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SISTEMA EXCRETOR - Laboratório de Biologia - IFSC

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<strong>SISTEMA</strong> <strong>EXCRETOR</strong><br />

Como foi visto no capítulo sobre Sistema Digestivo, as substâncias que não são absorvidas "para<br />

<strong>de</strong>ntro" <strong>de</strong> nosso organismo são eliminadas pelas fezes, ou seja, são excretadas, isto é, jogadas para fora<br />

do organismo.<br />

Já estudamos que o metabolismo (<strong>de</strong>gradação) dos carboidratos e lipídios geram CO2 e H2O. O CO2 é<br />

eliminado pelos pulmões enquanto que a água é em gran<strong>de</strong> parte conservada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nosso organismo,<br />

sendo eliminada uma pequena parte <strong>de</strong>la através da urina, suor, expiração, etc. Como o processo<br />

metabólico ocorre com todos os compostos moleculares existentes nos seres vivos, <strong>de</strong>vemos lembrar que<br />

as proteínas geram catabólitos (resíduos oriundos do metabolismo) que precisam ser eliminados. Esses<br />

catabólitos são eliminados através dos sistemas excretores cujo representante principal é o sistema<br />

urinário, porém a pele, através das glândulas sudoríparas e os pulmões também participam ativamente<br />

<strong>de</strong>sta função.<br />

Assim a eliminação dos catabólitos nitrogenados, ou seja, os produtos gerados a partir do metabolismo<br />

das proteínas (os aminoácidos, que constituem as proteínas possuem um grupo amina: NH2) como a<br />

amônia, uréia, ácido úrico, uratos, serão excretados através do suor (glândulas sudoríparas) e da urina<br />

(pelos rins).<br />

Neste capítulo será estudado a anatomo-fisiologia renal que constitui o principal sistema excretor dos<br />

vertebrados.<br />

HOMEOSTASE: o famoso filósofo francês Clau<strong>de</strong> Bernard disse: "Todos os mecanismos vitais, apesar<br />

<strong>de</strong> sua diversida<strong>de</strong>, têm apenas uma finalida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> manter constantes as condições <strong>de</strong> vida no ambiente<br />

interno". Todos os organismos vivos, mantêm, em grau maior ou menor, o estado interno constante, o<br />

que se compreen<strong>de</strong> por homeostase, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos extremos do ambiente externo. As ativida<strong>de</strong>s<br />

reflexas do sistema nervoso e os hormônios do sistema endócrino constituem as bases do controle da<br />

homeostase. Todas as partes do corpo dos animais, em todas as fases do crescimento e da reprodução,<br />

encontram-se sob sua influência. A situação, mesmo no animal mais simples, é tão complexa e pouco<br />

compreendida, que os processos <strong>de</strong> regulação são, geralmente, tratados <strong>de</strong> modo fragmentário, em termos<br />

<strong>de</strong> alguns aspectos facilmente mensuráveis e não como um todo integrado. A pressão osmótica, a<br />

concentração <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> hidrogênio e a temperatura são três <strong>de</strong>sses aspectos e cada um <strong>de</strong>les relaciona-se<br />

intimamente com a água.<br />

OSMORREGULAÇÃO: a água é ingerida juntamente com o alimento e, em formas aquáticas, entra até<br />

certo ponto por absorção. O protoplasma é o solvente e o transportador universal e nenhum organismo<br />

po<strong>de</strong> prescindir <strong>de</strong>sse líquido essencial. Por sua proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> difundir-se através <strong>de</strong> membranas, a água<br />

é o veículo para a manutenção do estado constante. Os líquidos do corpo <strong>de</strong> todos os animais são<br />

semelhantes entre si. A regulação da pressão osmótica é simples para a maioria dos invertebrados<br />

marinhos <strong>de</strong> corpo mole (cartilaginosos), porque seus líquidos do corpo encontram-se em equilíbrio (são<br />

isotônicos) com a água que os circunda; as pressões são iguais interna e externamente e este equilíbrio é<br />

mantido graças a sistemas especiais <strong>de</strong> controle osmótico existente no organismo <strong>de</strong>sses animais. A água<br />

doce contém apenas cerca <strong>de</strong> um centésimo da concentração salina da água do mar. Os líquidos do corpo<br />

dos animais <strong>de</strong> água doce têm conteúdo salino superior ao do meio circundante (hipertônicos) e a água<br />

