06.05.2013 Views

Educação para alunos com altas habilidades/superdotação ... - Facos

Educação para alunos com altas habilidades/superdotação ... - Facos

Educação para alunos com altas habilidades/superdotação ... - Facos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Educação</strong> <strong>para</strong> <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>:<br />

encaminhando potenciais <strong>para</strong> um programa de enriquecimento<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

46<br />

Soraia Napoleão Freitas 1<br />

Resumo: Visualizando a educação <strong>com</strong>o possibilidade de desenvolvimento das capacidades<br />

humanas, não se pode deixar de pensar no sujeito <strong>com</strong> Altas <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>(AH/SD), bem<br />

<strong>com</strong>o o atendimento específico a este público. Desta forma, um programa de enriquecimento escolar<br />

atua no intuito de <strong>com</strong>plementar as lacunas presentes no ambiente escolar, ampliar, aprofundar e<br />

enriquecer o conteúdo curricular, bem <strong>com</strong>o estimular o conhecimento de várias áreas do<br />

conhecimento. Este artigo tem <strong>com</strong>o objetivo debater sobre possibilidades de atendimento<br />

educacional <strong>para</strong> <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, apresentando alguns trabalhos<br />

realizados durante o ano de 2011 no projeto de extensão “Programa de Incentivo ao Talento – PIT”.<br />

O projeto atende <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> de Santa Maria/RS, lançando um olhar<br />

também <strong>para</strong> as suas necessidades. A partir do trabalho realizado pelo projeto no ano de 2011,<br />

apresentamos neste texto algumas atividades relevantes e discutimos sobre aspectos importantes<br />

advindos das práticas desenvolvidas.<br />

Palavras chave: Programa de Enriquecimento. Altas habilidade/<strong>superdotação</strong>. Programa de<br />

Incentivo ao Talento.<br />

Abstract: Viewing education as a possibility for development of human capacities, we can not stop<br />

thinking about the subject with High Abilities / Giftedness (AH / SD), as well as meet the specific needs<br />

of this audience. Thus, a school enrichment program serves to <strong>com</strong>plement the gaps present in the<br />

school environment, broaden, deepen and enrich the curriculum content as well as encourage<br />

knowledge of various areas of knowledge. This article aims to discuss possibilities of educational<br />

services for students with high ability / gifted, with some work during the year 2011 the extension<br />

project "Programa de Incentivo ao Talento - PIT." The project serves students with high ability /<br />

giftedness in Santa Maria / RS, casting a look also to their needs. From the work done by the project<br />

in 2011, this paper presents some relevant activities and discuss important issues arising out of<br />

practices developed.<br />

Keywords: Enrichment program. High Abilities/Giftedness. Programa de Incentivo ao Talento.<br />

Introdução<br />

A educação é um dos caminhos que direciona a inclusão dos sujeitos na sociedade,<br />

além de ser a porta de acesso <strong>para</strong> o desenvolvimento das capacidades individuais,<br />

o que favorece a autonomia e permite o exercício da cidadania. Ao pensar na<br />

educação de sujeitos <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, é preciso observar que<br />

este grupo necessita de orientação e atendimento educacional especializado a fim<br />

de obter sucesso na sua vida escolar e, bem <strong>com</strong>o nas suas relações sociais.<br />

De acordo <strong>com</strong> a Política Nacional de <strong>Educação</strong> Especial na Perspectiva da<br />

<strong>Educação</strong> Inclusiva (BRASIL, 2008), <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong><br />

1 Professora Doutora do Departamento de <strong>Educação</strong> Especial e do Programa de Pós-graduação da<br />

Universidade Federal de Santa Maria. Líder do Grupo de Pesquisa “<strong>Educação</strong> Especial: Interação e<br />

Inclusão Social”.


apresentam potencial elevado em uma ou mais áreas, podendo ser isoladas ou<br />

<strong>com</strong>binadas, sendo estas: intelectual, acadêmica, liderança, psi<strong>com</strong>otricidade e<br />

artes. Além disso, demonstram elevada criatividade, grande envolvimento na<br />

aprendizagem e realização de tarefas em áreas de interesse.<br />

Em decorrência das peculiaridades quanto ao seu aprendizado e por localizarem-se<br />

nos extremos da distribuição em características relevantes ao processo educativo,<br />

necessitam provisões e medidas especiais, visando seu desenvolvimento integral<br />

(GUENTHER, 2000).<br />

A esse respeito, encontra-se respaldo na Lei de Diretrizes e Bases da <strong>Educação</strong> –<br />

LDB 9394/96 que descreve sobre o ensino dos <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> necessidades<br />

educacionais especiais, sendo que em seu artigo 8º item IX, esclarece a<br />

necessidade de promover “[...] atividades que favoreçam, ao aluno que apresente<br />

<strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, o aprofundamento e enriquecimento de aspectos<br />

curriculares, mediante desafios suplementares [...]” (BRASIL, 1996, p.73). Estas<br />

atividades podem acontecer nas classes <strong>com</strong>uns, em sala de recursos ou em outros<br />

espaços definidos pelos sistemas de ensino.<br />

Desse modo, este artigo tem <strong>com</strong>o objetivo debater sobre possibilidades de<br />

atendimento educacional especializado <strong>para</strong> <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong><br />

<strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, apresentando alguns trabalhos realizados durante o ano<br />

de 2011 no projeto de extensão “Programa de Incentivo ao Talento – PIT”.<br />

Caracteriza-se <strong>com</strong>o um estudo qualitativo, que procura realizar um debate em torno<br />

de uma experiência vivenciada na temática proposta, explanando sobre um exemplo<br />

de um programa de enriquecimento.<br />

A proposta de enriquecimento curricular <strong>para</strong> <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong><br />

<strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong><br />

Os <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> estão incluídos nas escolas regulares<br />

e por isso, conforme garantido nos documentos legais, é fundamental um trabalho<br />

pedagógico diferenciado <strong>para</strong> suas especificidades. No entanto, “devido às<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

47


carências atuais dos sistemas de ensino regular, fazem-se necessárias alternativas<br />

diferenciadas <strong>para</strong> o atendimento desta pessoa” (ABSD, 2000, p.18). Desse modo, é<br />

fundamental pensar no atendimento educacional aos <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong><br />

<strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, que pode se dar de diversas maneiras e de acordo <strong>com</strong> a<br />

sua realidade educacional.<br />

Dentre as alternativas possíveis, estão, as propostas de enriquecimento escolar, os<br />

quais podem ser ofertados de diferentes formas:<br />

Muitas são as formas que um programa de enriquecimento pode tomar.<br />

Para alguns, ele implica <strong>com</strong>pletar em menos tempo o conteúdo proposto,<br />

permitindo, assim, a inclusão de novas unidades de estudo. Para outros, ele<br />

implica uma investigação mais ampla a respeito dos tópicos que estão<br />

sendo ensinados, utilizando o aluno um maior número de fones de<br />

informação <strong>para</strong> dominar e conhecer uma determinada matéria. Para<br />

outros, o enriquecimento consiste em solicitar ao aluno o desenvolvimento<br />

de projetos originais em determinadas áreas de conhecimento. Ele pode ser<br />

levado a efeito tanto na própria sala de aula <strong>com</strong>o através de atividades<br />

extracurriculares (ALENCAR, FLEITH, 2001, p. 133)<br />

Com isso, a partir das necessidades de cada sujeito e das possibilidades das<br />

instituições, o enriquecimento pode ser promovido de maneiras diversas, tanto intra<br />

ou extracurricular (FREITAS e PÉREZ, 2012). O enriquecimento intracurricular pode<br />

ser desenvolvido de formas diversas, de acordo <strong>com</strong> a área de destaque do aluno e<br />

das suas condições de aprendizagem, <strong>com</strong> flexibilizações dos conteúdos<br />

curriculares, adaptações nos objetivos e metodologia, etc. <strong>para</strong> aprofundar os<br />

conteúdos. Conforme mencionam Freitas e Pérez a respeito do enriquecimento<br />

intracurricular,<br />

São estratégias propostas e orientadas pelo docente de sala de aula regular<br />

ou das diferentes disciplinas, durante o período de aula ou fora dele (tarefas<br />

adicionais, projetos individuais, monitorias, tutorias e mentorias), que podem<br />

ter <strong>com</strong>o base o conteúdo que ele está trabalhando num determinado<br />

momento e cuja proposta pode ser elaborada conjuntamente <strong>com</strong> o<br />

professor especializado ou mesmo <strong>com</strong> um professor itinerante, quando for<br />

necessário. (FREITAS, PÉREZ, 2012, p. 79)<br />

Com isso, o enriquecimento intracurricular exige do professor um conhecimento do<br />

aluno e de seus interesses, <strong>para</strong> organizar este planejamento educacional,<br />

considerando a idade, a maturidade, os estudos anteriores e as experiências de vida<br />

dos <strong>alunos</strong>. Freitas e Pérez esclarecem que:<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

48


Isso envolve o trabalho do professor, que deve conhecer seu aluno e<br />

possibilitar enriquecimento curricular em consonância <strong>com</strong> a equipe escolar<br />

<strong>para</strong> que sejam consideradas as individualidades, peculiaridades e as<br />

<strong>habilidades</strong> específicas destes <strong>alunos</strong> no contexto escolar. Para isso, além<br />

da exigência da formação do professor, é necessário seu empenho e a<br />

organização de recursos diferenciados, oferecendo a estes <strong>alunos</strong> um maior<br />

aprofundamento curricular. (FREITAS, PÉREZ, 2012, p. 12).<br />

Com isso, a realização do enriquecimento, nas suas diferentes abordagens, traz a<br />

possibilidade de contribuir <strong>com</strong> uma inclusão de maior qualidade <strong>para</strong> estes <strong>alunos</strong><br />

<strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, necessitando a formação dos profissionais da<br />

educação <strong>para</strong> este atendimento. Pesquisadores <strong>com</strong>o Renzulli (1994), e outros<br />

propõem Modelos de Enriquecimento escolar que pode contribuir <strong>para</strong> o<br />

desenvolvimento destes <strong>alunos</strong>.<br />

Além disso, quando de trata do atendimento educacional especializado <strong>para</strong> os<br />

<strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, este deve disponibilizar programas de<br />

enriquecimento curricular a estes <strong>alunos</strong>, <strong>com</strong> metodologias, ajudas e recursos<br />

diferenciados ao longo do processo de escolarização, articulado <strong>com</strong> a proposta<br />

pedagógica do ensino <strong>com</strong>um.<br />

O enriquecimento extracurricular pode acontecer na escola do aluno ou em outro<br />

ambiente educacional, podendo ser realizado em salas de recursos, centros de<br />

atendimento ou outros programas específicos. O Modelo Triádico de Enriquecimento<br />

sugerido por Renzulli (1994) é um exemplo, no qual propõe que o atendimento aos<br />

<strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> deveria englobar atividades dos tipos I, II<br />

e III.<br />

Resumidamente, o Tipo I, representa atividades de exploração geral a respeito de<br />

uma variedade de assuntos, etc.; o Tipo II constitui-se por atividades que ofereçam<br />

métodos e técnicas diferenciadas em relação a determinado assunto; o Tipo III,<br />

seriam as atividades investigativas de problemas reais, individuais ou coletivas, em<br />

que o aluno assume o papel de investigador. Freitas e Pérez (2012),<br />

<strong>com</strong>plementando o modelo de Renzulli (1994), sugerem também atividades do tipo<br />

IV, as quais constituem o “fazer mais”, atividades que surgem do amadurecimento<br />

das pesquisas e dos produtos desenvolvidos.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

49


Neste sentido é importante que se possa refletir a respeito destas diferentes<br />

maneiras pelas quais o enriquecimento pode se constituir, de acordo <strong>com</strong> as<br />

necessidades educacionais dos <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>.<br />

Com o intuito de <strong>com</strong>plementar as lacunas presentes no ambiente escolar,<br />

proporcionando amparo educacional aos <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong><br />

inseridos na rede de ensino do município de Santa Maria/RS, surgiu em 2003 um<br />

programa de enriquecimento escolar. Este é um Projeto de Extensão denominado<br />

“Programa de Incentivo ao Talento – PIT”, vinculado à Universidade Federal de<br />

Santa Maria, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa <strong>Educação</strong> Especial: Interação e<br />

Inclusão Social, orientado pela professora Soraia Napoleão Freitas. Atua atendendo<br />

<strong>alunos</strong> <strong>com</strong> características de Altas <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> do município, os quais<br />

são previamente identificados por um projeto de pesquisa vinculado ao mesmo<br />

grupo.<br />

A extensão universitária mostra-se <strong>com</strong>o uma via de mão dupla, pois além de<br />

favorecer o crescimento acadêmico e profissional dos participantes, está<br />

contribuindo <strong>com</strong> as necessidades educacionais da população envolvida. Uma vez<br />

que o programa é um dos poucos programas na região no Rio Grande do Sul que<br />

atende <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, <strong>com</strong>preende-se o importante<br />

papel do mesmo <strong>com</strong>o um diferencial na vida dos <strong>alunos</strong> atendidos.<br />

Nesse sentido, as ações desenvolvidas pelo programa buscam alcançar seu<br />

principal objetivo que consiste em ampliar, aprofundar e enriquecer o conteúdo<br />

curricular, bem <strong>com</strong>o estimular o conhecimento de várias áreas do conhecimento.<br />

Assim, procura-se, na medida do possível, suprir as necessidades dos sujeitos<br />

atendidos, propondo o desenvolvimento e o estimulo de seus potenciais através de<br />

um ambiente educacional diferenciado, onde são oferecidas experiências<br />

educacionais diversificadas que vêem ao encontro de suas áreas de interesse.<br />

Além disso, existe no projeto a preocupação <strong>com</strong> família dos <strong>alunos</strong> e, portanto,<br />

oportuniza-se a relação entre os pais e entre os pais e equipe executora do projeto,<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

50


na qual há a troca de experiências e informações sobre a temática, bem <strong>com</strong>o o<br />

reconhecimento das peculiaridades destes indivíduos.<br />

A seguir são apresentadas as principais ações desenvolvidas pelo Programa no ano<br />

de 2011, tecendo discussões a respeito de alguns aspectos relevantes, já que,<br />

muitas vezes, são determinantes na vida dos envolvidos <strong>com</strong> a temática das Altas<br />

<strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, especialmente os sujeitos <strong>com</strong> estas características.<br />

Programa de Incentivo ao Talento: apresentando uma proposta de<br />

enriquecimento extraescolar<br />

As ações desenvolvidas pelo projeto de extensão “Programa de Incentivo ao Talento<br />

