>do</strong> ensino médico <strong>em</strong><br />
3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1832. Entre os 33 alunos que catalogamos, 7 apresentaram suas teses à<br />
banca argui<strong>do</strong>ra daquela instituição científica no ano fin<strong>do</strong> da guerra <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s. Suas<br />
<strong>de</strong>fesas se esten<strong>de</strong>ram pelos anos <strong>de</strong> 1898 (4 alunos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram), 1899 (7), 1900 (10)<br />
1902 (4) e 1909 (1). À exceção <strong>do</strong>s sessenta e <strong>do</strong>is ‘ex-combatentes’ que foram prestar<br />
seus serviços na guerra travada no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, muitos permaneceram <strong>em</strong><br />
Salva<strong>do</strong>r trabalhan<strong>do</strong> nas enfermarias provisórias montadas para aten<strong>de</strong>r os feri<strong>do</strong>s<br />
provenientes da frente <strong>de</strong> batalha e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, esses estudantes, igualmente,<br />
sustentaram suas teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento.<br />
Ainda neste ambiente <strong>de</strong> formatura, os vinte e seis alunos <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
medicina <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1897, solicitaram que o ato <strong>de</strong> colação <strong>de</strong> grau, dia 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro,<br />
fosse efetua<strong>do</strong> s<strong>em</strong> solenida<strong>de</strong> <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> falecimento <strong>de</strong> um colega. Apesar <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento não mencionar, talvez o ato <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> direcionou-se aos alunos<br />
Francisco <strong>do</strong>s Santos Pereira, Antonio Eustáquio da Silva ou Joaquim Pedreira, to<strong>do</strong>s<br />
eles faleceram “<strong>em</strong> combate”. 241<br />
3.3. Às theses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento<br />
Consta na primeira página <strong>de</strong> cada tese que analisamos a seguinte frase: a<br />
Faculda<strong>de</strong> não aprova n<strong>em</strong> reprova as opiniões <strong>em</strong>ittidas nas theses que lhes são<br />
apresentadas. Assim, po<strong>de</strong>mos rapidamente concluir que a liberda<strong>de</strong> era palavra <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>m no espírito daquela instituição. Qualquer opinião po<strong>de</strong>ria ser <strong>em</strong>ittida sobre as<br />
disciplinas ministradas pelos professores, qualquer <strong>de</strong>talhe acerca <strong>do</strong>s acontecimentos<br />
políticos da ocasião, po<strong>de</strong>ria, igualmente, as teses levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração as<br />
transformações no âmbito científico que provinham <strong>de</strong> outros continentes ou ali,<br />
naquelas páginas, edificar ainda mais uma medicina genuinamente brasileira. Aliás, os<br />
objetivos das teses eram: primeiro, criar uma literatura médica brasileira; e, segun<strong>do</strong>,<br />
<strong>em</strong> alguns casos, permitir aos estudantes expor seus conhecimentos no que dizia<br />
respeito as disciplinas ministradas pelos professores da Faculda<strong>de</strong>.<br />
241 Relatório <strong>do</strong> Ministério da Justiça e Negócios Interiores – 1897 e 1898. p. 323. Disponível <strong>em</strong>:<br />
http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1884/000327.html Acesso: 20/11/2008.<br />
113
No entanto, analisan<strong>do</strong> as idéias filosóficas nas teses inaugurais na Faculda<strong>de</strong><br />
(1838-1889), Dinorah D’Araújo Berbert <strong>de</strong> Castro, notara que o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s trabalhos<br />
<strong>do</strong>s alunos, era antes indica<strong>do</strong> pelos m<strong>em</strong>bros da Congregação, caben<strong>do</strong> ao futuro<br />
médico, escolher algum <strong>de</strong>ntre os ofereci<strong>do</strong>s. Na confecção das teses, entre <strong>de</strong>dicatórias<br />
à parentes, amigos, professores, citações <strong>em</strong> latim ou grego, a mesma autora percebera<br />
que, quan<strong>do</strong> concluída a tese, “o acadêmico a entregava ao secretário da Faculda<strong>de</strong>, que<br />
encaminhava à comissão revisora conforme os dispositivos estatutários, sen<strong>do</strong>, por fim,<br />
autorizada a sua impressão pelo diretor ou vice-diretor.” 242<br />
Um outro el<strong>em</strong>ento comenta<strong>do</strong> pela autora, refere-se ao apreço da<strong>do</strong> pelos<br />
alunos à construção das teses. Para alguns, o trabalho era a ferramenta <strong>de</strong> critica perante<br />
às precarieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> ensino, mas, para outros, aquelas páginas não serviriam para mais<br />
que um cumprimento da legislação da Faculda<strong>de</strong>. Em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s momentos <strong>de</strong> sua<br />
pesquisa, Dinorah <strong>de</strong> Castro observa que o número <strong>de</strong> páginas no que dizia respeito às<br />
<strong>de</strong>dicatórias, superava aos da própria tese. Neste caso específico a autora lançou mão <strong>do</strong><br />
trabalho <strong>do</strong> <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> Gustavo A<strong>do</strong>lfo <strong>de</strong> Sá, <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1858, no qual o estudante<br />
comentou que: “julgu<strong>em</strong> como quizer<strong>em</strong>; até porque quase ninguém lê these à menos<br />
que os offerecimentos.” 243<br />
Da leitura das M<strong>em</strong>órias Históricas produzidas a partir da segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
século XIX até as suas primeiras décadas <strong>do</strong> XX, Marcos Augusto Pessoa Ribeiro<br />
extraíra mais características ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> elaboração das teses <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utoramento. Para este autor, o caráter supérfluo das teses, percebi<strong>do</strong> nas posições <strong>do</strong>s<br />
alunos quanto ao trabalho ali <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, ocorrera <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a reforma nos Estatutos da<br />
FMB <strong>em</strong> 28 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1854. Entre 1832 e 1854, as teses eram sustentadas <strong>em</strong> público,<br />
sobretu<strong>do</strong> com a presença da comunida<strong>de</strong> acadêmica, constituin<strong>do</strong>-se ali <strong>em</strong> espaço<br />
prestigioso da erudição.<br />
A partir <strong>do</strong> <strong>de</strong>creto n. 1387 <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1854, os novos estatutos<br />
direciona<strong>do</strong>s às escolas <strong>de</strong> medicina não mais mencionavam <strong>em</strong> seus artigos a<br />
apresentação pública no momento da <strong>de</strong>fesa da tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento. Entre seus artigos<br />
119 e 127 da Coleção das Leis <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil, especificamente o Capítulo VI<br />
intitula<strong>do</strong> Da <strong>de</strong>fesa das theses, nada mais constava sobre a explanação pública <strong>do</strong>s<br />
jovens arguentes à banca examina<strong>do</strong>ra. O artigo 124 ainda <strong>de</strong>terminava que <strong>em</strong> caso <strong>de</strong><br />
242 CASTRO, Dinorah D’Araújo Berbert <strong>de</strong>. Idéias filosóficas nas teses inaugurais da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da Bahia (1838-1889). Bahia: UFBA – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas. (Mestra<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> Ciências Sociais). 1973. p. 26.<br />
243 I<strong>de</strong>m. p. 12.<br />
114
approvação simples, o estudante não estava impedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> colar o grau <strong>de</strong> <strong>do</strong>utor, o que<br />
po<strong>de</strong>, a nosso ver, servir <strong>de</strong> el<strong>em</strong>ento adicional ao <strong>de</strong>scaso ante a confecção das teses. 244<br />
Mais um <strong>de</strong>talhe, se havia naquele intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po (1832 – 1854) uma simbologia<br />
acerca das coisas <strong>do</strong> saber ante os olhos <strong>do</strong>s ignorantes, após aquela data tu<strong>do</strong> passara à<br />
mera formalida<strong>de</strong>.<br />
Professores e m<strong>em</strong>orialistas, <strong>em</strong> alguns momentos daquela segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Oitocoentos, sugeriram até a supressão das teses. Marcos Ribeiro conclui sua análise<br />
levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que praticamente to<strong>do</strong>s os m<strong>em</strong>orialistas compactuavam da<br />
opinião que a falta <strong>de</strong> <strong>experiência</strong> médica <strong>do</strong> aluno atingia diretamente a estruturação <strong>do</strong><br />
trabalho <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, havia ali além <strong>do</strong> <strong>de</strong>sinteresse <strong>do</strong>s alunos,<br />
plágios, encomenda <strong>de</strong> teses, ausência <strong>de</strong> professores no momento da <strong>de</strong>fesa, trabalhos<br />
mal escritos e carentes <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logia. Para minorar esses el<strong>em</strong>entos e motivar os<br />
estudantes à uma ponta <strong>de</strong> interesse na elaboração <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> conclusão, a<br />
Faculda<strong>de</strong> instituiu os graus <strong>de</strong> Plenamente ou Distinção <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as feições<br />
excepcionais <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s, o que não surtiu o efeito espera<strong>do</strong>. Em M<strong>em</strong>ória<br />
História <strong>de</strong> 1900, o professor Alfre<strong>do</strong> Brito comentou que “a gran<strong>de</strong> maioria das teses<br />
apenas <strong>de</strong>sobriga os <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma enfa<strong>do</strong>nha exigência legal, necessária à<br />
obtenção <strong>do</strong> diploma <strong>de</strong> médico.” 245<br />
Neste ambiente enfa<strong>do</strong>nho e burocrático <strong>de</strong> construção da tese, po<strong>de</strong>riam as<br />
dissertações conter menções, <strong>experiência</strong>s pessoais ou, até mesmo, comentários sobre a<br />
guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s? Ali seria o espaço <strong>de</strong> apresentar questões políticas sobre a<br />
campanha travada no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>? Expressar a guerra nos seus <strong>de</strong>talhes por cada<br />
acadêmico ex-combatente? Denunciar as atrocida<strong>de</strong>s cometidas pelo Exército da<br />
república?<br />
Dois anos <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> con<strong>front</strong>o, Alvim Martins Horca<strong>de</strong>s, test<strong>em</strong>unha ocular da<br />
guerra, cont<strong>em</strong>porizou o discurso <strong>do</strong> heroísmo militar, da civilização e <strong>do</strong> êxito da<br />
sciencia contra àquela barbárie mestiça. Para o autor, agora estudante da terceira série<br />
da Faculda<strong>de</strong>, nas civilizações <strong>de</strong> antanho, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> guerra, os bens <strong>do</strong>s inimigos<br />
eram confisca<strong>do</strong>s, mas, cont<strong>em</strong>poraneamente, “quan<strong>do</strong> a sciencia progrediu e a<br />
civilisação não é mais incógnita, numa das partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que diz ser civilizada não<br />
244<br />
Coleção das Leis <strong>do</strong> Império (1808 – 1889) - Índice da Coleção das Leis (Parte II - 1854). p. 217 e<br />
218. Disponível <strong>em</strong>:<br />
http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/conteu<strong>do</strong>/colecoes/Legislacao/1854%20pronto/leis%201854/d<br />
ec%20n°1387%20à%201387-pg12-p25.pdf – Acesso <strong>em</strong> 20/11/2008.<br />
245<br />
RIBEIRO, Marcos Augusto Pessoa. (1997). Op. cit. p. 60.<br />
115
mais confisca-se, assassina-se, mata-se, como se <strong>de</strong>ssa forma extinguisse<br />
completamente e mania <strong>de</strong> revoluções! Bello ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> civismo e progredimento<br />
social.” 246<br />
Na Enfermaria Friedrich August Kekulé, localizada no Mosteiro <strong>de</strong> São Bento,<br />
trabalhara o acadêmico <strong>do</strong> primeiro ano <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina Alfre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Barros<br />
Loureiro Brandão, alagoano e filho <strong>de</strong> Theotonio Torquato Brandão. Fora aprova<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
1902 com distinção ao sustentar a tese intitulada Tabagismo. Ali nas páginas <strong>em</strong> que<br />
nada comentara sobre suas ativida<strong>de</strong>s na enfermaria por on<strong>de</strong> passara como auxiliar, o<br />
autor alagoano, que se formara no mesmo ano <strong>de</strong> Alvim Horca<strong>de</strong>s, na parte introdutória<br />
<strong>do</strong> texto, relatara o motivo pelo qual abordara o referi<strong>do</strong> t<strong>em</strong>a e igualmente mostrava-se<br />
<strong>de</strong>sesperança<strong>do</strong> com a suposta supr<strong>em</strong>acia da sciencia. Para ele, a <strong>de</strong>scoberta da<br />
máquina a vapor, <strong>do</strong> telegrafo elétrico, <strong>do</strong> telescópio e <strong>do</strong> microscópio, não<br />
representavam o ápice <strong>de</strong> uma humanida<strong>de</strong> civilizada. Esta mesma humanida<strong>de</strong>, nas<br />
palavras <strong>do</strong> jov<strong>em</strong> candidato, era ao mesmo t<strong>em</strong>po bárbara porque alimentava a guerra e<br />
a <strong>do</strong>minação <strong>de</strong> uma nação sobre as outras; esta humanida<strong>de</strong> produzia os ladrões,<br />
<strong>de</strong>vassos e assassinos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. 247 Se havia, ao menos a partir <strong>de</strong> seus professores e no<br />
discurso corrente da época, consenso sobre para on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria caminhar as civilizações,<br />
não estava ali nas palavras daquele aluno a mesma idéia.<br />
O estudante paraibano Benício Rodrigues Chaves, filho <strong>de</strong> D. Mariana Pinheiro<br />
Chaves e [major] Augusto Rodrigues Chaves, formara-se <strong>em</strong> 1897, ano fin<strong>do</strong> da guerra<br />
sertaneja. A <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> sua tese com o título Bacia obliqua ovalar, seus principais<br />
caracteres obtivera aprovação plena perante a Banca da Faculda<strong>de</strong>. Benício Chaves fora<br />
aluno da primeira leva <strong>de</strong> acadêmicos que trabalhara nos hospitais <strong>de</strong> sangue <strong>em</strong><br />
Queimadas e Monte Santo, e na introdução <strong>de</strong> sua tese, isto é, “antes <strong>do</strong> assumpto”, o<br />
autor menciona que não teve mais algum interesse com àquele trabalho <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utoramento a não ser cumprir uma exigência da lei. Logo <strong>em</strong> seguida, alegou o futuro<br />
médico, que não estava prepara<strong>do</strong> a <strong>de</strong>senvolver uma boa apreciação quanto ao t<strong>em</strong>a<br />
escolhi<strong>do</strong> <strong>em</strong> razão <strong>do</strong> curto espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po que teve para se <strong>de</strong>dicar aos estu<strong>do</strong>s<br />
concernentes ao objeto ali <strong>em</strong> análise, t<strong>em</strong>po este cheio <strong>de</strong> <strong>em</strong>baraços e difficulda<strong>de</strong>s. E<br />
segue o autor na introdução <strong>de</strong> sua redação:<br />
246 HORCADES, Alvim Martins. (1899). Op. cit. p. 103 e 104.<br />
247 BRANDÃO, Alfre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Barros Loureiro. Ano: 1902. In: AFMB – THESES. Código da tese: 102 – E<br />
e 102 – J. Dividimos a leitura das teses entre os que foram à Canu<strong>do</strong>s e os que trabalharam nas<br />
enfermarias <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r. Para mais <strong>de</strong>talhes, consultar material anexo.<br />
116
“Obriga<strong>do</strong> a ausentar-nos durante três mezes <strong>do</strong>s trabalhos escolares para prestar<br />
serviços, que nós, como um <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> civismo e carida<strong>de</strong>, offerec<strong>em</strong>os ao governo junto<br />
as forças <strong>em</strong> operações na campanha <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, foi o nosso trabalho interrompi<strong>do</strong> por<br />
toda essa épocha <strong>de</strong> lucta cruenta e insana.<br />
D’este mo<strong>do</strong> concluída a nossa missão, t<strong>em</strong>po insufficiente restava para que<br />
po<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>os completar com regularida<strong>de</strong> a nossa dissertação, que por esta razão não<br />
t<strong>em</strong>, nós o reconhec<strong>em</strong>os, a perfeição e <strong>de</strong>senvolvimento necessário.” 248<br />
Aí consta o único fragmento <strong>do</strong> autor sobre a guerra no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> toda sua<br />
redação. No transcorrer da tese, Benício Chaves iniciou as discussões teóricas sobre seu<br />
objeto <strong>de</strong> pesquisa e, <strong>em</strong> seguida, abor<strong>do</strong>u trabalhos <strong>de</strong> outros autores que se <strong>de</strong>dicaram<br />
a estudar o mesmo t<strong>em</strong>a, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> ali os progressos científicos que ro<strong>de</strong>avam o<br />
assunto proposto para sua <strong>de</strong>fesa. Nada mencionara o médico paraibano <strong>em</strong> relação a<br />
qu<strong>em</strong> o obrigou a oferecer seus serviços ao governo, nada comentara sobre os conflitos<br />
com os médicos militares que permaneceram na zona <strong>de</strong> con<strong>front</strong>o. Menos ainda<br />
relatara sobre suas observações e práticas como auxiliar <strong>do</strong>s médicos militares, nos<br />
hospitais <strong>de</strong> sangue, nada consta <strong>em</strong> sua tese <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso.<br />
A partir da narrativa introdutória <strong>de</strong> Benício Rodrigues Chaves, ao menos <strong>em</strong><br />
nossa reflexão, o jov<strong>em</strong> médico imbuiu-se da prática cívica <strong>de</strong> missionário da carida<strong>de</strong><br />
e, por conseguinte, seria ele um <strong>do</strong>s responsáveis pela manutenção da or<strong>de</strong>m<br />
republicana. Sua posição não <strong>de</strong>stoa <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ais professa<strong>do</strong>s por parte significativa da<br />
intelectualida<strong>de</strong> republicana a qual seus professores a integravam. Como <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
capítulo anterior, o arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> aos olhos <strong>do</strong>s intelectuais como<br />
uma horda <strong>de</strong> bárbaros a ser liquidada, um povo afasta<strong>do</strong> da civilização e mergulha<strong>do</strong><br />
no fanatismo religioso.<br />
Dentro <strong>de</strong>ste universo da participação da FMB na guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, é aqui<br />
cabível apresentar que, <strong>em</strong> alguns casos já aborda<strong>do</strong>s, alunos distantes da linha <strong>de</strong> fogo,<br />
mas que trabalharam nas enfermarias instaladas na capital, igualmente fizeram<br />
comentários <strong>em</strong> suas dissertações ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> conflito trava<strong>do</strong> no sertão baiano. Foi o<br />
caso <strong>do</strong> estudante alagoano Adriano Augusto <strong>de</strong> Araújo Jorge Filho que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u <strong>em</strong><br />
1900 a tese Alcoolismo e involução humana – repressão e prophilaxia <strong>do</strong> alcoolismo. 249<br />
Adriano Jorge Filho <strong>em</strong> seu trabalho comenta que não se põe como os que se<br />
afastam da obrigação <strong>de</strong> escrever a tese, não se comporta com rebeldia, como alguns<br />
alunos, perante a imposição <strong>do</strong>s estatutos da Faculda<strong>de</strong>. Com efeito, o médico alagoano<br />
248 CHAVES, Benício Rodrigues. Bacia obliqua ovalar, seus principais caracteres. Ano: 1897. In:<br />
AFMB – THESES. Código da tese: 097-E.<br />
249 JORGE Filho, Adriano Augusto <strong>de</strong> Araújo. Alcoolismo e involução humana. (1900). In: AFMB –<br />
THESES. Código da tese: 100-A.<br />
117
se classifica como aqueles autores força<strong>do</strong>s à incumbência <strong>do</strong> trabalho, <strong>de</strong>ntre os<br />
vai<strong>do</strong>sos e <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s. Suas pretensões com o trabalho são duas: primeiro, na<br />
justificativa <strong>de</strong> escolher àquele título, fora para não abraçar a idéia <strong>do</strong> médico francês<br />
Charles-Victor Dar<strong>em</strong>berg (1817-1872), cuja posição, segun<strong>do</strong> o autor, chegou a dizer<br />
que o que havia <strong>de</strong> menos tóxico nas bebidas alcoólicas era o álcool; e, segun<strong>do</strong>: expor<br />
naquelas linhas as conseqüências <strong>do</strong> alcoolismo na socieda<strong>de</strong> que, na opinião <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>, arrastava-a a total <strong>de</strong>sgraça.<br />
Contu<strong>do</strong>, nossa atenção voltou-se à parte introdutória <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> trabalho,<br />
<strong>de</strong>scrito como “duas palavras”. Nas palavras introdutórias, o futuro médico, ante a<br />
banca argui<strong>do</strong>ra, sustentou a idéia <strong>de</strong> que a “Hygiene, a mais brilhante <strong>de</strong> todas as<br />
conquistas da acitiva<strong>de</strong> intellectual humana”, ao mesmo t<strong>em</strong>po o jov<strong>em</strong> autor ressaltou<br />
mais uma missão da medicina, era ela o único recurso capaz <strong>de</strong> promover o banimento<br />
<strong>do</strong> “sangue pobre das raças <strong>de</strong> hoje; como o mais po<strong>de</strong>roso e talvez o único<br />
reconstituinte para essa aglobulia univeral!” 250<br />
Seguin<strong>do</strong> as páginas iniciais <strong>do</strong> autor acima, caberia à Hygiene solucionar os<br />
transcen<strong>de</strong>ntes probl<strong>em</strong>as que afetavam as socieda<strong>de</strong>s naquela amargurada fase da<br />
evolução <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> aon<strong>de</strong>,<br />
“se contrapõe encarniçadamente to<strong>do</strong>s os interesses e todas as paixões; <strong>em</strong> que<br />
fermentam to<strong>do</strong>s os vícios e <strong>em</strong> que a humanida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>generar e a apodrecer, se <strong>de</strong>bate<br />
ansiosamente no torvelino irresistível que a arrasta a <strong>de</strong>generação; nesta fase que abre<br />
<strong>em</strong> florescências tristes, a produzir <strong>do</strong>s [Alfred Louis Charles <strong>de</strong>] Musset, os [Charles]<br />
Bau<strong>de</strong>laire, os [Paul Marie] Verlaine, os [Henry René Albert Guy <strong>de</strong>] Maupassant, os<br />
[Oscar] Wild, os [François Claudios Koeningstein] Ravachol e os Antonio Conselheiro;<br />
nesta fase que <strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria b<strong>em</strong> chamar phase <strong>de</strong> agonia humana...” 251 [grifo nosso]<br />
Nesta gama <strong>de</strong> políticos, escritores franceses e irlan<strong>de</strong>ses, está ali cita<strong>do</strong> o<br />
personag<strong>em</strong> lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Antonio Conselheiro ganhou, nas páginas <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>, não a dimensão francesa <strong>do</strong> Iluminismo, tampouco a aura <strong>do</strong>s compêndios<br />
e livros direciona<strong>do</strong>s às inovações da medicina. O espectro <strong>do</strong> arraial <strong>do</strong> Belo Monte<br />
transcen<strong>de</strong>ra o 1897 e marcara as páginas <strong>do</strong> <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> com o discurso corrente da<br />
<strong>de</strong>generescência que alguns seres humanos carregavam.<br />
No <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> seu trabalho com cento e <strong>de</strong>zoito páginas, isto é, um <strong>do</strong>s mais<br />
extensos, Adriano Augusto <strong>de</strong> Araújo Jorge Filho, nada mais mencionou sobre o lí<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. Sua atenção, agora, no corpo <strong>de</strong> sua tese, esteve <strong>em</strong> apontar o que<br />
socialmente causava o alcoolismo e, repetidas vezes, utilizou-se da palavra<br />
250 JORGE Filho, Adriano Augusto <strong>de</strong> Araújo. (1900). Op. cit. p. 10.<br />
251 I<strong>de</strong>m. Introdução não paginada.<br />
118
<strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s. O autor alagoano levou <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que, <strong>em</strong> alguns casos, a<br />
<strong>de</strong>generescência é <strong>de</strong> caráter hereditário, con<strong>de</strong>nan<strong>do</strong> o indivíduo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seus primeiros<br />
passos. Classificou, o aspirante a médico que, quase to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s apresentavam<br />
estigmas físico-psíquicos ou psíquicos e que po<strong>de</strong>riam estes infelizes ser dividi<strong>do</strong>s <strong>em</strong>:<br />
idiotas, imbecis, loucos moraes, <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s lúci<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s superiores. 252<br />
No capítulo <strong>do</strong>is <strong>de</strong> Alcoolismo e involução humana – repressão e prophilaxia<br />
<strong>do</strong> alcoolismo, intitula<strong>do</strong> Alcoolismo e Criminalida<strong>de</strong>, o autor explicitou admiração<br />
pelos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Cesare Lombroso e expôs a classificação <strong>do</strong>s criminosos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
com os apontamentos <strong>do</strong> criminalista italiano Enrico Ferri. Assim, segue o parágrafo na<br />
tese:<br />
“ Criminosos instinctivos: é o assassino e é o ladrão. Estes criminosos se caracterizam<br />
pela insensibilida<strong>de</strong> physica e moral, pela indifferença com que praticam o crime, pela<br />
falta <strong>do</strong>s r<strong>em</strong>orsos e pelas imprudências que comett<strong>em</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> perceber claramente<br />
que são criminosos, <strong>de</strong>nuncian<strong>do</strong>-se com a mais surprehen<strong>de</strong>nte facilida<strong>de</strong>.<br />
Criminosos apaixona<strong>do</strong>s: Fundamentalmente diversos <strong>do</strong>s criminosos instinctivos, os<br />
criminosos apaixona<strong>do</strong>s são aquelles que consumman o crime impelli<strong>do</strong>s por um ultraje<br />
feito à sua honra, o ciúme, uma acabrunha<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>sillusão <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> amor,<br />
sentimento que assume as proporções <strong>de</strong> uma paixão violenta.<br />
Criminosos <strong>de</strong> occasião: São fracos e por isso comet<strong>em</strong> crimes <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />
occasião.<br />
Criminosos <strong>de</strong> habito: Não apresentan<strong>do</strong> caracteres psychologicos nitidamente<br />
<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, os criminosos habituaes manifestam no começo, analogias com os criminosos<br />
<strong>de</strong> occasião, ten<strong>do</strong>, porém, uma accentuação mais profunda da falta <strong>do</strong> senso moral. As<br />
reincidências no crime, a convivência <strong>de</strong> outros criminosos, o influxo a estes criminosos<br />
os mesmos caracteres instinctivos.<br />
Criminosos aliena<strong>do</strong>s: uns commet<strong>em</strong> o <strong>de</strong>licto <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma lenta elaboração da<br />
idéia criminosa; outros são leva<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>linqüir <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> brusco, violento, impulsivo.” 253<br />
No terceiro capítulo <strong>de</strong> sua obra, o <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> centrou sua atenção às<br />
conseqüências sociais <strong>do</strong> alcoolismo e percebeu uma sutil ligação entre proletários,<br />
alcoolismo e <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s e conclui que a classe operária no Brasil era vagabunda e<br />
imoral, to<strong>do</strong>s ignorantes, cínicos, s<strong>em</strong> a idéia <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver cívico e muito menos os<br />
escrúpulos da dignida<strong>de</strong> humana. 254 No transcorrer <strong>do</strong> trabalho, seu 4º capítulo, Causas<br />
<strong>do</strong> alcoolismo, <strong>de</strong>dica-se a explicar a ascendência <strong>do</strong> clima no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />
alcoolismo, comentan<strong>do</strong> que não há um ambiente específico para a proliferação <strong>do</strong><br />
consumo da aguar<strong>de</strong>nte, para ele, a influência <strong>do</strong> clima sobre o consumo <strong>do</strong> álcool não<br />
passava <strong>de</strong> mera ilusão.<br />
252 I<strong>de</strong>m. p. 28 a 32.<br />
253 Op. cit. p. 37, 38 e 39.<br />
254 Op. cit. p. 54.<br />
119
Araújo Jorge Filho finalizou a tese com o capitulo Representação e Prophilaxia<br />
<strong>do</strong> Alcoolismo, ressaltan<strong>do</strong> que algumas medidas para conter o avanço tanto da<br />
produção quanto <strong>do</strong> consumo fracassaram: multas, redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> tavernas,<br />
tributação na produção <strong>de</strong> álcool, monopólio da venda. Sua última frase, acerca <strong>do</strong>s<br />
méto<strong>do</strong>s profiláticos, entregava aos médicos ou a Deus, as ferramentas da árdua missão:<br />
é principalmente aos padres e aos médicos, por ser<strong>em</strong> os que maior influencia exerc<strong>em</strong><br />
sobre o povo, que cabe o papel <strong>de</strong> propagandista. 255<br />
Em artigo Canu<strong>do</strong>s na perspectiva científica, a antropóloga Luitgar<strong>de</strong> Oliveira<br />
Cavalcanti Barros comenta que no universo da intelectualida<strong>de</strong> brasileira, a qual abarca<br />
as socieda<strong>de</strong>s científicas e, por conseguinte, os médicos, havia uma atmosfera amistosa<br />
às idéias <strong>de</strong> Herbert Spencer, Cesare Lombroso, Joseph Gobineau, <strong>de</strong>ntre outros<br />
cientistas comprometi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> encaminhar as questões sociais, particularmente as<br />
transformações, para o campo frenologista. 256<br />
Deste mo<strong>do</strong>, a tese <strong>de</strong> Araújo Jorge Filho, imersa no pensamento da época,<br />
esten<strong>de</strong>u seu preconceito não somente a Antonio Conselheiro e seus segui<strong>do</strong>res, mas a<br />
todas àquelas vítimas <strong>do</strong> alcoolismo. Em nenhum momento a autor tocou <strong>em</strong> motivos<br />
sociais que levavam uns à involução humana e outros à <strong>em</strong>briaguez; latifúndio, miséria<br />
e s<strong>em</strong>i-escravidão não aparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua tese, esses conceitos foram transforma<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
hereditários <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s, indivíduos predispostos e aliena<strong>do</strong>s.<br />
Feridas por projectis e seu tratamento <strong>em</strong> Campanha, foi a tese <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utoramento <strong>de</strong>fendida com plenitu<strong>de</strong> por Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto Torres, baiano, filho <strong>de</strong><br />
João Nepomuceno Torres 257 , cujo trabalho foi sustenta<strong>do</strong> cinco anos distante <strong>do</strong><br />
episódio <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> 1902. Para escrever a dissertação, o então candidato ao grau<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>utor lançou mão <strong>de</strong> duas bibliotecas particulares: primeiro, a <strong>do</strong>s seus professores,<br />
drs. José Olympio <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e Antonio Pacheco Men<strong>de</strong>s; e, outra, consultara o<br />
<strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> o acervo que pertencia ao Capitão <strong>do</strong> 5º <strong>de</strong> artilharia Martins Pereira,<br />
localiza<strong>do</strong> no Forte <strong>do</strong> Barbalho. 258<br />
255 Op. cit. p. 118.<br />
256 BARROS, Luitgar<strong>de</strong> Oliveira Cavalcanti. Canu<strong>do</strong>s na perspectiva científica. s/d. p. 1. Material<br />
consulta<strong>do</strong> <strong>em</strong>: http://www.portfolium.com.br/sites/Canu<strong>do</strong>s/conteu<strong>do</strong>.asp?IDPublicacao=72 – Acesso<br />
<strong>em</strong> 21/11/2008.<br />
257 Não conseguirmos completar a revisão <strong>de</strong> algumas teses <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à reforma pela qual passa o setor <strong>de</strong><br />
pesquisa <strong>do</strong> Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia entre os meses <strong>de</strong> julho, agosto, set<strong>em</strong>bro,<br />
outubro, nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2008.<br />
258 TORRES, Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto. Feridas por projectis e seu tratamento <strong>em</strong> Campanha. (1902). Op. cit. p.<br />
98. O autor não menciona o nome completo <strong>do</strong> militar <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque.<br />
120
Para lidar com seu objeto <strong>de</strong> pesquisa, o <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> Alci<strong>de</strong>s Britto fizera um<br />
levantamento abrangen<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> cinquenta autores que trabalharam <strong>em</strong> expedições<br />
militares ou escreveram a respeito <strong>do</strong> seu t<strong>em</strong>a. Em espaços dividi<strong>do</strong>s entre a<br />
antiguida<strong>de</strong> greco-romana, Ida<strong>de</strong> Média, Renascimento, e parte significativa <strong>do</strong>s séculos<br />
XVIII e XIX, sua tese menciona nomes como Ambroise Pare e Alfred-Armand-Louis-<br />
Marie Velpeau [cirurgiões franceses]; Jean Dominique Larrey e René Bertholet [o<br />
primeiro, cirurgião, o segun<strong>do</strong>, químico; os <strong>do</strong>is narraram suas <strong>experiência</strong>s práticas<br />
quan<strong>do</strong> as tropas napoleônicas estiveram no Egito <strong>em</strong> 1798]; George Friedrich Louis<br />
Stromeyer [cirurgião al<strong>em</strong>ão na guerra envolven<strong>do</strong> a Dinamarca, Áustria e Prússia entre<br />
1848 e 1851]; Nikolai Ivanovich Pirogoff [cirurgião russo que atuara na Guerra da<br />
Criméia].<br />
Nesses autores, o jov<strong>em</strong> arguente encontrara o ‘arsenal teórico’ para recompor o<br />
cenário <strong>de</strong> uma l<strong>em</strong>brança. Preocupou-se com seu trabalho <strong>em</strong> <strong>de</strong>screver a formação das<br />
feridas, com as modificações no formato e na t<strong>em</strong>peratura <strong>do</strong> projétil quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu<br />
<strong>de</strong>slocamento até o ponto <strong>de</strong> colisão com o corpo, <strong>de</strong>dicou-se a analisar sintomas,<br />
inflamações, focos purulentos, vasos, nervos, ossos, articulações, cavida<strong>de</strong>s viscerais e<br />
infecções <strong>em</strong> ambientes <strong>de</strong> guerra. Corpos estranhos que se enquistam nos teci<strong>do</strong>s e<br />
suas complicações no procedimento cirúrgico, características das feridas por granadas,<br />
morteiros, minas, análise da munição utilizada pelo Exército brasileiro com seus<br />
respectivos calibres, composição química <strong>do</strong>s explosivos, da pólvora e, por fim, tratou<br />
<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s cont<strong>em</strong>porâneos da prática médica <strong>em</strong> Campanha.<br />
Em 1897, ano da guerra <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto Torres, então no<br />
primeiro ano <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina, fora auxiliar <strong>do</strong> professor Jorge da Moraes na<br />
Enfermaria Tillaux, estruturada no Mosteiro <strong>de</strong> São Bento da capital baiana. Suas<br />
observações, l<strong>em</strong>branças e práticas quan<strong>do</strong> aluno, aparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> suas tese <strong>de</strong> conclusão<br />
<strong>de</strong> curso. Tal <strong>experiência</strong> lhe permitiu estabelecer um estu<strong>do</strong> comparativo com as<br />
práticas cirúrgicas das guerras <strong>de</strong> outrora.<br />
Observou o estudante no hospital <strong>em</strong> que trabalhou um caso curioso: o solda<strong>do</strong><br />
“A...”, pois seu nome não é menciona<strong>do</strong> na tese, havia recebi<strong>do</strong> um tiro <strong>de</strong> fuzil Mauser<br />
que lhe varou o peito e os <strong>do</strong>is orifícios – o da entrada e o da saída – caminhavam para o<br />
processo <strong>de</strong> cicatrização. Apesar <strong>do</strong> aspecto letal <strong>do</strong> ferimento por parecer comprometer<br />
vasos importantes <strong>do</strong> coração, o aluno notou que o solda<strong>do</strong> <strong>de</strong> nada sofria, nenhum<br />
sintoma apresentava a não ser as marcas da bala. Compl<strong>em</strong>entou sua observação<br />
supon<strong>do</strong> que se este caso fosse único entre os feri<strong>do</strong>s que para seu hospital <strong>de</strong>ram<br />
121
entrada, po<strong>de</strong>ria ele concluir que havia ali um caso singular. Todavia, recebera inúmeros<br />
feri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> que esta situação se repetira. Para <strong>em</strong>basar suas observações <strong>em</strong> Campanha,<br />
trouxe os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s trabalhos <strong>do</strong>s cirurgiões ingleses quan<strong>do</strong> da segunda Guerra<br />
<strong>do</strong>s Boërs (1899 – 1902), travada na África <strong>do</strong> Sul, <strong>em</strong> que o mesmo tiro <strong>do</strong> fuzil<br />
Mauser atravessara o peito <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s, mas s<strong>em</strong> causar maiores aci<strong>de</strong>ntes. 259<br />
No capítulo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a estudar projectis propriamente ditos, isto é, se munição<br />
<strong>de</strong> artilharia ou infantaria e seu efeito explosivo, o estudante apresentou mais alguns<br />
ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> sua <strong>experiência</strong> como interno no hospital e <strong>de</strong>talhou a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
solda<strong>do</strong> ante o terror da guerra. Aliás, muitos solda<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>taram a mesma conduta <strong>em</strong><br />
todas as quatro expedições enviadas a Canu<strong>do</strong>s.<br />
“Ten<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> no Hospital <strong>de</strong> S. Bento, <strong>do</strong> qual era interno, <strong>em</strong> feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s,<br />
balas <strong>de</strong>formadas <strong>de</strong> Mannlincher e Mauser, notei quase s<strong>em</strong>pre rupturas da couraça, ou<br />
fendas com fraco achatamento da ponta, algumas esmagadas, com núcleo <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>,<br />
outras fican<strong>do</strong> somente com uma parte da camisa.<br />
Não posso, sob pena <strong>de</strong> tornar-me fastidioso, <strong>de</strong>screver as <strong>de</strong>formações possíveis das<br />
balas encamisadas; basta dizer que n<strong>em</strong> mesmo as <strong>de</strong> fraco calibre 6,5 mm , escapam a<br />
<strong>de</strong>formação. Nas balas <strong>de</strong> calote <strong>de</strong> ação como a suissa, sua <strong>de</strong>formação e fragmentação<br />
são facílimas, <strong>de</strong>vidas a sua forma; ao choque encurva-se no nível da cobertura,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> esta por sua vez aban<strong>do</strong>nar o núcleo.<br />
Na clínica hospitalar, raramente observei effeitos explosivos. L<strong>em</strong>bro-me <strong>de</strong> um caso<br />
typico, <strong>em</strong> um solda<strong>do</strong> feri<strong>do</strong> na palma da mão, cujo orifício <strong>de</strong> sahida era no <strong>do</strong>rso<br />
menor que o <strong>de</strong> entrada, apresentan<strong>do</strong> aquella forma estrellada, característica.<br />
Despertada minha attenção para tal ferida, procurei informar-me cautelosamente, <strong>de</strong>lle e<br />
<strong>de</strong> seus camaradas, concluin<strong>do</strong> que se tratava <strong>de</strong> um covar<strong>de</strong>, o qual tinha <strong>de</strong>scarrega<strong>do</strong><br />
a arma a queima roupa, com o fim <strong>de</strong> se retirar <strong>do</strong> fogo; ora, o caso explicava-se, era o<br />
effeito da expansibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s gazes, e não da bala.” 260 [grifo <strong>do</strong> texto]<br />
Mais duas passagens <strong>em</strong> seu texto possu<strong>em</strong> menção <strong>de</strong> sua <strong>experiência</strong> quan<strong>do</strong><br />
aluno primeiranista <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina. No capítulo intitula<strong>do</strong> Complicações, o autor<br />
<strong>de</strong>dicou-se a analisar os ferimentos por arma <strong>de</strong> fogo, sobretu<strong>do</strong>, fragmentos metálicos<br />
que eram arrasta<strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntalmente para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> corpo. Mais, instruiu os leitores <strong>de</strong><br />
seu trabalho que os corpos estranhos <strong>de</strong>veriam ser retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> corpo rapidamente e com<br />
total cuida<strong>do</strong>. Concluiu dizen<strong>do</strong> que “não é raro a cirurgiões pouco hábeis proce<strong>de</strong>r<strong>em</strong><br />
às explorações que taxo <strong>de</strong> bárbaras, como eu tenho visto, provocan<strong>do</strong> h<strong>em</strong>orragias,<br />
irritan<strong>do</strong> a ferida, causan<strong>do</strong> <strong>do</strong>res intoleráveis ao feri<strong>do</strong>, com fim, muitas vezes, <strong>de</strong> balas<br />
imaginárias...” 261<br />
Para corroborar o procedimento acima, Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto Torres trouxe à sua<br />
dissertação um praça, cujo nome consta somente a letra inicial, ‘C’, cor preta,<br />
259 TORRES, Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto. (1902). Op. cit. p. 58 e 59.<br />
260 I<strong>de</strong>m. Op. cit. p. 27 a 30.<br />
261 I<strong>de</strong>m. Op. cit. p. 64 e 65.<br />
122
fort<strong>em</strong>ente musculoso, alto, recebeu <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s uma ferida cul-<strong>de</strong>-sac 262 no <strong>do</strong>rso, por<br />
bala Mauser, que ficara nas massas musculares, s<strong>em</strong> siquer suspeitarmos. Quan<strong>do</strong><br />
exerceu a função <strong>de</strong> auxiliar, Alci<strong>de</strong>s Torres registrou os processos <strong>de</strong> anti-sepsia,<br />
drenag<strong>em</strong> e cicatrização <strong>do</strong> feri<strong>do</strong> e concluiu: “observamos freqüent<strong>em</strong>ente no referi<strong>do</strong><br />
Hospital muitos casos <strong>de</strong> eliminação <strong>do</strong>s corpos extranhos. Po<strong>de</strong> o projectil encravar-se<br />
ou enkystar-se e produzir taes irritações que torna-se preciso extrahil-o.” 263<br />
Outra test<strong>em</strong>unha ocular da linha <strong>de</strong> fogo, o sextanista Christiano Selmann Jr.<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra com distinção a tese Qual o tratamento cirúgico mais racional da<br />
Hypermetrophia da próstata no ano <strong>de</strong> 1897. Pesquisan<strong>do</strong> entre suas páginas, nada fora<br />
diretamente menciona<strong>do</strong> relativo à guerra ou ao hospital <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> Queimadas, on<strong>de</strong><br />
participara como auxiliar <strong>do</strong>s médicos militares. O mesmo se repetiu quan<strong>do</strong> analisamos<br />
o trabalho <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento <strong>do</strong> acadêmico baiano Eduar<strong>do</strong> Britto, seu colega <strong>de</strong> turma e<br />
<strong>de</strong> hospital <strong>de</strong> sangue.<br />
Eduar<strong>do</strong> Britto, sextanista quan<strong>do</strong> da guerra contra o arraial <strong>do</strong> Conselheiro,<br />
sustentara com plenitu<strong>de</strong> a tese com o título Hypo<strong>em</strong>ia Intertropical. Consta <strong>em</strong> sua tese<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento, na parte introdutória, que a confecção <strong>do</strong> trabalho não teve como<br />
objetivo apresentar uma reflexão científica ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a proposto, mas satisfazer a<br />
disposição regulamentar da Faculda<strong>de</strong>. E segue o autor: “b<strong>em</strong> sab<strong>em</strong>, os illustres<br />
mestres, que não é possível a um acadêmico <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seis annos <strong>do</strong> trabalhoso curso e<br />
com as sérias, ocupações <strong>do</strong> internato no hospital, apresentar um trabalho completo e<br />
livre <strong>de</strong> lacunas.” 264<br />
Os capítulos <strong>do</strong> sextanista se divi<strong>de</strong>m <strong>em</strong> Esboço histórico, Synonimia,<br />
Definição, Etiologia, Symptomatologia, Diagnóstico e Tratamento. No transcorrer <strong>de</strong><br />
seu texto nada há relativo à sua passag<strong>em</strong> pelo hospital <strong>de</strong> sangue estabeleci<strong>do</strong> na vila<br />
<strong>de</strong> Queimadas. O acadêmico conclui seu texto ressaltan<strong>do</strong> que o papel <strong>do</strong> médico é<br />
investir to<strong>do</strong>s os esforços para propagar a vida e, consequent<strong>em</strong>ente, jamais fraquejar<br />
ante qualquer <strong>do</strong>ença que comprometa o <strong>do</strong>ente. 265<br />
Consta na capa da tese <strong>de</strong> Theotonio Martins <strong>de</strong> Almeida, quartanista <strong>de</strong><br />
medicina quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> quartel das operações <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, a seguinte frase: ex-interno <strong>do</strong><br />
Hospital Santa Isabel, ex-auxiliar <strong>do</strong> Chefe <strong>do</strong> Serviço Sanitário e Favellas (Canu<strong>do</strong>s).<br />
262 Significa que o projétil não atravessara o corpo.<br />
263 TORRES, Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto. (1902). Op. cit. p. 66.<br />
264 BRITTO, Eduar<strong>do</strong>. Hypo<strong>em</strong>ia Intertropical. Ano: 1897. In: AFMB – THESES. Código da tese: 097 –<br />
E.<br />
265 I<strong>de</strong>m. p. 34.<br />
123
Theotonio <strong>de</strong> Almeida fizera parte da primeira turma enviada a guerra, passara o<br />
acadêmico pelo hospital da linha <strong>de</strong> fogo, mas, também, os da retaguarda instala<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
Queimadas e Monte Santo.<br />
Em 1899, Theotonio <strong>de</strong> Almeida recebera, com distinção, o grau <strong>de</strong> Doutor <strong>em</strong><br />
Sciencias Medico-Cirurgicas sustentan<strong>do</strong> à Faculda<strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> a respeito <strong>de</strong> um<br />
medicamento chama<strong>do</strong> Protargol. Suas observações a respeito <strong>do</strong> medicamento<br />
centraram-se <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s quan<strong>do</strong> interno no Hospital Santa Izabel, e nada foi<br />
relata<strong>do</strong> sobre sua passag<strong>em</strong> pelos hospitais <strong>de</strong> sangue <strong>do</strong> Exército há <strong>do</strong>is anos dali.<br />
Vitor Francisco Gonçalves, filho <strong>de</strong> Cândida Augusta Nogueira Gonçalves e<br />
Joaquim Francisco Gonçalves, era aluno da 6ª série <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> medicina e fora com a<br />
primeira turma <strong>de</strong> expedicionários da FMB ao hospital <strong>de</strong> sangue <strong>em</strong> Monte Santo. Na<br />
capa <strong>de</strong> sua tese lê-se a seguinte sentença: Pharmaceutico pela mesma Faculda<strong>de</strong>,<br />
Interno <strong>do</strong>s Hospitais <strong>de</strong> Sangue <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s na expedição Artur Oscar. Vitor<br />
Gonçalves <strong>do</strong>utorou-se com distinção <strong>em</strong> 1898, um ano após a guerra, e sua tese<br />
intitula-se A conservação <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s traumatismos <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros.<br />
No transcorrer <strong>do</strong> seu prólogo, Vitor Francisco Gonçalves relatou que ao<br />
concluir o tirocínio acadêmico, não possuía uma soma <strong>de</strong> conhecimento capaz <strong>de</strong><br />
elaborar uma dissertação <strong>de</strong> tamanha importância sobre cirurgia ou medicina e, na<br />
obrigação da tese, resolveu o autor lançar às páginas <strong>do</strong> trabalho algumas consi<strong>de</strong>rações<br />
sobre suas observações no Hospital, mas não revelou o nome <strong>do</strong> estabelecimento.<br />
Dentre suas observações, nada fora comenta<strong>do</strong> sobre suas práticas como auxiliar <strong>do</strong>s<br />
médicos-militares na vila <strong>de</strong> Monte Santo.<br />
A<strong>do</strong>lpho Vianna, test<strong>em</strong>unha ocular já <strong>de</strong>stacada no capítulo anterior, registrou,<br />
<strong>em</strong> sua tese Hygiene nos Hospitaes, que na Bahia não havia hospitais permanentes e<br />
exclusivamente <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s à população acometida por varíola e febre amarela.<br />
Comentou o autor que no ano <strong>de</strong> 1987, isto é, ano da guerra <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong><br />
varíola pre<strong>do</strong>minou na capital baiana e apesar <strong>do</strong>s esforços <strong>do</strong> governo Luis Viana, das<br />
secretarias, <strong>do</strong>s médicos e das comissões <strong>de</strong> higiene, parcos foram os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />
De acor<strong>do</strong> com o <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>, mais sucessos teriam as medidas se ali houvesse um<br />
hospital <strong>de</strong> isolamento b<strong>em</strong> organiza<strong>do</strong> e com um pessoal apto à prestar serviços aos<br />
epidêmicos. 266<br />
266 VIANNA, A<strong>do</strong>lpho. Hygiene <strong>do</strong>s Hospitaes. Ano: 1898. p. 50 e 51. In: AFMB – THESES. Código da<br />
tese: 098 – E.<br />
124
No capítulo V <strong>de</strong> sua dissertação, A<strong>do</strong>lpho Vianna comenta que durante os três<br />
últimos annos <strong>de</strong> tirocínio escholar fequentara com assiduida<strong>de</strong> o Hospital Santa Izabel,<br />
localiza<strong>do</strong> na capital baiana. Embora nada apareça <strong>em</strong> sua tese sobre a Campanha <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s, transcrev<strong>em</strong>os inúmeros casos <strong>de</strong> transferências <strong>de</strong> militares ao referi<strong>do</strong><br />
hospital que constam nos relatórios <strong>do</strong>s professores da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina naquele<br />
ano <strong>de</strong> 1897, por ex<strong>em</strong>plo, o relatório entregue ao diretor da FMB pelo professor<br />
Fortunato da Silva, lente da disciplina <strong>de</strong> Operações e aparelhos, o médico relatou que:<br />
“sahiram cura<strong>do</strong>s, no dia 4 <strong>do</strong> corrente [set<strong>em</strong>bro], os <strong>do</strong>entes que occuparam os leitos<br />
n. os 14, 52, 62, 71 e hoje <strong>do</strong>us outros, também cura<strong>do</strong>s, que estavam nos leitos n.º 41 e<br />
60. Foi transferi<strong>do</strong> para o hospital <strong>de</strong> Santa Izabel, a fim <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> uma afecção<br />
occular, o <strong>do</strong>ente <strong>do</strong> leito n.º 61.” 267 [grifo nosso]<br />
Deo<strong>do</strong>ro Álvares Soares, baiano, filho <strong>de</strong> Joaquina Mame<strong>de</strong> <strong>de</strong> Araújo Soares e<br />
Álvaro Ernestino Soares, cursava a 4ª serie e trabalhara na Enfermaria Kekulé quan<strong>do</strong><br />
irrompeu a quarta expedição ao vilarejo conselheirista. Forma<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1899, apresentara à<br />
Faculda<strong>de</strong> a tese Alguns traços <strong>de</strong> nossa população sob o ponto <strong>de</strong> vista higiênico e<br />
evolucionista. Em suas páginas iniciais, ao estudar os <strong>de</strong>lineamentos étnicos e<br />
antropológicos <strong>do</strong> Brasil, <strong>em</strong>basa<strong>do</strong> na literatura <strong>do</strong> jurista sergipano Silvio Romero 268 ,<br />
Deo<strong>do</strong>ro Soares afirmou que o brasileiro era um ser leviano, mais <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à querela<br />
que propriamente à capacida<strong>de</strong> inventiva; mais lunático que afeito às idéias científicas.<br />
Comentou, ainda, que entre os brasileiros não havia ciência, muitos menos a existência<br />
<strong>de</strong> um célebre Shakespeare ou Goethe... Estávamos então mergulha<strong>do</strong>s no mais<br />
profun<strong>do</strong> universo fantástico e com ouvi<strong>do</strong>s atentos a “mystica ridícula <strong>do</strong> beato<br />
enfermo e fanático.” 269<br />
O século XIX projetara a ciência como responsável pela explicação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e<br />
no que concerne ao Brasil, as comunida<strong>de</strong>s científicas seriam as responsáveis por<br />
projetar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente brasileira e, análogo a isso, lançar um país<br />
mo<strong>de</strong>rno ao cenário internacional, essencialmente europeu. Nos gabinetes <strong>em</strong> que se<br />
discutiam a chamada missão civilizatória da ciência que, <strong>de</strong>ntre outros intelectuais,<br />
inclui a figura <strong>de</strong> Sylvio Romero, havia o consenso <strong>de</strong> que o futuro étnico <strong>do</strong> país<br />
<strong>de</strong>pendia <strong>do</strong>s intelectuais, responsáveis por interpretar a diversida<strong>de</strong> brasileira.<br />
267<br />
AFMB – Caixa Ano 1897: código. 01.07.0574. Maço <strong>do</strong>cumentação referente à Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
268<br />
ROMERO, Sylvio. A Phylosophia no Brasil – ensaio critico. Porto Alegre: Typographia da “Deutche<br />
Zeitung”, 1878.<br />
269<br />
SOARES, Deo<strong>do</strong>ro Álvares. Alguns traços <strong>de</strong> nossa população sob o ponto <strong>de</strong> vista higiênico e<br />
evolucionista. Ano: 1899. In: AFMB – THESES. Código da tese: 099 – E.<br />
125
Estabelecer uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> genuinamente nacional, como já <strong>de</strong>stacamos, era<br />
pauta nos gabinetes <strong>do</strong>s bacharéis da república, não só, mas essencialmente entre as<br />
faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medicina e <strong>de</strong> direito. Dentro <strong>do</strong>s espaços acadêmicos eram<br />
diagnostica<strong>do</strong>s os probl<strong>em</strong>as <strong>do</strong> Brasil e os méto<strong>do</strong>s a ser<strong>em</strong> <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s para que o<br />
país caminhasse <strong>em</strong> direção ao progresso, fosse por b<strong>em</strong> ou por mal.<br />
Entre idiossincráticos, fanáticos, <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s, criminosos e bêba<strong>do</strong>s,... Antonio<br />
Vicente Men<strong>de</strong>s Maciel e seus segui<strong>do</strong>res saíram da caatinga e ganharam as páginas das<br />
dissertações <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento <strong>de</strong> alguns alunos da faculda<strong>de</strong>. As teses, apesar <strong>de</strong> alguns<br />
forman<strong>do</strong>s a consi<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> fastidiosa, se apresentaram como uma outra ferramenta <strong>de</strong><br />
manifestação <strong>do</strong>s estudantes, isto é, um outro espaço <strong>de</strong> produção intelectual, junto com<br />
jornais e outras formas <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> idéias.<br />
Em alguns casos, os alunos carregaram suas observações e práticas adquiridas<br />
com os feri<strong>do</strong>s da guerra para o campo da história da medicina militar, fez-se ali<br />
pre<strong>do</strong>minar a idéia <strong>de</strong> Roy Porter <strong>em</strong> que “muitos cirurgiões apren<strong>de</strong>ram ou<br />
<strong>de</strong>senvolveram a arte <strong>de</strong> cortar no exército – o campo <strong>de</strong> batalha era, proverbialmente, a<br />
escola <strong>de</strong> cirurgia.” 270<br />
Outros estudantes apontaram que o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>sprendi<strong>do</strong> para trabalho nas<br />
enfermarias, fosse <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s ou <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r, constitui um <strong>em</strong>pecilho à confecção da<br />
dissertação. Ao analisar as teses e suas teorias supracitadas, ao menos as poucas que<br />
conseguimos transcrever, notamos que, para alguns acadêmicos, Canu<strong>do</strong>s significou um<br />
<strong>do</strong>s vários probl<strong>em</strong>as sociais <strong>em</strong> evidência no final <strong>do</strong> século XIX e, ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />
um <strong>em</strong>pecilho para confecção <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso.<br />
Perceb<strong>em</strong>os <strong>em</strong> alguns trabalhos supracita<strong>do</strong>s que havia uma tentativa <strong>de</strong> pensar<br />
cientificamente o Brasil, ou melhor, <strong>de</strong>terminar como <strong>de</strong>veria ser socialmente composto<br />
o país sob o manto <strong>de</strong> Cesare Lombro e Enrico Ferri. Escrever um trabalho <strong>de</strong> final <strong>de</strong><br />
curso propon<strong>do</strong> analisar os aspectos sociais que proporcionaram a gênese <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s, ou seja, latifúndio, s<strong>em</strong>i-escravidão e miséria, o aluno po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>stoar da<br />
or<strong>de</strong>m natural das coisas.<br />
Centenas <strong>de</strong> teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong>veriam ser<br />
analisadas para que categoricamente pudéss<strong>em</strong>os apontar um consenso entre os<br />
estudantes que participaram <strong>do</strong> episódio Canu<strong>do</strong>s, tanto os que auxiliaram seus<br />
professores na capital, quanto os que foram à linha <strong>de</strong> fogo. O que conseguimos<br />
270 PORTER, Roy. Das tripas coração – uma breve história da medicina. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Record, 2004.<br />
p. 140.<br />
126
sublinhar é que muitos <strong>do</strong>s acadêmicos <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> formatura e outros ainda<br />
inexperientes, propagaram o que havia <strong>de</strong> corrente na literatura científica acerca <strong>do</strong>s<br />
homens e mulheres que viviam no arraial <strong>do</strong> Conselheiro, subscreveram a idéia da<br />
Canu<strong>do</strong>s bárbara. Caminharam os alunos pelas mesmas estradas teóricas <strong>de</strong> seus<br />
professores, se não to<strong>do</strong>s, ao menos alguns. Aliás, qu<strong>em</strong> ali faria o contrário? Se houve,<br />
só ouvin<strong>do</strong> aquelas centenas <strong>de</strong> vozes que ainda carec<strong>em</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>...<br />
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Des<strong>de</strong> já é aqui cabível frisar que nosso interesse, no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>ste trabalho, foi<br />
estudar a participação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia no conflito trava<strong>do</strong> no<br />
interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia. Aqui não preten<strong>de</strong>mos, <strong>em</strong> nenhum momento, estabelecer<br />
comparação ou comentários sobre as práticas tanto <strong>do</strong>s professores quanto <strong>do</strong>s alunos<br />
daquela instituição. Não possuímos nenhuma formação técnica que permita expor<br />
alguma alusão ao assunto. Nosso interesse é extrair o que <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s fora percebi<strong>do</strong><br />
tanto por seus diretores e professores quanto por seus acadêmicos ou no transcorrer da<br />
guerra ou <strong>em</strong> seus anos subsequentes.<br />
No momento <strong>em</strong> que iniciamos nossos estu<strong>do</strong>s ao re<strong>do</strong>r da FMB encontramos<br />
uma bibliografia centrada <strong>em</strong>, basicamente, três focos: (A) a Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s, ou<br />
melhor, a versão <strong>de</strong> Antonio Vicente Men<strong>de</strong>s Maciel a partir da Medicina Legal <strong>do</strong><br />
professor Raymun<strong>do</strong> Nina Rodrigues, particularmente <strong>em</strong> As collectivida<strong>de</strong> anormaes;<br />
(B) a Faculda<strong>de</strong> a partir o uso intenso <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> Raio X, aplica<strong>do</strong> aos solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
<strong>front</strong> e (C) narrativas <strong>de</strong> alguns acadêmicos que visitaram o arraial e algumas biografias<br />
a respeito <strong>de</strong>stes mesmos alunos. Nossa pretensão fora a <strong>de</strong> ir um pouco além <strong>de</strong>stes<br />
itens.<br />
A vastidão <strong>do</strong> nosso objeto é tamanha que nossa consciência pesa. Primeiro, para<br />
expandir a visão “médica” que incidiu <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s, seria interessante pesquisar se cada<br />
médico <strong>do</strong> Exército escreveu algum relatório no final <strong>do</strong> combate, ou se compôs uma<br />
versão pessoal sobre o quê encontrara no <strong>front</strong>. Segun<strong>do</strong>, esquadrinhar o que os<br />
professores da FMB escreveram a posteriori, na vida privada, sobre a Campanha, isto é,<br />
penetrar <strong>em</strong> seus arquivos pessoais e, talvez, ler suas cartas, para ao menos lançar mais<br />
luz à m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong>s letra<strong>do</strong>s da República. Terceiro, na 3ª expedição enviada a cida<strong>de</strong>la<br />
<strong>do</strong> beato Conselheiro, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> coronel Antonio Moreira César, também havia<br />
uma linha <strong>de</strong> médicos <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s aos feri<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>entes <strong>em</strong> Campanha. O que há escrito<br />
sobre eles?<br />
Dentre várias, nossa dissertação <strong>de</strong>ixou as lacunas acima. É, a nosso ver, um<br />
trabalho <strong>em</strong>brionário. Um outro <strong>de</strong>talhe, não conseguimos abordar especificamente a<br />
Faculda<strong>de</strong> a não ser a partir <strong>do</strong> transcorrer da guerra. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> primeiro<br />
compreen<strong>de</strong>r os caminhos contextuais que levaram a formação <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s e seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, assim como mostrar a dimensão que tomava o movimento <strong>do</strong><br />
128
Conselheiro no interior <strong>do</strong> sertão foi importante para construirmos algumas linhas sobre<br />
as investidas <strong>do</strong> diretor, vice-diretor, professores, corpo administrativo e discente no<br />
con<strong>front</strong>o.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po, notamos que a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia esteve tanto<br />
na linha <strong>de</strong> fogo quanto <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r. Apesar <strong>do</strong>s professores não se prontificar<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
marchar <strong>em</strong> direção à mira <strong>do</strong>s mannlinchers e comblains, os alunos se lançaram ao<br />
<strong>front</strong>, talvez por obrigação, promessa, necessida<strong>de</strong> financeira, amor a República, ou<br />
<strong>de</strong>voção à medicina... Aqui somente relacionamos os vestígios.<br />
Ao que nos parece nenhuma das autorida<strong>de</strong>s – fosse o presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
Moraes, fosse o Exército, fosse o governa<strong>do</strong>r Luis Vianna, muito menos a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina – imaginavam a proporção que tomaria o combate. A visão <strong>do</strong> litoral, mesmo<br />
que <strong>de</strong>senhada pela vastidão azulada <strong>do</strong> Atlântico, era extr<strong>em</strong>amente limitada, ou seja,<br />
entre os homens da sciencia, poucos enxergavam além <strong>de</strong> seus gabinetes, e se<br />
percebiam algum mun<strong>do</strong> após suas mesas, este mun<strong>do</strong> não cont<strong>em</strong>plava Canu<strong>do</strong>s.<br />
A imersão da Faculda<strong>de</strong> na guerra, <strong>em</strong> nossa opinião, liga-se à escassa percepção<br />
<strong>do</strong> Exército ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fenômeno Canu<strong>do</strong>s e, igualmente, da ignorância <strong>do</strong> que havia<br />
sobre interior <strong>do</strong> Brasil por parte das autorida<strong>de</strong>s citadinas. Como ressaltamos no<br />
Capítulo II, os <strong>do</strong>utores da Faculda<strong>de</strong> entraram na batalha para saciar um chama<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Ministério da Guerra, não imaginavam os médicos militares que para o sertão <strong>de</strong>veriam<br />
ser <strong>de</strong>spendi<strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> r<strong>em</strong>édios e pessoal especializa<strong>do</strong> para lidar com<br />
a solda<strong>de</strong>sca. Nos parece que a morte <strong>do</strong> coronel Antonio Moreira César recru<strong>de</strong>sceu<br />
ainda mais o olhar nacional a respeito da resistência conselheirista, mas exist<strong>em</strong><br />
ressalvas, como notamos.<br />
Entre o movimento <strong>do</strong> Hospital <strong>de</strong> Sangue <strong>de</strong> Monte Santo, como aborda<strong>do</strong><br />
anteriormente, 4193 combatentes <strong>de</strong>ram entrada ao hospital, e 3570 foram transferi<strong>do</strong>s<br />
para outras unida<strong>de</strong>s ali por perto ou se <strong>de</strong>slocaram até Salva<strong>do</strong>r, o que quer dizer que<br />
os médicos <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong>ram solução a 0,085% das questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que por lá<br />
apareceram, s<strong>em</strong> mencionar os <strong>do</strong>utores que <strong>de</strong>sertaram. A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina foi<br />
chamada para cobrir àquela insuficiência, um erro <strong>de</strong> cálculo.<br />
Os professores da FMB, igualmente, enfrentaram dificulda<strong>de</strong>s materiais, porque<br />
algumas unida<strong>de</strong>s não possuíam sequer leitos para os feri<strong>do</strong>s, cobertores para os <strong>do</strong>entes<br />
<strong>de</strong>ita<strong>do</strong>s pelo chão e, paralelo a isso, o pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> um ambiente insalubre entre<br />
enfermarias. A maior parte <strong>do</strong> suprimento das enfermarias, ao menos os que<br />
verificamos, esteve relacionada às visitas da Comissão <strong>do</strong> Comitê Patriótico da Bahia,<br />
129
cuja função era i<strong>de</strong>ntificar e encaminhar soluções materiais às unida<strong>de</strong>s provisórias da<br />
capital baiana.<br />
A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia, o governo estadual e fe<strong>de</strong>ral, o Ministério da<br />
Guerra, o Ministério da Justiça, o Ministério da Fazenda... Todas estas instituições não<br />
escaparam a Canu<strong>do</strong>s. A FMB <strong>de</strong>u suporte intelectual à trama anti-Canu<strong>do</strong>s, legitimou<br />
a sciencia na linha <strong>de</strong> fogo, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a República, mesmo sen<strong>do</strong> integrante <strong>do</strong> último<br />
Esta<strong>do</strong> que a reconheceu, levou alunos ao laboratório que não possuía, mostrou-lhes os<br />
cadáveres e os procedimentos cirúrgicos que apenas estavam nos compêndios à espera<br />
<strong>de</strong> qu<strong>em</strong> os less<strong>em</strong>, os lentes.<br />
Nada se ganha numa guerra a não ser <strong>experiência</strong> <strong>de</strong> não repeti-la; e, na maior<br />
parte das vezes, pairam sombras a ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>scortinadas. A <strong>experiência</strong> pela qual passara<br />
a FMB, fosse na capital baiana ou na linha <strong>de</strong> frente, é ainda um campo <strong>em</strong> aberto.<br />
Talvez, <strong>em</strong> mais uma arriscada opinião, não sab<strong>em</strong>os se há uma Faculda<strong>de</strong> antes da<br />
guerra, e outra <strong>de</strong>pois, porque <strong>de</strong>veríamos analisar um mar <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos para<br />
cientificar esta suposição. Mas ninguém ali <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res da Faculda<strong>de</strong> passou<br />
indiferente à t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
Observamos que seus alunos, anos <strong>de</strong>pois da permanência no teatro bélico, ainda<br />
comentavam sobre o que presenciaram entre mortos e feri<strong>do</strong>s nas enfermarias. Aliás,<br />
mais teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento percebiam a mancha nacional que <strong>de</strong>ixara o Exército no<br />
arraial <strong>do</strong> Belo Monte. No calor da hora, apareceram os heróis da guerra e a Faculda<strong>de</strong><br />
não se <strong>em</strong>baraçou <strong>em</strong> imortalizá-los <strong>em</strong> platina <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática. To<strong>do</strong>s, nas com<strong>em</strong>orações<br />
pós-guerra, reuni<strong>do</strong>s no Salão Nobre, falavam <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, viviam o presente e, qu<strong>em</strong><br />
sabe, projetavam o futuro, agora s<strong>em</strong> uma Canu<strong>do</strong>s, a <strong>de</strong>les, mas outras existiam e<br />
existirão.<br />
Este trabalho nasceu da nossa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s, sentir sua atmosfera, caminhar pela caatinga e ver mais entre o céu e a terra<br />
que uma gama <strong>de</strong> livros. Foi uma tentativa <strong>de</strong> perceber suas dimensões, e quais as vozes<br />
<strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las. Provavelmente este trabalho mostre uma das vozes, forneça mais<br />
pluralida<strong>de</strong> às histórias daquela guerra, mas nada mais que isso. As marcas da guerra<br />
ficaram pelas histórias <strong>do</strong>s que lutaram por sua vez no mun<strong>do</strong>, pelas suas escolhas e<br />
crença nas virtu<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s homens.<br />
Portanto, esperamos ter contribuí<strong>do</strong> para a vastidão historiográfica sobre o t<strong>em</strong>a<br />
Canu<strong>do</strong>s, e que a partir <strong>de</strong>stas linhas transcritas, mais interpretações venham suprir<br />
nossos vazios, que mais biografias germin<strong>em</strong>, que mais personagens ganh<strong>em</strong> vez para<br />
130
que as interrogações sejam o fio condutor <strong>de</strong>sta história, imortalizada pela sua<br />
representação à história brasileira, e <strong>de</strong>lineada pela esperança <strong>do</strong>s que caíram no <strong>front</strong>.<br />
131
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137
ANEXOS 271<br />
- Relatórios médicos<br />
- Mapas <strong>de</strong> algumas enfermarias<br />
- Catalogação das teses <strong>de</strong> alguns acadêmicos que participaram da Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s<br />
- Doenças - glossário<br />
- Mapa da região <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s com a localização <strong>do</strong>s Hospitais <strong>de</strong> Sangue<br />
- os <strong>do</strong>cumentos acima foram separa<strong>do</strong>s por uma folha a cada troca <strong>de</strong> relatório ou mapa<br />
<strong>de</strong> enfermaria<br />
271 Material transcrito <strong>do</strong> AFMB por Alexan<strong>de</strong>r Magnus Silva Pinheiro. Última revisão <strong>em</strong> 4/07/2008.<br />
138
Illustre Cidadão Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina 272<br />
Juncto com este r<strong>em</strong>etto-vos o Mappa <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes entra<strong>do</strong>s e sahi<strong>do</strong>s n’esta<br />
enfermaria <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 6 até 19 <strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> anno vigente, <strong>em</strong> vista <strong>do</strong> qual<br />
verificareis – haver<strong>em</strong> entra<strong>do</strong> até esta data 83 <strong>do</strong>entes e sahi<strong>do</strong> 19; existin<strong>do</strong><br />
atualmente 9 leitos vazios.<br />
Aproveito a opportunida<strong>de</strong> para apresentar-vos os sentimentos <strong>de</strong> súbita<br />
estima e alta consi<strong>de</strong>ração.<br />
Enfermaria à cargo <strong>do</strong> Dr. Fortunato Augusto da Silva Jr., 19<br />
<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato Augusto da Silva Jr.<br />
___________________________________________________________________<br />
Illustre Cidadão Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Communico-vos que hoje tiverão altas 2 <strong>do</strong>entes, sen<strong>do</strong> 1 por cura<strong>do</strong> e<br />
outros transferi<strong>do</strong>s para o hospital Santa Isabel.<br />
Há portanto 11 leitos vazios, estan<strong>do</strong> esta Directoria sciente <strong>de</strong> 9 leitos vazios<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> hont<strong>em</strong> por officio com que encaminhava eu o Mappa e 2 por communicação<br />
agora feita.<br />
Aproveito a occasião para apresentar-vos os meus sentimentos <strong>de</strong> súbita<br />