ten<strong>de</strong> a difundir-se para <strong>de</strong>ntro; o excesso é eliminado <strong>de</strong> diversos modos. Os protozoários o fazem por<br />

meio dos vacúolos pulsáteis, geralmente ausentes nas formas marinhas. Outros animais <strong>de</strong> água doce têm<br />

nefrídios, tubos <strong>de</strong> Malpighi ou rins para excretar o excesso. Esse trabalho <strong>de</strong> excreção necessita <strong>de</strong><br />

energia, o que se comprova pela taxa respiratória mais alta dos animais <strong>de</strong> água doce em comparação com<br />

espécies marinhas afins.<br />

1


Osmorregulação em animais aquáticos: os vertebrados aquáticos mantêm o equilíbrio osmótico <strong>de</strong><br />

diferentes maneiras, <strong>de</strong> acordo com sua história evolutiva. Nos peixes ósseos, as formas <strong>de</strong> água doce têm<br />

conteúdo salino maior que o do ambiente (hipertônico), o inverso ocorre, porém, com as formas marinhas<br />

(hipotônico). A água entra, nos peixes <strong>de</strong> água doce, pelas membranas semipermeáveis das brânquias e da<br />

boca, ao passo que ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>ixar o corpo nas formas marinhas. Nas formas <strong>de</strong> água doce, o excesso <strong>de</strong><br />

água é excretado pelos rins e os sais são mantidos nas concentrações apropriadas pela absorção por<br />

células especiais das brânquias. Nas espécies marinhas, a <strong>de</strong>ficiência é evitada pela <strong>de</strong>glutição e absorção<br />

<strong>de</strong> água do mar, juntamente com os sais, pelo intestino. O excesso <strong>de</strong> sais é eliminado por células<br />

secretoras das brânquias. Os rins dos peixes <strong>de</strong> água doce têm glomérulos bem <strong>de</strong>senvolvidos, para filtrar<br />

gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água, mas nas formas marinhas os glomérulos são reduzidos e pouca água é<br />

eliminada sob forma <strong>de</strong> urina. A enguia, o salmão e outros peixes migradores vivem, <strong>de</strong> modo alternado,<br />

na água doce e na salgada; possivelmente seus glomérulos não sejam funcionais no mar. O sangue dos<br />

peixes elasmobrânquios (tubarões e raias) têm, aproximadamente, o mesmo conteúdo salino que o dos<br />

ósseos, mas contém, também, até 2% <strong>de</strong> uréia. Esta aumenta a pressão osmótica dos elasmobrânquios<br />

marinhos até pouco acima da do ambiente, <strong>de</strong> modo que a água ten<strong>de</strong> a entrar e não a sair, como nos<br />

peixes ósseos marinhos. A uréia, nos elasmobrânquios, é retida por um seguimento absorvente especial<br />

do túbulo renal e as brânquias são impermeáveis a ela.<br />

Osmorregulação em animais aéreos: biguás, gaivotas e outras aves marinhas bebem água do mar para<br />

aten<strong>de</strong>r às suas necessida<strong>de</strong>s. A água é absorvida pela pare<strong>de</strong> intestinal e o excesso <strong>de</strong> sais passa à<br />

corrente sangüínea, com o qual é levado a um par <strong>de</strong> glândulas secretoras <strong>de</strong> sal situadas perto dos olhos e<br />

com ductos para as narinas. A secreção produzida tem conteúdo salino maior que o da água do mar. Os<br />

répteis marinhos também excretam o sal por glândulas nasais.<br />

Osmorregulação em animais terrestres: os animais terrestres estão sujeitos ao risco da <strong>de</strong>ssecação e<br />

muitos <strong>de</strong>les têm cutícula impermeável que dificulta a perda <strong>de</strong> água pela superfície do corpo. Além<br />

disso, <strong>de</strong>senvolveram-se meios para a reabsorção da água pelos rins e, em alguns casos, por células do<br />

reto. No homem, a excreção ou retenção da água <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do estado <strong>de</strong> hidratação do corpo como um<br />

todo. A transpiração excessiva diminui o volume <strong>de</strong> líquido eliminado com a urina, enquanto a ingestão<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido ocasiona um aumento da produção <strong>de</strong> urina. O equilíbrio <strong>de</strong> água é<br />

