COLÓIDES E ÍONS DO SOLO
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<strong>COLÓIDES</strong> E <strong>ÍONS</strong> <strong>DO</strong> <strong>SOLO</strong><br />
Prof. Eduardo Guimarães<br />
Couto
Propriedades Gerais dos Colóides<br />
Tamanho < 1,0 µm<br />
Superficie ativa alta (interna e externa)<br />
Carga residual negativa<br />
Capacidade de Troca Cationica (CTC)<br />
Tipos: Argilas<br />
Matéria Orgânica<br />
Biomassa
<strong>COLÓIDES</strong> E <strong>ÍONS</strong> <strong>DO</strong> <strong>SOLO</strong><br />
•Os colóides minerais (argila) são, em geral<br />
de estruturas semelhante a placas e de<br />
natureza cristalina (formam cristais).<br />
•Na maioria dos solos, os colóides argilosos<br />
encontram-se em maior quantidade que os<br />
colóides orgânicos.<br />
•O ponto importante é que os colóides são os<br />
principais responsáveis pela atividade<br />
química dos solos.
Demonstração de como, a semelhança de um imã, as cargas<br />
negativas dos colóides do solo atraem ou repelem os cátions e ânions<br />
(Adaptado de Instituto da Potassa & Fosfato, 1998).
Caulinita Montmorilonita<br />
Ilita<br />
Partículas solo<br />
Argilas<br />
Silicatadas
<strong>COLÓIDES</strong> E <strong>ÍONS</strong> <strong>DO</strong> <strong>SOLO</strong><br />
• Cada colóide (argila ou húmus) têm, em geral, um<br />
balanço de cargas negativas (-), desenvolvido<br />
durante o processo de formação.<br />
• Isto significa que podem atrair e reter partículas<br />
com cargas positivas (+).<br />
• Em geral, os colóides repelem outras partículas de<br />
carga negativa.<br />
• Em certos casos, os colóides podem, também,<br />
desenvolver cargas positivas.
ORIGEM DAS CARGAS NEGATIVAS<br />
De acordo com LOPES et al. (1989), as cargas<br />
negativas no solo são originarias de:<br />
Faces quebradas do cristal de argila<br />
Quando um cristal de argila é rompido, alguns<br />
grupos de hidroxílicos (OH) podem ficar<br />
expostos, e o hidrogênio (H + ) destes radicais<br />
OH, frouxamente retido, pode ser facilmente<br />
trocado por outro cátion, conforme explicado a<br />
seguir:
Uma valência do oxigênio é<br />
atendida por Al dentro do cristal O...H + Hidrogênio “frouxo”<br />
Substituição isomórfica<br />
Em certos tipos de argilas, notadamente aquelas<br />
o tipo 2:1 como as montmorilinitas, alguns átomos<br />
de Al 3+ dos octaedros são substituídos por<br />
átomos de Mg 2+ . E de Si 4+ por Al 3+ nos tetraedros.<br />
Cada substituição resulta em uma valência<br />
(carga) negativa livre não atendida, uma vez que<br />
um átomo trivalente é substituído por um<br />
divalente.
OOHH O H O H<br />
OH OH<br />
OOHH<br />
Al Al Al Al<br />
O O<br />
OH O H<br />
Sem substituição<br />
O H<br />
OH<br />
Al<br />
Al<br />
Mg<br />
O<br />
OH<br />
Al Al<br />
H<br />
O O<br />
OH O H<br />
Com substituição<br />
Ilustração detalhada, com e sem o processo de<br />
substituição isomórfica nos octaedros.
Dissociação do grupo OH<br />
• O grupo OH nas bordas de um cristal de argila ou<br />
da MOS pode dissociar o H + , formando uma<br />
carga elétrica negativa;<br />
• As cargas oriundas da dissociação dos radicais<br />
orgânicos e minerais (óxidos e hidróxidos de Fe e<br />
de Al), são cargas dependentes de pH;<br />
• Seu aparecimento se dá com a elevação do pH.<br />
• O mesmo pode ocorrer pela desobstrução de<br />
cargas da matéria orgânica ocupadas por Al, Fe e<br />
Mn. É um processo que ocorre em função da<br />
calagem adequada dos solos ácidos.
