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riscos geológicos na cidade histórica de ouro preto - CFH - UFSC

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RISCOS GEOLÓGICOS NA CIDADE HISTÓRICA DE OURO PRETO<br />

ANTÔNIO LUIZ PINHEIRO 1<br />

FREDERICO GARCIA SOBREIRA 1<br />

MILENE SABINO LANA 1<br />

1 UFOP – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

Campus Universitário, Ouro Preto, MG - CEP 35400-000.<br />

pinheiro@<strong>de</strong>geo.ufop.br; sobreira@<strong>de</strong>geo.ufop.br; milene@<strong>de</strong>min.ufop.br<br />

PINHEIRO, A. L.; SOBREIRA, F. G.; LANA, M. S. Riscos <strong>geológicos</strong> <strong>na</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>histórica</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto.<br />

In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1., 2004, Florianópolis. A<strong>na</strong>is...<br />

Florianópolis: GEDN/<strong>UFSC</strong>, 2004. p.87-101. (CD-ROM)<br />

RESUMO<br />

A <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro Preto <strong>de</strong>senvolveu-se a partir da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> abundantes <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> <strong>ouro</strong> aluvio<strong>na</strong>r no<br />

fi<strong>na</strong>l do século XVII. O início da ocupação da <strong>cida<strong>de</strong></strong> aconteceu <strong>na</strong>s áreas mais estáveis e pla<strong>na</strong>s, como o<br />

topo das coli<strong>na</strong>s e platôs <strong>de</strong> meia encosta, cume dos morros e vales mais largos. Nas décadas <strong>de</strong> 50 e 60 tem<br />

início um gran<strong>de</strong> crescimento populacio<strong>na</strong>l e o núcleo urbano principal, praticamente i<strong>na</strong>lterado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fins do<br />

século XVIII sofreu um processo <strong>de</strong> expansão. No entanto, as condições geomorfológicas da <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro<br />

Preto, aliado às condições geológicas complexas, propiciam à <strong>cida<strong>de</strong></strong> graves problemas <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

geotécnica, agravados pelo clima chuvoso e a ação antrópica huma<strong>na</strong>, principalmente a ocupação urba<strong>na</strong><br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong><strong>na</strong>da. Como conseqüência, são freqüentes situações <strong>de</strong> risco geológico e aci<strong>de</strong>ntes mais graves.<br />

causando gran<strong>de</strong>s prejuízos à população e ao po<strong>de</strong>r público, e , não raro, mortes. Neste artigo é discutido o<br />

problema da ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong><strong>na</strong>da em um espaço físico incompatível <strong>na</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong>. É feito um breve relato dos<br />

aci<strong>de</strong>ntes mais significativos, assim como os trabalhos realizados após os mesmos. A <strong>de</strong>speito dos vários<br />

planos e propostas elaborados no sentido <strong>de</strong> mitigar os problemas, ainda não houve uma ação efetiva do<br />

po<strong>de</strong>r público local, o que faz com que os <strong>riscos</strong> <strong>geológicos</strong> relacio<strong>na</strong>dos a movimentos em encostas sejam<br />

uma constante <strong>na</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong>.<br />

Palavras-chave: Ouro Preto, risco geológico, movimentos <strong>de</strong> massa, uso do solo.<br />

ABSTRACT<br />

The historical city of Ouro Preto appeared and it grew un<strong>de</strong>r starting from the discovery of the gold in the<br />

beginning of the century XVII. The setlement begun by ocupation of better lands like top of hills and larger<br />

valeys. The retaking of the growth in the century XX, starting from the fifities and the shortage of more<br />

appropriate areas for the urbanization together with the lack of planning of the occupation of the<br />

environment, drove the city expanding towards new areas. Meanwhile, due the geological and<br />

geomorphological condictions and the rainy climate, countless and diversified problems affect these places<br />

now, characterizing many geological risk areas. This paper discusses about land use in the city and <strong>de</strong>cribes<br />

some aci<strong>de</strong>nts ocourred in the last <strong>de</strong>cadas. Studies and plans carried out folowing that events also are<br />

commented. Despite these thecnical proposals that situation remains and the city continues un<strong>de</strong>r constant<br />

geological risk.<br />

Key-words: Ouro Preto, geological risck, landsli<strong>de</strong>s, land use.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

A <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro Preto, tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico e<br />

Cultural da Humanida<strong>de</strong>, localiza-se <strong>na</strong> região central do Estado <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais, distando<br />

cerca <strong>de</strong> 90 km da capital, Belo Horizonte e a 800 km Brasília. A <strong>cida<strong>de</strong></strong> está situada <strong>na</strong><br />

extremida<strong>de</strong> su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> região conhecida como Quadrilátero Ferrífero, <strong>na</strong> zo<strong>na</strong> mínerometalúrgica<br />

do Estado <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais.<br />

O município <strong>de</strong>senvolveu-se a partir da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> abundantes <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> <strong>ouro</strong><br />

aluvio<strong>na</strong>r no fi<strong>na</strong>l do século XVII, tendo rapidamente se tor<strong>na</strong>do o segundo maior centro<br />