controlado, até certo ponto, pela se<strong>de</strong>, que varia <strong>de</strong> modo notável com o estado <strong>de</strong> hidratação, e pela ação<br />

dos rins, influenciada por sua vez pelo hormônio antidiurético (ADH) secretado pelo lobo posterior da<br />

hipófise. Na ausência <strong>de</strong>sse hormônio, a reabsorção pelos túbulos renais diminui. O mecanismo <strong>de</strong><br />

controle é automático, pois um aumento da pressão osmótica do sangue causa aumento da secreção do<br />

hormônio. Este, por sua vez, estimula a reabsorção e, assim, conserva-se a água. O álcool inibe a secreção<br />

do hormônio antidiurético e tem, portanto, ação <strong>de</strong>sidratante. A cafeína é diurética, aumentando a taxa <strong>de</strong><br />

filtração glomerular e diminuindo a reabsorção <strong>de</strong> água pelas células dos túbulos.<br />

EXCREÇÃO DOS COMPOSTOS NITROGENADOS:<br />

A excreção é o principal mecanismo homeostático através da osmorregulação feita por estruturas e<br />

órgãos especializados nos diversos grupos animais.<br />

A excreção é o processo <strong>de</strong> eliminar do corpo os resíduos do metabolismo. O protoplasma e os líquidos<br />

<strong>de</strong> um animal, seja ele protozoários ou homem, formam um sistema físico-químico em <strong>de</strong>licado equilíbrio<br />

e a função do aparelho excretor é manter esse ambiente interno constante. O excesso <strong>de</strong> água, sais<br />

2


minerais orgânicos, inclusive dos resíduos metabólicos, é excretado, ao passo que as substâncias<br />

essenciais às funções normais são conservadas.<br />

A excreção relaciona-se principalmente com a eliminação <strong>de</strong> substâncias nitrogenadas. Na digestão, as<br />

proteínas, contendo nitrogênio, são reduzidas a aminoácidos e estes absorvidos pelo organismo sendo<br />

parte <strong>de</strong>les aproveitados pelas células para a síntese <strong>de</strong> novas proteínas. Nos vertebrados, outros<br />

aminoácidos vão ao fígado, on<strong>de</strong> são <strong>de</strong>compostos para serem eliminados pelos rins.<br />

A eliminação dos resíduos nitrogenados está também diretamente relacionada com as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

água <strong>de</strong> que dispõe o ser vivo. Os organismos que a possuem em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> eliminam amônia; os<br />

organismos que precisam exercer um relativo controle sobre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água eliminam uréia; e os<br />

organismos que vivem em regime <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> economia <strong>de</strong> água eliminam ácido úrico.<br />

Nos mamíferos, quelônios, anfíbios e anelí<strong>de</strong>os (minhoca) o produto final é principalmente a uréia que é<br />

solúvel em água e bem menos tóxica que a amônia.<br />

Nas aves e répteis terrestres e também em alguns caracóis e muitos insetos, o resíduo nitrogenado<br />

compõe-se principalmente do ácido úrico insolúvel já que esses organismos dispõem <strong>de</strong> muito pouca<br />

água, sendo esse excreta insolúvel em água e muito pouco tóxico. A formação <strong>de</strong> ácido úrico é importante<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> embriões <strong>de</strong> aves e répteis para os quais, nos ovos, o suprimento <strong>de</strong> água e o<br />

espaço interno são limitados. Assim, o embrião começa excretando amônia; <strong>de</strong>pois a transforma em uréia<br />

que, por sua vez, é transformada em ácido úrico. Os embriões <strong>de</strong> mamíferos que expelem para o sangue<br />

materno os produtos <strong>de</strong> sua excreção, eliminam a uréia.<br />

Os peixes teleósteos marinhos excretam até um terço do nitrogênio sob a forma <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong><br />

trimetilamina. Muitos invertebrados e vertebrados aquáticos eliminam o nitrogênio como amônia,<br />

composto este altamente tóxico, porém rapidamente eliminado porque há sempre excesso <strong>de</strong> água.<br />

Alguns animais excretam aminoácidos diretamente e as aranhas excretam nitrogênio como guanina.<br />

EXCREÇÃO NOS INVERTEBRADOS<br />

O método mais simples <strong>de</strong> excreção é a passagem dos resíduos através da membrana celular diretamente<br />

para a água ambiente, como ocorre em muitos protozoários. Ameba, Paramecium e muitos outros<br />

protozoários da água doce têm um ou mais vacúolos pulsáteis (ou contráteis) que acumulam o excesso <strong>de</strong><br />