Exemplo de formação de cargas negativas por substituição do Al3+<br />
por Mg2+ nos octaedros das argilas montmoriloníticas
ORIGENS DAS CARGAS POSITIVAS<br />
• Muitos solos tropicais têm cargas +, embora na<br />
grande maioria predominem as cargas negativas.<br />
• A presença da MOS, que é formada por cargas<br />
negativas e dependentes de pH, leva a um<br />
balanço final de cargas negativas nas camadas<br />
superiores do solo.<br />
• Em certos solos pode ocorrer, nas camadas<br />
subsuperficiais, uma predominância de cargas +.<br />
• As cargas + do solo ocorrem pela protonação das<br />
hidroxilas (OH 2 + ) dos óxidos e hidróxidos de Fe e<br />
de Al, em condições de pH extremamente baixo.
ORIGENS DAS CARGAS POSITIVAS<br />
Ilustração detalhada das cargas positivas do<br />
solo pela protonação das hidroxilas (OH) dos<br />
óxidos e hidróxidos de Fe e de Al, em<br />
condições de pH extremamente baixo
CAPACIDADE DE TROCA CATIONICA (CTC)
CAPACIDADE DE TROCA CATIONICA (CTC)<br />
• Cátions adsorvidos nos colóides do solo podem ser<br />
substituídos por outros cátions.<br />
• Isto significa que eles são trocáveis.<br />
• Ca 2+ pode ser trocado por H + e/ou K + , ou vice versa.<br />
• O número total de cátions que o solo pode reter (sua carga<br />
negativa) é chamado de capacidade de troca catiônica ou<br />
CTC<br />
• Quanto maior a CTC do solo maior o número de cátions<br />
que esse solo pode reter.<br />
• A CTC é uma característica físico-químico fundamental ao<br />
manejo da fertilidade do solo.
Expressão da CTC<br />
• A CTC do solo é expressa em termos de<br />
quantidade de carga que os colóides podem reter<br />
por unidade de peso ou volume, sendo este último<br />
mais freqüente em análises de rotina.<br />
• A expressão dos resultados é em cmolc/kg ou<br />
mmolc/kg.<br />
• Recordando: o que é 1 milimol de um cátion? É<br />
igual a 0,001 grama ou 1miligrama (1 mg) de<br />
hidrogênio ou seu equivalente.<br />
• Em outras palavras, é igual ao seu peso atômico,<br />
em g, dividido pela valência e dividido por 1.000.
FIGURA 6. Esquema da CTC
CTC
Análise Química do Solo
Símbolo químico e forma iônica<br />
dos principais cátions
Índices interpretativos<br />
pH<br />
Fornece o grau de acidez ou alcalinidade de um<br />
extrato aquoso do solo,<br />
É um indicativo das condições gerais de<br />
fertilidade do solo.<br />
Interpretação de pH<br />
No Estado de Mato Grosso o pH é determinado<br />
em água e em CaCl 2 0,01M na relação 1:2,5.
Exemplos de classificação das leituras de pH em<br />
água e em CaCl 2
Diferença entre pH em água e em CaCl 2 0,01M<br />
Em geral, para mesma amostra, o pH em água<br />
é maior do que o pH em CaCl 2.<br />
Esta diferença não tem um valor fixo.<br />
Em solos muito ácidos, a diferença pode chegar<br />
a 1,0 (um).<br />
Solos próximos à neutralidade os dois valores<br />
podem ser iguais.
<strong>SOLO</strong>S COM pH MUITO ÁCI<strong>DO</strong><br />
Deficiência de P e ALTA FIXAÇÃO do P<br />
aplicado, por íons Fe e Al;<br />
Baixos teores de Ca, de Mg e de K;<br />
Toxidez por alumínio (Al 3+ );<br />
Boa disponibilidade dos micronutrientes (exceto<br />
Mo); e toxidez por Fe e por Mn;<br />
Baixa CTC efetiva - alta lixiviação de cátions;<br />
Baixa saturação por bases (V%);<br />
Alta saturação por Al (m);<br />
Limitação na decomposição da M.O.
