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versão pdf - Livraria Imprensa Oficial

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Eram textos que falavam, na verdade, de mim<br />

mesmo, personagens de ficção que em nada<br />

escondiam os nós de minha própria vida como<br />

um ser extremamente solitário, às voltas com<br />

uma indomável subjetividade e com uma sofrida<br />

dificuldade de exteriorizar o que eu realmente<br />

sentia.<br />

Só no segundo semestre de 62, já morando na<br />

casa do estudante (Casa do Politécnico), é que<br />

comecei a publicar meus textos num jornalzinho<br />

da “escola literária” de que fui um dos criadores,<br />

a Escola Písico-Realista. Os textos, em geral em<br />

forma de contos, exibiam a busca de alguma<br />

racionalidade e consciência em meio à loucura<br />

de uma casa de estudantes pobres, vivendo<br />

longe de casa e num momento de rápida<br />

politização não só dos estudantes mas de toda<br />

a sociedade.<br />

Na Pensão N. Sra. das Graças morava um estudante<br />

já veterano, Mário Grosbaum (o Marião),<br />

que foi meu primeiro amigo, na pensão e na<br />

Poli. Do tipo grandão, daí o apelido, o louro<br />

Marião era sempre bem-humorado e dono de<br />

ironias finas que costumava destilar muitas vezes<br />

contra meu mau humor (marca registrada) e<br />

mesmo contra certa tendência minha de elaborar<br />

teorias altamente racionalizadas que, no<br />

fundo, escondiam emoções incontroláveis,<br />

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