– PIT” aconteceram semanalmente, aos sábados 2 , no período da manhã em uma<br />

escola da cidade que disponibiliza o espaço físico. Durante o ano de 2011 o<br />

programa de enriquecimento atendeu <strong>alunos</strong> de diferentes instituições educacionais<br />

do município, estas na faixa etária entre seis e quinze anos. Cada encontro tinha o<br />

tempo de duração de 1 hora e 30 minutos. Cabe destacar que <strong>para</strong> o<br />

desenvolvimento desta ação o grupo de integrantes do projeto mantêm encontros<br />

semanais <strong>para</strong> discussão, reflexões e estudos, além de encontros <strong>para</strong>lelos <strong>para</strong><br />

planejamentos e contato dos apoiadores.<br />

As ações desenvolvidas <strong>com</strong> os <strong>alunos</strong> em 2011 foram organizadas sob uma divisão<br />

de quatro grupos de interesse, considerando-se as especificidades do alunado. A<br />

partir disso, evidencia-se a importância do trabalho em grupo, onde os educandos<br />

podem desenvolver-se em cooperação através das trocas de experiências em áreas<br />

afins.<br />

Outro benefício da participação em grupos é a heterogeneidade dos participantes,<br />

no qual a diferença de idade entre estes se constitui <strong>com</strong>o um aspecto enriquecedor,<br />

tendo em vista que o desenvolvimento intelectual, bem <strong>com</strong>o os interesses nem<br />

sempre correspondem a idade cronológica e, assim, trocas valiosas podem<br />

acontecer no relacionamento entre <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> idades diferentes e mesmos<br />

interesses.<br />

2 Exceto feriados e datas em que havia outras programações na escola.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

51


Silverman (2002 apud FLEITH, 2007) contribui <strong>com</strong> esta premissa ao entender que<br />

estas pessoas possuem um desenvolvimento assincrônico entre <strong>habilidades</strong><br />

intelectuais, psi<strong>com</strong>otoras, características afetivas e aspectos do desenvolvimento<br />

cronológico. Este desenvolvimento não linear pode ainda gerar sentimentos de<br />

des<strong>com</strong>passo do indivíduo em relação a si mesmo e à sociedade.<br />

Guenther (2008), por sua vez, menciona ainda <strong>com</strong>o vantagens das atividades em<br />

grupo a auto-estimulação através da convivência, interação e trocas <strong>com</strong> outros<br />

<strong>alunos</strong> <strong>com</strong> as mesmas características; facilidade de organização por <strong>com</strong>partilhar<br />

interesses e envolvimento <strong>com</strong> as tarefas; e proporcionar o contato <strong>com</strong> pessoas<br />

admiráveis, estudiosos das varias áreas, sobretudo das áreas de interesse dos<br />

<strong>alunos</strong>.<br />

Esta configuração de atendimento aproxima-se aos Grupos de Enriquecimento<br />

proposto pelo pesquisador Renzulli (1997, apud ALENCAR & FLEITH, 2001) que<br />

consistem de grupos de <strong>alunos</strong> de diversas séries que <strong>com</strong>partilham interesses<br />

semelhantes e têm encontros regulares <strong>para</strong> desenvolver projetos baseados nos<br />

interesses.<br />

Além da metodologia em Grupo de Interesse, foram empregados alguns preceitos<br />

de Renzulli (2004), <strong>com</strong>o o Modelo Triádico de Enriquecimento. Este modelo sugere<br />

a implementação de atividades de enriquecimento de três tipos, denominadas:<br />

atividades do Tipo I, atividades do Tipo II e atividades do Tipo III, as quais já foram<br />

citadas anteriormente. Foram oferecidas experiências <strong>para</strong> que os três momentos<br />

estivessem presentes em todos os grupos de interesse, o que motivou os<br />

participantes e acarretou em bons resultados.<br />

Durante o ano de 2011, então, fez-se um trabalho <strong>com</strong> quatro grupos, sendo o<br />

Grupo de Pais e/ou responsáveis e três Grupos de Interesses em áreas distintas: o<br />

G-Tec, cujo foco foi a tecnologia e a robótica; o Cinema-Ação no qual se trabalhou o<br />

cinema a partir de histórias infantis e; o Arteiros que buscou desenvolver as diversas<br />

linhas das artes. Estes grupos foram planejados e desenvolvidos de acordo <strong>com</strong> os<br />

interesses dos <strong>alunos</strong> a partir de percepções tidas em oportunidades anteriores e a<br />

sondagem feita no início das atividades do referido ano.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

52


Cada grupo realizou suas atividades em uma sala de aula da escola e nesses<br />

espaços tiveram acesso a materiais, ferramentas e o encorajamento <strong>para</strong> que,<br />

através destes, alcançassem níveis mais elevados de conhecimento. Para tanto, o<br />

apoio de profissionais, acadêmicos, Programa de <strong>Educação</strong> Tutorial –PETs- e até<br />

mesmo outros grupos de projetos da Universidade foi decisivo, pois nos auxiliaram<br />

no aprofundamento da área de conhecimento trabalhada em cada grupo de<br />

interesse.<br />

Con<strong>com</strong>itante <strong>com</strong> os três grupos de enriquecimento aconteceu o Grupo de Pais<br />

e/ou responsáveis do projeto. Este grupo nasceu <strong>para</strong> apoiar pais e familiares na<br />

educação das crianças <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, proporcionando espaço<br />

<strong>para</strong> discussão acerca da temática e trocas de experiências. Embora intitulado<br />

‘Grupo de Pais’, este grupo é aberto também à <strong>com</strong>unidade, ao corpo docente dos<br />