água do citoplasma e o <strong>de</strong>scarregam periodicamente para o exterior, mantendo o equilíbrio osmótico do<br />

corpo. O principal produto <strong>de</strong> excreção é a amônia. Os excretos das esponjas e celenterados difun<strong>de</strong>m-se<br />

das células do corpo para a epi<strong>de</strong>rme e, daí, para a água.<br />

Nos insetos e em alguns artrópo<strong>de</strong>s, os principais órgãos excretores são os <strong>de</strong>lgados tubos <strong>de</strong> malpighi,<br />

ligados à parte anterior do intestino posterior, terminando em fundo cego; esses tubos recolhem as<br />

excretas dos líquidos do corpo e os <strong>de</strong>scarregam no intestino posterior. Tanto os uratos como o dióxido <strong>de</strong><br />

carbono são recebidos do sangue em solução; a água e outras substâncias são reabsorvidas na porção<br />

superior dos tubos. Os produtos finais <strong>de</strong> excreção, incluindo os cristais <strong>de</strong> ácido úrico, carbonatos,<br />

oxalatos e, às vezes, uréia ou amônia, são eliminados juntamente com as fezes. O exoesqueleto também<br />

tem papel excretor em alguns invertebrados, inclusive nos insetos, pois substâncias nitrogenadas nele<br />

<strong>de</strong>positadas são eliminadas por ocasião da muda.<br />

Em muitos animais, os órgãos excretores mais comuns são estruturas tubulares, os nefrídios e os<br />

celomodutos, dos quais havia, primitivamente, um par por segmento do corpo. No <strong>de</strong>curso da evolução,<br />

modificaram-se diversamente. Os nefrídios têm origem ectodérmica. Os platelmintos possuem numerosas<br />

3


células-flama (protonefrídios que terminam internamente em fundo cego) dispersas entre as células do<br />

corpo, das quais os resíduos são recolhidos e lançados num sistema ramificado <strong>de</strong> ductos. Na minhoca,<br />

cada segmento contém um par <strong>de</strong> nefrídios (metanefrídios, abertos internamente). A extremida<strong>de</strong> interna<br />

<strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les termina num funil ciliado, o nefróstoma, que drena o celoma. Circundando o longo<br />

túbulo, há vasos sangüíneos, dos quais também são retiradas excretas; o túbulo abre-se externamente por<br />

um pequeno nefridióporo ventral. Os moluscos e os rotíferos têm um ou dois pares <strong>de</strong> órgãos<br />

semelhantes a nefrídios que drenam o corpo ou o sangue.<br />

Em alguns anelí<strong>de</strong>os, moluscos, artrópo<strong>de</strong>s e nos cordados, os principais órgãos excretores são<br />

celomodutos, <strong>de</strong> origem mesodérmica, <strong>de</strong>rivados possivelmente <strong>de</strong> ductos genitais, mas diversamente<br />

modificados para remover resíduos da cavida<strong>de</strong> do corpo. Os crustáceos têm dois pares, as glândulas<br />

"antenais" (ver<strong>de</strong>s) e "maxilares"; ambas têm um sáculo terminal com um ducto que se abre na base <strong>de</strong><br />

uma extremida<strong>de</strong> par. Apenas em raros casos ocorrem ambas bem <strong>de</strong>senvolvidas no mesmo estágio <strong>de</strong><br />

uma mesma espécie. As aranhas têm glândulas coxais <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> celomodutos.<br />

EXCREÇÃO NOS VERTEBRADOS<br />

Os principais órgãos excretores <strong>de</strong> um vertebrado são os dois rins, on<strong>de</strong> ocorrerá a filtração do sangue,<br />

num processo que resulta na eliminação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2 litros <strong>de</strong> líquido, conhecido como urina. Na figura<br />

1, po<strong>de</strong> ser visualizado as partes que compõe o sistema excretor urinário no homem, composto pelos rins,<br />

ureteres, bexiga urinária e uretra.<br />

4


Fig. 1 - Esquema geral do aparelho excretor no homem<br />

Os rins são compostos, em geral, por uma massa <strong>de</strong> celomodutos que se abrem num ducto coletor. Os rins<br />

nos peixes e salamandras esten<strong>de</strong>m-se ao longo <strong>de</strong> quase toda a cavida<strong>de</strong> do corpo. Os rins dos<br />

vertebrados inferiores, <strong>de</strong> ciclóstomos a anfíbios, e os embrionários dos grupos superiores <strong>de</strong>senvolvemse<br />

segmentarmente, um par por segmento do corpo (pronefro, mesonefro); alguns dos túbulos têm<br />

nefróstomas abertos para o celoma, assemelhando-se, assim, aos nefrídios das minhocas. Os rins adultos<br />