FÓSFORO DISPONÍVEL OU<br />
LÁBIL<br />
Pelo S.I., a unidade correta para P é<br />
mg P/dm 3 .<br />
Anteriormente, utilizava-se outras<br />
unidades para P disponível:<br />
ppm P; µg P/cm 3 .<br />
Numericamente, todas essas unidades<br />
são equivalentes, não sendo necessário<br />
transformação.<br />
1 ppm P = 1 µg P/g = 1 mg P/dm 3
Tabela para interpretação de fósforo<br />
disponível em solos da região de cerrado
POTÁSSIO TROCÁVEL (K + )<br />
Pelo S.I., os teores de K + podem ser expressos<br />
nas seguintes unidades:<br />
cmol c/dm 3 (PR), mmol c/dm 3 (SP), mg/dm 3<br />
(demais Estados)<br />
Numericamente são equivalentes entre si:<br />
cmol c/dm 3 (= 10 mmol c/dm 3 )<br />
ppm e mg/dm 3
Para transformar cmol c K/dm 3 (ou meq K/100<br />
cm 3 ) em ppm K (ou mg K/dm 3 ) basta multiplicar<br />
por 390.<br />
Para calcular a soma de bases, o K deve ser<br />
transformado para a mesma unidade do Ca e do<br />
Mg (cmol c/dm 3 ).
Tabela para interpretação do teor de<br />
potássio trocável (mg dm -3 ) na região de<br />
cerrado
CÁLCIO E MAGNÉSIO TROCÁVEIS<br />
(Ca 2+ e Mg 2+ )<br />
Pelo S.I. as unidades utilizadas são:<br />
cmol c/dm 3 em todos os Estados,<br />
Exceto SP, que utiliza mmol c/dm 3<br />
O mmol c/dm 3 , entretanto, a grandeza é dez (10)<br />
vezes maior. Assim:<br />
1 cmol c/dm 3 = 10 mmol c/dm 3
Índices normalmente utilizados para<br />
classificar os teores de Ca 2+ + Mg 2+
ALUMÍNIO TROCÁVEL (Al 3+ )<br />
Expresso da mesma forma que o Ca e Mg.
Saturação de alumínio (m)<br />
Interpretar apenas o teor de Al 3+ nem<br />
sempre é suficiente para caracterizar<br />
toxidez para as plantas;<br />
Pois depende também da proporção que o<br />
Al 3+ ocupa na CTC efetiva.<br />
Para avaliar corretamente a toxidez por<br />
alumínio deve-se calcular também a<br />
saturação por Al (m).<br />
m = [(Al 3+ x 100)/T ef.
Acidez Potencial (H + + Al 3+ ), CTC total ou T,<br />
CTC efetiva ou t
MATÉRIA ORGÂNICA<br />
Utilizava-se a porcentagem (%) para<br />
expressar os teores de carbono orgânico<br />
ou de matéria orgânica.<br />
Pelo Sistema Internacional de Unidades<br />
(S.I.U.), as unidades devem ser expressas<br />
em g/kg.<br />
g CO ou MO/kg = %CO ou MO x 10
Matéria Orgânica (MO) = Carbono<br />
Orgânico (CO) x 1,723
TEXTURA OU GRANULOMETRIA
Triângulo Textural
Soma de Bases<br />
É a soma dos principais cátions<br />
trocáveis na amostra:<br />
SB (ou S, mas cuidado para não<br />
confundir com “enxofre”) = Ca +<br />
Mg + K + (Na)*<br />
* Contribuição do sódio é<br />
pequena em solos sem problemas<br />
de salinidade.
Saturação por Bases (V%)<br />
Dá uma idéia de quanto da CTC<br />
está ocupada por nutrientes<br />
V%= (SB x 100) / CTCpot
80-100<br />
35-80<br />
< 35
CTC efetiva<br />
É a CTC no pH em que o solo se<br />
encontra no momento da<br />
amostragem<br />
É calculada por:<br />
CTCef = (SB + Al)
CTC potencial<br />
É a CTC do solo quando a amostra é<br />
colocada em um meio com pH 7.<br />
É o valor que deve ser usado<br />
quando se compara a CTC de<br />
amostras diferentes, porque estão<br />
no mesmo pH.<br />
Serve também para avaliar o<br />
potencial de aumento da CTC da<br />
amostra com a calagem.
CTC potencial<br />
CTCpot= SB + (H+Al)
alto<br />
médio<br />
baixo<br />
Interpretação dos valores de S, T e V em solos<br />
S(cmol c /kg) V (%) T (cmol c /kg)<br />
mais de 6<br />
4 a 6<br />
menos de 4<br />
mais de 60%;<br />
35 a 60%;<br />
menos de 35%;<br />
mais de 10<br />
6 a 10<br />
menos de 6
Interpretação de resultados de<br />
análise de solo<br />
Laudos dos Laboratórios
Resultados de um conjunto de<br />
amostras de solos do Pantanal