30.04.2013 Views

Educação fiscal e controle Social - TCM-CE

Educação fiscal e controle Social - TCM-CE

Educação fiscal e controle Social - TCM-CE

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Fica então a indagação: Se a sociedade espera cada vez mais uma<br />

maior quantidade e uma melhor qualidade na oferta de bens e serviços<br />

públicos, por que há uma enorme resistência aos aumentos de tributos?<br />

Era de se esperar uma sintonia entre as exigências da sociedade e sua disposição<br />

a contribuir, mesmo que de forma compulsória, à sua crescente<br />

demanda por aqueles bens e serviços que são ofertados pelo Estado.<br />

A questão da resistência da sociedade ao aumento de tributos persiste,<br />

com exceção de momentos transitórios, em que há um grande<br />

apelo para a colaboração da sociedade com o Estado. Esta resistência,<br />

então, deve ser trabalhada por ambas as partes – Estado e sociedade –,<br />

a fi m de encontrar-se um ponto de convergência mais permanente.<br />

Nos países em desenvolvimento, as desigualdades sociais e regionais<br />

agravam o distanciamento entre as expectativas da sociedade<br />

e o Estado real, ou seja, os bens e serviços ofertados pelo Estado<br />

mostram-se muito aquém da dívida social acumulada. Este quadro<br />

potencializa o confl ito entre Estado e sociedade, quanto à imposição<br />

da carga de tributos que deve prevalecer.<br />

No Brasil, a dívida pública acumulada, contraída até o fi nal da<br />

década de 1980 impacta de forma signifi cativa as contas públicas. O<br />

pagamento dos encargos da dívida (juros e amortizações) obriga a<br />

União a despender recursos que poderiam ser utilizados para investimentos<br />

sociais e infra-estrutura. Portanto, a restrição orçamentária<br />

do Estado em atender às demandas da sociedade fi cou agravada<br />

pelo modelo de fi nanciamento escolhido até a década de 1980: o<br />

endividamento público. Este quadro contribui para a sensação que<br />

o Estado brasileiro muito arrecada, mas pouco retorna em bens e<br />

serviços de qualidade para a sociedade.<br />

O contribuinte, de forma geral, alega que os benefícios recebidos<br />

não correspondem ao esforço de sua contribuição. Ele não vislumbra<br />

uma compensação que o convença da verdadeira função socioeconômica<br />

do tributo, tema que discutiremos adiante. Outro fator<br />

que desestimula a participação da sociedade no fi nanciamento do<br />

gasto público é a destinação, às vezes, equivocada do gasto público<br />

e a falta de qualidade na aplicação dos recursos, daí a importância<br />

do acompanhamento e <strong>controle</strong> do gasto público, conforme será<br />

também abordado mais adiante.<br />

O princípio do benefício recebido, sem dúvida, é o de mais fácil<br />

entendimento para o contribuinte. Embora cada contribuinte não<br />

identifi que benefícios exatamente proporcionais à sua contribuição,<br />

de uma forma agregada justifi ca-se a carga de imposto onerada à<br />

sociedade. Vale ressaltar que, na prática, os contribuintes não defi -<br />

nem (ou revelam) suas preferências individuais pelos bens e serviços<br />

públicos, tornando inviável qualquer tentativa de “calibrar” o<br />

imposto à efetiva fruição de benefícios para cada contribuinte.<br />

No passado, a emissão<br />

de moeda também serviu<br />

como mecanismo de<br />

fi nanciamento do gasto<br />

público. Entretanto, a base<br />

tributária, ao longo do<br />

tempo, sempre será a fonte<br />

de recurso mais adequada e<br />

utilizada pelo Estado para<br />

fi nanciar seus gastos.<br />

Parte desses serviços<br />

são, de fato, serviços<br />

fi nanceiros, de pagamento<br />

e refi nanciamento dos<br />

encargos de uma dívida<br />

já contraída, destinados a<br />

remunerar os poupadores<br />

privados, que investem nos<br />

títulos públicos da União,<br />

portanto, para uma camada<br />

da população já detentora<br />

de riqueza acumulada.<br />

Quando se paga o<br />

IPTU (Imposto sobre a<br />

Propriedade Territorial<br />

Urbana), espera-se que os<br />

recursos arrecadados pelo<br />

município se revertam em<br />

serviços e obras na cidade<br />

- em benefícios. O IPVA<br />

(Imposto sobre Propriedade<br />

de Veículos), em princípio,<br />

deve ter sua arrecadação<br />

utilizada na pavimentação e<br />

ampliação das vias públicas.<br />

139

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!