(metanefros) dos répteis, aves e mamíferos não são segmentares e drenam excretas unicamente do sangue.<br />

Ver fig.2 que ilustra os principais tipos <strong>de</strong> rins dos vertebrados e o quadro 1 que mostra a seqüência <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong>sses rins nos animais.<br />

5


Fig.2-Esquema dos padrões básicos do aparelho excretor dos vertebrados.<br />

O pronefro é o mais primitivo e, embora presente no <strong>de</strong>senvolvimento embrionário <strong>de</strong> todos os<br />

vertebrados, não é funcional no adulto <strong>de</strong> nenhum <strong>de</strong>les. O rim funcional dos peixes é do tipo<br />

mesonéfrico. Ele consiste <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> túbulos renais, que apresentam, no <strong>de</strong>senvolvimento inicial,<br />

uma disposição segmentar, que <strong>de</strong>saparece posteriormente. Cada túbulo é enrolado tanto na porção<br />

proximal como na distal, e dirige-se para um ducto coletor longitudinal comum chamado <strong>de</strong> ducto<br />

arquinéfrico. Este, por sua vez, comunica-se com o meio exterior, em geral, pela cloaca recebendo<br />

produtos dos sistemas digestivos e urogenital. A porção proximal <strong>de</strong> cada túbulo termina numa cápsula<br />

hemisférica, conhecida como cápsula <strong>de</strong> Bowman, na qual existe um novelo vascular ou glomérulo do<br />

sistema circulatório. A cápsula e o glomérulo formam juntos o corpúsculo renal. A figura 3 ilustra com<br />

<strong>de</strong>talhes um rim humano e, ampliado, esta esquematizado os néfrons e os túbulos coletores.<br />

6


Fig. 3 - Estrutura do Rim<br />

De cada rim, qualquer que seja seu tipo, parte um ducto coletor comum, o ureter, que conduz as excretas<br />

para a bexiga. Nos anfíbios, répteis e aves, os dois ureteres <strong>de</strong>sembocam na cloaca, já nos anfíbios e<br />

7


alguns répteis o ureter se liga a uma bexiga urinária. A excreta, ou urina, é líquida, exceto nos répteis e<br />

aves, on<strong>de</strong> as excretas semi-sólidos (ácido úrico) são eliminados como uma pasta branca (guano)<br />

juntamente com as fezes. Na maioria dos mamíferos, os ureteres comunicam-se diretamente com a<br />

bexiga, da qual sai um ducto mediano, a uretra, que conduz o excreta ao exterior. Os aparelhos excretor e<br />

reprodutor dos vertebrados, relacionados entre si, são freqüentemente reunidos sob o nome <strong>de</strong> aparelho<br />

