PAIXÃO DE ARTISTA - Crmpr.org.br
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Como redator tenho<<strong>br</strong> />
um privilégio raro,<<strong>br</strong> />
o de poder escrever<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e o que me apeteça. Mas<<strong>br</strong> />
não o exerço. Sabem por<<strong>br</strong> />
quê? Porque tenho um critério,<<strong>br</strong> />
escrevo so<strong>br</strong>e o que<<strong>br</strong> />
gostaria de ter lido quando<<strong>br</strong> />
me formei.<<strong>br</strong> />
Já como editor tenho o dever de<<strong>br</strong> />
sugerir temas aos colaboradores, e de<<strong>br</strong> />
aceitar ou não o material enviado,<<strong>br</strong> />
pedido ou não. E os mais humildes<<strong>br</strong> />
são os velhos professores: — Vê se<<strong>br</strong> />
interessa ou não. É sem compromisso!<<strong>br</strong> />
Mas qual o critério? Se possível, que<<strong>br</strong> />
sejam bem escritos, bem pensados e<<strong>br</strong> />
bem evocativos ou provocativos. Esse<<strong>br</strong> />
o ponto. Só gerando dúvida na cabeça<<strong>br</strong> />
do leitor temos a certeza da reflexão.<<strong>br</strong> />
E sob reflexão haverá movimento,<<strong>br</strong> />
ação. No sentido de mudança ou<<strong>br</strong> />
de fortalecimento de suas convicções.<<strong>br</strong> />
Por isso, um texto cultural deveria<<strong>br</strong> />
mais provocar do que ensinar.<<strong>br</strong> />
Lem<strong>br</strong>o-me do ano da graça de 1979,<<strong>br</strong> />
quando um editor-médico suíço, Wolfgang<<strong>br</strong> />
Kolditz, se viu às voltas com um<<strong>br</strong> />
texto do sempre herético Martins Eisner.<<strong>br</strong> />
Publico ou não, eis a questão! Decisão:<<strong>br</strong> />
imprimir. Há um risco inerente a qualquer<<strong>br</strong> />
comprometimento verdadeiro; e esse<<strong>br</strong> />
risco é também integrante da responsabilidade<<strong>br</strong> />
redacional. Ou nas palavras<<strong>br</strong> />
também heréticas de Kolditz: Aquele que<<strong>br</strong> />
tem medo das conseqüências que poderiam<<strong>br</strong> />
decorrer do conhecimento (seja<<strong>br</strong> />
este, de fato, convincente, discutível ou<<strong>br</strong> />
errado) deve se contentar com o tédio<<strong>br</strong> />
insípido que todo paraíso promete para<<strong>br</strong> />
eternidade aos seus habitantes.<<strong>br</strong> />
A árvore do conhecimento<<strong>br</strong> />
apresenta riscos, e<<strong>br</strong> />
seus frutos podem ser bem<<strong>br</strong> />
indigestos.<<strong>br</strong> />
Esta edição do Iátrico<<strong>br</strong> />
tem a pretensão de provocálo,<<strong>br</strong> />
dileto leitor. Se o fizer,<<strong>br</strong> />
também se desdo<strong>br</strong>ará em conhecimento<<strong>br</strong> />
a si. Ou na sentença de<<strong>br</strong> />
Schiller: “Se queres te conhecer,<<strong>br</strong> />
observa os outros. Se quiseres compreender<<strong>br</strong> />
os outros, olha no fundo de<<strong>br</strong> />
ti mesmo”. Sempre direito e avesso.<<strong>br</strong> />
Sempre os ângulos insuspeitos.<<strong>br</strong> />
É assim uma cabeça bem-feita;<<strong>br</strong> />
não se faz por si só. Necessita ser<<strong>br</strong> />
recheada por dúvidas e provocações.<<strong>br</strong> />
Ou seja, é uma erupção de imperfeições<<strong>br</strong> />
em busca da harmonia. E com<<strong>br</strong> />
esta não se contenta, pois persegue<<strong>br</strong> />
a autonomia de pensamento.<<strong>br</strong> />
Aceite nossas provocações e<<strong>br</strong> />
tenha boa leitura.<<strong>br</strong> />
tema<<strong>br</strong> />
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