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Pág. 38 Setembro/Outubro de 1984 Revista do ILCT<br />
QUADRO 3 - Efeito da temperatura de cozimento n<br />
Temperatura<br />
Cozimento (0C)<br />
-<br />
31<br />
38<br />
ro de bactérias láticas'<br />
-<br />
Cultura, HP (amarga)<br />
Após 6 hs.<br />
2.6<br />
0.9<br />
• STADHOUDERS e HUP (1975)<br />
Os . resultados demonstram que o nú-<br />
e o final de bactérias láticas é reduzido<br />
aSlcame!1te na mesma proporção em am-<br />
bas as cepas !'amarga" e "não-amarga"<br />
quando sofrem efeito do aquec'lmento n' o '<br />
cesso e cozimento da massa. Os mes-<br />
. _ ..<br />
a fabncaçao do queIJo Gouda no núme-<br />
Número de Bactérias Láticas ( ... X10 9 /g)<br />
Após 24 hs.<br />
pro d çao se . I d<br />
os autores demonstraram em outro ex e-<br />
2.1<br />
0.9<br />
Cultura E8 (não-amarga)<br />
Após 6 hs.<br />
2.1<br />
1.2<br />
Após 24 hs.<br />
1.2<br />
0.8<br />
bsic .<br />
amente o mesmo,<br />
n<br />
porém a 35°C<br />
: lnUI o teor residual<br />
di<br />
de coalho e a inte -<br />
n-<br />
sldade do sabor amargo. Por outro I<br />
t:mperaturas de 36.5 e 380C h'<br />
Imento que se a cultura lática 'é inibida m ao f: i :: r f<br />
e pe:atrs mais elevadas de cozimento<br />
a ImlnUlçao ou não-formação do :sabo <br />
a<br />
tor<br />
.<br />
rei9ual de coalho na coalha<br />
a ao<br />
amargo, no queijo, pode estar li d<br />
a, qu<br />
dIminUI a m<br />
.<br />
edida que ,se eleva a te' m er<br />
a:<br />
.<br />
ado, a<br />
' a uma redu-<br />
nSlve . a carga bacteriana d'<br />
IO assim a prOdução de ev nti<br />
os. Portanto, com relação<br />
, emperatura de cozimento<br />
abos !atores devem ser levados<br />
' slderaçao.<br />
, em con-<br />
DO ponto de vista prático, este efeito<br />
da t<br />
emperatura de' cozimento na rete ' - '<br />
tura de c oZlmento<br />
P de<br />
como<br />
coalho e'<br />
é d . ex t remamente<br />
no , importante<br />
Quadro<br />
'<br />
4:<br />
,<br />
emonstrado<br />
QUADRO 4 _ , Efeito d a t emperatura de cozimento '<br />
, ,<br />
.<br />
nçao<br />
pOI. faz c?m que determinados tipos d <br />
queIJos sejam mais p opensos a apresen-<br />
coalho e ' sabor amargo do queijo GO :o<br />
d mero de bactérias láticas, teor de<br />
Temperatura de Nero de ' Baé térias<br />
COZimento (OC) Lahcas ( • ••<br />
·X10 9 /g)<br />
após 6 hs após 24 hs<br />
33,5<br />
1.0<br />
35.0<br />
1.6<br />
1.1<br />
36.5<br />
1.5<br />
0.53<br />
38.0 ' 0.31<br />
0.28<br />
0.27<br />
* STADHOUDERS e HUP (1975)<br />
Efetivamente ao<br />
'<br />
aum<br />
no número t<br />
ecresclmo<br />
t I d<br />
tores<br />
o<br />
ponderam<br />
queIJo. Os auentre<br />
33 5 e 350C que ' para uma<br />
. diferença<br />
o numero de bactérias é<br />
temperatura<br />
e<br />
cor; esponde u %0 d graual . da<br />
teor residual O e<br />
d! CO<br />
al c rias I!icas e no.<br />
Teor de Coalho do Gradução do sabo'r amar-<br />
, Queijo (A I/kg) go apos maturação (1)<br />
350<br />
315<br />
270<br />
230<br />
6 semanas 4 meses<br />
2.3<br />
2.9<br />
1.3<br />
2.2<br />
1.1 1 .5<br />
0.9 1.0<br />
(1) de O a 6.0 (fortement a:<br />
tar o defeito de sabor<br />
Considere-se<br />
am'ar ,go que<br />
por<br />
outros.<br />
exem I<br />
normais o as<br />
de<br />
tperaturas<br />
cozimento<br />
Cheddar e Emmental qU :IJos Gouda,<br />
52°C, respectivament O e sao 34, 38 e<br />
nestes queijos após 6 . teor d ,<br />
coalho<br />
semanas, e de 230,<br />
'<br />
•<br />
Revista do ILCT Setembro/Outubro de 1984 Pág. 39<br />
160 e 30J,u I kg , respectivamente. Obviamente<br />
o papel do coalho com relação ao<br />
sabor amargo, é muito mais importante<br />
para o Gouda que para o Emmental. Den<br />
tro deste raciocínio a usual falta de pa<br />
drões na fabricação de queijo Prato, aliada<br />
ao uso irregular de coalho e de leite de má<br />
qualidade bacteriológica, podem explicar<br />
o eventual aparecimento do defeito neste<br />
queijo.<br />
Outro fator a ser considerado é o teor<br />
de sal dos queijos, e mais precisamente, o<br />
teor de sal relativo á umidade do produto.<br />
Como regra geral, sabe-se que o desenvolvimento<br />
de sabor amargo é inibido por um<br />
aumento na concentração de NaCI do queijo<br />
(STADHOUDERS, 1969; CRAWFORD,<br />
1976; LAWRENCE e GILLES, 1969; STA<br />
DHOUDERS e HUP, 1975). A atividade do<br />
coalho em relação á paracaseina tem seu<br />
ponto máximo em concentração de sal na<br />