estima.<br />
Bahia e Enfermaria a cargo <strong>do</strong> Dr. Fortunato da Silva Jr, 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva.<br />
___________________________________________________________________<br />
Illustre Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Communico-vos que hoje vagou-se mais um leito, o sob nº 2, por ter si<strong>do</strong><br />
transferi<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente que o occupava, <strong>em</strong> vista <strong>de</strong> estar ataca<strong>do</strong> <strong>de</strong> varíola.<br />
Bahia, 24 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva.<br />
___________________________________________________________________<br />
Illustre cidadão Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
272 Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia. Caixa 1897 – 01.07.0574. Maço Canu<strong>do</strong>s.<br />
Communico-vos que ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> alta hoje mais 10 <strong>do</strong>entes por cura<strong>do</strong>s a<br />
enfermaria possue mais 10 leitos vazios.<br />
Bahia, 26 <strong>de</strong> ag. to. <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva.<br />
___________________________________________________________________<br />
Illustre cidadão Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Communico-vos que <strong>de</strong>i hont<strong>em</strong> alta por cura<strong>do</strong> a um <strong>do</strong>ente que pcopava o<br />
leito nº.<br />
B a , 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva.<br />
___________________________________________________________________<br />
Ill. mo. Snr. Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Communico-vos <strong>de</strong>i alta hoje a um <strong>do</strong>ente que occupava o leito nº 3. Foi<br />
cura<strong>do</strong>.<br />
B a , 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva.<br />
___________________________________________________________________<br />
Illustre cidadão Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia<br />
Cammunico-vos que tiverão alta hoje os <strong>do</strong>entes que occuparão os leitos 54<br />
e 52, e que portanto há mais estes 2 leitos vazios.<br />
Bahia, 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva.<br />
___________________________________________________________________<br />
Communico-vos que sahiram cura<strong>do</strong>s, no dia 4 <strong>do</strong> corrente, os <strong>do</strong>entes que<br />
occuparam os leitos n. os 14, 52, 62, 71 e hoje <strong>do</strong>us outros, também cura<strong>do</strong>s, que<br />
estavam nos leitos n.º 41 e 60. Foi transferi<strong>do</strong> para o hospital <strong>de</strong> Santa Izabel, afim <strong>de</strong><br />
tratar-se <strong>de</strong> uma afecção occular, o <strong>do</strong>ente <strong>do</strong> leito n.º 61.<br />
Bahia, 6 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva.<br />
___________________________________________________________________<br />
139
Illustre cidadão Dr. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Surprehen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-me o vosso officio sob n.º 312 <strong>de</strong> hont<strong>em</strong> data<strong>do</strong> solicitan<strong>do</strong><br />
informações sobre os pedi<strong>do</strong>s, feitos por mim e meus distinctos collegas assistentes,<br />
<strong>de</strong> medicamentos ao laboratório pharmaceutico d’esta Faculda<strong>de</strong>, tenho a <strong>de</strong>clararvos<br />
que a excepção menthol e [ilegível] e <strong>de</strong> água <strong>de</strong> Vichy –, que o laboratório não<br />
possuía então, conforme pessoalmente refiro-me o illustra<strong>do</strong> collega que<br />
superinten<strong>de</strong> a pharmácia, fazen<strong>do</strong> <strong>em</strong> mesmo a substituição das substancias<br />
supracitadas, tu<strong>do</strong> mais t<strong>em</strong> servi<strong>do</strong> a nosso contato, feito com a maior perícia e<br />
[ilegível] para esta Enfermaria com a promptidão e brevida<strong>de</strong> possível.<br />
Forçoso é confessar-vos que eu e meus <strong>do</strong>is collegas assistentes assim não<br />
trepidamos <strong>em</strong> <strong>de</strong>clarar que reconhec<strong>em</strong>os como factor importantíssimo para a boa<br />
marcha <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>sta enfermaria e nosso pelo qual s<strong>em</strong>pre se t<strong>em</strong> havi<strong>do</strong> o<br />
laboratório d’esta Faculda<strong>de</strong>.<br />
Aproveito a occasião para apresentar-vos os meus sentimentos <strong>de</strong> súbita<br />
estima.<br />
Bahia, 23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato Silva Jr.<br />
___________________________________________________________________<br />
Ill. mo Snr. D r. Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
De posse <strong>do</strong> vosso officio data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 24 e recebi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 27, venho <strong>de</strong>clarar-vos<br />
que, juntamente com os collegas e alunnos que comigo serviram, me tenho retira<strong>do</strong><br />
da enfermaria que acha-se sob a minha direcção e estou prompto para o serviço da<br />
Faculda<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> a direcção por vós <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s.<br />
Devo comunicar-vos que to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>entes até então a meu cargo, ficam nas<br />
melhores e mais lisongeiras condições possíveis, folgan<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>clarar-vos que,<br />
durante a minha administração, não tive a registrar felizmente um só caso <strong>de</strong> óbito.<br />
Saú<strong>de</strong> e Fraternida<strong>de</strong>.<br />
Bahia, 30 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva Junior.<br />
Professor <strong>de</strong> Opperações e apparelhos.<br />
___________________________________________________________________<br />
140
Números<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
MAPPA<br />
Enfermaria a cargo <strong>do</strong> Dr. Fortunato Augusto da Silva Junior - Entradas e sahidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> agosto a 19 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897<br />
Nomes<br />
Silvério Manoel<br />
Ferreira<br />
Gregório Pinto<br />
Ban<strong>de</strong>ira<br />
Antonio José <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Joaquim Ignacio<br />
Laurin<strong>do</strong><br />
Carlos Magno da<br />
Trinda<strong>de</strong><br />
Francisco Bernar<strong>do</strong><br />
Thomé Francisco<br />
Xavier<br />
Florisbello Luiz <strong>do</strong><br />
Couto<br />
Manoel João <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Francisco Tertuliano<br />
Batalhão<br />
12<br />
12<br />
32<br />
25<br />
12<br />
30<br />
30<br />
12<br />
12<br />
31<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
Região <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Região anterior da<br />
perna esquerda<br />
Região glútea direita<br />
Região anterior <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong><br />
Região palpebral<br />
superior esquerda<br />
Região (ilegível)<br />
esquerda<br />
Região tibial posterior<br />
direita<br />
Região (ilegível)<br />
anterior esquerda<br />
Regiões clavicular<br />
esquerda e lateral <strong>do</strong><br />
thorax esquer<strong>do</strong><br />
Região super-scapular<br />
esquerda<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Entradas<br />
Agosto 6<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Sahidas<br />
Agosto<br />
10<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
//<br />
//<br />
//<br />
Observações<br />
Transferi<strong>do</strong> para o Hospital <strong>de</strong><br />
Santa Isabel para fazer<br />
tratamento da affecção <strong>do</strong><br />
globo ocular<br />
141
Números<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
Nomes<br />
Marcos Gomes <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Manoel <strong>de</strong> Sant’Anna<br />
Francisco Philippe <strong>de</strong><br />
Lima<br />
José Alves <strong>de</strong> Lima<br />
João Ribeiro Campos<br />
<strong>do</strong> Rego<br />
Manoel <strong>de</strong> Freitas<br />
Azeve<strong>do</strong><br />
Anísio Manoel <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Prudêncio Amaro<br />
Mace<strong>do</strong><br />
João Baptista Correa<br />
José Firmino <strong>de</strong><br />
Sant’Anna<br />
Batalhão<br />
31<br />
31<br />
25<br />
25<br />
25<br />
25<br />
12<br />
31<br />
5<br />
32<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
Regiões peitoral direita<br />
e branquial interna<br />
direita<br />
Região scapular direita<br />
Região brachial<br />
posterior esquerda<br />
Região antero-externa<br />
da perna esquerda<br />
Regiões anteriores da<br />
coxa esquerda e braço<br />
direito<br />
Regiões lateral <strong>do</strong><br />
thorax esquer<strong>do</strong> e<br />
<strong>do</strong>rsal direito<br />
Região brachial<br />
posterior direita<br />
Braço direito, abdômen<br />
e mão esquerda<br />
Região brachial<br />
anterior direita com<br />
fractura<br />
Região maxilar inferior<br />
direita e fistular<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Abertura <strong>de</strong> 2 focos da<br />
região antero posterior<br />
<strong>do</strong> cotovello direito e<br />
(ilegível) <strong>de</strong> fístula da<br />
região antero externa<br />
<strong>do</strong> antebraço direito<br />
Abertura <strong>de</strong> foco<br />
purulento no braço<br />
Entradas<br />
Agosto 6<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Sahidas<br />
Agosto<br />
Agosto<br />
17<br />
Agosto<br />
17<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Observações<br />
Rheumatismo articular e<br />
muscular<br />
142
Números<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
Nomes<br />
Francisco Salles <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Antonio Heleo<strong>do</strong>ro<br />
<strong>do</strong>s Santos Passos<br />
João Santo <strong>de</strong><br />
Menezes<br />
Manoel Alves<br />
Cavalcanti<br />
Alcasíbar Medina<br />
Hosper<br />
Manoel Agostinho <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Sebastião Alves <strong>de</strong><br />
Men<strong>do</strong>nça<br />
José Fortunato da<br />
Silva<br />
Manoel Pereira<br />
Bastos<br />
João Philippe <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Batalhão<br />
34<br />
14<br />
30<br />
35<br />
5<br />
33<br />
25<br />
27<br />
9<br />
5<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
Região braquial<br />
anterior direita<br />
Região externa da<br />
perna<br />
Região maxilar inferior<br />
direita com fractura e<br />
fístula<br />
Região <strong>de</strong>ltoidiana<br />
esquerda<br />
Região anterior <strong>do</strong><br />
thorax direito e fistula<br />
Regiões clavicular<br />
esquerda e a lateral <strong>do</strong><br />
thorax esquer<strong>do</strong><br />
Região portero-externa<br />
<strong>do</strong> ante-braço direito<br />
Fractura com calo<br />
vicia<strong>do</strong> <strong>do</strong> radius<br />
esquer<strong>do</strong> e ferimento<br />
da região anterior <strong>do</strong><br />
braço<br />
Fractura dupla <strong>do</strong> antebraço<br />
esquer<strong>do</strong><br />
complicada.<br />
Fractura consolidada<br />
<strong>do</strong> braço direito e<br />
ankylose <strong>do</strong> cotovello<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Extração <strong>de</strong> bala<br />
manulicher na região<br />
anterior <strong>do</strong> braço,<br />
abaixo <strong>do</strong> biceps<br />
Extração <strong>de</strong> bala<br />
manulicher na região<br />
lateral esquerda <strong>do</strong><br />
thorax<br />
Extração <strong>de</strong> bala <strong>de</strong><br />
Manulicher na região<br />
lateral <strong>do</strong> thorax<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Entradas<br />
Agosto 6<br />
Agosto<br />
14<br />
Agosto 6<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Sahidas<br />
Agosto<br />
17<br />
Agosto<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Observações<br />
143
Números<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
Nomes<br />
Francisco José <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong><br />
Manoel Francisco<br />
Mattos<br />
Leandro Macha<strong>do</strong><br />
Manoel Alves <strong>de</strong><br />
Albuquerque<br />
Hermin<strong>do</strong> Alves <strong>de</strong><br />
Souza<br />
João Manoel <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
José Laurentino<br />
Accioli<br />
Phila<strong>de</strong>lpho Luca <strong>de</strong><br />
Fontoura<br />
Olympio Bezerra Lima<br />
João Baptista Dutra<br />
Antonio Manoel<br />
Francisco<br />
Batalhão<br />
30<br />
31<br />
30<br />
9<br />
9<br />
14<br />
1<br />
30<br />
12<br />
9<br />
25<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
Regiões <strong>do</strong>rsal e<br />
palmar esquerdas<br />
Regiões posterior <strong>do</strong><br />
thorax esquer<strong>do</strong> e<br />
lateral <strong>do</strong> direito<br />
Região geniana<br />
esquerda<br />
Regiões da nuca e<br />
posterior da perna<br />
direita<br />
Flanco direito<br />
Região (ilegível)<br />
anterior esquerda e<br />
cotovello esquer<strong>do</strong><br />
Regiões glútea e<br />
(ilegível) externa direita<br />
Região <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Região tibial anterior<br />
direita<br />
Região super-scapular<br />
direita<br />
Palex direito<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Abertura <strong>de</strong> um foco<br />
na região <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Extração <strong>de</strong> bala<br />
manulicher na região<br />
anterior da perna<br />
direita<br />
Extracção <strong>de</strong> bala<br />
manulicher na região<br />
lateral direita <strong>do</strong> thorax<br />
Extração <strong>de</strong> chumbo<br />
na região <strong>do</strong>rsal da<br />
mão direita<br />
Entradas<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Agosto 6<br />
Sahidas<br />
Agosto<br />
19 (+)<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Observações<br />
Transferi<strong>do</strong> para o Arsenal<br />
por castigo<br />
144
Números<br />
42<br />
43<br />
44<br />
45<br />
46<br />
47<br />
48<br />
49<br />
50<br />
51<br />
52<br />
53<br />
Nomes<br />
? da Costa Martins<br />
Antonio Rafael<br />
Borges<br />
Antonio Cal<strong>de</strong>ira<br />
Marinho<br />
João Estevão<br />
Octaviano Martins<br />
L<strong>em</strong>os<br />
José Hygino <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Ignácio Antonio <strong>de</strong><br />
Freitas Lyra<br />
Pedro Rochin <strong>de</strong><br />
Moura<br />
Antonio Ferreira da<br />
Silva<br />
Pedro <strong>do</strong>s Santos da<br />
Silva<br />
Luiz Gonzaga da<br />
Costa<br />
Antonio Salustiano<br />
Pereira<br />
Batalhão<br />
25<br />
5<br />
30<br />
32<br />
31<br />
31<br />
32<br />
25<br />
14<br />
30<br />
16<br />
33<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
In<strong>de</strong>x direito<br />
Região anti-braquial<br />
posterior direita<br />
Região infra-hysi<strong>de</strong>a<br />
Região antero-externa<br />
da perna esquerda<br />
Região <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé<br />
direito<br />
Região facial direita e<br />
labial esquerda<br />
Região <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Região anterior <strong>do</strong><br />
ante-braço direito<br />
Regiões postero-lateral<br />
<strong>do</strong> thorax direito e<br />
brachial anterior direita<br />
Região scapular<br />
esquerda<br />
Região (ilegível)<br />
interna e politéa<br />
esquerda<br />
Região <strong>do</strong>rsal da mão<br />
direita<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Entradas<br />
Agosto 6<br />
Agosto 6<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Sahidas<br />
Agosto<br />
15<br />
Agosto<br />
15<br />
Agosto<br />
18<br />
Agosto<br />
17<br />
Agosto<br />
19<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Observações<br />
145
Números<br />
54<br />
55<br />
56<br />
57<br />
58<br />
59<br />
60<br />
61<br />
62<br />
63<br />
64<br />
65<br />
Nomes<br />
Benjamim Martins<br />
Monteiro<br />
Cl<strong>em</strong>ente Ferreira da<br />
Silva<br />
Fernan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pinho<br />
Oliveira<br />
Sebastião Tavares<br />
Bastos<br />
João Ferreira Lima<br />
José Antonio <strong>de</strong><br />
Olivera<br />
José Maria <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong><br />
José Ignácio Ramos<br />
Raymun<strong>do</strong> Ferreira<br />
da Silva<br />
Francisco Domingos<br />
<strong>do</strong> Nascimento<br />
Manoel João<br />
Francisco <strong>do</strong>s Santos<br />
Thiago <strong>de</strong> Oliveira<br />
Batalhão<br />
33<br />
1<br />
16<br />
5<br />
30<br />
12<br />
12<br />
12<br />
125<br />
25<br />
31<br />
25<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
Região anterior <strong>do</strong><br />
braço direito<br />
Regiões infra-clavicular<br />
esquerda e infrascapular<br />
esquerda<br />
Regiões (ilegível)<br />
posterior direita e<br />
anterior esquerda<br />
Regiões <strong>de</strong>ltoidiana<br />
direita, brachial<br />
posterior direita e<br />
t<strong>em</strong>poral direita<br />
Região posteriorexterna<br />
da perna<br />
direita<br />
Região super-clavicular<br />
direita<br />
Regiões brachial<br />
anterior e anti-brachial<br />
externa esquerda<br />
Regiões superclavicular<br />
e superscapular<br />
esquerdas<br />
Regiões geniana<br />
esquerda e t<strong>em</strong>poral<br />
esquerda<br />
Região scapulohumeral<br />
Região hypoth<strong>em</strong>ar<br />
esquerda<br />
Região tibial anteroposterior<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Abertura <strong>de</strong> foco<br />
purulento no períneo<br />
Entradas<br />
//<br />
Agosto 6<br />
//<br />
//<br />
Agosto<br />
14<br />
Agosto 6<br />
//<br />
Agosto<br />
14<br />
Agosto 6<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Sahidas<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Observações<br />
Arterio-sclerose e cirrhose.<br />
Hipertrofia <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
natureza alcoólica<br />
146
Números<br />
66<br />
67<br />
68<br />
69<br />
70<br />
71<br />
72<br />
73<br />
74<br />
75<br />
76<br />
77<br />
Nomes<br />
José Amâncio da<br />
Silva<br />
Alfre<strong>do</strong> Francisco das<br />
Chagas<br />
Severo Raymun<strong>do</strong> da<br />
Silva<br />
José Ferreira da Silva<br />
José Antonio <strong>de</strong><br />
L<strong>em</strong>os<br />
Ângelo Victor<br />
Delphino Vieira <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Galdino Pereira <strong>de</strong><br />
Castro<br />
João Antonio da Silva<br />
Antonio Fabrício<br />
Gomes <strong>do</strong>s Santos<br />
Francisco José<br />
Damasceno<br />
Raphael Ferreira da<br />
Silva<br />
Batalhão<br />
12<br />
30<br />
9<br />
7<br />
31<br />
31<br />
32<br />
35<br />
30<br />
30<br />
12<br />
31<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
Regiões superhypidiana<br />
esquerda e<br />
(ilegível) direita<br />
Região externa da<br />
perna direita<br />
Região (ilegível)<br />
posterior esquerda<br />
Região (ilegível)<br />
posterior direita<br />
Thorax<br />
Região tibial posterior<br />
direita<br />
Região occipital e<br />
polex? direito<br />
Regiões superclavicular<br />
e infrascapular<br />
direitas<br />
Regiões peitoral e<br />
<strong>do</strong>rsal direitas<br />
Regiões superscapular<br />
Região plantar<br />
esquerda<br />
(+)<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Abertura <strong>de</strong> abscesso<br />
no períneo e<br />
<strong>de</strong>sbridamento <strong>de</strong><br />
fístula <strong>do</strong> polex direito<br />
Entradas<br />
Agosto 6<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Sahidas<br />
Agosto<br />
17<br />
Agosto<br />
15<br />
Agosto<br />
15<br />
Agosto<br />
19<br />
Agosto<br />
19<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong><br />
Observações<br />
(+) Impaludismo e<br />
rheumatismo<br />
147
Números<br />
78<br />
79<br />
80<br />
81<br />
82<br />
83<br />
Nomes<br />
Viríssimo Felix <strong>de</strong><br />
Moura Oliveira<br />
Onofre José<br />
Rodrigues<br />
Alves <strong>de</strong> Oliveira<br />
João Francisco <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Vicente Ferreira<br />
Oscar <strong>de</strong> Araújo<br />
Batalhão<br />
Observação – a enfermaria só t<strong>em</strong> 73 leitos.<br />
35<br />
15<br />
32<br />
40<br />
30<br />
30<br />
Se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferimento<br />
(arma <strong>de</strong> fogo)<br />
Regiões <strong>de</strong>ltoidiana<br />
esquerda e infraclavicular<br />
direita<br />
Região crural anterointerna<br />
direita<br />
Região crural posterior<br />
esquerda<br />
Regiões superscapulares<br />
(+)<br />
(+)<br />
Operações<br />
praticadas<br />
Entradas<br />
//<br />
Agosto<br />
16<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Sahidas<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Observações<br />
(+) Ulcerações syphiliticas<br />
da perna<br />
(+) Rheumatismo<br />
Bahia, 19 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Fortunato da Silva Junior<br />
148
Enfermaria Cl. Bernard, 6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897 273<br />
Ill mo e Ex mo Snr.<br />
Communico a VEx. cia. que falleceu ante-hont<strong>em</strong> nesta Enfermaria, <strong>de</strong> febre<br />
biliosa, o solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 40 Batalhão <strong>de</strong> Infantaria José <strong>do</strong>s Santos Moraes, e que entrou<br />
para a mesma Enfermaria no dia 9 <strong>de</strong> Agosto ultimo, com um ferimento por bala<br />
Manulicher na região costo-clavicular esquerda, ten<strong>do</strong> o projecctil fractura<strong>do</strong> a<br />
clavícula e a segunda costella, cujo corpo atravessou <strong>de</strong> la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>, e penetra<strong>do</strong> no<br />
interior da cavida<strong>de</strong> thoraxica, conforme consta <strong>do</strong> mappa que tive a occazião <strong>de</strong><br />
r<strong>em</strong>eter a VEx. cia .<br />
Des<strong>de</strong> sua entrada para esta Enfermaria o <strong>do</strong>ente apresentou alguns<br />
acci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> impaludismo chronico, que a 4 dias <strong>de</strong>ram lugar a explosão <strong>de</strong> [ilegível]<br />
biliozos francos, que o levaram a sepultura.<br />
A autopsia, que foi por mim feita <strong>em</strong> companhia <strong>de</strong> meu illustre collega Dr.<br />
Gonçalo Muniz, auxilia<strong>do</strong> pelos internos Almerin<strong>do</strong> Bacellar, Eustáchio <strong>de</strong> Carvalho,<br />
Luiz Pedro e Mesquita Junior, conforme o diagnóstico, n<strong>em</strong> só <strong>em</strong> relação as lesões<br />
<strong>do</strong> ferimento, como ainda <strong>em</strong> relação a moléstia <strong>de</strong> que foi victima<strong>do</strong> o referi<strong>do</strong><br />
solda<strong>do</strong>.<br />
As lezões encontradas ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> ferimento foram as seguintes: fractura da<br />
chlavicula e da 2ª costella, ten<strong>do</strong> o projectil atravessa<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo d’esta e se aloja<strong>do</strong><br />
na cavida<strong>de</strong> pleural, no ponto correspon<strong>de</strong>nte a parte media da face posterior <strong>do</strong><br />
tronco, aon<strong>de</strong> foi encontra<strong>do</strong>. O pulmão e a pleura nada offereciam <strong>de</strong> notável,<br />
encontran<strong>do</strong>-se apenas nesta ultima algumas falas m<strong>em</strong>branas na área<br />
correspon<strong>de</strong>nte a situação <strong>do</strong> projectil.<br />
Pelo exame da cavida<strong>de</strong> ab<strong>do</strong>minal, foram encontra<strong>do</strong>s o fíga<strong>do</strong> e o baço<br />
[ilegível] e enorm<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e b<strong>em</strong> assim to<strong>do</strong>s os líqui<strong>do</strong>s orgânicos<br />
impregna<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bílis. Esta ultima [ilegível], estan<strong>do</strong> <strong>em</strong> pleno acor<strong>do</strong> com a<br />
symptomatologia da moléstia nestes últimos dias, e não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a lesão pleural, pela<br />
sua pequena extensão e grão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, ter si<strong>do</strong> a causal <strong>do</strong> sofrimento <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>ente nos últimos dias, é o que nos leva a afirmar que o diagnóstico <strong>de</strong> febre biliosa,<br />
feito, foi sanciona<strong>do</strong> pelo exame cadavérico.<br />
Ill mo e Ex mo Sr. Dr. Director<br />
Dng mo Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Dr. Manoel José <strong>de</strong> Araújo<br />
Director <strong>do</strong> Serviço<br />
___________________________________________________________________<br />
Laboratório <strong>de</strong> Phisiologia, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, 30 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
273 Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia. Caixa 1897 – 01.07.0574. Maço Canu<strong>do</strong>s.<br />
Ill mo e Ex mo Sr.<br />
Cumpro o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> communicar a VEx. cia. , que nesta data foram transferi<strong>do</strong>s<br />
para outra enfermaria os 5 (cinco) <strong>do</strong>entes restantes <strong>em</strong> tratamento n’esta; pelo que<br />
acha-se o salão d’este laboratório completamente <strong>de</strong>s<strong>em</strong>baraça<strong>do</strong> para o serviço das<br />
aulas, conforme o disposto no officio ultimo a mim dirigi<strong>do</strong> por VEx. cia. , e ao qual<br />
respon<strong>do</strong>.<br />
Brev<strong>em</strong>ente terei occasião <strong>de</strong> r<strong>em</strong>etter a VEx. cia. , uma mappa <strong>de</strong>monstrativo<br />
<strong>do</strong> movimento d’esta enfermaria com todas as <strong>de</strong>clarações indispensáveis ao<br />
conhecimento exacto da natureza <strong>do</strong>s ferimentos e das moléstias <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes que<br />
estiverão entregues aos meus cuida<strong>do</strong>s, e b<strong>em</strong> assim os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />
Apenas um óbito tiv<strong>em</strong>os a registrar nos 29 <strong>do</strong>entes que aqui <strong>de</strong>rão entrada,<br />
<strong>do</strong> qual VEx. cia. já teve conhecimento <strong>em</strong> officio por mim dirigi<strong>do</strong>, relatan<strong>do</strong> as<br />
condições especiais <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente.<br />
Ao terminar, permitto V. Ex. cia. que por minha parte apresente sinceros<br />
agra<strong>de</strong>cimentos pela promptidão, com que s<strong>em</strong>pre atendi as solicitações feitas <strong>em</strong><br />
b<strong>em</strong> <strong>do</strong> serviço da enfermaria a meu cargo.<br />
Ill mo e Ex mo Sr. Dr. Antonio Pacifico Pereira<br />
Dng mo Professor e Director da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Dr. Manoel José d’Araújo<br />
Professor <strong>de</strong> Physiologia<br />
___________________________________________________________________<br />
Laboratório <strong>de</strong> Physiologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia <strong>em</strong> 3 <strong>de</strong><br />
nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
Ill mo e Ex mo Snr.<br />
Cumpro hoje o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> apresentar a V.Ex.<br />
149<br />
cia. – o incluso mappa <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes<br />
entra<strong>do</strong>s para a Enfermaria, cuja direção me foi por V.Ex. cia. confiada <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto<br />
<strong>do</strong> corrente anno.<br />
Por elle se po<strong>de</strong>rá ajuizar <strong>do</strong> movimento da mesma enfermaria relativo<br />
ao numero <strong>de</strong> <strong>do</strong>entes entra<strong>do</strong>s <strong>em</strong> dias diferentes, natureza <strong>do</strong>s ferimentos<br />
recebi<strong>do</strong>s, moléstias adquiridas, e outras circunstancias mais, cujo conhecimento<br />
julguei <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> consignar.<br />
Dos 29 <strong>do</strong>entes entra<strong>do</strong>s <strong>em</strong> tratamento, retirarão-se <strong>em</strong> dias<br />
diversos, 23 completamente restabeleci<strong>do</strong>s, passarão 5 para outra enfermaria <strong>em</strong> 30<br />
<strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, in<strong>do</strong> 3 quase restabeleci<strong>do</strong>s e 2, que soffrião <strong>de</strong> moléstias incuráveis,<br />
como a tuberculose <strong>em</strong> um e no outro a cardio-scleroze, <strong>em</strong> esta<strong>do</strong> serio e grave.<br />
Infelizmente tiv<strong>em</strong>os a lamentar a morte <strong>de</strong> um <strong>do</strong>ente, por nome José<br />
Francisco <strong>de</strong> Moraes, occorrida <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, por circunstancias que <strong>em</strong> officio
anterior, foi minuciosamente relata<strong>do</strong> a V.Ex. cia. – foi o único óbito a registrar d’entre os<br />
<strong>do</strong>entes que tive aos meus cuida<strong>do</strong>s, alguns <strong>do</strong>s quaes tiverão o esta<strong>do</strong> local e geral<br />
bastante comprometti<strong>do</strong>s por ferimentos graves e moléstias sérias.<br />
Permitta V.Ex. cia. , que aqui consigne os nomes <strong>do</strong> meu digno<br />
auxiliar Dr. Gonçalo Muniz Sodré <strong>de</strong> Araújo e <strong>do</strong>s alunnos = Eustachio Daniel <strong>de</strong><br />
Carvalho, Almerin<strong>do</strong> Bacellar, Luiz Pedro Pereira <strong>de</strong> Souza, Manoel Pereira <strong>de</strong><br />
Mesquita Jr., que tornaram-se dignos <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o louvor, haven<strong>do</strong> a cada um d’elles<br />
dirigin<strong>do</strong> uma carta officio, <strong>em</strong> que expressava o meu reconhecimento pelos<br />
importantes serviços presta<strong>do</strong>s à causa nobre, que levou-nos a transformar os salões<br />
<strong>de</strong> nossas conferencias scientificas <strong>em</strong> enfermarias <strong>de</strong> feri<strong>do</strong>s.<br />
Folgo <strong>em</strong> <strong>de</strong>clarar que a patriótica direcção <strong>de</strong> V.Ex. cia. na organização <strong>do</strong><br />
serviço hospitalar acadêmico, que a to<strong>do</strong>s surprehen<strong>de</strong>o pela rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> sua<br />
installação e correcção, se <strong>de</strong>ve <strong>em</strong> parte a brilhantes resulta<strong>do</strong>s colhi<strong>do</strong>s nesta e <strong>em</strong><br />
outras enfermarias, pois a attitu<strong>de</strong> tomada e activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida por V.Ex. cia. ,<br />
seguidas <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>ncias promptas e acertadas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> satisfazer as multyplas<br />
solicitações e numerozas exigências feitas e b<strong>em</strong> <strong>do</strong> serviço e trabalho d’um hospital,<br />
quase <strong>de</strong> sangue, não podia <strong>de</strong>ixar-se <strong>de</strong> contribuir para o resulta<strong>do</strong> explendi<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>.<br />
Por minha parte, summamente<br />
reconheci<strong>do</strong> a distinção com que me honrou, entregan<strong>do</strong>-me a direção d’uma das<br />
referidas enfermarias, cumpro o ultimo <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> apresentar a V.Ex. cia. os meus<br />
sinceros agra<strong>de</strong>cimentos, com a conzciencia por<strong>em</strong> segura <strong>de</strong> não haver um só<br />
momento <strong>de</strong>smereci<strong>do</strong> da confiança tão generosamente <strong>em</strong> mim <strong>de</strong>positada.<br />
Julgo ter respondi<strong>do</strong> com o presente o ultimo officio <strong>de</strong> V.<br />
Ex cia. , data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, cujos termos muito penhorarão a mim e aos meus<br />
dignos auxiliares <strong>de</strong> trabalho.<br />
Ill mo e Ex mo Sr. Dr. Antonio Pacifico Pereira<br />
Dng mo Director da Faculda<strong>de</strong><br />
Dr. Manoel José d’Araújo<br />
150
Enfermaria Cl. Bernard (Laboratório <strong>de</strong> Physiologia) à cargo <strong>do</strong> Dr. Manoel José d’Araújo 274<br />
aberta <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897<br />
Nº Nomes Batalhões Ferimentos e Moléstias Observações<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
Romual<strong>do</strong> Antonio <strong>de</strong> Oliveira,<br />
par<strong>do</strong>, 20 annos, solteiro, natural <strong>do</strong><br />
Pará, filho <strong>de</strong> João Onofre Ramos<br />
Fernan<strong>do</strong> Mario <strong>de</strong> Carvalho,<br />
caboclo, 20 annos, solteiro, natural<br />
<strong>do</strong> Pará, filho <strong>de</strong> João Mario <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
José Francisco <strong>do</strong> Nascimento,<br />
par<strong>do</strong>, 20 annos, solteiro, natural <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> Francisco José<br />
<strong>do</strong> Nascimento<br />
João Augusto <strong>de</strong> Souza, par<strong>do</strong>, 17<br />
annos, solteiro, natural da Capital<br />
Fe<strong>de</strong>ral, filho <strong>de</strong> Carlos Augusto <strong>de</strong><br />
Souza<br />
José Luiz da Silva, par<strong>do</strong>, 18 annos,<br />
solteiro, natural <strong>de</strong> Sergipe, filho <strong>de</strong><br />
José Luiz<br />
Eduar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos Pereira, branco,<br />
24 annos, solteiro, natural <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> André Dias<br />
Pereira<br />
João Pinto <strong>do</strong>s Santos, preto, 26<br />
annos, viúvo, natural da Bahia<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 4º <strong>de</strong> Infantaria<br />
Cabo da 2ª Companhia <strong>do</strong><br />
4º <strong>de</strong> infantaria<br />
Cabo da 3ª Compnahia <strong>do</strong><br />
27 <strong>de</strong> Infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 24 <strong>de</strong> Infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 4ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 26 <strong>de</strong> Infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 2ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 14 <strong>de</strong> Infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 4ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 30 <strong>de</strong> Infantaria<br />
Ferimento por bala Manulicher – na face interna <strong>do</strong><br />
terço inferior da coxa direita, não penetran<strong>do</strong> o<br />
projectil, por<strong>em</strong> causan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> escoriação e<br />
dilaceração <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s molles correspon<strong>de</strong>ntes.<br />
Ferimento por bala Manulicher – haven<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela face interior <strong>do</strong> abdômen e sahi<strong>do</strong> pela<br />
face posterior da ná<strong>de</strong>ga direita, s<strong>em</strong> lesão <strong>do</strong>s órgãos<br />
ab<strong>do</strong>minaes, porém com dilaceração <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s, que<br />
<strong>de</strong>ram passag<strong>em</strong> ao referi<strong>do</strong> projectil.<br />
Duplo ferimento penetrante por bala Manulicher –<br />
haven<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s projectis atravessa<strong>do</strong> a mão direita,<br />
obliquamente <strong>de</strong> seu bor<strong>do</strong> interno à face palmar, com<br />
dilaceração <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os teci<strong>do</strong>s molles e <strong>do</strong> 5º<br />
metacarpiano; e o outro atravessa<strong>do</strong> as partes molles da<br />
espa<strong>do</strong>a direita <strong>de</strong> cima para baixo e <strong>de</strong> fora para<br />
<strong>de</strong>ntro s<strong>em</strong> lezão <strong>de</strong> osso. Abscessos consecutivos ao<br />
ferimento da mão, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> os mesmos abertos com<br />
resulta<strong>do</strong>s.<br />
Abscesso quente na região parotidiana direita,<br />
esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a quase toda região cervical <strong>do</strong> mesmo<br />
la<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a operação feita com o melhor resulta<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por bala Manulicher – haven<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela parte superior da face anterior <strong>do</strong><br />
thoraxe, la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, e sahi<strong>do</strong> pela parte inferior da<br />
face posterior, s<strong>em</strong> lezão <strong>do</strong> pulmão respectivo e das<br />
costellas correspon<strong>de</strong>ntes.<br />
S<strong>em</strong> ferimento. Febre typho-malarica <strong>de</strong> fórma<br />
adynamica.<br />
Ferimento por bala Combalin – ten<strong>do</strong> o projectl<br />
<strong>de</strong>struí<strong>do</strong> quase toda a phalangeta <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> médio da<br />
mão direita.<br />
274 Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia. Caixa 1897 – 01.07.0574. Maço Canu<strong>do</strong>s – Laboratório <strong>de</strong> Physiologia.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto, vacina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto,<br />
revaccina<strong>do</strong> logo <strong>de</strong>pois (10 dias) s<strong>em</strong> resulta<strong>do</strong>.<br />
Obteve alta <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro completamente<br />
restabeleci<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 29 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
completamente restabeleci<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 29 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro –<br />
completamente restabeleci<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
completamente restabeleci<strong>do</strong>.<br />
Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong> agosto com proveito. Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
9 <strong>de</strong> agosto. Obteve alta por cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Revaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta por cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro.<br />
151
Nº Nomes Batalhões Ferimentos e Moléstias Observações<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
Ovídio Correia <strong>de</strong> Lacerda, par<strong>do</strong>, 23<br />
annos, solteiro, natural da Bahia,<br />
filho <strong>de</strong> Severiano Correia <strong>de</strong><br />
Lacerda<br />
Fortunato Francisco <strong>do</strong>s Santos,<br />
par<strong>do</strong> 25 anos, casa<strong>do</strong>, natural da<br />
Parahyba, filho <strong>de</strong> Marcolino<br />
Francisco <strong>do</strong>s Santos<br />
Severino Luiz <strong>do</strong>s Santos, preto, 22<br />
annos, solteiro, natural <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> Manuel <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Manoel Sant’Anna <strong>do</strong> Nascimento,<br />
par<strong>do</strong>, 28 annos, casa<strong>do</strong>, natural da<br />
Parahyba, filho <strong>de</strong> João José <strong>de</strong><br />
Sant’Anna<br />
Lino Rodrigues da Silva, par<strong>do</strong>, 21<br />
annos, solteiro, natural <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, filho <strong>de</strong> Theo<strong>do</strong>lino<br />
Rodrigues da Silva<br />
Pedro Antonio <strong>do</strong>s Santos, par<strong>do</strong>, 20<br />
annos, solteiro, natural <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> Martinho<br />
Antonio <strong>do</strong>s Santos<br />
Raymun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paiva Rocha, branco,<br />
25 annos, solteiro, natural <strong>do</strong> Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, filho <strong>de</strong> Mariano<br />
<strong>de</strong> Paiva<br />
Solda<strong>do</strong> da 3ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 31 <strong>de</strong> infantaria<br />
Corneta – da 4ª<br />
Companhia <strong>do</strong> 25 <strong>de</strong><br />
infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 3ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 25 <strong>de</strong> infantaria<br />
Anspeçada <strong>do</strong> 2º<br />
Esquadrão <strong>do</strong> 9º<br />
Regimento <strong>de</strong> Cavallaria<br />
Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 2º Esquadrão<br />
<strong>do</strong> 9 Regimento <strong>de</strong><br />
cavallaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 2ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 32 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 1º Esquadrão<br />
<strong>do</strong> 9 Regimento <strong>de</strong><br />
cavallaria<br />
Ferimento por bala Manulicher – ten<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela fase anterior <strong>do</strong> terço inferior <strong>do</strong> antebraço<br />
direito e sahi<strong>do</strong> pelo la<strong>do</strong> opposto, accarretan<strong>do</strong><br />
gran<strong>de</strong> dilaceração <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s e fractura <strong>do</strong>s ossos<br />
correspon<strong>de</strong>ntes.<br />
Ferimento por bala Manulicher – ten<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela parte lateral da face, la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, e<br />
sahi<strong>do</strong> pela parte inferior, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> opposto, com lezão<br />
<strong>do</strong> corpo maxillar inferior e dilaceração das partes<br />
molles. Abscesso ósseo consecutivo.<br />
Ferimento penetrante por bala Manulicher –<br />
penetran<strong>do</strong> o projectil pelo bor<strong>do</strong> interno <strong>do</strong> punho<br />
esquer<strong>do</strong> e se encravan<strong>do</strong> --------------- <strong>do</strong> corpo, <strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> foi extrahi<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por bala Manulicher – haven<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela parte superior da face posterior da perna<br />
direita, e sahi<strong>do</strong> pela parte superior da face interior,<br />
com dilaceração <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s que atravessou.<br />
Ferimento por bala Manulicher – haven<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela parte superior da face anterior da coxa<br />
esquerda, e sahi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> curto trajecto, pela face<br />
interna da mesma coxa, --------------- implantar-se no<br />
eschrôto, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foi extrahi<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por bala Manulicher – ten<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s<br />
projectis penetra<strong>do</strong> pela parte posterior da região<br />
mostoydéa direita, e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> curto trajecto, <strong>em</strong> que<br />
contornou a apophyse respectiva, sahi<strong>do</strong><br />
imediatamente adiante, abaixo <strong>do</strong> pavilhão da orelha<br />
correspon<strong>de</strong>nte, e ten<strong>do</strong> o outro dilacera<strong>do</strong> (mesoton?)<br />
Ferimento por bala Manulicher – ten<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela parte inferior da região glútea <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
esquer<strong>do</strong> e sahi<strong>do</strong> pela parte superior, causan<strong>do</strong> a<br />
dilaceração <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s molles d’esta vasta região.<br />
Abscesso no braço esquer<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 29 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
completamente restabeleci<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 29 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro por<br />
cura<strong>do</strong>. Neste (ilegível) foram abertas diversas<br />
collações purulentas.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1895,<br />
revacina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto s<strong>em</strong> resulta<strong>do</strong>. Alta <strong>em</strong> 25<br />
<strong>de</strong> agosto.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro por<br />
cura<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alto e <strong>de</strong>ixou a enfermaria<br />
completamente restabeleci<strong>do</strong> <strong>em</strong> 30 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto com proveito. Foi feita a<br />
operação da abertura <strong>do</strong> abscesso com resulta<strong>do</strong><br />
(abscesso profun<strong>do</strong>). Passou para outra enfermaria <strong>em</strong><br />
30 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro.<br />
152
Nº Nomes Batalhões Ferimentos e Moléstias Observações<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
Genuíno Barbosa da Silva, branco,<br />
21 annos, solteiro, natural <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> Manoel<br />
Francisco da Silva<br />
Antonio Pereira da Silva, branco, 19<br />
annos, solteiro, natural da capital<br />
fe<strong>de</strong>ral, filho <strong>de</strong> Antonio Jose da<br />
Silva<br />
Miguel Cysmeiro <strong>de</strong> Albuquerque,<br />
par<strong>do</strong>, 29 annos, solteiro, natural <strong>do</strong><br />
Ceará, filho <strong>de</strong> Justino Casimiro <strong>de</strong><br />
Albuquerque<br />
José <strong>do</strong>s Santos Moares, caboclo, 20<br />
anos, solteiro, natural <strong>do</strong> Pará, filho<br />
<strong>de</strong> José <strong>do</strong>s Santos Moraes<br />
Jeronymo Pereira da Conceição,<br />
par<strong>do</strong>, 18 annos, solteiro, natural da<br />
Bahia, filho <strong>de</strong> Maximiano Pereira<br />
Francisco Pereira da Silva, creoulo,<br />
29 annos, solteiro, natural <strong>do</strong> Ceará,<br />
filho <strong>de</strong> Gonçalo Pereira<br />
Francisco Bispo Amâncio, caboclo,<br />
25 annos, natural <strong>do</strong> Ceará, filho <strong>de</strong><br />
Cosme da Silva<br />
Cabo da 3ª Companhia <strong>do</strong><br />
14 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 4ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 25 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 3º Esquadrão<br />
<strong>do</strong> 1º Regimento <strong>de</strong><br />
cavallaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 4ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 30 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 3ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 30 <strong>de</strong> infantaria<br />
Anspeçada da 3ª<br />
Companhia <strong>do</strong> 25 <strong>de</strong><br />
infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 25 <strong>de</strong> infantaria<br />
Ferimento por bala Manulicher – haven<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela cavida<strong>de</strong> bucal, aon<strong>de</strong> fracturou os <strong>do</strong>is<br />
(2) incigivas medias <strong>do</strong> maxillar superior, e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
ter atravessa<strong>do</strong> obliquamente a mesma cavida<strong>de</strong>,<br />
arrancou a coroa <strong>do</strong>s três gran<strong>de</strong>s molares da região<br />
bucal. Em seguida o mesmo projectil penetrou na<br />
região supra-clavicular e foi sahir na parte media da<br />
face lateral direita <strong>do</strong> thronco, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> este<br />
singular trajecto a dilaceração <strong>de</strong> todas as partes molles<br />
atravessadas, com formação <strong>de</strong> collecções purulentas e<br />
etc<br />
Ferimento por bala Manulicher – que contundio e<br />
excoriou a face <strong>do</strong> hombro direito. Gran<strong>de</strong> contuzão na<br />
face anterior <strong>do</strong> thorax, acompanhada <strong>de</strong> congestão<br />
pulmonar [promovida] pelo choque e queda <strong>de</strong> um<br />
sacco <strong>de</strong> areia.<br />
Ferimento por bala Manulicher – ten<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela parte media da face anterior <strong>do</strong> thorax,<br />
la<strong>do</strong> direito, e sahi<strong>do</strong> pela parte inferior da face<br />
posterior <strong>do</strong> mesmo la<strong>do</strong>. Gastro-enterite,<br />
manifestan<strong>do</strong>-se logo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua entrada para<br />
enfermaria.<br />
Ferimento por bala Manulicher – ten<strong>do</strong> o projectil<br />
penetra<strong>do</strong> pela parte externa da região cósto-clavicular<br />
esquerda, fracturan<strong>do</strong> a chlavícula correspon<strong>de</strong>nte,<br />
atravessa<strong>do</strong> o corpo da 2ª costella e se aloja<strong>do</strong> na<br />
cavida<strong>de</strong> pleural aon<strong>de</strong> foi encontrada pela autopsia, no<br />
ponto correspon<strong>de</strong>nte, a parte media da face posterior<br />
<strong>do</strong> thronco.<br />
Ferimento por bala Manulicher, haven<strong>do</strong> o projectil,<br />
não penetrante, dilacera<strong>do</strong> a face externa da região<br />
glútea Gastro-interite com symptomas chloriformes<br />
graves. Bronchite[ilegível].<br />
Ferimento por bala Manulicher – penetran<strong>do</strong> o projectil<br />
pela parte media da região anterior <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong> e<br />
sahin<strong>do</strong> por ponto diametralmente opposto, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
ter dillacera<strong>do</strong> os teci<strong>do</strong>s molles e fractura<strong>do</strong> o<br />
humessos.<br />
Ligeiro ferimento na <strong>front</strong>e por estilhaço <strong>de</strong> bala.<br />
Ferimento por Manulicher sobre a articulação carpometacarpiana<br />
<strong>do</strong> 1º <strong>de</strong><strong>do</strong> da mão esquerda.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 3 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
completamente restabeleci<strong>do</strong> das feridas e <strong>do</strong>s<br />
abscessos.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto e<br />
revacciona<strong>do</strong> 18 s<strong>em</strong> resultato. Alta por cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto<br />
s<strong>em</strong> proveito. Revaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 18 com resulta<strong>do</strong>. Alta<br />
<strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro completamente restabeleci<strong>do</strong>. Teve<br />
vaccina <strong>em</strong> 1893.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1896. O feri<strong>do</strong><br />
foi submetti<strong>do</strong> ao exame radioscópico pelo aparelho<br />
Bentgm s<strong>em</strong> resulta<strong>do</strong>. Diversos fragmentos ósseos<br />
foram extrahi<strong>do</strong>s. Falleceu <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, sen<strong>do</strong> a<br />
autopsia feita <strong>em</strong> 5, confirmação das lezoes <strong>do</strong><br />
ferimento e da febre bilioza.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Revaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong> agosto<br />
com proveito. Obteve alta <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro por<br />
cura<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1892,<br />
revaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> agosto s<strong>em</strong> resulta<strong>do</strong>. Alta <strong>em</strong> 4<br />
<strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro completamente cura<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 9 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1893. Obteve<br />
alta <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro.<br />
153
Nº Nomes Batalhões Ferimentos e Moléstias Observações<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
João Francisco das Chagas, branco,<br />
21 anos, solteiro, natural <strong>de</strong> Minas<br />
Geraes, filho <strong>de</strong> Carlos Francisco das<br />
Chagas<br />
Laurin<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gusmão Castello-<br />
Branco, branco, 18 annos, solteiro,<br />
natural <strong>de</strong> Pernambuco, filho <strong>de</strong><br />
Antonio Castello-Branco<br />
Manoel Francisco Fagun<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Oliveira, caboclo, 18 annos, solteiro,<br />
natural <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, filho<br />
<strong>de</strong> Francisco Fagun<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira<br />
Manoel Salviano <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros,<br />
branco, 27 annos, solteiro, natural da<br />
Parahyba, Salviano José <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
Manoel Rodrigues <strong>de</strong> Carvalho,<br />
par<strong>do</strong>, 17 annos, solteiro, natural da<br />
Parahyba, filho <strong>de</strong> Firmino Licinio da<br />
Silva<br />
Leopol<strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>sto Soares, branco,<br />
22 anos, solteiro, natural <strong>do</strong> Piauhy,<br />
filho <strong>de</strong> Firmino Licinio da Silva.<br />
André Ferreira da Costa, branco, 23<br />
annos, solteiro, natural da Parahyba,<br />
filho <strong>de</strong> Sargino <strong>de</strong> Souza<br />
Olympio José <strong>de</strong> Souza, 20 annos,<br />
par<strong>do</strong>, natural da Bahia, filho <strong>de</strong><br />
Olympio <strong>de</strong> Souza, solteiro<br />
Cabo da 3ª Companhia <strong>do</strong><br />
7º <strong>de</strong> infantaria<br />
Cabo da 4ª Companhia <strong>do</strong><br />
14 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> a 4ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 31 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 27 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 15 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Compnahia<br />
<strong>do</strong> 32 <strong>de</strong> infantaria<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 5º <strong>de</strong> artilheria<br />
Solda<strong>do</strong> da 1ª Companhia<br />
<strong>do</strong> 33 <strong>de</strong> infantaria<br />
Bahia, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>em</strong> 3 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Manoel José <strong>de</strong> Araújo.<br />
Ferimento por bala Manulicher, digo, Comblain,<br />
penetran<strong>do</strong> o projectil pela face conteso-lateral <strong>do</strong> terço<br />
inferior da coxa esquerda e sahi<strong>do</strong> pela face posterior<br />
da mesma coxa, parte superior <strong>do</strong> losango popoliteo.<br />
S<strong>em</strong> ferimento. Inanição. Gastro-interite.<br />
Gastro-interite. S<strong>em</strong> ferimento. Inanição.<br />
S<strong>em</strong> ferimento. Inanição. Gastro-enterite. Cardioscleróze.<br />
S<strong>em</strong> ferimento. Inanição. Gastro-enterite – bronchite<br />
simples<br />
S<strong>em</strong> ferimento. Gastro-enterite simples. Bronchopneumonia<br />
<strong>de</strong> orig<strong>em</strong> tuberculosa no terço suprior <strong>do</strong><br />
pulmão esquer<strong>do</strong>.<br />
Pleuro-pneumonia <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> traumática, por effeito <strong>de</strong><br />
um coice leva<strong>do</strong> a parte anterior da meta<strong>de</strong> esquerda <strong>do</strong><br />
thorax. Gastro-enterite.<br />
Ferimento por Kropat – na região glutea <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
esquer<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o projectil encontra<strong>do</strong> e extrahi<strong>do</strong> na<br />
parte mais profunda da mesma região.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong> agosto. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1896. Obteve<br />
alta <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro cura<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro. Vaccina<strong>do</strong> com proveito <strong>em</strong><br />
18 <strong>do</strong> mesmo mez. Passa<strong>do</strong> a outra enfermaria <strong>em</strong> 30<br />
<strong>do</strong> referi<strong>do</strong> mez.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro. Vaccina<strong>do</strong> com resulta<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> 13. Alta <strong>em</strong> 28 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro por cura<strong>do</strong>.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro. Vaccina<strong>do</strong> com proveito e<br />
passa<strong>do</strong> a outra enfermaria <strong>em</strong> 30 <strong>do</strong> mesmo mez.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro. Vaccina<strong>do</strong> com proveito <strong>em</strong><br />
6 <strong>do</strong> mesmo mez. Obteve alta por cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 30 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 8 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro. Vaccina<strong>do</strong><strong>em</strong> 13 com<br />
proveito. Passa<strong>do</strong> a outra enfermaria <strong>em</strong> 30.<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 8 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro. Vaccina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 13 com<br />
proveito. Obteve alta por cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 30 <strong>de</strong> [ ].<br />
Entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 16 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro e sahi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 18 <strong>do</strong> mesmo<br />
mez, quase restabeleci<strong>do</strong>.<br />
154
MAPPA DOS SOLDADOS EM TRATAMENTO NA ENFERMARIA SOB A DIREÇÃO DO DR. AUGUSTO CESAR VIANNA 275<br />
NOMES<br />
Antonio<br />
Raymun<strong>do</strong> Lima<br />
Gomes<br />
Possi<strong>do</strong>nio José<br />
da Silva<br />
Anspençada<br />
Rymun<strong>do</strong><br />
Laurin<strong>do</strong><br />
Leopoldino José<br />
<strong>de</strong> Almeida<br />
Prelidiano Arthur<br />
da Silva<br />
Belmiro<br />
Alexandrino<br />
Herculano José<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
Anspençada<br />
Ernesto Nery <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Evaristo Santiago<br />
Barbosa<br />
Severiano Ivo da<br />
Silva<br />
Manoel Lucas<br />
Car<strong>do</strong>so<br />
BATALHÕES<br />
1ª Cia. – 5º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
2ª Cia. – 7º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia. – 7º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4ª Cia. – 7º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1ª Cia. – 9º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia. – 9º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4ª Cia. – 9º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1ª Cia. – 14º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
2ª Cia. – 14 <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia – 14 <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia. – 14º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
IDADES<br />
54 annos<br />
25 annos<br />
20 annos<br />
20 annos<br />
20 annos<br />
48 annos<br />
23 annos<br />
22 annos<br />
22 annos<br />
22 anos<br />
36 annos<br />
NATURALIDADE<br />
Maranhão<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte<br />
Ceará<br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Bahia<br />
Alagoas<br />
Pernambuco<br />
Pernambuco<br />
Pernambuco<br />
Parahyba<br />
NATUREZA<br />
DAS<br />
MOLESTIAS<br />
Beribéri mixto<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Bronchite<br />
Rheumatismo e<br />
cancros<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
275 Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia. Caixa 1897 – 01.07.0574 – maço Documentos da Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s.<br />
SEDE DOS<br />
FERIMENTOS<br />
-<br />
Região occipital<br />
Região escapular<br />
esquerda<br />
Terço médio da<br />
coxa esquerda<br />
(face externa)<br />
-<br />
-<br />
Terço superior da<br />
perna esquerda<br />
Terço superior <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong><br />
fractura<br />
Terço médio <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong><br />
Terço inferior da<br />
coxa esquerda<br />
Região escapular<br />
direita<br />
ALTAS<br />
transferi<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong> à 4 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 27 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong><br />
agosto<br />
-<br />
Cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
ENTRADAS<br />
14 <strong>de</strong> agosto<br />
I<strong>de</strong>m<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
OBS.<br />
Passou para a<br />
enfermaria <strong>do</strong><br />
Dr.Braz<br />
d’Amaral <strong>em</strong><br />
27<strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
nada consta.<br />
Sahiu com 8<br />
dias <strong>de</strong><br />
dispensa <strong>do</strong><br />
serviço<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Fez-se<br />
aplicação <strong>do</strong><br />
apparelho<br />
Sahiu com 8<br />
dias <strong>de</strong><br />
dispensa <strong>do</strong><br />
serviço<br />
//<br />
// (ferimento <strong>em</strong><br />
via <strong>de</strong><br />
cicatrização)<br />
155
NOMES<br />
Alexandre<br />
Tiburtino da<br />
França<br />
Manoel Joaquim<br />
da Silva<br />
Manoel Guerra <strong>de</strong><br />
Souza<br />
José Marinho<br />
Dias<br />
Antonio Francisco<br />
da Costa<br />
Raymun<strong>do</strong> José <strong>de</strong><br />
Britto<br />
Leôncio Olympio<br />
da Costa Gama<br />
Corneteiro –<br />
Fernan<strong>do</strong> Juheira<br />
Joaquim Lucio<br />
Soares<br />
Anspeçada –<br />
Benedicto<br />
Francisco<br />
Músico – Rufino<br />
Francisco Ayres<br />
BATALHÕES<br />
3ª Cia. – 14 <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia. – 14 <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1ª Cia. – 25º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1ª Cia. – 25º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4ª Cia. – 27º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4ª Cia. – 27º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia. – 30º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4ª Cia. – 30º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia. – 31 <strong>de</strong><br />
infantaria<br />
2ª Cia. – 32º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1ª Cia. – 33º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
IDADES<br />
26 annos<br />
23 annos<br />
26 annos<br />
24 annos<br />
22 annos<br />
24 annos<br />
20 annos<br />
22 annos<br />
21 annos<br />
20 annos<br />
22 annos<br />
NATURALIDADE<br />
Pernambu<strong>do</strong><br />
Pernambuco<br />
Alagoas<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Parahyba<br />
Ceará<br />
Pernambuco<br />
Hespanha<br />
Pernambuco<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Sergipe<br />
NATUREZA<br />
DAS<br />
MOLESTIAS<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por<br />
armas <strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
Impaludismo<br />
chronico<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
SEDE DOS<br />
FERIMENTOS<br />
Terço médio da<br />
perna esquerda<br />
Região occipito<strong>front</strong>al<br />
Região<br />
espegastrica<br />
De<strong>do</strong> médio da<br />
mão esquerda<br />
Terço inferior <strong>do</strong><br />
braço direito<br />
Terço médio da<br />
perna direita<br />
Feri<strong>do</strong> no terço<br />
superior <strong>do</strong> braço<br />
direito<br />
Feri<strong>do</strong> no terço<br />
médio da coxa<br />
direita<br />
Feri<strong>do</strong> no terço<br />
superior da perna<br />
direita<br />
Feri<strong>do</strong> na região<br />
<strong>do</strong> calcanhar, pé<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Feri<strong>do</strong> no <strong>de</strong><strong>do</strong><br />
duricular da mão<br />
esquerda<br />
ALTAS<br />
Cura<strong>do</strong><br />
transferi<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong> a 9 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 6 <strong>de</strong><br />
s<strong>em</strong>t<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 18 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 25 <strong>de</strong><br />
agosto<br />
Cura<strong>do</strong> a 17 <strong>de</strong><br />
agosto<br />
Cura<strong>do</strong> a 17 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
transferi<strong>do</strong><br />
ENTRADAS<br />
14 <strong>de</strong> Agosto<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
OBS.<br />
//<br />
Passou para a<br />
enfermaria <strong>do</strong><br />
Dr. Braz<br />
d’Amaral, <strong>em</strong><br />
27 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Sahiu com 8<br />
dias <strong>de</strong><br />
dispensa <strong>do</strong><br />
serviço<br />
//<br />
//<br />
//<br />
fez-se<br />
applicações <strong>de</strong><br />
apparelho na<br />
fractura que<br />
apresentou<br />
Sahiu com 8<br />
dias <strong>de</strong><br />
dispensa <strong>do</strong><br />
serviço<br />
//<br />
Nada consta<br />
Fez-se<br />
<strong>de</strong>sarticulações<br />
à chloroformio<br />
a 16 <strong>de</strong> agosto<br />
156
NOMES<br />
José Satyro<br />
Manoel José <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Minervino Ferrão<br />
<strong>de</strong> Gusmão Lima<br />
Arthur Emigdio <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
José Martinho <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Joaquim Antonio<br />
<strong>de</strong> Lima<br />
Severo Pereira da<br />
Silva<br />
Seraphim Antonio<br />
da Silva<br />
Antonio Custodio<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
Cabo – Mame<strong>de</strong><br />
Candi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Faria<br />
Bahia, 30 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Augusto Vianna<br />
BATALHÕES<br />
4ª Cia. – 33º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
2ª Cia. – 35º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1º Esquadrão – 1ª.<br />
Reg. Cavalleria<br />
1º Esquadrão - !º<br />
Regimento <strong>de</strong><br />
Cavalleria<br />
4ª Cia. – 5ª <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1ª Cia. – 16º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4ª Cia. – 16º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4ª Cia. – 25º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
1ª Cia. – 33º <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
3ª Cia. <strong>do</strong> 12º <strong>de</strong><br />
infantaria<br />
IDADES<br />
17 annos<br />
17 annos<br />
17 annos<br />
27 annos<br />
22 annos<br />
18 annos<br />
26 annos<br />
24 annos<br />
20 annos<br />
26 annos<br />
NATURALIDADE<br />
Bahia<br />
Pernambuco<br />
Alagoas<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Maranhão<br />
Bahia<br />
Piauhy<br />
Piauhy<br />
Alagoas<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul<br />
NATUREZA<br />
DAS<br />
MOLESTIAS<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
Ferimento por arma<br />
<strong>de</strong> fogo<br />
SEDE DOS<br />
FERIMENTOS<br />
Feri<strong>do</strong> na região<br />
t<strong>em</strong>poral direita<br />
Feri<strong>do</strong> na região<br />
escapular<br />
esquerda<br />
Feri<strong>do</strong> na face<br />
<strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé<br />
direito<br />
Feri<strong>do</strong> na parte<br />
<strong>do</strong>rsal d pé<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Região <strong>do</strong>rsal da<br />
mão<br />
Terço médio e<br />
inferior da perna<br />
Região <strong>do</strong>rsal da<br />
mão<br />
Região axillar<br />
Região epigástrica<br />
e flancor direito e<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Região <strong>do</strong>rsal da<br />
mão<br />
ALTAS<br />
Cura<strong>do</strong> a 17 <strong>de</strong><br />
agosto<br />
Cura<strong>do</strong> a 25 <strong>de</strong><br />
agosto<br />
transferi<strong>do</strong><br />
Cura<strong>do</strong> a 10 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 21 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
transferi<strong>do</strong><br />
transferi<strong>do</strong><br />
//<br />
Cura<strong>do</strong> a 22 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Cura<strong>do</strong> a 21 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
ENTRADAS<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
25 d’agosto<br />
//<br />
//<br />
//<br />
//<br />
25 <strong>de</strong> agosto<br />
OBS.<br />
Sahiu com 15<br />
dias <strong>de</strong><br />
dispensa <strong>do</strong><br />
serviço<br />
//<br />
Fez-se a<br />
curetag<strong>em</strong> à<br />
chloroformio,<br />
<strong>em</strong> 16 <strong>de</strong> agosto<br />
Sahiu com 8<br />
dias <strong>de</strong><br />
dispensa <strong>do</strong><br />
serviço<br />
//<br />
nada consta<br />
//<br />
//<br />
Em via <strong>de</strong><br />
cicatrisações<br />
Sahida com 8<br />
dias <strong>de</strong><br />
dispensa <strong>do</strong><br />
serviço.<br />
157
N.º<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
RELAÇÃO DOS DOENTES RECOLHIDOS A 6ª ENFERMARIA DO HOSPITAL DE SÃO BENTO 276<br />
Nome<br />
José Maria<br />
Baptista<br />
Pedro José<br />
Divino<br />
João<br />
Pereira<br />
Cor<strong>do</strong>lino<br />
Sebastião<br />
Ferreira<br />
Lima<br />
Bernardino<br />
Dias <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Pedro José<br />
da Rocha<br />
José<br />
Lourenço<br />
Lopez<br />
José<br />
Antonio <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Vicente<br />
Severino<br />
Batalhão<br />
1º Regimento<br />
<strong>de</strong> Cavallaria<br />
5º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
5º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
9º Regimento<br />
<strong>de</strong> Cavallaria<br />
7º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
40º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
14º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
31º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
30º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
3ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
1º<br />
Esquadrão<br />
1ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
276 Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia. Caixa 1897 – 01.07.0574. Maço Canu<strong>do</strong>s.<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
25<br />
23<br />
46<br />
23<br />
24<br />
24<br />
23<br />
36<br />
26<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Sergipe<br />
Piauhy<br />
Ceará<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Ceará<br />
Pernambuco<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Bagé<br />
Moléstia<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
região t<strong>em</strong>poral esquerda<br />
Ecz<strong>em</strong>a humi<strong>do</strong> nas pernas<br />
Hepato splenite chronica e<br />
an<strong>em</strong>ia palustre.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
segun<strong>do</strong> espaço interdigital<br />
esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
região <strong>de</strong>ltoidiana direita.<br />
Ecz<strong>em</strong>a das pernas – beribéri<br />
incipiente.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
região brachial anterior e<br />
região externa <strong>do</strong> ante-braço<br />
direito<br />
Fractura comminutivo exposta<br />
da extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> inferior <strong>do</strong><br />
cubitos e radio, consolidação<br />
viciosa, ankilose da<br />
articulação.<br />
Ferimento <strong>do</strong> 4º <strong>de</strong><strong>do</strong> direito –<br />
epilepsia<br />
Observações<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 25 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897 Foi<br />
solicitada sua r<strong>em</strong>oção para Itaparica no<br />
dia 6 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, por estar sofren<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
beribéri. Falleceu no dia 8 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu no dia 7 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 14 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 14 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Teve alta para ser transferi<strong>do</strong> para outro<br />
Hospital por estar soffren<strong>do</strong> <strong>de</strong> beribéri<br />
incipiente.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 15 <strong>de</strong> sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu (muito?) melhora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 14 <strong>de</strong><br />
Outubro <strong>de</strong> 1897. Fez-se extração<br />
(d’esquiro... - ilegível)<br />
Entrou no dia 14 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>do</strong> ferimento <strong>em</strong> 16 <strong>de</strong><br />
Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
158
N.º<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Nome<br />
Porfírio José<br />
da Silva<br />
Manoel<br />
Cypriano <strong>de</strong><br />
Jesus<br />
Manuel<br />
Marques da<br />
Silva<br />
Germano<br />
Vieira <strong>de</strong><br />
Mello<br />
Luiz Feliciano<br />
da França<br />
Silvino José<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
Leão da Silva<br />
Jacques<br />
Arthur<br />
Napoleão<br />
Balthasar da<br />
Silveira<br />
Ladislau José<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
Batalhão<br />
35 Batalhão<br />
d’infantaria<br />
9º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
16º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
16º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
15º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
33º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
30º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
14º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
14º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
2ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
39<br />
22<br />
19<br />
24<br />
23<br />
20<br />
18<br />
19<br />
30<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Pernambuco<br />
Bahia<br />
Alagoas<br />
Bahia<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Sergipe<br />
Uruguaiana<br />
Bahia<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Moléstia<br />
Ulcera syphilitica na região<br />
antero externa da perna.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong>rsal da mão<br />
esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
no quarto <strong>de</strong><strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região palmar esquerda<br />
com perda <strong>do</strong> metacarpo <strong>do</strong><br />
primeiro <strong>de</strong><strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região anterior abdômen<br />
(ilegível) sahida <strong>do</strong> projectil<br />
(subcutâneo)<br />
Ferimento na região <strong>do</strong><br />
cotovello esquer<strong>do</strong><br />
interessan<strong>do</strong> a articulação<br />
(ankilose).<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
nas regiões interna e externa<br />