urogenital.<br />

Animal Habitat<br />

Quadro 1 - Tipos <strong>de</strong> rins nos animais<br />

Produto <strong>de</strong><br />

excreção<br />

Concentração<br />

sanguínea em<br />

relação ao meio<br />

Concentração<br />

das excreções<br />

em relação ao<br />

sangue<br />

Platelmintes Água doce Amoníaco - Hipotônica<br />

Anelí<strong>de</strong>os<br />

Água doce ou<br />

terrestre<br />

Órgãos<br />

excretores<br />

Protonefrídios<br />

com células<br />

flama<br />

Amoníaco Hipertônica Hipotônica Metanefrí<strong>de</strong>os<br />

Insectos Terrestre Ácido úrico - Hipertônica<br />

Peixes<br />

cartilagíneos<br />

Peixes ósseos<br />

Anfíbios<br />

Répteis e Aves<br />

Mamíferos<br />

Túbulos <strong>de</strong><br />

Malpighi<br />

Água salgada Uréia Isotônica Isotônica Rins mesonefros<br />

Água salgada Amoníaco Hipotônica Isotônica<br />

Rins mesonefros<br />

e brânquias<br />

Água doce Amoníaco Hipertônica Hipotônica Rins mesonefros<br />

Água doce<br />

terrestre<br />

Água salgada<br />

Amoníaco ou<br />

uréia<br />

Uréia e ácido<br />

úrico<br />

Hipertônica Hipotônica<br />

Rins mesonefros<br />

e pele<br />

Hipotônica Hipertônica Rins metanefros<br />

8<br />

Osmorregulação<br />

Não bebem<br />

água<br />

Não bebem<br />

água<br />

Bebem água<br />

Não bebem<br />

água, uréia<br />

ajuda a reter<br />

água.<br />

Bebem água e<br />

excretam sal<br />

Não bebem<br />

água e<br />

absorvem sal<br />

Não bebem<br />

água e<br />

absorvem sal<br />

Bebem água e<br />

excretam sal<br />

Terrestre Ácido úrico - Hipertônica Rins metanefros Bebem água<br />

Água salgada Uréia Hipotônica Hipertônica Rins metanefros<br />

Não bebem<br />

água<br />

Terrestre Uréia - Hipertônica Rins metanefros Bebem água


EXCREÇÃO NO HOMEM<br />

No homem, cada rim contém cerca <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s filtradoras, chamadas néfrons. Os néfrons<br />

consistem <strong>de</strong> um fino túbulo excretor que se origina numa estrutura chamada cápsula <strong>de</strong> Bowman. A<br />

cápsula <strong>de</strong> Bowman envolve um novelo capilar chamado glomérulo. Cada túbulo termina em ductos<br />

coletores que <strong>de</strong>sembocam numa cavida<strong>de</strong> do rim partindo daí para um ureter. Uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sangue flui continuamente pelos rins. Cada rim recebe sangue da aorta pela artéria renal. Esta artéria se<br />

ramifica em milhares <strong>de</strong> arteríolas, que vão formar os glomérulos e os capilares, que envolvem os túbulos<br />

dos néfrons. Os capilares se reúnem em vênulas, que se juntam na veia renal, a qual sai do rim. O sangue<br />

que entra no glomérulo está sob alta pressão. Essa pressão força a água e pequenas moléculas do plasma<br />

sangüíneo para <strong>de</strong>ntro da cápsula <strong>de</strong> Bowman. Este filtrado compõe-se <strong>de</strong> sais, glicose, aminoácidos,<br />

uréia e outras substâncias <strong>de</strong> baixo peso molecular. Essa composição é igual à do plasma sangüíneo,<br />

exceto pela falta <strong>de</strong> proteínas. Forma-se cerca <strong>de</strong> meio copo <strong>de</strong> filtrado por minuto nos dois rins.<br />

Entretanto, a composição <strong>de</strong>sse fluido se modifica bastante, e o seu volume é muito reduzido antes <strong>de</strong><br />

chegar ao ureter, pois à medida que o fluido percorre os túbulos dos néfrons, sofre um processo <strong>de</strong><br />

reabsorção (fig. 4). Ocorre uma reabsorção ativa <strong>de</strong> sais, glicose e aminoácidos e uma reabsorção passiva<br />

<strong>de</strong> água. A volta <strong>de</strong> água para a corrente sangüínea se <strong>de</strong>ve à diferença <strong>de</strong> pressão osmótica entre o túbulo<br />

e os capilares sangüíneos que o envolvem. Cerca <strong>de</strong> 99% da água filtrada pelo glomérulo é reabsorvida<br />

para o sangue nos túbulos. Só <strong>de</strong>pois da reabsorção é que po<strong>de</strong>mos falar em urina. A diferença entre o<br />

filtrado e a urina é, então, praticamente quantitativa. Cada litro <strong>de</strong> urina formado, resulta <strong>de</strong> 180 litros <strong>de</strong><br />

plasma reciclado, filtrado pelos néfrons. A urina dos mamíferos contêm um resíduo nitrogenado menos<br />

tóxico que a amônia: a uréia. Cada molécula <strong>de</strong> uréia formada no fígado, a partir da amônia, proveniente<br />

da <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> aminoácidos, é lançada no sangue e eliminada através dos rins.<br />

