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O ego e o ID e outros trabalhos VOLUME XIX - ceapp

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símile do manuscrito da ‘Relíquia de Mariazell’ e reproduções coloridas das nove pinturas a ele<br />

ligadas. Um exame dessas pinturas tornou possível efetuar uma ou duas adições e correções à<br />

descrição, feita por Freud, do manuscrito, que sem dúvida se baseava inteiramente na<br />

transcrição e relatório do Dr. Payer-Thurn, ver ([1]). Deve-se acrescentar que os extensos<br />

comentários da Dra. Macalpine e do Dr. Hunter dirigem-se em grande parte à crítica das<br />

conceituações de Freud sobre o caso; infelizmente, foi impossível adotar sua tradução das<br />

muitas passagens do manuscrito citadas por Freud, visto que em dois ou três pontos importantes<br />

a sua versão do original discorda da de Freud. Mais recentemente, o Dr. G. Vandendriessche<br />

descobriu uma quantidade de material histórico - desconhecido para Freud - referente a<br />

Christoph Haizmann, incluindo novas transcrições de partes do Trophaeum, as quais o<br />

capacitaram a efetuarcorreções no texto do manuscrito de Viena e a reconstruir suas partes<br />

danificadas. Seus achados estão incorporados, com detalhes, em um exame crítico do artigo de<br />

Freud (The Parapraxis in the Haizmann Case of Sigmund Freud, Louvain e Paris, 1965).<br />

manuscrito.<br />

Não se tentou, na presente tradução inglesa, imitar o estilo do alemão do século XVII do<br />

UMA NEUROSE DEMONÍACA DO SÉCULO XVII [INTRODUÇÃO]<br />

As neuroses da infância ensinaram-nos que nelas pode ser percebida facilmente a olho<br />

nu uma série de coisas que, em idade posterior, só se pode descobrir após investigação<br />

exaustiva. Podemos esperar que isso mesmo seja verdade quanto às doenças neuróticas em<br />

séculos anteriores, desde que estejamos preparados para reconhecê-las sob <strong>outros</strong> nomes que<br />

não os de nossas neuroses atuais. Não precisamos ficar surpresos em descobrir que, ao passo<br />

que as neuroses de nossos pouco psicológicos dias de hoje assumem um aspecto<br />

hipocondríaco e aparecem disfarçadas como enfermidades orgânicas, as neuroses daqueles<br />

antigos tempos surgem em trajes demoníacos. Diversos autores, e dentre eles Charcot é o<br />

principal, identificaram, como sabemos, manifestações de histeria nos retratos de possessão e<br />

êxtase que nos foram preservados nas produções artísticas. Se se tivesse concedido maior<br />

atenção às histórias de tais casos na época, não teria sido difícil retraçar neles o tema geral de<br />

uma neurose.<br />

A teoria demonológica daquelas épocas sombrias levou a melhor, ao final, sobre todas<br />

as visões somáticas do período da ciência ‘exata’. Os estados de possessão correspondem às<br />

nossas neuroses, para cuja explicação mais uma vez recorremos aos poderes psíquicos. A<br />

nossos olhos, os demônios são desejos maus e repreensíveis, derivados de impulsos instintuais<br />

que foram repudiados e reprimidos. Nós simplesmente eliminamos a projeção dessas entidades<br />

mentais para o mundo externo, projeção esta que a Idade Média fazia; em vez disso, encaramo-<br />

las como tendo surgido na vida interna do paciente, onde têm sua morada.

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