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populacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong> e também capital da Província <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais. Fundada<br />

em 1698, a <strong>histórica</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>na</strong>sceu da aglomeração dos arraiais surgidos <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong><br />

mineração <strong>na</strong>s encostas dos montes Ouro Preto e Itacorumim, no vale do rio Funil, o que<br />

<strong>de</strong>u origem às ruas tortuosas e la<strong>de</strong>iras íngremes (IPHAN, 2004).<br />

O início da ocupação da <strong>cida<strong>de</strong></strong> aconteceu <strong>na</strong>s áreas mais estáveis e pla<strong>na</strong>s, como o<br />

topo das coli<strong>na</strong>s e platôs <strong>de</strong> meia encosta, cume dos morros e vales mais largos, locais<br />

on<strong>de</strong> estão erguidas as igrejas e as gran<strong>de</strong>s construções <strong>histórica</strong>s. No entanto, mesmo<br />

locais menos estáveis foram ocupados <strong>de</strong> maneira compatível e não agressiva ao meio<br />

físico seguindo a curvatura <strong>na</strong>tural das feições.<br />

A partir do fi<strong>na</strong>l do século XIX e início do século XX, a <strong>cida<strong>de</strong></strong> sofreu um<br />

esvaziamento econômico e político, em função da mudança da capital do Estado para Belo<br />

Horizonte. A principal conseqüência foi o <strong>de</strong>spovoamento da periferia e a preservação da<br />

paisagem e das características básicas do conjunto arquitetônico colonial, que inclui várias<br />

igrejas, capelas e prédios civis e militares <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, junto com outras instalações<br />

urba<strong>na</strong>s da época.<br />

Nas décadas <strong>de</strong> 50 e 60 tem início um gran<strong>de</strong> crescimento populacio<strong>na</strong>l provocada<br />

pelo início <strong>de</strong> operação <strong>de</strong> uma fábrica <strong>de</strong> alumínio. O núcleo urbano principal que se<br />

mantinha praticamente i<strong>na</strong>lterado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fins do século XVIII sofreu um processo <strong>de</strong><br />

expansão, sendo aproveitadas todas as áreas da periferia que ofereciam condições mais<br />

razoáveis para a ocupação.<br />

A partir dos anos sessenta, o crescimento da população e a conseqüente necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> novas áreas urba<strong>na</strong>s não foram acompanhados por planejamento prévio<br />

a<strong>de</strong>quado, a exemplo do que aconteceu em todo país, origi<strong>na</strong>ndo uma expansão caótica da<br />

malha urba<strong>na</strong>. Nos dias atuais, apesar do crescimento populacio<strong>na</strong>l ter diminuído (8,74%<br />

<strong>na</strong> década <strong>de</strong> 1990; IBGE, 2000), a <strong>cida<strong>de</strong></strong> continua a crescer e a ocupar as áreas <strong>de</strong> maior<br />

risco por estas serem os locais on<strong>de</strong> o preço dos lotes são inferiores em relação aos <strong>de</strong>mais,<br />

gerando com isso uma ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong><strong>na</strong>da e perigosa.<br />

As condições geomorfológicas da <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro Preto, aliado às condições<br />

geológicas complexas, propiciam à <strong>cida<strong>de</strong></strong> graves problemas <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> geotécnica.<br />

Além <strong>de</strong>ssas condições <strong>na</strong>turais adversas, o clima chuvoso e a ação antrópica huma<strong>na</strong><br />

(principalmente a ocupação urba<strong>na</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong><strong>na</strong>da) agravam a situação, com o surgimento <strong>de</strong><br />

muitas situações <strong>de</strong> risco geológico e causando gran<strong>de</strong>s prejuízos à população e ao po<strong>de</strong>r<br />

público.<br />

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Além <strong>de</strong>stes aspectos, a ocupação e expansão urba<strong>na</strong> da <strong>cida<strong>de</strong></strong> ficam restritas pelo<br />

fato do espaço urbano estar limitado por três áreas <strong>de</strong> proteção ambiental: as reservas<br />

ecológicas Parque do Tripuí e Parque do Itacolomi e a APA das Andorinhas, on<strong>de</strong> <strong>na</strong>sce o<br />

Rio das Velhas um dos principais afluentes do São Francisco. Além <strong>de</strong>ssas áreas <strong>de</strong><br />

proteção ambiental, o centro da <strong>cida<strong>de</strong></strong> é área <strong>de</strong> proteção <strong>histórica</strong> não po<strong>de</strong>ndo ocorrer<br />

nenhuma interferência que <strong>de</strong>scaracterize o acervo tombado pela UNESCO como<br />

Patrimônio Histórico da Humanida<strong>de</strong>. O que resta entre as áreas <strong>de</strong> proteção ambiental e a<br />

<strong>histórica</strong> são áreas que requerem um estudo geotécnico <strong>de</strong>talhado quando se preten<strong>de</strong><br />

qualquer tipo <strong>de</strong> uso ou ocupação.<br />

2. CONTEXTO GEOLÓGICO, GEOMORFOLÓGICO E CLIMÁTICO<br />

A <strong>cida<strong>de</strong></strong> está implantada em um gran<strong>de</strong> vale limitado pelas serras <strong>de</strong> Ouro Preto a<br />

norte e Itacolomi a sul, por on<strong>de</strong> corre o Ribeirão do Funil. A morfologia local caracterizase<br />

por altas montanhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento linear, áreas aplai<strong>na</strong>das com altitu<strong>de</strong>s diversas<br />

e vales alongados, muitas vezes bem encaixados. Cerca <strong>de</strong> 40% da área urba<strong>na</strong> exibe<br />

feições com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s entre 20 a 45% e ape<strong>na</strong>s 30% com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s entre 5 e 20%.<br />