<strong>do</strong> joelho esquer<strong>do</strong>.<br />
Bronchite<br />
Fractura <strong>do</strong> terço médio <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong> consolidação<br />
viciosa – asthma<br />
Observações<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 14 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 15 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 11 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 10 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 3 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 22 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu curan<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>do</strong> ferimento e da<br />
fractura, continua a soffrer <strong>de</strong> asthma,<br />
que é incurável.<br />
159
N.º<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Nome<br />
Idalino<br />
Florentino<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
Orlan<strong>do</strong><br />
Gonsalves da<br />
Silva<br />
Joaquim<br />
Vieira <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Agostinho<br />
Pedro<br />
Portella<br />
Fausto<br />
Pereira <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Antonio Luiz<br />
Tiburcio<br />
José<br />
Gonsalves <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Liberino<br />
Costa Paulo<br />
Aurélio<br />
Antunes <strong>de</strong><br />
Siqueira<br />
Batalhão<br />
30º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
30º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
35º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
9º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
40º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
40º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
40º Batalhão<br />
d’Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
32º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
1ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
21<br />
17<br />
30<br />
20<br />
21<br />
23<br />
24<br />
25<br />
29<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul<br />
Piauhy<br />
Bahia<br />
Piauhy<br />
Pará<br />
Ceará<br />
Bahia<br />
Espírito Santo<br />
Moléstia<br />
Orchite traumática e<br />
tuberculose pulmonar.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região brachial externa<br />
(parte media) e bronchite.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região scapulo humeral,<br />
interessan<strong>do</strong> a articulação<br />
(ankilose)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região brachial esquerda,<br />
la<strong>do</strong> antero externo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região superclavicular<br />
direita com sahida <strong>de</strong> projectil<br />
na região super scapular e<br />
bronchite.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região glútea direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região scapular esquerda<br />
e bronchite.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>de</strong>ltoidiana parte<br />
anterior e região externa<br />
parte media.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região anterior e externa<br />
da coxa direita (terço médio)<br />
e região interna e externa da<br />
coxa esquerda, in<strong>do</strong> alojar-se<br />
o projectil na região externa<br />
<strong>do</strong> joelho.<br />
Observações<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 14 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 14 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897. Extrahiu-se cápsula <strong>de</strong> bala<br />
comblain.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Fez-se extracção <strong>de</strong> squirelas ósseas.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 14 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Fez-se extração <strong>do</strong> projectil <strong>em</strong> 23 <strong>de</strong><br />
Agosto. Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 7 <strong>de</strong> Outubro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
160
N.º<br />
28<br />
29<br />
30<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo<br />
Cabo<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Nome<br />
Manoel<br />
Barbosa<br />
Pinheiro<br />
Cláudio<br />
Joaquim<br />
Guimarães<br />
Domingos<br />
Barbosa<br />
Alencar<br />
Manuel <strong>de</strong><br />
Barros<br />
Cavalcante<br />
Manuel<br />
Thomaz <strong>de</strong><br />
Souza<br />
João <strong>de</strong><br />
Deus Militão<br />
José<br />
Francisco <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Amâncio<br />
José<br />
Domingues<br />
Camillo<br />
Gomes da<br />
Silva<br />
Batalhão<br />
7º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
32º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
40º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
7º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
14º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
30º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
9º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
(ilegível)<br />
Batalhão <strong>de</strong><br />
d’infantaria<br />
(ilegível)<br />
Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
20<br />
23<br />
21<br />
18<br />
25<br />
16<br />
20<br />
31<br />
34<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Pernambuco<br />
S. Paulo<br />
Ceará<br />
Pernambuco<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Pernambuco<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Moléstia<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região lateral esquerda da<br />
face e bronchite.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
no terço inferior da região<br />
antero externa da coxa direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
entran<strong>do</strong> o projectil na região<br />
latteral direita da face,<br />
sahin<strong>do</strong> na cummissura labial<br />
esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
abaixo <strong>do</strong> mamillo esquer<strong>do</strong><br />
e bronchite<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região glútea esquerda<br />
Contusão na região thoraxica<br />
anterior e bronchite.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong>rsal da mão<br />
direita com perda <strong>do</strong>s <strong>de</strong><strong>do</strong>s<br />
médio e quarto. Abertura <strong>de</strong><br />
abcesso subaponevrotico.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região externa da coxa<br />
esquerda, terço inferior.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região thenar da mão<br />
esqueda, haven<strong>do</strong> sahida <strong>do</strong><br />
projectil<br />
Observações<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 27 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 25 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto e sahiu<br />
cura<strong>do</strong> no dia 27 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Foi r<strong>em</strong>ovi<strong>do</strong> para o Hospital <strong>de</strong><br />
variolosos no dia 21 <strong>de</strong> Agosto por terse<br />
manifesta<strong>do</strong> a varíola.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>do</strong> ferimento <strong>em</strong> 4 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 25 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 7 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 31 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
161
N.º<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
42<br />
43<br />
44<br />
45<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Corneteiro<br />
Cabo<br />
Nome<br />
Maximo da<br />
Rosa<br />
Manoel José<br />
Ferreira<br />
Francisco<br />
Bittencourt<br />
Faustino <strong>de</strong><br />
Araújo<br />
Napoleão<br />
Manoel<br />
Ignácio<br />
Ascellino<br />
Soares da<br />
Silva<br />
Norberto<br />
Felizar<strong>do</strong><br />
Pinheiro<br />
A<strong>de</strong>lino<br />
Soares<br />
Izi<strong>do</strong>ro<br />
Peixoto<br />
Batalhão<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
12º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
12º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
35º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
7º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
3ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
22<br />
24<br />
24<br />
23<br />
24<br />
19<br />
22<br />
21<br />
28<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Bahia<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Piauhy<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Moléstia<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região antero lateral da<br />
coxa direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região lombar direita com<br />
sahida <strong>de</strong> projectil na região<br />
<strong>do</strong> flanco correspon<strong>de</strong>nte.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região palmar esquerda<br />
interessan<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong><br />
espaço inter-digital<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na face <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé direito<br />
com sahida <strong>do</strong> projectil<br />
(subcutâneo)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região maleolar esquerda,<br />
la<strong>do</strong> externo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região brachial anterior.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong>rsal da mão<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong> cotovello<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região anterior <strong>do</strong> thorax<br />
com sahida <strong>do</strong> projectil<br />
Observações<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 11 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou <strong>em</strong> 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897. Fezse<br />
extracção <strong>de</strong> esquírolas ósseas.<br />
Sahiu muito melhora<strong>do</strong> por or<strong>de</strong>m<br />
superior <strong>em</strong> 14 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 2 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 13 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 11 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 11 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto. Sahiu<br />
cura<strong>do</strong> no dia 14 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 2 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
162
N.º<br />
46<br />
47<br />
48<br />
49<br />
50<br />
51<br />
52<br />
53<br />
54<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Cabo<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Musico<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Musico<br />
Nome<br />
Antonio<br />
Francisco<br />
José Soares<br />
da Silva<br />
Affonso<br />
Antonio da<br />
Silva<br />
Francisco<br />
José da Silva<br />
Manuel<br />
Ferreira da<br />
Silva<br />
Albino da<br />
Silva<br />
Marciano<br />
Gomes<br />
Pereira<br />
Antonio<br />
Lopes<br />
Irac<strong>em</strong>a<br />
Firmo<br />
Eugenio <strong>de</strong><br />
Santiago<br />
Batalhão<br />
26º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
26º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
12º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
33º Batalhão<br />
d’infataria<br />
Cia.<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
18<br />
23<br />
26<br />
23<br />
19<br />
25<br />
34<br />
20<br />
24<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Sergipe<br />
Pernambuco<br />
Santa<br />
Catharina<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Alagoas<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Sergipe<br />
Moléstia<br />
Fractura comminutiva <strong>do</strong><br />
médio quarto metacarpianos<br />
da mão esquerda, por arma<br />
<strong>de</strong> fogo, necrose <strong>do</strong>s<br />
mesmos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>de</strong>ltoidiana<br />
esquerda<br />
Fractura no terço médio <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong><br />
(consolidação viciosa)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região scapular esquerda<br />
e na região <strong>de</strong>ltoidiana<br />
esquerda com sahida <strong>do</strong><br />
projectil<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região palmar<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong>rsal da mão com<br />
sahida <strong>do</strong> projectil na região<br />
palmar<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
interessan<strong>do</strong> a região<br />
superciliar esquerda, <strong>do</strong>rso<br />
<strong>do</strong> nariz e região lacrimal<br />
direita com <strong>de</strong>struição <strong>do</strong><br />
globo ocular direito completa<br />
e incompleta <strong>do</strong> globo<br />
esquer<strong>do</strong>; perda da visão.<br />
Fractura <strong>do</strong> tíbia esquer<strong>do</strong> /<br />
terço inferior<br />
Rheumatismo polyarticular e<br />
rim móvel<br />
Observações<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Fez-se extracção <strong>de</strong> esquírolas ósseas,<br />
está impossibilita<strong>do</strong> para o serviço.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>do</strong> ferimento <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong><br />
Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 14 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 12 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia11 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 11 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 23 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Teve alta <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong> Outubro por não<br />
po<strong>de</strong>r continuar na enfermaria.<br />
Entrou no dia 23 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Fez-se extracção <strong>de</strong> esquírolas ósseas.<br />
Entrou no dia 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
163
N.º<br />
55<br />
56<br />
57<br />
58<br />
59<br />
60<br />
61<br />
62<br />
63<br />
64<br />
65<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Cabo<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Nome<br />
Thomaz da<br />
Silva Moreira<br />
José Xavier<br />
Pereira<br />
Antonio<br />
Furta<strong>do</strong><br />
Sergio José<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
José Galdino<br />
<strong>do</strong> Espírito<br />
Santo<br />
Balbino<br />
Ferreira <strong>de</strong><br />
Mello<br />
Antonio<br />
Augusto da<br />
Silva<br />
Manuel Braz<br />
<strong>de</strong> Lima<br />
Mannuel<br />
Raymun<strong>do</strong><br />
da Silva<br />
Presciliano<br />
da Costa<br />
Pedro<br />
Lourenço da<br />
Cruz<br />
Batalhão<br />
40º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
1º Regimento<br />
<strong>de</strong> Cavallaria<br />
30º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
4º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
25º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
35º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
15º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
2º Regimento<br />
d’artilharia<br />
15º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
26º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
27º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
3ª<br />
4º<br />
Esquadrão<br />
2ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
4ª bateria<br />
1ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
24<br />
28<br />
24<br />
20<br />
42<br />
24<br />
20<br />
20<br />
22<br />
18<br />
34<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Piauhy<br />
Pernambuco<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul<br />
Sergipe<br />
Ceará<br />
Piauhy<br />
Pará<br />
Alagoas<br />
Maranhão<br />
Sergipe<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Moléstia<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
nas regiões anterior e<br />
posterior da coxa esquerda e<br />
bronchite<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região tibial interna com<br />
fractura <strong>do</strong> tíbia / terço<br />
inferior<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região palmar esquerda,<br />
com perda <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> médio<br />
que foi opera<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
Queimadas<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região f<strong>em</strong>oral direita,<br />
terço inferior<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
trocanteriana direita com<br />
sahida <strong>de</strong> projectil<br />
Febre palustre complicada <strong>de</strong><br />
bronchite.<br />
Panarício no <strong>de</strong><strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r<br />
da mão esquerda<br />
Engorgitamento hepatico<br />
Bronchite simples.<br />
Bronchite asthmatica<br />
Observações<br />
Entrou no dia 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu curan<strong>do</strong> <strong>em</strong> 7 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou <strong>em</strong> 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897. Shiu<br />
cura<strong>do</strong> no dia 14 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 31 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou dia 5 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Retirou-se por or<strong>de</strong>m superior.<br />
Entrou no dia 5 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 15 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 4 <strong>de</strong> Sept<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 30 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu melhora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 26 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Está impossibilita<strong>do</strong> para o serviço<br />
activo.<br />
164
N.º<br />
66<br />
67<br />
68<br />
69<br />
70<br />
71<br />
72<br />
73<br />
74<br />
75<br />
76<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Corneteiro<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Musico<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Musico<br />
Nome<br />
David José<br />
Canabrava<br />
Cezario José<br />
Pereira<br />
Francisco<br />
José<br />
Raymun<strong>do</strong><br />
Camillo<br />
Carmo<br />
Pereira <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Ignácio<br />
Maciel<br />
Joaquim<br />
Pinto<br />
Alvarenga<br />
Antonio<br />
Gomes<br />
Ferreira da<br />
Silva<br />
Felintro <strong>de</strong><br />
Sant’Anna<br />
Cavalcanti<br />
Francisco<br />
Leonar<strong>do</strong> da<br />
Silva<br />
Pedro<br />
Car<strong>do</strong>so<br />
Archanjo<br />
Lourenço<br />
Batalhão<br />
16º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
27º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
27º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
35º Batalhão<br />
d’infataria<br />
34º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
32º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
22º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
27º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
7º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
22º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
24º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
3ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
24<br />
29<br />
29<br />
22<br />
22<br />
27<br />
18<br />
34<br />
33<br />
23<br />
22<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Sergipe<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Ceará<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Espírito Santo<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Ouro Preto<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Pará<br />
Moléstia<br />
Rheumatismo subagu<strong>do</strong> e<br />
bronchite simples.<br />
Engorgiamento hepatico<br />
Laryngite<br />
Bronchite simples<br />
Tuberculose pulmonar<br />
Rheumatismo subagu<strong>do</strong><br />
Bronchite simples<br />
Bronchite simples<br />
Diarrhéa, engorgitamentlo <strong>do</strong><br />
fíga<strong>do</strong> e ferimento na região<br />
scapular esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong> corpo thyroi<strong>de</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região scapular posterior<br />
esquerda<br />
Observações<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu muito melhora<strong>do</strong> no dia 26 <strong>de</strong><br />
Outubro por ter <strong>de</strong> <strong>em</strong>barcar para a<br />
Parahyba <strong>do</strong> Norte.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 26 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 25 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 12 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 25 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 4 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Shiu cura<strong>do</strong> no dia 26 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu no dia 29 <strong>de</strong> Outubro, para seguir<br />
para Capital Fe<strong>de</strong>ral<br />
Entrou no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 23 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
165
N.º<br />
77<br />
78<br />
79<br />
80<br />
81<br />
82<br />
83<br />
84<br />
85<br />
86<br />
87<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Nome<br />
José<br />
Monteiro da<br />
Silva<br />
João Bento<br />
<strong>de</strong> Menezes<br />
Vicente <strong>de</strong><br />
Castro<br />
Manuel Luiz<br />
da Silva<br />
Heitor<br />
Ignácio<br />
Pouza<strong>do</strong><br />
Erico Dias<br />
Lima<br />
Francisco da<br />
Cunha<br />
Moreno<br />
João Paulo<br />
da Silva<br />
Manuel<br />
Marcolino <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Antonio <strong>de</strong><br />
Castro<br />
Guimarães<br />
Achilles<br />
Ribeiro <strong>de</strong><br />
Moraes<br />
Batalhão<br />
34º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
29º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
7º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
14º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
27º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
27º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
22º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
15º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia<br />
24º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
39º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
Cia.<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
Bateria<br />
4ª<br />
4ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
23<br />
24<br />
23<br />
38<br />
19<br />
18<br />
18<br />
22<br />
20<br />
19<br />
24<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Pernambuco<br />
Porto Alegre<br />
Ceará<br />
Pernambuco<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul<br />
Bahia<br />
Matto Grosso<br />
Piauhy<br />
Pernambuco<br />
São Paulo<br />
Maranhão<br />
Moléstia<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong> cotovello direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
no <strong>de</strong><strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r esquer<strong>do</strong> e<br />
na região super clavicular<br />
esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
no braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região brachial posterior,<br />
terço médio<br />
Febre palustre,<br />
engorgitamento hepático e<br />
diarrhea<br />
Diarrhea<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região maleolar esquerda,<br />
externa e bronchite<br />
Febre palustre e beribéri<br />
incipiente<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região glútea, com sahida<br />
<strong>do</strong> projectil na região<br />
trocantheriana esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região <strong>do</strong> joelho esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região masseterina, com<br />
sahida <strong>de</strong> projectil na região<br />
parotidiana<br />
Observações<br />
Entrou no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu no dia 29 <strong>de</strong> Outubro per ter <strong>de</strong><br />
seguir para a Capital Fe<strong>de</strong>ral<br />
Entrou no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu muito melhora<strong>do</strong> no dia 26 <strong>de</strong><br />
Outubro <strong>de</strong> 1897, por ter <strong>de</strong> <strong>em</strong>barcar<br />
para Pernambuco.<br />
Entrou no dia 13 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 26 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 26 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 13 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 13 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Teve alta no dia 26 para seguir para<br />
Itaparica por estar soffren<strong>do</strong> <strong>de</strong> beriberi<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
166
N.º<br />
88<br />
89<br />
90<br />
91<br />
92<br />
93<br />
94<br />
95<br />
96<br />
97<br />
98<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Cabo<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Musico<br />
Cabo<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneteiro<br />
Nome<br />
Artur Augusto<br />
<strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
João Manoel<br />
Martins<br />
Antonio <strong>de</strong><br />
Paula<br />
Braz<br />
Severino<br />
Roza<br />
Manuel Lino<br />
<strong>de</strong> Souza<br />
Castro<br />
Manuel<br />
Francisco <strong>de</strong><br />
Assis<br />
José Soares<br />
da Silva<br />
Luiz José <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong><br />
Graciano<br />
Pragana<br />
Joaquim<br />
Antonio da<br />
Cruz<br />
Manoel<br />
Francisco da<br />
Silva<br />
Batalhão<br />
39º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
39º Batalhão<br />
d’infantaria<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>de</strong> São<br />
Paulo<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>de</strong> São<br />
Paulo<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>do</strong> Pará<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong><br />
Amazonas<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>de</strong> São<br />
Paulo<br />
2º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>do</strong> Pará<br />
2º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong> Pará<br />
2º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong> Pará<br />
2º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong> Pará<br />
Cia.<br />
3ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
Ida<strong>de</strong><br />
21<br />
34<br />
31<br />
21<br />
26<br />
23<br />
29<br />
45<br />
43<br />
38<br />
39<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Pernambuco<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
São Paulo<br />
São Paulo<br />
Pará<br />
Pernambuco<br />
Ceará<br />
Ceará<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Norte<br />
Amazonas<br />
Moléstia<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região tibial posterior<br />
direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região f<strong>em</strong>oral esquerda,<br />
terço medio<br />
Diarrhéa e bronchite<br />
Diarrhea<br />
Dysenteria<br />
Diarrhea<br />
Ulcera infectuosa da córnea<br />
<strong>do</strong> olho direito com<br />
<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> parte da<br />
mesma<br />
Abcesso da região <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong><br />
grosso <strong>de</strong><strong>do</strong> esquer<strong>do</strong><br />
Diarrhea<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
na região anterior <strong>do</strong><br />
antebraço com sahida <strong>do</strong><br />
projectil na região posterior<br />
<strong>do</strong> antebraço<br />
Diarrhea<br />
Observações<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 30 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu no mesmo esta<strong>do</strong> por ter <strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>barcar para o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> no dia 29 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu melhora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 20 <strong>de</strong> Outubro por<br />
ter <strong>de</strong> <strong>em</strong>barcar para o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu muito melhora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 23 <strong>de</strong><br />
Outubro por ter <strong>de</strong> <strong>em</strong>barcar para o<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 29 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu melhora<strong>do</strong> por ter <strong>de</strong> <strong>em</strong>barcar<br />
para o Pará.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
167
N.º<br />
99<br />
100<br />
101<br />
102<br />
103<br />
<strong>Graduação</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
---<br />
Nome<br />
José<br />
Francisco<br />
Agostinho<br />
Francisco <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
Florêncio<br />
Rodrigues da<br />
Silva<br />
Raymun<strong>do</strong><br />
Ferreira Lima<br />
---<br />
Bahia, 16 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Ignácio Monteiro <strong>de</strong> Almeida Gouvea<br />
Batalhão<br />
2º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong> Pará<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong><br />
Amazonas<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong> Pará<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong> Pará<br />
---<br />
Cia.<br />
4ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
---<br />
Ida<strong>de</strong><br />
22<br />
56<br />
44<br />
32<br />
---<br />
Naturalida<strong>de</strong><br />
Amazonas<br />
Bahia<br />
Pará<br />
Ceará<br />
---<br />
Moléstia<br />
Febre intermitente palustre<br />
Diarrhéa septica<br />
Diarrhea<br />
Diarrhea<br />
---<br />
Observações<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Sahiu cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 6 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Entrou no dia 21 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
---<br />
168
2ª Enfermaria TILLAUX<br />
Bahia, 24 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
Ill. mo Snr. Dr. José Olympio d’Azeve<strong>do</strong><br />
Em resposta ao vosso gentil officio, tenho a <strong>de</strong>clarar-vos quaes os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na enfermaria a<br />
meu cargo, no Hospital provisório que com tanto tino, illustração e critério dirigistis no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>loroso <strong>em</strong><br />
que, os <strong>de</strong>fensores da Pátria Brazileira, <strong>em</strong> incessantes e numerosas levas traziam a esta Capital os vivos e<br />
angustiosos attesta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sacrosanto amor a República.<br />
O movimento pressuroso com que acudistes a direcção <strong>do</strong> Hospital S. Bento foi mais uma inviolável<br />
affirmativa <strong>de</strong> vosso patriotismo e inconteste saber, bello ex<strong>em</strong>plo a illuminar intensamente o caminho para<br />
aquelles que collocan<strong>do</strong> a Pátria sobre to<strong>do</strong>s os interesses, queiram <strong>de</strong>dicar as suas energias ao cumprimento<br />
<strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres cívicos <strong>de</strong> um completo cidadão.<br />
Antes <strong>de</strong> passar as minúcias <strong>do</strong> serviço clinico, cabe-me agra<strong>de</strong>cer-vos penhora<strong>do</strong> as amáveis<br />
referencias que fizestes ao trabalho da enfermaria “Tillaux” pedin<strong>do</strong>-vos permissão para fazel-as refletir<br />
sobre os meus <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s internos que com tanto zelo e amor me auxiliaram <strong>em</strong> minorar e curar os<br />
soffrimentos <strong>do</strong> heróico solda<strong>do</strong> brazileiro, <strong>do</strong>s quaes por <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> justiça salientarei por maior freqüência e<br />
<strong>de</strong>dicação os Snr. s acadêmicos: Antonio Ribeiro <strong>de</strong> Barros, Oscar Freire <strong>de</strong> Carvalho, Lucio Marinho <strong>do</strong>s<br />
Santos Guerra, Alci<strong>de</strong>s Britto Torres, Aurélio Ferreira Caldas e Pru<strong>de</strong>nte Cunha.<br />
E meu preclaro mestre, mais uma vez vos apresento os meus protestos <strong>de</strong> subida consi<strong>de</strong>ração e<br />
estima.<br />
Saú<strong>de</strong> e Fraternida<strong>de</strong>.<br />
Bahia, 23 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes<br />
Chefe da Enfermaria “Tillaux”<br />
169
HOSPITAL DE SÃO BENTO<br />
RELAÇÃO DAS OPERAÇÕES REALISADAS NA ENFERMARIA TILLAUX (2ª)<br />
1º - Curettag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ulceras syphiliticas, <strong>em</strong> Manoel Estevão <strong>do</strong> Nascimento, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 5º Batalhão <strong>de</strong> Artilharia da Campanha,<br />
praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> chloroformiza<strong>do</strong>r o acadêmico Adriano Vianna e auxiliares os acadêmicos Antonio<br />
Ribeiro <strong>de</strong> Barros e Antonio Ferreira Guimarães.<br />
2º - Extracção <strong>de</strong> um kisto <strong>de</strong> substancia calcarea no la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> da porção superior <strong>do</strong> corpo cavernoso no trajecto <strong>de</strong> uma<br />
bala, <strong>em</strong> Raymun<strong>do</strong> Papa-Borboleta, cabo <strong>do</strong> 40 B. am <strong>de</strong> Infanteria, praticada pelos Drs. Pacheco Men<strong>de</strong>s e Jorge <strong>de</strong> Moraes.<br />
3º - Desarticulação da phalaginha <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r da mão direita, <strong>em</strong> Benedicto José Luiz, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 33 Bam. <strong>de</strong> Infanteria,<br />
praticada pelo pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> chloroformisa<strong>do</strong>r o acadêmico Antonio Ribeiro <strong>de</strong> Barros, e auxiliares os<br />
acadêmicos Antonio Guimarães e Oscar Freire <strong>de</strong> Carvalho.<br />
4º - Extração <strong>de</strong> um estilhaço <strong>de</strong> cápsula (cobre) no flanco direito, <strong>em</strong> Luiz Soares Raposo da Camara, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 34º Bam. <strong>de</strong><br />
Infanteria, praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> chloroformisa<strong>do</strong>r o acadêmico Alci<strong>de</strong>s Torres e auxiliar os acadêmicos<br />
Lucio Guerra e Oscar Freire.<br />
5º - Desarticulação <strong>do</strong> 4º metacarpianno, ten<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente perdi<strong>do</strong> o <strong>de</strong><strong>do</strong> respectivo na occasião <strong>em</strong> que recebeo o projectil <strong>em</strong><br />
João José <strong>de</strong> Souza, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 25º Bam. <strong>de</strong> Infanteria, praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> chloroformisa<strong>do</strong>r o acadêmico<br />
Antonio Barros e auxiliares Oscar Freire <strong>de</strong> Carvalho e Lucio Guerra.<br />
6º - Extracção <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> (ilegível) <strong>do</strong> cotovello esquer<strong>do</strong>, <strong>em</strong> Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho Dantas, cabo <strong>do</strong> 25º Bam. <strong>de</strong> Infanteria,<br />
praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> auxiliares os acadêmicos Alci<strong>de</strong>s Torres e Aurélio Caldas.<br />
7º - Extracção <strong>de</strong> um seqüestro <strong>do</strong> osso molar direito <strong>em</strong> Antonio Thomaz <strong>de</strong> Britto Filho, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 33º Bam. <strong>de</strong> Infanteria,<br />
praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes.<br />
8º - Extracção <strong>de</strong> um estilhaço <strong>de</strong> bala na região lombar direita, <strong>em</strong> Francisco Candi<strong>do</strong> Rodrigues, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Bam. <strong>de</strong><br />
Infanteria, praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> auxiliar o acadêmico Lucio Guerra.<br />
9º - Resecção e curettag<strong>em</strong> <strong>do</strong> osso scaphoidi, <strong>em</strong> Leopol<strong>do</strong> Rufino <strong>de</strong> Cerqueira, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 31 Bam. <strong>de</strong> Infanteria, praticada<br />
pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> auxiliares os acadêmicos Lucio Guerra e Oscar Freite, chloroformisa<strong>do</strong>r o acadêmico Antonio<br />
Ayres <strong>de</strong> Almeida Freitas.<br />
10º - Extracção <strong>de</strong> um seqüestro <strong>do</strong> 3º metacarpiano, <strong>em</strong> José Francisco <strong>do</strong> Nascimento solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 2º <strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong> Campanha,<br />
praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes.<br />
11º - Curettag<strong>em</strong> e tratamento operativo <strong>de</strong> uma fistula anal cega externa, pelo processo <strong>do</strong> Dr. Pacheco Men<strong>de</strong>s, <strong>em</strong> Antonio<br />
Lucio da Silva, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 14 Bam. <strong>de</strong> Infanteria, pratica<strong>do</strong> pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> auxiliares <strong>do</strong>s acadêmicos Aurélio<br />
Ferreira Caldas e Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Oliveira Cunha.<br />
12º - Extracção <strong>de</strong> um kysto cartilaginoso no cotovello esquer<strong>do</strong> <strong>de</strong> José Jacinto <strong>de</strong> Castro, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 25 Bam. <strong>de</strong> Infanteria,<br />
praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> auxiliares os acadêmicos Antonio Barros, Lucio Guerra e Alci<strong>de</strong>s Torres.<br />
13º - Abertura <strong>de</strong> uma collecção purulenta na loja da glândula submaxillar, praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong><br />
chloroformisa<strong>do</strong>res os acadêmicos Antonio Ayres <strong>de</strong> Almeida Freitas, Antonio Barros e auxiliares os acadêmicos Lucio Guerra,<br />
Oscar Freire, Alci<strong>de</strong>s Torres e Aurélio Caldas.<br />
14º - Extracção <strong>de</strong> um estilhaço <strong>de</strong> bala na face interna da coxa esquerda, <strong>em</strong> Benedicto Antonio Gomes cabo <strong>do</strong> 30 Bam. <strong>de</strong><br />
Infanteria, praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> auxiliar o acadêmico Alci<strong>de</strong>s Torres.<br />
15º - Extracção <strong>de</strong> uma bala manulicher, ao nível <strong>do</strong> ângulo superior <strong>do</strong> omoplata, <strong>em</strong> Marciano <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 4º Bam.<br />
<strong>de</strong> Infanteria, praticada pelo Dr. Jorge <strong>de</strong> Moraes, sen<strong>do</strong> auxiliar o acadêmico Lucio Guerra.<br />
B. a , 13 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
170
ENFERMARIA TILLAUX<br />
MOVIMENTO DA ENFERMARIA TILLAUX DE 14 DE AGOSTO A 13 DE NOVEMBRO<br />
Entraram para o serviço --------------------------------------------- 109 <strong>do</strong>entes<br />
Tiveram alta por cura<strong>do</strong>s ------------------------------------------- 82 //<br />
Tiveram alta <strong>em</strong> convalescença ------------------------------------ 5 //<br />
Teve alta por <strong>de</strong>serção ----------------------------------------------- 1 //<br />
Teve alta por transferência para o Hospital Militar -------------- 8 //<br />
Ficaram <strong>em</strong> tratamento ---------------------------------------------- 4 //<br />
171
Enfermaria da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia, 3 <strong>de</strong> Des<strong>em</strong>bro e 1897<br />
Ex. mo Snr. Dr. Director<br />
Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> extincta pelo Sr. General, commandante <strong>do</strong> Districto a enfermaria militar provisória sob minha direcção, a<br />
ultmada das instaladas na Faculda<strong>de</strong>, cumpro o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>ce <strong>em</strong> meu nome e no <strong>do</strong>s meus companheiros <strong>de</strong><br />
trabalho a confiança que se dignou V. Ex. a <strong>em</strong> nós <strong>de</strong>positar.<br />
Na presente data r<strong>em</strong>etto para a secretaria, on<strong>de</strong> ficará a disposição <strong>de</strong> V. Ex. a para lhe dar o <strong>de</strong>stino que enten<strong>de</strong>r<br />
conveniente, o material forneci<strong>do</strong> pela Faculda<strong>de</strong> e pelo Comitê Patriótico que conta <strong>de</strong> bal<strong>de</strong>s, bacias, escarra<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> metal, duas seringas <strong>de</strong> cuvutchouc, irriga<strong>do</strong>res, etc. A este acompanharam também a listo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes que tiveram<br />
alta ou foram transferi<strong>do</strong>s para os hospitais militares e <strong>do</strong>s que entreguei ao Dr. Artur Rebello e que, por não se<br />
po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> transportar, ainda aqui ficaram.<br />
Em t<strong>em</strong>po opportuno apresentarei a V. Ex. a , com os meus collegas <strong>de</strong> serviço, um relatório <strong>de</strong>monstrativo <strong>do</strong><br />
movimento completo da enfermaria, trabalho que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong>s registros clínicos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os collegas que foram<br />
encarrega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes.<br />
Aproveito a opportunida<strong>de</strong> para apresentar a V. Ex.ª os meus protestos da mais elevada consi<strong>de</strong>ração e estima.<br />
Saú<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong>.<br />
Dr. Braz <strong>do</strong> Amaral<br />
172
Tiveram alta <strong>em</strong> 24 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Solda<strong>do</strong> Francisco Severino <strong>de</strong> Magalhães, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 15º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 25 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará, filho <strong>de</strong> Joaquim Severino, por soffrer <strong>de</strong> h<strong>em</strong>orrhoidas.<br />
Solda<strong>do</strong> Benedicto José Villarim, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 18 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Piauhy, filho <strong>de</strong> Antonio José Villarim, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no gran<strong>de</strong> artelho <strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong>.<br />
Solda<strong>do</strong> Epaminondas Coelho Santiago, da 2ª Companhia <strong>do</strong> 39º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 20 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, filho <strong>de</strong> Jorge Santiago, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na coxa esquerda.<br />
Solda<strong>do</strong> Joaquim Antonio <strong>de</strong> Lima, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 16º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 18 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> da Bahia, filho <strong>de</strong> Francisco Antonio <strong>de</strong> Lima, Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da perna direita.<br />
Solda<strong>do</strong> Antonio Pereira Lima, da 3ª Companhia da polícia <strong>do</strong> Amazonas, com 29 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> Raymun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Lima, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na coxa esquerda.<br />
Cabo <strong>de</strong> esquadra José Antonio Vasconcellos da 3ª Companhia <strong>do</strong> 34º Batalhão <strong>de</strong> infantaria, com 24 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />
natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, filho <strong>de</strong> Antonio José Vasconcellos, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na mão<br />
esquerda.<br />
Solda<strong>do</strong> Luiz José <strong>do</strong> Nascimento da 2ª Companhia <strong>do</strong> 15º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 18 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, filho <strong>de</strong> José <strong>do</strong> Nascimento, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço esquer<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />
resultou difficulda<strong>de</strong> na flexão e extenção.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel Marques Souza Britto da 2ª Companhia <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 40 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maranhão, filho <strong>de</strong> Antonio José <strong>de</strong> Britto Cidreira, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no quadril da perna direita e<br />
paralysia.<br />
Solda<strong>do</strong> José Alexandre da Cruz, da 1ª Campanhia <strong>do</strong> 12º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 21 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
da Bahia, filho <strong>de</strong> Manoel Alexandre, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo produzin<strong>do</strong> encurtamento da coxa.<br />
Solda<strong>do</strong> Pedro Vieira <strong>de</strong> Sá, da 3ª Companhia <strong>do</strong> 40º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 25 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Piauhy, filho <strong>de</strong> Victor Antonio <strong>de</strong> Sá, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo, sen<strong>do</strong>-lhe amputa<strong>do</strong> o braço esquer<strong>do</strong>.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel José Cambraia, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 19 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, filho <strong>de</strong> outro <strong>de</strong> igual nome, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo, sen<strong>do</strong>-lhe amputada a coxa esquerda.<br />
Irineu Caetano da Silva, da 3ª Companhia <strong>do</strong> 22º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 19 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> S.<br />
Paulo, filho <strong>de</strong> Esperança Maria da Conceição.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel Leôncio Paciência, da 3ª Companhia <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 19 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> da Bahia, filho <strong>de</strong> Manoel José, ferimento no terço superior da coxa esquerda e paralysia da perna.<br />
Solda<strong>do</strong> João Baptista <strong>de</strong> Araújo, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 27º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 18 annos da ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
da Parahyba <strong>do</strong> Norte, filho <strong>de</strong> João Francisco <strong>de</strong> Araújo, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo que tornou necessário a amputação da<br />
mão esquerda.<br />
Solda<strong>do</strong> Agostinho <strong>de</strong> Oliveira Santos, da 3ª Companhia <strong>do</strong> 39º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 22 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pernambuco, filho <strong>de</strong> Gonçalo Gomes <strong>do</strong>s Santos, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na coxa esquerda que resultou na<br />
paralysia <strong>do</strong>s extensores <strong>de</strong>ssa região.<br />
Solda<strong>do</strong> Antonio Bernar<strong>do</strong> da Cunha, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 25 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Piauhy, filho <strong>de</strong> igual nome, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nos ossos <strong>do</strong> ante-braço próximo a articulação <strong>do</strong> punho<br />
esquer<strong>do</strong> <strong>de</strong> que resultou consolidação viciosa e difficulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s movimentos.<br />
Solda<strong>do</strong> Albertino Pereira Vianna, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 5º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 29 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>de</strong><br />
Piauhy, filho <strong>de</strong> Joaquim Vicente, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço direito.<br />
173
Musico Manoel Pereira Bastos, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 9º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 25 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> igual nome ferimento ante-braço esquer<strong>do</strong>.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel Pereira da Silva, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 7º Batalhão <strong>de</strong> infantaria, com 20 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, filho <strong>de</strong> João Pereira <strong>de</strong> Araújo, ferimento no braço e na mão direita.<br />
Solda<strong>do</strong> José Fortunato da Silva, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 27º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 25 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural Parahyba,<br />
filho <strong>de</strong> igual nome, ferimento no braço e ante braço esquer<strong>do</strong>.<br />
Solda<strong>do</strong> Antonio Caetano da Silva, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 7º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 21 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, ferimento na perna esquerda.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel Pereira da Silva, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 22º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 35 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>de</strong><br />
Pernambuco, filho <strong>de</strong> Manoel Pereira da Silva, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço esquer<strong>do</strong>.<br />
Cabo <strong>de</strong> esquadra Raymun<strong>do</strong> d’Oliveira Bastos, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 5º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 18 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />
natural <strong>do</strong> Maranhão, filho <strong>de</strong> José Oliveira Bastos, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na mão direita, amputação <strong>do</strong> braço direito.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel Francisco <strong>de</strong> Lima, da 2ª Companhia <strong>do</strong> 7º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 20 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>de</strong><br />
Alagoas, filho <strong>de</strong> Il<strong>de</strong>fonso Pereira <strong>de</strong> Lima, ferimento na perna esquerda.<br />
Anspeçada Fortunato Pereira da Silva, da 2ª Companhia <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 25 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong><br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, filho <strong>de</strong> Francisco Men<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Nascimento, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo <strong>em</strong> ambas as penas.<br />
Solda<strong>do</strong> Theo<strong>do</strong>ro Meirelles, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 40º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria, com 20 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, filho <strong>de</strong> Marcellino (Sario?), ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no ante-braço direito.<br />
Musico Cunegun<strong>de</strong>s Peres <strong>de</strong> Araújo, com 24 annos, natural <strong>do</strong> Maranhão, 1ª Companhia <strong>do</strong> 5º <strong>de</strong> Infantaria, feri<strong>do</strong> por<br />
arma <strong>de</strong> fogo no cotovello esquer<strong>do</strong>.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel Moreira <strong>do</strong> Nascimento, com 34 annos, natural <strong>de</strong> Alagoas, da 1ª Companhia <strong>do</strong> 32º <strong>de</strong> Infantaria, feri<strong>do</strong><br />
por arma <strong>de</strong> fogo na mão direita com fractura <strong>do</strong> 3º metacarpiano, ankylose <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r médios da mesma mão.<br />
Solda<strong>do</strong> João Caetano, com 21 annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, natural <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 7º <strong>de</strong> Infantaria, feri<strong>do</strong><br />
por arma <strong>de</strong> fogo na perna esquerda.<br />
Cabo Manoel Pereira da Silva, com 35 annos, natural <strong>de</strong> Pernambuco, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 22º, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
braço esquer<strong>do</strong> com fractura exposta <strong>do</strong> humero.<br />
Solda<strong>do</strong> Aprígio Antonio da Silveira, com 25 annos, natural <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, da 4ª Companhia <strong>do</strong> 34º, gastrite<br />
diarrhea.<br />
2º sargento José Gomes da Silva, com 22 annos, natural <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, da 1ª Bateria <strong>do</strong> 5º <strong>de</strong> Artilharia, feri<strong>do</strong><br />
por arma <strong>de</strong> fogo na perna direita.<br />
Cabo Lino Correia <strong>de</strong> Moura, com 29 annos, natural <strong>do</strong> Ceará, da 2ª Companhia <strong>do</strong> 40º?<br />
Solda<strong>do</strong> Artur Correia <strong>de</strong> Moura, com 25 annos, natural <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, da 2ª Companhia <strong>do</strong> 37º, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong><br />
fogo no escroto.<br />
Solda<strong>do</strong> Francisco Manoel da Silva, com 32 annos, natural da Bahia, da 2ª Companhia <strong>do</strong> 32º, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
mão direita.<br />
Solda<strong>do</strong> Manoel F. <strong>de</strong> Lima, com 20 annos, natural <strong>de</strong> Alagoas, da 2ª Companhia <strong>do</strong> 7º, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na perna<br />
esquerda.<br />
174
Ficaram na enfermaria extincta os seguintes:<br />
Minervino Ferrão <strong>de</strong> Gusmão, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 1º regimento <strong>de</strong> cavallaria, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo no 5º metacarpiano. Foi<br />
extrahida a bala.<br />
Francisco <strong>de</strong> Souza Lima, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 29º <strong>de</strong> infantaria, feri<strong>do</strong> no hombro esquer<strong>do</strong>. Fez-se a resecção <strong>do</strong> humero <strong>em</strong> sua<br />
extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> superior.<br />
Luiz Fernan<strong>de</strong>s Dias, cabo <strong>do</strong> 7º feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo no braço direito e com luxação da espádua. Foi extrahida uma bala<br />
e raspa<strong>do</strong> o humero na sua extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> superior on<strong>de</strong> estava caria<strong>do</strong>.<br />
José (Heinneitz?) Moreira Lima, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 39º, tuberculose pulmonar, otite tuberculosa e ecx<strong>em</strong>a <strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong>.<br />
Hermin<strong>do</strong> Fernan<strong>de</strong>s Peixoto, musico <strong>do</strong> 22º, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na região lombar.<br />
Liberato <strong>do</strong> Nascimento, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 22º, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo no humero esquer<strong>do</strong>. Fez-se a <strong>de</strong>sarticulação.<br />
Antonio Caetano da Silva, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 7º, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na perna direita.<br />
Bahia, 3 <strong>de</strong> Des<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Braz <strong>do</strong> Amaral.<br />
175
Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, Bahia <strong>de</strong> To<strong>do</strong>s os Santos, <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
Tenho o prazer <strong>de</strong> enviar a V. Ex. a uma relação, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> mappa, <strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>entes da Enfermaria <strong>do</strong> Hospital Militar creada nas <strong>de</strong>pendências <strong>do</strong> Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento, sob a direcção <strong>de</strong> V. Ex. a , para tratar <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s,<br />
Enfermaria <strong>de</strong> que fui encarrega<strong>do</strong> como medico chefe, ten<strong>do</strong> por auxiliares os<br />
estudantes Evaristo e Araújo, Antonio Bastos e Joaquim da Matta Albuquerque.<br />
Na relação acham-se <strong>de</strong>scriptas, antes, <strong>de</strong>signadas as moléstias e algumas<br />
das operações praticadas por mim: verá V. Ex. a que quase to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>entes tiveram<br />
alta cura<strong>do</strong>s, só ten<strong>do</strong> falleci<strong>do</strong> <strong>do</strong>us, um <strong>de</strong> lesão cardíaca, que para lá entrou<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia da installação e o outro chega<strong>do</strong> já nos últimos t<strong>em</strong>pos, falleceu <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>syntheria séptica, com 3 dias apenas <strong>de</strong> estada; alguns outros tiveram alta s<strong>em</strong> se<br />
achar<strong>em</strong> completamente cura<strong>do</strong>s, por ter<strong>em</strong> si<strong>do</strong> requisita<strong>do</strong>s por seus superiores<br />
para seguir<strong>em</strong> os seus batalhões.<br />
Quase todas as operações foram feitas s<strong>em</strong> anesthesia geral, haven<strong>do</strong><br />
apenas quatro chloroformisações, que <strong>de</strong>ram-me ensejo <strong>de</strong> reconhecer a perícia e<br />
bonda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s D. rs Jeorge <strong>de</strong> Moraes e Antonio <strong>de</strong> Barros, aos quais muito agra<strong>de</strong>ço<br />
o concurso que me prestaram.<br />
Peço a V. Ex. a permissão para lhe agra<strong>de</strong>cer, muito <strong>de</strong> coração, a<br />
benevolência com que atten<strong>de</strong>u s<strong>em</strong>pre qualquer pedi<strong>do</strong> ou reclamação para a<br />
Enfermaria a meu cargo, mais também a distincção com que tratou-me, e as<br />
palavras obsequiosas <strong>de</strong> seu officio <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro p.p.<br />
Aproveito a occasião para significar a V. Ex. a que me encontrará s<strong>em</strong>pre<br />
prompto a acompanhal-o <strong>em</strong> commissão como esta, e assegurar-lhe os protestos <strong>de</strong><br />
minha subida estima e alta consi<strong>de</strong>ração.<br />
Saú<strong>de</strong> e Fraternida<strong>de</strong>.<br />
Ex. mo Snr. Dr. José Olympio <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>.<br />
Dr. Julio da Gama
N.º<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
Nomes<br />
Joaquim José <strong>de</strong> S. t’ Anna<br />
Evaristo Pereira <strong>de</strong> Oliveira<br />
Vicente Alves da Silva Domingues<br />
Henrique José da Costa<br />
Cabo - Cl<strong>em</strong>ente Gonsalves <strong>de</strong><br />
Araújo<br />
Musico – Verissimo Reis da Silva<br />
I<strong>de</strong>m – Antonio José Rodrigues<br />
Joaquim Anselmo <strong>de</strong> Oliveira<br />
João Marciano<br />
Bernardino Pedro Siqueira<br />
Américo José <strong>do</strong>s Santos<br />
Sebastião José <strong>do</strong>s Santos<br />
Entradas<br />
11 Agosto<br />
14 Agosto<br />
14 Agosto<br />
14 Agosto<br />
// //<br />
// //<br />
// //<br />
11 //<br />
// //<br />
// //<br />
14 //<br />
// //<br />
Moléstias<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Dysenteria<br />
Rheumatismo<br />
Gastro-interite e rheumatismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
inf. <strong>do</strong> braço<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo e<br />
diarrhea<br />
Gastro-enterite chronica<br />
Rheumatismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Altas<br />
17 Agosto. Cura<strong>do</strong><br />
17 Agosto. Cura<strong>do</strong><br />
17 Agosto. Cura<strong>do</strong><br />
// // . Transferência<br />
// // Cura<strong>do</strong><br />
18 // Cura<strong>do</strong><br />
// // Transferência<br />
// // Cura<strong>do</strong><br />
// // Melhora<strong>do</strong><br />
// // Cura<strong>do</strong><br />
18 // Cura<strong>do</strong><br />
19 // Cura<strong>do</strong><br />
Operações<br />
Observações
N.º<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
Nomes<br />
Raphael <strong>de</strong> Paula Vieira<br />
Vitalino Luiz da França<br />
Firmino José Ferreira<br />
Ezequiel José <strong>de</strong> Souza<br />
Corneta – Pedro Manoel da França<br />
Francisco Thomaz<br />
Manoel Formino <strong>do</strong> Nascimento<br />
Manoel Jorge <strong>de</strong> Souza<br />
Joaquim José Oliveira<br />
Hermelino Baptista Torres<br />
Lourenço Antonio da Silva<br />
Thomaz Leite Torres<br />
Entradas<br />
11 Agosto<br />
11 //<br />
// //<br />
14 Agosto<br />
// //<br />
11 //<br />
// //<br />
14 //<br />
// //<br />
// //<br />
// //<br />
// //<br />
Moléstias<br />
Ferimento na parte anterior <strong>do</strong><br />
joelho esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento no pescoço e<br />
rheumatismo<br />
Ferimento na coxa esquerda e<br />
mão direita<br />
Ferimento na coxa direita<br />
Ferimento.<br />
Ferida na mão direita cortan<strong>do</strong><br />
os <strong>de</strong><strong>do</strong>s polex e ín<strong>de</strong>x<br />
I<strong>de</strong>m no hombro esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento no braço esquer<strong>do</strong> e<br />
peito direito<br />
Ferimento na espádua direita e<br />
articulação humeral. On<strong>de</strong> o<br />
(ilegível) projectil atravessou o<br />
peito<br />
Ferimento na parte lateral <strong>do</strong><br />
peito e da espadua esquerda.<br />
(ilegível) o projectil<br />
Ferida na coxa direita<br />
Ferida no ante-braço (ilegível)<br />
Altas<br />
23 Agosto. Cura<strong>do</strong>.<br />
// // //<br />
// // //<br />
25 // //<br />
27 // //<br />
28 // //<br />
// // //<br />
// // //<br />
// // //<br />
31 // //<br />
// // //<br />
Fez-se a (ilegível)<br />
<strong>do</strong> cubitero<br />
Operações Observações<br />
Fez-se a curetag<strong>em</strong><br />
<strong>do</strong> cubitero<br />
Foi requisita<strong>do</strong> para<br />
seguir com o batalhão
N.º<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
Nomes<br />
Paulino <strong>do</strong>s Santos<br />
Francisco Mangabeira da Silva<br />
Cabo d’esquadra José <strong>do</strong> Carmo<br />
Costa<br />
Thomaz José <strong>de</strong> Oliveira<br />
João Antonio Nunes<br />
José Francisco <strong>do</strong>s Santos<br />
José Ricar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos<br />
João Francisco <strong>de</strong> Souza<br />
Venâncio Luis da Silva<br />
José Alves Brito<br />
Manoel Antonio <strong>do</strong> Nascimento<br />
Luiz I<strong>de</strong>lfonso Alves da França<br />
Entradas<br />
// //<br />
22 //<br />
28 //<br />
5 <strong>de</strong><br />
Set<strong>em</strong>bro<br />
22 Agosto<br />
22 Agosto<br />
// //<br />
// //<br />
14 //<br />
// //<br />
22 //<br />
12 //<br />
Moléstias<br />
Ferida no ante-braço direito<br />
Ferida no 3º inf. da perna<br />
esquerda<br />
Ferida no Joelho Direito<br />
Beribéri<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Rheumatismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
3º sup. da coxa direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
coxa esquerda e no excroto<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
ante-braço esquer<strong>do</strong><br />
Febre palustre intermittente<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
(hypochardio?) direito, ten<strong>do</strong> o<br />
projectil atravessa<strong>do</strong> <strong>de</strong> traz<br />
pra diante<br />
Altas<br />
2 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro –<br />
melhora<strong>do</strong><br />
10 // - cura<strong>do</strong><br />
// // //<br />
// // por<br />
transferência<br />
11 // - melhora<strong>do</strong><br />
11 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro –<br />
cura<strong>do</strong><br />
// // //<br />
// // //<br />
// // //<br />
// // //<br />
12 // - melhora<strong>do</strong><br />
21 // - cura<strong>do</strong><br />
Operações Observações<br />
Fez-se a operação da<br />
fístula que existia no<br />
trajecto da bala no<br />
escroto<br />
Foi requisita<strong>do</strong> para<br />
seguir com o batalhão
N.º<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
42<br />
43<br />
44<br />
45<br />
46<br />
47<br />
48<br />
Nomes<br />
Manoel Pedro <strong>de</strong> Barros Lima<br />
Julio Pereira <strong>de</strong> Castro<br />
José (David?) Cavalcanti<br />
Anspeçada João Olympio<br />
Manoel (ilegível)<br />
Musico – João Geronimo da Silva<br />
I<strong>de</strong>m – Luiz Francisco <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nça<br />
I<strong>de</strong>m – José Luiz<br />
Belmiro Severo das Neves<br />
Anspeçada Melchia<strong>de</strong>s Bento<br />
Cabo Pedro José <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />
Diogo Brandão<br />
Entradas<br />
14 //<br />
22 //<br />
11 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
11 //<br />
11 //<br />
8 //<br />
5 //<br />
// //<br />
14 <strong>de</strong><br />
Agosto<br />
11 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
13 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
5 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Moléstias<br />
I<strong>de</strong>m no ante-braço esquer<strong>do</strong>,<br />
3º médio<br />
I<strong>de</strong>m e uma ulcera syphilitica<br />
I<strong>de</strong>m na parte esquerda <strong>do</strong><br />
maxillar inferior e no joelho<br />
esquer<strong>do</strong><br />
I<strong>de</strong>m no peitoral esquer<strong>do</strong><br />
I<strong>de</strong>m no peitoral direito<br />
I<strong>de</strong>m no terço inferior da coxa<br />
esquerda<br />
I<strong>de</strong>m no joelho direito,<br />
erypsella, hepatite<br />
Hepatite<br />
Gran<strong>de</strong>s ulcerações por<br />
ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas<br />
regiões anterior e externa da<br />
extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> inferior da perna<br />
direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
joelho direito<br />
I<strong>de</strong>m no hombro esquer<strong>do</strong><br />
Tuberculose pulmonar<br />
Altas<br />
1º <strong>de</strong> Outubro -<br />
cura<strong>do</strong><br />
4 // - cura<strong>do</strong><br />
13 // //<br />
// // //<br />
// // //<br />
16 // //<br />
// // //<br />
// // //<br />
// // //<br />
17 // //<br />
18 // - melhora<strong>do</strong><br />
// // //<br />
Operações Observações<br />
Fez-se a operação da<br />
curetag<strong>em</strong> da ulcera<br />
Foi requisita<strong>do</strong> pelo<br />
superior para seguir<br />
com o batalhão
N.º<br />
49<br />
50<br />
51<br />
52<br />
53<br />
54<br />
55<br />
56<br />
57<br />
58<br />
59<br />
Nomes<br />
Anspeçada Thelmo Soares<br />
Cabo Raymun<strong>do</strong> José <strong>de</strong> Queiroz<br />
I<strong>de</strong>m – João Rodrigues<br />
Bernardino Gomes<br />
Francisco Magello da Silva<br />
Marcellino da Silva<br />
Cl<strong>em</strong>entino Roiz Souza<br />
Sargento <strong>do</strong> Regimento <strong>do</strong> Pará –<br />
José (ilegível) da Silva<br />
I<strong>de</strong>m – Raimun<strong>do</strong> Alberto <strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
Anspeçada Melchia<strong>de</strong>s Porfírio da<br />
Costa<br />
Manoel Francisco da Silva<br />
Entradas<br />
15 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
8 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
18 //<br />
11 //<br />
8 //<br />
14 Agosto<br />
13 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
13 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
// //<br />
28 <strong>de</strong><br />
Agosto<br />
14 <strong>de</strong><br />
Agosto<br />
Moléstias<br />
Dysenteria séptica<br />
Syphilis – (<strong>do</strong>res orteocapas?)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
<strong>do</strong>rso <strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong><br />
I<strong>de</strong>m no ante-braço direito<br />
Febre intermittente<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
mão e no ante-braço direito,<br />
hepatite com infiltração<br />
Febre palustre inttermitente<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
coxa direita e na região<br />
h<strong>em</strong>oplaetana esquerda<br />
I<strong>de</strong>m na parte lateral direita da<br />
região <strong>front</strong>al<br />
I<strong>de</strong>m na parte anterior e inferior<br />
da coxa e (ilegível) <strong>do</strong> joelho<br />
(esquer<strong>do</strong>?)<br />
I<strong>de</strong>m no <strong>de</strong><strong>do</strong> médio <strong>do</strong> pé.<br />
Dysenteria e rheumatismo<br />
Altas<br />
// // - morte<br />
19 // - cura<strong>do</strong><br />
// // //<br />
20 // - não cura<strong>do</strong><br />
// // - cura<strong>do</strong><br />
21 // //<br />
21 // - cura<strong>do</strong><br />
22 <strong>de</strong> Outubro -<br />
cura<strong>do</strong><br />
// // //<br />
24 // //<br />
26 // //<br />
Operações Observações<br />
Extração <strong>de</strong> um<br />
(ilegível) na região<br />
t<strong>em</strong>poral direita<br />
Fizeram-se<br />
<strong>de</strong>sbridamento,<br />
abertura <strong>de</strong> trajectos<br />
fistulosos e applicaçao<br />
<strong>de</strong> drenos<br />
Teve alta não<br />
completamente<br />
cura<strong>do</strong> por ter que<br />
seguir com o batalhão<br />
<strong>de</strong> Policia <strong>de</strong> São<br />
Paulo
N.º<br />
60<br />
61<br />
62<br />
63<br />
64<br />
65<br />
66<br />
67<br />
68<br />
69<br />
70<br />
71<br />
Nomes<br />
Anspeçada Paulino Dias da Luz<br />
Miguel Evangelista Santos<br />
Anspeçada Etelário Manoel <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Cabo Américo Duarte<br />
Luiz Gonzaga Fernan<strong>de</strong>s<br />
Thomaz <strong>do</strong> Couto<br />
Musico - Francisco <strong>do</strong>s Passos<br />
Xavier<br />
Anspeçada Antonio Roiz Magalhães<br />
Simplicio da Silva<br />
Hermenegil<strong>do</strong> José <strong>de</strong> Oliveira<br />
José <strong>de</strong> Mesquita<br />
Francisco Alves da Silva<br />
Entradas<br />
23 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
8 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
// //<br />
13 //<br />
8 //<br />
15 //<br />
15 //<br />
8 //<br />
13 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
// //<br />
// //<br />
8 //<br />
Moléstias<br />
Ferimento por queda no joelho<br />
direito<br />
I<strong>de</strong>m por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Hérnia inguinal direita<br />
Rheumatismo (ilegível) agu<strong>do</strong> e<br />
(ilegível)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
3º superior <strong>do</strong> ante-braço<br />
direito<br />
I<strong>de</strong>m na face antero-superior<br />
da coxa direita<br />
I<strong>de</strong>m nas regiões lombares<br />
I<strong>de</strong>m na coxa e na planta <strong>do</strong> pé<br />
direito. Rheumatismo e Gastrointerite<br />
Dysenteria e tuberculose<br />
incipiente2 // - melhora<strong>do</strong><br />
Febre palustre intermitente e<br />
abscesso <strong>do</strong> escroto<br />
Broncho-pneumonia<br />
Ferimento na região anterosuperior<br />
da coxa direita e<br />
rheumatismo articular<br />
Altas<br />
25 // - melhora<strong>do</strong><br />
// // - cura<strong>do</strong><br />
27 <strong>de</strong> Outubro<br />
// // - cura<strong>do</strong><br />
// // - quase cura<strong>do</strong><br />
29 // - cura<strong>do</strong><br />
1º <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro –<br />
cura<strong>do</strong><br />
2 // - melhora<strong>do</strong><br />
3 // - cura<strong>do</strong><br />
// // //<br />
6 // //<br />
Operações Observações<br />
Abrio-se o trajecto da<br />
bala para evacuar as<br />
collecções purulentas<br />
(ilegível) que se<br />
formavam<br />
Abriu-se o abscesso<br />
Extracção <strong>de</strong> bala na<br />
ná<strong>de</strong>ga<br />
Requisita<strong>do</strong> por or<strong>de</strong>m<br />
superior para seguir<br />
com o batalhão<br />
Não se fez operação a<br />
operação radical pela<br />
natureza <strong>do</strong> hospital e<br />
a sua condição<br />
Foi requisita<strong>do</strong> antes<br />
<strong>do</strong> restabelecimento<br />
completo<br />
Cura<strong>do</strong> da dysenteria
N.º<br />
72<br />
73<br />
74<br />
75<br />
76<br />
77<br />
Nomes<br />
Cabo Archanjo Luiz da Silva<br />
José Felippe<br />
Ramos Cor<strong>de</strong>iro<br />
Manoel <strong>de</strong> Oliveira<br />
Salva<strong>do</strong>r Vicente Ferreira<br />
George Leopoldino Santos<br />
Entradas<br />
// //<br />
22 <strong>de</strong><br />
Agosto<br />
1º <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro<br />
14 <strong>de</strong><br />
Agosto<br />
14 <strong>de</strong><br />
Agosto<br />
8 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Moléstias<br />
I<strong>de</strong>m na região <strong>do</strong>rsal<br />
I<strong>de</strong>m na região anterior <strong>do</strong><br />
pescoço<br />
Arthrite (ilegível)-maxillar por<br />
contusão. Abscesso nas<br />
gengivas e na bochecha<br />
esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
região (ilegível) esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na<br />
articulação <strong>do</strong> cotovello direito,<br />
com fractura <strong>do</strong>s ossos <strong>do</strong><br />
ante-braço<br />
Diarrhéa<br />
Altas<br />
9 // //<br />
// // - melhora<strong>do</strong><br />
12 // - cura<strong>do</strong><br />
12 // - não cura<strong>do</strong><br />
14 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro -<br />
cura<strong>do</strong><br />
Deixei ainda na<br />
enfermaria a 14 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro por não<br />
estar<br />
completamente<br />
cura<strong>do</strong><br />
Operações Observações<br />
Fez-se extracção das<br />
esquírolas ósseas.Na<br />
tar<strong>de</strong> fez-se a<br />
raspag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s ossos;<br />
porém sen<strong>do</strong> tu<strong>do</strong><br />
improficuo, fez-se<br />
amputação <strong>do</strong> braço<br />
na união <strong>do</strong> 3º médio<br />
com o 3º inferior;<br />
ten<strong>do</strong> este <strong>do</strong>ente<br />
soffri<strong>do</strong> três<br />
operações, sen<strong>do</strong><br />
duas sob acção <strong>do</strong><br />
chloroformio<br />
Foi requisita<strong>do</strong> para<br />
seguir com o batalhão<br />
Foi requisita<strong>do</strong> por<br />
or<strong>de</strong>m superior para<br />
seguir com o batalhão<br />
O <strong>do</strong>ente apezar <strong>de</strong><br />
cura<strong>do</strong> ficou na<br />
enfermaria para seguir<br />
<strong>de</strong>pois para o asilo<br />
A.B. Nesta enfermaria<br />
foram feitas quatro<br />
chloroformisações, a<br />
maioria das operações<br />
sen<strong>do</strong> feitas s<strong>em</strong><br />
anesthesia geral.
