repetição e clínica na neurose obsessiva - pgpsa/uerj
repetição e clínica na neurose obsessiva - pgpsa/uerj
repetição e clínica na neurose obsessiva - pgpsa/uerj
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
o aparelho psíquico possa, retrospectivamente, domi<strong>na</strong>r o excedente de energia que causou o<br />
trauma.<br />
Importante destacar que essa função de domi<strong>na</strong>r a excitação é, para Freud, anterior ao<br />
surgimento do princípio de prazer, ocorrendo de modo independente ao intuito de obter prazer<br />
e evitar desprazer, conclusão que Freud chega ao constatar ser necessário ao aparelho<br />
psíquico primeiro domi<strong>na</strong>r a energia para depois poder descarregá-la.<br />
Apesar do sistema Pcpt-Cs buscar sempre o domínio da excitação, seja inter<strong>na</strong> ou<br />
exter<strong>na</strong>, para posterior descarga, vale ressaltar uma diferença no modo de operar entre uma e<br />
outra. Assim, as excitações provenientes do interior do corpo - as pulsões, funcio<strong>na</strong>m de<br />
acordo com o que Freud chamou de processo primário, isto é, são energias livremente móveis<br />
que buscam descargas, sendo, por isso, facilmente transferidas, deslocadas e condensadas. Já<br />
as excitações exter<strong>na</strong>s, típicas de nossa vida de vigília, atendem ao processo secundário, ou<br />
seja, são energias vinculadas, passíveis de investimento por parte do eu. Deste modo, cabe ao<br />
aparelho psíquico buscar sujeitar esses impulsos pulsio<strong>na</strong>is para que eles possam ser<br />
descarregados em um segundo momento, sendo o trauma justamente o fracasso nessa<br />
operação.<br />
1.3 - O Sujeito da Psicanálise<br />
Nesse item vamos buscar desenvolver a relação entre sujeito e <strong>repetição</strong>, buscando<br />
especificar o modo como a psicanálise concebe o tema do sujeito. Para tanto, tomaremos<br />
como referência a leitura lacania<strong>na</strong> do sujeito cartesiano.<br />
Em “A Ciência e a Verdade” (1966) 9<br />
, Lacan afirma que “... o sujeito sobre quem<br />
operamos em psicanálise só pode ser o sujeito da ciência...” 10<br />
, indicando uma similaridade<br />
9 - Lacan, J. - A Ciência e a Verdade, in Escritos; RJ; Jorge Zahar Editor, 1998.<br />
10 - “Idem, Ibidem”, – p. 873.<br />
xx