Zo<strong>na</strong>s escarpadas são comuns em toda a área urba<strong>na</strong> (Gomes et al., 1998).<br />

Os traços do relevo, aci<strong>de</strong>ntado com vertentes bem íngremes e vales profundos e<br />

encaixados, mostram uma clara <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>ste à geologia local. O principal elemento<br />

da paisagem <strong>na</strong> área urba<strong>na</strong> é a Serra <strong>de</strong> Ouro Preto, limite norte da malha urba<strong>na</strong> e divisor<br />

<strong>de</strong> duas gran<strong>de</strong>s bacias <strong>de</strong> dre<strong>na</strong>gem regio<strong>na</strong>is, dos rios das Velhas e Doce, estando a<br />

<strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>na</strong>s cabeceiras <strong>de</strong>ste último rio. As altitu<strong>de</strong>s estão em torno <strong>de</strong> 1.060 m <strong>na</strong>s partes<br />

mais baixas e 1.400 no topo da Serra <strong>de</strong> Ouro Preto. A malha urba<strong>na</strong> esten<strong>de</strong>-se ocupando<br />

tanto o vale principal, como as vertentes e contrafortes das serras, principalmente a Serra<br />

<strong>de</strong> Ouro Preto.<br />

A Serra <strong>de</strong> Ouro Preto representa o flanco sul <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> estrutura regio<strong>na</strong>l<br />

conhecida como Anticli<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Maria<strong>na</strong>. O substrato é constituído por metassedimentos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> paleoproterozóica - filitos, quartzitos, xistos e formações ferríferas - profundamente<br />

afetados por eventos tectônicos. A estrutura regio<strong>na</strong>l orienta-se <strong>na</strong> direção leste-oeste,<br />

possuindo as camadas mergulhos gerais para sul, <strong>na</strong> or<strong>de</strong>m dos 30 o. É comum a ocorrência,<br />

nos topos e <strong>na</strong>s vertentes dos morros, <strong>de</strong> coberturas superficiais <strong>de</strong> crosta laterítica.<br />

O clima é marcado pela elevada pluviosida<strong>de</strong>, com maior concentração entre os<br />

meses <strong>de</strong> outubro e março. Segundo Gomes et al. (1998), o regime pluviométrico da região<br />

é do tipo tropical, com uma média <strong>de</strong> 1.723,6 mm anuais (série 1919 a 1990). Os verões<br />

89


são suaves, concentrando 89,6% da precipitação anual (53,3% do total anual entre<br />

<strong>de</strong>zembro e fevereiro) e os invernos chegam a registrar temperaturas negativas, com<br />

elevada umida<strong>de</strong> atmosférica. As características básicas são <strong>de</strong> um clima tropical <strong>de</strong><br />

montanha, em que a baixa latitu<strong>de</strong> é compensada pela altitu<strong>de</strong> e conformação orográfica<br />

regio<strong>na</strong>l (Carvalho, 1982). A temperatura média anual em Ouro Preto é <strong>de</strong> 17,4 0 C,<br />

enquanto a máxima e a mínima chegam a 21,2 °C (janeiro) e 15,5 °C (junho),<br />

respectivamente.<br />

3. RELATO DE ALGUNS MOVIMENTOS DE MASSA EM OURO PRETO<br />

Ouro Preto possui um histórico <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> massa que datam<br />

do período colonial brasileiro. De acordo com W. L. Von Eschwege, <strong>de</strong>ntre outros<br />

aci<strong>de</strong>ntes, em 1814 foram soterrados o proprietário <strong>de</strong> uma lavra e todos seus escravos. A<br />

cata, on<strong>de</strong> se minerava <strong>ouro</strong>, foi soterrada pela encosta do morro que <strong>de</strong>slizou e também<br />

<strong>de</strong>struiu as residências e parte da estrada que interligava as <strong>cida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> Ouro Preto e<br />

Maria<strong>na</strong>. Aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sse tipo eram comuns <strong>na</strong> época <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mineração <strong>de</strong> <strong>ouro</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> modo intenso e as medidas <strong>de</strong> segurança ignoradas.<br />

Nos locais on<strong>de</strong> eram executadas as lavras <strong>de</strong> <strong>ouro</strong> realizavam-se gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>smontes,<br />

escavações, transporte e <strong>de</strong>posição aleatória do material removido para áreas a jusante,<br />

abertura <strong>de</strong> poços, galerias e ca<strong>na</strong>is, além do <strong>de</strong>smatamento generalizado.<br />

As chuvas intensas e prolongadas por cerca <strong>de</strong> quarenta dias em 1979 (1216 ml nos<br />

meses <strong>de</strong> janeiro e fevereiro) fizeram <strong>de</strong>ste período o <strong>de</strong> mais alta pluviosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se<br />

tem registro. Estas chuvas provocaram os maiores estragos <strong>de</strong> que se tem registro região. A<br />