ENFERMARIA Nº 4 277<br />
19 (ilegível) a esta enfermaria <strong>em</strong> 29 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
1. Manoel Luiz <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> – anspeçada da 4ª Comp. Do 15º Batalhão, feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na perna esquerda e<br />
na região <strong>front</strong>o-parietal esquerda.<br />
2. Antonio Ferreira Lima – solda<strong>do</strong> da 2ª Bateria <strong>do</strong> 5º Regimento – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na espa<strong>do</strong>a direita.<br />
3. Manoel Torquato <strong>do</strong>s Santos – cabo da 3ª Comp. Do 33º Batalhão – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
cotovello esquer<strong>do</strong>.<br />
4. Martim Rosa da Silva – solda<strong>do</strong> da 3ª Comp. Do 27º Batalhão – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo <strong>em</strong> ambas as<br />
espa<strong>do</strong>as.<br />
Foi transferi<strong>do</strong> para a enfermaria <strong>de</strong> variolosos:<br />
5. Antonio Francisco da Silva – solda<strong>do</strong> da ?ª Companhia <strong>do</strong> 15º Batalhão – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no (ilegível)<br />
direito fican<strong>do</strong> <strong>de</strong>struída a (ilegível) e parte da phalange. Cura<strong>do</strong> cirurgicamente.<br />
Em 30 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Braz <strong>do</strong> Amaral<br />
_____________________________________________________________________________________________<br />
Enfermaria <strong>do</strong> Dr. Braz <strong>do</strong> Amaral (nº 4)<br />
Tiverão alta no dia 25 <strong>de</strong> Agosto:<br />
- Fortunato Alves, 1 <strong>de</strong> cavalaria – feri<strong>do</strong> no ante-braço esquer<strong>do</strong>.<br />
- Martinho Walraven Filho, 32 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no pé direito.<br />
- José André Bispo – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong>.<br />
- Gentil Rodrigues da Silveira, 12 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço esquer<strong>do</strong>.<br />
- Chrispin <strong>do</strong>s Santos, 12 <strong>de</strong> Infantaria – transferi<strong>do</strong> para a enfermaria <strong>do</strong>s variolosos.<br />
- Agostinho Ferreira Gomes – transferi<strong>do</strong> para o Hospital Militar por provocar <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m (cabo), ferimento da região<br />
superciliar, por arma <strong>de</strong> fogo.<br />
Entrarão no dia 25 <strong>de</strong> Agosto:<br />
- Tertuliano José das Neves, 33 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por bala no cotovello.<br />
- João Baptista Lima, 33 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por bala na coxa esquerda.<br />
- Julio Augusto Vianna, 14 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na perna esquerda.<br />
- Manoel das Neves S. Anna, 13 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>do</strong>rso direito.<br />
- Jorge Pereira da Silva, 7 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço direito.<br />
- Deolin<strong>do</strong> <strong>de</strong> Souza Caldas, 33 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na perna esquerda.<br />
Tiverão alta no dia 26 <strong>de</strong> Agosto:<br />
- Isi<strong>do</strong>ro Marques <strong>de</strong> Alencar, 31 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na coxa esquerda.<br />
277 Arquivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia. Caixa Ano 1897. Código 01.07.0574. Maço Documentação referente à Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s.
- José Nativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Santos, 26 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento no antebraço direito, por arma <strong>de</strong> fogo.<br />
- Manoel Gonçalves Ferreira <strong>de</strong> Deus, 25 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na virilha direita.<br />
- Hyppolito José <strong>do</strong>s Santos, 31 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região sternal.<br />
- Antonio Sebastião, 32 <strong>de</strong> Infantaria – ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no couro cabelu<strong>do</strong>.<br />
Em 26 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Dr. Braz <strong>do</strong> Amaral<br />
_____________________________________________________________________________________________<br />
Enfermaria nº 4<br />
Serviço <strong>do</strong> Dr. Juliano Moreira<br />
1. João Gomes Pereira – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 7º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala no braço esquer<strong>do</strong>. Febre<br />
Palustre intermittente, typo quotidiano.<br />
2. Lino José <strong>do</strong>s Santos – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na raiz <strong>do</strong> nariz.<br />
3. Virgilio da Silva Carvalho – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 33º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na mão esquerda.<br />
4. Antonio Rodrigues <strong>de</strong> Menezes – Corneta <strong>do</strong> 31º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na região retroparotidiana.<br />
5. João Alfre<strong>do</strong> Bezerra – anspeçada <strong>do</strong> 32º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na região super-espinhosa.<br />
6. Vicente Alves Correa – cabo <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na face externa da coxa.<br />
7. Abel Vicente <strong>de</strong> Oliv a. Pernambuco – musico <strong>do</strong> 27º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por estilhaços <strong>de</strong> bala na<br />
face externa da perna.<br />
8. Umbelino Lopez Vianna – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 33º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na mão direita. Acarus.<br />
9. Fre<strong>de</strong>rico Luiz – anspeçada <strong>do</strong> 12º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na mão esquerda.<br />
10. Joaquim Cabral <strong>do</strong>s Santos – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala no pé direito.<br />
11. Cláudio Custodio <strong>de</strong> Moraes – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na face externa da<br />
coxa.<br />
12. José Domingos Bispo <strong>do</strong>s Santos – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 1º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na mão esquerda.<br />
13. Benedicto Simplício – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na região super-espinhosa.<br />
14. Candi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paiva Araújo – cabo <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala no terço superior e face<br />
anterior da coxa.<br />
15. João Martin da Silva – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na regiãosub-scapular.<br />
16. Francisco <strong>de</strong> Aguiar Talim – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na face posterior da coxa.<br />
17. Felix Phillipe <strong>de</strong> Albuquerque – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 1º Regimento <strong>de</strong> Cavalaria. Ferimento por bala na região <strong>do</strong> cotovello.<br />
Ferimento por bala no terço inferior e face anterior da coxa.<br />
Enfermaria nº 4 – Serviço Clinico <strong>do</strong> Dr. Braz Hermenegil<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amaral<br />
1. Luiz <strong>de</strong> Avellar – solda<strong>do</strong> da 2ª. Comp. nº 168 <strong>do</strong> Batalhão – feri<strong>do</strong> no quadril ten<strong>do</strong>-se a bala perdi<strong>do</strong> nos teci<strong>do</strong>s<br />
profun<strong>do</strong>s.<br />
2. Antonio Francisco da Silva – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. nº. 342 <strong>do</strong> 15 Batalhão – feri<strong>do</strong> no pollex direito, fican<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>struída a segunda phalange e parte da primeira.
3. Pedro VIctalino – anspeçada da 2ª Comp. nº. 155 <strong>do</strong> 32º Batalhão – feri<strong>do</strong> na cabeça sen<strong>do</strong> interessa<strong>do</strong> o couro<br />
cabellu<strong>do</strong> na região <strong>front</strong>o-perietal direita<br />
4. Irineo Fernan<strong>de</strong>s da Costa – solda<strong>do</strong> da 3ª Comp. nº. 134 <strong>do</strong> 32º Batalhão – feri<strong>do</strong> no braço direito haven<strong>do</strong><br />
fractura <strong>do</strong> humerus<br />
5. Batholomeu Thaumaturgo <strong>de</strong> Souza – solda<strong>do</strong> da 4ª Bateria nº. 367 <strong>do</strong> 2º Regimento <strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong> Campanha –<br />
feri<strong>do</strong> nas regiões: scapulo humeral esquerda e costal.<br />
6. Francisco Alves Corgosinho – anspeçada da 3ª Comp. nº 34 <strong>do</strong> 31 Batalhão – feri<strong>do</strong> superficialmente na região<br />
thoraxica direita.<br />
7. João Baptista da Silva – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. nº. 215 <strong>do</strong> 12º Batalhão feri<strong>do</strong> na patê superior e externa <strong>do</strong> quadril<br />
esquer<strong>do</strong>.<br />
8. Adão Baptista <strong>de</strong> Oliveira – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. nº. 287 <strong>do</strong> 12º Batalhão – feri<strong>do</strong> na mão direita e no terço médio<br />
da coxa esquerda<br />
9. Manoel Nunes <strong>de</strong> Souza – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. nº. 36 <strong>do</strong> 25 Batalhão – feri<strong>do</strong> no joelho esquer<strong>do</strong> sen<strong>do</strong><br />
interessa<strong>do</strong>s apenas os tegumentos<br />
10. Antonio José Teixeira – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. nº. 32 <strong>do</strong> 25º Batalhão – feri<strong>do</strong> no terço inferior <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong>,<br />
haven<strong>do</strong> fractura <strong>do</strong> humerus e na região <strong>do</strong> joelho interessan<strong>do</strong> apenas os teci<strong>do</strong>s molles.<br />
11. Boaventura José Alves Rodrigues – solda<strong>do</strong> da 4ª Comp. nº. 73 <strong>do</strong> 25º Batalhão – feri<strong>do</strong> no terço médio da perna<br />
direita interessan<strong>do</strong> teci<strong>do</strong>s molles e o osso<br />
12. Antonio Bernar<strong>do</strong> da Cunha – solda<strong>do</strong> da 1ª Comp. nº. 409 <strong>do</strong> 35º Batalhão – feri<strong>do</strong> no punho esquer<strong>do</strong> haven<strong>do</strong><br />
fractura <strong>do</strong>s ossos <strong>do</strong>s ante-braços <strong>em</strong> suas extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s inferiores.<br />
13. Virgilio <strong>do</strong> Nascimento – solda<strong>do</strong> da 3ª Comp. nº. 359 <strong>do</strong> 12º Batalhão – feri<strong>do</strong> na palma da mão e na primeira<br />
phalange <strong>do</strong> in<strong>de</strong>x direito.<br />
14. Platão Plycarpo <strong>do</strong> Nascimento – solda<strong>do</strong> da 3ª Comp. nº. 31 <strong>do</strong> 25º Batalhão – feri<strong>do</strong> no quadril esquer<strong>do</strong>.<br />
15. Lourenço <strong>do</strong> Nascimento – solda<strong>do</strong> da 4ª. Comp. nº. 364 <strong>do</strong> 12º Batalhão – feri<strong>do</strong> no <strong>de</strong><strong>do</strong> médio da mão direita.<br />
16. Marcellino José <strong>de</strong> Souza – solda<strong>do</strong> da 4ª Comp. nº. 342 <strong>do</strong> 35º Batalhão – feri<strong>do</strong> no terço inferior da perna<br />
direita ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> lesa<strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s molles.<br />
17. Vicente Ferreira Lan<strong>de</strong>ll <strong>do</strong>s Santos – cabo da 2ª Comp. nº. 125 <strong>do</strong> 30º Batalhão – feri<strong>do</strong> na parte posteior da<br />
coxa esquerda.<br />
18. Theo<strong>do</strong>sio Pereira da Silva – cabo da 4ª Comp. nº. 350 <strong>do</strong> 12º Batalhão – feri<strong>do</strong> nas regiões infra-clavicular e<br />
scapular direitas.<br />
19. Manoel Constantino <strong>de</strong> Mello Ribeiro – cabo da 4ª Comp. n 2 <strong>do</strong> 25º Batalhão – feri<strong>do</strong> na região scapular<br />
esquerda.<br />
20. Manoel Marques Professor – solda<strong>do</strong> da 1ª Comp. nº. 156 <strong>do</strong> 30º Batalhão – feri<strong>do</strong> no flanco direito.<br />
_____________________________________________________________________________________________<br />
Enfermaria nº. 4 – Serviço <strong>do</strong> Dr. Juliano Moreira<br />
1. João Gomes Pereira – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 7º Batalhão <strong>de</strong> infantaria. Ferimento por bala no braço esquer<strong>do</strong>. Febre<br />
palustre intermittente, typo quotidiano.<br />
2. Lino José <strong>do</strong> Santos – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> infantaria. Ferimento por bala na raiz <strong>do</strong> nariz.<br />
3. Virgilio da Silva Carvalho – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Bat. <strong>de</strong> infantaria. Ferimento por bala na mão esquerda.<br />
4. Antonio Rodrigues <strong>de</strong> Menezes – Corneta <strong>do</strong> 31º Bat. <strong>de</strong> infantaria. Ferimento por bala na região retro-parotidiana.<br />
5. João Alfre<strong>do</strong> Bezerra – Anspeçada <strong>do</strong> 32º Batalhão <strong>de</strong> Inf. Ferimento por bala na região super-espinhosa.
6. Vicente Alves Correa – Cabo <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na face externa da coxa.<br />
7. Abel Vicente <strong>de</strong> Oliveira Pernambuco – musico <strong>do</strong> 27º Bat. <strong>de</strong> Inf. Ferimento por estilhaço <strong>de</strong> bala na face externa<br />
da perna.<br />
8.Umbelino Lopez Vianna – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 33º Batalhão <strong>de</strong> Inf. Ferimento por bala na mão direita. Acarus.<br />
9. Fre<strong>de</strong>rico Luiz – Anspeçada <strong>do</strong> 12º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na mão esquerda.<br />
10. Joaquim Cabral <strong>do</strong>s Santos – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Inf. Ferimento por bala no pé direito.<br />
11. Claudino Custodio <strong>de</strong> Moares – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Inf. Ferimento por bala na face externa da coxa.<br />
12. José Domingos Bispo <strong>do</strong>s Santos – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 1º Batalhão <strong>de</strong> Art. <strong>de</strong> Posição. Ferimento por bala na mão<br />
esquerda.<br />
13. Benedicto Simplicio – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na região super-espinhosa.<br />
14. Candi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paiva Araújo – Cabo <strong>do</strong> 35º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala no terço superior e face<br />
anterior da coxa.<br />
15. João Martins da Silva – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Bat. <strong>de</strong> Infantaria. Ferimento por bala na região sub-scapular.<br />
16 – Francisco <strong>de</strong> Aguiar Talim – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Batalhão <strong>de</strong> Inf. Ferimento por bala na face posterior da coxa.<br />
17. Felix Phillippe <strong>de</strong> Albuquerque – Solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 1º Regimento <strong>de</strong> Cavallaria. Ferimento por bala na região <strong>do</strong><br />
cotovello. Ferimento por bala no terço médio inferior e face anterior da coxa.<br />
_____________________________________________________________________________________________<br />
Enfermaria nº. 4 – Serviço clinico <strong>do</strong> Dr. Carlos Ferreira Santos<br />
1. Francellino Manoel da Trinda<strong>de</strong> – solda<strong>do</strong> da 1º Comp. <strong>do</strong> 30º Batalhão – apresenta um ferimento por bala no<br />
hombro direito produzin<strong>do</strong> este uma <strong>de</strong>rmite traumática.<br />
2. Anacleto Rosa – corneta da 1ª Comp. <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta 2 ferimentos: um na região antero-latteral <strong>do</strong><br />
thorax (la<strong>do</strong> direito) na altura da 1ª costella e outro na região <strong>do</strong>rsal (la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>) um pouco abaixo <strong>do</strong> prece<strong>de</strong>nte<br />
s<strong>em</strong> grave alteração da saú<strong>de</strong>. Teve alta no dia 10 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
3. Chrispim <strong>do</strong>s Santos – anspeçada da 3ª Comp. <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta <strong>do</strong>is ferimentos: um na região anterior<br />
<strong>do</strong> thorax, outra na região anterior <strong>do</strong> braço.<br />
4. Gentil Rodrigues da Silveira – solda<strong>do</strong> da 4ª. Comp. <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta um ferimento na região anterior<br />
<strong>do</strong> braço.<br />
5. Maximo Manoel <strong>do</strong>s Santos – cabo da 4ª Comp. <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta ferimento <strong>em</strong> <strong>do</strong>is <strong>de</strong><strong>do</strong>s da mão.<br />
6. Eduviges <strong>de</strong> Oliveira – musico <strong>do</strong> 7º Batalhão, com uma <strong>de</strong>rmite putulosa <strong>em</strong> ambos os braços.<br />
7. Francisco <strong>de</strong> Assis Pereira – corneta <strong>do</strong> 31º Batalhão, apresenta um ferimento na região anterior da coxa, s<strong>em</strong><br />
grave alteração da saú<strong>de</strong>. Teve alto no dia 11 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
8. Francisco das Chagas – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. <strong>do</strong> 40º Batalhão, apresenta 2 ferimentos: um na regia <strong>do</strong>rsal e outro<br />
no pescoço (la<strong>do</strong> direito).<br />
9. Joaquim Paulo das Virgens – solda<strong>do</strong> da 4ª Comp. <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta um ferimento na região hypothena<br />
da mão s<strong>em</strong> grave alteração da saú<strong>de</strong>. Teve alta no dia 10 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
10. Basílio Rodrigues <strong>do</strong>s Anjos – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta <strong>do</strong>is ferimentos: um na região<br />
posterior <strong>do</strong> braço direito e outro na pare<strong>de</strong> ab<strong>do</strong>minal.<br />
11. Manoel Ribeiro – solda<strong>do</strong> da 3ª Comp. <strong>do</strong> 31º Batalhão com um engorgitamento epático. Teve alta no dia 12 <strong>de</strong><br />
Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
12. João Petronilio <strong>do</strong>s Santos – solda<strong>do</strong> da 2ª Comp. <strong>do</strong> 5º Batalhão, apresenta 2 ferimentos: um na região <strong>do</strong>rsal e<br />
outro na região antero-latteral <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito <strong>do</strong> thorax.
13. Isi<strong>do</strong>ro Virginio – solda<strong>do</strong> da 1ª Comp. <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta um ferimento na região occipital s<strong>em</strong> grave<br />
alteração da saú<strong>de</strong>. Teve alta no dia 11 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
14. Luiz <strong>de</strong> Souza Martins – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 3º Batalhão, apresenta <strong>do</strong>is ferimentos por bala na região da perna direita.<br />
15. Alexandrino Pereira da Silva – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta um ferimento na região hypothena da mão,<br />
digo, na região anterior <strong>do</strong> thorax.<br />
16. Gorgonio Leite Pereira – cabo <strong>do</strong> 12º Batalhão, apresenta um ferimento na região hypothena da mão.<br />
_____________________________________________________________________________________________<br />
Enfermaria nº. 4 – Serviço clinico <strong>do</strong> Dr. Alfre<strong>do</strong> Magalhães<br />
1. Nicolau Alves Ferreira – cabo <strong>do</strong> 33º Batalhão <strong>de</strong> infantaria, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na região<br />
externa da perna direita.<br />
2. Cezar Ferreira – anspeçada <strong>do</strong> 5º Batalhão <strong>de</strong> infantaria, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na união das<br />
vértebras <strong>do</strong>rsais com as lombares.<br />
3. Henrique Gomes – corneteiro-mor <strong>do</strong> 33º Batalhão <strong>de</strong> infantaria, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na<br />
colunna vertebral.<br />
4. Bonifácio Francisco da Paz – solda<strong>do</strong>, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) no braço direito.<br />
5. Aristarco José <strong>do</strong>s Santos – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 40º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) no braço esquer<strong>do</strong><br />
haven<strong>do</strong> fractura exposta <strong>do</strong>s humerus.<br />
6. Manoel Francisco <strong>de</strong> Campos – cabo <strong>do</strong> 33º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na região<br />
<strong>de</strong>ltoidiana.<br />
7. Manoel Antonio Ferreira – anspeçada <strong>do</strong> 26º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na região anteroexterna<br />
da perna.<br />
8. Pacifico Severino da Silva, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 9º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na região masseterina<br />
9. Pedro João (Ourique?), solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 25º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na face <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> pé<br />
direito.<br />
10. Luiz Gomes da Silva, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 25º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na mão direita.<br />
11. José Estevam <strong>de</strong> Oliveira – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 5º Regimento <strong>de</strong> artilharia, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na<br />
face interna da perna direita.<br />
12. Antonio <strong>de</strong> Almeida – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 31º Batalhão, entrou para o Hospital com febre palu<strong>do</strong>sa, typo quotidiana e<br />
hypertrophia epática.<br />
13. Joaquim Cezario – anspeçada <strong>do</strong> 34º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) no in<strong>de</strong>x direito.<br />
14. José Ferreira da Silva – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na nuca.<br />
15. Agostinho Manoel <strong>do</strong>s Anjos, anspeçada <strong>do</strong> 25º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) ten<strong>do</strong><br />
penetra<strong>do</strong> a bala na fossa super-clavicular, sahin<strong>do</strong> na região externa <strong>do</strong> braço. Foi transferi<strong>do</strong> para o Hospital <strong>de</strong><br />
variolosos.<br />
16. José Pereira da Silva, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na nuca.<br />
17. Thomé <strong>de</strong> Freitas, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na perna direita.<br />
18. João Ribeiro Lima – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) nas costas, sahin<strong>do</strong> a bala<br />
no braço esquer<strong>do</strong>.<br />
19. Manoel Gonçalves Ferreira <strong>de</strong> Deus, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 25º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na orelha<br />
direita.<br />
20. Miguel Gomes, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 31º Batalhão, foi feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo (Manulicher) na perna direita.
Serviço <strong>do</strong> Dr. Pedro Celestino<br />
- Antonio Alves <strong>de</strong> Oliveira, 12 <strong>de</strong> Infantaria, ferida <strong>do</strong> thorax<br />
- Cabo Felippe Nery Santiago, 30 <strong>de</strong> Infantaria, maxillar inferior<br />
- João Anísio <strong>do</strong>s Santos Rosa, 40 <strong>de</strong> Infantaria, mão direita<br />
- Olympio José <strong>do</strong>s Santos, 33 <strong>de</strong> Infantaria, região lombar<br />
- João Baptista <strong>de</strong> Almeida, 9º <strong>de</strong> Infantaria, (maxillar?) inferior<br />
- Manoel Carminio <strong>de</strong> Lira, 40º <strong>de</strong> Infantaria, cotovello<br />
- Jacintho Manoel (ilegível), 12º <strong>de</strong> Infataria, mão esquerda<br />
- Domingos Leopol<strong>do</strong> Pino, 26 <strong>de</strong> Infantaria, ambas as pernas<br />
- Isi<strong>do</strong>ro Marques <strong>de</strong> Alencar, 31º <strong>de</strong> Infantaria, coxa esquerda<br />
- Simão Geral<strong>do</strong> <strong>de</strong> Souza, 25 <strong>de</strong> Infantaria, espádua direita<br />
- Bento Felisberto da Silva, 12º <strong>de</strong> Infantaria, (bubão)<br />
- Dyonisio Monteiro, 31º da Infantaria, espádua esquerda<br />
- Julio Borba, 12º <strong>de</strong> Infantaria, mão direita<br />
- (Nodario?) Ribeiro, 12º <strong>de</strong> Infantaria, mão direita<br />
- Manoel Rodrigues <strong>de</strong> Souza, 33º <strong>de</strong> Infantaria, perna esquerda<br />
- Antonio Alves <strong>de</strong> Souza, 33º <strong>de</strong> Infantaria, perna esquerda<br />
- Miguel Arcanjo <strong>do</strong>s Santos, 26º <strong>de</strong> Infantaria, thorax<br />
- José da Silva Cerqueira, 25 <strong>de</strong> Infantaria, mão esquerda<br />
- Anspeçada Antonio <strong>do</strong>s Santos Pereira, 30º <strong>de</strong> Infantaria, braço esquer<strong>do</strong><br />
- (A<strong>de</strong>rbo?) Ferreira Lopez, 25 <strong>de</strong> Infantaria, perna esquerda<br />
Enfermaria nº 4 – No dia 14 <strong>de</strong> Agosto (ilegível) a esta enfermaria os seguintes <strong>do</strong>entes<br />
1. Martinho Walraven, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 32º Batalhão – feri<strong>do</strong> por bala no pé direito<br />
2. Braz Gomes <strong>de</strong> Carvalho, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 7º Batalhão – feri<strong>do</strong> na mão esquerda<br />
3. João Ramos, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Batalhão – feri<strong>do</strong> no cotovello esquer<strong>do</strong><br />
4. Hypolito José <strong>do</strong>s Santos, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 31 Batalhão – feri<strong>do</strong> na região esternal<br />
5. Porphyrio José <strong>de</strong> Sant’Anna, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 26º - feri<strong>do</strong> na perna esquerda<br />
6. Antonio Francisco Ferreira, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 7º - feri<strong>do</strong> na região supra-clavicular<br />
7. José André Bispo, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 26º Batalhão – feri<strong>do</strong> no braço esquer<strong>do</strong><br />
8. Nicolau <strong>de</strong> Souza, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Batalhão – feri<strong>do</strong> na perna direita<br />
9. José Severino, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 14º Batalhão – feri<strong>do</strong> na região <strong>front</strong>al<br />
Floro Andra<strong>de</strong> (Interno)
10. Jose Lopez Damasceno, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 14 Batalhão – feri<strong>do</strong> na mão direita<br />
11. José Francisco <strong>de</strong> Souza, solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 9º Batalhão – feri<strong>do</strong> no pé esquer<strong>do</strong><br />
12. Antonio Sebastião, cabo <strong>do</strong> 32º Batalhão, feri<strong>do</strong> por bala no alto da cabeça<br />
Enfermaria nº 4 – Tiverão alta no dia 16:<br />
- João Pereira Lima, 12 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na borda <strong>do</strong> omoplata direito<br />
- Thomé <strong>de</strong> Freitas, 35 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na perna direita<br />
Tiverão alta no dia 17<br />
- Marcelino Correa da Rosa, 31 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na mão direita<br />
- Abel Vicente <strong>de</strong> Oliveira, 27 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na perna direita. Febre palustre<br />
- Vicente Nery Santiago, 30 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no maxillar inferior<br />
- Manoel (ilegível) <strong>de</strong> Souza, 35 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no (ilegível) direito<br />
- Marcolino José Rodrigues, 26 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no hypocardio direito<br />
- José Pereira da Silva, 35 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na nuca<br />
- José Estevão Oliveira, 5º <strong>de</strong> artilharia, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na perna direita. Foi extrahida a bala.<br />
- Pedro Vitalino, 32 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>front</strong>o-parietal direita<br />
- Aberbo Ferreira Lopes, 14 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da perna esquerda. Congestão<br />
hepática.<br />
- Antonio <strong>do</strong>s Santos Pereira, 30 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
- Lino José <strong>do</strong>s Santos, 30 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na raiz <strong>do</strong> nariz<br />
- João Gomes Pereira, 7 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço esquer<strong>do</strong>. Syphilis secun<strong>do</strong>-terciarias.<br />
Impaludismo.<br />
- João Martins da Silva, 30 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região sub-scapular esquerda<br />
- Antonio <strong>de</strong> Almeida, 31 <strong>de</strong> Infantaria, febre palustre. Hypertrophia <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong><br />
- João Alfre<strong>do</strong> Bezerra, 32 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no thorax (pleurisia)<br />
- Manoel Marques Professor, 30 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no hypocardio direito<br />
- Jeronymo Moreira, 25 <strong>de</strong> Infantaria, ferida penetrante <strong>do</strong> pulmão direito, por arma <strong>de</strong> fogo. Arthrite <strong>do</strong> cotevello<br />
direito. Tuberculose pulmonar incipiente.<br />
- Miguel Arcanjo <strong>do</strong>s Santos, 26 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região t<strong>em</strong>poral direita<br />
- Alcino Correia da Rosa, 31 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no in<strong>de</strong>x da mão direita.<br />
- Bonifácio Francisco da Paz, 27 <strong>de</strong> Infantaria, ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior <strong>do</strong> braço direito. Foi<br />
extrahi<strong>do</strong> o projectil.<br />
- Manoel Ribeiro, 31 batalhão, engorgitamento hepático.
Enfermaria nº 4<br />
Tiveram alta:<br />
1. Candi<strong>do</strong> Paiva Araújo – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 35º Batalhão – feri<strong>do</strong> por bala na face anterior e terço superior da coxa<br />
2. Luiz Gomes da Silva – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 25º Batalhão – feri<strong>do</strong> por bala na região <strong>do</strong>rsal da mão direita<br />
3. Emilio Pereira Lima – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 15º Batalhão – feri<strong>do</strong> por bala na face interna <strong>do</strong> joelho direito<br />
4. (Alexandro?) Pereira da Silva – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 12º Batalhão, feri<strong>do</strong> por bala na região super-clavicular direita<br />
5. Francisco Chagas – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 40º Batalhão, feri<strong>do</strong> por bala na região da nuca e região/carotidiana direita<br />
6. Luiz <strong>de</strong> Souza Martins – solda<strong>do</strong> <strong>do</strong> 30º Batalhão, feri<strong>do</strong> por bala no terço superior da coxa esquerda<br />
13 (ilegível), 18 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.
1º Borrão 278<br />
Relação <strong>do</strong>s Oficiais inferiores e praças que tiveram tratamento nas enfermarias <strong>do</strong>s Drs. Cerqueira Lima, Agripino Dorea, Raymun<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Mesquita e Clo<strong>do</strong>al<strong>do</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho até a presente data<br />
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
24<br />
25<br />
29<br />
30<br />
Corpos<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
15º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Cabo <strong>de</strong><br />
Esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Sargento<br />
Alferes<br />
2º Ca<strong>de</strong>te<br />
2º Sargento<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Cia.<br />
3ª<br />
1ª Bateria<br />
1ª<br />
3ª<br />
---<br />
2ª<br />
---<br />
---<br />
Nomes<br />
José O. Ribeiro<br />
José Antonio <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Gregório Sacramento<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
José Carlos <strong>de</strong><br />
Araújo<br />
Joaquim Theotonio<br />
<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
Francisco José<br />
Pereira Pacheco<br />
Francisco <strong>de</strong> José <strong>de</strong><br />
Mello<br />
Francisco Pereira<br />
Maia<br />
Diagnósticos<br />
Fractura <strong>do</strong> peroneo na união <strong>do</strong> terço médio<br />
com o terço inferior; callo viciozo, carie<br />
consecutiva. Opera<strong>do</strong> <strong>de</strong> sequestrotomia a 1º<br />
<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897<br />
Luxação coxo-f<strong>em</strong>ural esquerda – irreductivel.<br />
Não pô<strong>de</strong> ser chloroformiza<strong>do</strong> por sofrer <strong>de</strong><br />
insufficiencia mitral adiantada. (incapaz)<br />
Seqüestro invagina<strong>do</strong> <strong>do</strong> cúbitos, <strong>em</strong><br />
conseqüência <strong>de</strong> ferida por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
glútea esquerda, e externa da perna, mesmo<br />
la<strong>do</strong> terço inferior<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação da<br />
phalange com a phalangina <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r<br />
da mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região mollar<br />
direita com fractura <strong>do</strong> mesmo osso<br />
(opera<strong>do</strong> duas vezes). Ferimento por arma <strong>de</strong><br />
fogo na região <strong>de</strong>ltoidiana <strong>do</strong> braço direito<br />
com 3 projectis (ilegível), uma na fossa infrascapular,<br />
outro no osso e o 3º no ângulo<br />
axillar<br />
Opera<strong>do</strong> no dia 5. Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
no terço médio da coxa esquerda (fez<br />
extração <strong>de</strong> projectil)<br />
Observações<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
por cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>do</strong><br />
corrente anno<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
por transferência para o Hospital<br />
Militar <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> corrente<br />
anno<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
por cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Opera<strong>do</strong> se sequestrotomia a 22 <strong>de</strong><br />
Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
por transferência para o Hospital<br />
Militar a 16 <strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> corrente<br />
anno<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
para tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família<br />
a 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> corrente anno<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
por or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família a 14 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
<strong>do</strong> corrente anno<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
por or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família a 20 <strong>de</strong> Agosto<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> corrente anno<br />
278 APEB – Arquivo Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia [Pacote 2854 – Revolução <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s]. No cabeçalho <strong>do</strong> mapa consta: Ofereço o <strong>do</strong>cumento junto a relação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes feri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s –<br />
relação feita pelo Dr. Raymun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mesquita e que foi guardada com carinho pelos seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Repito apreço ao Arquivo Público da Bahia, 16-XII-1954. Dr. Otávio Torres.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
Corpos<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
15º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
Tenente<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Capitão<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Cia.<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
3ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
Camillo Eusébio <strong>de</strong><br />
Carpes<br />
Corbiniano da<br />
Soleda<strong>de</strong> Lima<br />
Luiz <strong>de</strong> França<br />
Carvalho<br />
Matheus Marques <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Francelino Martins da<br />
Silva<br />
Henrique da Silva<br />
Pereira<br />
Abrahão Ephygenio<br />
Roiz Chaves<br />
Vicente Gomes<br />
Jardim Filho<br />
Francisco Freitas<br />
Nestor da Silva Britto<br />
Francisco Tavares <strong>de</strong><br />
Couto Sobrinho<br />
Diagnósticos<br />
Opera<strong>do</strong> a 7 <strong>de</strong> Agosto. Ressecção parcial <strong>do</strong><br />
(ilegível) inferior. Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo<br />
no maxillar inferior la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior <strong>do</strong> ante-braço esquer<strong>do</strong>, e lateral <strong>do</strong><br />
thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
cotovello direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior da coxa esquerda (fez abertura e<br />
drenag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s orifícios) e avulsos <strong>de</strong> duas<br />
unhas encravadas<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
da mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço<br />
esquer<strong>do</strong> com fractura no terço médio <strong>do</strong><br />
humero <strong>do</strong> mesmo braço, callo viciozo e<br />
paresia <strong>do</strong>s extensores<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região cervical<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
calcânea<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
e externa <strong>do</strong> ante-braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
esquerda <strong>do</strong> thorax<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
por transferência para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong><br />
Set<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> corrente anno.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897 e alta<br />
para tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família<br />
a 10 <strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> corrente anno.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 2 <strong>de</strong><br />
Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto. Alta ara tratarse<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20 <strong>de</strong><br />
Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 5 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 14<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 15<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 14<br />
<strong>de</strong> Agosto.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
42<br />
43<br />
44<br />
45<br />
46<br />
47<br />
48<br />
49<br />
50<br />
51<br />
52<br />
53<br />
Corpos<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Tenente<br />
Alferes<br />
Capitão<br />
Alumno<br />
2º Tenente<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alumno<br />
Cia.<br />
3ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
---<br />
---<br />
1ª<br />
1ª<br />
---<br />
3ª<br />
---<br />
Nomes<br />
Ataliba Jacinto Ozório<br />
Chananeo Antonio da<br />
Fontoura<br />
Tácito Moraes Vernes<br />
Thimotheo Pereira<br />
Reis<br />
Antonio Carlos<br />
Chachá Pereira<br />
Lídio <strong>de</strong> Souto Lima<br />
Severino Carlos <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
José Raymun<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Moraes<br />
Jer<strong>em</strong>ias José <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Vicente d’Alencar<br />
Lima<br />
Antonio Duarte da<br />
Costa Vidal<br />
Thomaz da Cunha<br />
Lima<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
genitaes<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa da coxa esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
lateral e direita <strong>do</strong> thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
esquerda <strong>do</strong> thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nos (artilhos?) <strong>do</strong><br />
pé esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões e<br />
mammaria esquerda com inflamação da<br />
pleura (pleurisia secca)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
<strong>do</strong> pé direito<br />
Opera<strong>do</strong> no dia 12. Ferimento por arma <strong>de</strong><br />
fogo no terço inferior da coxa esquerda (com<br />
projectil).<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da coxa direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
e posterior <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong> com lesão <strong>do</strong><br />
nervo circunflexo<br />
Fez abertura e drenag<strong>em</strong> a 7/8/97. Ferimento<br />
por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões interna e<br />
externa <strong>do</strong> terço superior da perna esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região direita<br />
<strong>do</strong> thorax (rheumatismo poly articular<br />
chronico). Incapaz. Abertura e drenag<strong>em</strong> a<br />
11/08/1897<br />
Observações<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> sua caza <strong>de</strong> sua família a<br />
10 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 14 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 13<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 7 <strong>de</strong> Agosto e alta para tratase<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20 <strong>de</strong><br />
Agosto.<br />
Baixou a 7 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 10 <strong>de</strong><br />
Set<strong>em</strong>bro.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
54<br />
55<br />
56<br />
57<br />
58<br />
59<br />
60<br />
63<br />
64<br />
65<br />
66<br />
67<br />
Corpos<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
18º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Alumno<br />
Capitão<br />
Tenente<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo <strong>de</strong><br />
Esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
1ª Bateria<br />
---<br />
---<br />
2ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
Augusto Gentil <strong>de</strong><br />
Albuquerque Falcão<br />
Antonio Luiz<br />
Fagun<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Souza<br />
Antonio Peralis<br />
Melanio das Neves<br />
Joaquim Napoleão<br />
Epaminan<strong>do</strong> Arruda<br />
Filho<br />
João Floriano<br />
Sampaio<br />
João Ferreira <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Antonio Roja<br />
Juvenal Rodrigues<br />
Pereira<br />
Belarmino da Silva<br />
Pestana<br />
Antonio Joaquim <strong>do</strong><br />
Carmo<br />
João Duarte Lopez<br />
Frazão<br />
Diagnósticos<br />
Abertura e drenag<strong>em</strong> a 14/08/97. Ferimento<br />
por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior <strong>do</strong> braço<br />
direito, com fractura no mesmo ponto.<br />
Osteotomia a 2/11/97.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região direita<br />
<strong>do</strong> thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região supra-<br />
(ilegível) e scapular esquerda<br />
Abscessos quentes nas regiões cervical e<br />
glútea esquerda. Abertura e drenag<strong>em</strong> a<br />
9/08/97<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região externa<br />
da perna esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
punho esquer<strong>do</strong> e flanco esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> antebraço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
mollares<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>do</strong>rso-pelar e no olho direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
<strong>do</strong> thorax, e <strong>do</strong>s antebraços (terço inferior)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
calcâneas e malleolares <strong>do</strong> pé direito<br />
Observações<br />
Baixou 9 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 16<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 24 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 14 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 26 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 24 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 30 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto, alta por cura<strong>do</strong><br />
a 31 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 7 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 14 <strong>de</strong> Agosto.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
68<br />
69<br />
70<br />
71<br />
72<br />
73<br />
74<br />
75<br />
79<br />
80<br />
82<br />
83<br />
84<br />
Corpos<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
21º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Paisano<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
---<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo <strong>de</strong><br />
Esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Sargento<br />
Ajudante<br />
Cia.<br />
4ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
---<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª Bateria<br />
Nomes<br />
Francisco João<br />
Evaristo<br />
José Ribeiro Gomes<br />
<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong><br />
Ludgero José <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Severino Men<strong>de</strong>s<br />
João Pedro <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Claudiano José<br />
Barros<br />
Ezequiel Elias Dantas<br />
Joaquim Bento da<br />
Costa<br />
Manuel (ilegível) <strong>de</strong><br />
Jesus<br />
Venceslau Pereira da<br />
Silva<br />
Aureliano Felix<br />
Pereira<br />
Henrique Camillo<br />
Germínio Moreira <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> antebraço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região axillare<br />
scapular esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço media da<br />
perna esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no testículo direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
antebraço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>de</strong><br />
ambos os braços<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
scapular esquerda e <strong>do</strong>rsal direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no polegar da<br />
mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna esquerda<br />
A 11/7/97 fez <strong>de</strong>sarticulação <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> mínimo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>de</strong><strong>do</strong> mínimo<br />
da mão direita (dilatação _______). Incapaz.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 6 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 14 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta a 14 <strong>de</strong><br />
Agosto por cura<strong>do</strong>.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 14 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 26 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 5 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 28 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto por cura<strong>do</strong> a 28<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 8 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 17 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
85<br />
86<br />
87<br />
88<br />
89<br />
90<br />
91<br />
92<br />
93<br />
102<br />
103<br />
104<br />
106<br />
Corpos<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
Nomes<br />
João Pereira da Silva<br />
Lauriano Monteiro <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
Francisco da Cunha<br />
Rebouças<br />
Antonio Luiz Tavares<br />
<strong>de</strong> Souza<br />
João Xavier da Costa<br />
Antonio Mathias <strong>de</strong><br />
Souza<br />
João Felix <strong>de</strong> Araújo<br />
João Antonio <strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
Antonio Eucly<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
(ilegível)<br />
José Jacintho <strong>de</strong><br />
Castro<br />
Eurico Ferreira da<br />
Silva<br />
Joaquim José <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Pedro Celestino <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>de</strong><strong>do</strong> médio da<br />
mão esquerda (fez <strong>de</strong>sarticulação <strong>do</strong> mesmo<br />
<strong>de</strong><strong>do</strong> dia 6/7/97)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
antebraço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da coxa esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
antebraço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no joelho<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
lateral esquerda <strong>do</strong> thorax e axillar direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong>. (Epilepsia essencial).<br />
(Incapaz).<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na mão esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
calcânea direita, (ilegível) <strong>do</strong> olho direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço direito<br />
(terço médio) e posterior <strong>do</strong> thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na phalange <strong>do</strong><br />
polegar da mão esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong> e mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no punho direito<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 5 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto. Transferência<br />
para o Hospital <strong>de</strong> variolosos <strong>em</strong> Mont<br />
Serrat <strong>em</strong> 21 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 5 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 2 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 7 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 2 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção<br />
<strong>em</strong> seu quartel a _____.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 9 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto por cura<strong>do</strong> a 27<br />
<strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 14 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 20 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a _______ <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 25 <strong>de</strong> Agosto.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
114<br />
115<br />
116<br />
117<br />
118<br />
119<br />
120<br />
169<br />
263<br />
258<br />
275<br />
175<br />
192<br />
Corpos<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
2º Sargento<br />
Musico<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneta<br />
Musico<br />
Musico<br />
Musico<br />
Alferes<br />
Cia.<br />
1ª<br />
1ª Bateria<br />
1ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
---<br />
Nomes<br />
Filis<strong>do</strong>nio Gomes da<br />
Silva<br />
Taciano <strong>de</strong> Mello<br />
Lima<br />
Roseno Francisco <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Pedro Ernesto da<br />
Silva<br />
João Pereira da Silva<br />
Thiago José Romeu<br />
Antonio Martins <strong>de</strong><br />
Abreu<br />
Moyzes Novaes Pinto<br />
Juvenal José da<br />
Rosa<br />
Romeu Rato<br />
Alberto Pinto <strong>de</strong><br />
Campos<br />
João Claudino da<br />
Silva<br />
José Alves <strong>de</strong><br />
Oliveira Car<strong>do</strong>zo<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> antebraço direito (insufficiencia mitral).<br />
(Incapaz)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região superclavicular<br />
direita<br />
(ijncapaz). Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no<br />
terço médio da coxa direita (Rheumatismo<br />
poly-articular chronico)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da perna direita<br />
(incapaz). Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nos<br />
artelhos <strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong> (Epilepsia essencial)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>do</strong>rsal, e (ilegível) plantar <strong>do</strong> pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no polegar da<br />
mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da perna esquerda<br />
Impaludismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rso<br />
palmar da mão esquerda<br />
Estreitamento fibrozo da porção m<strong>em</strong>branoza<br />
da urethra – (foi opera<strong>do</strong> a 22/7/97 –<br />
urethrotomia interna)<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 16 <strong>de</strong> Outubro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 20 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 30 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção a ______.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 28 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 4 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 11 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 5 <strong>de</strong> Outubro. Fez amputação <strong>do</strong><br />
antebraço esquer<strong>do</strong> <strong>do</strong> terço médio.<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>de</strong> Agosto.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
191<br />
190<br />
189<br />
187<br />
184<br />
183<br />
Corpos<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Major<br />
2º Sargento<br />
Tenente<br />
Cia.<br />
2ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
---<br />
3ª<br />
---<br />
Nomes<br />
Colimero Lubambo<br />
Horacio F. Sucupira<br />
Joaquim Cantalice <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Olegário Antonio<br />
Sampaio<br />
Raphael Albuquerque<br />
Galvão<br />
Manuel Ortencio da<br />
Fonseca<br />
Diagnósticos<br />
Tuberculose testicular. (fez castração parcial).<br />
_________ a 22/7/97.<br />
Abscesso pútri<strong>do</strong> <strong>do</strong> coto amputa<strong>do</strong> (fez<br />
abertura e drenag<strong>em</strong> no dia 20/7/97)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
infra(ilegível), e super clavicular esquerda.<br />
(Fractura da clavícula) – (viciozo).<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na córnea <strong>do</strong> olho<br />
esquer<strong>do</strong> (estilhaço)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
posterior e externa da perna esquerda (com<br />
paresia). Estreitamento ártico.<br />
Foi opera<strong>do</strong> no dia 19/7/97. Ferimento por<br />
arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da coxa direita<br />
com fractura <strong>do</strong> fêmur. Callo viciozo.<br />
(Osteotomia)<br />
Observações<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 20 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua familia a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bo.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 20 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção a 14 <strong>de</strong><br />
Outubro.<br />
Baixou a 16 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.
2º Borrão<br />
Relação <strong>do</strong>s Officiaes, inferiores e praças que tiveram tratamento nas Enfermarias <strong>do</strong>s Dr.s [Pedro Emílio <strong>de</strong>] Cerqueira Lima, [João]<br />
Aggripino Dorea e Raymun<strong>do</strong> [Eustaqio <strong>de</strong>] Mesquita <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Agosto até a presente data 279<br />
Nº<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
24<br />
25<br />
29<br />
30<br />
Corpos<br />
3º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Posição<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Posição<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
9º Batalhão e<br />
Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
15ºBatalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Cabo <strong>de</strong><br />
esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Sargento<br />
Alferes<br />
2º Cadête<br />
2º Sargento<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Cia.<br />
1ª Bateria<br />
1ª Bateria<br />
4ª Cia.<br />
3ª<br />
---<br />
2ª<br />
---<br />
---<br />
Nomes<br />
José Ribeiro<br />
José Antonio <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Gregório Sacramento<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
José Carlos d’Araujo<br />
Joaquim Theotonio<br />
<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
Francisco José<br />
Pereira Pacheco<br />
Francisco José <strong>de</strong><br />
Mello<br />
Francisco Pereira<br />
Maia<br />
Diagnósticos<br />
Fractura <strong>do</strong> perônio, na união <strong>do</strong> terço médio,<br />
com o inferior. Callo viciozo, (carie<br />
consecutiva) – opera<strong>do</strong> <strong>de</strong> sequestrotomia.<br />
Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Luxação coxo f<strong>em</strong>ural esquerda irreductivel,<br />
<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser opera<strong>do</strong> por não po<strong>de</strong>r ser<br />
chloroformiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista da insufficiencia<br />
mitral adiantada<br />
Seqüestro imaginan<strong>do</strong> ser cúbito e<br />
conseqüência <strong>de</strong> ferida por arma <strong>de</strong> fogo –<br />
opera<strong>do</strong> <strong>de</strong> sequestrotomia <strong>em</strong> 2-8-97. Foi<br />
chloroformisa<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea<br />
esquerda externa da perna esquerda terço<br />
inferior<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação da<br />
phalange com a phalangina <strong>do</strong> dê<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r<br />
da mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região mollar<br />
direita com fractura <strong>do</strong> mesmo osso (fez auto<br />
plastia no dia 8-8-97)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
<strong>de</strong>ltoidiana direita com tres projetis; sen<strong>do</strong> um<br />
na fossa infra-scapular,um no osso e outro no<br />
ângulo da axilla. Foi opera<strong>do</strong> no dia 4-9-97 e<br />
no dia 5-8-97 com drenag<strong>em</strong>. Chloroformiza<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região da coxa<br />
esquerda. Fez extração <strong>de</strong> projectil à 5-8-97<br />
279 APEB – Arquivo Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia - Pacote 2854 – Revolução <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s [Relação <strong>do</strong>s oficiais inferiores e praças feri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Canu<strong>do</strong>s].<br />
Observações<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1897 e Alta<br />
por cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>do</strong><br />
corrente anno<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1897 e Alta<br />
por transferência para o Hospital<br />
Militar a 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> corrente<br />
anno<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Julho e Alta por cura<strong>do</strong><br />
a 2 e Set<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> corrente anno.<br />
Baixou a 31 <strong>de</strong> Julho e Alta por<br />
transferência para o Hospital Militar a<br />
16 <strong>de</strong> Agosto <strong>do</strong> corrente anno<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> agosto e Alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior para tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong><br />
sua família a 15 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Agosto e alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior para tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua<br />
família a 14 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Baixo a 2 <strong>de</strong> Agosto e alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior para tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua<br />
família a 20 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto para tratar-se<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20 <strong>do</strong><br />
mesmo
Nº<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
42<br />
43<br />
Corpos<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
15º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Tenente<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Capitão<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Cia.<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
3ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Camillo Eusébio <strong>de</strong><br />
Carpes<br />
Corbiniano da<br />
Soleda<strong>de</strong> Lima<br />
Luiz da França<br />
Carvalho<br />
Matheus Marques<br />
Souza<br />
Francelino Martins da<br />
Silva<br />
Henrique da Silva<br />
Pereira<br />
Abrahão Ephygenio<br />
Roiz Chaves<br />
Vicente Gomes<br />
Jardim Filho<br />
Francisco Freitas<br />
Nestor da Silva Britto<br />
Francisco Tavares <strong>de</strong><br />
Couto Sobrinho<br />
Ataliba Gacintho<br />
Ozório<br />
Chananeo Antonio da<br />
Fontoura<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong><br />
maxillar inferior. Fez ressecção parcial a 7-8-<br />
97. Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior <strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong> e lateral <strong>do</strong><br />
thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
cotovello direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior da coxa esquerda. Fez abertura e<br />
drenag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s orifícios e avulsos <strong>de</strong> duas<br />
unhas encravadas. Foi chloroformiza<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
da mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço<br />
esquer<strong>do</strong> com fractura <strong>de</strong> terço médio <strong>do</strong><br />
humero <strong>do</strong> mesmo braço; callo viciozo e<br />
parezia <strong>do</strong>s extensores. Massag<strong>em</strong>.<br />
Apparelho <strong>de</strong> (ilegível)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região cervica<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
calcâneo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
e externa <strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong> Fez<br />
massagens e choques elétricos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
<strong>do</strong> thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
glúteas. Fez massag<strong>em</strong> a aplicação <strong>de</strong><br />
choques eléctricos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa da coxa esquerda<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por tratarse<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10 <strong>de</strong><br />
Agosto<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por tratarse<br />
<strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 2 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por tratarse<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 2 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por tratarse<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 10 <strong>do</strong><br />
mesmo<br />
Baixo a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta pra tratarse<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20 <strong>do</strong><br />
mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 5 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 5 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 14<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 15<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 14<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro
Nº<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
31<br />
32<br />
33<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
44<br />
45<br />
46<br />
47<br />
48<br />
49<br />
50<br />
51<br />
52<br />
53<br />
54<br />
55<br />
Corpos<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Tenente<br />
Alferes<br />
Capitão<br />
Alumno<br />
2º Tenente<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alumno<br />
Alumno<br />
Capitão<br />
Cia.<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
---<br />
---<br />
1ª<br />
1ª<br />
---<br />
3ª<br />
---<br />
1ª Bateria<br />
---<br />
Nomes<br />
Tácito <strong>de</strong> Moraes<br />
Virgnes<br />
Timothio Pereira Reis<br />
Antonio Carlos<br />
Chachá Pereira<br />
Lydio <strong>de</strong> Souto Lima<br />
Severiano Carlos<br />
d’Almeida<br />
José Raymun<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Moraes<br />
Jer<strong>em</strong>ias José <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Vicente d’Alencar<br />
Lima<br />
Antonio Duarte da<br />
Costa Vidal<br />
Thomaz da Cunha<br />
Lima<br />
Augusto Gentil <strong>de</strong><br />
Albuquerque Falcão<br />
Antonio Luiz<br />
Facun<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Souza<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
direita <strong>do</strong> thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
esquerda <strong>do</strong> thorax; impaludismo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nos artilhos <strong>do</strong> pé<br />
esquer<strong>do</strong>. Fez incizões (ilegível)<br />
<strong>de</strong>sbridamento a 6-8-97.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>do</strong>rsal e mammaria esquerda com inflamação<br />
da pleura. Pleurizia secca.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
<strong>do</strong> pé direito.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da coxa esquerda com projectil. Foi opera<strong>do</strong> a<br />
12-8-97. Anesthesia local pelo chloreto <strong>de</strong><br />
ethylo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da coxa direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na anterior e<br />
posterior <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong>, com lesão <strong>do</strong><br />
nervo circunflexo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa <strong>do</strong> terço superior da perna<br />
esquerda. Fez abertura e drenag<strong>em</strong> no dia 7<br />
<strong>de</strong> Agosto<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
direita <strong>do</strong> thorax (Rheumatismo poly articularchronico<br />
(incapaz). Fez abertura e drenag<strong>em</strong><br />
a 11 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço direito com fractura no mesmo ponto.<br />
Fez abertura e drenag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is abcessos 14<br />
e 20 <strong>de</strong> Agosto e osteotomia <strong>do</strong> humerus a 2<br />
<strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897. Chloroformiza<strong>do</strong>. Fez<br />
massag<strong>em</strong>, electrisação e apparelho <strong>de</strong> talas<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
direita <strong>do</strong> thorax<br />
Observações<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 10<br />
<strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> 14 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>de</strong> Agosto<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por tratarse<br />
<strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20 <strong>do</strong><br />
mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 13<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 7 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 7 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 10 <strong>de</strong><br />
Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 7 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 16<br />
<strong>do</strong> mesmo
Nº<br />
34<br />
35<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
42<br />
43<br />
44<br />
45<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
56<br />
57<br />
58<br />
59<br />
60<br />
63<br />
64<br />
65<br />
66<br />
67<br />
68<br />
69<br />
Corpos<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
18º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Tenente<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
---<br />
2ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
Nomes<br />
Antonio Seralis<br />
Melanio das Neves<br />
Joaquim Napoleão<br />
Epaminan<strong>do</strong> Arruda<br />
Filho<br />
João Floriano<br />
Sampaio<br />
João Ferreira <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Antonino Roja<br />
Juvenal Rodrigues<br />
Pereira<br />
Belarmino da Silva<br />
Pestana<br />
Antonio Joaquim <strong>do</strong><br />
Carmo<br />
José Duarte Lopez<br />
Frazão<br />
Francisco João<br />
Evaristo<br />
José Ribeiro Gomes<br />
<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong><br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por armas <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
super-clavicular e escapular esquerda<br />
Abscessos quentes nas regiões cervical e<br />
glútea esquerda. Fez abertura e drenag<strong>em</strong> a 9<br />
<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1897<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região externa<br />
da perna esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões <strong>do</strong><br />
punho esquer<strong>do</strong> e flanco esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> antebraço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
molares<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões <strong>do</strong>rso<br />
palmar da mão direita e <strong>do</strong> olho direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
<strong>do</strong> thorax, e <strong>do</strong>s ante-braços terço inferior<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
calcaneana, (maleolores?) <strong>do</strong> pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> ante-braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
Observações<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 24 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 20<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 24 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 31 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 7 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 6 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14 <strong>do</strong> mesmo
Nº<br />
46<br />
47<br />
48<br />
49<br />
50<br />
51<br />
52<br />
53<br />
54<br />
55<br />
56<br />
57<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
70<br />
71<br />
72<br />
73<br />
74<br />
75<br />
79<br />
80<br />
82<br />
83<br />
84<br />
85<br />
Corpos<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Paisano<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
---<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Sargento<br />
Ajudante<br />
Anspeçada<br />
Cia.<br />
3ª<br />
----<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª Bateria<br />
2ª<br />
Nomes<br />
Ludgero José <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Severino Men<strong>de</strong>s<br />
João Pedro <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Claudiano José<br />
Barros<br />
Ezequiel Elias Dantas<br />
Joaquim Bento da<br />
Costa<br />
Manuel Lima <strong>de</strong><br />
Jesus<br />
Venceslau Pereira da<br />
Silva<br />
Aureliano Felix<br />
Pereira<br />
Henrique Camillo<br />
Germinio Moreira <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
João Pereira da Silva<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
axillar, e scapular esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
perna esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no testículo<br />
direito. Fez ressecção da túnica vaginal e<br />
curetag<strong>em</strong>. Foi chloroformisa<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
ante-braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>de</strong><br />
ambos os braços<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
scapular esquerda, e <strong>do</strong>rsal direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no polegar da<br />
mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>de</strong><strong>do</strong> mínimo<br />
da mão direita. Dilatação ahorta (incapaz). Fez<br />
<strong>de</strong>sarticulação <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> mínimo a 12 <strong>de</strong><br />
Agosto <strong>de</strong> 1897<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>de</strong><strong>do</strong> médio da<br />
mão esquerda. Fez <strong>de</strong>sarticulação no dia 6-7-<br />
97. Foi chloroformisa<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 5 <strong>de</strong> outubro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 28 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 28 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 8 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 18 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 17 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 5 <strong>de</strong> Outubro
Nº<br />
58<br />
59<br />
60<br />
61<br />
62<br />
63<br />
64<br />
65<br />
66<br />
67<br />
68<br />
69<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
86<br />
87<br />
88<br />
89<br />
90<br />
91<br />
92<br />
93<br />
102<br />
103<br />
104<br />
106<br />
Corpos<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
2ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Lauriano Monteiro <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
Francisco da Cunha<br />
Rebouças<br />
Antonio Luiz Tavares<br />
<strong>de</strong> Souza<br />
João Xavier da Costa<br />
Antonio Mathias <strong>de</strong><br />
Souza<br />
João Felix <strong>de</strong> Araújo<br />
João Antonio <strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
Antonio Eucly<strong>de</strong>s da<br />
(rasura<strong>do</strong>)<br />
José Jacintho <strong>de</strong><br />
Castro<br />
Eurico Ferreira da<br />
Silva<br />
Joaquim José <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Pedro Celestino <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
ante-braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da coxa esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
ante-braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no joelho<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
lateral esquerda <strong>do</strong> thorax e axilla direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong> – Epilepsia essencial<br />
(incapaz).<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na mão esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
calcaneana direita – (ilegível) <strong>do</strong> olho direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
braço direito e posterior <strong>do</strong> thorax<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na phalange <strong>do</strong><br />
polegar da mão esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> antebraço esquerda e mão direita. Fez<br />
<strong>de</strong>sarticulação <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r direito,<br />
extracção <strong>de</strong> projectil. Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no punho direito<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
transferência para o Hospital <strong>de</strong><br />
Varíola <strong>de</strong> Monte Serrat <strong>em</strong> 21 <strong>de</strong><br />
Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 5 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 7 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção<br />
no seu quartel a 17 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 9 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 e Agosto e Alta por cura<strong>do</strong><br />
a 14 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 5 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>do</strong> mesmo
Nº<br />
70<br />
71<br />
72<br />
73<br />
74<br />
75<br />
76<br />
77<br />
78<br />
79<br />
80<br />
81<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
114<br />
115<br />
116<br />
117<br />
118<br />
119<br />
120<br />
169<br />
263<br />
258<br />
275<br />
173<br />
Corpos<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
28 Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
2º Sargento<br />
Musico<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneta<br />
Musico<br />
Musico<br />
Musico<br />
Cia.<br />
1ª<br />
1ª Bateria<br />
1ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
Filis<strong>do</strong>nio Gomes da<br />
Silva<br />
Taciano <strong>de</strong> Mello<br />
Lima<br />
Roseno Francisco <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Pedro Ernesto da<br />
Silva<br />
João Pereira da Silva<br />
Thiago José Romeu<br />
Antonio Martins<br />
d’Abreu<br />
Moyzes Novaes Pinto<br />
Juvenal José da<br />
Rosa<br />
Romeu Rato<br />
Alberto Pinto <strong>de</strong><br />
Campos<br />
João Claudino da<br />
Silva<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> ante-braço direito. Insufficiencia mitral<br />
(incapaz)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região super -<br />
clavicular direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa direita – Rheumatismo poly-articular<br />
chronico<br />
Ferimento por aram <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da perna direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nos astilhos <strong>do</strong> pé<br />
esquer<strong>do</strong>. Epilepsia essencial. Incapaz.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>do</strong>rsal e plantas <strong>do</strong> pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no polegar da<br />
mão direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna esquerda<br />
Impaludismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsopalmar<br />
da mão esquerda. Fez amputação <strong>do</strong><br />
antebraço esquer<strong>do</strong> no terço médio. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 16 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Agosto<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para agurardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Baixou a 6 e Agosto e Alta por cura<strong>do</strong><br />
a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção <strong>em</strong> 14 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 28 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro a Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 11 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong><br />
a 16 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 5 <strong>de</strong> Outubro
Nº<br />
82<br />
83<br />
84<br />
85<br />
86<br />
87<br />
88<br />
89<br />
90<br />
91<br />
92<br />
93<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
192<br />
191<br />
190<br />
189<br />
187<br />
184<br />
183<br />
224<br />
222<br />
210<br />
209<br />
206<br />
Corpos<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
15º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Major<br />
2º Sargento<br />
Tenente<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Ca<strong>de</strong>te,<br />
Sargento e<br />
Ajudante<br />
Alumno<br />
1º Sargento<br />
Cia.<br />
---<br />
2ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
---<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Menor - 1ª<br />
4ª Bateria<br />
4ª<br />
Nomes<br />
José Alves <strong>de</strong><br />
Oliveira Car<strong>do</strong>zo<br />
Colinero Lub<strong>em</strong>bo<br />
Horácio F. Sucupira<br />
Joaquim Cantalice <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Olegário Antonio<br />
Sampaio<br />
Raphael Albuquerque<br />
Galvão<br />
Manuel Ortencio da<br />
Fonseca<br />
Olegário Avelino<br />
Ramos<br />
Satiro José <strong>do</strong>s<br />
Santos Ferreira<br />
Hermoje. O. Costa<br />
Antonio <strong>de</strong> Almeida<br />
Santos<br />
Miguel <strong>de</strong> Souza<br />
Borges<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo, digo,<br />
estreitamento fibrozo da porção m<strong>em</strong>branosa<br />
da urethra. Fez urethrotomia interna <strong>em</strong> 12-7-<br />
97.<br />
Tuberculose testicular. Fez castração parcial<br />
<strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> <strong>em</strong> 22-7-97. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong><br />
Abcesso pútri<strong>do</strong> <strong>do</strong> coto amputa<strong>do</strong>. Fez<br />
abertura e drenag<strong>em</strong> no dia 20-7-97<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões infra<br />
(ilegível) e super clavicular esquerda, callo<br />
viciozo e fractura da clavicula<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na córnea <strong>do</strong> olho<br />
esquer<strong>do</strong> (estilhaço)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
posterior e externa da perna esquerda com<br />
parezia – Estreitamento (ilegível) – Massag<strong>em</strong><br />
e electrisação<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa esquerda, digo, direita, com fractura da<br />
perna, callo viciozo. Fez osteotomia <strong>em</strong> 19 <strong>de</strong><br />
Agosto <strong>de</strong> 1897. Foi chloroformiza<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
anterior e posterior da perna direita<br />
Contusão na região <strong>do</strong>rsal; aplicou ventosas<br />
seccas<br />
Diarrhéa hepática, impaludismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
joelho direito. Foi opera<strong>do</strong> <strong>de</strong> ressecção <strong>do</strong><br />
joelho no dia 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1897. (Tétano<br />
intermitente). Foi chloroformiza<strong>do</strong>. Galteismo.<br />
Observações<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e Alto por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 20 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção a 14 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Baixou a 16 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 5 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
fallecimento a 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897<br />
Falleceu a tétanos intermitentes, por<br />
imprudência <strong>de</strong> ter <strong>do</strong>rmi<strong>do</strong> com a<br />
porta aberta <strong>em</strong> noite t<strong>em</strong>pestuosa<br />
(ilegível).
