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dissertacao completa - FaJe

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kai_ tw~n filoso/fwn tou_v cu_n eu0roi/a| e9rmhneu/ontav, u9pe_r w{n<br />

a0ga/gkh prote/rwn le/gein, e0peidh_ ou0k o1ntev sofistai/, dokou~ntev<br />

de_ parh=lqon e0v th_n e0pwnumi/an tau/thn)<br />

Nesta citação, Filóstrato não se refere a Sócrates, mas pensamos que a sua definição de<br />

sofista serve bem ao filósofo ateniense, pois, à medida que esta imagem de Sócrates foi<br />

perpetuada, ele "tomou posse" -sentido figurado atribuído ao verbo parérkhomai utilizado na<br />

citação em relação ao renome dos sofistas-,"ganhou o direito", ou talvez o ônus, de ser<br />

chamado de sofista e isto não pode mais lhe ser retirado. Isto não significa que ele não tenha<br />

também o direito a ser particular, único; aliás, como qualquer um daqueles chamados sofistas.<br />

Chamar Sócrates de sofista não corresponde, necessariamente, a lhe atribuir um conjunto de<br />

características, mas apenas em reconhecer similaridades na alteridade. Parece-nos que,<br />

negando este título a Sócrates, prestamos um desserviço à história da filosofia, pois<br />

perpetuamos tanto a primazia de uma única imagem de Sócrates -do Sócrates platônico que<br />

combate os sofistas- quanto a errônea concepção dos sofistas em bloco, que não confere o<br />

devido valor às suas singularidades. Talvez não a Apologia, mas uma leitura tendenciosa da<br />

Apologia, esteja na origem destas duas imagens que passaram à história e que, apesar de já<br />

descontruída por alguns estudiosos, como Kerferd 65 , ainda está muito presente nos manuais de<br />

história da filosofia: a imagem de um Sócrates ímpar e a imagem dos sofistas como um grupo<br />

uniforme. Percebemos que a singularidade do Sócrates platônico é reforçada ao longo de toda<br />

a Apologia, mas que esta imagem dos sofistas como um grupo uniforme fica evidente em um<br />

determinado momento ainda na parte da defesa contra as antigas acusações. Logo após negar<br />

que se ponha a educar homens (19d: paideu/ein e0pixeirw~ a0nqrw/pouv) e que receba dinheiro<br />

por isto (19d: xrh/mata pra/ttomai), Sócrates cita os nomes de alguns sofistas (20a:<br />

sofistai~v) e suas cidades de origem -Górgias de Leontinos, Pródico 66 de Ceos e Hípias de<br />

Élide- e apresenta o que seria a atividade comum a todos eles:<br />

65 KERFERD, 2003, p.96-101.<br />

66 Interessante observar que Platão apresenta Sócrates como aluno de Pródico em três diálogos: Protágoras 341a,<br />

Mênon 96d, Crátilo 384b. Dorion duvida da historicidade desta informação: “como Sócrates fala com ironia do<br />

conteúdo das aulas de Pródico, assim como do custo proibitivo de algumas delas, é claro que não teríamos razão<br />

de tomar esta 'informação' ao pé da letra. Por conseguinte é muito difícil ou até impossível determinar o que o<br />

ensinamento de Sócrates deve aos sofistas de seu tempo.” DORION, 2006, p.14. Concordamos com os<br />

argumento de Dorion; de fato, é difícil estabelecer um grau de certeza para informações tais como esta. No<br />

entanto, consideramos que não devem ser ignoradas, mas acolhidas como informações relevantes para expor<br />

este jogo que se dá no horizonte de distinção entre ser e parecer entre Sócrates e sofistas. Vimos antes que<br />

Diógenes Laércio aponta Arquelau, filósofo naturalista, como mestre de Sócrates (nota 59); agora vemos que<br />

Platão aponta Pródico como mestre de Sócrates em outro diálogo. Sócrates teria tido, de fato algum mestre?<br />

Mais uma questão sem resposta exata.<br />

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