<strong>alunos</strong> participantes e demais interessados que queiram entender, discutir, informar-<br />

se e trocar conhecimentos sobre as Altas <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>.<br />

Uma forte razão <strong>para</strong> a existência deste grupo é o fato de que pais de crianças <strong>com</strong><br />

<strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> sentem necessidade de <strong>com</strong>unicação e trocas de<br />

experiências a fim de melhor atendê-las (SABATELLA, 2007). Nesse sentido, o<br />

grupo de discussão oferecido se faz significativo na vida dos participantes que<br />

constroem estratégias <strong>para</strong> auxiliar no desenvolvimento sadio de seus filhos. A<br />

mesma autora corrobora ainda que:<br />

O encontro dos pais em um programa organizado <strong>para</strong> o alcance de<br />

maiores informações sobre <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> e, sobretudo,<br />

<strong>para</strong> proporcionar oportunidades de <strong>com</strong>partilhar abertamente <strong>com</strong> outras<br />

famílias, tem mostrado sua eficiência e ampliado o conhecimento a respeito<br />

da relação familiar. (SABATELLA, 2007, p. 148).<br />

Além dos grupos descritos acima, o projeto desenvolve durante o ano Atividades<br />

Especiais, sendo que estas acontecem semestralmente a fim de proporcionar trocas<br />

de experiências, curiosidades, atividades lúdicas. São nesses eventos que a equipe<br />

do projeto tem a oportunidade de reunir todos os grupos em um só, <strong>com</strong> a finalidade<br />

de promover as relações interpessoais, a troca de conhecimentos/<strong>habilidades</strong> <strong>com</strong><br />

os colegas de outros grupos, bem <strong>com</strong>o sondar e confirmar novos interesses que os<br />

<strong>alunos</strong> venham apresentando.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

53


As Atividades Especiais do projeto podem ser relacionadas <strong>com</strong> o que Guenther<br />

(2008, p. 23) denomina de Encontros Gerais que “são atividades diferentes dos<br />

Grupos de Interesse por serem uma situação <strong>com</strong>pleta em si mesma”. É neste<br />

momento que o aluno se de<strong>para</strong> <strong>com</strong> a novidade, <strong>com</strong> a exploração, quando ele é<br />

exposto a vivencias diferentes. Além do mais, conforme Guenther (2008) é o<br />

momento em que um número maior de <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong><br />

reúne-se <strong>para</strong> um período de interação e estimulação ampla, intensa e variada, o<br />

que pode ser aprofundado posteriormente.<br />

Alguns resultados a serem debatidos<br />

Tendo em vista o trabalho desenvolvido nos Grupos de Interesse, a seguir<br />

destacam-se os principais momentos e as discussões provindas destes no referido<br />

programa.<br />

O Grupo de Interesse ‘G-Tec’ teve por objetivo promover o contato dos<br />

<strong>alunos</strong>/participantes <strong>com</strong> conhecimentos da área de tecnologia que envolvessem o<br />

trabalho <strong>com</strong> robótica. Para tanto, contou-se <strong>com</strong> o apoio de acadêmicos do<br />

Programa de <strong>Educação</strong> Tutorial – PET do Curso de Engenharia Elétrica da mesma<br />

Universidade.<br />

Iniciando os trabalhos <strong>com</strong> o G-TEC, foram fornecidas informações a respeito de<br />

algumas das engenharias ofertadas pela Universidade, sendo elas Engenharia<br />

Elétrica, Engenharia Civil, Engenharia Química e Engenharia Mecânica. No referido<br />

trabalho, além do conhecimento a respeito das engenharias citadas, foi intenção<br />

demonstrar que <strong>para</strong> a elaboração de um grande projeto, em muitos momentos<br />

estes diversos âmbitos estabelecem uma relação na busca de alternativas de<br />

melhorar a vida das pessoas sem gerar agressões ao meio ambiente.<br />

Na sequência, os <strong>alunos</strong> foram instigados a entender aspectos relevantes sobre a<br />

robótica e, a partir disso, desenvolveram a construção de robôs, sendo que estes<br />

tinham <strong>com</strong>o função auxiliar o ser humano.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

54


Outra proposta desenvolvida por este grupo de enriquecimento foi a denominada<br />

“Engenharia do Impossível”. Neste trabalho os <strong>alunos</strong> receberam tarefas<br />

diferenciadas <strong>para</strong> realizar em grupo, sendo o grupo G-TEC dividido em dois grupos<br />

menores. Um dos grupos deveria criar um carro que fizesse <strong>com</strong>pras sozinho e o<br />

outro criar um planeta sintético. A partir disso, decidiu-se que em cada grupo haveria<br />

um relator, um desenhista, um historiador, e as demais funções seriam definidas de<br />

acordo <strong>com</strong> as necessidades que se apresentassem. Logo, houveram significativos<br />

resultados, onde os <strong>alunos</strong> se empenharam e cooperaram <strong>para</strong> resolver os<br />

problemas apresentados.<br />

O trabalho em grupo, onde cada um desempenha um determinado papel e o produto<br />

final depende do empenho de todos desestabiliza muitos <strong>alunos</strong>, pois há por parte<br />

deles próprios, muita cobrança em relação a resultados satisfatórios. Muitas vezes<br />

as crianças não aceitam os resultados do próprio trabalho por serem muito<br />

<strong>com</strong>prometidas <strong>com</strong> as suas produções. Por essa mesma razão, esses momentos<br />

são importantes ao passo que os <strong>alunos</strong> podem exercitar sua flexibilidade e<br />

entender que a eficiência não depende apenas da vontade e que ninguém consegue<br />

somente bons resultados em tudo que faz.<br />

Além disso, essas oportunidades mostram que a autoexigência das crianças <strong>com</strong><br />

<strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, muitas vezes parte do ambiente familiar, escolar ou<br />

do próprio círculo de amigos que ao saberem de seu potencial passam a exercer<br />

cobranças impróprias. Assim sendo, tem-se a possibilidade de, sabendo a origem do<br />

problema, mediar o desenvolvimento da aceitação e <strong>com</strong>preensão dos próprios<br />

limites, evitando desajustes emocionais nos sujeitos <strong>com</strong> Altas<br />

<strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>.<br />

O Grupo de Interesse ‘Cinema Ação’ surgiu a partir de um grupo desenvolvido no<br />

ano anterior - 2010, intitulado ‘Em defesa do Lobo mau’ que trabalhou construindo<br />

finais diferentes <strong>para</strong> histórias infantis. Desse modo, o grupo Cinema Ação objetivou<br />

pesquisar sobre cinema buscando associar os conhecimentos trabalhados através<br />

de histórias infantis <strong>com</strong> a temática do cinema. Partindo da recriação de uma<br />

história envolvendo o personagem Lobo Mau, foi montado no decorrer de 2011 dois<br />

roteiros de filme, sendo um deles intitulado “O Outro Lado da Chapeuzinho<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

55


Vermelho...”, e outro “O Fim da Terra”. Para tanto, os <strong>alunos</strong> participantes<br />

montaram, além dos roteiros, o perfil psicológico dos personagens, os figurinos,<br />

planejamentos de ambiente e realizaram ensaios. No entanto, boa parte dos <strong>alunos</strong><br />

participantes deste grupo precisou se afastar do programa em virtude de situações<br />

adversas, dentre estas, mudança de cidade.<br />

Devido ao número reduzido de <strong>alunos</strong> e o curto espaço de tempo restante <strong>para</strong> a<br />

conclusão dos filmes, o filme “O Outro Lado da Chapeuzinho Vermelho...” não foi<br />

concluído, já o filme “O Fim da Terra” foi finalizado. Os <strong>alunos</strong> que permaneceram no<br />

grupo elaboraram a história, os cenários e os personagens de fantoches. Porém, no<br />

dia marcado <strong>para</strong> as gravações não estavam presentes, por isso as professoras do<br />

grupo, professoras de outros Grupos de Interesse que se disponibilizaram a ajudar e<br />

um voluntário realizaram a gravação e edição do filme que foi exibido ao grande<br />

grupo na programação de encerramento do ano.<br />

Outro Grupo de Interesse desenvolvido neste ano, o ‘Arteiros’, teve <strong>com</strong>o objetivo<br />

perceber a arte de forma diferenciada, buscando a sensibilização acerca das<br />

concepções da arte e viabilizando a desconstrução de estereótipos. Desse modo,<br />

proporcionou um espaço que contribuiu <strong>para</strong> o enriquecimento de <strong>habilidades</strong>, bem<br />

<strong>com</strong>o <strong>para</strong> a descoberta de novas <strong>habilidades</strong> no entorno do fazer artístico, além de<br />

serem oferecidas possibilidades de vivenciar varias formas artísticas.<br />

O início dos trabalhos no Grupo de Interesse Arteiros deu-se <strong>com</strong> explanação geral<br />

sobre os diferentes fazeres artístico, buscando reconhecer a arte <strong>com</strong>o área do<br />

conhecimento e visualizá-la de forma menos estereotipada. Nesse instante foi<br />

possível perceber as restrições sobre o conceito de artes trazidas pelos <strong>alunos</strong>,<br />

sendo que alguns <strong>com</strong>entavam que arte era “algo bonito, desenho”. Nesta fala nota-<br />

se a idéia reducionista da arte, onde ela está atrelada ao belo e aquilo que<br />

geralmente é explorado nas instituições de ensino. Porém, embora trouxesse essa<br />

concepção o mesmo participante se destacava em relação às percepções visuais,<br />

observando rapidamente detalhes em relação ao espaço-visual.<br />

A partir disso, entende-se que o espaço oferecido a esta pessoa no programa de<br />

enriquecimento, por diferir das oportunidades ofertadas pela escola, provavelmente<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

56


terá um papel decisivo no desenvolvimento de suas <strong>habilidades</strong>, bem <strong>com</strong>o poderá<br />

influenciar em seu futuro profissional.<br />

A esse respeito diz Renzulli (2004) que existem dois tipos de <strong>altas</strong><br />

<strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>: a escolar ou acadêmica e a produtivo-criativa, sendo a<br />

primeira caracterizada pelo bom rendimento escolar, notas <strong>altas</strong>, aprendizagem<br />

rápida, destaque nas áreas mais valorizadas pela escola (português e matemática),<br />

nível de <strong>com</strong>preensão elevado. Já a produtivo-criativa envolve aspectos da atividade<br />

humana nas quais são incentivados o desenvolvimento de idéias, produtos,<br />

expressões artísticas e “áreas do conhecimento que são propositalmente<br />

concebidas <strong>para</strong> ter um impacto sobre uma ou mais platéias-alvo” (RENZULLI, 2004,<br />

p. 83).<br />

Tecidas discussões sobre a concepção de artes e após exploração de diversos<br />

materiais, passou-se por técnicas de desenho e então se adentrou ao conhecimento<br />

sobre arte gráfica, sendo que <strong>para</strong> este trabalho contamos <strong>com</strong> o apoio de um<br />

profissional da área. Devido ao interesse da maioria dos participantes do grupo e ao<br />

fato que um dos <strong>alunos</strong> já ter certo conhecimento prévio deste fazer artístico, optou-<br />

se por iniciar o aprofundado na área da arte gráfica.<br />

Durante o decorrer do ano diversas atividades foram desenvolvidas conforme o<br />

direcionamento sugerido pelo interesse dos <strong>alunos</strong>. Assim trabalhou-se <strong>com</strong> ilusão<br />

de ótica, através da construção de um dragão de origami que conforme o movimento<br />

das pessoas ao seu redor parecia mover a cabeça.<br />

Foi realizada uma tela em conjunto, <strong>para</strong> a qual o grupo precisou se organizar <strong>para</strong><br />

criar o projeto e executá-lo, sendo que foi instigado a não usar somente tintas, mas<br />

qualquer tipo de material que considerassem <strong>com</strong>o interessante. Nessa<br />

oportunidade pode-se perceber, mais uma vez, a dificuldade de trabalhar em grupo<br />

e as vantagens desse tipo de exercício. Porém, nesse caso, a problemática não<br />

adivinha da auto-cobrança, mas da falta de alguém que exercesse a função de líder<br />

no grupo.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

57


Foi realizado, também, um passeio ao “Chimarrão <strong>com</strong> Nanquin”, uma das<br />

programações do evento “8° Cartucho - Encontro dos Cartunistas Gaúchos” que<br />

estava acontecendo na cidade. Na oportunidade os <strong>alunos</strong> puderam vivenciar uma<br />

forma diferente de arte, a qual não estavam habituados e conversar <strong>com</strong> pessoas<br />

especializadas na área. A partir da experiência, alguns <strong>alunos</strong> mostraram-se<br />

instigados a também produzirem seus cartuns.<br />

A última área a ser abordada <strong>com</strong> o grupo Arteiros foi à arte Urbana – Grafite,<br />

momento bastante esperado pelos <strong>alunos</strong>. Para este trabalho tivemos o apoio de um<br />

grafiteiro bastante reconhecido na cidade, sendo possível abordar questões<br />

polêmicas a respeito do Grafite, <strong>com</strong>o a diferença entre este e a pichação. Além do<br />

mais, os <strong>alunos</strong> tiveram a oportunidades de vivenciar esta arte, construindo stencil e<br />

deixando suas artes nas paredes da escola.<br />

Ainda têm-se, além dos grupos de interesse, o Grupo de Pais e/ou responsáveis,<br />

que <strong>com</strong>o já citado anteriormente, é aberto também aos demais interessados na<br />

temática. O principal objetivo deste grupo consiste nas trocas de experiências e<br />

discussões, através das quais as famílias se sentem mais seguras em suas decisões<br />

e confiantes de que possuem um papel importante na educação dos filhos. Nesse<br />

grupo a equipe do projeto consegue acessar os anseios e opiniões dos familiares<br />

em relação às características e ao atendimento de seus filhos, podendo pensar<br />

estratégias de apoio do programa também no ambiente escolar e familiar.<br />

A partir das atividades desenvolvidas nesse grupo foi possível perceber que a troca<br />

de experiência pode servir de apoio por tranquilizar as famílias ao perceberem que<br />

“<strong>com</strong>portamentos que causam estranheza em seus filhos são <strong>com</strong>uns nas outras<br />

crianças” (SABATELLA, 2007, p. 148). Além do mais, conforme Sabatella (2007),<br />

estes momentos se constituem <strong>com</strong>o uma rica fonte de informações aos integrantes<br />

podendo auxiliar através das descrições das estratégias que tiveram sucesso.<br />

O Grupo de Pais e/ou responsáveis vem se mostrado cada vez mais fundamental<br />

<strong>para</strong> am<strong>para</strong>r os familiares que necessitam de espaço <strong>para</strong> dividir suas aflições,<br />

medos e conquistas, além de oportunizar maiores conhecimentos sobre a temática<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