Nº<br />
94<br />
95<br />
96<br />
97<br />
98<br />
99<br />
100<br />
101<br />
102<br />
103<br />
104<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
204<br />
203<br />
181<br />
182<br />
143<br />
234<br />
235<br />
236<br />
237<br />
238<br />
239<br />
Corpos<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Regimento<br />
<strong>de</strong> Cavallaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Regimento<br />
<strong>de</strong> Cavallaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
28º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Capitão<br />
Capitão<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Musico<br />
Capitão<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Cabo d’esquadra<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Cia.<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
3º<br />
Esquadrão<br />
2ª<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Cypriano Alci<strong>de</strong>s<br />
José Luiz Bücheb<br />
Antonio Freire <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Silvestre <strong>de</strong> Assis<br />
Chaves<br />
João Claudino da<br />
Silva<br />
João <strong>de</strong> Souza<br />
Franco<br />
Vicente Henrique <strong>de</strong><br />
Moura<br />
Alípio Lopes Lima<br />
Barros<br />
Alfre<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>s da<br />
Silva<br />
Manuel Joaquim <strong>do</strong><br />
Rego<br />
Ros<strong>em</strong>iro Francisco<br />
Guerreiro<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
internas <strong>de</strong> ambas as coxas<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões infrascapular<br />
e axillar direita, com lesão <strong>do</strong><br />
circunflexo. Fez massag<strong>em</strong> e electrisação<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>do</strong>rsal e plantar <strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
anterior e posterior da perna esquerda<br />
Já se acha incluí<strong>do</strong> nesta relação<br />
Broncho-pneumonia dupla, complicada <strong>de</strong><br />
diarrhéa séptica<br />
Tumor da região popletea, curável mediante<br />
operação (a qual não quis sujeitar-se)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
lombar glutea, e no terço inferior da coxa<br />
esquerda com lesão da articulação <strong>do</strong> joelho.<br />
Massag<strong>em</strong>.<br />
Impaluidismo<br />
Abscesso flegmonoso na região posterior <strong>do</strong><br />
antebraço. Já ulcera<strong>do</strong>.<br />
Estreitamento fibroso da porção m<strong>em</strong>branoza<br />
da urethra. Foi opera<strong>do</strong> <strong>de</strong> urethrotomia<br />
interna no dia 16 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897,<br />
dilatação pelos (ilegível) <strong>de</strong> Guyon.<br />
Observações<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 31<br />
<strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
tratar-se <strong>em</strong> caza <strong>de</strong> sua família a 7<br />
<strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 5 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
fallecimento a 4 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 14 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro a Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família a 21 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro a Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 29 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 14<strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897
Nº<br />
105<br />
106<br />
107<br />
108<br />
109<br />
110<br />
111<br />
112<br />
113<br />
114<br />
115<br />
116<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
243<br />
247<br />
264<br />
270<br />
274<br />
261<br />
262<br />
260<br />
259<br />
249<br />
244<br />
241<br />
Corpos<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Posição<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
28º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
2º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
2º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Sargento<br />
Sargento<br />
Ajudante<br />
Alumno<br />
Alumno<br />
1º Sargento<br />
2º Sargento<br />
1º Sargento<br />
Cia.<br />
4ª Bateria<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Menor<br />
2ª Bateria<br />
2ª Bateria<br />
4ª<br />
4ª<br />
4ª Bateria<br />
Nomes<br />
Boaventura Gomes<br />
da Silva<br />
Firmino Ferreira Leite<br />
Procópio Joaquim<br />
Manoel Marinho<br />
Ribeiro<br />
João Rodrigues <strong>de</strong><br />
Oliveria<br />
Sebastião <strong>de</strong> Souza<br />
Mello<br />
Espiridiano Mesquita<br />
Pinto<br />
João Evangelista <strong>de</strong><br />
Oliveira Pene<strong>do</strong><br />
Matheus Albino<br />
Ciqueira<br />
João da Silveira Ávila<br />
Aureliano José <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Ernane Barrozo <strong>de</strong><br />
Cerqueira<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior da coxa direita<br />
(ilegível) <strong>do</strong> omoplata direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço direito, e amputa<strong>do</strong> <strong>do</strong> terço inferior<br />
<strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong>. Já veio amputa<strong>do</strong><br />
Rheumatismo agu<strong>do</strong><br />
Bronchite aguda<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões anterior e<br />
posterior da perna direita<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior da<br />
perna esquerda<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na região da coxa<br />
direita. Projectil enchista<strong>do</strong> na base <strong>do</strong> pulmão<br />
esquer<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> durante a revolta <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong><br />
Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1893<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo no la<strong>do</strong> direito<br />
ab<strong>do</strong>minal<br />
Infecção palustre. Dyspepsia gastralgiana<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
e posterior da coxa direita. Atrofia <strong>do</strong> meato<br />
urinário e estreitamento da porção – bulbo -<br />
m<strong>em</strong>branoza da urethra e phymosis. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong>, dilatação.<br />
Estreitamento fibrozo das porções<br />
m<strong>em</strong>branoza e peniana da urethra; fístula<br />
(ilegível) e atrofia <strong>do</strong> meato. Projectil no terço<br />
inferior da coxa direita (dilatação)<br />
Observações<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
fallecimento a 27 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Foi<br />
autopsia<strong>do</strong> no mesmo dia. Apoplexia<br />
fulminante, Pneumonia intersticial e<br />
projectil enchista<strong>do</strong> no pancreas<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 29 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 28 <strong>de</strong> Outubro. Fez<br />
mictotomia, circunsizão e<br />
urethrotomia interna e opera<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
phymosis (ilegível) no dia 27-9-1897<br />
Baixou a 19 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Foi<br />
opera<strong>do</strong> <strong>de</strong> urethrotomia no dia 21-7-<br />
97. Fez extracção <strong>do</strong> projectil no<br />
terço inferior da coxa direita no dia12-<br />
10-1897
Nº<br />
117<br />
118<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
208<br />
205<br />
---<br />
188<br />
194<br />
14<br />
76<br />
78<br />
94<br />
101<br />
113<br />
135<br />
Corpos<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
23º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Alferes<br />
Anspeçada<br />
Alumno<br />
1º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo<br />
d’esquradra<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Benedito <strong>do</strong>s Passos<br />
Pereira<br />
José Alves <strong>de</strong> Moura<br />
Agra<br />
Pedro Antonio <strong>de</strong><br />
Cerqueira<br />
Dacio Macha<strong>do</strong><br />
Guimarães<br />
João <strong>de</strong> Oliveira<br />
Alves<br />
João Ignácio da<br />
Conceição<br />
Antonio Xavier Freira<br />
M el . Pereira <strong>de</strong><br />
Santiago<br />
Amaro Joaquim<br />
Monteiro<br />
José Bernardino <strong>de</strong><br />
Mello<br />
João Francisco Silva<br />
Manoel José <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
<strong>do</strong> ab<strong>do</strong>m<strong>em</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região sacra.<br />
Sequestramento e curetag<strong>em</strong> <strong>em</strong> 3/12/97. Fez<br />
massag<strong>em</strong> e electrização<br />
Febre palustre, Rheumatismo poly (ilegível)<br />
chronicoe hepatite chronica (incapaz)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong>, com (paresia?) da perna.<br />
An<strong>em</strong>ia profunda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna direita, com fractura da cabeça <strong>do</strong><br />
períneo<br />
Aneurysma traumátco da artéria f<strong>em</strong>oral<br />
produzida por arma <strong>de</strong> fogo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> ante-braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no olho direito<br />
com perda da visão<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no maxillar<br />
inferior<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
(massaterismo?) direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>front</strong>al<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa <strong>do</strong> ante-braço esquer<strong>do</strong><br />
Observações<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897<br />
Baixou a 24 <strong>de</strong> Agosto e Alta ______.<br />
Baixou a 31 <strong>de</strong> Maio e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar<br />
o resulta<strong>do</strong> da infecção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
seu quartel a 14 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família a 22 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua infecção <strong>em</strong> 28-10-<br />
97. (ilegível)<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Julho e Alta por<br />
fallecimento a 27 <strong>de</strong> Julho. Fez-se<br />
abertura <strong>do</strong> (fógo?), eliminação <strong>do</strong>s<br />
coágulos e ligaduras da artéria no<br />
triangulo da scarpa no mesmo dia.<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro. Fez<br />
ressecção parcial e sequestrotomia<br />
<strong>do</strong> maxillar inferior (la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>)<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>de</strong> Agosto<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>de</strong> Agosto<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
162<br />
180<br />
186<br />
193<br />
207<br />
211<br />
212<br />
216<br />
217<br />
221<br />
223<br />
242<br />
Corpos<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
1º Sargento<br />
Cabo d’esquadra<br />
2º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Cia.<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
1ª Bateria<br />
1ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Vicente Ferreira da<br />
Costa<br />
Florentino José da<br />
Silva<br />
Julio Cezar <strong>de</strong> Castro<br />
Moraes<br />
João Ferreira<br />
Baptista<br />
Amaro <strong>de</strong> Souza<br />
Gomes<br />
João da Silva<br />
Carneiro<br />
José Malaquias <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Francisco A.<br />
Cavalcanti<br />
João Joaquim <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Eufrásio Joaquim <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
José Buiques<br />
João Soares da Silva<br />
Diagnósticos<br />
Impaludismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na borda interna<br />
<strong>do</strong> pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
umbilical e flanco direito. Anus contra<br />
natureza. Tuberculose pulmonar<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação<br />
tíbio-astragaliana esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo já cicatriza<strong>do</strong>.<br />
Tuberculose pulmonar no 3º perío<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
da coxa com fractura e callo viciozo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
glúteas<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
perna com fractura e <strong>de</strong>formida<strong>de</strong><br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo nas fasces interna e<br />
externa da perna esquerda<br />
Bronchite aguda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região tíbio<br />
(ilegível) da perna esquerda Abcesso<br />
gagrenozo no terço médio da perna esquerda<br />
Tuberculoze testicular. Estreitamento da<br />
porção m<strong>em</strong>branoza da urethra e catarrho da<br />
bexiga<br />
Observações<br />
Baixou a 8 d Agosto e alta por cura<strong>do</strong><br />
a 30 <strong>de</strong> Agosto<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 22 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica 2 22 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 28 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto a alta por<br />
transferência para o Hospital <strong>de</strong><br />
variolosos a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 29 <strong>de</strong> Outubro. Fez<br />
raspag<strong>em</strong> da tibia<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 29 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Fez<br />
dilatação <strong>do</strong> foco e drenag<strong>em</strong> a 28-8-<br />
97<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Fez<br />
castração unilateral – urethrotomia e<br />
dilatação gradual e progressiva
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
225<br />
228<br />
231<br />
232<br />
245<br />
248<br />
265<br />
266<br />
Corpos<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Ca<strong>de</strong>te e 1º<br />
Ajudante<br />
2º Sargento<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
1ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Roque Antonio<br />
Men<strong>de</strong>s<br />
Manoel Francisco <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
João Barbosa<br />
Car<strong>do</strong>so<br />
Manoel Francisco <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Theonilho Antonio da<br />
Silva Reis<br />
Samuel Munahin<br />
Cl<strong>em</strong>ente Baptista<br />
Neiva<br />
Benedicto Cosme<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa da coxa direita e interna e<br />
externa <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
joelho e na região <strong>do</strong>rsal esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea e<br />
(ilegível) direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
<strong>de</strong>lthoidiana direita com lesão <strong>do</strong> osso<br />
circunflexo a atrophia muscular<br />
Rheumatismo. Estreitamento fibroso da<br />
porção m<strong>em</strong>branosa da urethra e <strong>do</strong> meato<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
cotovello direito; Tuberculose pulmonar.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no polegar da<br />
mão direita<br />
Observações<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Agosto a alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 26 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Fezurethrotomia interna e dilatação<br />
gradual – e meatotomia no dia 25-9-97<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
fallecimento a 27 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Outubro
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
271<br />
272<br />
307<br />
308<br />
317<br />
318<br />
319<br />
323<br />
324<br />
326<br />
328<br />
334<br />
Corpos<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>do</strong><br />
Amazonas<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
2º Sargento<br />
Alumno<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Ca<strong>de</strong>te<br />
Alumno<br />
2º Sargento<br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
1ª<br />
---<br />
2ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
---<br />
2ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
João Cavalcanti da<br />
Silva<br />
José Constancio da<br />
França<br />
João Francisco<br />
Pereira<br />
Guilherme Bento<br />
Ramos<br />
Cl<strong>em</strong>entino Antonio<br />
<strong>de</strong> Albuquerque<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula<br />
Alves Rangel<br />
José Domingos<br />
Nogueira<br />
Carlos Dessexanty<br />
Cantuária<br />
João Baptista<br />
Farmigarthi<br />
Sebastião da Costa e<br />
Silva<br />
Marcos José da Silva<br />
Pedro Carneiro da<br />
Cunha<br />
Diagnósticos<br />
(Ilegível)<br />
Impaludismo, Diarrhéa; avulsos <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior <strong>do</strong> ante-braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região na<br />
anterior <strong>do</strong> braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior <strong>do</strong> ante-braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região posterior <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
<strong>de</strong>ltoidiana direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>front</strong>al<br />
direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal,<br />
com projectil na fossa illiaca esquerda. Não<br />
quis extrair o projectil<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
occipeto-parieta esquerda<br />
Ferimento nas regiões anterior e posterior <strong>do</strong><br />
braço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
face interna da coxa<br />
Observações<br />
Baixou a e <strong>de</strong> outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 22 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 21 <strong>de</strong> Outubro. Extrahiu um<br />
<strong>de</strong>nte no dia 21 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 22 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 21 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 13 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 21 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 22 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 6 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
335<br />
345<br />
379<br />
348<br />
349<br />
356<br />
365<br />
127<br />
215<br />
233<br />
206<br />
384<br />
Corpos<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>de</strong> São<br />
Paulo<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Posição<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Posição<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
29º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneteiro-mor<br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Alferes<br />
Cia.<br />
4ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
2ª Bateria<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
2ª Bateria<br />
4ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Camillo Pinto da Silva<br />
Bellarmino José<br />
Rodrigues<br />
Antonio Lourenço da<br />
Silva<br />
João Car<strong>do</strong>zo da<br />
Silva<br />
José Alves <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Francisco Caza<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Avelino Soares da<br />
Silva<br />
Julio Men<strong>de</strong>s<br />
Abílio Marques<br />
d’Olivera<br />
Firmino Ferreira<br />
Guimarães<br />
Francisco Luiz da<br />
França<br />
Caio Tavares da<br />
Costa<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no polegar da<br />
mão esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> ante-braço esquer<strong>do</strong>, região masseterina<br />
esquerda – <strong>do</strong>res lombar esquerda. (Kistho<br />
sebáceo na região (ilegível) esquerda<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no pé esquer<strong>do</strong> com<br />
<strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s ossos metatharsos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e posterior da coxa esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no indica<strong>do</strong>r da<br />
mão esquerda, com <strong>de</strong>struição da phalangeta<br />
Ferida por estilhaço <strong>de</strong> projectil no olho<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões interna e<br />
externa, com fractura e callo viciozo<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo com perda <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong><br />
annullar. Hérnia inguinal esquerda<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
calcâneo, com <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> mesmo<br />
(esquer<strong>do</strong>). Fez ressecção <strong>do</strong> mesmo,<br />
incapaz. Foi chloroformiza<strong>do</strong><br />
Anus aci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a ferida por arma <strong>de</strong><br />
fogo na pare<strong>de</strong> ab<strong>do</strong>minal, Hérnia umbilical.<br />
Fez laporo-entrotomia a 28-9-97, incapaz. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong><br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>de</strong>ltoidiana direita, e <strong>do</strong>rsal direita, com<br />
projectil. Fez extração a 12-10-97<br />
Abscesso da parótida e Diarrhéa séptica. (Já<br />
veio opera<strong>do</strong>)<br />
Observações<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Fez<br />
extirpação <strong>do</strong> kistho no dia 30 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 29 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>em</strong> superior a 20 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 26 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> inspecção <strong>em</strong><br />
seu quartel a 3 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua infecção<br />
<strong>em</strong> seu quartel a 23 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Agosto e alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção<br />
<strong>em</strong> seu quartel a 28 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 24 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Fez<br />
extração <strong>do</strong> projectil no dia 12 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
fallecimento a 21 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
392<br />
393<br />
402<br />
404<br />
407<br />
408<br />
371<br />
373<br />
369<br />
375<br />
351<br />
Corpos<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
26º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
---<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
Alferes<br />
Capitão<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
1º Sargento<br />
Sargento<br />
Ajudante<br />
Cia.<br />
2ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
---<br />
3ª<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Menor –<br />
1ª Cia.<br />
Nomes<br />
Francisco Solermo<br />
Moreira<br />
Leopol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Barros<br />
Vasconsellos<br />
Marciano Me<strong>de</strong>iros<br />
Lindulpho José <strong>de</strong><br />
Campos<br />
André Pereira<br />
Mace<strong>do</strong><br />
Antonio Thomaz <strong>de</strong><br />
Britto Filho<br />
Cincle<strong>de</strong> d’Assis<br />
Castro<br />
Felix Riachão Araújo<br />
Manuel João <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Antonio Gabriel <strong>de</strong><br />
Azeve<strong>do</strong><br />
João Pedro Smith<br />
Diagnósticos<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na perna esquerda, já<br />
veio amputa<strong>do</strong>, porém com o osso a<br />
<strong>de</strong>scoberto. Fez ressecção a 4-11-97.<br />
(Chloroformiza<strong>do</strong>)<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
(orbiterial?) esquerda e mollar, com perda <strong>do</strong><br />
globo occular<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
direta<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
__craneana esquerda, ankylose <strong>do</strong> cotovello<br />
atrophia muscular. Incapaz.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>de</strong>ltoidiana e masseterina direita com<br />
<strong>de</strong>struição da abobada palatina <strong>do</strong>s ossos e<br />
cartilagens <strong>do</strong> nariz<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
mollar esquerda, t<strong>em</strong>poral direita, <strong>de</strong>struição<br />
da abobada (ilegível)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa esquerda com fractura (callo viciozo)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
glúteas esquerda e inguinal esquerda, com<br />
fractura da cabeça <strong>do</strong> fêmur (callo febrozo)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da coxa direita, callo viciozo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
da coxa esquerda com fractura (projectil)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da perna esquerda<br />
Observações<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro e alta a 29<br />
<strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção <strong>em</strong> seu<br />
quartel<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Fez<br />
amputação da coxa no terço superior<br />
da coxa no dia 23 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Foi opera<strong>do</strong>.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
372<br />
374<br />
376<br />
377<br />
368<br />
350<br />
352<br />
353<br />
302<br />
246<br />
224<br />
264<br />
268<br />
Corpos<br />
24º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>do</strong><br />
Amazonas<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
28º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Anspeçada<br />
Alferes<br />
2º Sargento<br />
Ca<strong>de</strong>te<br />
Cabo d’esquadra<br />
2º Sargento<br />
2º Sargento<br />
2º Sargento<br />
2º Sargento<br />
1º Sargento<br />
Tenente<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
4ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
Nomes<br />
José Victalino da<br />
Silva<br />
Olimpio Capistrano<br />
<strong>de</strong> Oliveira<br />
Epaminondas<br />
Pedro José Munis<br />
José Eugenio<br />
Car<strong>do</strong>zo<br />
Antonio Gomes Faria<br />
Manuel Luiz da Paz<br />
Pio Nono Moraes<br />
Rego<br />
Hygino Honorato Will<br />
José Henrique <strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
Carlos Augusto da<br />
Cunha<br />
Thomaz Wright-Hall<br />
<strong>de</strong> Jesus Meirelles<br />
Carlos Alberto <strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
Luiz Benjamin Pereira<br />
Lima<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa direita, com fractura – callo viciozo.<br />
(Aneurisma traumático. Fez amputação da<br />
coxa no terço superior 11/11/97<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior da coxa direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região bucal<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
(ilegível) externa direita, terço inferior da perna<br />
esquerda – <strong>do</strong>rsal e lombar.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da perna esquerda com fractura<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa direita e terço inferior da perna i<strong>de</strong>m.<br />
Callo viciozo, gran<strong>de</strong> encurtamento.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região externa<br />
da coxa direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
joelho esquer<strong>do</strong> (com falsa ankylose)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
meato (com coccia <strong>do</strong> osso)<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço direito,<br />
com lesão <strong>do</strong> antero-humeral<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região axillar<br />
esquerda<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo na phalange <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong><br />
annular da mão esquerda. Tuberculose<br />
pulmonar. (ilegível)<br />
Observações<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Fez ligadura<br />
na baze <strong>do</strong> triangulo <strong>do</strong> scarpo a<br />
28/10/97.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
fallecimento a 3 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Fez<br />
amputação da perna no ponto <strong>de</strong><br />
(ilegível) no dia 31 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro. Fez<br />
amputação da coxa no terço superior<br />
no dia 1º <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> por or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Outubro. Fez redução<br />
da ankylose no dia 3/11/97. Abertura e<br />
drenag<strong>em</strong> <strong>em</strong> 12/11/97.<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro. Fez<br />
ressecço (ilegível) no dia 1/11/97.<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior no dia 3 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 18 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro. Fez <strong>de</strong>sarticulação no dia<br />
31 <strong>de</strong> Outubro.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
269<br />
276<br />
303<br />
301<br />
327<br />
325<br />
367<br />
322<br />
337<br />
336<br />
355<br />
370<br />
371<br />
Corpos<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
4º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
15º Batalhão<br />
<strong>de</strong> infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Alumno<br />
Furriel<br />
Alumno<br />
2º Sargento<br />
Musico<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Alumno<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneteiro<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
1ª<br />
3ª Bateria<br />
3ª<br />
3ª Bateria<br />
4ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
3ª Bateria<br />
3ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Lin<strong>do</strong>lpho Ramos da<br />
Silva<br />
José Augusto Aguiar<br />
Pimenta<br />
Ounorival Barreto <strong>de</strong><br />
Me<strong>de</strong>iros<br />
Othon <strong>de</strong> Oliveira<br />
Santos<br />
José Valentino <strong>de</strong><br />
Cerqueira<br />
João Luiz Pantaleão<br />
José <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nça<br />
Mesquita<br />
Moyses Augusto <strong>de</strong><br />
Santana<br />
Miguel Felizar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Joaquim Bernar<strong>do</strong><br />
Gomes<br />
Candi<strong>do</strong> Antonio<br />
Pereira da Silva<br />
Sebastião José <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Concle<strong>de</strong> d’Assis<br />
Castro<br />
Diagnósticos<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior <strong>do</strong><br />
antebraço esquer<strong>do</strong>.<br />
Diarrhéa e impaludismo chronico.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna direita – com projectil<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
e posterior da perna direita no terço médio.<br />
Abscessos.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço direito e região <strong>do</strong>rsal da mesma<br />
mão<br />
Estreitamento fibrozo da porção m<strong>em</strong>branoza<br />
da urethra. Fez urethrotomia interna <strong>em</strong><br />
3/11/97.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região da coxa<br />
e glútea esquerda.<br />
Impaludismo e diarrhéa.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
anterior e posterior <strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong><br />
com fractura <strong>do</strong> radio.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea<br />
direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no antebraço<br />
esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por estilhaço <strong>de</strong> granada no braço<br />
esquer<strong>do</strong>, com fractura – (ilegível) – da<br />
cabeça <strong>do</strong> humero.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa esquerda. Com fractura cominutiva (callo<br />
viciozo). Fez amputação da coxa no terço<br />
médio superior no dia 23/11/97. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior a 3 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior a 26 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Outubro. Fez extração<br />
no dia 30 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Outubro. Fez abertura<br />
e drenag<strong>em</strong> no dia 10/10/97.<br />
Abscesso quente na região posterior<br />
da coxa esquerda.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro. Fez extração<br />
<strong>do</strong> projectil no dia 20 d’Outubro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>de</strong> Outubro, digo,<br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 13 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 30 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Fez<br />
<strong>de</strong>sarticulação no dia 26 <strong>de</strong> Outubro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro.
Nº<br />
135<br />
136<br />
137<br />
138<br />
139<br />
140<br />
141<br />
142<br />
143<br />
144<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
373<br />
369<br />
375<br />
351<br />
372<br />
374<br />
376<br />
377<br />
368<br />
350<br />
Corpos<br />
26º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
24º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Policia <strong>do</strong><br />
Amazonas<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
1º Sargento<br />
Sargento<br />
Ajudante<br />
Anspeçada<br />
Alferes<br />
2º Sargento<br />
Alumno<br />
Cabo d’esquadra<br />
2º Sargento<br />
Cia.<br />
1ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
Esta<strong>do</strong><br />
Menor –<br />
1ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Felix Riachão Araújo<br />
Manuel João <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Antonio Gabriel <strong>de</strong><br />
Azeve<strong>do</strong><br />
João Pedro Smith<br />
José Victalino da<br />
Silva<br />
Olimpio Capistrano<br />
d’Oliveira<br />
Epaminondas<br />
Pedro José Muniz<br />
José Eugenio<br />
Car<strong>do</strong>zo<br />
Antonio Gomes<br />
Farias<br />
Manuel Luiz da Paz<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea<br />
esquerda e inguinal com fractura da cabeça<br />
<strong>do</strong> fêmur; callo viciozo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da coxa direita. Callo viciozo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
da coxa esquerda, com fractura e projectil<br />
enkysta<strong>do</strong> no osso. Fez extracção <strong>do</strong> projectil<br />
no dia 3/12/97.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da perna esquerda<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa direita, com fractura – callo viciozo.<br />
Aneurisma traumático; fez ligadura na baze <strong>do</strong><br />
triangulo <strong>de</strong> (ilegível) a 28/10/97. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong> duas vezes. Gangrena secca<br />
da perna – amputação da coxa no terço<br />
superior 11/11/97<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior da coxa direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região bucal<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região illiaca<br />
externa direita, terço superior da perna<br />
esquerda, <strong>do</strong>rsal e lombar. Fez dilatação e<br />
curetag<strong>em</strong> a 3/12/97.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior da<br />
perna esquerda, com fractura. Fez amputação<br />
no ponto (ilegível) no dia 31/10/97. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa direita, terço inferior da perna direita,<br />
callo viciozo e gran<strong>de</strong> encurtamento. Fez<br />
amputação no dia 1/11/97 no terço superior da<br />
coxa. Foi cloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
fallecimento a 3 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro.
Nº<br />
145<br />
146<br />
147<br />
148<br />
119<br />
120<br />
121<br />
122<br />
123<br />
124<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
352<br />
353<br />
302<br />
246<br />
227<br />
267<br />
268<br />
269<br />
276<br />
303<br />
Corpos<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
28º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
2º Sargento<br />
2º Sargento<br />
2º Sargento<br />
1º Sargento<br />
Tenente<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Alumno<br />
Furriel<br />
Cia.<br />
3ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
3ª Bateria<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Pio Nono <strong>de</strong> Moraes<br />
Rego<br />
Hygino Honorato Will<br />
José Henrique <strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
Carlos Augusto da<br />
Cunha<br />
Thomaz Wright-Halli<br />
<strong>de</strong> Jesus<br />
Carlos Alberto <strong>de</strong><br />
Vasconcellos<br />
Luiz Benjamin Pereira<br />
Lima<br />
Lin<strong>do</strong>lpho Ramos da<br />
Silva<br />
João Augusto <strong>de</strong><br />
Aguiar Pimenta<br />
Ounorival Barreto <strong>de</strong><br />
Me<strong>de</strong>iros<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região externa<br />
da coxa direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
joelho esquer<strong>do</strong>, falsa ankylose. Fez reducção<br />
no dia 3/11/97. Abertura e drenag<strong>em</strong> a<br />
12/11/97 <strong>de</strong> um abscesso na coxa.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
meato com carie <strong>do</strong> osso. Fez (ilegível) parcial<br />
no dia 1/11/97. Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no braço direito<br />
com lesão artéria humeral.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região axillar<br />
esquerda.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na phalange <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong><br />
annullar da mão esquerda. Tuberculose<br />
pulmonar perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> fuzão. Foi<br />
chloroformisa<strong>do</strong>.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior <strong>do</strong><br />
antebraço esquer<strong>do</strong><br />
Diarrhéa e impaludismo chronico<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna direita, com projectil. Fez extracção<br />
<strong>do</strong> projectil no dia 31 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Trepanação da tíbia. Foi chloroformisa<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior no dia 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 3 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 18 <strong>de</strong><br />
nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897. Fez<br />
<strong>de</strong>sarticulação no dia 31 <strong>de</strong> Outubro<br />
<strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 3 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 26 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Outubro.
Nº<br />
125<br />
126<br />
127<br />
128<br />
129<br />
130<br />
131<br />
132<br />
133<br />
149<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
301<br />
327<br />
325<br />
367<br />
322<br />
337<br />
336<br />
355<br />
370<br />
---<br />
Corpos<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
4º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Posição<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
15º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
44º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Alumno<br />
2º Sargento<br />
Musico<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Alumno<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneteiro<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Cia.<br />
3ª Bateria<br />
4ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Othon <strong>de</strong> Oliveira<br />
Santos<br />
José Valentino <strong>de</strong><br />
Cerqueira<br />
João Luiz Pantaleão<br />
José <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nça<br />
Mesquita<br />
Moyses Augusto <strong>de</strong><br />
Sant’Anna<br />
Miguel Felisar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Joaquim Bernar<strong>do</strong><br />
Gomes<br />
Candi<strong>do</strong> Antonio<br />
Pereira da Silva<br />
Sebastião José <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Pedro Antonio <strong>de</strong><br />
Cerqueira<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
anterior e posterior da perna direita terço<br />
médio. Fez abertura e drenag<strong>em</strong> a 10/10/97.<br />
Fez massag<strong>em</strong>. Abscesso quente na região<br />
posterior da coxa esquerda e abertura e<br />
drenag<strong>em</strong> a 24 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> braço direito, e <strong>do</strong>rsal da mesma mão. Fez<br />
extracção <strong>do</strong> projectil a 20 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897. Extracção <strong>do</strong> projectil a 10/12/97.<br />
Estreitamento fibrozo da porção m<strong>em</strong>branoza<br />
da urethra. Fez urethrotomia interna dia 3 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região sacra, e<br />
glútea esquerda com ruptura <strong>do</strong> (ilegível) e<br />
incontinência <strong>de</strong> fezes.<br />
Diarrhéa e impaludismo, hérnia inguinal<br />
esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
anterior e posterior <strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong><br />
com fractura <strong>do</strong> radius.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea<br />
direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no antebraço<br />
esque<strong>do</strong><br />
Ferimento por estilhaço <strong>de</strong> granada no braço<br />
esquer<strong>do</strong>, com fractura com (ilegível) da<br />
cabeça <strong>do</strong> humerus. Fez <strong>de</strong>sarticulação <strong>do</strong><br />
braço no dia 26/10/97. Foi chloroformisa<strong>do</strong>.<br />
Febre palustre. Rheumatismo poly-articular<br />
chronico. Hepatite chronica.<br />
Observações<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 13 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 30 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 18 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro. Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 31 <strong>de</strong> maio e alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar<br />
o resulta<strong>do</strong>s da inspecção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> seu quartel a 14 <strong>de</strong> Outubro.
Nº<br />
150<br />
151<br />
152<br />
153<br />
154<br />
155<br />
156<br />
157<br />
158<br />
159<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
188<br />
194<br />
17<br />
76<br />
78<br />
94<br />
161<br />
113<br />
135<br />
162<br />
Corpos<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
Graduações<br />
Alumno<br />
1º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
1ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
3ª Bateria<br />
Nomes<br />
Dacio Macha<strong>do</strong><br />
Guimarães<br />
João <strong>de</strong> Oliveira<br />
Alves<br />
João Inácio da<br />
Conceição<br />
Antonio Xavier Freire<br />
Manuel Pereira <strong>de</strong><br />
Santiago<br />
Amaro Joaquim<br />
Monteiro<br />
José Bernardino <strong>de</strong><br />
Mello<br />
João Francisco Silva<br />
Manoel José <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Vicente Ferreira da<br />
Costa<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong> com parezia da perna.<br />
An<strong>em</strong>ia profunda. Fez abertura e drenag<strong>em</strong><br />
no dia 14/08/97.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna direita, com fractura da cabeça <strong>do</strong><br />
perônio. Tirou esquírola ossos no dia 30/9/97.<br />
Aneurysma traumático produzi<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong><br />
fogo (artéria f<strong>em</strong>ural). Fez ligadura no<br />
triângulo <strong>de</strong> scarpo <strong>em</strong> 27/7/97. Foi<br />
chloroformisa<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> antebraço direito.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no olho direito –<br />
perda da visão.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no maxillar<br />
inferior (la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>). Fez ressessão<br />
(ilegível) e sequestrotomia <strong>do</strong> maxllar inferior.<br />
Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
masseterina direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>front</strong>al<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
e externa <strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong><br />
Impaludismo<br />
Observações<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família <strong>em</strong> 22 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> da inspecção no dia 28 <strong>de</strong><br />
Outubro.<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Julho e alta por<br />
fallecimento a 27 <strong>de</strong> Julho.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>do</strong> mesmo<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 8 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>do</strong> mesmo
Nº<br />
160<br />
161<br />
162<br />
163<br />
164<br />
165<br />
166<br />
167<br />
168<br />
169<br />
170<br />
171<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
180<br />
186<br />
193<br />
207<br />
211<br />
212<br />
216<br />
217<br />
221<br />
223<br />
242<br />
225<br />
Corpos<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
1º Sargento<br />
Cabo d’esquadra<br />
2º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
2ª<br />
1ª<br />
1ª Bateria<br />
1ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
Florentino José da<br />
Silva<br />
Julio César da Costa<br />
Moraes<br />
João Ferreira<br />
Baptista<br />
Amaro <strong>de</strong> Souza<br />
Gomes<br />
João da Silva<br />
Carneiro<br />
José Malaquias <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Francisco A.<br />
Cavalcanti<br />
João Joaquim <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Eufrásio Joaquim <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
José Buyques<br />
João Soares da Silva<br />
Roque Antonio<br />
Men<strong>de</strong>s<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no bor<strong>do</strong> interno<br />
<strong>do</strong> pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
umbilical e flanco direito. Anus contra a<br />
natureza. Tuberculose pulmonar<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação<br />
tíbio-astragaliana esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo já cicatriza<strong>do</strong>.<br />
Tuberculose pulmonar no 3º perío<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região da coxa<br />
com fractura e callo viciozo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
perna com fractura e <strong>de</strong>fformida<strong>de</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas faces interna<br />
e externa da perna esquerda. Fez curetag<strong>em</strong>.<br />
Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Bronchite aguda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região tíbioterciana<br />
da perna esquerda. Abscesso<br />
gangrenoso no terço médio da perna<br />
esquerda. Fez abertura e drenag<strong>em</strong> a 28/8/97.<br />
Tuberculose pulmonar – Estreitamento da<br />
porção m<strong>em</strong>branosa da urethra e catarro da<br />
bexiga. Fez castração unilateral, urethrotomia<br />
interna e dilatação gradual. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa da coxa direita a interna e<br />
externa <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Observações<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 22 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 22 <strong>de</strong><br />
Outubro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 28 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
transferência para Hospital <strong>de</strong><br />
variolosos a 25 <strong>de</strong> Outubro<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 29 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 29 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro
Nº<br />
172<br />
173<br />
174<br />
175<br />
176<br />
177<br />
178<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
228<br />
231<br />
232<br />
245<br />
248<br />
265<br />
266<br />
---<br />
188<br />
194<br />
17<br />
Corpos<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Ca<strong>de</strong>te 1º<br />
Sargento<br />
2º Sargento<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Alumno<br />
1º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
Manuel Francisco <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
João Barbosa<br />
Cor<strong>de</strong>iro<br />
Manuel Francisco <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Theomillo Antonio da<br />
Silva Reis<br />
Samuel Minalmin<br />
Cl<strong>em</strong>ente Baptista<br />
Neiva<br />
Benedicto Cosme<br />
Pedro Antonio <strong>de</strong><br />
Cerqueira<br />
Dácio Macha<strong>do</strong><br />
Guimarães<br />
João <strong>de</strong> Oliveira<br />
Alves<br />
João Ignácio<br />
Conceição<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
joelho e na região <strong>do</strong>rsal esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea e<br />
inguinal direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região sist<strong>em</strong>a<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
<strong>de</strong>ltoidiana direita com lesão <strong>do</strong> nervo<br />
circunflexo e atrophia muscular<br />
Rheumatismo. Estreitamento fibrozo da<br />
porção m<strong>em</strong>branoza da urethra e <strong>do</strong> meato.<br />
Fez urethrotomia interna e meatotomia no dia<br />
25/9/97. Dilatação.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação <strong>do</strong><br />
cotovello direito. Tuberculose pulmonar.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no pollegar da<br />
mão direita.<br />
Febre palustre, rheumatismo poly-articular<br />
chronico e hepatite chronica.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
<strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong>, com paresia da perna.<br />
An<strong>em</strong>ia profunda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna direita, com fractura da cabeça <strong>do</strong><br />
fêmur.<br />
Aneurysma traumático da artéria fumeral<br />
produzida por arma <strong>de</strong> fogo.<br />
Observações<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 26 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 26 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
fallecimento a 27 <strong>de</strong> mesmo.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 31 <strong>de</strong> Maio e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica para aguardar<br />
o resulta<strong>do</strong> da inspeção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
seu quartel a 14 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para tratar-se <strong>em</strong><br />
caza <strong>de</strong> sua família a 22 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto. Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspeção <strong>em</strong><br />
28/10/97. Tirou esquírola <strong>do</strong> osso no<br />
dia 30/9/97.<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Julho e Alta por<br />
fallecimento a 27 <strong>de</strong> Julho. Fez-se<br />
abertura <strong>do</strong> fogo, eliminação <strong>do</strong>s<br />
coágulos e ligadura da articulação no<br />
triângulo <strong>de</strong> scarpa (no mesmo dia).
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
76<br />
78<br />
94<br />
101<br />
113<br />
135<br />
162<br />
180<br />
186<br />
193<br />
207<br />
211<br />
Corpos<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
1º Sargento<br />
Cabo d’esquadra<br />
2º Sargento<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
3ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
3ª Bateria<br />
2ª<br />
1ª<br />
1ª Bateria<br />
1ª<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Antonio Xavier Freire<br />
Manuel Pereira<br />
Santiago<br />
Amaro Joaquim<br />
Monteiro<br />
José Bernardino <strong>de</strong><br />
Mello<br />
João Francisco Silva<br />
Manoel José <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Vicente Ferreira da<br />
Costa<br />
Florentino José da<br />
Silva<br />
Julio César <strong>de</strong> Castro<br />
Morais<br />
João Ferreira<br />
Baptista<br />
Amaro <strong>de</strong> Souza<br />
Gomes<br />
João da Silva<br />
Carneiro<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> antebraço direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no olho direito<br />
com perda da visão<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no maxillar<br />
inferior<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
masseterina direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>front</strong>al<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interna<br />
e externa <strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong><br />
Impaludismo<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no bor<strong>do</strong> interno<br />
<strong>do</strong> pé direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo umbilical, flanco<br />
direito. Anus contra natureza. Tuberculose<br />
pulmonar.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na articulação<br />
tíbio-astragaliana esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo já cicatriza<strong>do</strong>.<br />
Tuberculose pulmonar no 3º perío<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
da coxa com fractura e callo viciozo<br />
Observações<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro. Fez<br />
ressessão parcial e sequestrotomia<br />
<strong>do</strong> maxillar inferior (la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>).<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 8 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 22 <strong>de</strong><br />
Outubro.<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
incapacida<strong>de</strong> physica a 22 <strong>de</strong><br />
Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.
Nº<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
Nº <strong>de</strong><br />
Corpos<br />
papelêtas<br />
JEQUITAIA<br />
409<br />
410<br />
412<br />
413<br />
414<br />
415<br />
418<br />
419<br />
421<br />
423<br />
425<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
4º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
2º Sargento<br />
Furriel<br />
Cabo d’esquadra<br />
Cabo d’esquadra<br />
Cabo d’esquadra<br />
Cabo d’esquadra<br />
Cabo d’esquadra<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
1ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Bento Thomaz R.<br />
d’Aquino<br />
Raphael Archanjo<br />
d’Azeve<strong>do</strong><br />
Estanislau Príncipe<br />
<strong>de</strong> Moraes<br />
Reginal<strong>do</strong> Francisco<br />
da Silva<br />
Reginal<strong>do</strong> d’Oliveira<br />
Bastos<br />
Alfre<strong>do</strong> Gouveia <strong>do</strong><br />
Amaral<br />
José Dionysio da<br />
Silva<br />
Fortunato Pereira da<br />
Silva<br />
Amacio José Ramillo<br />
Serafino José<br />
Cavalehiro<br />
Theo<strong>do</strong>ro Meirelles<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior e<br />
médio da coxa esquerda, fleugmão difuso, e<br />
começo <strong>de</strong> gangrena<br />
Queimaduras <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grão, com cicatriz<br />
retractil no m<strong>em</strong>bro esquer<strong>do</strong> (inferior)<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na perna esquerda.<br />
Já veio amputa<strong>do</strong> com o osso <strong>de</strong>scoberto<br />
Feridas por arma <strong>de</strong> fogo nos terços<br />
superiores e faces anteriores <strong>de</strong> ambas as<br />
coxas<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no braço direito. J[a<br />
veio amputa<strong>do</strong> no terço superior<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior da<br />
coxa esquerda com fractura comminutiva <strong>do</strong><br />
osso, callo viciozo e (fluymão?) difuso da<br />
mesma<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio das<br />
faces interna e externa da coxa dirieta com<br />
fractura<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas faces posterior e<br />
<strong>do</strong>rsal da mão esquerda, com fractura <strong>do</strong>s<br />
ossos <strong>do</strong> carpo e metacarpo, e da phalange<br />
<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r da mão esquerda e região<br />
(ilegível)<br />
Feridas por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões <strong>do</strong><br />
omoplata esquer<strong>do</strong> e nas (ilegível)<br />
Ferida por arma... [<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong>]<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo [<strong>do</strong>cumento<br />
mutila<strong>do</strong>] das faces internas e posterior<br />
[<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong>] com retracção <strong>do</strong><br />
bíceps.<br />
Observações<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e Alta ___.<br />
Fez amputação no terço médio da<br />
coxa no dia 11/12/97.<br />
Chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e Alta ___.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Agosto e Alta ___.<br />
Fez nova amputação no ponto <strong>de</strong><br />
ligação no dia 13/12/97.<br />
Chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e Alta ___.<br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong>
Nº<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
254<br />
255<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
427<br />
428<br />
429<br />
430<br />
432<br />
433<br />
434<br />
435<br />
444<br />
159<br />
161<br />
Corpos<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25 Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneteiro<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
[<strong>do</strong>cumento<br />
mutila<strong>do</strong>]<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
ilegível<br />
2ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Manuel Francisco <strong>de</strong><br />
Lima<br />
João Soares d’Araújo<br />
Tranquilino Roiz da<br />
Silva<br />
Galdino Antonio<br />
Paixão<br />
Jeronymo Barúma<br />
Antonio Pereira da<br />
Victoria<br />
Manoel Pereira da<br />
Silva<br />
Arman<strong>do</strong> d’Azeve<strong>do</strong><br />
José Júlio <strong>do</strong>s Santos<br />
José Candi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Casimiro José da<br />
Silva<br />
Diagnósticos<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na [<strong>do</strong>cumento<br />
mutila<strong>do</strong>] coxa direita e sacco escrotal<br />
Ferida por ama <strong>de</strong> fogo da coxa esquerda<br />
(face interna com fractura <strong>do</strong> fêmur; callo<br />
viciozo)<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço da perna<br />
direita com fractura [<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong>]<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas [<strong>do</strong>cumento<br />
mutila<strong>do</strong>] e posterior da coxa direita<br />
Feri<strong>do</strong> por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões glúteas<br />
esquerda.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>de</strong>ltoidana<br />
direita<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo, nas faces interna e<br />
externa <strong>do</strong> terço médio <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong>, e<br />
nas polpas digitaes <strong>do</strong>s terciários e quatro<br />
<strong>de</strong><strong>do</strong>s da mão esquerda<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio das<br />
faces interna e externa <strong>do</strong> braço esquer<strong>do</strong><br />
Feira por arma <strong>de</strong> fogo na face externa da<br />
coxa esquerda, com projectil.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na regia t<strong>em</strong>poral<br />
direita<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
cotovello esquer<strong>do</strong>, com retracção <strong>do</strong>s<br />
músculos extensores<br />
Observações<br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong><br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e alta por<br />
_______.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> ______.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e alta por<br />
[<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong>]<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e alta<br />
[<strong>do</strong>cumento mutila<strong>do</strong>]<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>do</strong> mesmo. Fez<br />
extracção <strong>do</strong> projectil <strong>em</strong> 12/12/97.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897. Fez abertura e drenag<strong>em</strong>.
Nº<br />
256<br />
257<br />
258<br />
259<br />
260<br />
261<br />
262<br />
263<br />
264<br />
265<br />
266<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
163<br />
164<br />
165<br />
166<br />
167<br />
175<br />
174<br />
176<br />
177<br />
178<br />
195<br />
Corpos<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
24º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Anspeçada<br />
Cia.<br />
4ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
Manoel José Pereira<br />
C.<br />
Antonio João da Silva<br />
Antonio Rioz <strong>de</strong><br />
Mattos<br />
Francisco José <strong>de</strong><br />
Sant’Anna<br />
Belizário <strong>de</strong> Souza<br />
Britto<br />
Mauricio da Silva<br />
Alves<br />
João Vicente<br />
Francisco d’Oliveira<br />
Manuel Cavalcanti da<br />
Silva<br />
João <strong>do</strong>s Santos<br />
Silva<br />
Thirso José <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Manuel Bento<br />
d’Oliveira<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong>, com formação <strong>de</strong> aneurisma<br />
traumático<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da perna direita, ecz<strong>em</strong>a consecutivo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
da coxa esquerda, ecz<strong>em</strong>a <strong>em</strong> ambas as<br />
pernas.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no joelho direito<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da perna esquerda <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> amputação<br />
da mesma.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no pavimento da<br />
bocca. Septic<strong>em</strong>ia consecutiva.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo produzin<strong>do</strong><br />
fractura exposta <strong>do</strong> terço inferior da tíbia<br />
esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>do</strong>rso <strong>do</strong> pé<br />
direito.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo, produzin<strong>do</strong><br />
fractura <strong>do</strong> terço médio <strong>do</strong> tíbia direito; callo<br />
viciozo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
da coxa esquerda.<br />
Observações<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 22 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1897. Fez-se a ligadura da [ilegível]<br />
humeral e extracção <strong>do</strong> [ilegível] <strong>em</strong><br />
10/8/97. Chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897.<br />
Baixou a 9 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 29 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
inspecção a 23 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Fez<br />
amputação no terço superior da coxa<br />
no dia 15/11/97. Chloroformização.<br />
Incapaz.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
fallecimento a 14 <strong>de</strong> Agosto, quatro<br />
horas <strong>de</strong> pois da entrada.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 21 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto por or<strong>de</strong>m<br />
superior para reunir-se a seu<br />
batalhão a 26 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 23 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.
Nº<br />
267<br />
268<br />
239<br />
240<br />
241<br />
242<br />
243<br />
244<br />
245<br />
246<br />
247<br />
248<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
196<br />
197<br />
141<br />
142<br />
143<br />
147<br />
148<br />
150<br />
157<br />
152<br />
153<br />
154<br />
Corpos<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
16º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneteiro<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
3ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
3ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Geral<strong>do</strong> José<br />
[Alcafora<strong>do</strong>?]<br />
Vicente José Muniz<br />
Ângelo José Dos<br />
Santos<br />
José Antonio da Silva<br />
José Car<strong>do</strong>zo<br />
d’Araújo<br />
João Luiz <strong>de</strong> França<br />
Francisco Titto<br />
Car<strong>do</strong>zo<br />
José Antonio Maia<br />
Francisco José<br />
Doura<strong>do</strong><br />
Alexandre José<br />
Gonsalves<br />
José Sabino da Silva<br />
Sebastião Antonio<br />
<strong>do</strong>s Santos<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
scapular direita e <strong>do</strong>rso <strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo sobre o terço<br />
médio da coxa esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região supraorbitaria.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região glútea.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
direita <strong>do</strong> tronco.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
<strong>do</strong> braço.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>de</strong><strong>do</strong> médio da<br />
mão esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço superior<br />
<strong>do</strong> humerus.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo com cicatriz<br />
retractil no segun<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> da mão direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
<strong>de</strong>ltoidiana esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região interior<br />
<strong>do</strong> cotovello direito.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na espádua<br />
esquerda.<br />
Observações<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para reunir-se a seu<br />
Batalhão a 28 <strong>de</strong> Outubro. Fez<br />
abertura e drenag<strong>em</strong>.<br />
Baixou a 23 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
transferência para a Enfermaria <strong>de</strong><br />
variolosos a 18 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 10 <strong>do</strong> mesmo. Fez<br />
extracção <strong>do</strong> seqüestro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 10 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 21 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 22 <strong>do</strong> mesmo. Fez<br />
sequestrotomia.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 11 <strong>de</strong> Outubro.
Nº<br />
249<br />
250<br />
251<br />
252<br />
253<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
155<br />
156<br />
157<br />
158<br />
166<br />
394<br />
395<br />
296<br />
400<br />
407<br />
405<br />
Corpos<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
15º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
29º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Cavallaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
29º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Sargento<br />
Ajudante<br />
Alferes<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Alferes<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
1ª<br />
4ª<br />
1ª Bateria<br />
1ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
---<br />
3º<br />
Esquadrão<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
José Manuel Guerino<br />
Virgilio Francisco<br />
Xavier<br />
José Rofino <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
Primitivo Augusto <strong>de</strong><br />
Menezes<br />
Victorio José da<br />
Costa<br />
Eduar<strong>do</strong> Cornestst<br />
Onório Camilo<br />
Rangel<br />
Thomaz <strong>de</strong> Aquino<br />
Florêncio<br />
Donaciano Cosme<br />
Mello e Silva<br />
Ricar<strong>do</strong> Adriano<br />
Salva<strong>do</strong>r Vicente<br />
Ferreira<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
punho direito, acompanhada <strong>de</strong> retracção.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no polex da mão<br />
esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
glúteas esquerda, peitoral esquerda e super-<br />
[ilegível] direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no la<strong>do</strong> externo<br />
da coxa esquerda<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
hypotena <strong>de</strong> ambas as mãos.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região lombar,<br />
interessan<strong>do</strong> o apophysis espinhoza das<br />
respectivas vértebras.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo <strong>em</strong> ambas as coxas<br />
Destruição <strong>do</strong> tympano [ilegível] <strong>do</strong> acústico,<br />
sur<strong>de</strong>z por explosão <strong>de</strong> projectil.<br />
Orchite supurada. [ilegível] da cabeça <strong>do</strong><br />
epidídimo. Fez abertura e curetag<strong>em</strong> a<br />
10/11/97.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região [ilegível]<br />
com projectil. Fez extracção <strong>do</strong> projectil a<br />
12/11/97.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong><br />
cotovello direito, a amputação <strong>do</strong> braço direito.<br />
[Já veio amputa<strong>do</strong>].<br />
Observações<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 29 <strong>do</strong> mesmo. Fez<br />
extracção <strong>de</strong> seqüestro a 4/8/97.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior <strong>em</strong> 11 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Fez raspag<strong>em</strong> <strong>do</strong> maxillar inferior,<br />
la<strong>do</strong> direito. Chloroformização.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
[ilegível] <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s gangrena<strong>do</strong>s.<br />
Baixou a 6 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 22 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Outubro e Alta<br />
_______.<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Outubro e Alta para<br />
aguardar resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção<br />
a 23 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 10 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção <strong>em</strong> caza<br />
<strong>de</strong> sua família a 22 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 12 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 15 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> da sua<br />
inspecção <strong>em</strong> seu quartel a ______.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
406<br />
213<br />
280<br />
305<br />
347<br />
361<br />
366<br />
378<br />
380<br />
382<br />
1<br />
12<br />
Corpos<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
4º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
35º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
29º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
32º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Cabo d’esquadra<br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Musico<br />
Corneteiro<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Cabo d’esquadra<br />
Armeiro<br />
Cia.<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
3ª<br />
---<br />
1ª<br />
Nomes<br />
João Manoel Martins<br />
José Domingos Bispo<br />
João Eugenio<br />
Rumferranch<br />
Benvenuto Augusto<br />
Magalhães<br />
Manuel Antunes<br />
Loureiro<br />
Damião Henrique <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Marcellino Quadros<br />
Figueire<strong>do</strong><br />
Onório Joaquim<br />
Palmeira<br />
Joaquim Vicente<br />
Pessoa<br />
Manuel Delphino <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Emiliano Alves <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Josino Vieira<br />
Diagnósticos<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
face externa da coxa esquerda<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo, com fractura exposta<br />
<strong>do</strong> tíbia e períneo terço superior da perna<br />
esquerda, falsa anchylose, fez reducção a<br />
8/8/97. Chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na face externa <strong>do</strong><br />
antebraço esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo <strong>em</strong> ambas as mãos.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
masseterina, com fractura comminutiva <strong>do</strong>s<br />
maxillares.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong> e superior <strong>do</strong> antebraço<br />
direito, na região anterior <strong>do</strong> thorax, com<br />
parezia e atrophia muscular <strong>de</strong> ambos os<br />
braços. Fez extração <strong>do</strong>s esquírolas ósseos<br />
no dia 23/10/97. Incapaz.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
face anterior e posterior da coxa esquerda<br />
com fractura e pseu<strong>do</strong> arthrose. (Fez abertura<br />
e drenag<strong>em</strong> a 22/10/97). Incapaz.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa esquerda com fractura comminutiva,<br />
amputação no terço superior a 11/11/97.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões glúteas,<br />
callexia palustre.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
coxa esquerda, com fractura comminutiva.<br />
(Fez amputação <strong>do</strong> terço superior a 22/11/97).<br />
Diarrheia séptica.<br />
Rheumatismo poly-articular sub-agu<strong>do</strong>.<br />
Diarrhéa.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo sobre o <strong>do</strong>rso <strong>do</strong><br />
pé esquer<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 24 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
_______.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
fallecimento a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />
1897.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Junho e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 10 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 12 <strong>de</strong> Julho e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 7 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.
Nº<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
16<br />
18<br />
26<br />
27<br />
28<br />
96<br />
97<br />
98<br />
99<br />
100<br />
105<br />
379<br />
Corpos<br />
36º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7ª Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
31º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
12º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Cia.<br />
1ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
3ª<br />
1ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Salustiano Elisio da<br />
Conceição<br />
João <strong>de</strong> Sá<br />
Albuquerque<br />
Rasberge Augusto<br />
Oliveira<br />
João Camargo<br />
Simplício Car<strong>do</strong>zo<br />
João Baptista Torres<br />
José Carneiro <strong>de</strong><br />
Freitas<br />
Manuel Paes <strong>do</strong><br />
Nascimento<br />
Alfre<strong>do</strong> Borges da<br />
Silveira<br />
Victorino José <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Luiz Ribeiro da Silva<br />
Antonio Lourenço <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Diagnósticos<br />
Vegetações syphiliticas no anus.<br />
Ferida contusa na região scapular direita,<br />
tuberculose pulmonar.<br />
Nevralgia <strong>do</strong> trig<strong>em</strong>io.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões glúteas<br />
esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo sobre o (ilegível)<br />
interno esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região externa<br />
da perna esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
t<strong>em</strong>poral esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong> terço<br />
superior da perna esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região lateral<br />
esquerda <strong>do</strong> tronco.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo sobre a região<br />
media da coxa direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo sobre a espádua<br />
esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região sacra.<br />
Observações<br />
Baixou a 13 <strong>de</strong> Julho e Alta por<br />
transferência para o Hospital Militar a<br />
10 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 26 <strong>de</strong> Julho e Alta por<br />
transferência para o Hospital Militar a<br />
10 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 4 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 7 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 30 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 13 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 15 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 27 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 8 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta por<br />
transferência para Enfermaria<br />
(ilegível).<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 29 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.