<strong>cida<strong>de</strong></strong> foi duramente atingida, com a ruí<strong>na</strong> <strong>de</strong> muitas casas, obstrução <strong>de</strong> ruas e<br />

escorregamentos diversos, provocando gran<strong>de</strong>s prejuízos materiais. Alguns monumentos<br />

históricos foram afetados, entre eles as igrejas <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Assis, São José e<br />

Mercês, on<strong>de</strong> posteriormente foram executados estudos e obras <strong>de</strong> contenção. Ao longo da<br />

Rua Padre Rolim, <strong>na</strong> entrada da <strong>cida<strong>de</strong></strong>, diversas ocorrências foram registradas, afetando a<br />

rua e o bairro da região (Fig.1).<br />

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Fig. 1: Escorregamento interditando a Rua Padre Rolim, principal acesso à <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro<br />

Preto.<br />

Fonte: IPHAN, 1979<br />

Outro movimento <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância ocorrido em 1979 <strong>de</strong>u-se a<br />

montante do bairro Vila São José (Fig. 2), on<strong>de</strong> um volume aproximado <strong>de</strong> 100.000m 3 <strong>de</strong><br />

material se movimentou, atingindo e colocando em risco <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> moradias (Fig 3). O<br />

escorregamento se <strong>de</strong>u em xisto bem alterado (Fm Sabará) e foi causado pela erosão da<br />

base da encosta, on<strong>de</strong> aflorava um quartzito (Fm Taboões) bem alterado e friável (Sobreira<br />

et al, 1990). Para estabilização <strong>de</strong>sta encosta, foi executada obra <strong>de</strong> terrapla<strong>na</strong>gem com o<br />

objetivo <strong>de</strong> remover o material rompido e alterar a geometria da encosta, diminuindo o<br />

peso e a incli<strong>na</strong>ção, <strong>de</strong> forma aumentar a sua estabilida<strong>de</strong>.<br />

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Fig. 2: Movimento <strong>de</strong> massa ocorrido em 1979, Bairro Vila São José.<br />

Fonte: IPHAN, 1979<br />

O crescimento acelerado da população urba<strong>na</strong> e a falta <strong>de</strong> planejamento aliada a<br />

inobservância das recomendações <strong>de</strong> trabalhos executados após as chuvas <strong>de</strong> 1979, foi<br />

sentido pela população em 1989, quando <strong>de</strong>z dias <strong>de</strong> chuvas contínuas provocaram os mais<br />

diversos tipos <strong>de</strong> ocorrência, trazendo incalculáveis prejuízos materiais, cente<strong>na</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sabrigados e três vítimas fatais.<br />

Com precipitação acumulada menos intensa e por um período muito menor que<br />

1979, as chuvas <strong>de</strong> 1989 (581,6 ml no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro) provocaram estragos muito<br />

superiores aos trazidos pelas chuvas <strong>de</strong> 1979. Cerca <strong>de</strong> 80% dos locais <strong>de</strong> ocorrência em<br />

1979 voltaram a apresentar problemas, sendo que muitos se manifestaram exatamente da<br />

mesma forma.<br />

92


Figura 3 : Escorregamento colocando em risco residências e monumento histórico.<br />

Fonte: IPHAN, 1979.<br />

93


Além <strong>de</strong>sses, <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> escorregamentos e movimentações em solos e rochas<br />

ocorreram, principalmente nos bairros periféricos, tendo como conseqüência várias casas<br />

<strong>de</strong>struídas ou ameaçadas. Estas ocorrências são em sua gran<strong>de</strong> maioria localizadas,<br />

envolvendo geralmente cortes audaciosos e aterros inconsolidados. Outros pontos, sem<br />

registro em 1979, tor<strong>na</strong>ram-se altamente problemáticos <strong>de</strong>vido à utilização i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada do<br />

meio físico que provoca o início <strong>de</strong> processos erosivos e instabilização <strong>de</strong> encostas.<br />

Nos anos seguintes, os movimentos <strong>de</strong> massa continuaram a ocorrer, porém com<br />

menor intensida<strong>de</strong> e freqüência, já que os índices pluviométricos <strong>de</strong> 1979 e <strong>de</strong> 1989 não<br />

foram alcançados, mas nem por isto os prejuízos materiais e vítimas fatais <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><br />

ocorrer, como mostra tabela 1.<br />

Tabela 1: Ocorrência com danos pessoais atendidas pela Defesa Civil no período 1988/98.<br />

Data Danos Tipo processo Material Área atingida<br />

pessoais<br />

Envolvido (m 2 Local<br />

)<br />

14/12/89 3 mortes escorregamento Rocha e <strong>de</strong>tritos 457 Centro<br />

2 feridos translacio<strong>na</strong>l<br />

23/01/92 2 mortes escorregamento <strong>de</strong>tritos e solos 305 Volta do<br />

e corrida<br />

Córrego<br />

14/12/95 3 mortes escorregamento rocha, <strong>de</strong>tritos e 472 São<br />

