Livro: Mentes Perigosas - O Psicopata Mora ao Lado - ceapp
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apenas mudam de assunto ou tentam refazer a história inventada para que ela pareça<br />
mais verossímil.<br />
Eles se gabam pelas suas habilidades em mentir e podem fazê-lo sem qualquer<br />
justificativa ou motivo. Essa habilidade, muitas vezes, é potencializada pela facilidade<br />
de associarem a linguagem verbal à corporal (gestos e expressões) na elaboração de<br />
suas mentiras, dando um apelo teatral às mesmas. Nesse cenário de enganação, os<br />
psicopatas são, <strong>ao</strong> mesmo tempo, roteiristas, atores e diretores de suas histórias<br />
improváveis.<br />
É muito importante também destacar outro recurso utilizado por essas criaturas na "arte"<br />
da mentira. Alguns psicopatas "mais experientes" são tão especialmente hábeis em<br />
mentir que se utilizam de pequenas verdades para ganharem credibilidade em seus<br />
discursos. A coisa funciona mais ou menos assim: eles admitem alguns deslizes que<br />
cometeram de fato, apenas para que as pessoas "de bem" se confundam e pensem da<br />
seguinte maneira: "Sejamos<br />
Página 72<br />
razoáveis, se fulano' está admitindo seus erros, e bem provável que ele esteja falando a<br />
verdade sobre as demais histórias." Por isso é preciso muita observação, conhecimento<br />
de sua vida passada e um pouco de distanciamento emocional para não se deixar<br />
enganar com facilidade por um psicopata.<br />
Em 1995, no Museu Nacional de Belas Artes, no centro do Rio do Janeiro, houve uma<br />
exposição do escultor francês Auguste Rodin, que atraiu grande público para a<br />
visitação. As filas de entrada, principalmente nos últimos dias, eram enormes e lotavam<br />
as ruas mais próximas <strong>ao</strong> museu, fazendo o público esperar por longas horas.<br />
César, querendo ver à exposição e sem a menor vontade de permanecer na fila, não<br />
titubeou: sem qualquer constrangimento ou embaraço, paramentou-se de óculos escuros,<br />
uma bengala na mão e fingiu-se de cego, conferindo-lhe o direito de entrar na frente de<br />
todos. No interior do museu, ele teve um guia exclusivo à sua disposição, que o<br />
conduziu por todas as obras e salões da exposição. Enquanto o guia cuidadosamente<br />
descrevia com detalhes a história de cada obra de arte, César ainda pôde, por tempo<br />
indeterminado, tocar as esculturas, além de vê-las (é claro) sem que os outros<br />
percebessem.<br />
Às gargalhadas e tomado por uma soberba absoluta, César contou essa história <strong>ao</strong>s<br />
amigos, vangloriando-se de como foi fácil enganar os organizadores do evento e obter<br />
um tratamento VIR Relatou com deboche, descaso e prazer que todos não passavam de<br />
uns otários: desde os responsáveis pela exposição e seu guia até a multidão que esperava<br />
por sua vez do lado de fora.<br />
Pobreza de emoções<br />
Os psicopatas apresentam uma espécie de "pobreza emocional" que pode ser<br />
evidenciada pela limitada variedade e intensidade de seus sentimentos. São incapazes de<br />
sentir certos tipos