Nº<br />
314<br />
315<br />
316<br />
317<br />
318<br />
319<br />
320<br />
321<br />
322<br />
323<br />
324<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
398<br />
399<br />
Corpos<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
53º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
53º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
3ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª Bateria<br />
2ª<br />
4ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
Nomes<br />
Julião <strong>do</strong>s Santos<br />
Silvério da Silva Lima<br />
Il<strong>de</strong>fonso Coimbra<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula<br />
Tertuliano Cerico <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Antonio Belizário da<br />
Silva<br />
João José <strong>de</strong> Freitas<br />
Raymun<strong>do</strong> Pereira <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Bernardino José <strong>de</strong><br />
Lima<br />
Manuel Chaves<br />
Men<strong>do</strong>nça<br />
Manuel Francisco da<br />
Silva<br />
Diagnósticos<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no cotovello<br />
esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo, produzin<strong>do</strong><br />
fractura comminutiva <strong>do</strong> humerus esquer<strong>do</strong>.<br />
Febre palustre.<br />
Impaludismo, tuberculose pulmonar.<br />
Tuberculose pulmonar.<br />
Tuberculose pulmonar.<br />
Diathese purulante.<br />
Retracção <strong>do</strong> tendão d’Achilles consecutiva a<br />
ferimento por arme <strong>de</strong> fogo.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo com cicatriz<br />
retractil e perda <strong>do</strong> pavillão da orelha direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no pé com<br />
retracção <strong>do</strong>s músculos, flexões e atrophia<br />
consecutiva.<br />
Falsa ankilose <strong>do</strong> cotovello <strong>em</strong> conseqüência<br />
<strong>de</strong> ferimento por arma <strong>de</strong> fogo. Fez reducção<br />
<strong>em</strong> 18/7/97. Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 8 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Fez<br />
abertura e drenag<strong>em</strong> a 7/12/97.<br />
Baixou a 8 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 7 <strong>de</strong> Junho e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>de</strong> Julho.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Junho e Alta por<br />
fallecimento a 4 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 19 <strong>de</strong> Maio e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 26 <strong>de</strong> Julho, digo, por<br />
transferência para o Hospital Militar.<br />
Baixou a 31 <strong>de</strong> Mario e Alta por<br />
transferência para o Hospital Militar a<br />
10 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 13 <strong>de</strong> Maio e Alta por<br />
fallecimento a 3 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 31 <strong>de</strong> Maio e Alta por or<strong>de</strong>m<br />
superior para aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
sua inspecção <strong>em</strong> seu quartel a 7 <strong>de</strong><br />
Agosto.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Abril e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
inspecção a 16 <strong>de</strong> Agosto (por or<strong>de</strong>m<br />
superior).<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Março e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para aguardar<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção <strong>em</strong> seu<br />
quartel a 7 <strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 15 <strong>de</strong> Maio e Alta por<br />
transferência para o Hospital Militar a<br />
15 <strong>de</strong> Agosto.
Nº<br />
325<br />
326<br />
327<br />
179<br />
180<br />
181<br />
182<br />
183<br />
184<br />
233<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
174<br />
348<br />
349<br />
356<br />
365<br />
127<br />
215<br />
233<br />
366<br />
Corpos<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>de</strong> São<br />
Paulo<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Posição<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
25º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
29º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Anspeçada<br />
Cia.<br />
4ª<br />
---<br />
2ª<br />
1ª<br />
2ª Bateria<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
3ª Bateria<br />
4ª<br />
4ª<br />
Nomes<br />
Álvaro Augusto <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Manuel Domingues<br />
Feitosa<br />
José Francisco <strong>de</strong><br />
Lima<br />
João Car<strong>do</strong>zo da<br />
Silva<br />
José Alves <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Francisco Caza<strong>do</strong><br />
d’Oliveira<br />
Avelino Soares da<br />
Silva<br />
Julio Men<strong>de</strong>s<br />
Abílio Marques<br />
d’Oliveira<br />
Firmino Ferreira<br />
Guimarães<br />
Francisco Luiz da<br />
França<br />
Diagnósticos<br />
Perda <strong>do</strong> olho direito com cicatriz retractil <strong>em</strong><br />
conseqüência <strong>de</strong> ferimento por arma <strong>de</strong> fogo.<br />
Ankilose na articulação <strong>do</strong> joelho esquer<strong>do</strong>,<br />
arthrite syphilitica.<br />
Dysenteria.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e posterior da coxa esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no <strong>de</strong><strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r<br />
da mão esquerda; com <strong>de</strong>struição da<br />
phalangeta.<br />
Ferimento por estilhaço <strong>de</strong> projectil no olho<br />
esquer<strong>do</strong>.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
interna e externa da coxa direita com fracturas<br />
e callo viciozo.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo, com perda <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong><br />
annullar. Hérnia inguinal esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no calcâneo<br />
esquer<strong>do</strong>, com <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> mesmo. Fez<br />
ressecço <strong>do</strong> calcâneo, incapaz. Foi<br />
chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Anus aci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a ferida por arma <strong>de</strong><br />
fogo na pare<strong>de</strong> ab<strong>do</strong>minal, e hérnia umbilical.<br />
(Fez “laporo-enterotomia”? a 28 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 1897). Incapaz. Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>de</strong>ltoidiana dirieta, e <strong>do</strong>rsal direita, com<br />
projectil. Fez extração a 12/10/97.<br />
Observações<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Março e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior para aguardar o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua inspecção a 7 <strong>de</strong><br />
Agosto. Incapaz.<br />
Baixou a 25 <strong>de</strong> Março e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
inspecção a 7 <strong>de</strong> Agosto. Incapaz.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Agosto e Alta para o<br />
Hospital Militar por transferência a 16<br />
<strong>de</strong> Agosto.<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 20 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 20 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m supeior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 26 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 22 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 4 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
inspecção <strong>em</strong> seu quartel a 3 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro. Incapaz.<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
inspecção <strong>em</strong> seu quartel a 23 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 30 <strong>de</strong> Agosto e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
inspecção <strong>em</strong> seu quartel a 23 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 24 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.
Nº<br />
187<br />
188<br />
189<br />
190<br />
191<br />
192<br />
193<br />
194<br />
195<br />
196<br />
197<br />
198<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
384<br />
392<br />
393<br />
402<br />
404<br />
407<br />
408<br />
271<br />
272<br />
307<br />
308<br />
317<br />
Corpos<br />
27º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
4º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
7º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
33º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
14º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
1º Corpo <strong>de</strong><br />
Polícia <strong>do</strong><br />
Amazonas<br />
22º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
Graduações<br />
Alferes<br />
Alferes<br />
Capitão<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Sargento<br />
Alumno<br />
Anspeçada<br />
Anspeçada<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Cia.<br />
4ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
---<br />
2ª<br />
---<br />
3ª<br />
Nomes<br />
Caio Tavares da<br />
Costa<br />
Francisco Solerno<br />
Moreira<br />
Leopol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Barros<br />
Vasconcellos<br />
Marciano Me<strong>de</strong>iros<br />
Cindulpho José <strong>de</strong><br />
Campos<br />
André Pereira<br />
Mace<strong>do</strong><br />
Antonio Thomaz <strong>de</strong><br />
Britto Filho<br />
João Cavalcanti<br />
José Constancia<br />
Barbosa da França<br />
João Francisco<br />
Pereira<br />
Guilherme Bento<br />
Ramos<br />
Cl<strong>em</strong>entino Antonio<br />
d’Albuquerque<br />
Diagnósticos<br />
Abscesso da paróti<strong>de</strong>, e Diarrhéa séptica. (Já<br />
veio opera<strong>do</strong>).<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na perna esquerda,<br />
(já veio amputa<strong>do</strong>, porém com o osso<br />
<strong>de</strong>scoberto). Fez ressecção <strong>do</strong> coto <strong>em</strong><br />
4/11/97. Foi chloroformiza<strong>do</strong>.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões orbitária<br />
e mollar esquerda. Com perda <strong>do</strong> globo<br />
occular.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
(ilegível) esquerda, ankylose <strong>do</strong> cotovello,<br />
atrophia muscular. Incapaz.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo nas regiões<br />
<strong>de</strong>ltoidiana direita, e masseterina direita com<br />
<strong>de</strong>struição da abobada palotina <strong>do</strong>s ossos e<br />
cartilag<strong>em</strong> <strong>do</strong> nariz.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região molar<br />
esquerda, t<strong>em</strong>poral direita com <strong>de</strong>struição da<br />
abóbada palatina.<br />
‘’Blenhmagia’’?<br />
Impaludismo, diarrhea e avulsão <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
posterior <strong>do</strong> antebraço direito.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
<strong>do</strong> braço direito.<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na mão esquerda na<br />
região posterior <strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong>.<br />
Observações<br />
Baixou a 28 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
falleci<strong>em</strong>ento a 21 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Outubro e Alta _____.<br />
Baixou a 29 <strong>de</strong> Outubro e Alta<br />
______.<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro e Alta para<br />
aguardar o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
inspecção <strong>em</strong> seu quartel a 29 <strong>de</strong><br />
Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 18 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 22 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 3 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 21 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>do</strong> mesmo.
Nº<br />
199<br />
200<br />
201<br />
202<br />
203<br />
204<br />
205<br />
206<br />
207<br />
208<br />
Nº <strong>de</strong><br />
papelêtas<br />
318<br />
319<br />
323<br />
324<br />
326<br />
328<br />
334<br />
335<br />
345<br />
321<br />
Corpos<br />
38º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
30º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
5º Regimento<br />
<strong>de</strong> Artilharia <strong>de</strong><br />
Campanha<br />
40º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
37º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
39º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
4º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
34º Batalhão<br />
<strong>de</strong> Infantaria<br />
9º Batalhão <strong>de</strong><br />
Infantaria<br />
Graduações<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
2º Ca<strong>de</strong>te<br />
Alumno<br />
2º Sargento<br />
Cabo d’esquadra<br />
Solda<strong>do</strong><br />
Solda<strong>do</strong><br />
Corneteiro<br />
Anspeçada<br />
Cia.<br />
2ª<br />
3ª<br />
4ª<br />
---<br />
3ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
4ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
Nomes<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula<br />
Alves Rangel<br />
José Domingos<br />
Nogueira<br />
Carlos Pessessarty<br />
Cantuária<br />
João Baptista<br />
Parmigartz<br />
Sebastião da Costa<br />
Silva<br />
Marcos José da Silva<br />
Pedro Carneiro da<br />
Cunha<br />
Camillo Pinto da Silva<br />
Bellarmino José<br />
Rodrigues<br />
Luiz Pereira Chavez<br />
Diagnósticos<br />
Ferida por arma <strong>de</strong> fogo na região posterior <strong>do</strong><br />
braço esquer<strong>do</strong><br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
<strong>de</strong>ltoidiana direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>front</strong>al<br />
direita.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região <strong>do</strong>rsal<br />
com projectil na fossa illiaca esquerda. (não<br />
quiz extrair).<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região<br />
scarpeto-parietal esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo na região anterior<br />
e posterior <strong>do</strong> braço direito.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço médio da<br />
face interna da coxa.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no pollegar da<br />
mão esquerda.<br />
Ferimento por arma <strong>de</strong> fogo no terço inferior<br />
<strong>do</strong> antebraço esquer<strong>do</strong>, região hipothenar<br />
esquerda e <strong>do</strong>rso-lombar esquerda. Kysto<br />
sebáceo na região masseterina esquerda.<br />
Ferida contusa no pé esquer<strong>do</strong>, com<br />
<strong>de</strong>struição <strong>do</strong> ossos <strong>do</strong> metatarso.<br />
Observações<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 25 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 11 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 13 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 21 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 14 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 22 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 20 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 2 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 16 <strong>do</strong> mesmo.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
cura<strong>do</strong> a 30 <strong>de</strong> Outubro.<br />
Baixou a 17 <strong>de</strong> Outubro e Alta por<br />
or<strong>de</strong>m superior a 5 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro. Fez<br />
extirpação <strong>do</strong> kysto no dia 30/10/97.<br />
Baixou a 2 <strong>de</strong> Outubro.
ANNEXO N. 1<br />
PRISIONEIROS DE CANUDOS RECOLHIDOS A CADEIA DA CIDADE DE ALAGOINHAS<br />
Nº. NOMES IDADES ESTADO NATURALIDADE ENFERMIDADES<br />
1 André Cursino da Silva 26 annos Casa<strong>do</strong> Cumbe Dois ferimentos por bala nas costas<br />
2 Manoel Dias <strong>do</strong>s Anjos 55 annos Casa<strong>do</strong> Entre-Rios<br />
3 Manoel Felippe São Thiago 48 annos Casa<strong>do</strong> Bom Conselho<br />
4 Henrique Gomes <strong>de</strong> Souza 48 annos Casa<strong>do</strong> Itapicuru<br />
5 Anselmo Pires 55 annos Casa<strong>do</strong> Pombal Bronquite asthmatica<br />
6 Manoel Vicente <strong>do</strong>s Santos 25 annos Viúvo Bom Conselho Um ferimento no cotovelo direito (curou-se)<br />
7 Jose Francisco <strong>do</strong> Nascimento 26 annos Casa<strong>do</strong> Joaseiro Fractura exposta no braço esquer<strong>do</strong><br />
8 Felippe Nery José <strong>do</strong>s Santos 37 annos Casa<strong>do</strong> Entre-Rios Diarrhéia<br />
9 Manoel da Conceição 40 annos Casa<strong>do</strong> Tucano Dysenteria<br />
10 Joaquim Marques da Luz 30 annos Casa<strong>do</strong> Jerú (Sergipe) Dois ferimentos na mão direita; diarrhéia<br />
11 Manoel <strong>do</strong>s Reis da Conceição 35 annos Casa<strong>do</strong> Tucano Fortes escoriações por corda no braço direito<br />
12 Antonio Francisco <strong>do</strong>s Santos 40 annos Casa<strong>do</strong> Itaporanga (Sergipe) Diarrheia<br />
13 Manoel Bellarmino <strong>do</strong>s Santos 28 annos Solteiro Entre-Rios<br />
14 Manoel Antonio <strong>do</strong>s Santos 15 annos Ribeira <strong>do</strong> Pão Gran<strong>de</strong> Diarrheia<br />
15 Martiniano Antonio <strong>do</strong>s Santos 12 annos Ribeira <strong>do</strong> Pão Gran<strong>de</strong><br />
16 Fernan<strong>do</strong> Manoel <strong>do</strong> Carmo 15 annos Bom Conselho<br />
17 Dyonisio Martins da Silva 14 annos Cumbe<br />
18 Lucio Simões <strong>de</strong> Mattos 16 annos Ribeira <strong>do</strong> Pão Gran<strong>de</strong><br />
19 José Avelino 15 annos Missão da Saú<strong>de</strong> Gastro-Enterite<br />
20 Nicolao Domingos <strong>do</strong>s Anjos 12 annos Sipó Um ferimento sobre o olho; escoriações nas costas<br />
21 João <strong>de</strong> Tal 14 annos Ribeira <strong>do</strong> Pão Gran<strong>de</strong> Diarrheia<br />
22 Miguel <strong>de</strong> Tal 16 annos Anatuba 1 ferimento no pé direito, 1 na coxa esquerda<br />
23 Auto Jose Severo 19 annos Solteiro Bom Conselho 1 ferimento no braço direito, 1 na perna esquerda<br />
Alagoinhas, 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1898. – Dr. Américo Barreira.
ANNEXO N. 2<br />
PRISIONEIROS DE CANUDOS RECOLHIDOS A ENFERMARIA Nº. 1<br />
Nº. NOMES IDADES ESTADO NATURALIDADE ENFERMIDADES<br />
1 Umbelina Maria <strong>de</strong> Souza 24 annos Viúva Itabaianinha (Sergipe) Diarrhéa; três ferim. no hombro, na axilla e na região costal esquerda<br />
2 Anna Josepha <strong>de</strong> Jesus 22 annos Solteira Ribeira <strong>do</strong> Pau Diarrhéa; três ferim. no hombro, na axilla e na região costal esquerda<br />
3 Maria Prima <strong>de</strong> Souza 21 annos Casada Itabaianinha (Sergipe) Diarrhéa; três ferim. no hombro, na axilla e na região costal esquerda<br />
4 Thereza <strong>de</strong> Jesus 60 annos Viúva Inhambupe Ferida profunda no hombro direito com fractura na clavícula<br />
5 Maria Thomazia <strong>de</strong> Jesus 58 annos Não sabe mari<strong>do</strong> Tucano Escoriações larga nas costas, por pancadas<br />
6 Francisca X. <strong>do</strong>s Santos 28 annos Não sabe mari<strong>do</strong> Riachão <strong>do</strong> Dantas (SE) Ferimento na mão esquerda com fractura no <strong>de</strong><strong>do</strong> mínimo<br />
7 Maria <strong>de</strong> Jesus 280 18 annos Solteira Sobra<strong>do</strong> Diarrhéa, ferimento na região <strong>front</strong>o-pariental<br />
8 Balbina Maria <strong>de</strong> Jesus 30 annos Viúva Timbosinho Diarrhéa, teve um aborto no dia 7 <strong>de</strong> outubro<br />
9 Maria Sabina <strong>do</strong> Espírito Santo 26 annos Não sabe mari<strong>do</strong> Soure Ophtalmia purulenta<br />
10 Anna 02 annos Canu<strong>do</strong>s Dois ferimentos na cabeça<br />
11 Anna Maria da Conceição 12 annos Pombal Largo ferimento no braço esquer<strong>do</strong><br />
12 Francisca <strong>de</strong> Jesus 30 annos Não sabe mari<strong>do</strong> Monte Santo Dois ferimentos no braço e na perna esquerda<br />
13 Thereza Maria <strong>de</strong> Jesus 35 annos // // Ferimento no braço direito<br />
14 Engracia Fructuosa das Virgens 50 annos Solteira // // Diarrhéa, largo ferimento na região costal direita<br />
15 Anna Maria 19 annos Solteira Pombal Ferimento por bala na região <strong>front</strong>al<br />
16 Carolina 35 annos Viúva Missão <strong>do</strong> Soure Diarrhéa<br />
17 Anna Francisca 38 annos Casada Campos (Sergipe) Ferimento sobre o homoplata esquer<strong>do</strong><br />
18 Joanna <strong>de</strong> Jesus 24 annos // Tucano Diarrhéa<br />
19 Vicencia M. das Virgens 30 annos Viúva // Ferimento a bala na região <strong>front</strong>al<br />
20 João Ferreira Loyola 07 annos Monte Santo Um ferimento por bala na perna, outro na região glútea esquerda<br />
21 Josepha T. <strong>de</strong> Jesus 21 annos Solteira Tucano Um ferimento na cabeça e outro na mamma esquerda<br />
22 Roza M. da Conceição 30 annos Viúva // Diarrhéa<br />
23 Maria Joaquina da Conceição 23 annos Solteira // Um ferimento nas costas e outro na mamma esquerda<br />
24 Saturnina Annunciação 50 annos Solteira // Diarrhéa e Bronchite<br />
25 Anna Maria da Conceição 30 annos Casada Inhambupe Diarrhéa<br />
26 Bárbara Maria da Conceição 60 annos Viúva Rio São Francisco Diarrhéa<br />
27 Joanna Rainha <strong>do</strong>s Anjos 25 annos Viúva Joaseiro Diarrhéa<br />
28 José Venceslau 08 annos Solteiro Ger<strong>em</strong>oabo Um ferimento largo no sacro.<br />
280 Seria Maria <strong>de</strong> Jesus <strong>do</strong>s Santos casada com Antonio Marciano <strong>do</strong>s Santos, o Marciano <strong>de</strong> Sergipe? p. 51 [Quase biografia <strong>de</strong> jagunços]<br />
Alagoinhas, 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1898. – Dr. Américo Barreira
ANNEXO N. 3<br />
PRISIONEIROS DE CANUDOS RECOLHIDOS NA ENFERMARIA DE VARIOLOSOS DE ALAGOINHAS DE 22 DE OUTUBRO DE 1897 A<br />
JANEIRO DE 1898<br />
Ns. NOMES ESTADO IDADE NATURALIDADE RESULTADO<br />
1 Maria Joaquina ----------------------- Viúva - Tucano --------------------------- Falleceu<br />
2 Maria Pereira ------------------------- // 30 annos Missão da Saú<strong>de</strong> ---------------- //<br />
3 Maria Pires <strong>de</strong> Almeida ------------- // 22 annos Soure ----------------------------- Falleceu <strong>de</strong> inanição, já curada da varíola.<br />
4 Josepha Maria <strong>de</strong> Jesus ------------- // 25 annos // ---------------------------------- Teve alta.<br />
5 Maria Florência <strong>de</strong> Jesus ------------ // 35 annos Tucano --------------------------- Teve alta e foi entregue ao Comitê.<br />
6 Balbina <strong>de</strong> Jesus --------------------- // 22 annos // ---------------------------------- Falleceu <strong>de</strong> inanição, já curada da varíola.<br />
7 Maria Francisca <strong>de</strong> Jesus ----------- Solteira 20 annos Campos (Sergipe) -------------- Teve alta e foi entregue ao Comitê.<br />
8 Pulicania da Glória ------------------ // 10 annos Monte Santo --------------------- Falleceu.<br />
9 Maria Marciana ---------------------- // 5 annos Campos (Sergipe) -------------- Teve alta, e foi entregue ao Comitê.<br />
10 Theo<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Jesus ------------------- // 4 annos Tucano --------------------------- Teve alta, e sahiu para companhia <strong>de</strong> sua mãe.<br />
11 Joanna Maria <strong>de</strong> Jesus --------------- Casada 25 annos Canu<strong>do</strong>s -------------------------- Teve alta, e foi entregue ao Comitê.<br />
12 Clara Maria --------------------------- // 21 annos Pombal --------------------------- Teve alta.<br />
13 Alcida Maria <strong>de</strong> Jesus --------------- // 24 annos Canu<strong>do</strong>s -------------------------- Falleceu.<br />
14 Ricarda da Silva ---------------------- Solteira 45 annos Missão da Saú<strong>de</strong> ---------------- I<strong>de</strong>m.<br />
15 Rosa da Luz -------------------------- Viúva 24 annos Jirú (Sergipe) -------------------- I<strong>de</strong>m.<br />
16 Maria Josepha <strong>de</strong> Mattos ----------- Casada 30 annos Missão da Saú<strong>de</strong> ---------------- I<strong>de</strong>m.<br />
17 Maria Isabel -------------------------- // 41 annos Timbó ---------------------------- I<strong>de</strong>m.<br />
18 Carolina Francisca <strong>de</strong> Jesus -------- Solteira 22 annos Anatuba -------------------------- Teve alta.<br />
19 Maria Francisca <strong>do</strong>s Santos -------- // 20 annos Ribeira <strong>do</strong> Pau Gran<strong>de</strong> --------- Falleceu.<br />
20 Maria Alexandrina ------------------- // 30 annos // // // // ------------------------- I<strong>de</strong>m.<br />
21 Maria Beatriz (Beatinha) ----------- // 22 annos Anatuba -------------------------- I<strong>de</strong>m.<br />
22 Dyonizia Maria <strong>de</strong> Jesus ------------ // 21 annos // ---------------------------------- I<strong>de</strong>m.<br />
23 Conrada Gomes <strong>de</strong> Oliveira -------- Viúva 38 annos - I<strong>de</strong>m.<br />
24 Eugenia Pereira ---------------------- Solteirea 25 annos Missão da Saú<strong>de</strong> ---------------- Teve alta, e foi entregue a um parente.<br />
25 Joanna Rosa <strong>do</strong>s Anjos -------------- - 5 annos // // // --------------------------- Teve alta, e foi entregue ao Comitê.<br />
26 Josepha Pereira <strong>de</strong> Jesus ------------ Solteira 22 annos Tucano --------------------------- Falleceu.<br />
27 Maria Joaquina da Costa ------------ // 23 annos // ---------------------------------- I<strong>de</strong>m.<br />
28 Francisca Malaquias ----------------- - 6 annos Pombal --------------------------- Teve alta, e foi entregue ao Comitê.<br />
29 José (filho <strong>de</strong> Clara Maria) --------- - 2 mezes // ---------------------------------- Falleceu.<br />
30 Alexandrina Maria <strong>de</strong> Jesus -------- Solteira 55 annos Anatuba -------------------------- I<strong>de</strong>m.
Ns. NOMES ESTADO IDADE NATURALIDADE RESULTADO<br />
31 Maria <strong>de</strong> Jesus Viúva 45 annos Razo I<strong>de</strong>m.<br />
32 Maria da Conceição Viúva 40 annos Ger<strong>em</strong>oabo I<strong>de</strong>m.<br />
33 Constancia <strong>de</strong> Souza Casada 40 annos Sobra<strong>do</strong> I<strong>de</strong>m.<br />
34 Maria Magdalena - 42 annos Ribeira <strong>do</strong> Pau Gran<strong>de</strong> Teve alta, e foi entregue ao Dr. Passos.<br />
35 Germiniana <strong>de</strong> Jesus Viúva 50 annos Sobra<strong>do</strong> Falleceu.<br />
36 Maria <strong>do</strong> Nascimento // 25 annos Anatuba Teve alta.<br />
37 Anna Rosa Casada 27 annos Sobra<strong>do</strong> Teve alta e foi entregue a família.<br />
38 Izabel Maria Viúva 60 annos São Salva<strong>do</strong>r Falleceu.<br />
39 Anna Maria <strong>de</strong> Jesus Casada 25 annos Ribeira <strong>do</strong> Pau Gran<strong>de</strong> I<strong>de</strong>m.<br />
40 Anna Maria Solteira 22 annos Bom Conselho I<strong>de</strong>m.<br />
41 Vicência Maria <strong>de</strong> Jesus Viúva 31 annos Anatuba I<strong>de</strong>m.<br />
42 Maria Prima <strong>de</strong> Souza // 24 annos Sergipe I<strong>de</strong>m.<br />
43 Maria <strong>do</strong>s Passos Casada 40 annos Campos (Sergipe) Teve alta, e foi entregue ao Comitê.<br />
44 Maria Marcolina <strong>de</strong> Jesus Solteira 18 annos Sobra<strong>do</strong> Falleceu.<br />
45 Maria <strong>do</strong>s Anjos // 16 annos Campos (Sergipe) Falleceu <strong>de</strong> beribéri, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> curada da varíola.<br />
46 Bárbara Maria da Conceição Viúva 60 annos Rio <strong>de</strong> S. Francisco Falleceu.<br />
47 Francisca Maria da Conceição Casada 23 annos Itapicuru I<strong>de</strong>m <strong>de</strong> beribéri, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> boa da varíola.<br />
Solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Regimento Policial<br />
49 Antonio Bernar<strong>do</strong> Santos Solteiro 22 annos Falleceu.<br />
50 Luiz <strong>do</strong> Carmo // 20 annos I<strong>de</strong>m.<br />
51 Manoel José <strong>do</strong>s Santos // 20 annos Teve alta.<br />
Falleci<strong>do</strong>s (inclusive 2 solda<strong>do</strong>s) 35<br />
Tiveram alta (inclusive 1 solda<strong>do</strong>) 16<br />
Tinham falleci<strong>do</strong> antes da minha posse 6<br />
57<br />
Alagoinhas, 30 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1898.<br />
Dr. Americo Barreira.
BREVE RELAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA DA FACULDADE DE MEDICINA E PHARMACIA DA BAHIA<br />
NA CAMPANHA DE CANUDOS [4ª EXPEDIÇÃO] 281<br />
Nº<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
Nome<br />
Alvim Martins<br />
Horca<strong>de</strong>s<br />
João Silvério da<br />
Costa Oliveira<br />
Victor Francisco<br />
Gonçalves<br />
[farmacêutico]<br />
Agostinho <strong>de</strong><br />
Araújo Jorge<br />
Caio Otávio<br />
Ferreira <strong>de</strong> Moura*<br />
Domingos Martins<br />
Pereira Monteiro<br />
[farmacêutico]<br />
Ernesto Pereira<br />
Teixeira<br />
Registro <strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 7 fl.<br />
146 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
166 - AP<br />
Livro 6 fl. 58<br />
- AD<br />
Livro 6 fl. 83<br />
- AP<br />
Livro 6 fl. 98<br />
- AD<br />
Livro 6 fl. 13<br />
- AD<br />
Livro 6 fl.<br />
130 - AP<br />
Formatura<br />
1903<br />
1900<br />
1898<br />
1899<br />
1899<br />
1897<br />
1900<br />
Título da<br />
Tese<br />
Das estruturas<br />
intestinaes<br />
A<br />
conservação<br />
<strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />
traumatismos<br />
<strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros<br />
Contribuição<br />
ao estu<strong>do</strong> da<br />
água potável<br />
Do hímen no<br />
<strong>de</strong>florameno<br />
Analyse das<br />
águas<br />
potáveis sob o<br />
ponto <strong>de</strong> vista<br />
chlinico,<br />
bacteriológico<br />
e hygienico<br />
Operação<br />
Cesariana<br />
281 Tabela elaborada por Alexan<strong>de</strong>r Magnus Silva Pinheiro. Última atualização <strong>em</strong> 04/07/2008.<br />
Código da<br />
Tese<br />
100 – C<br />
098 – E<br />
099 – D<br />
097 – D<br />
100 – D /<br />
100 – F<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
BA<br />
PE<br />
BA<br />
PE<br />
BA<br />
PE<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
1ª<br />
27/07/1897<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
2ª<br />
3/08/1897<br />
2ª<br />
2ª<br />
Atuação<br />
Monte Santo<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Monte Santo<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Queimadas<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Mãe<br />
Cândida<br />
Augusta<br />
Nogueira<br />
Gonçalves<br />
Pai<br />
Francisco<br />
Martins<br />
Horca<strong>de</strong>s<br />
Manoel <strong>de</strong><br />
Cunha<br />
Oliveira<br />
Joaquim<br />
Francisco<br />
Gonçalves<br />
Silvério<br />
Fernan<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Araújo<br />
Jorge Filho<br />
Consº. João<br />
Ferreira <strong>de</strong><br />
Moura<br />
Domingos<br />
Martins<br />
Pereira<br />
Monteiro<br />
Capitão<br />
Henrique<br />
Pereira<br />
Teixeira
Nº<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
Nome<br />
Emilio <strong>de</strong> Castro<br />
Britto*<br />
Francisco Xavier <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Fausto <strong>de</strong> Araújo<br />
Gallo<br />
Jerônimo Fernan<strong>de</strong>s<br />
Gesteria<br />
Josefino Moreira <strong>de</strong><br />
Castro<br />
João <strong>de</strong> Souza<br />
Pondé<br />
Joaquim José<br />
Xavier<br />
Miguel <strong>de</strong> Lima<br />
Men<strong>de</strong>s<br />
Registro <strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl.<br />
135 - AP<br />
Livro 6 fl. 89<br />
- AP<br />
Livro 6 fl. 88<br />
- AD<br />
Livro 18 fl.<br />
126<br />
Livro 6 fl.<br />
128 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
130 - AP<br />
Formatura<br />
1899<br />
1899<br />
1899<br />
1900<br />
1897<br />
1900<br />
1899<br />
Título da<br />
Tese<br />
Tratamento <strong>do</strong><br />
Mal <strong>de</strong> Pott<br />
Albuminura e<br />
seo valor<br />
chlinico<br />
(breves<br />
consi<strong>de</strong>rações)<br />
Mo<strong>do</strong>s da<br />
administração<br />
<strong>do</strong> Creosoto <strong>de</strong><br />
Paia na<br />
Tuberculose<br />
Pulmonar<br />
ISCHIO-<br />
PUBIOTOMIA<br />
Ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />
Clinica<br />
Dermatológica e<br />
Syphiligraphica<br />
Defesa e<br />
reparação <strong>do</strong><br />
períneo no<br />
puerpério<br />
Fracturas da<br />
clavícula e seu<br />
tratamento<br />
Código da<br />
Tese<br />
099 – E<br />
0202<br />
100 – G<br />
097-E<br />
100<br />
099 – A<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
Atuação<br />
Queimadas<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Mãe<br />
D. Maria<br />
Herminda<br />
<strong>de</strong> Castro<br />
Britto<br />
Pai<br />
Estanislau<br />
Emilio <strong>de</strong><br />
Britto<br />
João<br />
Xavier <strong>de</strong><br />
Oliveira<br />
Crysogno<br />
José<br />
Fernan<strong>de</strong>s<br />
Faustino <strong>de</strong><br />
Souza<br />
Pondé<br />
José<br />
Candi<strong>do</strong><br />
Xavier
Nº<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
Nome<br />
Pedro <strong>de</strong> Barros<br />
Albernaz<br />
Virgilio <strong>do</strong> Rego<br />
Motta<br />
Antonio Nicanor<br />
Martins Barbosa<br />
Christiano Selmann<br />
Jr*<br />
Eduar<strong>do</strong> Britto<br />
Tranquilino Hugo<br />
<strong>de</strong> Carvalho<br />
Francisco<br />
Cavalcanti<br />
Mangabeira<br />
Hebreliano<br />
Maurício Wan<strong>de</strong>rlei<br />
Registro <strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl. 65<br />
- AP<br />
Livro 6 fl.<br />
130 - AD<br />
Livro 6 fl. 18<br />
- AP<br />
Livro 6 fl. 12<br />
- AD<br />
Livro 6 fl. 15<br />
- AP<br />
Livro 6 fl. 15<br />
- AP<br />
Livro 7 fl.<br />
172<br />
Formatura<br />
1898<br />
1897<br />
1897<br />
1897<br />
1897<br />
1897<br />
1900<br />
1909<br />
Título da<br />
Tese<br />
Primeira<br />
Infância –<br />
Hygiene e<br />
aleitamento<br />
Omphaloceles –<br />
sua cura<br />
operatória<br />
Breve<br />
consi<strong>de</strong>rações<br />
sobre as<br />
epi<strong>de</strong>mias<br />
Qual o<br />
tratamento<br />
cirúrgico mais<br />
racional da<br />
Hypermetrophia<br />
da próstata<br />
Hypo<strong>em</strong>ia<br />
Intertropical<br />
Contribuição<br />
para o estu<strong>do</strong> da<br />
spina ventosa<br />
Impedimentos<br />
<strong>de</strong> casamento<br />
relativo ao<br />
parentesco<br />
Infecções <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong> cutânea<br />
nas creanças<br />
Código da<br />
Tese<br />
098 – E<br />
097 – D<br />
097 – C<br />
097 – E<br />
097 – E<br />
097 – E<br />
100 – G<br />
109 – G<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
BA<br />
PE<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
PE<br />
BA<br />
RJ<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
2ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
Atuação<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Queimadas<br />
Queimadas<br />
Queimadas<br />
Queimadas<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Mãe<br />
Pai<br />
Paulo<br />
Garcia<br />
Albernaz<br />
Miguel<br />
José da<br />
Motta<br />
Coronel<br />
Antonio<br />
Martins<br />
Barbosa<br />
Christiano<br />
Selmann<br />
Francisco<br />
<strong>de</strong> Oliveira<br />
Capitão<br />
Theo<strong>do</strong>ro<br />
Mauricio<br />
Wan<strong>de</strong>rlei
Nº<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
Nome<br />
Sebastião Ivo<br />
Soares*<br />
José Cor<strong>de</strong>iro <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Filho[farmacêutico]<br />
A<strong>do</strong>lpho Vianna<br />
[farmacêutico]<br />
Virgílio <strong>de</strong> Aquino<br />
Braga<br />
Theotonio Martins<br />
<strong>de</strong> Almeida<br />
Antonio Bonfim <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong> 282<br />
Aristarco Dantas 283<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl.<br />
127 - AP<br />
Livro 7 fl. 3<br />
- AP<br />
Livro 6 fl.<br />
30<br />
Livro 6 fl<br />
170 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
86 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
27<br />
Livro 6 fl.<br />
116 - AD<br />
Formatura<br />
1900<br />
1902<br />
1898<br />
1898<br />
1899<br />
1902<br />
1900<br />
Título da Tese<br />
Tracheometria –<br />
suas indicações e<br />
acci<strong>de</strong>ntes<br />
Da radiodiagnose<br />
no<br />
processo<br />
qhymico<br />
Hygiene <strong>do</strong>s<br />
hospitaes<br />
Da observação<br />
sobre os reflexos<br />
puppilar e córneo<br />
durante a<br />
chloroformização<br />
Protargol<br />
Moléstia <strong>de</strong><br />
Banti<br />
Cirurgia<br />
Cholecystica<br />
Código da<br />
Tese<br />
100 – E<br />
102 – F<br />
098 – E<br />
098 – E<br />
099 – E<br />
102 – J<br />
099 – A<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
PA<br />
PE<br />
BA<br />
AL<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
Atuação<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Queimadas,<br />
Monte Santo<br />
e Canu<strong>do</strong>s<br />
Mãe<br />
D.<br />
Marcolina<br />
Vianna<br />
D.<br />
Francelina<br />
<strong>de</strong> Aquino<br />
Braga<br />
D.<br />
Leonilda<br />
<strong>de</strong><br />
Almeida<br />
Pai<br />
A<strong>do</strong>lpho<br />
Soares<br />
Capitão José<br />
Cor<strong>de</strong>iro <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Dr. A<strong>do</strong>lpho<br />
Vianna<br />
José Francisco<br />
da Silva<br />
Braga<br />
[farmacêutico]<br />
Bellarmino<br />
Soares <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong><br />
Dr. Teodósio<br />
Souza Dantas<br />
282 Formou-se <strong>em</strong> Farmácia após <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> suspensão.<br />
283 Seu pai atuou nas enfermarias da Guerra <strong>do</strong> Paraguai. In: BARREIRA, Américo. Alagoinhas e seu município – notas e apontamentos para o futuro. Editor André Costa. Typographia d’o<br />
Popular, - Alagoinhas. 1902. !902. p.41.
Nº<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
37<br />
Nome<br />
Benício Rodrigues<br />
Chaves<br />
Cícero <strong>de</strong> Barros<br />
Correa<br />
Theofilo <strong>de</strong><br />
Holanda Cavalcanti<br />
Vital Car<strong>do</strong>so <strong>do</strong><br />
Rego<br />
Augusto Couto<br />
Maia<br />
Clo<strong>do</strong>reu Lins<br />
Coelho Paz<br />
Joaquim David<br />
Ferreira Lima<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl.<br />
14 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
93 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
60 - AD<br />
Livro 9 fl.<br />
54<br />
Livro 6 fl.<br />
52 - AD<br />
Formatura<br />
1897<br />
1900<br />
1897<br />
1898<br />
1898<br />
1898<br />
Título da Tese<br />
Bacia obliqua<br />
ovalar, seus<br />
principais<br />
caracteres<br />
Relações da<br />
activida<strong>de</strong><br />
intelectual com a<br />
composição da<br />
urina<br />
Consi<strong>de</strong>rações<br />
sobre as<br />
polynevrites<br />
encaradas a luz<br />
da mo<strong>de</strong>rna<br />
concepção <strong>do</strong><br />
syst<strong>em</strong>a nervoso<br />
Breves<br />
consi<strong>de</strong>rações<br />
sobre a<br />
hydrophobia<br />
rabica<br />
Do cancro da<br />
pella e seu<br />
tratamento<br />
Código da<br />
Tese<br />
097 – E<br />
097 – B /<br />
097 – C<br />
098 – A<br />
098 – E<br />
098 – C<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
PA<br />
PE<br />
BA<br />
BA<br />
AL<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
1ª<br />
1ª<br />
1ª<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
Atuação<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Queimadas e<br />
Monte Santo<br />
Monte Santo<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
Mãe<br />
D.<br />
Marianna<br />
Pinheiro<br />
Chaves<br />
D.<br />
Escolastia<br />
Maria <strong>do</strong>s<br />
Anjos<br />
D. Maria<br />
Calheiros<br />
Lins<br />
Coelho<br />
Pai<br />
Major<br />
Augusto<br />
Rodrigues<br />
Chaves<br />
Dr. Augusto<br />
Freire Maia<br />
Bittencourt<br />
Francisco<br />
Coelho Paz<br />
David Ferreira<br />
Lima
Nº<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
42<br />
43<br />
44<br />
45<br />
46<br />
Nome<br />
Herculano José<br />
Rodriguez Pinheiro<br />
Netto<br />
Antonio Pereira da<br />
Silva Moacyr<br />
Joaquim Augusto<br />
Tanajura<br />
Venâncio Castro<br />
Olimpio Américo<br />
<strong>de</strong> Lélis Ferreira<br />
Gustavo Eduar<strong>do</strong><br />
Hasselmann<br />
Olinto <strong>de</strong> Abreu e<br />
Silva<br />
Joaquim Pedro<br />
Rosas<br />
Raul Januário<br />
Car<strong>do</strong>so da Costa<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl.<br />
91 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
122 - AD<br />
Livro 7 fl.<br />
88 - AD<br />
Livro 7 fl.<br />
69 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
159 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
91 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
17 - AD<br />
Formatura<br />
1899<br />
1900<br />
1900<br />
1900<br />
1902<br />
1899<br />
1897<br />
284 Dedicada ao químico al<strong>em</strong>ão Friedrich August Kekulé (1829 – 1896).<br />
Título da Tese<br />
Ortho<strong>do</strong>ntia ou<br />
tratamento das<br />
caries <strong>de</strong>ntarias<br />
Ulcera infectuosa<br />
e seu tratamento<br />
Letalida<strong>de</strong><br />
infantil e suas<br />
causas<br />
Das pneumonias<br />
profissionais ou<br />
[ilegível]<br />
Um novo<br />
material <strong>de</strong><br />
ligadura<br />
Do mecanismo<br />
<strong>do</strong> parto nas<br />
operações <strong>do</strong> feto<br />
Sarna e<br />
manifestação<br />
para-sarnosa<br />
Código da<br />
Tese<br />
100 – F<br />
100 – D<br />
102 – E<br />
097 – E<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
PE<br />
BA<br />
BA<br />
MG<br />
BA<br />
MG<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
Atuação<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
FMB –<br />
Wirchow<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé 284<br />
Mãe<br />
D. Maria<br />
José<br />
Car<strong>do</strong>so<br />
Costa<br />
Pai<br />
IIº Tenente da<br />
Armada<br />
Francisco<br />
Xavier<br />
Rodriguez<br />
João Pereira<br />
da Silva<br />
José <strong>de</strong><br />
Aquino<br />
Tanajura<br />
Capitão<br />
Camillo <strong>de</strong><br />
Lellis Ferreira<br />
Gustavo<br />
Américo<br />
Hasselmann<br />
Antonio José<br />
Rosas<br />
Dr. Herique<br />
<strong>de</strong> Almeida<br />
Costa
Nº<br />
47<br />
48<br />
49<br />
50<br />
51<br />
52<br />
53<br />
54<br />
Nome<br />
Manoel Dias<br />
Pereira Filho<br />
Antonio Gonçalves<br />
Moreira<br />
Pedro Bento<br />
Urbano Martins<br />
João Ribeiro <strong>de</strong><br />
Souza Vianna<br />
João Joaquim<br />
Ferreira Gírio<br />
Luiz Eucli<strong>de</strong>s<br />
Campos<br />
José <strong>de</strong> Olympio <strong>de</strong><br />
Azeve<strong>do</strong> Filho<br />
Pedro Emilio<br />
Gomes da Silva<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl.<br />
170 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
160 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
235 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
39 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
132 - AD<br />
Formatura<br />
1900<br />
1900<br />
1903<br />
1897<br />
1897<br />
1899<br />
Título da Tese<br />
Estu<strong>do</strong> chlinico<br />
<strong>do</strong> Herpes-Zoster<br />
A carne – estu<strong>do</strong><br />
crítico<br />
Quinina e<br />
Cayaponia no<br />
paludismo<br />
Spina Bifida<br />
Breves<br />
consi<strong>de</strong>rações<br />
sobre as<br />
cardiopathias<br />
congênitas na<br />
infância<br />
Telepathia<br />
Código da<br />
Tese<br />
100 – E<br />
100 – B<br />
103 – H<br />
097 – E<br />
097 – B<br />
099 – E<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
BA<br />
MG<br />
PE<br />
BA<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
Atuação<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mãe<br />
D. Maria<br />
Conceição<br />
Ferreira<br />
Girio<br />
D. Emilia<br />
Augusta<br />
Carigé<br />
Gomes<br />
Pai<br />
Manoel Dias<br />
Pereira<br />
[farmacêutico]<br />
Joaquim<br />
Gonçalves<br />
Pereira<br />
José Ribeiro<br />
da Fonseca<br />
Vianna<br />
Antonio da<br />
Silva Girio<br />
José Olympio<br />
<strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong><br />
[vice-diretor<br />
da FMB]<br />
Augusto<br />
Pedro Gomes<br />
da Silva
Nº<br />
55<br />
56<br />
57<br />
58<br />
59<br />
60<br />
61<br />
Nome<br />
Alfre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Barros<br />
Loureiro Brandão<br />
Manoel<br />
Alexandrino da<br />
Rocha<br />
Adriano Rodrigues<br />
Vianna<br />
Alexandre <strong>de</strong><br />
Carvalho Drumond<br />
Manoel Brandão<br />
Oscar Pereira <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
José Eduar<strong>do</strong> Freire<br />
<strong>de</strong> Carvalho<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl.<br />
171 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
22 - AP<br />
Livro 12 fl.<br />
73 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
84 - AD<br />
Formatura<br />
1902<br />
1897<br />
1902<br />
1902<br />
1899<br />
Título da Tese<br />
Tabagismo<br />
Forma aguda da<br />
otite média <strong>do</strong>s<br />
esclerosos<br />
Etio-pathogenia<br />
e prophilaxia da<br />
here<strong>do</strong>-syfilis<br />
Analgesia<br />
cirúrgica por<br />
meio das<br />
injeções subarachnoi<strong>de</strong>anas<br />
com bases <strong>de</strong><br />
cocaína<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
ziziphus joazeiro<br />
<strong>em</strong> suas<br />
applicações na<br />
medicina<br />
Código da<br />
Tese<br />
102 – E /<br />
102 – J<br />
097 – D<br />
102 – E<br />
102 – I<br />
099 – A<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
AL<br />
BA<br />
AL<br />
AL<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
Atuação<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mãe<br />
Pai<br />
Teotônio<br />
Torquato<br />
Brandão<br />
Bernardino da<br />
Costa<br />
Rodrigues<br />
Vianna<br />
Teotônio<br />
Torquato<br />
Brandão<br />
Dr. José<br />
Eduar<strong>do</strong><br />
Freire <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Filho
Nº<br />
62<br />
63<br />
64<br />
65<br />
66<br />
67<br />
68<br />
69<br />
Nome<br />
Pedro Calixto <strong>de</strong><br />
Mello<br />
Alci<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Britto<br />
Torres<br />
Oscar Freire <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
José Novais<br />
Álvaro Ribeiro<br />
Alfre<strong>do</strong> Octaviano<br />
Dantas<br />
Teo<strong>do</strong>ro Mace<strong>do</strong><br />
José Penalva <strong>de</strong><br />
Faria<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 6 fl.<br />
154 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
180 - AP<br />
Livro 7 fl.<br />
133 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
200 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
244 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
61 - AP<br />
Formatura<br />
1902<br />
1902<br />
1902<br />
1902<br />
1903<br />
1899<br />
Título da Tese<br />
Estu<strong>do</strong> sobre a<br />
etio-pathogenia e<br />
o tratamento da<br />
ophtalmasia<br />
sympathica<br />
Feridas por<br />
projectis e seu<br />
tratamento <strong>em</strong><br />
Campanha<br />
Etiologia das<br />
formas concretas<br />
da religiosida<strong>de</strong><br />
no norte <strong>do</strong><br />
Brasil<br />
Pelvi-Rachitismo<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Trachoma e seu<br />
tratamento<br />
O Sulfonal é um<br />
medicamento<br />
innocuo<br />
Código da<br />
Tese<br />
102 – P<br />
102 – H<br />
102 – B<br />
103 – G<br />
099 – C<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
Atuação<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mãe<br />
Pai<br />
Calixto José<br />
<strong>de</strong> Mello<br />
Dr. João<br />
Nepomuceno<br />
Torres<br />
Dr. Manoel<br />
Freire <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Tenente<br />
Almin<br />
Leandro da<br />
Silva Ribeiro<br />
Capitão<br />
Francisco<br />
Barreto<br />
Dantas<br />
Benício<br />
Penalva <strong>de</strong><br />
Faria
Nº<br />
70<br />
71<br />
72<br />
73<br />
74<br />
75<br />
76<br />
Nome<br />
Deo<strong>do</strong>ro Álvares<br />
Soares<br />
Eduar<strong>do</strong> Albertazzi<br />
Diniz Gonçalves<br />
Francisco Xavier <strong>de</strong><br />
Carvalho Júnior<br />
Climério Ribeiro<br />
Guimarães<br />
Arthur Novis<br />
Carlos Antonio<br />
Pitombo<br />
Joviniano Alves da<br />
Costa<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Livro 7 fl.<br />
83 - AD<br />
Livro 7 fl.<br />
144 - AD<br />
Livro 7 fl.<br />
144 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
117 - AP<br />
Livro 6 fl.<br />
140 - AD<br />
Livro 6 fl.<br />
39 - AP<br />
Formatura<br />
1899<br />
1902<br />
1902<br />
1906<br />
1900<br />
1900<br />
1897<br />
Título da Tese<br />
Alguns traços <strong>de</strong><br />
nossa população<br />
sob o ponto <strong>de</strong><br />
vista hygienico e<br />
evolucionista<br />
Das feridas<br />
penetrantes <strong>do</strong><br />
útero grávi<strong>do</strong> e<br />
seu tratamento<br />
Da operação <strong>de</strong><br />
Wladimiroff –<br />
Mikulicz<br />
Consi<strong>de</strong>rações<br />
hygienicas<br />
relativas ao<br />
trabalho<br />
Estigmas da<br />
syphilis<br />
hereditária tardia<br />
Apreciações<br />
acerca <strong>do</strong>s<br />
exercícios<br />
phisicos nos<br />
internatos e sua<br />
importância<br />
prophylatica<br />
Dystolia materna<br />
e seu tratamento<br />
Código da<br />
Tese<br />
099 – E<br />
102 – L<br />
106 – E<br />
100 – A<br />
099 – E<br />
097 – B<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
BA<br />
BA<br />
MA<br />
BA<br />
MT<br />
BA<br />
BA<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
---<br />
Atuação<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Mosteiro <strong>de</strong><br />
São Bento –<br />
Kekulé<br />
Forte <strong>de</strong><br />
Jequitaia –<br />
Hebra<br />
Forte <strong>de</strong><br />
Jequitaia –<br />
Hebra<br />
Mãe<br />
D.<br />
Joaquina<br />
Mame<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Araújo<br />
Soares<br />
D. Joanna<br />
Maria da<br />
Cruz <strong>de</strong><br />
Jesus<br />
Pai<br />
Álvaro<br />
Ernestino<br />
Soares<br />
Ernesto Diniz<br />
Gonçalves<br />
[farmacêutico]<br />
Francisco<br />
Xavier <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
José<br />
Almachio<br />
Ribeiro<br />
Guimarães<br />
Dr. Augusto<br />
Novis<br />
Dr. Carlos<br />
Antonio <strong>de</strong><br />
Jesus<br />
Antonio Alves<br />
<strong>de</strong> Souza
Nº<br />
77<br />
78<br />
79<br />
80<br />
81<br />
Nome<br />
Adriano Araújo<br />
Jorge Filho<br />
Eustachio Daniel <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
José Mariano da<br />
Rocha<br />
Antonio Ayres <strong>de</strong><br />
Almeida Freitas<br />
José da Silva Neves<br />
Manta<br />
Registro<br />
<strong>de</strong><br />
Diploma:<br />
AP ou AD<br />
Formatura<br />
1900<br />
1900<br />
1898<br />
1899<br />
1899<br />
Título da Tese<br />
Alcoolismo e<br />
involução –<br />
Repressão e<br />
prophylaxia <strong>do</strong><br />
alcoolismo<br />
(Hygiene social)<br />
Estu<strong>do</strong><br />
physiologico <strong>do</strong><br />
sonho<br />
Tratamento da<br />
Melancolia<br />
Da<br />
arthrosyphilose<br />
constitucional<br />
Etiologia e<br />
tratamento da<br />
chlorose<br />
Código da<br />
Tese<br />
100 – A<br />
100 – A<br />
098 – C<br />
098 – C<br />
098 – H<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong><br />
AL<br />
Parahyba <strong>do</strong><br />
Norte<br />
RS<br />
BA<br />
PE<br />
Turma<br />
enviada a<br />
guerra<br />
---<br />
Atuação<br />
Salva<strong>do</strong>r<br />
[tese não<br />
menciona a<br />
enfermaria]<br />
Salva<strong>do</strong>r<br />
[tese não<br />
menciona a<br />
enfermaria]<br />
Salva<strong>do</strong>r<br />
[tese não<br />
menciona a<br />
enfermaria]<br />
Mãe<br />
Pai<br />
Caetano<br />
Daniel <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Salva<strong>do</strong>r<br />
Ayres <strong>de</strong><br />
Almeida<br />
Freitas<br />
Joviniano<br />
Manta
BIBLIOGRAFIA<br />
HORCADES, Alvim Martins. Descrição <strong>de</strong> uma viag<strong>em</strong> a Canu<strong>do</strong>s.<br />
EDUFBA: Salva<strong>do</strong>r, 1996.<br />
OLIVEIRA, Eduar<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sá. M<strong>em</strong>ória Histórica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da<br />
Bahia – Concernente ao ano <strong>de</strong> 1942. EDUFBA, 1992.<br />
OLIVEIRA, Francisco Xavier. R<strong>em</strong>iniscências da Guerra <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s. In:<br />
Revista <strong>do</strong> Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. N. 68 [1942] e n. 69<br />
[1943]. UFBA – CEB / Núcleo Sertão<br />
ÍNDICE GERAL DOS GRADUADOS – 1820 a 1936. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da Bahia, localizada na Pça. XV <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro, s/n. Terreiro <strong>de</strong> Jesus<br />
(Centro Histórico) – Salva<strong>do</strong>r / Bahia / Brasil. CEP 40.026.010<br />
REGISTRO DE DIPLOMAS (1890-1897) – Livro 5, REGISTRO DE<br />
DIPLOMAS (1897-1904) – Livro 6, REGISTRO DE DIPLOMAS (1903-<br />
1908) – Livro 7. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia, localizada na Pça. XV <strong>de</strong><br />
nov<strong>em</strong>bro, s/n. Terreiro <strong>de</strong> Jesus (Centro Histórico) – Salva<strong>do</strong>r / Bahia / Brasil.<br />
CEP 40.026.010<br />
- os acadêmicos <strong>de</strong> farmácia não eram obriga<strong>do</strong>s a apresentar tese para concluir<br />
o curso: Antonio Romão Cavalcanti, Antonio Epaminondas <strong>de</strong> Gouvêa, Pio Artur <strong>de</strong><br />
Souza, Carlos Cavalcanti Mangabeira, João Sabino <strong>de</strong> Lima Pinho Filho, Adriano <strong>de</strong><br />
Magalhães Fontoura, Francisco Eduar<strong>do</strong> Cox, Akilles <strong>de</strong> Farias Lisboa, Cezar<br />
Francisco Gonçalves, Álvaro Guimarães Maia, Aurélio Ferreira Caldas, Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
Oliveira Cunha e Pedro Emílio Cerqueira <strong>de</strong> Lima.<br />
- estes acadêmicos cita<strong>do</strong>s por Francisco Xavier <strong>de</strong> Oliveira: Benjamim Coelho,<br />
Bento Galvão, Alfre<strong>do</strong> Teixeira, Lopes Pontes, Paulo Martins e Arthur Janson, que<br />
atuaram <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r, seus nomes não estão no Índice Geral <strong>do</strong>s Gradua<strong>do</strong>s.<br />
Lista atualizada <strong>em</strong> 18/05/2008.<br />
AP = Aprova<strong>do</strong> Plenamente e AD = Aprova<strong>do</strong> com distinção<br />
* Cita<strong>do</strong> no PIEDADE, Lélis (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r). Histórico e Relatório <strong>do</strong> Comitê<br />
Patriótico da Bahia (1897 – 1901). 2ª edição organiza por Antônio Olavo.<br />
Portfolium Editora. Salva<strong>do</strong>r – Bahia, 2002.
GLOSSÁRIO DE ALGUMAS DOENÇAS 285<br />
Bronchite – assim se chama a inflammação da<br />
m<strong>em</strong>brana que cobre os bronchios; vulgarmente se dá<br />
a esta molestia o nome <strong>de</strong> catarrho pulmonar. p. 235.<br />
_____________________________________<br />
Coqueluche – dá-se esse nome a uma tosse violenta e<br />
convulsiva que torna a aparecer com intervalos mais<br />
ou menos longos, e que consiste <strong>em</strong> muitas expirações<br />
sucessivas, seguidas <strong>de</strong> uma inspiração sonora.<br />
Causas: nada t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> positivo sobre as causas da<br />
coqueluche. É raro que não acometta ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />
um gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> indivíduos; sobrevém<br />
particularmente as crianças <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento até<br />
<strong>de</strong>pois da segunda <strong>de</strong>ntição; observa-se as vezes nos<br />
adultos, e principalmente nos <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>peramento<br />
nervoso; mui poço nos velhos. No mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> se<br />
propagar parece observa-se alguma cousa <strong>de</strong><br />
contagioso. Communica-se s<strong>em</strong>pre rapidamente as<br />
crianças da mesma casa, e esta communicação não t<strong>em</strong><br />
lugar se se afastam umas das outras e <strong>de</strong> todas as<br />
crianças <strong>do</strong>entes. Symptomas: os primeiros<br />
symptomas da coqueluche não differ<strong>em</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>fluxo ordinário, mas não tardão a tomar o caráter<br />
especial que os dintingue. A tosse torna-se mui sonora,<br />
e succe<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com rapi<strong>de</strong>z, permitte apenas a criança<br />
fazer inspirações curtas, incompletas e sibilantes, que<br />
dão um caráter particular a molestia com effeito<br />
parec<strong>em</strong>-se algum tanto com o canto <strong>do</strong> gallo, pelo<br />
que qualquer pessoa po<strong>de</strong> reconhecer facilmente a<br />
coqueluche. A criança parece suffocar-se, agita-se com<br />
ansieda<strong>de</strong> para respirar o ar que lhe falta, e que não<br />
penetra momentaneamente nos pulmões senão com a<br />
maior dificulda<strong>de</strong>; o rosto e o pescoço ficam incha<strong>do</strong>s<br />
e roxos, os olhos se esbugalham e <strong>em</strong>ch<strong>em</strong>-se <strong>de</strong><br />
lagrimas. O accesso acaba pela sahida <strong>de</strong> uma<br />
mucosida<strong>de</strong> viscosa, frequent<strong>em</strong>ente acompanhada <strong>de</strong><br />
vomito <strong>do</strong>s alimentos, e as vezes pela expectoração ou<br />
vomito <strong>de</strong> um pouco <strong>de</strong> sangue puro ou mistura<strong>do</strong> com<br />
mucosida<strong>de</strong> ou com alimentos. Não é raro ver o<br />
sangue sahir pelo nariz durante o abalo da tosse; as<br />
vezes a criança ourina e expulsa involuntariamente as<br />
matérias fecaes. Acaba<strong>do</strong> o accesso, tu<strong>do</strong> entra <strong>em</strong> sua<br />
or<strong>de</strong>m, a criança volta ordinariamente a seus<br />
brinque<strong>do</strong>s, como se não estivesse <strong>do</strong>ente; as vezes,<br />
entretanto, acha-se um pouco cançada, outras vezes<br />
experimenta peso <strong>de</strong> cabeça e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmir.<br />
Raras vezes a duração <strong>do</strong>s accessos exce<strong>de</strong> alguns<br />
minutos; o seu numero é frequent<strong>em</strong>ente consi<strong>de</strong>rável<br />
no mesmo dia; torna-se menor a proporção que a<br />
285 CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Diccionario <strong>de</strong><br />
Medicina Popular. vol. 1. 2ª edição. RJ: Eduar<strong>do</strong> &<br />
Henrique La<strong>em</strong>mert, 1851. (A – C).<br />
CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Diccionario <strong>de</strong><br />
Medicina Popular. vol. 2 e 3. 3ª edição. RJ: Eduar<strong>do</strong> &<br />
Henrique La<strong>em</strong>mert, 1862. (E – Z).<br />
molestia se aproxima <strong>do</strong> fim. Causas variadas influ<strong>em</strong><br />
sobre a volta <strong>do</strong>s accessos, taes são: o frio, uma<br />
digestão difficil, os cheiros fortes, a poeira, a fumaça,<br />
as affecções moraes e sobretu<strong>do</strong> a ira. Estes accessos<br />
são ordinariamente precedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma anxieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
uma titillação da garganta, que obrigão as crianças a<br />
correr<strong>em</strong> para as pessoas que lhes po<strong>de</strong>m acudir;<br />
gostão geralmente <strong>de</strong> que lhes segur<strong>em</strong> a cabeça para<br />
ajudar a expectoração ou os vomitos. A coqueluche<br />
não é acompanhada ordinariamente <strong>de</strong> frequência <strong>de</strong><br />
pulso, <strong>de</strong> fastio, <strong>de</strong> se<strong>de</strong>, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> calor da pelle.<br />
Prognostico: A coqueluche dura ordinariamente <strong>de</strong><br />
um a <strong>do</strong>us mezes; po<strong>de</strong>-se prolongar ás vezes durante<br />
seis mezes e mais. Po<strong>de</strong> tornar <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter cessa<strong>do</strong><br />
completamente.<br />
A coqueluche simples, <strong>em</strong> um indivíduo <strong>de</strong><br />
boa constituição, é molestia pouco grave. Mas se o<br />
<strong>do</strong>ente é fraco, o prognostico não é tão favorável. Nas<br />
crianças que mamão a coqueluche é perigosa; põe-as<br />
<strong>em</strong> verda<strong>de</strong>iro esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> asphyxia. Quan<strong>do</strong> esta<br />
molestia ataca um gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> crianças <strong>em</strong> uma<br />
cida<strong>de</strong>, então occasiona frequent<strong>em</strong>ente a morte, é<br />
muito mais suscetível <strong>de</strong> cura quan<strong>do</strong> não reina<br />
epi<strong>de</strong>micamente. Tratamento durante o accesso da<br />
coqueluche, se a criança está <strong>de</strong>itada, é preciso<br />
assenta-la, e dar-lhe um ponto <strong>de</strong> apoio, applican<strong>do</strong>lhe<br />
fort<strong>em</strong>ente a mão na testa. Quan<strong>do</strong> durante o<br />
accesso se po<strong>de</strong> dar a beber ao <strong>do</strong>ente algumas<br />
colheres <strong>de</strong> água fria ou <strong>de</strong> alguma bebida <strong>em</strong>olliente,<br />
diminue-se sensivelmente a intensida<strong>de</strong> e a duração da<br />
tosse. É útil tirar com os <strong>de</strong><strong>do</strong>s ou com um lenço as<br />
mucosida<strong>de</strong>s que se ajuntão no fun<strong>do</strong> da bocca. Se o<br />
accesso aturar, será preciso applicar sinapismos nos<br />
pés e pernas, e por na cabeça pannos molha<strong>do</strong>s n’agua<br />
fria e vinagre. No intervallo <strong>do</strong>s accessos. A primeira<br />
cousa que se <strong>de</strong>ve fazer para curar o coqueluche é dar<br />
um vomitório. Dissolve-se então 1 grão <strong>de</strong> tártaro<br />
<strong>em</strong>ético <strong>em</strong> meia chícara d’agua fria, e dão-se <strong>de</strong><br />
manhã <strong>em</strong> jejum duas colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong>sta<br />
dissolução, <strong>de</strong> quarto <strong>em</strong> quarto <strong>de</strong> hora, até provocar<br />
bastantes vomitos. Po<strong>de</strong>m-se dar <strong>de</strong>pois alguns<br />
alimentos, e pelo dia adiante dá-se por colheres chá <strong>de</strong><br />
flores <strong>de</strong> malvas, <strong>de</strong> violas, ou <strong>de</strong> perpetua, a<strong>do</strong>ça<strong>do</strong><br />
com assucar, ou ainda melhor com xarope diacodio;<br />
basta uma colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> xarope diacodio para uma<br />
chicara <strong>de</strong> chá <strong>de</strong>stas flores, e esta <strong>do</strong>se é sufficiente<br />
para um dia.<br />
No dia seguinte dá-se a poção preparada segun<strong>do</strong> esta<br />
receita:<br />
Raiz <strong>de</strong> valeriana 1 oitava<br />
Água ferven<strong>do</strong>, quanto baste para ter 6 onças <strong>de</strong><br />
infusão. Ajunte:<br />
Ether sulfúrico 20 gottas.<br />
Tintura <strong>de</strong> bella<strong>do</strong>na 10 gottas.<br />
Láudano <strong>de</strong> Sy<strong>de</strong>nham 10 gottas.<br />
Xarope <strong>de</strong> quina 2 onças.<br />
Para as crianças <strong>de</strong> um anno, dá-se uma colher <strong>de</strong><br />
sopa, quatro vezes ao dia.