58


das <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> e, assim, entender melhor suas crianças e suas<br />

necessidades.<br />

Quanto às atividades especiais, aconteceram duas no ano de 2011. Uma no<br />

primeiro semestre envolvendo uma dinâmica de jogos eletrônicos e outros, e no<br />

segundo semestre que consistiu no trabalho <strong>com</strong> a atividade circense. Estes<br />

momentos foram bastante significativos <strong>para</strong> a interação entre os participantes de<br />

cada grupo de interesse entre si, <strong>com</strong> seus familiares e <strong>com</strong> a equipe executora do<br />

projeto. Além disso, os <strong>alunos</strong> puderam vivenciar experiências bastante diferentes<br />

das escolares e das oferecidas pelo próprio programa de enriquecimento.<br />

Desse modo, este é um exemplo de um programa de enriquecimento extracurricular<br />

<strong>para</strong> <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> que vem mostrando conquistas<br />

positivas no desenvolvimento destes sujeitos, o que se percebe no envolvimento e<br />

motivação <strong>para</strong> a participação. Assim <strong>com</strong>o este, outros programas podem ser<br />

constituir, a partir de uma opção teórica, <strong>para</strong> contribuir <strong>para</strong> estes <strong>alunos</strong>.<br />

Considerações finais<br />

Os programas de enriquecimento proporcionam aos <strong>alunos</strong> espaço e oportunidades<br />

educacionais diferenciadas do que é oportunizado no ambiente escolar, sendo que<br />

se evidencia a preocupação <strong>para</strong> que estes potenciais não se mantenham<br />

adormecidos por não terem sido valorizados e explorados adequadamente. Da<br />

mesma forma que traz benefícios aos <strong>alunos</strong>, também a seus familiares.<br />

O Programa de enriquecimento tem se autoavaliado e busca constantes<br />

qualificações no sentido de oferecer um atendimento de qualidade a seus<br />

participantes. A partir dos reflexos notavelmente proporcionados pelo Programa na<br />

vida dos <strong>alunos</strong> atendidos por este projeto, entende-se que proporcionar um<br />

atendimento que estimule o desenvolvimento das <strong>habilidades</strong> dos <strong>alunos</strong> contribui<br />

<strong>para</strong> que estes tenham suas necessidades educacionais específicas assistidas e<br />

possam tornar-se mais confiantes e autônomos em suas decisões, inclusive a<br />

respeito do seu futuro profissional.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

59


Além disso, acredita-se que, <strong>com</strong> o enriquecimento intra ou extracurricular, que pode<br />

ser promovida de diversas maneiras, através da assistência as necessidades dos<br />

<strong>alunos</strong> <strong>com</strong> características de <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>, a sociedade ganha<br />

profissionais mais criativos, sujeitos mais críticos e mais capazes de lhe proporcionar<br />

produtos singulares. Assim, está-se colaborando <strong>para</strong> que estes sujeitos possam<br />

contribuir significativamente <strong>para</strong> o meio em que vivem.<br />

Referências<br />

ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Superdotados: determinantes, educação e<br />

ajustamento. São Paulo: EPU, 2001.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA SUPERDOTADOS – ABSD. Altas<br />

<strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong> e talentos: manual de orientação <strong>para</strong> pais e<br />

professores. Porto Alegre: ABSD/RS, 2000.<br />

BRASIL. Ministério da educação. Lei de Diretrizes e Bases da <strong>Educação</strong> – LDB<br />

9394. 1996.<br />

BRASIL. Ministério da <strong>Educação</strong>. Secretaria da <strong>Educação</strong> Especial. Política<br />

nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva.<br />

MEC/SEESP, Brasília, 2008.<br />

FLEITH. D. S. (Org.). A construção de práticas educacionais <strong>para</strong> <strong>alunos</strong> <strong>com</strong><br />

<strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>: orientação a professores. Vol. 1. Brasília, DF.<br />

MEC, 2007.<br />

FREITAS, S. N.; PÉREZ, A. G. P. B. Altas <strong>habilidades</strong>/<strong>superdotação</strong>: atendimento<br />

especializado. 2. Ed. revista e ampliada. Marília: ABPEE, 2012.<br />

GUENTHER, Z. C. Capacidade e talentos: um conceito de inclusão. Petrópolis:<br />

Vozes, 2000.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

60


GUENTHER, Z. C. CEDET 15 anos: CEDET – organização e metodologia – volume<br />

3. Lavras, MG: Coleção Debutantes, ASPAT, 2008.<br />

RENZULLI, J. O que é esta coisa chamada <strong>superdotação</strong>, e <strong>com</strong>o a<br />

desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. <strong>Educação</strong>. Tradução de<br />

Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. Porto Alegre – RS, ano XXVII, n. 1, p. 75 -<br />

121, jan/abr, 2004.<br />

SABATELLA, M. L. Atendimentos às famílias de <strong>alunos</strong> <strong>com</strong> <strong>altas</strong> <strong>habilidades</strong>. In:<br />

FLEITH, D. S. ALENCAR, E. M. L. S. Desenvolvimento de talentos e <strong>altas</strong><br />

<strong>habilidades</strong>: orientação a pais e professores. Porto alegre: Artmed. 2007. p. 143-<br />

150.<br />

Rev. Traj. Mult. – Ed. Esp. XVI Fórum Internacional de <strong>Educação</strong> – Ano 3, Nº 7<br />

ISSN 2178-4485 - Ago/2012<br />

61

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!