1 ferido translacio<strong>na</strong>l<br />

e corrida<br />

solos<br />

Cristóvão<br />

02/01/97 1 morte escorregamento rocha, <strong>de</strong>tritos e<br />

solos<br />

219 Taquaral<br />

04/01/97 12 mortes escorregamento rocha, <strong>de</strong>tritos e 3860 Pieda<strong>de</strong><br />

1 ferido e corrida solos<br />

02/04/98 1 ferido queda e<br />

rolamento<br />

<strong>de</strong> bloco<br />

Rocha 277 Taquaral<br />

Total 21 mortes<br />

5 feridos<br />

Fonte: Bonuccelli et al, 1999.<br />

As chuvas mais fortes voltaram a ocorrer em janeiro <strong>de</strong> 1997, causando diversos<br />

problemas dissemi<strong>na</strong>dos pela área urba<strong>na</strong> e seu entorno. No entanto a <strong>cida<strong>de</strong></strong> ficou marcada<br />

pela ocorrência <strong>de</strong> dois aci<strong>de</strong>ntes com maiores conseqüências Um <strong>de</strong>stes foi o<br />

escorregamento e queda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> bloco e <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos ocorridos no bairro Pieda<strong>de</strong> (Fig 4),<br />

que <strong>de</strong>struiu totalmente duas residências, ocasio<strong>na</strong>ndo 12 mortes. De acordo com Sobreira<br />

e Fonseca (2001), trata-se <strong>de</strong> área on<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mineração <strong>de</strong> <strong>ouro</strong> foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidas no passado e que hoje foram ocupadas sem um planejamento técnico<br />

a<strong>de</strong>quado. A escarpa <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>u o bloco foi criada pelas ativida<strong>de</strong>s extrativas<br />

do século XVIII.<br />

94


Outro aci<strong>de</strong>nte peculiar foi o acontecido no local conhecido como Volta do<br />

Córrego, outra área com intensa ativida<strong>de</strong> mineral no passado, que interferiu brutalmente<br />

<strong>na</strong> morfologia da área, pela execução <strong>de</strong> cortes subverticais e escavação <strong>de</strong> múltiplas<br />

galerias ao longo da formação ferrífera (Gomes et al, 1998; Sobreira et al, 1990). Nesta<br />

área, a rodovia <strong>de</strong> acesso à <strong>cida<strong>de</strong></strong>, hoje incorporada à malha urba<strong>na</strong>, exigiu a execução <strong>de</strong><br />

um gran<strong>de</strong> aterro, situado imediatamente a montante dos bairros do Rosário e da Água<br />

Limpa. O aterro passou a conformar, então, uma bacia <strong>de</strong> acumulação junto à rodovia, com<br />

o sistema extravasor passando a 11m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> em relação ao nível do pavimento<br />

asfáltico (Gomes et al, 1998). Com o entupimento do sistema extravasor, o acúmulo <strong>de</strong><br />

água provocou o rompimento do aterro da rodovia e uma corrida <strong>de</strong> lama e <strong>de</strong>tritos<br />

espetacular foi a conseqüência <strong>de</strong>ste processo atingindo várias ruas e casas localizadas até<br />

pouco mais <strong>de</strong> 1 km a jusante, <strong>de</strong>ixando o núcleo urbano sem água e um bairro inteiro sem<br />

energia elétrica.<br />

Fig. 4: Foto apresenta escorregamento ocorrido no bairro Pieda<strong>de</strong><br />

Apesar do caos generalizado, o aci<strong>de</strong>nte não causou quaisquer vítimas, porém os<br />

prejuízos <strong>de</strong>correntes foram imensos e inestimáveis, pois além da <strong>de</strong>struição generalizada<br />

<strong>de</strong> parte da área urba<strong>na</strong>, houve a interrupção da via, um dos principais acessos ao núcleo<br />

histórico, que provocou uma série <strong>de</strong> transtornos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trânsito até a<br />

95


diminuição do fluxo <strong>de</strong> turistas à <strong>cida<strong>de</strong></strong>, com reflexos <strong>na</strong>s ativida<strong>de</strong>s hoteleiras e <strong>de</strong><br />

restauração, com forte impacto <strong>na</strong> economia da <strong>cida<strong>de</strong></strong>.<br />

Mais recentemente, em março <strong>de</strong> 2004, um novo aci<strong>de</strong>nte trouxe a to<strong>na</strong> a questão<br />

do uso e ocupação i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada do meio físico em Ouro Preto. Uma encosta origi<strong>na</strong>lmente<br />

retilínea, com uma incli<strong>na</strong>ção média em torno dos 20 o , com <strong>de</strong>snível ou amplitu<strong>de</strong> em<br />

torno dos 25-30 metros teve sua forma origi<strong>na</strong>l alterada pela ocupação urba<strong>na</strong> ao longo <strong>de</strong><br />

duas décadas (Figs 5 e 6). As práticas utilizadas ao longo dos anos, com a abertura das ruas<br />

e a ocupação crescente da encosta, geralmente com a execução <strong>de</strong> cortes verticais e<br />

construção <strong>de</strong> muros <strong>de</strong> contenção escalo<strong>na</strong>dos, foram modificando a forma da vertente e<br />

promoveram o <strong>de</strong>scalçamento <strong>na</strong> base <strong>de</strong>sta, alterando por conseqüência o equilíbrio antes<br />

existente. O somatório das diversas intervenções culminou com a movimentação <strong>de</strong> uma<br />

gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> material, que afetou uma área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3.500 m 2 , compreen<strong>de</strong>ndo oito<br />

proprieda<strong>de</strong>s (4 casas e 4 lotes) e <strong>de</strong>ixou em risco mais uma casa a montante, situada<br />

próximo à superfície <strong>de</strong> ruptura principal.<br />

Fig. 5: Foto apresenta o loteamento do bairro Jardim Alvorada em 1980.<br />

96


Fig. 6: Foto apresenta o escorregamento ocorrido no bairro Jardim Alvorada em 2004<br />