Para as crianças <strong>de</strong> 2 annos, 2 colheres <strong>de</strong> sopa, quatro<br />
vezes ao dia.<br />
Para as crianças <strong>de</strong> 3 annos, 3 colheres <strong>de</strong> sopa, quatro<br />
vezes ao dia.<br />
Para as crianças <strong>de</strong> 4 annos, 4 colheres <strong>de</strong> sopa, quatro<br />
vezes ao dia. E assim por diante, dão-se quatro vezes<br />
por dia tantas colheres <strong>de</strong> sopa quantos for<strong>em</strong> os annos<br />
que tiver a criança.<br />
Esta poção se continua por três dias, e no<br />
quarto dia <strong>de</strong> manhã dá-se um vomitório <strong>de</strong> poaya <strong>em</strong><br />
uma pouca d’agua morna, 6 grãos <strong>de</strong> poaya para uma<br />
criança <strong>de</strong> um anno; 8 grãos para a <strong>de</strong> 2 annos; 10<br />
grãos para a <strong>de</strong> 3 annos, 12 grãos para a <strong>de</strong> 4 annos, 14<br />
grãos para a <strong>de</strong> 5 annos, 15 grãos para a <strong>de</strong> 6 annos,<br />
augmentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um grão <strong>de</strong> poaya<br />
para cada anno.<br />
Dous ou tres dias <strong>de</strong>pois po<strong>de</strong>-se dar um<br />
purgante d’oleo <strong>de</strong> rícino ou <strong>de</strong> manna, dissolvi<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
leite. A <strong>do</strong>se d’oleo <strong>de</strong> rícino ou <strong>de</strong> manna é <strong>de</strong> meia<br />
onça até 2 onças, conforme a ida<strong>de</strong>.<br />
Os vomitórios e purgantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se repetir<br />
três ou quatro vezes durante o curso da molestia,<br />
pon<strong>do</strong> o intervallo <strong>de</strong> oito a <strong>de</strong>z dias para cada<br />
vomitório ou purgante.<br />
Se o coqueluche não ce<strong>de</strong>r a estes meios, é<br />
preciso <strong>em</strong>pregar o lambe<strong>do</strong>r seguinte:<br />
Xarope diacodio 1 onça.<br />
Xarope <strong>de</strong> poaya 1 onça.<br />
Xarope <strong>de</strong> quina 1 onça.<br />
Mistura e dê-se 3 vezes ao dia as crianças <strong>de</strong> 1<br />
anno, uma colher <strong>de</strong> chá; as crianças <strong>de</strong> 2 annos duas<br />
colheres <strong>de</strong> chá; as <strong>de</strong> 3 annos e colheres <strong>de</strong> chá; <strong>em</strong><br />
uma palavra, tantas colheres quantos annos tiver a<br />
criança. Este lambe<strong>do</strong>r dá-se durante <strong>do</strong>us ou tres dias.<br />
Quan<strong>do</strong> este tratamento não exercer influencia<br />
alguma na marcha da coqueluche, <strong>de</strong>ve-se applicar um<br />
caustico no braço.<br />
Banhos frios <strong>de</strong> mar ou d’agua corrente t<strong>em</strong><br />
si<strong>do</strong> úteis quan<strong>do</strong> a coqueluche t<strong>em</strong> resisti<strong>do</strong> a outros<br />
tratamentos.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po que se <strong>em</strong>pregão estes<br />
meios <strong>de</strong>ve o <strong>do</strong>ente observar alguma dieta, comer<br />
gallinha, arroz, leite, pão; po<strong>de</strong>rá beber chá da Índia e<br />
café, usará <strong>de</strong> bebidas <strong>em</strong>ollientes, como chá <strong>de</strong> flores<br />
<strong>de</strong> malvas, <strong>de</strong> hyssopo, d’hera terrestre.<br />
Mas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os meios, o que se t<strong>em</strong> mostra<strong>do</strong><br />
mais efficaz é a mudança frequente <strong>de</strong> ar e <strong>de</strong> roupa. É<br />
preciso portanto transportar a miú<strong>do</strong> os pequenos<br />
<strong>do</strong>entes <strong>de</strong> um para outro lugar, muda-los muitas vezes<br />
<strong>de</strong> roupa, e não tornar a leva-los para o mesmo lugar<br />
senão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muito b<strong>em</strong> areja<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> tornar a<br />
vestir-lhes a mesma roupa senão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muito b<strong>em</strong><br />
lavada. Também é bom colocar um vaso com água <strong>de</strong><br />
Labarraque no quarto que habitão. O t<strong>em</strong>po é <strong>em</strong><br />
muitos casos o melhor r<strong>em</strong>édio coqueluche; a maior<br />
parte das crianças dão-se b<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong> pela<br />
roça no fim da molestia. A mudança <strong>do</strong> ar opera assim<br />
as vezes a cura que não se podia obter com<br />
medicamentos.<br />
É s<strong>em</strong>pre pru<strong>de</strong>nte separar as crianças sãas das<br />
que t<strong>em</strong> coqueluche, porque parece b<strong>em</strong> prova<strong>do</strong> que a<br />
molestia po<strong>de</strong>-se communicar <strong>de</strong> umas a outras. Ainda<br />
os adultos não estão livres <strong>de</strong> contagio, sobretu<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> sua persistência ao pé <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente é prolongada.<br />
Dev<strong>em</strong>, <strong>em</strong> s<strong>em</strong>elhante caso, fazer to<strong>do</strong>s os dias um<br />
exercício exterior, e evitar ficar<strong>em</strong> continuamente com<br />
o <strong>do</strong>ente.<br />
Como meio preservativo da coqueluche,<br />
aconselhar<strong>em</strong>os que se afast<strong>em</strong> cuida<strong>do</strong>samente as<br />
crianças <strong>do</strong>s lugares <strong>em</strong> que reina esta molestia, e se<br />
evite communica-las com as crianças que <strong>de</strong>lla estejão<br />
affectadas. p. 438 , 439, 440, 441, 442 e 443.<br />
_____________________________________<br />
Hepatite – Moléstias <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>. Inflammação aguda<br />
<strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> ou Hepatite aguda. Esta molestia é<br />
sobretu<strong>do</strong> frequente nos paises intertropicaes. Suas<br />
causas são: o abuso das bebidas espirituosas e <strong>do</strong>s<br />
purgantes; a supressão súbita d’alguma molestia da<br />
pelle, <strong>do</strong> fluxo menstrual ou h<strong>em</strong>orrhoidal; uma vida<br />
inactiva e se<strong>de</strong>ntária, os trabalhos <strong>de</strong> espírito, paixões<br />
violentas, como a cólera, ou prazer profun<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong> ser<br />
também <strong>de</strong>terminada por pancadas ou quedas sobre a<br />
região <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>, e até por qualquer queda <strong>em</strong> que o<br />
corpo soffra uma forte sacudidura. Symptomas da<br />
inflammação aguda <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>. A molestia principia<br />
por uns calafrios segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> calor nas entranhas; logo<br />
manifesta-se uma <strong>do</strong>r no la<strong>do</strong> direito <strong>do</strong> ventre n’um<br />
<strong>do</strong>s pontos da região <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>; as vezes esta <strong>do</strong>r se<br />
propaga até o hombro direito; frequent<strong>em</strong>ente a parte<br />
direita e superior <strong>do</strong> ventre fica um pouco inchada, e<br />
não é possível ao <strong>do</strong>ente <strong>de</strong>itar-se <strong>de</strong>ste la<strong>do</strong>. A <strong>do</strong>r<br />
torna-se mais sensível quan<strong>do</strong> se apalpa o fíga<strong>do</strong>. Com<br />
esta <strong>do</strong>r, único symptoma quan<strong>do</strong> a molestia é leve,<br />
apparece, quan<strong>do</strong> a inflammação é mais intensa,<br />
frequência <strong>do</strong> pulso, um calor secco da pelle, <strong>em</strong><br />
alguns casos icterícia, língua branca, se<strong>de</strong>, fastio,<br />
amargor da bocca, náuseas, vomitos, prisão <strong>do</strong> ventre e<br />
ourinas poucas, mui amarellas e carregadas. Enfim, na<br />
inflammação <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> <strong>de</strong> maior grão, manifesta-se,<br />
além <strong>do</strong>s symptomas indica<strong>do</strong>s, oppressão na<br />
respiração, <strong>do</strong>r agudíssima no la<strong>do</strong> direito <strong>do</strong> ventre e<br />
<strong>do</strong> peito; sobrev<strong>em</strong> as vezes soluços e uma pequena<br />
tosse secca; as ancias são extr<strong>em</strong>as, <strong>de</strong>clara-se o<br />
<strong>de</strong>lírio, o rosto offerece um aspecto lívi<strong>do</strong>, a se<strong>de</strong> é<br />
inextinguível, a língua fica secca e rachada, o pulso<br />
torna-se mui fraco e mui frequente, sobrev<strong>em</strong><br />
finalmente os symptomas que acompanhão a<br />
terminação funesta da maior parte das inflammações<br />
agudas.<br />
A inflammação aguda <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> termina-se as<br />
vezes por suppuração. Po<strong>de</strong>-se julgar da formação da<br />
post<strong>em</strong>a no fíga<strong>do</strong> pelos phenomenos seguintes: a <strong>do</strong>r<br />
torna-se latejante, o <strong>do</strong>ente sente um peso no mesmo<br />
lugar, a difficulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> respiração augmenta,<br />
sobrev<strong>em</strong> calefrios e suores, as palmas das mãos estão<br />
mui quentes e o somno é agita<strong>do</strong>. Outras vezes estas<br />
post<strong>em</strong>as formão-se lenta e surdamente, s<strong>em</strong> que nada<br />
possa fazer suspeitar o seu <strong>de</strong>senvolvimento. Depois
d’estes symptomas durar<strong>em</strong> alguns dias, se a post<strong>em</strong>a<br />
existir na superfície convexa <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>, forma-se um<br />
tumor duro na sua circunferência com fluctuação no<br />
centro, e cerca<strong>do</strong> duma inchação consi<strong>de</strong>rável: po<strong>de</strong>-se<br />
então abrir o tumor e curar a molestia. Quan<strong>do</strong> a<br />
post<strong>em</strong>a está situada na parte côncava ou inferior <strong>do</strong><br />
fíga<strong>do</strong>, o tumor não é saliente para fora; n<strong>em</strong> possível<br />
é então abri-lo com bisturi, mas elle mesmo arrebenta<br />
por si e o pus corre as vezes para os intestinos, <strong>do</strong>n<strong>de</strong><br />
se expelle com os excr<strong>em</strong>entos.<br />
Tratamento da inflammação aguda <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>. Se o<br />
<strong>do</strong>ente for robusto, o pulso forte e a molestia intensa,<br />
conv<strong>em</strong> se pratique uma sangria no braço; applicar<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>z a quinze bichas no lugar <strong>do</strong>loroso, e cobrir<br />
esta parte com cataplasma <strong>de</strong> linhaça. Se a molestia for<br />
leve e a febre pouca, basta que o <strong>do</strong>ente se limite as<br />
bichas e cataplasmas, e se abstenha da sangria. Se a<br />
<strong>do</strong>r continuar com a mesma intensida<strong>de</strong>, é preciso<br />
repetir a applicação das bichas duas e mais vezes.<br />
Depois das <strong>em</strong>issões sanguineas, o <strong>do</strong>ente<br />
tomará um purgante, tal como 2 onças (64 gram.) <strong>de</strong><br />
óleo <strong>de</strong> ricino ou 2 onças <strong>de</strong> sal d’Epsom.<br />
Depois <strong>do</strong> purgante, usará o cozimento<br />
seguinte:<br />
Decocção <strong>de</strong> parietaria 24 onças<br />
(750 grammas)<br />
Nitro 36 grãos (2 grammas)<br />
Assucar 1 onça (32 grammas)<br />
Misture-se administre-se uma chicara <strong>de</strong> duas<br />
<strong>em</strong> duas horas.<br />
Para bebida ordinária dar-se-lhe-há limonada<br />
<strong>de</strong> limão ou <strong>de</strong> laranja, água panada ou água fria,<br />
conforme o seu gosto. A dieta será rigorosa; nos<br />
primeiros dias só se po<strong>de</strong>m permitir cal<strong>do</strong>s <strong>de</strong> frango<br />
ou <strong>de</strong> gallinha.<br />
S<strong>em</strong>icupios d’agua quente são também mui<br />
úteis; o <strong>do</strong>ente tomará um ou <strong>do</strong>us banhos por dia, e<br />
<strong>de</strong>morar-se-há n’agua pelo menos meia hora.<br />
To<strong>do</strong>s os dias tomará um ou <strong>do</strong>is clysteres <strong>de</strong><br />
cozimento <strong>de</strong> s<strong>em</strong>entes <strong>de</strong> linhaça.<br />
Se <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> continuar este tratamento três ou<br />
quatro dias a <strong>do</strong>r e a febre não diminuír<strong>em</strong>, com<strong>em</strong><br />
tom<strong>em</strong> os pós seguintes:<br />
Calomelanos ..... 18 grãos (1 gramma)<br />
Divida-se <strong>em</strong> seis papeis e administre-se um<br />
papel <strong>de</strong> três <strong>em</strong> três horas n’uma colher d’água fria<br />
com assucar.<br />
Oito ou <strong>de</strong>z dias <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> começo da<br />
molestia, se a <strong>do</strong>r ainda continuar, applique-se um<br />
caustico na região <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>.<br />
Tratamento da post<strong>em</strong>a <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>. A inflammação<br />
<strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>, como disse, acaba as vezes por suppuração,<br />
e indiquei os symptomas que annuncião a formação da<br />
post<strong>em</strong>a. Quan<strong>do</strong> a post<strong>em</strong>a é situada profundamente,<br />
não há gran<strong>de</strong> cousa que fazer, conv<strong>em</strong> só se continue<br />
com as cataplasmas da linhaça; é necessário dar<br />
poucos alimentos ao <strong>do</strong>ente e esperar. Ma quan<strong>do</strong> a<br />
collecção purulenta é superficial, o cirurgião dará<br />
sahida ao pus, pratican<strong>do</strong> uma incisão com o bistori.<br />
Inflammação chronica <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>. Chama-se também<br />
esta molestia obstrucção, encalhe, induração ou<br />
engurgitamento <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>.<br />
Causas. A inflammação chronica <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> succe<strong>de</strong><br />
muitas vezes á inflammação aguda; mas<br />
frequent<strong>em</strong>ente principia pela forma chronica. O uso<br />
continuo <strong>de</strong> comidas mui fortes, mui salgadas e mui<br />
adubadas, o abuso <strong>do</strong>s licores alcoólicos, as affecções<br />
moraes tristes e vivas, as quedas, as pancadas sobre o<br />
fíga<strong>do</strong>, os ataques das febres intermitentes, a<br />
suppressão das h<strong>em</strong>orrhoidas, são causas mais<br />
frequentes. Symptomas. <strong>Uma</strong> <strong>do</strong>r surda <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
direito da parte superior <strong>do</strong> ventre, que augmenta pela<br />
pressão, pelo andar um pouco forte e <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> jantar,<br />
eis o principal symptoma da inflammação chornica <strong>do</strong><br />
fíga<strong>do</strong>. No mesmo t<strong>em</strong>po a pelle é amarellada, as<br />
evacuações alvinas brancas e <strong>de</strong>scoradas, as ourinas<br />
mui amarelladas e com sedimento abundante. Quan<strong>do</strong><br />
a inflammação existe já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> certo t<strong>em</strong>po, sente-se<br />
apalpan<strong>do</strong>, o fíga<strong>do</strong> mais grosso e mais duro que <strong>de</strong><br />
costume, e o la<strong>do</strong> direito <strong>do</strong> ventre está mais eleva<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> que o esquer<strong>do</strong>. Raras vezes existe febre.<br />
A duração da inflammação chronica <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong><br />
é mui incerta; <strong>de</strong> ordinário caminha lentamente e dura<br />
muitos annos.<br />
Tratamento. Deve-se principiar o curativo da<br />
inflammação chronica <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> pela applicação <strong>de</strong><br />
oito a <strong>do</strong>ze bichas no lugar <strong>do</strong>loroso <strong>do</strong> ventre ou no<br />
anus. De vez <strong>em</strong> quan<strong>do</strong> conv<strong>em</strong> se tome um purgante<br />
<strong>de</strong> sal d’Epsom ou <strong>de</strong> magnésia calcinada. Os<br />
cáusticos ou as fricções na região <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> com<br />
pomada stibiada são úteis.<br />
Recommendamos o uso das pílulas seguintes:<br />
Sabão medicinal ............ 3 grãos (15 centigr.).<br />
Nitro .............................. 1 grão (5 centigr.).<br />
Extracto <strong>de</strong> Zimbro ....... 2 grãos (10 centigr.).<br />
Faça-se 1 pilula e com esta mais 35. O <strong>do</strong>ente<br />
tomara duas pílulas por dia, uma <strong>de</strong> manhã, outra <strong>de</strong><br />
noite, e sobre a pílula <strong>de</strong> manhã beberá uma chicará <strong>de</strong><br />
cozimento d’herva tostão ou <strong>de</strong> parietaria.<br />
O bicarbonato <strong>de</strong> soda goza também <strong>de</strong><br />
reputação nesta molestia. Administra-se este sal na<br />
<strong>do</strong>se <strong>de</strong> 15 grãos (75 centigr.), e progressivamente até<br />
2 oitavas (8 gram.) por dia, numa chicara <strong>de</strong> cozimento<br />
<strong>de</strong> gramma.<br />
Águas minaraes sulfurais são também úteis<br />
contra o enfarte <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong>.<br />
Os outros medicamentos usa<strong>do</strong>s pelos<br />
facultativos nesta molestia são: calomelanos,<br />
rhuibar<strong>do</strong>, jalapa, gommagutta, cicuta e outros muitos<br />
que impossível é mencionar aqui.<br />
Estes meios po<strong>de</strong>m curar a molestia, sen<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s com perseverança, e ajuda<strong>do</strong>s por uma<br />
alimentação composta principalmente <strong>de</strong> vegetaes,<br />
leite, ovos, peixe, pouca carne, abstinência <strong>de</strong> vinho<br />
puro e <strong>de</strong> bebidas espirituosas, pelo uso <strong>do</strong>s banhos<br />
mornos e <strong>do</strong> exercício mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>. p. 302, 303, 304,<br />
305 e 306.<br />
_____________________________________
Rheumatismo – Affecção cujo principal principal<br />
caracter consiste <strong>em</strong> uma <strong>do</strong>r viva nos músculos ou<br />
nas articulações (juntas), <strong>do</strong>n<strong>de</strong> v<strong>em</strong> os nomes <strong>de</strong><br />
rheumatismo muscular e rheumatismo articular. O<br />
rheumatismo é agu<strong>do</strong> ou chronico. O rheumatismo<br />
articular agu<strong>do</strong> apresenta analogia com a gota, e por<br />
isso foi chama<strong>do</strong> rheumatismo gotoso; mas não<br />
occupa senão as gran<strong>de</strong>s articulações, entretanto que a<br />
gota é mui freqüente nas pequenas, e principia quase<br />
s<strong>em</strong>pre pela articulação <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong> pé. Causas. O frio<br />
humi<strong>do</strong> é a causa mais ordinária <strong>do</strong> rheumatismo. Esta<br />
molestia é frequent<strong>em</strong>ente produzida pelas mudanças<br />
súbitas <strong>de</strong> uma t<strong>em</strong>peratura mui elevada para uma<br />
t<strong>em</strong>peratura baixa; por <strong>de</strong>itar-se a gente sobre a terra<br />
humida e fria ou <strong>em</strong> um lugar que reúne estas duas<br />
condições nocivas, e pelo contacto <strong>de</strong> um ar frio sobre<br />
uma parte <strong>do</strong> corpo, quan<strong>do</strong> o resto está quente ou<br />
suan<strong>do</strong>, e especialmente durante o somno. Depois<br />
<strong>de</strong>stas causas v<strong>em</strong> as fadigas excessivas, o abuso <strong>do</strong>s<br />
licores alcoólicos, o uso e alimentos mui excitantes, a<br />
suppressão <strong>de</strong> h<strong>em</strong>orrhagias habituais; enfim, o<br />
rheumatismo <strong>de</strong>clara-se as vezes s<strong>em</strong> causa apparente.<br />
Esta molestia raramente se observa nas<br />
crianças. Os indivíduos que t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> affecta<strong>do</strong>s uma<br />
vez <strong>de</strong> <strong>do</strong>res rheumatismaes estão sujeitos a vê-las<br />
novamente apparecer <strong>em</strong> épocas mais ou menos<br />
<strong>de</strong>moradas. Os homens são mais a ellas que as<br />
mulheres. Os homens, com effeito, entregão-se a<br />
trabalhos penosos, a marchas forçadas; supportão<br />
todas as int<strong>em</strong>péries <strong>do</strong> ar e as fadigas da guerra: não<br />
é, por conseguinte, extraordinário que, submetti<strong>do</strong>s<br />
mais ordinariamente as causas occasionaes da<br />
molestia, a soffrão mais frequent<strong>em</strong>ente que as<br />
mulheres, às quaes pertenc<strong>em</strong> os trabalhos menos<br />
laboriosos. O rheumatismo é mais comum nos paizes<br />
frios que nos paizes quentes. Entre as profissões que<br />
mais <strong>de</strong>tterminão a sua apparição, sobresah<strong>em</strong> as <strong>de</strong><br />
marinheiro, militar, pesca<strong>do</strong>r, lavan<strong>de</strong>ira, pa<strong>de</strong>iro, etc.<br />
Symptomas. A <strong>do</strong>r é quase o único caráter <strong>do</strong><br />
rheumatismo muscular. É viva e dilacerante <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
agu<strong>do</strong>; augmenta pelo mais leve contacto, pelos<br />
movimentos; torna as vezes estes movimentos<br />
impossíveis. Enfim, quan<strong>do</strong> a molestia e intensa, esta<br />
<strong>do</strong>r é ordinariamente fixa; é, pelo contrario, vaga, e<br />
muda-se rapidamente <strong>de</strong> um para outro lugar quan<strong>do</strong> a<br />
molestia é leve. A pelle correspon<strong>de</strong> ao lugar <strong>do</strong>loroso<br />
não apresenta mudança <strong>de</strong> cor n<strong>em</strong> inchação: a febre<br />
só existe se o rheumatismo muscular é agu<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong><br />
a molestia principia <strong>de</strong>baixo da forma chronica, ou<br />
passa a este esta<strong>do</strong>, não há frequência <strong>do</strong> pulso, e só<br />
exist<strong>em</strong> symptomas locaes. O rheumatismo muscular<br />
toma nomes differentes conforme as partes que<br />
occupa: chama-se torcicollo quan<strong>do</strong> se mostra no<br />
pescoço, lumbago quan<strong>do</strong> está nas ca<strong>de</strong>iras,<br />
pleurodinia quan<strong>do</strong> se fixa nos músculos que cobr<strong>em</strong><br />
o peito.<br />
O rheumatismo articular agu<strong>do</strong> principia<br />
ordinariamente por um calafrio, pela acceleração <strong>do</strong><br />
pulso, calor da pelle e <strong>do</strong>r <strong>de</strong> cabeça. Após algumas<br />
horas <strong>de</strong> duração <strong>de</strong>stes symptomas, uma ou mais<br />
juntas tornão-se <strong>do</strong>lorosas e inchão, a pelle que as<br />
cobre é mui quente, e toma as vezes uma cor rosácea;<br />
o movimento <strong>de</strong>stas partes é diffícil, <strong>do</strong>loroso e logo<br />
impossível; a <strong>do</strong>r augmenta e adquire ás vezes uma tal<br />
violência, que o menor movimento imprimi<strong>do</strong> aos<br />
m<strong>em</strong>bros, o simples peso <strong>do</strong> cobertor, é insupportavel.<br />
Os <strong>do</strong>entes comparão-a á sensação que po<strong>de</strong>rião<br />
causar mor<strong>de</strong>duras ou picadas através da articulação.<br />
Esta <strong>do</strong>r po<strong>de</strong> atacar muitas articulações, até po<strong>de</strong><br />
occupa-las quasi todas. Então o <strong>do</strong>ente está<br />
verda<strong>de</strong>iramente <strong>em</strong> uma horrorosa posição. Não po<strong>de</strong><br />
mover parte alguma s<strong>em</strong> dar gritos; t<strong>em</strong>e os socorros<br />
das pessoas que o quer<strong>em</strong> ajudar a mover-se, visto que<br />
não o po<strong>de</strong>m tocar s<strong>em</strong> lhe exasperar os soffrimentos.<br />
O movimento <strong>do</strong> soalho occasiona<strong>do</strong> pelo andar no<br />
quarto basta para augmentar as <strong>do</strong>res.<br />
Os symptomas geraes da febre, que prece<strong>de</strong>rão<br />
a apparição <strong>do</strong> rheumatismo, apresentão alternativas<br />
continuas <strong>de</strong> exacerbação e r<strong>em</strong>ittencia. A duração <strong>do</strong><br />
rheumatismo articular agu<strong>do</strong> varia <strong>de</strong> quinze dias até<br />
<strong>do</strong>us ou três mezes: <strong>em</strong> alguns casos raros <strong>de</strong>sapparece<br />
<strong>em</strong> tres ou quatro dias, diminue gradualmente e<br />
termina <strong>em</strong> geral por uma resolução completa. Os<br />
symptomas tornão-se <strong>de</strong> dia <strong>em</strong> dia menos intensos:<br />
uma rijeza <strong>do</strong>s movimentos substitue a <strong>do</strong>r, e as partes<br />
recobrão pouco a pouco o livre exercício <strong>de</strong> suas<br />
funções. As vezes a molestia <strong>de</strong>sapparece <strong>de</strong> repente,<br />
outras vezes passa ao esta<strong>do</strong> chronico.<br />
No rheumatismo articular chronico a <strong>do</strong>r é <strong>em</strong><br />
geral o único symptoma que se mostra ao principio, as<br />
articulações affectadas não se acham vermelhas, a<br />
inchação não v<strong>em</strong> senão mui lentamente. Por mais<br />
violenta que seja a <strong>do</strong>r, quasi nunca provoca a febre; a<br />
impressão <strong>do</strong> frio augmenta-a, o calor parece acalmala,<br />
aggrava-se nos dias humi<strong>do</strong>s, diminue <strong>em</strong> sua<br />
atmosfera secca. O rheumatismo articular chronico,<br />
haven<strong>do</strong> dura<strong>do</strong> algum t<strong>em</strong>po, <strong>de</strong>sapparece<br />
repentinamente, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> por muitos mezes os <strong>do</strong>entes<br />
<strong>em</strong> tranqullida<strong>de</strong>; mas <strong>de</strong>pois torna a apparecer<br />
espontaneamente, ou pelo effeito <strong>de</strong> uma mudança <strong>de</strong><br />
estação, <strong>de</strong> uma impressão <strong>do</strong> frio, ou <strong>de</strong> um excesso<br />
no regimen. Tratamento. No rheumatismo articular<br />
agu<strong>do</strong>, acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> muita febre, é preciso recorrer<br />
ao tártaro <strong>em</strong>ético, segun<strong>do</strong> a receita seguinte:<br />
Água comum .................. 5 onças (156 gram.)<br />
Tártaro <strong>em</strong>ético .............. 4 grãos (20 centigr.)<br />
Xarope diacodio ............. ½ onça (16 gram.).<br />
Misture e administre-se duas colheres <strong>de</strong> sopa<br />
<strong>de</strong> duas <strong>em</strong> duas horas até acabar a poção.<br />
Nos dias seguintes o <strong>do</strong>ente tomará estas<br />
pílulas:<br />
Ópio ...................... 3 grãos (15 centig.)<br />
Extracto <strong>de</strong> zimbro 15 grãos (75 centig.)<br />
Facão-se 18 pilulas. O <strong>do</strong>ente tomará uma<br />
pílula <strong>de</strong> 2 <strong>em</strong> 2 horas, e por cima <strong>de</strong> cada pílula<br />
beberá uma chicara <strong>do</strong> cozimento seguinte:<br />
Infusão <strong>de</strong> folhas<br />
<strong>de</strong> laranjeira ................. 20 onças (625 gram.)<br />
Nitro ............................ 2 oitavas (8 gram.)<br />
Assucar ........................ 1 onça (32 gram.).
Emquanto durar a febre, o <strong>do</strong>ente só usará <strong>de</strong><br />
cal<strong>do</strong>s <strong>de</strong> frango ou <strong>de</strong> gallinha; não lhe po<strong>de</strong>rá ser<br />
permittida nenhuma comida sólida.<br />
Sobre o lugar <strong>do</strong>loroso applicão-se<br />
cataplasmas <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> linhaça, que se continuão<br />
alguns dias. Mas, comquanto certos <strong>do</strong>entes sent<strong>em</strong><br />
allivio com a cataplasma <strong>de</strong> linhaça, outros não o t<strong>em</strong>,<br />
porque há um gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> pessoas que não<br />
po<strong>de</strong>m supportar corpo algum pesa<strong>do</strong> sobre os pontos<br />
affecta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> rheumatismo, e então o único recurso<br />
será envolver a parte <strong>em</strong> baeta.<br />
Antes <strong>de</strong> se applicar a cataplasma, é bom<br />
friccionar a junta <strong>do</strong>lorosa com o linimento seguinte:<br />
Óleo canphora<strong>do</strong> ............... 1 onça (32 gram.).<br />
Láudano <strong>de</strong> Sy<strong>de</strong>nham ...... 1 onça (32 gram.).<br />
Óleo canphora<strong>do</strong> ............... 1 onça (32 gram.).<br />
Misture-se.<br />
To<strong>do</strong> este tratamento que acaba <strong>de</strong> ser<br />
indica<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser segui<strong>do</strong> durante a febre; mas quan<strong>do</strong><br />
o pulso diminue <strong>de</strong> frequencia, isto é quan<strong>do</strong> o<br />
rheumatismo passa ao esta<strong>do</strong> chronico, é preciso que<br />
se recorra as applicações seguintes:<br />
1º Sinapismos, que se applicão nas juntas<br />
<strong>do</strong>lorosas, durante <strong>de</strong>z a quinze minutos.<br />
2º Fricções com um <strong>do</strong>s linimentos cujas<br />
receitas segu<strong>em</strong>:<br />
Linimento terebenthina<strong>do</strong> e camphora<strong>do</strong>.<br />
Essência <strong>de</strong> terebenthina . 2 onças (64 gram.).<br />
Óleo camphora<strong>do</strong> ............ 2 onças (64 gram.).<br />
Misture-se.<br />
Linimento volátil.<br />
Álcali volátil .................... 2 oitavas (8 gram.)<br />
Óleo <strong>de</strong> amên<strong>do</strong>as <strong>do</strong>ces .. 2 onças (64 gram.)<br />
Misture-se.<br />
Os banhos d’agua morna, os <strong>de</strong> vapor e as fumigações<br />
<strong>de</strong> alcanfor <strong>em</strong>pregão-se também com vantag<strong>em</strong> nesta<br />
molestia. Indicamos a maneira <strong>de</strong> sua administração<br />
no artigo FUMIGAÇÃO.<br />
Os cáusticos applica<strong>do</strong>s sobre os lugares<br />
<strong>do</strong>lorosos são geralmente segui<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bons resulta<strong>do</strong>s.<br />
Tratamento <strong>do</strong> rheumatismo muscular. O<br />
rheumatismo muscular não é tão grave como o<br />
rheumatismo articular; não há vermelhidão n<strong>em</strong><br />
inchação; a <strong>do</strong>r é seu único signal; ella muda<br />
facilmente <strong>de</strong> sitio. O tratamento <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> contra o<br />
rheumatismo muscular compõ<strong>em</strong>-se <strong>de</strong> sinapismos,<br />
fricções com linimento terebenthina<strong>do</strong> camphora<strong>do</strong>,<br />
ou com linimento volátil acima indica<strong>do</strong>s; e no caso<br />
que a molestia resista a estes meios, é preciso que se<br />
applique um caustico no lugar <strong>do</strong>loroso. p. 380, 381,<br />
382, 383 e 384.<br />
_____________________________________<br />
Sarampo ou sarampão – Esta molestia é uma febre<br />
acompanhada <strong>de</strong> tosse, vermelhidão <strong>do</strong>s olhos, e<br />
caracterisada pela erupção sobre a pelle <strong>de</strong> pequenas<br />
pintas vermelhas, s<strong>em</strong>elhantes as mor<strong>de</strong>duras <strong>de</strong><br />
pulgas. Causas. O sarampo é produzi<strong>do</strong> por uma causa<br />
que não é conehcida; reina ordinariamente <strong>de</strong> uma<br />
maneira epidêmica; isto é, ataca um gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong><br />
indivíduos ao mesmo t<strong>em</strong>po. Transmitte-se facilmente<br />
entre as pessoas que habitão a mesma casa; entretanto,<br />
como acontece <strong>em</strong> todas as moléstias contagiosas, não<br />
se po<strong>de</strong> contrahir s<strong>em</strong> uma certa predisposição.<br />
Observa-se <strong>de</strong> ordinário nas crianças, b<strong>em</strong> que possa<br />
manifestar-se <strong>em</strong> todas as ida<strong>de</strong>s; ataca raramente duas<br />
vezes o mesmo individuo: comtu<strong>do</strong> houve pessoas que<br />
tiverão esta molestia tres vezes. Desenvolve-se <strong>em</strong><br />
to<strong>do</strong>s os climas; segun<strong>do</strong> Anghiera, não era conhecida<br />
na América, e foi importada no novo mun<strong>do</strong> no anno<br />
<strong>de</strong> 1518. Symptomas. Um olho exercita<strong>do</strong> reconhece<br />
frequent<strong>em</strong>ente a invasão <strong>do</strong> sarampo pelos primeiros<br />
symptomas que o distingu<strong>em</strong>. Assim, no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong><br />
uma epi<strong>de</strong>mia, quan<strong>do</strong> se vê uma criança, que t<strong>em</strong> ti<strong>do</strong><br />
algumas relações com um individuo affecta<strong>do</strong> da<br />
molestia, ser atacada <strong>de</strong> fastio calafrios, <strong>do</strong>r <strong>de</strong> cabeça,<br />
sensibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s olhos, espirros, tosse, etc., é pouco<br />
mais ou menos certo que esta criança está affectada <strong>de</strong><br />
sarampo. Entretanto, precipitan<strong>do</strong> nosso juízo,<br />
corr<strong>em</strong>os o risco <strong>de</strong> enganar-nos, visto que uma<br />
simples febre <strong>de</strong> <strong>de</strong>fluxo, ou qualquer outra molestia,<br />
po<strong>de</strong> offerecer todas as invasões <strong>do</strong> sarampo. Eis-aqui<br />
os seus caracteres mais ordinários.<br />
A molestia principia por alternativas <strong>de</strong> frio e<br />
calor, por fastio, lassidão nos m<strong>em</strong>bros, e um<br />
sentimento <strong>de</strong> <strong>do</strong>r e peso nos olhos e na testa,<br />
acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmir. Logo o pulso se<br />
accelera, a pelle torna-se quente, a superfície da língua<br />
fica branca, entretanto que sua ponta e margens estão<br />
<strong>de</strong> uma cor vermelha: existe se<strong>de</strong>, manifestão-se<br />
náuseas, as vezes vomitos, e o ventre fica as vezes<br />
<strong>do</strong>loroso. No segun<strong>do</strong> dia da invasão, to<strong>do</strong>s estes<br />
symptomas se pronunciam com mais intensida<strong>de</strong>: os<br />
olhos ficam vermelhos e cheios <strong>de</strong> lágrimas, o <strong>do</strong>ente<br />
espirra a miú<strong>do</strong>, experimenta comichão no nariz, um<br />
sentimento <strong>de</strong> peso na bocca <strong>do</strong> estomago. A garganta<br />
torna-se um pouco <strong>do</strong>lorosa, manifesta-se uma tosse<br />
mais ou menos violenta; e nas crianças a somnolencia,<br />
e até convulsões passageiras se ajuntam as vezes a<br />
estes fenômenos. No terceiro dia, a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
symptomas vai s<strong>em</strong>pre crescen<strong>do</strong>, os olhos tornão-se<br />
sensíveis e inflamma<strong>do</strong>s, as pálpebras e suas margens<br />
parec<strong>em</strong> um pouco inchadas; uma tosse secca, um<br />
sentimento <strong>de</strong> constricção no peito, as vezes <strong>de</strong>lírio,<br />
prece<strong>de</strong>m a apparição da erupção, que se <strong>de</strong>clara<br />
ordinariamente no quarto dia da molestia. Pequenas<br />
pintas vermelhas, pouco resaltadas, <strong>de</strong> forma e<br />
dimensão <strong>de</strong> mor<strong>de</strong>duras <strong>de</strong> pulga, apparec<strong>em</strong><br />
primeiramente sobre a testa, nariz, faces, e se espalhão<br />
successivamente pelo pescoço, peitos e m<strong>em</strong>bros. Esta<br />
erupção é quasi s<strong>em</strong>pre acompanhada <strong>de</strong> comichão e<br />
vivo calor na pelle. Estas pintas augmentão, reún<strong>em</strong>-se<br />
umas com outras, e exce<strong>de</strong>m um pouco o nível da<br />
pelle; o que mais se reconhece pelo tacto <strong>do</strong> que pela<br />
vista. Logo que os sarampos acabarão se sahir, a<br />
freqüência <strong>do</strong> pulso, o calor, a se<strong>de</strong>, a vermelhidão <strong>do</strong>s<br />
olhos, o <strong>de</strong>fluxo, a <strong>do</strong>r <strong>de</strong> garganta, etc., diminu<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
intensida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>sapparec<strong>em</strong> as vezes completamente;<br />
só a oppressão <strong>do</strong> peito e a tosse persist<strong>em</strong> <strong>em</strong> alguns<br />
indivíduos. Depois <strong>de</strong> tres ou quatro dias <strong>de</strong> duração;
isto é, no sétimo ou oitavo dia da molestia, estas pintas<br />
principião a <strong>de</strong>smaiar na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sua invasão; isto é,<br />
primeiro as <strong>do</strong> rosto, e <strong>de</strong>pois successivamente as das<br />
outras partes <strong>do</strong> corpo. A pelle torna-se rugosa, e a<br />
epi<strong>de</strong>rme, <strong>de</strong>spega-se por escamas. As vezes,<br />
entretanto, a <strong>de</strong>scamação é nulla ou invisível, ao<br />
menos <strong>em</strong> algumas regiões <strong>do</strong> corpo. Se fica ainda<br />
nesta época frequência <strong>do</strong> pulso, calor e tosse, tu<strong>do</strong><br />
isto <strong>de</strong>sapparece <strong>em</strong> geral <strong>do</strong> nono ao undécimo dia.<br />
Marcha, duração e prognóstico. A marcha <strong>de</strong>sta<br />
molestia, tal qual acabamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>screve-la, é a mais<br />
ordinária, porém não é constante: a erupção faz-se as<br />
vezes mais ce<strong>do</strong>, outras mais tar<strong>de</strong>: as pintas,<br />
ordinariamente <strong>de</strong> uma cor vermelha viva, são, <strong>em</strong><br />
alguns casos, pallidas, lívidas, ou preta; o que, <strong>em</strong><br />
geral, é <strong>de</strong> mao agouro: symptomas graves <strong>de</strong><br />
inflamação <strong>do</strong> peito manifestão-se as vezes; <strong>em</strong>fim, a<br />
inflammação das vias digestivas, po<strong>de</strong> ser levada ao<br />
mais alto grao <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, e impedir que a erupção<br />
seja completa. Quanto mais moços são os indivíduos<br />
que o sarampo ataca, tanto mais receio <strong>de</strong>ve inspirar<br />
esta molestia; mas não conv<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que<br />
nunca é a erupção que compromette a vida, mas sim a<br />
inflammação <strong>do</strong>s órgãos internos que a acompanham<br />
ou lhe succe<strong>de</strong>m. Tratamento. Quan<strong>do</strong> a febre é<br />
pouco intensa e a erupção percorre com facilida<strong>de</strong> e<br />
regularida<strong>de</strong> os seus perío<strong>do</strong>s, o tratamento <strong>do</strong><br />
sarampo é um <strong>do</strong>s mais simples. Por o <strong>do</strong>ente <strong>em</strong> uma<br />
t<strong>em</strong>peratura n<strong>em</strong> fria n<strong>em</strong> quente; cobri-lo<br />
bastant<strong>em</strong>ente para preserva-lo <strong>do</strong> frio, s<strong>em</strong> fatiga-lo<br />
com um calor incommo<strong>do</strong>; fazer-lhe observar uma<br />
dieta completa; administrar-lhes bebidas <strong>em</strong>ollientes<br />
mornas, como a <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong> althéa, <strong>de</strong> arroz, <strong>de</strong><br />
cevada com assucar; dar-lhes algumas colheres <strong>de</strong><br />
loock ou xarope <strong>de</strong> gomma contra a tosse; <strong>em</strong>fim,<br />
preservar-lhes os olhos <strong>de</strong> uma luz mui viva, taes são<br />
os meios que é preciso <strong>em</strong>pregar contra esta affecção.<br />
A opressão, a anxieda<strong>de</strong>, a agitação que se observão<br />
no terceiro, quarto e quinto dias <strong>do</strong>s sarampos, não<br />
reclamam <strong>de</strong> nenhum mo<strong>do</strong> a applicação das bichas;<br />
ce<strong>de</strong>m pouco a pouco pelo uso das bebidas<br />
<strong>em</strong>ollientes.<br />
Se a erupção viesse a <strong>de</strong>sapparecer <strong>de</strong> repente,<br />
seria preciso metter o <strong>do</strong>ente n’um banho morno,<br />
applicar sinapismos nas pernas e braços, e até (se os<br />
symptomas foss<strong>em</strong> graves) pôr cáusticos nas mesmas<br />
regiões.<br />
Se sobrevier<strong>em</strong> convulsões nas crianças<br />
atacadas <strong>de</strong> sarampos, será urgente applicar bichas<br />
atrás das orelhas, pôr sinapismos nas pernas.<br />
Quan<strong>do</strong> há diarrhea abundante, <strong>de</strong>ve ser<br />
combatida pelas cataplasmas <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> linhaça<br />
sobre o ventre, e por clysteres <strong>de</strong> <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong> raiz <strong>de</strong><br />
althéa ou <strong>de</strong> s<strong>em</strong>entes <strong>de</strong> linhaça.<br />
A inflammação <strong>do</strong>s olhos <strong>de</strong>ve ser aban<strong>do</strong>nada<br />
a si mesma, se for leve; conv<strong>em</strong> que seja combatida<br />
pelos lavatórios com <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong> s<strong>em</strong>entes <strong>de</strong> linhaça,<br />
se for mais intensa: um caustico na nuca e purgantes<br />
são necessários, se ella persistir na convalescença.<br />
Emfim, quan<strong>do</strong> as pintas são pallidas, ou<br />
quan<strong>do</strong> o pulso está fraco e accelera<strong>do</strong>, a pelle apenas<br />
quente, e quan<strong>do</strong> existe fraqueza extr<strong>em</strong>a, administrarse-há<br />
xarope <strong>de</strong> quina ou vinho <strong>de</strong> quina por colheres,<br />
<strong>de</strong> hora <strong>em</strong> hora, e applicar-se-hão sinapismo, e mais<br />
tar<strong>de</strong> caustico nas pernas.<br />
Na convalescença <strong>do</strong>s sarampos, muitas<br />
pessoas julgão que um purgante <strong>de</strong>ve ser<br />
necessariamente administra<strong>do</strong>: este metho<strong>do</strong> é inútil<br />
<strong>em</strong> muitos casos, e conv<strong>em</strong> só quan<strong>do</strong> persiste a tosse,<br />
e então este purgante <strong>de</strong>ve ser ou manná ou óleo <strong>de</strong><br />
rícino.<br />
A época <strong>em</strong> que o contagio já não é para t<strong>em</strong>er<br />
não está rigorosamente <strong>de</strong>terminada. A isolação, único<br />
meio preservativo, <strong>de</strong>ve ser prolongada até o vigésimo<br />
dia. Nas epi<strong>de</strong>mias <strong>do</strong>s sarampos graves e malignos a<br />
prudência aconselha que se afast<strong>em</strong> as crianças <strong>do</strong><br />
theatro da epi<strong>de</strong>mia. p. 428, 429, 430, 431 e 432.<br />
_____________________________________<br />
Sífilis – Syphilis, mal syphilitico, mal venereo, galico,<br />
taes são os diversos nomes <strong>de</strong> uma molestia<br />
caracterisada por vários symptomas <strong>de</strong> que nos vamos<br />
occupar no presente artigo. Esta molestia é<br />
<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente contagiosa. E <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um vírus,<br />
cuja natureza intima, como a <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os outros vírus,<br />
não é conhecida, mas cuja influencia <strong>de</strong>leteria se<br />
manisfesta sufficient<strong>em</strong>ente na economia, pelos<br />
diversos effeitos que occasiona. Transmitte-se mais<br />
ordinariamente pela approximação <strong>do</strong>s sexos; mas<br />
contrahe-se também por qualquer outra espécie <strong>de</strong><br />
contacto immediato, comtanto que as partes que<br />
corr<strong>em</strong> este risco sejão simplesmente cobertas <strong>de</strong><br />
m<strong>em</strong>brana mucosa, como a glan<strong>de</strong>, os lábios, etc., ou<br />
então que, sen<strong>do</strong> cobertas pela pelle, esta ultima se<br />
ache <strong>de</strong>spida <strong>de</strong> sua epi<strong>de</strong>rme por qualquer ferida.<br />
Resultão disso mui frequentes ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong><br />
s<strong>em</strong>elhantes moléstias contrahidas pela amamentação,<br />
por beijos, ou pela applicação da materia virulenta nos<br />
olhos, ventas, anus, e até nos <strong>de</strong><strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> nelles<br />
exist<strong>em</strong> esfoladuras. Um copo, uma colher, um<br />
cachimbo communs a muitos indivíduos, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sta<br />
maneira communicar a molestia: o mesmo se enten<strong>de</strong><br />
com o apertar a mão; mas é preciso que o objecto<br />
esteja impregna<strong>do</strong> <strong>de</strong> materia virulenta para que<br />
aconteça esta <strong>de</strong>sgraça.<br />
Os primeiros autores que <strong>de</strong>screverão os<br />
effeitos <strong>de</strong>ste contagio sob o nome <strong>de</strong> syphilis datão<br />
<strong>do</strong> fim <strong>do</strong> XV século. Na época este mal, que<br />
provavelmente há existi<strong>do</strong> <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os t<strong>em</strong>pos, tomou<br />
um aspecto tão violento, que todas as classes da<br />
socieda<strong>de</strong> seriamente se assustarão <strong>de</strong>lle. Depois <strong>de</strong><br />
ter<strong>em</strong> feito muitas conjecturas sobre a orig<strong>em</strong> <strong>de</strong>ste<br />
flagello, a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s médicos e <strong>do</strong>s<br />
historia<strong>do</strong>res a<strong>do</strong>ptou a opinião <strong>em</strong>itida por Gonzalves<br />
Fernan<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Ovie<strong>do</strong>, que a attribuia aos indígenas das<br />
Antilhas. Segun<strong>do</strong> este historia<strong>do</strong>r, os companheiros<br />
<strong>de</strong> Cristóvão Colombo, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>barca<strong>do</strong>s no reino <strong>de</strong><br />
Nápoles <strong>em</strong> 1495, forão os que ahi espalharam esta<br />
molestia. Em 1596, o exercito francez fora inficiona<strong>do</strong>
da syphilis no sitio <strong>de</strong> Nápoles, segun<strong>do</strong> refere outro<br />
autor, Coradin Gilini, e communicará por toda a<br />
Europa a molestia, que <strong>em</strong> muitas línguas recebeu o<br />
nome <strong>de</strong> gallico ou mal francez, b<strong>em</strong> que os Francezes<br />
ao principio o chamass<strong>em</strong> mal italiano ou mal <strong>de</strong><br />
Nápoles. Esta opinião foi quasi geralmente admitida<br />
na Europa. Mas os autores que se t<strong>em</strong> occupa<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste<br />
ponto <strong>de</strong> historia t<strong>em</strong> restringi<strong>do</strong> muito a questão, não<br />
investigan<strong>do</strong> senão o que é relativo à importação ou á<br />
diffusão da molestia. Não se trata aqui <strong>de</strong> saber<br />
quan<strong>do</strong> é que a syphilis appareceu na Europa; o que<br />
cumpre é conhecer como ella se <strong>de</strong>senvolveu. Quan<strong>do</strong><br />
se chegasse a fixar <strong>de</strong> uma maneira positiva seu<br />
itinerário, suppon<strong>do</strong>-se, por ex<strong>em</strong>plo, que<br />
effectivamente, foi da América para a Europa, restaria<br />
ainda a <strong>de</strong>cidir como se produzira na América; isto é,<br />
seria necessário propor-se esta questão: qual foi o<br />
principio ou a causa da syphilis? Esta questão<br />
provavelmente nunca será resolvida. Mas<br />
relativamente á orig<strong>em</strong> da syphilis, é provável que esta<br />
molestia tenha existi<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e<br />
<strong>em</strong> toda a parte ao mesmo t<strong>em</strong>po. Porquanto, se n’um<br />
momento se apresentou com tal frequência que se<br />
podia crer na invasão recente <strong>de</strong> uma affecção até<br />
então ignorada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> isso <strong>de</strong> um certo numero <strong>de</strong><br />
circunstancias difficeis <strong>de</strong> penetrar, mas sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
se ter então fixa<strong>do</strong> mais a attenção sobre esta molestia.<br />
Há com effeito provas que a syphilis existia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />
t<strong>em</strong>pos mais antigos entre os Ju<strong>de</strong>os, Gregos e<br />
Romanos: estas provas são: 1º algumas passagens <strong>do</strong><br />
livro <strong>de</strong> Moysés, <strong>em</strong> que este legisla<strong>do</strong>r recommenda<br />
as purificações por causa <strong>de</strong> escorrimentos <strong>de</strong> um e <strong>de</strong><br />
outro sexo; 2º as obras <strong>de</strong> muitos médicos antigos, e<br />
principalmente as <strong>de</strong> Hippocrates e <strong>de</strong> Celso, que<br />
<strong>de</strong>screve oito espécies <strong>de</strong> ulceras das partes genitaes;<br />
3º finalmente diversos <strong>do</strong>cumentos históricos, taes<br />
como muitos regulamentos relativos ás casas <strong>de</strong><br />
alcouce, to<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma data mui anterior à <strong>de</strong>scoberta<br />
da América. Sobrão autores para corroborar<strong>em</strong> esta<br />
opinião, que já t<strong>em</strong> por si muito <strong>de</strong> racional a primeira<br />
vista.<br />
Os symptomas da syphilis são primitivos ou<br />
consecutivos. Os primitivos são os que se <strong>de</strong>clarão<br />
poucos dias <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter<strong>em</strong> si<strong>do</strong> communica<strong>do</strong>s, e<br />
que se mostram nas partes <strong>em</strong> que o vírus foi<br />
applica<strong>do</strong>: taes são os cavallos, as mulas, os<br />
esquentamentos, e as vezes diversas excrescencias que<br />
se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> nas partes genitaes. Quan<strong>do</strong> estes<br />
symptomas se t<strong>em</strong> espontaneamente dissipa<strong>do</strong>, ou<br />
quan<strong>do</strong> o seu tratamento foi incomleto, resultõo disso<br />
frequent<strong>em</strong>ente, symptomas consecutivos; sua reunião<br />
forma uma molestia syphilitica constitucional. Po<strong>de</strong>m<br />
patentear-se alguns mezes ou até alguns annos <strong>de</strong>pois<br />
da cura da molestia primitiva. Estes symptomas são:<br />
ulceras que tornão a apparecer nas partes sexuaes, ou<br />
que sobrev<strong>em</strong> na garganta, nos beiços, nas ventas, no<br />
céo da bocca, nas pernas ou nos braços, feridas na<br />
vizinhança <strong>do</strong> anus que entret<strong>em</strong> a humida<strong>de</strong> nesta<br />
parte; excrescências, vegetações nas partes genitaes ou<br />
<strong>em</strong> roda <strong>do</strong> anus, differentes erupções cutâneas, <strong>do</strong>res<br />
nocturnas nos ossos, tumores que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> nos<br />
mesmo órgãos; a queda <strong>do</strong> cabello, das unhas; os<br />
zuni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>s, a sur<strong>de</strong>z; e <strong>em</strong>fim um gran<strong>de</strong><br />
numero <strong>de</strong> outros symptomas, que são os effeitos <strong>de</strong><br />
uma inffecção geral mais ou menos antiga.<br />
D<strong>em</strong>or<strong>em</strong>o-nos um pouco sobre cada um <strong>de</strong>stes<br />
symptomas.<br />
SYMPTOMAS DE SYPHILIS RECENTE OU<br />
LEVE. 1º Esquentamento, purgação, Blennorrhagia<br />
ou Gonorrhea. Esta molestia é caracterisada por um<br />
escorrimento mucoso, puriforme, que provém <strong>do</strong> canal<br />
da uretra no hom<strong>em</strong>, ou na vagina da mulher, e que é<br />
acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> calor, e ar<strong>do</strong>r excessivo, sobretu<strong>do</strong><br />
durante a <strong>em</strong>issão <strong>de</strong> ourinas.<br />
2º Cavallos ou Cancros venéreos. Pequenas<br />
ulcerações syphiliticas, que principião commummente<br />
por pequenas no<strong>do</strong>as vermelhas que causão uma<br />
comichão incommoda, e que se transformão logo <strong>em</strong><br />
um pequeno botão. O ápice <strong>de</strong>ste botão fica branco,<br />
torna-se transparente, abre-se e <strong>de</strong>ixa sahir um liqui<strong>do</strong><br />
claro. Pouco a pouco a ulceração se cava, <strong>de</strong>ixa sair<br />
uma materia, purulenta, viscosa, fétida, e mui<br />
virulenta, e transforma-se <strong>em</strong> verda<strong>de</strong>iro cavallo. Os<br />
lugares <strong>em</strong> que este symptoma se manifesta mais<br />
frequent<strong>em</strong>ente são, no hom<strong>em</strong>, a glan<strong>de</strong> e o prepúcio,<br />
e na mulher, a face interna da vulva. Os cavallos<br />
po<strong>de</strong>m as vezes apparecer nos beiços, nas margens <strong>do</strong><br />
anus, no bico <strong>do</strong> peito, na bocca, e até na pelle <strong>do</strong><br />
escroto e <strong>do</strong> m<strong>em</strong>bro viril, quan<strong>do</strong> estas partes<br />
estiverão <strong>em</strong> contacto immediato com o vírus. Os<br />
cavallos t<strong>em</strong> caracteres que serv<strong>em</strong> a distingui-los das<br />
ulcerações não syphiliticas que se po<strong>de</strong>m encontrar<br />
nos órgãos genitaes: sua superfície é <strong>de</strong> cor parda ou<br />
amarellada, suas margens são vermelhas e cortadas<br />
perpendicularmente.<br />
3º Mula ou Bubão. O bubão é um tumor mais<br />
ou menos consi<strong>de</strong>rável, forma<strong>do</strong> pelo engurgitamento<br />
das gladulas linfáticas da virilha.<br />
Estes três symptomas forão já discriptos <strong>em</strong><br />
artigos separa<strong>do</strong>s; referimo-nos, por coonseguinte, ás<br />
palavras ESQUENTAMENTO, CAVALLOS,<br />
MULAS, e passamos a outros symptomas da syphilis<br />
recente, <strong>de</strong> que ainda não tratamos nesta obra.<br />
4º Phimosis. Existe phimosis todas as vezes<br />
que o prepúcio, estreita<strong>do</strong> na sua abertura por uma<br />
causa qualquer, não po<strong>de</strong> ser puxa<strong>do</strong> para trás afim <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scobrir a glan<strong>de</strong>. Este esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
uma conformação natural, e então não constitui<br />
molestia; mas po<strong>de</strong> também ser acci<strong>de</strong>ntalmente<br />
produzi<strong>do</strong> pela inflammação da parte que reconhece<br />
commummente o vírus syphilitico por causa. É<br />
ordinariamente occasiona<strong>do</strong> por esquentamento ou por<br />
cavallos <strong>do</strong> prepúcio ou da glan<strong>de</strong>, os quaes<br />
<strong>de</strong>terminão a inchação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>us órgãos, e ás<br />
vezes <strong>de</strong> ambos.<br />
Quan<strong>do</strong> o phimosis é acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> pouca<br />
inflammação, não é necessário que os cavallos estejão<br />
<strong>de</strong>scobertos para se obter a cura; basta fazer-se<br />
injecções <strong>de</strong> <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong> linhaça entre a glan<strong>de</strong> e o<br />
prupúcio, afim <strong>de</strong> se expellir a suppuração; e
finalmente <strong>em</strong>pregar-se-hão banhos, bebidas<br />
refrigerantes, um regim<strong>em</strong> vegetal, conjuntamente<br />
com o tratamento mercurial interno. Será, além disso,<br />
vantajoso que se banhe frequent<strong>em</strong>ente o m<strong>em</strong>bro<br />
<strong>do</strong>ente, e que seja elle manti<strong>do</strong> applica<strong>do</strong> contra o<br />
ventre, afim <strong>de</strong> favorecer a volta <strong>do</strong>s líqui<strong>do</strong>s, e será<br />
preciso envolve-lo com cataplasma <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong><br />
linhaça.<br />
A mesma marcha <strong>de</strong>ve ser seguida no<br />
princípio quan<strong>do</strong> a inflammação for pouco activa; mas<br />
os symptomas são ás vezes tão intensos que exig<strong>em</strong> a<br />
applicação <strong>de</strong> algumas bichas no anus ou no baixoventre.<br />
Nunca se <strong>de</strong>v<strong>em</strong> applicar as bichas no próprio<br />
lugar inflamma<strong>do</strong>, porque então a irritação <strong>em</strong> vez <strong>de</strong><br />
diminuir, augmentaria.<br />
Quan<strong>do</strong>, apezar <strong>de</strong> todas estas precauções, a<br />
inflammação cresce cada vez mais, chegan<strong>do</strong> ás vezes<br />
a tal grao <strong>de</strong> violencia que occasiona <strong>do</strong>res horríveis,<br />
então o cirurgião faz cessar o extr<strong>em</strong>o aperto <strong>do</strong><br />
prepúcio, dividin<strong>do</strong>-o longitudinalmente com o bisturi,<br />
e <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong> faz <strong>de</strong>sapparecer os acci<strong>de</strong>ntes. Cura-se<br />
<strong>de</strong>pois a ferida com ceroto ou com unguento<br />
mercurial.<br />
5º Paraphimosis. O paraphimosis é<br />
absolutamente o contrario <strong>do</strong> phimosis: t<strong>em</strong> lugar<br />
quan<strong>do</strong> o prepúcio não po<strong>de</strong> cobrir a glan<strong>de</strong>. Este<br />
acci<strong>de</strong>nte sobrev<strong>em</strong> ás vezes a indivíduos sãos que,<br />
ten<strong>do</strong> a glan<strong>de</strong> habitualmente coberta, <strong>de</strong>scobr<strong>em</strong>-a, ou<br />
por curiosida<strong>de</strong>, ou para fazer<strong>em</strong> lavatórios, e esperão<br />
longo t<strong>em</strong>po para reconduzir<strong>em</strong> as partes a seu esta<strong>do</strong><br />
natural; a glan<strong>de</strong> então incha e torna-se mui volumosa<br />
para po<strong>de</strong>r passar <strong>de</strong> novo pela abertura estreita <strong>do</strong><br />
prepúcio. Este acci<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong> também ter lugar<br />
durante os esforços <strong>do</strong> coito, sobretu<strong>do</strong> com uma<br />
virg<strong>em</strong>. Assim, alguns recém-casa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m contrahir<br />
uma paraphimosis na primeira noite <strong>de</strong> suas bodas.<br />
T<strong>em</strong> havi<strong>do</strong> pessoas tão ignorantes que accusavão tão<br />
injustamente, por esta causa, suas esposas <strong>de</strong> lhe ter<strong>em</strong><br />
communica<strong>do</strong> uma molestia syphilitica. Mas o<br />
paraphimosis é também produzi<strong>do</strong> pela presença <strong>de</strong><br />
cavallos na glan<strong>de</strong>, e principalmente pela propagação<br />
da inflammação que existe na uretra quan<strong>do</strong> este canal<br />
esta affecta<strong>do</strong> <strong>de</strong> blenorrhagia.<br />
Qualquer que seja a causa <strong>do</strong> paraphimosis,<br />
eis-aqui as consequências <strong>de</strong>ste acci<strong>de</strong>nte. A abertura<br />
<strong>do</strong> prepúcio, applicada circularmente sobre o m<strong>em</strong>bro<br />
viril, aperta fort<strong>em</strong>ente este órgão e causa um<br />
obstáculo não só a circulação <strong>do</strong> sangue da glan<strong>de</strong>,<br />
mas ainda á <strong>do</strong> da m<strong>em</strong>brana interna <strong>do</strong> mesmo<br />
prepúcio, que incha e forma muitos anneis, <strong>de</strong>siguaes,<br />
vermelhos e luzidios. A glan<strong>de</strong> torna-se também<br />
vermelha e luzidia, todas as partes ficão mui<br />
<strong>do</strong>lorosas; os cavallos, se exist<strong>em</strong>, augmentão e<br />
inflammão-se. Quan<strong>do</strong> a constrição é pouco<br />
consi<strong>de</strong>rável, a vermelhidão e a <strong>do</strong>r <strong>de</strong>sapparec<strong>em</strong> ás<br />
vezes; então existe só inchação da m<strong>em</strong>brana interna<br />
<strong>do</strong> prepúcio, e neste esta<strong>do</strong> ficão as cousas por tanto<br />
t<strong>em</strong>po quanto for a <strong>de</strong>mora <strong>em</strong> se acudir ao<br />
paraphimosis; mas <strong>de</strong> ordinario o prepúcio e a glan<strong>de</strong><br />
inflammão-se, o <strong>do</strong>ente experimenta anxieda<strong>de</strong>,<br />
agitação e <strong>do</strong>res vivas, que não cessam senão quan<strong>do</strong> a<br />
gangrena t<strong>em</strong> <strong>de</strong>struí<strong>do</strong> o prepucio e seu freio. Depois<br />
da queda das partes mortificadas, a pelle cicatrisa-se<br />
pouco a pouco, e como felizmente é mui rara a<br />
gangrena da glan<strong>de</strong>, o <strong>do</strong>ente acha-se, <strong>de</strong>pois da cura,<br />
reduzi<strong>do</strong> ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> qu<strong>em</strong> se tenha<br />
pratica<strong>do</strong> a operação da circumcisão; isto é, fica com a<br />
glan<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>scoberta.<br />
Para prevenir estes acci<strong>de</strong>ntes, o <strong>do</strong>ente <strong>de</strong>ve<br />
recorrer immediatamente a um cirurgião, que reduzirá<br />
o prepúcio da maneira seguinte: Estan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente <strong>em</strong><br />
pé e encosta<strong>do</strong> a uma pare<strong>de</strong>, o opera<strong>do</strong>r applica o<br />
<strong>de</strong><strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cada mão atrás da glan<strong>de</strong> e puxa a<br />
pelle <strong>do</strong> prepúcio para diante entretanto que os <strong>do</strong>us<br />
<strong>de</strong><strong>do</strong>s pollegares, firma<strong>do</strong>s sobre a glan<strong>de</strong>, a repell<strong>em</strong><br />
para trás. Ao mesmo t<strong>em</strong>po outra pessoa <strong>de</strong>ita<br />
continuamente água fria sobre a glan<strong>de</strong>. A reducção<br />
faz-se <strong>de</strong> ordinário com facilida<strong>de</strong>; mas as vezes são<br />
necessários bastantes esforços. <strong>Uma</strong> vez restabelecidas<br />
as partes nas suas relações naturaes, o <strong>do</strong>ente<br />
experimenta um allivio prompto, a inchação e to<strong>do</strong>s os<br />
