Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE
Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE
Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Os filósofos pré-socráticos buscam o arqué, o mais essencial <strong>de</strong> que to<strong>da</strong>s as coisas são<br />
constituí<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> uma forma ou outra busca o ser, que tem que ser conhecido, ou seja, feita ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
conheci<strong>da</strong> pelo intelecto humano.<br />
Na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Antiga a filosofia clássica busca a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre as coisas, a filosofia platônica por um<br />
lado, e aristotélica por outro se referem a essa mesma busca, que <strong>de</strong> algum modo se lança até a<br />
objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s coisas.<br />
Na I<strong>da</strong><strong>de</strong> medieval, principalmente com a Escolástica a busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre o ser alcança um<br />
ponto álgido com Santo Tomás <strong>da</strong> Aquino. Sua filosofia do ser penetra, com uma profun<strong>da</strong> base<br />
aristotélica, até as entranhas <strong>da</strong>s essências do seres, apoiando-se numa metafísica realista. As palavras<br />
são instrumentos pelos quais nos referimos a conceitos (mundo noético) que implicam uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
(mundo ontológico).<br />
Na filosofia mo<strong>de</strong>rna começa a per<strong>de</strong>r-se essa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> óntica para fun<strong>da</strong>mentar-se tudo na<br />
subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Descartes, em efeito, baseia sua filosofia no claro e evi<strong>de</strong>nte à consciência.To<strong>da</strong> existência<br />
extramental se fun<strong>da</strong>menta nesse duplo critério. Per<strong>de</strong>-se relação com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e se fica com o<br />
conceito. Isso se vê tendo inicio em Descartes, mas a partir <strong>de</strong>le to<strong>da</strong> a filosofia mo<strong>de</strong>rna vai<br />
encaminhando-se pelo racionalismo e empirismo a uma certeza que não se baseia mais no real conhecido<br />
pela abstração até o intelecto, mas no primeiro caso pela intuição racional, e no segundo nos <strong>da</strong>dos<br />
sensíveis imediatos. Kant é exemplo do que ser chega nesse caminho.Também os i<strong>de</strong>alistas que lhe<br />
seguem como Fichte, Schelling e principalmente Hegel para quem todo racional é real e todo real é<br />
racional.<br />
Para a fun<strong>da</strong>mentação “objetiva” se usa a linguagem, não porque se espere em sua objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
mas por uma simples razão: quando se fun<strong>da</strong>menta na subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, se acaba per<strong>de</strong>ndo contato com a<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que é afirma<strong>da</strong> como um mundo <strong>de</strong>sconhecido (numênico, na terminologia kantiana); ao per<strong>de</strong>r<br />
esse contato com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, os conceitos internos per<strong>de</strong>m o laço <strong>de</strong> intercomunicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, se não<br />
encontra algo que seja comum a todos, e esse algo que resta é a linguagem. Na linguagem se encontrou o<br />
espaço comum <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, para universalizar o que se relegava ao âmbito interior e intelectual.<br />
Acaba a linguagem restando como a única base científica porque é o único que goza <strong>de</strong> certa<br />
objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> aceitação<br />
Chega a afirmar-se que o único comum é a linguagem, mas para livra-la <strong>de</strong> inexatidões se busca<br />
purificar-la. A linguagem ordinária é por <strong>de</strong>mais acientífica, inexata, e obscura. Para fazer uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />
ciência basea<strong>da</strong> na linguagem seria necessário purificar a linguagem.<br />
Gottlob Frege<br />
palavra<br />
conceito<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Um dos primeiros que tenta essa purificação <strong>da</strong> linguagem é Frege. Matemático alemão que<br />
buscava uma linguagem conceitual que se expressasse com o rigor <strong>da</strong>s matemáticas.Ele que,<br />
analogamente às matemáticas, reduzir a linguagem a uma forma lógica para que esteja livre <strong>de</strong><br />
6