Deve ser ressaltado que toda movimentação se <strong>de</strong>u sem a ocorrência <strong>de</strong> chuvas, ou<br />

seja, um escorregamento “a seco”, um fato raro, uma vez que são as chuvas os principais<br />

agentes <strong>de</strong>flagradores <strong>de</strong> escorregamentos, mesmo em locais muito críticos. Caso o<br />

movimento tivesse acontecido em época chuvosa, certamente seria muito mais rápido,<br />

ganhando maior energia, e provocando efeitos ainda mais catastróficos.<br />

4. PLANOS E ESTUDOS EFETUADOS<br />

Apesar das condições do meio físico em Ouro Preto serem fatores condicio<strong>na</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> instabilização, a ação mais recente do homem, <strong>na</strong> maioria das vezes<br />

<strong>de</strong>sastrosa, tem sido o fator <strong>de</strong> maior influência no <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento dos processos <strong>de</strong><br />

instabilização ocorrentes. No entanto, não se po<strong>de</strong> dizer que isto se suce<strong>de</strong>u por falta <strong>de</strong><br />

planos e estudos.<br />

Após a retomada do crescimento <strong>na</strong> região a partir da década <strong>de</strong> 1950, o primeiro<br />

plano <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> que se tem notícia foi elaborado e proposto pelo Arquiteto<br />

português Via<strong>na</strong> <strong>de</strong> Lima, que propunha o crescimento fora da área urba<strong>na</strong> existente.<br />

Infelizmente, além <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> testemunhas, não se tem <strong>na</strong>da registrado <strong>de</strong>ste plano, que<br />

nunca foi implementado. Em 1975 a Fundação João Pinheiro elaborou o Plano <strong>de</strong><br />

Conservação, Valorização e Desenvolvimento <strong>de</strong> Ouro Preto e Maria<strong>na</strong>, excelente<br />

97


documento que contou com a participação <strong>de</strong> vários especialistas reconhecidos<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente. Assim como o plano anterior, <strong>na</strong>da foi seguido, restando hoje ape<strong>na</strong>s um<br />

relatório e documentação do quadro existente até a época.<br />

Após os eventos ocorridos <strong>na</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong> em 1979, alguns trabalhos foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidos, tendo <strong>de</strong>staque a elaboração da Carta Geotécnica <strong>de</strong> Ouro Preto (Carvalho,<br />

1982), elemento técnico orientador do uso e ocupação da área urba<strong>na</strong>. O trabalho aborda as<br />

características geológico-geotécnicas dos terrenos locais, avaliando-os qualitativamente e<br />

combi<strong>na</strong>ndo esta avaliação com as <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s existentes. Embora a <strong>cida<strong>de</strong></strong> tenha crescido<br />

e transposto os limites da Carta Geotécnica, ainda hoje o documento tem valida<strong>de</strong> e, a cada<br />

nova ocorrência, tem sua utilida<strong>de</strong> comprovada. No entanto, por falta <strong>de</strong> amparo legal, nem<br />

sempre o estabelecido pela Carta é seguido, ficando sua utilização <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos critérios<br />

do administrador público da vez.<br />

Outros dois planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento foram elaborados para a <strong>cida<strong>de</strong></strong>. Em 1992,<br />

por obrigação da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, foi elaborado e apresentado publicamente<br />

o Plano Diretor <strong>de</strong> Ouro Preto. Muito criticado pelo processo <strong>de</strong> elaboração, este plano<br />

nunca foi implementado, sendo que hoje não se tem conhecimento <strong>de</strong> nenhum registro ou<br />

documento sobre o estudo. Em 1996, após vários meses <strong>de</strong> estudos e discussões <strong>de</strong> grupo<br />

técnico muitiinstitucio<strong>na</strong>l, amparado pela Administração Municipal foi aprovada a Lei<br />

Complementar no 01/96 <strong>de</strong> 19/12/96, que instituiu o plano Diretor Municipal. Mais uma<br />

vez, com a mudança da Administração Municipal, o plano foi esquecido e a lei nunca<br />

respeitada. Atualmente este plano passa por uma revisão, mas com a aproximação <strong>de</strong> novas<br />

eleições municipais não se po<strong>de</strong> garantir sua aplicação.<br />

Além <strong>de</strong>stes planos mais gerais, muitos trabalhos específicos foram <strong>de</strong>senvolvidos<br />

<strong>na</strong> área urba<strong>na</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto, alguns <strong>de</strong>stes servindo <strong>de</strong> apoio para os vários planos<br />

elaborados e não seguidos. Dentre os mais importantes, além da Carta Geotécnica acima<br />

citada, po<strong>de</strong>m ser citados por sua abrangência mais geral:<br />

Sobreira, 1990 - Levantamento <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> risco no espaço urbano <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