acci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sapparec<strong>em</strong>, e tu<strong>do</strong> entra no esta<strong>do</strong><br />
normal. Se exit<strong>em</strong> cavallos e outros symptomas<br />
venéreos, recobrão uma marcha mais regular; apenas é<br />
necessários ajudar-se a cura, que se obt<strong>em</strong> <strong>em</strong> alguns<br />
dias, pelos lavatórios <strong>em</strong>ollientes e pela posição <strong>do</strong><br />
m<strong>em</strong>bro viril, que <strong>de</strong>ve ser applica<strong>do</strong> contra o ventre.<br />
Quan<strong>do</strong>, <strong>em</strong>fim, a inflammação estiver acalmada,<br />
conv<strong>em</strong> que se continue o tratamento anti-venereo, se<br />
exist<strong>em</strong> cavallos ou alguns outros symptomas<br />
venéreos.<br />
6º Pústulas syphiliticas primitivas. São excrescências<br />
humidas, largas, chatas, <strong>de</strong> cor vermelha mais ou<br />
menos escura, arre<strong>do</strong>ndadas, extensas <strong>de</strong> três a seis<br />
linhas, e cuja superfície dá um flui<strong>do</strong> viscoso assaz<br />
abundante. Sobrev<strong>em</strong> nas partes genitaes, seis ou oito<br />
dias <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um coito impuro; mas as vezes não<br />
apparec<strong>em</strong> senão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quinze dias, ou mesmo<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um mez. Curão-se da mesma maneira que os<br />
cavallos.<br />
SYMPTOMAS DE SYPHILIS CONSECUTIVA. – 1º<br />
Ulceras. Estas ulceras, que apparec<strong>em</strong> quase s<strong>em</strong>pre<br />
longe <strong>do</strong> lugar que occupavão os symptomas<br />
primitivos da infecção, <strong>de</strong>clarão-se, quan<strong>do</strong> ce<strong>do</strong>,<br />
algumas s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong>pois da cura <strong>de</strong>stes últimos: as<br />
mais das vezes só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitos mezes, e até <strong>de</strong><br />
muitos annos. Encontrão-se na garganta, no interior<br />
das faces, na língua, nas ventas e nos m<strong>em</strong>bros. As<br />
partes genitaes, sé<strong>de</strong> ordinária <strong>do</strong>s cavallos primitivos,<br />
não são entretanto s<strong>em</strong>pre isentas <strong>de</strong>llas. Acima<br />
diss<strong>em</strong>os que os cavallos primitivos são s<strong>em</strong>pre<br />
occasiona<strong>do</strong>s por uma materia contagiosa vinda <strong>de</strong><br />
fóra e applicada á parte <strong>em</strong> que estes cavallos se<br />
<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>: pelo contrario as ulceras venéreas<br />
consecutivas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m constant<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> uma<br />
infecção interna, constitucional; isto é, <strong>de</strong>rramada <strong>em</strong><br />
toda a economia. Estas ulceras são s<strong>em</strong>elhantes, <strong>em</strong><br />
geral, aos cavallos primitivos. Como elles, principião<br />
ordinariamente por uma no<strong>do</strong>a vermelha, que incha e<br />
abre-se, ou por escoriações que se esten<strong>de</strong>m, cavão-se
e tomão, <strong>em</strong>fim, os caracteres syphiliticos. Sua<br />
superfície é <strong>de</strong>sigual, <strong>de</strong> cor parda mais ou menos<br />
escura, ou amarellada. Sua circumferencia é orlada por<br />
uma vermelhidão erysipelatosa. São mais ou menos<br />
re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s, profun<strong>do</strong>s, e mais ou menos extensos. Suas<br />
margens são duras, engorgitadas e cortadas<br />
perpendicularmente.<br />
Todas as ulceras syphiliticas consecutivas<br />
reclamão um tratamento interno <strong>de</strong> que fallar<strong>em</strong>os<br />
logo. Quanto ao tratamento externo, que somente <strong>de</strong>ve<br />
ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como accessorio, taes como gargarejos<br />
<strong>de</strong> leite, <strong>de</strong> cevada com mel rosa<strong>do</strong>, para as ulceras da<br />
boca; cataplasmas <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> linhaça, para as<br />
ulceras <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros; mais tar<strong>de</strong> conv<strong>em</strong> toca-las <strong>de</strong><br />
espaço <strong>em</strong> espaço com pedra infernal, e cura-las com<br />
unguentos estimulantes ou com fios molha<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
água <strong>de</strong> Labarraque.<br />
2º Rhagadias ou Gretas. Chamão-se assim pequenas<br />
ulceras compridas e estreitas que mais frequent<strong>em</strong>ente<br />
t<strong>em</strong> sua sé<strong>de</strong> nos interstícios das rugas <strong>do</strong> anus: neste<br />
caso, incommodão o <strong>do</strong>ente a ponto <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r<br />
andar, sentar-se, montar a cavallo. Raras vezes estas<br />
rachas resist<strong>em</strong> á administração methódica <strong>do</strong><br />
tratamento interno, ajuda<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s <strong>do</strong> asseio e<br />
da applicação da pomada mercurial. Sen<strong>do</strong> mui<br />
<strong>do</strong>lorosas, curão-se com coreto opiaceo; insiste-se no<br />
uso <strong>de</strong> banhos, e entrete-se o ventre livre mediante<br />
clysteres <strong>em</strong>ollientes. Quan<strong>do</strong> a cura <strong>de</strong>ste symptoma<br />
venéreo é retardada pelo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> in<strong>do</strong>lencia das<br />
superfícies ulceradas, po<strong>de</strong>-se estimula-las tocan<strong>do</strong>-as<br />
com pedra infernal.<br />
B<strong>em</strong> que <strong>em</strong> geral as rhagadias sejão<br />
acci<strong>de</strong>ntes consecutivos da molestia venerea, exist<strong>em</strong><br />
entretanto, exist<strong>em</strong> entretanto casos <strong>em</strong> que são<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma afecção recent<strong>em</strong>ente contrahida<br />
pela applicação immediata <strong>do</strong> vírus sobre o lugar<br />
affecta<strong>do</strong>. Encontrão-se principalmente entre as<br />
pessoas a qu<strong>em</strong> a <strong>de</strong>pravação <strong>do</strong>s costumes inspira<br />
gostos contrários ao fim da natureza. Neste caso, a<br />
affecção <strong>de</strong>ve ser ass<strong>em</strong>elhada aos soutros signaes<br />
primitivos da syphilis, e exige um tratamento<br />
antisyphilitico mais bran<strong>do</strong>. O <strong>do</strong>ente <strong>de</strong>ve também<br />
submetter-se aos mesmos cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> asseio e aos<br />
mesmos curativos que para as rhagadias consecutivas:<br />
mas, queren<strong>do</strong>-se seriamente obter a cura <strong>de</strong>sta<br />
molestia, será preciso também renunciar para s<strong>em</strong>pre<br />
as vergonhosas praticas que a occasionarão.<br />
Sobrev<strong>em</strong> ás vezes entre os <strong>de</strong><strong>do</strong>s e na palma<br />
das mãos, na sola <strong>do</strong>s pés, entre os <strong>de</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong>s pés e no<br />
escroto, rachas venéreas que se chamão rhagadias. São<br />
<strong>de</strong> ordinário menos <strong>do</strong>lorosas e menos incommodas<br />
que as <strong>do</strong> anus. O tratamento geral <strong>de</strong>ve ser<br />
exactamente s<strong>em</strong>elhante para todas estas ulceras, seja<br />
qual for o lugar <strong>em</strong> que se manifest<strong>em</strong>. Os curativos<br />
locaes consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> pequenas mechas <strong>de</strong> fios<br />
molha<strong>do</strong>s n’uma <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong> linhaça, a que se ajunta<br />
no fim <strong>do</strong> tratamento uma maior ou menor quantida<strong>de</strong><br />
d’agua <strong>de</strong> Labarreque: estas mechas applicão-se entre<br />
as margens das ulceras.<br />
3º Pustulas syphiliticas consecutivas. Estas pústulas<br />
reconhec<strong>em</strong>-se por botões e outros pequenos tumores<br />
que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> principalmente na pelle <strong>do</strong> tronco,<br />
<strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros, e t<strong>em</strong>, pela maior parte, a cor roxa <strong>do</strong><br />
cobre; algumas são cobertas <strong>de</strong> crostas que se soltão,<br />
cah<strong>em</strong>, e são substituídas por outras. Apresentão-se<br />
sob formas mui variadas, e não há effectivamente<br />
quase nenhuma affecção cutânea á qual não possão ser<br />
ás vezes s<strong>em</strong>elhantes. Só ao médico é da<strong>do</strong> distinguir<br />
as que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> vírus syphilitico das que <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
ser attribuidas a uma simples affecção dartrosa.<br />
4º Dartros venéreos. São <strong>em</strong>pigens <strong>de</strong> forma e aspecto<br />
mui varia<strong>do</strong>s, que as vezes não po<strong>de</strong>m ser mui<br />
facilmente distinguidas das affecções não syphiliticas<br />
da pelle, visto não apresentar<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre caracteres<br />
específicos. A duvida po<strong>de</strong> ser tirada pela existencia<br />
prece<strong>de</strong>nte da molestia syphilitica, pela maneira<br />
incompleta com que esta foi tratada, ou, pela<br />
coexistencia <strong>de</strong> outros signaes <strong>de</strong> infecção mais<br />
positivos, taes como as <strong>do</strong>res nocturnas, tumores nos<br />
ossos, ulceras, etc.<br />
5º Manchas ou no<strong>do</strong>as syphiliticas. Esta mudança da<br />
cor natural da pelle é mui s<strong>em</strong>elhante á que é<br />
<strong>de</strong>terminada, <strong>em</strong> certas mulheres, pelo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
prenhez. É <strong>de</strong>vida a existência <strong>do</strong> vírus syphilitico, que<br />
obra por muito t<strong>em</strong>po sobre o organismo. Estas<br />
manchas t<strong>em</strong> a cor <strong>de</strong> cobre, são amarellas-roxas ou<br />
cor <strong>de</strong> café com leite, frequent<strong>em</strong>ente mais escuras na<br />
circumferencia que no centro. São brandas ao tacto;<br />
quan<strong>do</strong> exist<strong>em</strong> há muito t<strong>em</strong>po, <strong>de</strong>spegão-se <strong>de</strong>llas<br />
escamasinhas furfuraceas. Não offerec<strong>em</strong> todavia<br />
caracter algum específico e exclusivo que as possa<br />
fazer distinguir com certeza das que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma<br />
simples disposição dartrosa. Entretanto, quanto mais<br />
escura for sua cor, tanto mais consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />
como <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da infecção venerea, s<strong>em</strong> comtu<strong>do</strong><br />
se <strong>de</strong>sprezar<strong>em</strong> as outras circumstancias que possão<br />
r<strong>em</strong>over todas as duvidas, taes como a affecção<br />
syphilitica primitiva que existia e que foi mal curada, e<br />
a presença <strong>de</strong> outros symptomas syphiliticos sobre<br />
cuja natureza haja menos incerteza. As manchas<br />
syphiliticas dissipão-se tanto mais facilmente pelo uso<br />
<strong>do</strong>s antivenereos geraes e banhos mornos repeti<strong>do</strong>s,<br />
quanto menos antigas são. Se resist<strong>em</strong>, pó<strong>de</strong>-se esperar<br />
o seu <strong>de</strong>sapparecimento pelo uso <strong>do</strong>s banhos d’agua<br />
<strong>do</strong> mar e das fricções com pomadas sulfurosas.<br />
6º Vegetações Syphiliticas. Chamão-se assim<br />
pequenos tumores que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> nos órgãos<br />
genitaes <strong>em</strong> consequencia da influencia <strong>do</strong> vírus<br />
venereo. Sua sé<strong>de</strong> mais ordinária é nas m<strong>em</strong>branas<br />
mucosas: também se encontrão na glan<strong>de</strong> e face<br />
interna <strong>do</strong> prepúcio; ás vezes mostrão-se no canal da<br />
uretra, perto <strong>do</strong> seu orifício. O que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> mais<br />
singular estes pequenos tumores é que o seu ápice<br />
apresenta quase s<strong>em</strong>pre sulcos que o divi<strong>de</strong>m <strong>em</strong><br />
muitas separações, e que lhes fizerão dar o nome <strong>de</strong><br />
verrugas quan<strong>do</strong> são pequenos, e os <strong>de</strong> couve-flores e<br />
esponjas quan<strong>do</strong> t<strong>em</strong> maior volume. As verrugas são<br />
mais brancas que a parte sobre que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>.<br />
As couve-flores são <strong>de</strong> cor mui vermelha. Todas as
vegetações são, <strong>em</strong> geral, pouco <strong>do</strong>lorosas, salvo nos<br />
casos <strong>em</strong> que são irritadas por fricções impru<strong>de</strong>ntes,<br />
por applicações causticas, ou então por tracções<br />
repetidas feitas para arranca-las.<br />
Em muitos casos, as vegetações indicão uma<br />
infecção antiga e manifestão-se muitos mezes e até<br />
muitos annos <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>s cavallos ou <strong>de</strong> outros<br />
symptomas primitivos: há entretanto ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong><br />
sobrevir<strong>em</strong> quinze dias ou um mez <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> coito<br />
suspeito. Comtu<strong>do</strong>, a molestia n<strong>em</strong> por isso <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />
exigir o uso <strong>do</strong> mercúrio; mas o medicamento <strong>de</strong>ve ser<br />
proporciona<strong>do</strong> á antiguida<strong>de</strong> e á extensão <strong>do</strong><br />
symptoma.<br />
Porém os symptomas <strong>de</strong> que fallamos n<strong>em</strong><br />
s<strong>em</strong>pre são <strong>de</strong> natureza syphilitica. Em certos casos,<br />
sobrev<strong>em</strong>, nas mesmas regiões, vegetações que<br />
offerec<strong>em</strong> formas s<strong>em</strong>elhantes, b<strong>em</strong> que não possam<br />
ser attribuidas senão a causas estranhas ao contagio<br />
venereo. As pessoas mais sãs e que nunca tiverão a<br />
molestia syphilitica po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>llas affectadas.<br />
Resulta disto, até para o medico, uma gran<strong>de</strong><br />
perplexida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> é chama<strong>do</strong> a pronunciar<br />
<strong>de</strong>finitivamente sobra a natureza real <strong>de</strong>ste symptoma.<br />
Somente as circumstancias anteriores po<strong>de</strong>m dirigir<br />
seu juízo. Se o <strong>do</strong>ente diz que nunca foi affecta<strong>do</strong> se<br />
syphilis, ou que se a teve, foi trata<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> os<br />
preceitos da arte, não há-duvida <strong>de</strong> que as suas<br />
vegetações sejam estranhas ao vírus. Mas se os<br />
cavallos <strong>de</strong> que foi affecta<strong>do</strong> prece<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente forão<br />
somente cauterisa<strong>do</strong>s e não cura<strong>do</strong>s pelo tratamento<br />
antisyphilitico interno, ou se com as vegetações<br />
exist<strong>em</strong> outros symptomas venéreos, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir<br />
que ellas são da mesma natureza venérea.<br />
Quan<strong>do</strong>, <strong>em</strong>fim, as vegetações for<strong>em</strong><br />
reconhecidas syphiliticas, é preciso que o <strong>do</strong>ente se<br />
submetta ao uso <strong>do</strong>s medicamentos mercuriaes.<br />
Durante este tratamento, as vegetações muitas vezes se<br />
<strong>de</strong>scorão, murchão e cah<strong>em</strong> s<strong>em</strong> que seja necessário<br />
fazer-se uso <strong>de</strong> applicação alguma local. Mas quan<strong>do</strong><br />
persist<strong>em</strong>, b<strong>em</strong> que o tratamento interno chegue ao<br />
fim, é indispensável que se recorra a uma medicação<br />
directa. Consiste ella no <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s meios<br />
seguintes: 1º applicações d’agua vegeto-mineral ou<br />
d’agua salgada; 2º cauterisaçao com pedra infernal; 3º<br />
laqueação com um fio; 4º arrancadura; 5º excisão.<br />
Qualquer que seja o metho<strong>do</strong> a<strong>do</strong>pat<strong>do</strong> para <strong>de</strong>struir as<br />
vegetações syphiliticas, é mister saber que ellas t<strong>em</strong>,<br />
como as que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> outra causa, uma ten<strong>de</strong>ncia<br />
particular a apparecer<strong>em</strong> <strong>de</strong> novo. Os <strong>do</strong>entes nunca<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong>, neste caso, dar-se a novos tratamentos<br />
antivenéreos; pois que a molestia é só local, e <strong>de</strong>ve ser<br />
exclusivamente tratada pelos meios externos que<br />
acabamos <strong>de</strong> indicar.<br />
As vegetações que não são syphiliticas não<br />
reclamão tratamento algum interno; é preciso que o<br />
<strong>do</strong>ente se limite ao uso <strong>de</strong> banhos; e se não cahir<strong>em</strong><br />
por si no fim <strong>de</strong> certo t<strong>em</strong>po, cumpre que recorra a um<br />
<strong>do</strong>s meios acima referi<strong>do</strong>s.<br />
7º Além das vegetações, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se também<br />
perto <strong>do</strong> orifício <strong>do</strong> anus excrescencias syphiliticas<br />
que t<strong>em</strong> formas variadas. Quan<strong>do</strong> são longitudinaes,<br />
achatadas, e entre as duas ná<strong>de</strong>gas chamão-se<br />
condylomas. Quan<strong>do</strong> são sulcadas por fendas<br />
transversaes, <strong>de</strong>nominão-se cristas-<strong>de</strong>-gallo. Em geral,<br />
estes symptomas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m quase s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> um vicio<br />
interno mais ou menos invetera<strong>do</strong>, mas po<strong>de</strong>m<br />
também manifestar-se como phenomenos primitivos<br />
<strong>de</strong> infecção, quan<strong>do</strong> a região <strong>do</strong> anus foi posta <strong>em</strong><br />
contacto com o vírus. Estes tumores são <strong>de</strong> ordinário<br />
pouco <strong>do</strong>lorosos, b<strong>em</strong> que <strong>de</strong> cor mais viva que a pelle<br />
ou a m<strong>em</strong>brana mucosa sobre a qual se mostrão. As<br />
vezes, entretanto, adquir<strong>em</strong> uma gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>,<br />
tornão-se <strong>de</strong> uma cor vermelha muito mais animada, e<br />
<strong>de</strong>ixão sahir <strong>de</strong> sua superfície um flui<strong>do</strong> mucoso, e<br />
mais ou menos féti<strong>do</strong>. Este esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> irritação é<br />
sobretu<strong>do</strong> provoca<strong>do</strong> por gran<strong>de</strong>s fadigas e marchas<br />
forçadas. Os condylomas incommodão singularmente<br />
os <strong>do</strong>entes durante o andar, a equitação, e tornão as<br />
vezes mui penosa a funcção <strong>de</strong> <strong>de</strong>fecação.<br />
O tratamento mercurial interno é igualmente<br />
tão applicavel ás excrescencias syphiliticas como aos<br />
outros symptomas consecutivos. Ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />
faz<strong>em</strong>-se unturas, <strong>de</strong> manhãa e <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>, sobre ellas<br />
com unguento mercurial. Mas se for<strong>em</strong> <strong>do</strong>lorosas e<br />
mui vermelhas, antes <strong>de</strong> se lançar mão <strong>de</strong>sta<br />
applicação local convém primeiro acalmar a irritação<br />
com banhos mornos, cataplasmas <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong><br />
linhaça, e unturas <strong>de</strong> ceroto opiaceo. Se no fim <strong>de</strong> <strong>do</strong>us<br />
mezes <strong>de</strong> tratamento mercurial interno as<br />
excrescências <strong>de</strong> que tratamos não <strong>de</strong>sapparecer<strong>em</strong>, é<br />
necessário <strong>de</strong>struí-las pela cauterisação ou excisão.<br />
8º Dores osteocopas. O vírus syphilitico, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se<br />
ter <strong>de</strong>mora<strong>do</strong> mais ou menos t<strong>em</strong>po na economia<br />
animal, anuncia frequent<strong>em</strong>ente sua presença atacan<strong>do</strong><br />
os ossos, que se tornão a sé<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>res e<br />
tumefacções mais ou menos consi<strong>de</strong>ráveis. Este vírus<br />
po<strong>de</strong> também <strong>de</strong>terminar <strong>do</strong>res nos músculos, ás quaes<br />
é inteiramente applicável tu<strong>do</strong> o que se disser neste<br />
paragrapho. As <strong>do</strong>res osteocopas (tal é seu nome)<br />
apresentão <strong>de</strong> particular, o ser<strong>em</strong> mais vivas no fim <strong>do</strong><br />
dia e durante as três ou quatro primeiras horas da noite<br />
que <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os outros momentos. Esta circumstacia,<br />
junta á sua resistencia obstinada aos meios ordinarios,<br />
as fará facilmente distinguir das <strong>do</strong>res rheumatismaes<br />
e sciaticas: estas, com effeito, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> ser<strong>em</strong><br />
augmentadas pelo calor da cama como ás <strong>de</strong>vidas a<br />
syphilis, per<strong>de</strong>m, pelo contrario, neste caso, quasi<br />
s<strong>em</strong>pre sua força, e acabão até por dar algum repouso<br />
aos <strong>do</strong>entes. Entretanto, o medico não po<strong>de</strong> julgar<br />
exclusivamente, só por este único caracter, da natureza<br />
das <strong>do</strong>res; visto que alguns factos t<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong><br />
que as que são evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente venereas são ás vezes<br />
tão violentas <strong>de</strong> dia como <strong>de</strong> noite, <strong>em</strong>tanto que as<br />
<strong>do</strong>res rheumatismaes, longe <strong>de</strong> se acalmar<strong>em</strong>, como<br />
lhes é ordinário, pelo calo da cama, adquir<strong>em</strong> nella,<br />
pelo contrario, maior intensida<strong>de</strong>. Conseguint<strong>em</strong>ente o<br />
medico nunca se refere ao que um primeiro exame lhe<br />
sugerio, e indaga se não exist<strong>em</strong> outros symptomas<br />
syphiliticos que possão dissipar a incerteza; e aqui é o<br />
momento <strong>de</strong> dizer que, <strong>em</strong> muitas circumstancias,
achão-se ao mesmo t<strong>em</strong>po no indivíduo affecta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>res esteocopas, pustulas, ulceras consecutivas,<br />
exostoses e outros signaes <strong>de</strong> infecção mui próprios a<br />
caracterisar<strong>em</strong> a natureza da molestia. Com tu<strong>do</strong> isso,<br />
não se <strong>de</strong>ve crer que as excepções <strong>de</strong> que acabamos <strong>de</strong><br />
fallar, e que é bom que s<strong>em</strong>pre se conheção, sejão<br />
bastante comuns para <strong>de</strong>struír<strong>em</strong> a importância que<br />
com justiça se dá a este caracter das <strong>do</strong>res venereas<br />
<strong>do</strong>s ossos, <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> principalmente sentidas durante a<br />
noite. Dir<strong>em</strong>os até que este symptoma é<br />
frequent<strong>em</strong>ente mui útil, para os médicos, quan<strong>do</strong> t<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> caracterisar as ulcerações <strong>de</strong> garganta e outras<br />
affecções <strong>de</strong>terminadas pelo mesmo vírus, e cuja<br />
orig<strong>em</strong> s<strong>em</strong> elle teria si<strong>do</strong> ainda longo t<strong>em</strong>po ignorada.<br />
As <strong>do</strong>res veneras atacão particularmente os<br />
ossos <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros e os <strong>do</strong> craneo. B<strong>em</strong> que<br />
ordinariamente fixas sobre tal ou tal parte <strong>do</strong> corpo,<br />
são entretanto susceptíveis <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> sitio para<br />
passar<strong>em</strong> a outras regiões. Muitas vezes exist<strong>em</strong> s<strong>em</strong><br />
alteração apparente <strong>do</strong>s ossos; mas, <strong>em</strong> alguns casos,<br />
estes ossos inchão e apresentão tumores chama<strong>do</strong>s<br />
exostoses. Habitualmente estas <strong>do</strong>res são tão leves, tão<br />
vagas durante o dia, que os <strong>do</strong>entes as sent<strong>em</strong> apenas,<br />
e se entregão ás suas occupações. Mas logo que se põe<br />
o sol, ás vezes um pouco mais tar<strong>de</strong>, as <strong>do</strong>res<br />
principião a <strong>de</strong>spertar, e tomão um crescimento<br />
progressivo até a meia noite, pouco mais ou menos.<br />
Então são lancinantes, atrozes, e arrancão gritos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sesperação ao <strong>do</strong>ente durante muitas horas. A aurora<br />
traz uma diminuição aos soffrimentos, e o somno volta<br />
com os primeiros raios <strong>do</strong> sol, instante <strong>em</strong> que são<br />
commummente quasi nullas. Comtu<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
casos são tão graves.<br />
As <strong>do</strong>res syphiliticas <strong>do</strong>s ossos ce<strong>de</strong>m, <strong>de</strong><br />
ordinário, mui facilmente à acção <strong>do</strong> tratamento<br />
antivenéreo geral, e especialmente daquelle cuja base é<br />
o sublima<strong>do</strong> e o cozimento <strong>de</strong> salsaparrilha.<br />
Fallar<strong>em</strong>os disto mais abaixo, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>screvermos o<br />
tratamento geral da syphilis. A este tratamento pó<strong>de</strong>-se<br />
accrescentar algum calmante para diminuir a violência<br />
<strong>do</strong>s soffrimentos tanto quanto for possível. Tal é o<br />
ópio toma<strong>do</strong> ao principio na <strong>do</strong>se <strong>de</strong> meio grão ao<br />
<strong>de</strong>itar-se, e <strong>de</strong>pois na <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 1, 2, 4 e mais grãos,<br />
progressvamente. Se o ópio não produz o effeito<br />
<strong>de</strong>seja<strong>do</strong>, recorra ao <strong>do</strong>ente acetato <strong>de</strong> morphina na<br />
<strong>do</strong>se <strong>de</strong> meio a um grão, ou ao xarope <strong>de</strong> thridacio na<br />
<strong>do</strong>se <strong>de</strong> uma a duas onças, s<strong>em</strong>pre ao <strong>de</strong>itar-se. Mas,<br />
quaesquer que sejão os meios <strong>de</strong>sta natureza que se<br />
ponhão <strong>em</strong> uso, elle não <strong>de</strong>ve esperar que se extingão<br />
logo totalmente as vivas <strong>do</strong>res que experimenta. T<strong>em</strong><br />
duas ou três horas <strong>de</strong> repouso, após o que é novamente<br />
atormenta<strong>do</strong>. Entretanto, esta pequena vantag<strong>em</strong> o<br />
tranquilisa, faz-lhe ter paciencia, e, durante esse t<strong>em</strong>po<br />
o tratamento anti-venereo, o verda<strong>de</strong>iro e único<br />
calmante cujos effeitos são duráveis contra os<br />
soffrim<strong>em</strong>tos <strong>de</strong>sta especie, adianta-se e acaba por<br />
<strong>de</strong>struir irrevogavelmente sua causa primaria.<br />
Mui frequent<strong>em</strong>ente a medicação mercurial,<br />
ajudada pelos fracos auxiliares que acabão <strong>de</strong> ser<br />
menciona<strong>do</strong>s, basta para acalmar as <strong>do</strong>res e prevenir-<br />
lhes a volta pela <strong>de</strong>struição completa <strong>do</strong> vírus que as<br />
produzi<strong>do</strong>, s<strong>em</strong> que seja necessário recorrer-se a<br />
nenhum tratamento local. Todavia, há circumstancias<br />
<strong>em</strong> que as applicações immediatas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> soccorro. Isto acontece quan<strong>do</strong> as <strong>do</strong>res são<br />
violentas, intoleráveis, e sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> tardão<br />
muito <strong>em</strong> ser<strong>em</strong> influídas <strong>de</strong> uma maneira vantajosa<br />
pelo <strong>em</strong>prego <strong>do</strong>s r<strong>em</strong>édios acima indica<strong>do</strong>s. Os meios<br />
que se t<strong>em</strong> mostra<strong>do</strong> mais úteis neste caso são as<br />
cataplasmas <strong>de</strong> farinhas <strong>de</strong> linhaça borrifadas com<br />
láudano, as fricções com bálsamo tranqüilo, os<br />
sinapismos, e os cáusticos.<br />
9º Exostoses, Tumores gommosos, Caries <strong>de</strong> natureza<br />
syphilitica. As exostoses venéreas são tumores<br />
forma<strong>do</strong>s pela inchação total ou parcial <strong>do</strong>s ossos <strong>em</strong><br />
certos indivíduos affecta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> syphilis consecutiva.<br />
São duras, s<strong>em</strong> alteração da cor natural da pelle, e<br />
ordinariamente pouco <strong>do</strong>lorosas ou s<strong>em</strong> <strong>do</strong>r alguma:<br />
são immoveis e adher<strong>em</strong> fort<strong>em</strong>ente ao osso. Os<br />
tumores gomosos, ou simplesmente gommas, são<br />
também espécies <strong>de</strong> exosteses, porém muito mais<br />
molles que os prece<strong>de</strong>ntes. Formão-se não somente<br />
sobre os ossos, mas também nos músculos, sob a pelle:<br />
contém uma matéria viscosa, transparente, comparável<br />
a solução <strong>de</strong> gomma arábica. Resolv<strong>em</strong>-se ás vezes<br />
mui promptamente pelo único beneficio <strong>do</strong> tratamento<br />
mercurial: outras vezes abr<strong>em</strong>-se e <strong>de</strong>ixão sahir a<br />
materia que cont<strong>em</strong>. As ulceras que resultam <strong>de</strong>ssas<br />
aberturas curão-se como as outras feridas venéreas.<br />
A carie venerea reclama o tratamento<br />
antisyphilitico interno, ajuda<strong>do</strong> <strong>do</strong>s meios indica<strong>do</strong>s<br />
nesta affecção, quan<strong>do</strong> é simples.<br />
10º A queda <strong>do</strong> cabello é assaz commummente um<br />
symptoma da affecção venérea chegada a seu ultimo<br />
grão. Quan<strong>do</strong> não se lhe previn<strong>em</strong> os progressos, é<br />
acompanhada da queda das sobrancelhas, das pestanas,<br />
da barba e <strong>do</strong>s pellos das outras partes <strong>do</strong> corpo. Esta<br />
molestia exige o mais prompto <strong>em</strong>prego <strong>do</strong>s<br />
mercuriaes, ajuda<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s meios locaes indica<strong>do</strong>s nas<br />
calvícies que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> outras causas.<br />
11º A sur<strong>de</strong>z, e até o simples zuni<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s, são<br />
ás vezes occasiona<strong>do</strong>s pela syphilis constitucional. O<br />
meio melhor e mais eficaz a <strong>em</strong>pregar contra esta<br />
affecção e o tratamento antivenéreo geral, composto<br />
<strong>de</strong> preparações mercuriaes different<strong>em</strong>ente<br />
modificadas, e combinadas com salsaparrilha. As<br />
applicações <strong>de</strong> bichas atraz das orelhas, fumigações<br />
com vapores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong> althéa, cáusticos na nuca,<br />
escalda-pés sinapisa<strong>do</strong>s, purgantes repeti<strong>do</strong>s, só<br />
constituirão uma medicação accessoria.<br />
Tratamento geral da syphilis. Descreven<strong>do</strong> os<br />
symptomas da syphilis, t<strong>em</strong>os já menciona<strong>do</strong> seu<br />
tratamento local; resta-nos fallar <strong>do</strong> tratamento geral<br />
ou interno.<br />
As moléstias syphiliticas, ás quaes outr’ora se<br />
<strong>de</strong>ixava adquirir um gran<strong>de</strong> acréscimo, por<br />
negligencia, e talvez porque não se conhecia ainda<br />
uma medicação efficaz, assignalavão-se <strong>de</strong> ordinário<br />
por pústulas cutâneas. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>, por muito t<strong>em</strong>po,<br />
ass<strong>em</strong>elhadas as affecções da pelle, forão, como a
maior parte <strong>de</strong>stas ultimas, combatidas pelo mercúrio,<br />
e só <strong>de</strong>ssa época <strong>em</strong> diante principiou a acalmar-se<br />
esta molestia virulenta. Da<strong>do</strong> no começo com mui b<strong>em</strong><br />
êxito, este material per<strong>de</strong>u <strong>de</strong>pois muito <strong>de</strong> sua<br />
reputação, por causa das gran<strong>de</strong>s <strong>do</strong>ses <strong>em</strong> que era<br />
administra<strong>do</strong>. O guáiaco, a raiz da China e a<br />
salsaparilha, que lhe foram substituí<strong>do</strong>s, tiverão nos<br />
primeiros momentos algumas vantagens; mas sua<br />
insufficiencia no maior numero <strong>de</strong> casos obrigou a que<br />
se voltasse ás preparações mercuriaes, que não<br />
tornarão a ser aban<strong>do</strong>nadas, ten<strong>do</strong> a <strong>experiência</strong><br />
ensina<strong>do</strong> a dá-las <strong>de</strong> maneira que se possão obter quasi<br />
constant<strong>em</strong>ente seus effeitos salutares, s<strong>em</strong> que nunca<br />
se t<strong>em</strong>ão os acci<strong>de</strong>ntes que antigamente provocava sua<br />
administração forte e mal dirigida. Só os charlatães,<br />
para não diminuír<strong>em</strong> seus lucros, assegurão que o<br />
mercúrio é o verda<strong>de</strong>iro inimigo <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, e<br />
promett<strong>em</strong> a cura <strong>de</strong>stas moléstias s<strong>em</strong> esse metal:<br />
mas a mor parte <strong>de</strong> seus pretendi<strong>do</strong>s específicos<br />
vegetaes, <strong>de</strong>purantes, xaropes, arrobés, vinhos, etc.,<br />
que annuncião com profusão, são meros cozimentos <strong>de</strong><br />
salsaparillha ou <strong>de</strong> guáiaco, com addição secreta <strong>do</strong><br />
sublima<strong>do</strong> (<strong>de</strong>uto-chlorureto <strong>de</strong> mercúrio). Deve-se,<br />
por conseguinte, contar principalmente com as<br />
differentes preparações <strong>do</strong> mercúrio no tratamento da<br />
syphilis. O mercúrio administra-se externa e<br />
internamente. Os numerosos inconvenientes annexos<br />
ao metho<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fricções, e com particularida<strong>de</strong> a<br />
salivação que provoca frequent<strong>em</strong>ente, fizerão com<br />
que hoje quasi se renunciasse a este mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
tratamento, á excepção <strong>de</strong> casos particulares que só<br />
po<strong>de</strong>m ser aprecia<strong>do</strong>s pela sagacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> medico.<br />
Quan<strong>do</strong>, além disso, for necessário recorrer a ellas,<br />
<strong>de</strong>ver-se-há proce<strong>de</strong>r com a maior prudência e<br />
mo<strong>de</strong>reação. Internamente, administra-se o mercúrio<br />
<strong>em</strong> pílulas, cuja composição varia muito. Eis-aqui uma<br />
das receitas mais simples e mais usadas:<br />
Mercúrio metallico ..... 2 oitavas (8 grammas)<br />
Conserva <strong>de</strong> rosas ...... 3 oitavas (12 gramm.)<br />
Alcaçuz <strong>em</strong> pó ........... 1 oitava (4 gramm.)<br />
Fação-se 144 pílulas. (Cada uma contém um grão (5<br />
centigrammas) <strong>de</strong> mercurio metallico). Ellas<br />
administrão-se, nos primeiros dias, uma para cada<br />
<strong>do</strong>se, duas vezes por dia: no fim <strong>de</strong> cinco a seis dias, a<br />
<strong>do</strong>se augmenta até que o <strong>do</strong>ente tome três por dia;<br />
cinco dias <strong>de</strong>pois, dão-se quatro por dia, e continuãose<br />
quatro por dia e até o fim da cura <strong>do</strong>s symptomas da<br />
syphilis; o que dura um a <strong>do</strong>us mezes para os<br />
symptomas da syphilis constitucional.<br />
Para se prevenir a salivação, é preciso tomar<br />
um purgante <strong>de</strong> oito <strong>em</strong> oito dias, e lavar a bocca com<br />
água e um pouco <strong>de</strong> vinagre, duas ou três vezes por<br />
dia. Se, apezar <strong>de</strong>stas precauções, se manifestas um<br />
gosto metallico e uma leve <strong>do</strong>r nas gengivas ou a<br />
inchação <strong>de</strong>stas partes, suspen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se o uso <strong>do</strong><br />
mercúrio por alguns dias, para voltar a elle quan<strong>do</strong>s os<br />
symptomas da irritação da bocca tiver<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>sappareci<strong>do</strong>.<br />
O sublima<strong>do</strong> ou o <strong>de</strong>uto-chlorureto <strong>de</strong><br />
mercúrio é uma preparação que também se <strong>em</strong>prega<br />
frequent<strong>em</strong>ente. Este medicamento obra com muita<br />
energia, e offerece a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> produzir<br />
difficilmente a salivação. Administra-se na <strong>do</strong>se ¼ a ½<br />
grão por dia. Em maior <strong>do</strong>se, po<strong>de</strong>ria produzir vomitos<br />
e inflammação <strong>do</strong>s intestinos; <strong>em</strong> alta <strong>do</strong>se, (10 a 15<br />
grãos), occasiona a morte. Eis-aqui a formula <strong>em</strong> que<br />
se receita: - Sublima<strong>do</strong> 18 grãos (1 gramma); alccol, 3<br />
onças (100 gramas) água distillada, 29 onças (900<br />
grammas). Misture. – Esta preparação chama-se licor<br />
<strong>de</strong> Van-Swieten, e administra-se na <strong>do</strong>se <strong>de</strong> meia a<br />
uma colher <strong>de</strong> sopa, <strong>em</strong> um copo <strong>de</strong> cozimento <strong>de</strong><br />
salsaparilha, duas vezes ao dia. (Cada colher contém ¼<br />
<strong>de</strong> grão <strong>de</strong> sublima<strong>do</strong>). A raiz <strong>de</strong> salsaparilha <strong>em</strong>pregase<br />
como accessorio no tratamento da syphilis.<br />
Entre os succedaneos <strong>do</strong> mercúrio conta-se<br />
também o ouro. Administra-se principal<strong>em</strong>te <strong>em</strong><br />
fricções sobre a língua, e conv<strong>em</strong> nos casos<br />
inveterea<strong>do</strong>s que t<strong>em</strong> resisti<strong>do</strong> ao mercúrio.<br />
O iodureto <strong>de</strong> potássio <strong>em</strong>prega-se igualmente<br />
contra a syphilis constitucional. Administra-se na <strong>do</strong>se<br />
<strong>de</strong> 2 grãos (10 centigrammas), e progressivamente até<br />
uma oitava (4 grammas) por dia, dissolvi<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
cozimento <strong>de</strong> salsaparilha.<br />
Não nos alargar<strong>em</strong>os mais sobre o tratamento<br />
<strong>do</strong> gallico. Saiba pois o leitor que, <strong>de</strong> todas as<br />
moléstias, nenhuma há que reclame mais<br />
imperiosamente que a syphilis os conselhos <strong>de</strong> um<br />
medico hábil e conscencioso.<br />
Meios preservativos da syphilis. Os estragos<br />
que occasionava a syphilis excitarão alguns espíritos a<br />
investigar os meios que <strong>de</strong>lla possão preservar. Hoje<br />
mesmo ainda os médicos se occupão <strong>de</strong>ste objecto, o<br />
que nos impõe a obrigação <strong>de</strong> lhe consagrarmos<br />
algumas linhas. Fá-lo-h<strong>em</strong>os pois s<strong>em</strong> <strong>em</strong>bargo <strong>do</strong>s<br />
escrúpulos <strong>de</strong> algumas pessoas que, pouco<br />
esclarecidas, s<strong>em</strong> duvida, pela observação, julgão que<br />
o me<strong>do</strong> da syphilis põe um freio a libertinag<strong>em</strong>, e por<br />
conseguinte consi<strong>de</strong>rão como immoral toda a tentativa<br />
que ten<strong>de</strong> a preservar <strong>de</strong>sta molestia.<br />
Os saquinhos m<strong>em</strong>branosos, chama<strong>do</strong>s<br />
vulgarmente camisas <strong>de</strong> Venus, que impe<strong>de</strong>m o<br />
contacto das partes sãas com as <strong>do</strong>entes, serião<br />
efficazes se não se rasgass<strong>em</strong> e <strong>de</strong>slocass<strong>em</strong>, o que é<br />
excessivamente raro. Com effeito existe um gran<strong>de</strong><br />
numero <strong>de</strong> factos <strong>em</strong> que a infecção teve lugar não<br />
obstante seu uso. Não <strong>de</strong>v<strong>em</strong>, por conseguinte, ser<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s senão como accessorios, e não po<strong>de</strong>m<br />
dispensar <strong>do</strong>s lavatórios, <strong>do</strong>s quaes logo fallar<strong>em</strong>os.<br />
As unturas, feitas antes <strong>do</strong> coito, com azeite <strong>do</strong>ce ou<br />
algum outro corpo gorduroso, occupão o termo médio<br />
entre o meio prece<strong>de</strong>nte e o seguinte, pois que há<br />
interposição <strong>de</strong> um corpo estranho, próprio a tapar os<br />
orifícios absorventes. Os lavatórios feitos após o coito<br />
com líqui<strong>do</strong>s mais ou menos excitantes, e até um<br />
pouco causticos, forão há muito t<strong>em</strong>po<br />
recommenda<strong>do</strong>s, e são com effeito muito efficazes. É<br />
inútil indicar todas as substancias que forão propostas.<br />
O vinho quente, o vinagre, o sumo <strong>de</strong> limão, a água<br />
salgada, a sua mistura com a <strong>de</strong> Labarraque, e<br />
principalmente a água com sabão, são mais
proveitosos. A ourina, que muitas pessoas, <strong>em</strong>pregão<br />
por um feliz instincto, t<strong>em</strong> todas as qualida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>sejáveis; t<strong>em</strong> <strong>de</strong> mais a vantag<strong>em</strong>, que só ella<br />
possue, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r lavar o canal <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora, e<br />
ainda ourta, não menos importante, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />
<strong>em</strong>pregada s<strong>em</strong> nenhuma <strong>de</strong>mora. To<strong>do</strong>s estes meios<br />
são igualmente bons, comtanto que sejão <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s<br />
convenient<strong>em</strong>ente. A <strong>experiência</strong> t<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>,<br />
com effeito, que os lavatórios, d’água simples são<br />
infinitamente úteis, quan<strong>do</strong> b<strong>em</strong> feitos, entretanto que<br />
os mais activos se mallogrão quan<strong>do</strong> se fazer<br />
superficialmente e com negligencia. O melhor meio é<br />
o que se achar mais pronto, e se possa <strong>em</strong>pregar s<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>mora, <strong>de</strong> maneira que não permita que o vírus se<br />
arraigue nas partes <strong>em</strong> cuja superfícies for <strong>de</strong>posto,<br />
pois que quanto mais <strong>de</strong>mora houver, tanto mais risco<br />
correrá a pessoa <strong>de</strong> ser infectada. Comtu<strong>do</strong>, o melhor<br />
meio preservativo consiste <strong>em</strong> lavatórios com água e<br />
sabão. To<strong>do</strong>s sab<strong>em</strong> que o prepúcio forma rugas<br />
anfractuosas, e nellas é que se po<strong>de</strong> escon<strong>de</strong>r uma<br />
molécula infinitamente pequena <strong>do</strong> pus contagioso<br />
(vírus). Do conhecimento <strong>de</strong>sta disposição anatômica<br />
resulta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> todas as<br />
rugas, <strong>de</strong> se exercer<strong>em</strong> pressões sobre as partes, afim<br />
<strong>de</strong> se fazer sahir a materia virulenta; <strong>de</strong> se repetir<strong>em</strong> os<br />
lavatórios <strong>de</strong> maneira que nenhum ponto seja <strong>de</strong>lles<br />
isento; <strong>em</strong>fim, <strong>de</strong> se enxugar<strong>em</strong> as partes com um<br />
panno mui limpo. Quan<strong>do</strong> as circumstancias não<br />
permitt<strong>em</strong> o <strong>em</strong>prego immediato <strong>de</strong>stes meios, n<strong>em</strong><br />
por isso se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> recorrer a elles, mesmo no<br />
da seguinte, pois se ignora o momento exacto <strong>em</strong> que<br />
principia a germinação <strong>do</strong> mal. p. 498 a 518.<br />
____________________________________________<br />
Varíola – É synonymo <strong>de</strong> bexigas. Bexigas – Com<br />
este nome se <strong>de</strong>signa uma erupção geral <strong>de</strong> botões na<br />
pella, que se convert<strong>em</strong> <strong>em</strong> grossas pústulas re<strong>do</strong>ndas,<br />
purulentas; acabão pela <strong>de</strong>seccação, e <strong>de</strong>ixão no<strong>do</strong>as<br />
vermelhas, ás quaes succe<strong>de</strong>m cicatrizes mais ou<br />
menos apparentes. Esta molestia chama-se <strong>em</strong><br />
linguag<strong>em</strong> medica varíola. É <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente<br />
contagiosa, mas <strong>em</strong> geral não a contrahe o individuo<br />
que já t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>lla affecta<strong>do</strong> uma vez. Algumas<br />
pessoas entretanto a t<strong>em</strong> duas vezes, mas estes casos<br />
são mui raros. Poucas pessoas são isentas <strong>de</strong>lla no<br />
<strong>de</strong>curso <strong>de</strong> sua vida, se não foram vaccinadas. Esta<br />
calamida<strong>de</strong> parece ter vin<strong>do</strong> da Arábia aos outros<br />
paizes, <strong>em</strong> consequencia das conquistas <strong>de</strong> Mahomet.<br />
Rhazes, autor árabe <strong>do</strong> Xº século, foi o primeiro que a<br />
<strong>de</strong>screveu. No XIIIº as ilhas britannicas forão por<br />
muito t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>vastadas pelas bexigas. A América não<br />
foi infectada <strong>de</strong>llas senão mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois da<br />
chegada <strong>do</strong>s Europeos. Hoje não há paiz que não<br />
conheça esta molestia; mas <strong>em</strong> alguns a vaccina fez<br />
completamente <strong>de</strong>sapparecer os seus vestígios.<br />
As causas das bexigas não são conhecidas; só<br />
se sabe que esta molestia se communica não só pelo<br />
contacto, pela simples approximação, mas até pela<br />
habitação nos mesmos lugares. Frequent<strong>em</strong>ente reina<br />
epi<strong>de</strong>micamente sobre muitas crianças e pessoas<br />
jovens da mesma cida<strong>de</strong>s; mas estas epi<strong>de</strong>mias,<br />
geralmente mui mortíferas, só se observão nos paizes<br />
<strong>em</strong> que a ignorância ou as abusões se oppo<strong>em</strong> a<br />
propagação da vaccina.<br />
Distingu<strong>em</strong>-se duas espécies <strong>de</strong> bexigas:<br />
benignas ou discretas, e graves ou confluentes: estas<br />
últimas chamão-se vulgarmente pelle <strong>de</strong> lixa, e olho <strong>de</strong><br />
polvo. Nas primeiras as pústulas são mais ou menos<br />
numerosas, mais isoladas umas das outras. Nas<br />
segundas são tão numerosas, que <strong>em</strong> muitos lugares se<br />
confun<strong>de</strong>m com as outras.<br />
Symptomas das bexigas benignas. Calafrios<br />
mais ou menos vivos abr<strong>em</strong> ordinariamente a scena.<br />
São logo segui<strong>do</strong>s <strong>de</strong> calor vivo na pelle, <strong>de</strong> frequencia<br />
<strong>do</strong> pulso, sensibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ventre, náuseas, vomitos,<br />
sê<strong>de</strong> viva, perda <strong>do</strong> appetite, rubor da língua, <strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
cabeça, cansaço <strong>do</strong>loroso, <strong>em</strong> uma palavra, <strong>do</strong>s<br />
symptomas da inflammação das vias digestivas. Estas<br />
symptomas são mais ou menos pronuncia<strong>do</strong>s, e nas<br />
crianças são frequent<strong>em</strong>ente acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>lírio.<br />
Ao quarto dia a erupção principia ordinariamente no<br />
rosto, <strong>de</strong>baixo da forma <strong>de</strong> pequenas no<strong>do</strong>as<br />
vermelhas, ganha successivamente o pescoço, o peito,<br />
os m<strong>em</strong>bros, e á medida que se opera, os symptomas<br />
da inflammação intestinal diminu<strong>em</strong> ou <strong>de</strong>sapparec<strong>em</strong><br />
totalmente. Não se tarda a ver levantar<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> cima<br />
da pelle pequenos botões vermelhos. Estes botões<br />
engrossam, a pelle fica quente e <strong>do</strong>lorosa, o rosto se<br />
entumesce, as pálpebras inchão a ponto <strong>de</strong> fechar os<br />
olhos, ás vezes por muitos dias; as mãos, <strong>de</strong><strong>do</strong>s e pés<br />
ficão igualmente incha<strong>do</strong>s. Ao terceiro ou quarto dia,<br />
conta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> começo da erupção, sétimo ou oitavo da<br />
data da molestia, as pústulas <strong>do</strong> rosto começão a<br />
<strong>em</strong>palli<strong>de</strong>cer, a branquear na ponta; a serosida<strong>de</strong> que<br />
cont<strong>em</strong> toma o caracter purulento, tornão-se <strong>de</strong>pois<br />
amarellas e <strong>de</strong>ixão sahir o pus. Os mesmos<br />
phenomenos se passão nas outras partes <strong>do</strong> corpo,<br />
successivamente e na mesma or<strong>de</strong>m segun<strong>do</strong> a qual se<br />
fez a erupção. Os symptomas da irritação intestinal,<br />
que <strong>de</strong>sapparecerão com a erupção, se reanimão<br />
ordinariamente no principio <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong>, isto é, da<br />
suppuração, e se dissipão <strong>de</strong> novo no fim <strong>de</strong> 24 a 48<br />
horas. Emfim, no décimo primeiro dia da molestia,<br />
pouco mais ou menos, o rosto <strong>de</strong>sincha, as pústulas<br />
seccão, romp<strong>em</strong>-se, e cah<strong>em</strong> as crostas <strong>do</strong> décimo<br />
quarto ao décimo quinto dia; o mesmo acontece nas<br />
outras partes <strong>do</strong> corpo. As pústulas <strong>de</strong>ixão <strong>em</strong> seu<br />
lugar no<strong>do</strong>as vermelhas, que persist<strong>em</strong> largo espaço <strong>de</strong><br />
t<strong>em</strong>po com <strong>de</strong>squamação <strong>do</strong> epi<strong>de</strong>rme. Á proporção<br />
que estas no<strong>do</strong>as <strong>de</strong>sapparec<strong>em</strong>, mastrão-se muitas<br />
vezes <strong>em</strong> seu lugar pequenas cicatrizes <strong>de</strong>primidas,<br />
que são a marca in<strong>de</strong>lével da existência da molestia.<br />
Há entretanto bexigas que não <strong>de</strong>ixão signal.<br />
Symptomas das bexigas graves, vulgarmente pelle <strong>de</strong><br />
lixa. Nas bexigas graves to<strong>do</strong>s os phenomenos que<br />
acabamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver se manifestão com maior<br />
intensida<strong>de</strong>. A febre dura <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o curso da molestia;<br />
os botões são tão multiplica<strong>do</strong>s e tão conchega<strong>do</strong>s, que<br />
é ás vezes difficil ver os interstícios; sobre o rosto<br />
parec<strong>em</strong> formar uma só pústula com superfície
<strong>de</strong>sigual. Depois da erupção não diminue a violência<br />
<strong>do</strong>s symptomas; quasi s<strong>em</strong>pre, pelo contrario, a febre<br />
augmenta. As crostas, quan<strong>do</strong> cah<strong>em</strong>, <strong>de</strong>ixão cicatrizes<br />
que <strong>de</strong>sfiguram os mais bellos rostos. As bexigas<br />
chamadas vulgarmente olho <strong>de</strong> polvo são aquellas que<br />
logo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua apparição ficão chatas e apresentão<br />
uma <strong>de</strong>pressão central, com fórma <strong>de</strong> <strong>em</strong>bigo.<br />
Prognostico das bexigas. As bexigas benignas,<br />
isentas <strong>de</strong> acci<strong>de</strong>ntes nervosos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>lírio, <strong>de</strong><br />
dysenteria, &c., se terminão quasi s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> maneira<br />
favorável, <strong>em</strong> quatorze até vinte e um dias. A duração<br />
das bexigas <strong>de</strong> pelle <strong>de</strong> lixa, e <strong>de</strong> olho <strong>de</strong> polvo, é<br />
muito mais comprida, quan<strong>do</strong> a morte não sobrev<strong>em</strong><br />
este fim funesto, acontece muitas vezes sobrevir a<br />
perda da vista, <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>, sur<strong>de</strong>z, suppurações<br />
abundantes, &c. Quanto mais numerosas são as<br />
pústulas, sobretu<strong>do</strong> no rosto, tanto maior é o perigo, e<br />
vice-versa. Se se <strong>de</strong>clara um pleuriz ou uma<br />
inflammação cerebral caracterisada por mo<strong>do</strong>rra e<br />
<strong>de</strong>lírio continuo, <strong>de</strong>ve-se t<strong>em</strong>er um êxito funesto. A<br />
pequenhez das pústulas, a irregularida<strong>de</strong> no seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, a sua complicação com no<strong>do</strong>as<br />
roxas da pelle, to<strong>do</strong>s estes signaes são <strong>de</strong> um sinistro<br />
presagio. O perigo <strong>em</strong>fim é extr<strong>em</strong>o quanto as<br />
pústulas cont<strong>em</strong>, <strong>em</strong> lugar <strong>de</strong> pus, serosida<strong>de</strong>, ou<br />
quan<strong>do</strong> se ench<strong>em</strong> <strong>de</strong> sangue negro. Todas as<br />
h<strong>em</strong>orrhagias que se mostrão durante o perío<strong>do</strong> da<br />
suppuração são <strong>de</strong> mao agouro. As diarrhéas<br />
excessivas po<strong>de</strong>m exhaurir os <strong>do</strong>entes. Em todas as<br />
circumstancias oppostas ás que acabei <strong>de</strong> enumerar, o<br />
prognostico é favorável.<br />
Tratamento. O tratamento varia segun<strong>do</strong> a<br />
forma da molestia e suas complicações. Nas bexigas<br />
simples ou discretas, basta ordinariamente prescrever<br />
bebidas a<strong>do</strong>çantes frias, como <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong> arroz, <strong>de</strong><br />
cevada, cha <strong>de</strong> flores <strong>de</strong> malvas, etc.; cristeis com<br />
<strong>de</strong>cocçao <strong>de</strong> linhaça, e alguns cal<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gallinha.<br />
É preciso por o <strong>do</strong>ente n’um quarto vasto,<br />
muda-lo frequent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> roupa, cobri-lo<br />
mo<strong>de</strong>radamente, e renovar o ar que respira abrin<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
vez <strong>em</strong> quan<strong>do</strong> as portas e as janellas.<br />
Encerrar o <strong>do</strong>ente affecta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bexigas <strong>em</strong> um<br />
quarto b<strong>em</strong> quente e b<strong>em</strong> fecha<strong>do</strong>, cobri-lo com<br />
espessos cobertores, é o mais certo <strong>de</strong> augmentar a<br />
febre, <strong>de</strong> provocar estas erupções abundantes e estes<br />
symptomas inflammatorios, que tão t<strong>em</strong>íveis são nesta<br />
molestia.<br />
Quan<strong>do</strong> existe <strong>do</strong>r forte na bocca <strong>do</strong> estomago<br />
ou no ventre, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se applicar bichas e <strong>de</strong>pois<br />
cataplasmas <strong>de</strong> linhaça no ventre. Se sobrev<strong>em</strong><br />
convulsões, <strong>de</strong>lírios, escarros <strong>de</strong> sangue ou uma forte<br />
pontada no peito, é preciso praticar uma sangria no<br />
braço.<br />
Logo que a erupão estiver completa, e não<br />
sen<strong>do</strong> abundante, só se <strong>de</strong>ve cuidar no regim<strong>em</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>ente, e preserva-lo <strong>do</strong> frio, s<strong>em</strong> abafa-lo com<br />
cobertas. Mas se as pústulas for<strong>em</strong> mui numerosas,<br />
po<strong>de</strong>-se as vezes praticar uma sangria, ou applicar<br />
bichas no pescoço ou atrás <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s, afim <strong>de</strong><br />
impedir a inflammação cerebral. É preciso lavar os<br />
olhos com <strong>de</strong>cocções mornas <strong>de</strong> linhaça ou <strong>de</strong> raiz <strong>de</strong><br />
althéa; fazer aos <strong>do</strong>entes gargarejos com água morna e<br />
mel rosa<strong>do</strong>, ou dar-lhes <strong>de</strong> beber frequent<strong>em</strong>ente, afim<br />
<strong>de</strong> diminuir o calor que existe no interior da bocca;<br />
oppor-se tanto quanto for possível a que os <strong>do</strong>entes se<br />
coc<strong>em</strong>, e não sen<strong>do</strong> isto possível, ou estan<strong>do</strong> as<br />
pústulas ulceradas, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se apolvilhar com polvilho<br />
todas as partes que estiver<strong>em</strong> com chaga viva. Durante<br />
o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>secacção, recorrer-se-há aos banhos<br />
mornos repeti<strong>do</strong>s; mas é preciso que estes banhos<br />
sejão toma<strong>do</strong>s com todas as precauções convenientes<br />
para evitar o resfriamento. Se a febre persiste nesta<br />
época, <strong>de</strong>ve-se indagar se ella não proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguma<br />
inflammação interna que se <strong>de</strong>ve combater, como se as<br />
bexigas não existiss<strong>em</strong>. No caso <strong>de</strong> prostração<br />
evi<strong>de</strong>nte, é necessário applicar vesicatorios nas pernas<br />
e administrar bebidas tônicas, como <strong>de</strong>cocção <strong>de</strong><br />
quina, vinho puro. Dev<strong>em</strong>-se receitar bebidas acidas,<br />
como água com vinagre, limonada, etc., se o <strong>do</strong>ente<br />
<strong>de</strong>itar sangue pela bocca, pelas evacuações intestinaes<br />
ou ourinarias. A erupção <strong>de</strong>sapparece algumas vezes<br />
<strong>de</strong>repente; <strong>de</strong>ve-se então usar banho quente, <strong>de</strong><br />
bebidas su<strong>do</strong>rificas, como chá da Índia, mate, folhas<br />
<strong>de</strong> laranjeira, <strong>de</strong> sabugueiro, e mesmo applicar<br />
sinapismos ou vesicatorios. Julgára-se indispensável<br />
outr’ora administrar um purgante aos convalescentes.<br />
Esta pratica não po<strong>de</strong> ser útil senão quan<strong>do</strong> há prisão<br />
<strong>de</strong> ventre; po<strong>de</strong>ria tornar-se nociva, pelo contrario, se<br />
existisse diarrhéa. Se a estação é rigorosa, importa que<br />
o convalescente não se exponha mui ce<strong>do</strong> a impressão<br />
<strong>do</strong> ar exterior. As pessoas que não tinham si<strong>do</strong><br />
affectadas da molestia <strong>de</strong>v<strong>em</strong> privar-se <strong>de</strong> toda a<br />
communicação com elle por espaço <strong>de</strong> muito t<strong>em</strong>po;<br />
parece com effeito que o contagio das bexigas é<br />
susceptível <strong>de</strong> se fazer, não somente durante a<br />
intensida<strong>de</strong> da molestia, mas ainda muitas s<strong>em</strong>anas<br />
<strong>de</strong>pois da formação das crostas.<br />
Em to<strong>do</strong>s os t<strong>em</strong>pos occuparão-se os médicos<br />
<strong>em</strong> achar um preservaivo das bexigas. A inoculação<br />
foi por algum t<strong>em</strong>po <strong>em</strong>pregada neste intuito com<br />
alguma vantag<strong>em</strong>. Consistia <strong>em</strong> colher sobre botões<br />
das bexigas benignas o pus, e inocula-lo pelos<br />
processos análogos aos <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s hoje para a<br />
vaccina. Antes <strong>de</strong> se fazer esta operação preparava-se<br />
o individuo com banhos, purgantes brancos, bebida<br />
refrigerantes e dieta. Praticada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po<br />
imm<strong>em</strong>orial na África e na Ásia, para diminuir a<br />
intensida<strong>de</strong> das bexigas expontaneas, a inoculação foi<br />
introduzida <strong>em</strong> Constantinopla por Tomini e Pilarino,<br />
durante a epi<strong>de</strong>mia variólica que <strong>de</strong>vastava essa cida<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> 1673. Importa<strong>do</strong> <strong>de</strong> lá para Inglaterra, este<br />
metho<strong>do</strong> não tar<strong>do</strong>u muito <strong>em</strong> se espalhar pelo resto da<br />
Europa. O ex<strong>em</strong>plo da família real, a primeira que se<br />
submetteu a esta pratica, contribuio po<strong>de</strong>rosamente<br />
para propaga-la <strong>em</strong> França; e a inoculação, que se<br />
tornou popular, continuou a ser praticada muitos annos<br />
ainda <strong>de</strong>pois da introducção da vaccina. A’s vezes a<br />
inoculação não produzia botões se não no lugar das<br />
picadas, e os symptomas geraes que os acompanhavão<br />
forão mui benignos. Infelizmente este bom resulta<strong>do</strong>
não foi constante: acontecia frequent<strong>em</strong>ente que,<br />
quan<strong>do</strong> os botões <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s nos lugares pica<strong>do</strong>s<br />
tinhão chega<strong>do</strong> ao seu perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> madureza, a febre se<br />
accendia, e uma reupção secundaria, mais ou menos<br />
geral, succedia á primeira. T<strong>em</strong>-se mesmo visto esta<br />
erupção occasionar a morte, ou pelo menos <strong>de</strong>ixar<br />
marcas tão profundas e tão disformes como as das<br />
bexigas ordinárias, e por esta razão t<strong>em</strong>-se renuncia<strong>do</strong><br />
a este meio pela vaccina, cujas vantagens sobre a<br />
inoculação são inquestionáveis. p. 203 a 208.