Fig.4 - Filtração Renal<br />

(http://curlygirl.no.sapo.pt/excrecao.htm)<br />

9


A produção <strong>de</strong> urina é controlada <strong>de</strong> diversas maneiras. A filtração é diretamente influenciada pela<br />

pressão sangüínea, que por sua vez, é influenciada pela epinefrina da medula adrenal que constringe os<br />

vasos sangüíneos dos glomérulos.<br />

Os hormônios produzidos pelo córtex da adrenal (aldosterona e cortisol), influenciam a reabsorção <strong>de</strong><br />

sódio, cloreto e glicose pelos túbulos renais e a eliminação <strong>de</strong> potássio. A reabsorção da água é o processo<br />

mais importante da função renal. Cerca <strong>de</strong> 80% da água do líquido tubular é, provavelmente, recapturada<br />

por difusão direta para os capilares e, <strong>de</strong>stes, para o sistema venoso, pela atração dos colói<strong>de</strong>s do sangue.<br />

Outra porção da água é reabsorvida na alça <strong>de</strong> Henle e na parte distal do túbulo, por um mecanismo<br />

controlado pelo hormônio antidiurético (ADH) secretado pela hipófise.<br />

No fluxograma 2 está esquematizado o mecanismo <strong>de</strong> regulação do volume urinário. O volume urinário<br />

é o reflexo do volume sangüíneo e pressão osmótica.<br />

POR QUÊ O PH DA URINA É ÁCIDO?<br />

Secreção <strong>de</strong> H + : as células dos túbulos proximais e distais, como as células das glândulas gástricas,<br />

secretam íons hidrogênio. A acidificação também ocorre nos ductos coletores. A reação que é<br />

primariamente responsável pela secreção <strong>de</strong> H + no túbulo proximal é a troca Na + por H + . Isto é um<br />

exemplo <strong>de</strong> transporte ativo secundário. A saída <strong>de</strong> Na + das células para espaços intercelulares é mediada<br />

por uma enzima chamada Na + -K + ATPase, que diminui o Na + intracelular e isto causa entrada <strong>de</strong> Na + nas<br />

células do lúmem tubular com saída <strong>de</strong> H + . O H + vem da dissociação intracelular do H2CO3, em HCO3 - e<br />

H + , que se difun<strong>de</strong> para o líquido intersticial.<br />

Anidrase Carbônica: catalisa a formação <strong>de</strong> H2CO3 e drogas que inibem a anidrase carbônica <strong>de</strong>primem<br />

ambas, a secreção do ácido pelo túbulo proximal e reações que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>la.<br />

Destino do H + na Urina: a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ácido secretada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatos subseqüentes que ocorrem na<br />

urina tubular. O gradiente máximo <strong>de</strong> H + contra o qual o mecanismo <strong>de</strong> transporte po<strong>de</strong> secretar, nos<br />

homens, correspon<strong>de</strong> ao pH da urina <strong>de</strong> cerca 4, 5, isto é, a concentração <strong>de</strong> H + na urina é 1000 vezes a<br />

concentração no plasma; pH 4, 5, é o pH-limitante. Se não existissem tampões ou outras substâncias que<br />

"fixam" H + na urina, este pH po<strong>de</strong>ria ser alcançado rapidamente, e a secreção <strong>de</strong> H + parada. No entanto,<br />

três importantes reações no líquido tubular removem H + livre, permitindo que mais ácido seja secretado.<br />

Estas são as reações com HCO3 - para formar CO2 e H2O, com HPO4 2- para formar H2PO4 - e com NH3<br />

para formar NH4 + .<br />

Rins artificiais: têm sido construídos e estão disponíveis em muitos hospitais para o atendimento <strong>de</strong><br />

casos <strong>de</strong> doenças renais agudas ou <strong>de</strong> envenenamento do sangue. O sangue é <strong>de</strong>sviado <strong>de</strong> uma artéria,<br />

passando por um conjunto <strong>de</strong> tubos plásticos com membranas semipermeáveis banhados por um líquido<br />

hipotônico em relação ao sangue e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>volvido a uma veia. As membranas dos tubos plásticos tem<br />

poros <strong>de</strong> diâmetro semelhante ao dos capilares dos glomérulos, <strong>de</strong> modo que as substâncias difundir-se-ão<br />

numa direção ou noutra, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das concentrações <strong>de</strong> cada uma no banho e no sangue. Dosando-se a<br />

concentração <strong>de</strong> substâncias do banho, consegue-se adicionar algumas ao sangue, ou <strong>de</strong>le retirá-las, <strong>de</strong><br />

acordo com a necessida<strong>de</strong>.<br />

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