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Melhorar a mandioca e alimentar os pobres - gene conserve

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[REPRODUÇÃO CONVENCIONAL]<br />

COMO FUNCIONA A<br />

REPRODUÇÃO COM O USO DE<br />

MARCADORES<br />

●1 São identifi cad<strong>os</strong> marcadores genétic<strong>os</strong><br />

para as características desejadas na<br />

<strong>mandioca</strong> e em uma espécie selvagem<br />

(o ponto colorido signifi ca que o<br />

marcador está presente).<br />

Produtiva<br />

Muito calórica<br />

Palatável<br />

Resistente a vírus<br />

Muita proteína<br />

●2 Cruzam-se e testam-se <strong>gene</strong>ticamente<br />

mudas para as<br />

características relevantes. Cada<br />

muda terá uma combinação ao<br />

acaso de características.<br />

●3 É criada uma planta a partir<br />

da muda híbrida mais<br />

desejável e reproduzida<br />

novamente com a <strong>mandioca</strong>.<br />

●4 As mudas resultantes são<br />

testadas <strong>gene</strong>ticamente: algumas<br />

podem ter todas as características<br />

desejáveis. (A reprodução<br />

poderá ser repetida por múltiplas<br />

gerações até que a característica<br />

certa seja obtida.)<br />

O Antigo Encontra<br />

o Moderno<br />

Parentes selvagens da <strong>mandioca</strong>, incluindo a arbustiforme<br />

maniçoba Manihot glaziovii (à esquerda), c<strong>os</strong>tumam<br />

apresentar características que benefi ciariam a safra, mas<br />

não têm muitas outras também necessárias, encontradas<br />

nas espécies domesticadas. Na consagrada técnica<br />

de retrocruzamento, <strong>os</strong> reprodutores obtêm a combinação<br />

certa de todas as características ao produzir muitas<br />

gerações de híbrid<strong>os</strong>, muitas vezes com o auxílio de<br />

modernas ferramentas, tais como marcadores genétic<strong>os</strong>,<br />

<strong>os</strong> quais revelam a presença de determinada característica<br />

de uma muda sem a necessidade de cultivá-la.<br />

Mandioca<br />

Mandioca<br />

Muda com todas as características desejáveis<br />

Características<br />

genéticas nas<br />

mudas<br />

Híbrido<br />

Parente selvagem<br />

Produtiva<br />

Muito calórica<br />

Palatável<br />

Resistente a vírus<br />

Muita proteína<br />

Seguro contra Pragas<br />

Além de ampliar a produção e nutrição, a reprodução<br />

seletiva e o cruzamento com espécies selvagens têm<br />

sido cruciais para contra-atacar a disseminação de<br />

pregas e doenças. <strong>Melhorar</strong> a resistência ao vírus<br />

m<strong>os</strong>aico africano da <strong>mandioca</strong> é uma das mais importantes<br />

conquistas na ciência da <strong>mandioca</strong>. N<strong>os</strong> an<strong>os</strong><br />

20, a disseminação do m<strong>os</strong>aico africano no território<br />

da Tanganica (atualmente, Tanzânia), no leste da<br />

África, desencadeou a fome. Dois cientistas ingleses,<br />

trabalhando na Tanzânia, hibridizaram a <strong>mandioca</strong><br />

com a maniçoba, salvando a colheita depois de quase<br />

sete an<strong>os</strong> de esforç<strong>os</strong>.<br />

N<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 70, o vírus do m<strong>os</strong>aico retornou e<br />

ameaçou áreas na Nigéria e no Zaire (atual República<br />

Democrática do Congo-RDC). Pesquisadores<br />

do Instituto Internacional de Agricultura Tropical,<br />

na Nigéria, usaram a maniçoba e seus híbrid<strong>os</strong> originári<strong>os</strong><br />

da coleção da Universidade de Brasília e<br />

novamente produziram uma <strong>mandioca</strong> resistente<br />

ao m<strong>os</strong>aico. Aquela variedade recém-criada deu<br />

lugar a uma família de variedades resistentes ao<br />

vírus do m<strong>os</strong>aico, agora cultivadas em mais de 4<br />

milhões de hectares na África subsaariana. Nas<br />

décadas que transcorreram, a Nigéria se tornou o<br />

maior produtor mundial de <strong>mandioca</strong>. Ainda assim,<br />

<strong>os</strong> vírus passam por frequentes mutações genéticas e<br />

algum dia novas cepas do m<strong>os</strong>aico provavelmente<br />

romperão as linhas de resistência das variedades da<br />

<strong>mandioca</strong>. Por essa razão, um trabalho preventivo de<br />

reprodução de plantas será sempre necessário para<br />

fi car à frente da doença. A cochonilha da <strong>mandioca</strong><br />

(Phenacoccus manihoti) é uma das pragas mais virulentas<br />

que ataca esse cultivo na África subsaariana.<br />

Esse inseto, que mata as plantas ao sugar a linfa, foi<br />

especialmente devastador na década de 70 e começo<br />

d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 80. Destruiu plantações e viveir<strong>os</strong> em tal proporção<br />

que a produção praticamente parou. Perto do<br />

fi m d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 70, o instituto nigeriano e pesquisadores<br />

parceir<strong>os</strong> de outras partes da África e América do Sul<br />

introduziram uma vespa predadora da América do<br />

Sul que dep<strong>os</strong>ita ov<strong>os</strong> em cochonilhas da <strong>mandioca</strong>,<br />

de modo que a larva da vespa acabasse devorando a<br />

cochonilha a partir de seu interior. Como resultado<br />

desse esforço, a cochonilha da <strong>mandioca</strong> foi detida na<br />

maioria das áreas produtoras da planta na África em<br />

boa parte d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 80 e ao longo d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 90. Em<br />

algumas pequenas áreas do Zaire esse sistema não<br />

funcionou bem por causa de um aumento d<strong>os</strong> própri<strong>os</strong><br />

predadores da vespa parasita.<br />

Em mead<strong>os</strong> da década passada, a equipe de Brasília<br />

procurou espécies selvagens da Manihot para uma<br />

solução confi ável para esse problema e encontrou<br />

características de resistência à cochonilha – e novamente<br />

em uma maniçoba. Variedades resistentes à<br />

76 SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL Junho 2010<br />

JESSICA HUPPI (ilustrações); CORTESIA DE FOREST E KIM STARR (fotografi a)

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