umidade entre 2,5 e 4,0%, e a atividade<br />
diminui rapidamente em caso de maiores<br />
elevações da concentração (STADHOU<br />
DERS, 1962). De acordo com LAWRENCE<br />
e GILLES (1969), a concentração de sal no<br />
queijo provavelmente controla a formação<br />
de sabor amargo por sua influência na atividade<br />
do coalho e das proteinases bacterianas.<br />
Os mesmos autores citam ainda<br />
que queijo Cheddar fabricado com a cultura<br />
lática "amarga", HP geralmente não<br />
apresentava sabor amargo quando o teor<br />
de sal na umidade era ' superior a 4,90%,<br />
mas quase sem exceção apresentava o<br />
problema quando este teor era inferior a<br />
4,3% , independentemente do pH do queijo.<br />
STADHOUDERS e HUP (1975) observaram<br />
que o aparecimento de sabor amar<br />
go e muito menos freqüente no queijo<br />
Edam (;I: 6.0% sal na umidade) do que no<br />
queijo Gouda (:f; 4,8% na umidade). Conforme<br />
foi discutido anteriormente, a fração<br />
fi da casei na seria a principal precursora<br />
dos peptídeos amargos em queijos e a<br />
hidrólise dessa fração é inibida por altas<br />
concentrações de sal (STANDHOUDERS e<br />
HUP, 1975; STADHOUDERS, 1979; SULLI<br />
VAN e JAGO, 1972).<br />
OUTROS FATORES A CONSIDERAR<br />
O tipo de coalho a ser usado na fabricação<br />
de queijos deve ser cuidadosamente<br />
escolhido, porque se encontra no mercado<br />
uma grande variedade de diferentes marcas<br />
e com diferentes origens. Deve ser<br />
dada especial atenção. aos coagulantes de<br />
origem microbiana, normalmente produzidos<br />
a partir de fungos como Mucor mihei,<br />
Mucor pusillus e Endothia parasitica. De<br />
acordo com ALAIS (1975), as enzimas coa-<br />
digitalizado por<br />
gulantes ,de origem fúngica possuem<br />
maior atividade proteolítica que as do coalho<br />
de origem animal e o uso de coagu<br />
lantes microbianos pode aumentar o risço<br />
do aparecimento de sabor amargo no quei<br />
jo. De acordo com KOSIKOWSKI (1978),<br />
os coagulantes microbianos têm sido co<br />
mercialmente empregados e muitas vezes<br />
com sucesso, mas, assim mesmo, reco<br />
menda que seu uso seja feito em base<br />
experimental, antes' de uma adoção defini<br />
tiva.<br />
Também deve ser considerado o teor de<br />
pepsina presente no coalho, juntamente<br />
com a renina. A pepsina possui maior ati<br />
vidade proteolitica do que a renina (ALAIS,<br />
1975; SCOTT, 1979) e, na produção do<br />
coalho de origem bovina, a idade do ani<br />
maI influencia decisivamente no teor des<br />
sas enzimas no produto final. Conforme<br />
citado por SCOTT (1979), o extrato de be<br />
zerros novos apresenta 94% de renina e<br />
6% de pepsina, porém esta proporção<br />
inverte-se quando a extração é feita de<br />
bovinos adultos. Segundo o mesmo autor,<br />
quase 75% dos queijos elaborados nos<br />
E.U.A. em 1967 foram feitos 'com uso de<br />
coalho contendo 50% de renina bovina de<br />
50% de pepsina de origem suina. Esta<br />
proporção pode não ser a mesma existen<br />
te no Brasil, o que eventualmente pode<br />
trazer problemas pelo uso de doses excessivas<br />
de coalho. Acontece que a pepsina<br />
suina perde quase toda atividade coagulante<br />
se o pH do' leite for superior a 6,6<br />
(ALAIS, 1975). o que é bastante comum.<br />
Nesse caso, quando se tem um coalho<br />
com alta porcentagem dessa enzima, po<br />
de-se inadvertidamente aumentar a dose<br />
para se obter a coagulaçao em tempo regular<br />
e, por conseqüência, obter um queijo<br />
com elevado teor de pepsina, no qual a<br />
decomposição protéica se fará mais rapidamente,<br />
podendo aumentar assim o risco<br />
do sabor amargo. Daí a importância de se<br />
conhecer a atividade coagulante real do<br />
coalho a se empregar, através de testes de<br />
laboratório, usando-se leite fresco e coa<br />
lho de boa procedência. '<br />
Outros fatores podem levar á formação<br />
do sabor amargo em queijos, tal a complexidade<br />
do problema, O uso excessivo<br />
de nitrato de sódio na prevenção de estufamento<br />
tardio tem sido apontado, na prática,<br />
como causador de sabor amargo em<br />
queijos. De acordo com STADHOUDERS e<br />
HUP (1975). até mesmo a temperatura de<br />
, l11aturação está ligada ao problema, pois<br />
os autores observaram que queijo Gouda<br />
maturado a temperaturas mais elevadas<br />
apresentava maior incidência de sabor<br />
amargo.<br />
arvoredoleite.org