as famílias no brasil contemporaneo eo mito da desestruturaçao
as famílias no brasil contemporaneo eo mito da desestruturaçao
as famílias no brasil contemporaneo eo mito da desestruturaçao
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Ana Maria Gol<strong>da</strong>ni 73<br />
Mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> n<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> famíliares br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>:<br />
propost<strong>as</strong> de interpretação 3<br />
Dado que <strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> não só respondem às transformações<br />
sociais, econômic<strong>as</strong> e demográfic<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> também <strong>as</strong> geram,<br />
tem sido difícil para os estudiosos <strong>da</strong> família br<strong>as</strong>ileira interpretarem<br />
<strong>as</strong> mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> n<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> famíliares <strong>no</strong> tempo. A<br />
visão dicotômica - entre o tradicional e o moder<strong>no</strong> - que toma<br />
em conta modelos de família, elaborados com b<strong>as</strong>e n<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses<br />
dominantes (rurais) e d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses médi<strong>as</strong> (urban<strong>as</strong>) já não<br />
satisfaz. Não só por su<strong>as</strong> limitações como modelos interpretativos<br />
<strong>as</strong>sociados à uma concepção de família e de tipologi<strong>as</strong><br />
de família, m<strong>as</strong>, também, porque obscurece a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
maioria d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong> que pertencem às chamad<strong>as</strong><br />
camad<strong>as</strong> populares.<br />
O conhecimento acumulado sugere que para a maioria d<strong>as</strong><br />
fann1i<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong> - <strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> d<strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> camad<strong>as</strong> populares<br />
- são su<strong>as</strong> precári<strong>as</strong> condições de vi<strong>da</strong> que maiormente<br />
responderiam por sua estrutura, ou seja, tamanho e organização<br />
interna (Gomes, 1991, Woortman, 1987, Fausto Neto,<br />
1982; Alvim, 1979; Bilac 1978, Durham e Cardoso, 1979).<br />
Nesta perspectiva <strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> mais pobres, sobretudo d<strong>as</strong> periferi<strong>as</strong><br />
urban<strong>as</strong>, iriam se formando, expandindo e contraindo<br />
dentro de um quadro de precarie<strong>da</strong>de de condições de vi<strong>da</strong><br />
que definiriam su<strong>as</strong> opções. Assim, tanto o fenôme<strong>no</strong> de ampliação<br />
dos núcl<strong>eo</strong>s familiares, via integração de parentes ou<br />
3 Não se trata de uma revisão exaustiva dos estudos de família, o que<br />
aliás já foi objeto de outros trabalhos tais como os de: Salém, 1985;<br />
Corrêa, 1984 e Fukui, 1980; Medina, 1972.