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OS REFORMADORES EMPRESARIAIS DA EDUCAO: - APASE

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Hammond, 2008) (Kane & Staiger, 2002) (Madaus, Russell, & Higgins, 2009) (Jones, Jones, & Hargrove,<br />

2003) (Miller & Almon, 2009) (Corcoran, 2010). Décadas atrás gritávamos contra os acordos MEC-<br />

USAID, hoje aceitamos a subordinação dos interesses formativos da nossa juventude à OCDE, e a União<br />

Nacional dos Estudantes não diz nada e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação está<br />

perfilada ante o MEC.<br />

Os reformadores empresariais argumentam que português e matemática é o básico para se formar<br />

para a cidadania. Entretanto, não definem o que entendem por cidadania, o que termina resumindo-se em<br />

atender aos interesses das corporações empresariais. O problema em limitar-se ao básico é que o básico,<br />

por definição, exclui aquilo que se considera que não é básico. E isso é uma decisão ideologicamente<br />

orientada. As artes, o corpo, os sentimentos, a afetividade, a criatividade devem ser desenvolvidas simultaneamente<br />

e não após o básico. As crianças das camadas populares só têm a escola para desenvolver tais<br />

habilidades. Não passam duas vezes pela escola: primeiro para aprender o básico, e depois para expandir<br />

o básico. É um engodo, portanto, falarmos que o básico vem primeiro. Portanto, o que esconde esta decisão<br />

é que ela aceita, na verdade, que a escola forma cidadãos de segunda categoria para quem o básico é<br />

suficiente e cidadãos de primeira categoria, para quem o ciclo educacional se expande para além do básico.<br />

Aos primeiros, uma escola assistencialista, que guarda a criança na escola e se contenta com ensinar o<br />

básico. Para os segundos, uma escola que realmente forma. Está em curso a “guetorização” do sistema<br />

escolar (Freitas, 2008).<br />

A configuração da escolarização em vários países vai caminhando para reservar as escolas públicas<br />

estatais para os pobres aprenderem, e mal, o básico; a escola privada para os ricos; e criar uma escola<br />

“pública não estatal” intermediária, subvencionada, que funcione sob contrato de gestão, para que a classe<br />

média não tenha que ficar na escola “pública estatal”. Com isso, ela para de reclamar da qualidade do<br />

ensino. Mas isso é muito diferente de “educação de qualidade para todos”. A questão da privatização,<br />

hoje, tem que ser discutida na interface dos conceitos de “escola pública estatal” e de “escola pública não<br />

estatal”. A criação desta falsa distinção, escancara as portas da escola pública para a privatização via contratos<br />

de gestão.<br />

A base destas práticas tem sido subordinar o debate sobre os fins da educação à dimensão dos testes<br />

e indicadores educacionais, substituindo-o pelas matrizes de referência dos testes baseados em habilidades<br />

básicas de português e matemática. Se os alunos vão bem nos testes, dizemos que o país fornece<br />

uma educação de qualidade. Mas, qual qualidade? E, como sempre acontece ao longo da história da nossa<br />

sociedade, a educação de qualidade para as camadas populares torna-se, de novo, uma promessa para o<br />

futuro – como acaba de acontecer com as promessas da “Lei Nenhuma Criança Deixada para Trás” nos<br />

Estados Unidos.<br />

Enquanto escrevo este texto, acabo de ser notificado da divulgação de um novo relatório americano<br />

“The Condition of Education 2011” (NCES, 2011) onde se pode ler em seu resumo: “Entre 1975 e<br />

2010, a porcentagem de brancos, negros e hispânicos entre 25 e 29 anos que obteve o grau de bacharelado<br />

aumentou. Ainda, durante este período a distância na obtenção deste grau entre brancos e negros aumen-<br />

tou de 13 para 19 pontos percentuais e a distância entre brancos e hispânicos aumentou de 15 para 25<br />

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