Sobreira e outros, 1990 - Levantamento <strong>de</strong> soluções estruturais para a contenção <strong>de</strong><br />

encostas em Ouro Preto<br />

IGA, 1995 - Desenvolvimento ambiental <strong>de</strong> Ouro Preto – microbacia do Ribeirão do Funil<br />

IGA, 1995 -. Percepção da qualida<strong>de</strong> ambiental urba<strong>na</strong> em Ouro Preto<br />

Souza, 1996 - Mapeamento geotécnico da <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro Preto/MG (escala 1:10.000)<br />

Bonuccelli, 1999 - Estudo dos movimentos gravitacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> massa e processos erosivos<br />

<strong>na</strong> área urba<strong>na</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

98


Sobreira, 2001 - Impactos físicos e sociais <strong>de</strong> antigas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mineração em Ouro<br />

Preto<br />

Uma série <strong>de</strong> outros estudos mais localizados foi também <strong>de</strong>senvolvida nos últimos<br />

anos, tais como Souza & Costa (1994), Zenóbio & Silva (1996), Oliveira & Dias (1997),<br />

Carvalho (2001). Fer<strong>na</strong>n<strong>de</strong>s (2000), Pinheiro et al, (2001), Pinheiro (2002), Pinheiro et al,<br />

(2002), Pinheiro et al (2003) e Ferreira (2004). Esses últimos trabalhos tiveram como<br />

objetivo principal o levantamento <strong>de</strong> parâmetros que possam auxiliar <strong>na</strong> melhor<br />

compreensão dos problemas geotécnicos que ocorrem <strong>na</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong> e que também aju<strong>de</strong> <strong>na</strong><br />

mitigação dos mesmos.<br />

5. CONCLUSÕES<br />

A <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro Preto tem enfrentado ao longo dos últimos anos graves<br />

problemas no que diz respeito à ocupação do seu espaço físico, principalmente <strong>de</strong>vido aos<br />

fatores <strong>na</strong>turais que predispõem a <strong>cida<strong>de</strong></strong> à ocorrência <strong>de</strong> movimentos em encostas. Somase<br />

a estes aspectos a falta <strong>de</strong> planejamento e acompanhamento técnico a<strong>de</strong>quado da<br />

expansão urba<strong>na</strong>.<br />

A inobservância das recomendações dos diversos trabalhos e estudos realizados<br />

com objetivo <strong>de</strong> minimizar os problemas relativos à estabilida<strong>de</strong> geotécnica no espaço<br />

urbano da <strong>cida<strong>de</strong></strong> tem feito com que esses problemas continuem ou mesmo se agravem. O<br />

que se observa é que áreas que já manifestaram instabilida<strong>de</strong>s em outras épocas têm seus<br />

problemas agravados com as chuvas <strong>de</strong> anos seguintes e que áreas on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>riam se<br />

<strong>de</strong>senvolver uma ocupação <strong>de</strong> forma racio<strong>na</strong>l, respeitando os condicio<strong>na</strong>ntes geológicogeotécnicos<br />

e geomorfológicos, são ocupadas <strong>de</strong> maneira incompatível, principalmente no<br />

que se refere às técnicas da engenharia civil.<br />

A <strong>de</strong>speito dos vários planos e estudos realizados, não há ainda ação do po<strong>de</strong>r<br />

público realmente eficaz e duradoura para a resolução da questão. Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

melhor orientação e fiscalização dos órgãos públicos responsáveis não só nos períodos<br />

chuvosos mas sim durante todo o ano para que catástrofes sejam evitadas. É i<strong>na</strong>dmissível<br />

que nos dias atuais tenhamos perda <strong>de</strong> vidas huma<strong>na</strong>s e até mesmo prejuízos fi<strong>na</strong>nceiros<br />

elevados por causa do <strong>de</strong>sconhecimento e <strong>de</strong>scaso <strong>de</strong> trabalhos que alertam para prevenção<br />

<strong>de</strong>sses aci<strong>de</strong>ntes.<br />

99


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BONUCCELLI, T. Estudo dos movimentos gravitacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> massa e processos<br />

erosivos <strong>na</strong> área urba<strong>na</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto. Tese <strong>de</strong> doutorado, Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São<br />

Carlos, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1999.<br />

BONUCCELLI, T; ZUQUETTE, L. V. Movimentos gravitacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> massa e erosões <strong>na</strong><br />

<strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>histórica</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto, Brasil. Revista Geotecnia, n o 85-Mar.99. p 59-80<br />

BRANCO, J. J. R. Via periférica <strong>de</strong> Ouro Preto. Relatório Geológico-Geotécnico para o<br />

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CARVALHO, E. T. Carta geotécnica <strong>de</strong> Ouro Preto. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado,<br />

Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa, 95p, 1982.<br />

CARVALHO, R. A. G. Hierarquização <strong>de</strong> áreas suscetíveis a movimentos<br />

gravitacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> massa e processos erosivos no bairro Santa Cruz, em Ouro Preto-<br />

MG, <strong>na</strong> escala 1:2000. Dissertação <strong>de</strong> mestrado, DECIV - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro<br />

Preto, 2001. 193p<br />

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Murta – 5 a série – BRASILIANA – Cia. Edit. Nacio<strong>na</strong>l – São Paulo, s/data.<br />

FERNANDES, G. Caracterização Geológico-Geotécnica e Proposta <strong>de</strong> Estabilização<br />

da Encosta do Morro do Curral – Centro <strong>de</strong> Artes e Convenções <strong>de</strong> Ouro Preto.<br />

Dissertação <strong>de</strong> mestrado, DECIV/ Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, 2000. 136p.<br />

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Preto. Dissertação <strong>de</strong> mestrado, DEMIN/ Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, 2004. 110p.<br />

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altiplano <strong>de</strong> encosta no Bairro São Cristóvão. Relatório do convênio PMOP/UFOP,<br />

1993. 11p.<br />

GOMES R. C.; ARAÚJO, L.G.; BONUCCELLI, T.; SOBREIRA, F. G. Condicio<strong>na</strong>ntes<br />

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Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais/CETEC.<br />

1995a.<br />

IGA. Percepção da qualida<strong>de</strong> ambiental urba<strong>na</strong> em Ouro Preto. Secretaria <strong>de</strong> Estado<br />

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OLIVEIRA, A. R.; DIAS, E. C. Zoneamento geológico-geotécnico da urba<strong>na</strong> da Serra<br />

<strong>de</strong> Ouro Preto – MG. Trabalho <strong>de</strong> graduação. DEGEO/EM/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro<br />

Preto, 1997. 85p.<br />

100


PINHEIRO, A. L. Análise <strong>de</strong> rupturas em talu<strong>de</strong>s no Morro do Curral, Ouro Preto,<br />

Mi<strong>na</strong>s Gerais. Dissertação <strong>de</strong> mestrado, DEMIN/ Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto,<br />

2002. 116p.<br />

PINHEIRO, A. L.; LANA, M. S.; GOULART, L. E. A. Influência das estruturas<br />

geológicas e da escala <strong>de</strong> trabalho <strong>na</strong> metodologia <strong>de</strong> levantamentos geológicogeotécnicos.<br />

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Janeiro, RJ, 2001. A<strong>na</strong>is..., 2001, pp 97-103.<br />

PINHEIRO, A. L., LANA, M. S., SOBREIRA, F. G.; GOULART, L. E. A. Análise <strong>de</strong><br />

rupturas em talu<strong>de</strong> no Morro do Curral, Ouro Preto (MG). Congresso Brasileiro <strong>de</strong><br />

Geologia <strong>de</strong> Engenharia e Ambiental, 10., Ouro Preto, 2002. A<strong>na</strong>is..., 2002.<br />

PINHEIRO, A. L.; LANA, M. S., SOBREIRA, F. G.; GOULART, L. E. A Estudo <strong>de</strong><br />

rupturas em um talu<strong>de</strong> através <strong>de</strong> retroanálises <strong>de</strong> escorregamentos. Revista Geotecnia<br />

N o 98 – Julho 2003 – pp. 75-87.<br />

RIBEIRO, S. G. S. Igreja São Francisco <strong>de</strong> Assis – Diagnóstico dos problemas<br />

geotécnicos. Relatório do convênio IBPC/CVRD/UFOP, 1992. 12p.<br />

SOBREIRA, F. G. Levantamento <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> risco geológico no espaço urbano <strong>de</strong><br />

Ouro Preto. Relatório fi<strong>na</strong>l, convênio Escola <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s/UFOP/MinC/SPHAN,Ouro Preto,<br />

1990. 85p<br />

SOBREIRA, F. G.; ARAÚJO, L. G.; BONUCCELLI, T. J. Levantamento <strong>de</strong> soluções<br />

estruturais para a contenção <strong>de</strong> encostas em Ouro Preto. Relatório fi<strong>na</strong>l, convênio<br />

Minc/UFOP, Ouro Preto, 1990. 91p.<br />

SOBREIRA, F. G.; FONSECA M. A. Impactos físicos e sociais <strong>de</strong> antigas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

mineração em Ouro Preto, Brasil. Revista Geotecnia, n o 92, 2001. p.5 – 27.<br />

SOUZA, M. L. Mapeamento geotécnico da <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ouro Preto/MG (escala<br />

1:10.000). Susceptibilida<strong>de</strong> aos movimentos <strong>de</strong> massa e processos correlatos.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo,<br />

1996.<br />

SOUZA, M. L. C.; COSTA, T. A. V. Mapeamento geológico-geotécnico com<br />

consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> geologia ambiental <strong>na</strong> Bacia do Ribeirão do Carmo entre os<br />

municípios <strong>de</strong> Ouro Preto e Maria<strong>na</strong>. Trabalho <strong>de</strong> graduação.<br />

DEGEO/EM/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, 1994. 133p.<br />

ZENÓBIO, A. A.; SILVA, M. M. O. Mapeamento geológico-geotécnico do bairro<br />

Nossa Senhora do Carmo, município <strong>de</strong> Ouro Preto – MG. Trabalho <strong>de</strong> graduação.<br />

DEGEO/EM/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, 1996. 81p.<br />

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